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SALMOS
SALMOS

 

 

 

O nome actual do LIVRO DOS SALMOS, ou simplesmente SALMOS, está directamente ligado à mais antiga designação utilizada para esta colecção de poemas ou cânticos religiosos. O nome português deriva da palavra grega “Psalmoi” e esta é já utilizada na antiga tradução grega, chamada dos Setenta, para traduzir o termo hebraico “mizmorôt”, (cânticos). Este parece ter sido o seu nome hebraico mais antigo. Por isso, quando o Novo Testamento lhe chama “biblos psalmôn” (Lc 20,42Act 1,20), está a usar uma designação correcta e formal. No entanto, já nos textos de Qumrân e em alguns autores cristãos antigos aparece o nome que actualmente lhe é dado na Bíblia Hebraica: “Sepher Tehillim”, “Livro dos louvores”.


TEXTO E INTERPRETAÇÃO O tempo tão longo da formação dos SALMOS e o facto de terem vindo a ser objecto de leitura e utilização contínuas, e mesmo quotidianas, torna possível que o texto, um dos mais antigos da Bíblia, possa ter sofrido influências derivadas dessa leitura e mesmo algumas transformações de conteúdo e sentido. A leitura repetida, geração após geração, e a acumulação interpretativa que assim se forma, atribui a estes textos uma riqueza transbordante de conteúdos.

Nem sempre é fácil traduzir num só texto esta multiplicidade. Aqui, tentamos dar o sentido mais exacto possível do texto hebraico, na medida em que no-lo permitem as dificuldades de cada passagem.


COMPOSIÇÃO E DATA A tradição hebraica e cristã sempre atribuiu uma grande importância a David, como estando na origem dos SALMOS. Isso representa bem o ascendente que esse rei teve na criação das instituições em que Israel via espelhada e assente a sua vida cultual e espiritual, nomeadamente o culto do templo de Jerusalém. E é ao culto que está certamente ligada a composição da maior parte dos SALMOS. No entanto, estes poemas religiosos foram compostos ao longo de muitos séculos e alguns deles poderão ter sido compostos não muito antes do tempo do Novo Testamento.

Nada impede que a maioria seja anterior ao Exílio e alguns deles possam mesmo ser do tempo de David


; alguns podem até ser mais antigos. É que estes hinos religiosos são herdeiros e, em certos casos, em linha directa, da poesia religiosa da tradição cananaica, que os hebreus, em boa parte, aproveitaram. Houve certamente épocas privilegiadas na produção destes SALMOS; a de David poderá ter sido uma delas.

USO E LUGAR NA BÍBLIA Para os hebreus, os SALMOS não tinham tanta importância como os livros atribuídos a Moisés, por exemplo. Daí terem sido colocados na terceira secção, a dos “Escritos”, depois da “Lei” (Torá) e dos “Profetas”. Há nesta gradação algum escalonamento quanto à respectiva valorização teológica. Mas, na vida religiosa, os SALMOS representavam um património muito utilizado e um elo fundamental de transmissão da fé; alguns deles são, seguramente, dos textos mais repetidos de toda a Bíblia.

Do judaísmo ao cristianismo, a vivência religiosa de grande parte da humanidade teve o seu alimento e a sua expressão mais natural no texto dos SALMOS. Se pensarmos que o modelo básico e até um ou outro salmo podem ter vindo directamente da cultura religiosa de Canaã anterior aos hebreus, maior é o seu percurso e a sua representatividade. Cantar um salmo, hoje‚ é um acto de comunhão religiosa e humana que atravessa milénios de experiência.


ORGANIZAÇÃO O LIVRO DOS SALMOS engloba, na actual Bíblia Hebraica, um conjunto de 150 cânticos de que os Sl 1 e 2 constituem a abertura e o Sl 150 representa o encerramento. Mas, na história antiga do texto bíblico, as numerações dos Salmos variaram bastante, sem que se modificasse o seu conteúdo literário. Este conjunto de cânticos era dividido de maneiras diferentes, de tal modo que resultava um número umas vezes inferior e outras superior ao de 150, que se tornou o número canónico no texto hebraico.

Um resto desta antiga variedade na numeração dos Salmos é aquela que ficou na tradução grega dos Setenta, de onde transitou para as traduções latinas dela dependentes e ainda se encontra em antigas traduções portuguesas. Nestas, os Salmos que se encontram entre o 9 e o 147 levam um número a menos. Esta segunda numeração é adoptada pelas edições litúrgicas e, neste texto, vai entre parêntesis.

A numeração nas duas Bíblias é a seguinte:

 

Bíblia HebraicaSetenta e Vulgata
1-8 1-8
9 9,1-21
10 9,22-39
11-113 10-112
114 113,1-8
115 113,9-26
116,1-9 114
116,10-19 115
117-146 116-145
147,1-11 146
147,12-20 147
148-150 148-150


A organização de vários conjuntos no interior do LIVRO DOS SALMOS traduz também algo da história da sua composição: temos colecções de “Salmos de David”: 3-41 e 51-72; “de Asaf”: 50 e 73-83; “de Coré”: 42-4984-8587-88; “Cânticos de peregrinação”: 120-134; “Salmos de aleluia”: 105-107111-118135-136146-150. Alguns outros Salmos foram dispersos por entre estas colecções.


CLASSIFICAÇÃO DOS SALMOS O conteúdo e o contexto dos SALMOS fazem com que todos tenham um aspecto semelhante. São expressões de vivência religiosa e de oração. Mesmo assim, existem géneros literários que identificam todo um grupo de S

 

almos, com temas, processos, fórmulas e estruturas semelhantes.

O mais normal é existir certa mistura de géneros literários, de modo que cada salmo pode partilhar elementos provenientes de vários géneros. Podem-se destacar, no entanto, os seguintes géneros literários:

Salmos de louvor ou hinos. São hinos de louvor utilizados com muita frequência na liturgia das festas, e dos quais se conhecem muitos outros exemplos dispersos pela Bíblia, tal como o Magnificat e outros, no Novo Testamento. Veja-se Sl 8192933100103104111113,114117135136145146147148149150.

Semelhantes a estes são os “Salmos da realeza de Javé”, que celebram a Deus como rei: Sl 479396979899; e os “Cânticos de Sião”, que celebram Sião ou Jerusalém como cidade de Deus: Sl 4648768487122.

Salmos individuais de súplica, confiança ou acção de graças. São claramente os mais numerosos de todos, o que revela bem a atenção à experiência e aos problemas pessoais da fé, no âmbito da liturgia do povo bíblico. As três categorias traduzem um conteúdo específico: de súplicaSl 567131722252628313536383942435154555657596163646970718688102109120130,140141142143de confiançaSl 341116232762121131; e de acção de graças: Sl 910303234404192107116138. Deste conjunto, os Salmos 6323851102130 e 143 costumam ser designados também como “Salmos penitenciais”, dado o seu espírito e o uso litúrgico tradicional.

Salmos colectivos de súplica, confiança ou acção de graças. Partem de uma experiência humana colectiva e exprimem a vivência comunitária que se realiza no culto. São claramente menos numerosos do que os individuais. Exemplos de súplicaSl 124458607479808283,859094106108123126137de 

confiança115125129de acção de graças65666768118124.

Salmos reais. Têm como tema a importante função exercida pelos reis dentro da comunidade de Israel. Sendo embora um tema diferente do dos “Salmos da realeza de Javé”, têm certamente algumas analogias com as esperanças messiânicas, porque estas voltam-se para uma figura com alguns contornos de rei. Exemplos: Sl 2182021457289101110132144. Salmos didácticos. Tal é o título que se pode dar a um certo número de SALMOS que ajudam a reflectir sobre temas, acontecimentos e valores importantes. Podem subdividir-se em“Salmos sapienciais” ou de meditação137497391112119127128133139“Salmos históricos”78105“Salmos de exortação profética”14505253758195; e “Salmos rituais”1524134.


TEOLOGIA Sistematizar o pensamento que nos é oferecido no LIVRO DOS SALMOS tem muito a ver com tudo o que anteriormente se disse da sua leitura. Não é verdadeiramente um livro, nem foi feito de uma só vez; não tem, portanto, uma doutrina uniforme e explícita. A sua verdadeira unidade é a da atitude de oração que em todos eles se exprime.

Mesmo assim, há ideias que são expressas com mais ou menos intensidade. A utilização que tiveram fez deles a expressão literária das verdades religiosas fundamentais. É o caso das expectativas messiânicas, facilmente associadas aos Salmos de temática real.

Mas o que eles traduzem mais explicitamente é sobretudo a concepção de Deus e de todos os elementos decisivos da experiência religiosa: um Deus que governa o mundo, a vida e a História, que é acolhedor e próximo, disposto a atender os pedidos de socorro, os gritos de desespero e os anseios de esperança, tanto de cada indivíduo como de toda a comunidade. Devido a esta representatividade, os SALMOS tornam-se como que um tratado de teologia bíblica, uma vez que a sua expressividade orante encerra subtilezas tão íntimas que facilmente escapariam aos tratados catequéticos ou mesmo proféticos.

 

 

Salmo 1 

1 Como é feliz aquele
que não segue o conselho dos ímpios,
não imita a conduta dos pecadores,
nem se assenta na roda dos zombadores!

2 Ao contrário, sua satisfação
está na lei do Senhor,
e nessa lei medita dia e noite.

3 É como árvore plantada
à beira de águas correntes:
Dá fruto no tempo certo
e suas folhas não murcham.
Tudo o que ele faz prospera!

4 Não é o caso dos ímpios!
São como palha que o vento leva.

5 Por isso os ímpios
não resistirão no julgamento
nem os pecadores na comunidade dos justos.

6 Pois o Senhor aprova o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios leva à destruição!

 

 

 

Salmo 2

1 Por que se amotinam as nações                   
e os povos tramam em vão?

2 Os reis da terra tomam posição
e os governantes conspiram unidos
contra o Senhor e contra o seu ungido,
e dizem:

3 "Façamos em pedaços as suas correntes,
lancemos de nós as suas algemas!"

4 Do seu trono nos céus
o Senhor põe-se a rir e caçoa deles.

5 Em sua ira os repreende
e em seu furor os aterroriza, dizendo:

6 "Eu mesmo estabeleci o meu rei
em Sião, no meu santo monte".

7 Proclamarei o decreto do Senhor:
Ele me disse: "Tu és meu filho;
eu hoje te gerei.

8 Pede-me, e te darei as nações como herança
e os confins da terra como tua propriedade.

9 Tu as quebrarás com vara de ferro
e as despedaçarás como a um vaso de barro".

10 Por isso, ó reis, sejam prudentes;
aceitem a advertência, autoridades da terra.

11 Adorem o Senhor com temor;
exultem com tremor.

12 Beijem o filho, para que ele não se ire
e vocês não sejam destruídos de repente,
pois num instante acende-se a sua ira.
Como são felizes todos os que nele se refugiam!

                                                                                                    Salmo 3

1 Senhor, muitos são os meus adversários!
Muitos se rebelam contra mim!

2 São muitos os que dizem a meu respeito:
"Deus nunca o salvará!"

3 Mas tu, Senhor,
és o escudo que me protege;
és a minha glória
e me fazes andar de cabeça erguida.

4 Ao Senhor clamo em alta voz,
e do seu santo monte ele me responde.

5 Eu me deito e durmo, e torno a acordar,
porque é o Senhor que me sustém.

6 Não me assustam os milhares que me cercam.

7 Levanta-te, Senhor!
Salva-me, Deus meu!
Quebra o queixo de todos os meus inimigos;
arrebenta os dentes dos ímpios.

8 Do Senhor vem o livramento.
A tua bênção está sobre o teu povo.

 

 

Salmo 4                                                                             

1 Responde-me quando clamo,
ó Deus que me fazes justiça!
Dá-me alívio da minha angústia;
tem misericórdia de mim
e ouve a minha oração.

2 Até quando vocês, ó poderosos,
ultrajarão a minha honra?
Até quando estarão amando ilusões
e buscando mentiras?

3 Saibam que o Senhor escolheu o piedoso;
o Senhor ouvirá quando eu o invocar.

4 Quando vocês ficarem irados, não pequem;
ao deitar-se, reflitam nisso
e aquietem-se.

5 Ofereçam sacrifícios como Deus exige
e confiem no Senhor.

6 Muitos perguntam:
"Quem nos fará desfrutar o bem?"
Faze, ó Senhor, resplandecer sobre nós
a luz do teu rosto!

7 Encheste o meu coração de alegria,
alegria maior do que a daqueles
que têm fartura de trigo e de vinho.

8 Em paz me deito e logo adormeço,
pois só tu, Senhor,
me fazes viver em segurança.

 

 

Salmo 5

1 Escuta, Senhor, as minhas palavras,
considera o meu gemer.

2 Atenta para o meu grito de socorro,

 

meu Rei e meu Deus,
pois é a ti que imploro.

3 De manhã ouves, Senhor, o meu clamor;
de manhã te apresento a minha oração
e aguardo com esperança.

4 Tu não és um Deus
que tenha prazer na injustiça;
contigo o mal não pode habitar.

5 Os arrogantes não são aceitos
na tua presença;
odeias todos os que praticam o mal.

6 Destróis os mentirosos;
os assassinos e os traiçoeiroso Senhor detesta.

7 Eu, porém, pelo teu grande amor,

 

8 entrarei em tua casa;
com temor me inclinarei
para o teu santo templo.


Conduze-me, Senhor, na tua justiça,
por causa dos meus inimigos;
aplaina o teu caminho diante de mim.

9 Em seus lábios não há palavra confiável;
a mente deles só trama destruição.
A garganta é um túmulo aberto;
com a língua enganam sutilmente.

10 Condena-os, ó Deus!
Caiam eles por suas próprias maquinações.
Expulsa-os por causa dos seus muitos crimes,
pois se rebelaram contra ti.

11 Alegrem-se, porém,
todos os que se refugiam em ti;
cantem sempre de alegria!
Estende sobre eles a tua proteção.
Em ti exultem os que amam o teu nome.

12 Pois tu, Senhor, abençoas o justo;
o teu favor o protege como um escudo.

 

Salmo 6              

1 Senhor, não me castigues na tua ira
nem me disciplines no teu furor.

2 Misericórdia, Senhor, pois vou desfalecendo!
Cura-me, Senhor, pois os meus ossos tremem:

3 todo o meu ser estremece.
Até quando, Senhor, até quando?

4 Volta-te, Senhor, e livra-me;
salva-me por causa do teu amor leal.

5 Quem morreu não se lembra de ti.
Entre os mortos, quem te louvará?

6 Estou exausto de tanto gemer.
De tanto chorar inundo de noite
a minha cama;
de lágrimas encharco o meu leito.

7 Os meus olhos se consomem de tristeza;
fraquejam por causa de todos
os meus adversários.

8 Afastem-se de mim
todos vocês que praticam o mal,
porque o Senhor ouviu o meu choro.

9 O Senhor ouviu a minha súplica;
o Senhor aceitou a minha oração.

10 Serão humilhados e aterrorizados
todos os meus inimigos;
frustrados, recuarão de repente.

 

Salmo 7 

1 Senhor, meu Deus, em ti me refugio;
salva-me e livra-me de todos
os que me perseguem,

2 para que, como leões,
não me dilacerem nem me despedacem,
sem que ninguém me livre.

3 Senhor, meu Deus, se assim procedi,
se nas minhas mãos há injustiça,

4 se fiz algum mal a um amigo
ou se poupei sem motivo o meu adversário,

5 persiga-me o meu inimigo até me alcançar,
no chão me pisoteie e aniquile a minha vida,
lançando a minha honra no pó.

6 Levanta-te, Senhor, na tua ira;
ergue-te contra o furor dos meus adversários.
Desperta-te, meu Deus! Ordena a justiça!

7 Reúnam-se os povos ao teu redor.
Das alturas reina sobre eles.

8 O Senhor é quem julga os povos.
Julga-me, Senhor, conforme a minha justiça,
conforme a minha integridade.

9 Deus justo,
que sondas a mente e o coração dos homens,
dá fim à maldade dos ímpios
e ao justo dá segurança.

10 O meu escudo está nas mãos de Deus,
que salva o reto de coração.

11 Deus é um juiz justo,
um Deus que manifesta cada dia o seu furor.

12 Se o homem não se arrepende,
Deus afia a sua espada,
arma o seu arco e o aponta,

13 prepara as suas armas mortais
e faz de suas setas flechas flamejantes.

14 Quem gera a maldade concebe sofrimento
e dá à luz a desilusão.

15 Quem cava um buraco e o aprofunda
cairá nessa armadilha que fez.

16 Sua maldade se voltará contra ele;
sua violência cairá sobre a sua própria cabeça.

17 Darei graças ao Senhor por sua justiça;
ao nome do Senhor Altíssimo
cantarei louvores.

 

 Salmo 8

1 Senhor, Senhor nosso,
como é majestoso o teu nome em toda a terra!
Tu, cuja glória é cantada nos céus.

2 Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos
firmaste o teu nome como fortaleza,
por causa dos teus adversários,
para silenciar o inimigo que busca vingança.

3 Quando contemplo os teus céus,
obra dos teus dedos,
a lua e as estrelas que ali firmaste,

4 pergunto: Que é o homem,
para que com ele te importes?
E o filho do homem,
para que com ele te preocupes?

5 Tu o fizeste um pouco menor
do que os seres celestiais
e o coroaste de glória e de honra.

6 Tu o fizeste dominar
as obras das tuas mãos;
sob os seus pés tudo puseste:

7 todos os rebanhos e manadas,
e até os animais selvagens,

8 as aves do céu, os peixes do mar
e tudo o que percorre as veredas dos mares.

9 Senhor, Senhor nosso,
como é majestoso o teu nome em toda a terra!

 

 

1.Do mestre de canto. Para oboé e harpa. Salmo. De David.

2.Javé, eu Te agradeço de todo o coração, proclamando todas as tuas maravilhas!

3.Eu me alegro e exulto em Ti, e toco ao teu Nome, ó Altíssimo!

4.Os meus inimigos voltam atrás, tropeçam e desaparecem da tua presença.

5.Porque defendeste a minha causa e direito: sentaste-Te em teu trono como justo juiz.

6.Ameaçaste as nações, destruíste o injusto, para todo o sempre apagaste o seu nome.

7.O inimigo acabou, em ruínas para sempre, arrasaste as cidades, e a lembrança dele desapareceu.

8.Eis que Javé Se sentou para sempre, firmou o seu trono para o julgamento.

9.Ele julga o mundo com justiça e governa os povos com rectidão.

10.Que Javé seja fortaleza para o oprimido, fortaleza nos tempos de angústia.

 

 

1.Javé, porque ficas longe, e Te escondes no tempo da angústia?

2.A soberba do injusto persegue o infeliz. Fiquem presos nas tramas que planearam!

3.O injusto gloria-se da própria ambição, o avarento maldiz e despreza a Javé!

4.O injusto é soberbo, nunca investiga, -«Deus não existe!»- é tudo o que pensa.

5.As suas empresas sempre têm sucesso. As tuas normas estão longe da sua mente, e ele desafia todos os adversários.

6.E pensa: «Eu sou inabalável! Jamais cairei na desgraça».

7.Fraude e astúcia enchem-lhe a boca, sob a sua língua existe maldade e opressão.

8.Fica de emboscada entre os juncos, e massacra o inocente às escondidas. Com os olhos ele espreita o inocente.

9.Arma ciladas às escondidas, como leão no covil, ele embosca-se para apanhar o pobre: agarra o pobre e arrasta-o na sua rede.

10.Ele espreita, agacha-se, encurva-se, e o indefeso cai em seu poder.

11.E pensa: «Deus esquece-Se, e cobre a face para não ver até ao fim!»

12.Levanta-Te, Javé! Ergue a tua mão! Não Te esqueças dos pobres!

13.Por que motivo o injusto desprezaria a Deus, pensando que não investigas?

14.Mas Tu vês a fadiga e o sofrimento, e observas para os tomares na mão: a Ti se abandona o indefeso para o órfão Tu és um socorro.

15.Quebra o braço do injusto e do malvado e procura a sua maldade: não a encontras!

16.Javé é rei para sempre e eternamente. Os pagãos desapareceram do país.

17.Javé, Tu ouves o desejo dos pobres, fortaleces-lhes o coração e dás-lhes ouvidos,

18.fazendo justiça ao órfão e ao oprimido, para que o homem terreno já não infunda terror.

 

11.Em Ti confiam os que conhecem o teu Nome, pois não abandonas os que Te procuram, Javé.

12.Tocai para Javé, que habita em Sião; contai entre os povos as suas façanhas:

13.Ele vinga o sangue derramado, Ele lembra-Se, e não Se esquece jamais do clamor dos pobres.

14.Piedade, Javé! Olha a minha aflição! Levanta-me das portas da morte,

15.para que eu proclame os teus louvores, e exulte com a tua salvação junto às portas da capital de Sião!

16.Os povos caíram na cova que fizeram, no laço que ocultaram prenderam o pé.

17.Javé apareceu a fazer justiça, apanhou o injusto na sua manobra.

18.Que os injustos voltem ao túmulo, os povos todos que se esquecem de Deus!

19.Pois o indigente não será esquecido para sempre, e a esperança dos pobres jamais se frustrará.

20.Levanta-Te, Javé, que o mortal não triunfe! Que os povos sejam julgados na tua presença!

21.Infunde neles o medo, Javé: saibam os povos que são homens mortais!

 

1.Do mestre de canto. De David. Eu abrigo-me em Javé. Porque vós dizeis-me: «Foge para os montes, passarinho,

2.porque os injustos retesam o arco, ajustando a flecha na corda, para atirar ocultamente contra os corações rectos.

3.Quando os fundamentos se corrompem, que pode o justo fazer?»

4.Javé, porém, está no seu templo santo, Javé tem o seu trono no céu. Os seus olhos contemplam o mundo, as suas pupilas examinam os homens.

5.Javé examina o justo e o injusto, Ele odeia quem ama a violência;

6.Fará chover, sobre os injustos, brasas e enxofre, e um furacão violento. É a parte que lhes cabe.

 7.Porque Javé é justo e ama a justiça, e os corações rectos contemplarão a sua face

 

 

1.Do mestre de canto. Para instrumentos de oito cordas. Salmo. De David.

2.Socorro, Javé! O fiel está a desaparecer! Desaparece a fidelidade entre os homens:

3.cada qual mente ao seu próximo com lábios enganadores e segundas intenções.

4.Que Javé corte todos os lábios enganadores, e a língua arrogante

5.dos que dizem: «A nossa força está na língua, as nossas armas são os nossos lábios Quem poderá dominar-nos?»

6.Javé declara: «Agora levanto-Me para defender os pobres oprimidos e os necessitados que gemem. Vou salvar quem quer ser salvo!»

7.As palavras de Javé são palavras sinceras, prata pura, sem nenhuma impureza, sete vezes refinada.

8.Sim, Javé, Tu nos guardarás, livrando-nos para sempre dessa gente.

9.Por toda a parte rondam os injustos, quando a corrupção é exaltada entre os homens.

 

 

1.Do mestre de canto. Salmo. De David.

2.Javé, até quando me esquecerás? Para sempre? Até quando esconderás de mim a tua face?

3.Até quando terei sofrimento dentro de mim, e tristeza no coração, dia e noite? Até quando o meu inimigo vai triunfar?

4.Atenção, Javé, meu Deus! Responde-me! Ilumina os meus olhos, para que eu não adormeça na morte.

5.Que o meu inimigo não diga: «Eu venci-o!» E os meus opressores não exultem com o meu fracasso.

6.Quanto a mim, eu confio no teu amor! O meu coração exulta com a tua salvação. Vou cantar a Javé por todo o bem que Ele me fez!

 

 

1.Do mestre de canto. De David. O insensato diz no seu coração: «Deus não existe!» Corromperam-se, praticando abominações: não há quem pratique o bem.

2.Do céu Javé inclina-Se sobre os filhos de Adão, para ver se restou alguém sensato, alguém que busque a Deus.

3.Estão todos desviados e obstinados também: não há quem faça o bem, não há nenhum sequer.

4.Acaso esses malfeitores não percebem? Eles devoram o meu povo, como se comessem pão, e não invocam a Javé.

5.Eles vão tremer de medo, porque Deus está com os justos.

6.Vós podeis confundir o plano do pobre, mas o seu abrigo é Javé.

7.Oxalá venha de Sião a salvação para Israel! Quando Javé mudar a sorte do seu povo Jacob exultará e Israel se alegrará.

 

 

1.Salmo. De David. Javé, quem poderá hospedar-se na tua tenda e habitar no teu monte santo?

2.-Quem age na integridade e pratica a justiça: quem diz sinceramente o que pensa

3.e não usa a língua para caluniar; quem não prejudica o seu próximo, e não difama o seu vizinho;

4.quem despreza o injusto, e honra os que temem a Javé; quem sustenta o que jurou, mesmo com seu prejuízo;

5.quem não empresta dinheiro com juros, nem aceita suborno contra o inocente. Quem age deste modo, jamais será abalado!

 

 

1.Súplica de Davi. Ouvi, Senhor, uma causa justa! Atendei meu clamor! Escutai minha prece, de lábios sem malícia.

2.Venha de vós o meu julgamento, e vossos olhos reconheçam que sou íntegro.

3.Podeis sondar meu coração, visitá-lo à noite, prová-lo pelo fogo, não encontrareis iniqüidade em mim.

4.Minha boca não pecou, como costumam os homens; conforme as palavras dos vossos lábios, segui os caminhos da lei.

5.Meus passos se mantiveram firmes nas vossas sendas, meus pés não titubearam.

6.Eu vos invoco, pois me atendereis, Senhor; inclinai vossos ouvidos para mim, escutai minha voz.

7.Mostrai a vossa admirável misericórdia, vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita.

8.Guardai-me como a pupila dos olhos, escondei-me à sombra de vossas asas,

9.longe dos pecadores, que me querem fazer violência. Meus inimigos me rodeiam com furor.

10.Seu coração endurecido se fecha à piedade; só têm na boca palavras arrogantes.

11.Eis que agora me cercam, espreitam para me prostrar por terra;

12.qual leão que se atira ávido sobre a presa, e como o leãozinho no seu covil.

13.Levantai-vos, Senhor, correi-lhe ao encontro, derrubai-o; com vossa espada livrai-me do pecador,

14.com vossa mão livrai-me dos homens, desses cuja única felicidade está nesta vida, que têm o ventre repleto de bens, cujos filhos vivem na abundância e deixam ainda aos seus filhos o que lhes sobra.

15.Mas eu, confiado na vossa justiça, contemplarei a vossa face; ao despertar, saciar-me-ei com a visão de vosso ser.

 

1.Ao mestre de canto. De Davi, servo do Senhor, que dirigiu as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que ficou livre de todos os seus inimigos e das mãos de Saul.

2.Disse: Eu vos amo, Senhor, minha força!

3.O Senhor é o meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, onde encontro o meu refúgio, meu escudo, força de minha salvação e minha cidadela.

4.Invoco o Senhor, digno de todo louvor, e fico livre dos meus inimigos.

5.Circundavam-me os vagalhões da morte, torrentes devastadoras me atemorizavam,

6.enlaçavam-se as cadeias da habitação dos mortos, a própria morte me prendia em suas redes.

7.Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei para meu Deus: do seu templo ele ouviu a minha voz, e o meu clamor em sua presença chegou aos seus ouvidos.

8.A terra vacilou e tremeu, os fundamentos das montanhas fremiram, abalaram-se, porque Deus se abrasou em cólera:

9.suas narinas exalavam fumaça; sua boca, fogo devorador, brasas incandescentes.

10.Ele inclinou os céus e desceu, calcando aos pés escuras nuvens.

11.Cavalgou sobre um querubim e voou, planando nas asas do vento.

12.Envolveu-se nas trevas como se fossem véu, fez para si uma tenda das águas tenebrosas, densas nuvens.

13.Do esplendor de sua presença suas nuvens avançaram: saraiva e centelhas de fogo.

14.Dos céus trovejou o Senhor, o Altíssimo fez ressoar a sua voz.

15.Lançou setas e dispersou os inimigos, fulminou relâmpagos e os desbaratou.

16.E apareceu descoberto o leito do mar, ficaram à vista os fundamentos da terra, ante a vossa ameaçadora voz, ó Senhor, ante o furacão de vossa cólera.

17.Do alto estendeu a sua mão e me pegou, e retirou-me das águas profundas,

18.livrou-me de inimigo poderoso, dos meus adversários mais fortes do que eu.

19.Investiram contra mim no dia do meu infortúnio, mas o Senhor foi o meu arrimo;

20.pôs-me a salvo e livrou-me, porque me ama.

21.O Senhor me tratou segundo a minha inocência, retribuiu-me segundo a pureza de minhas mãos,

22.porque guardei os caminhos do Senhor e não pequei separando-me do meu Deus.

23.Tenho diante dos olhos todos os seus preceitos e não me desvio de suas leis.

24.Ando irrepreensivelmente diante dele, guardando-me do meu pecado.

25.O Senhor retribuiu-me segundo a minha justiça, segundo a pureza de minhas mãos diante dos seus olhos.

26.Com quem é bondoso vos mostrais bondoso, com o homem íntegro vos mostrais íntegro;

27.puro com quem é puro; prudente com quem é astuto.

28.Os humildes salvais, os semblantes soberbos humilhais.

29.Senhor, sois vós que fazeis brilhar o meu farol, sois vós que dissipais as minhas trevas.

30.Convosco afrontarei batalhões, com meu Deus escalarei muralhas.

31.Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam.

32.Pois quem é Deus senão o Senhor? Quem é o rochedo, senão o nosso Deus?

33.É Deus quem me cinge de coragem e aplana o meu caminho.

34.Torna os meus pés velozes como os das gazelas e me instala nas alturas.

35.Adestra minhas mãos para o combate e meus braços para o tiro de arco.

36.Vós me dais o escudo que me salva. Vossa destra me sustém, e vossa bondade me engrandece.

37.Alargais o caminho a meus passos, para meus pés não resvalarem.

38.Dou caça aos inimigos e os alcanço, e não volto sem que os tenha aniquilado.

39.De tal sorte os despedaço, que não mais poderão levantar-se: eles ficam caídos a meus pés.

40.Vós me cingis de coragem para a luta e ante mim dobrais os meus adversários.

41.Afugentais da minha presença os meus inimigos e reduzis ao silêncio os que me aborrecem.

42.Gritam por socorro, mas não há quem os salve; clamam ao Senhor, mas não responde...

43.Eu os disperso como o pó que o vento leva, e os esmago como o barro das estradas.

44.Vós me livrais das revoltas do povo e me colocais à frente das nações; povos que eu desconhecia se tornaram meus servos.

45.Gente estranha me serve abnegadamente e me obedece à primeira intimação.

46.Gente estranha desfalece e sai tremendo de seus esconderijos.

47.Viva o Senhor e bendito seja o meu rochedo! Exaltado seja Deus, que me salva!

48.Deus, que me proporciona a vingança e avassala nações a meus pés.

49.Sois vós que me libertais dos meus inimigos, me exaltais acima dos meus adversários e me salvais do homem violento.

50.Por isso vos louvarei, ó Senhor, entre as nações e celebrarei o vosso nome.

51.Ele prepara grandes vitórias a seu rei e faz misericórdia a seu ungido, a Davi e a sua descendência para sempre.

 

 

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

2.Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.

3.O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete.

4.Não é uma língua nem são palavras, cujo sentido não se perceba,

5.porque por toda a terra se espalha o seu ruído, e até os confins do mundo a sua voz; aí armou Deus para o sol uma tenda.

6.E este, qual esposo que sai do seu tálamo, exulta, como um gigante, a percorrer seu caminho.

7.Sai de um extremo do céu, e no outro termina o seu curso; nada se furta ao seu calor.

8.A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma; a ordem do Senhor é segura, instrui o simples.

9.Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos.

10.O temor do Senhor é puro, subsiste eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros, todos igualmente justos.

11.Mais desejáveis que o ouro, que uma barra de ouro fino; mais doces que o mel, que o puro mel dos favos.

12.Ainda que vosso servo neles atente, guardando-os com todo o cuidado;

13.quem pode, entretanto, ver as próprias faltas? Purificai-me das que me são ocultas.

 

14.Preservai, também, vosso servo do orgulho; não domine ele sobre mim, então serei íntegro e limpo de falta grave.

15.Aceitai as palavras de meus lábios e os pensamentos de meu coração, na vossa presença, Senhor, minha rocha e meu redentor.

 

  

 

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

2.Que o Senhor te escute no dia da provação, e te proteja o nome do Deus de Jacó.

3.Do seu santuário ele te socorra, e de Sião ele te sustente.

4.Lembre-se de tuas ofertas, e aceite os teus sacrifícios.

5.Conceda-te o que teu coração anela, e realize todos os teus desejos.

6.Possamos nós alegrar-nos com tua vitória e levantar as bandeiras em nome de nosso Deus. Sim, que o Senhor realize todos os teus pedidos.

7.Já sei que o Senhor reservou a vitória para seu ungido, e o ouviu do alto de seu santuário pelo poder de seu braço vencedor.

8.Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos. Nós, porém, a temos em nome do Senhor, nosso Deus.

9.Eles fraquejaram e foram vencidos, mas nós, de pé, continuamos firmes.

10.Senhor, dai a vitória ao rei, e ouvi-nos no dia em que vos invocamos

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

2.Senhor, alegra-se o rei com o vosso poder, e muito exulta com o vosso auxílio!

3.Realizastes os anseios de seu coração, não rejeitastes a prece de seus lábios.

4.Com preciosas bênçãos fostes-lhe ao encontro, pusestes-lhe na cabeça coroa de puríssimo ouro.

5.Ele vos pediu a vida, vós lha concedestes, uma vida cujos dias serão eternos.

6.Grande é a sua glória, devida à vossa proteção; vós o cobristes de majestade e esplendor.

7.Sim, fizestes dele o objeto de vossas eternas bênçãos, de alegria o cobristes com a vossa presença,

8.pois o rei confiou no Senhor. Graças ao Altíssimo não será abalado.

9.Que tua mão, ó rei, apanhe teus inimigos, que tua mão atinja os que te odeiam.

10.Tu os tornarás como fornalha ardente, quando apareceres diante deles. Que o Senhor em sua cólera os consuma, e que o fogo os devore.

11.Faze desaparecer da terra a posteridade deles e a sua descendência dentre os filhos dos homens.

12.Se intentarem fazer-te mal, tramando algum plano, não o conseguirão,

13.porque os porás em fuga, dirigindo teu arco contra a face deles.

14.Erguei-vos, Senhor, em vossa potência! Cantaremos e celebraremos o vosso poder.

 

 

1.Ao mestre de canto. Segundo a melodia A corça da aurora. Salmo de Davi.

2.Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?

3.Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis; imploro de noite e não me atendeis.

4.Entretanto, vós habitais em vosso santuário, vós que sois a glória de Israel.

5.Nossos pais puseram sua confiança em vós, esperaram em vós e os livrastes.

6.A vós clamaram e foram salvos; confiaram em vós e não foram confundidos.

7.Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe.

8.Todos os que me vêem zombam de mim; dizem, meneando a cabeça:

9.Esperou no Senhor, pois que ele o livre, que o salve, se o ama.

10.Sim, fostes vós que me tirastes das entranhas de minha mãe e, seguro, me fizestes repousar em seu seio.

11.Eu vos fui entregue desde o meu nascer, desde o ventre de minha mãe vós sois o meu Deus.

12.Não fiqueis longe de mim, pois estou atribulado; vinde para perto de mim, porque não há quem me ajude.

13.Cercam-me touros numerosos, rodeiam-me touros de Basã;

14.contra mim eles abrem suas fauces, como o leão que ruge e arrebata.

15.Derramo-me como água, todos os meus ossos se desconjuntam; meu coração tornou-se como cera, e derrete-se nas minhas entranhas.

16.Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua: vós me reduzistes ao pó da morte.

17.Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés:

18.poderia contar todos os meus ossos. Eles me olham e me observam com alegria,

19.repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.

20.Porém, vós, Senhor, não vos afasteis de mim; ó meu auxílio, bem depressa me ajudai.

21.Livrai da espada a minha alma, e das garras dos cães a minha vida.

22.Salvai-me a mim, mísero, das fauces do leão e dos chifres dos búfalos.

23.Então, anunciarei vosso nome a meus irmãos, e vos louvarei no meio da assembléia.

24.Vós que temeis o Senhor, louvai-o; vós todos, descendentes de Jacó, aclamai-o; temei-o, todos vós, estirpe de Israel,

25.porque ele não rejeitou nem desprezou a miséria do infeliz, nem dele desviou a sua face, mas o ouviu, quando lhe suplicava.

26.De vós procede o meu louvor na grande assembléia, cumprirei meus votos na presença dos que vos temem.

27.Os pobres comerão e serão saciados; louvarão o Senhor aqueles que o procuram: Vivam para sempre os nossos corações.

28.Hão de se lembrar do Senhor e a ele se converter todos os povos da terra; e diante dele se prostrarão todas as famílias das nações,

29.porque a realeza pertence ao Senhor, e ele impera sobre as nações.

30.Todos os que dormem no seio da terra o adorarão; diante dele se prostrarão os que retornam ao pó.

31.Para ele viverá a minha alma, há de servi-lo minha descendência. Ela falará do Senhor às gerações futuras e proclamará sua justiça ao povo que vai nascer: Eis o que fez o Senhor.

 

 

1.Salmo de Davi. O Senhor é meu pastor, nada me faltará.

2.Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes,

3.restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome.

4.Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo.

5.Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça.

6.A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.

 

1.Salmo de Davi. Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém, a órbita terrestre e todos os que nela habitam,

2.pois ele mesmo a assentou sobre as águas do mar e sobre as águas dos rios a consolidou.

3.Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo?

4.O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo.

5.Este terá a bênção do Senhor, e a recompensa de Deus, seu Salvador.

6.Tal é a geração dos que o procuram, dos que buscam a face do Deus de Jacó.

7.Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória!

8.Quem é este Rei da glória? É o Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha.

9.Levantai, ó portas, os vossos dintéis! Levantai-vos, ó pórticos antigos, para que entre o Rei da glória!

10.Quem é este Rei da glória? É o Senhor dos exércitos! É ele o Rei da glória.

 

1.De Davi. Para vós, Senhor, elevo a minha alma.

2.Meu Deus, em vós confio: não seja eu decepcionado! Não escarneçam de mim meus inimigos!

3.Não, nenhum daqueles que esperam em vós será confundido, mas os pérfidos serão cobertos de vergonha.

4.Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas.

5.Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação e em vós eu espero sempre.

6.Lembrai-vos, Senhor, de vossas misericórdias e de vossas bondades, que são eternas.

7.Não vos lembreis dos pecados de minha juventude e dos meus delitos; em nome de vossa misericórdia, lembrai-vos de mim, por causa de vossa bondade, Senhor.

8.O Senhor é bom e reto, por isso reconduz os extraviados ao caminho reto.

9.Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via.

10.Todos os caminhos do Senhor são graça e fidelidade, para aqueles que guardam sua aliança e seus preceitos.

11.Por amor de vosso nome, Senhor, perdoai meu pecado, por maior que seja.

12.Que advém ao homem que teme o Senhor? Deus lhe ensina o caminho que deve escolher.

13.Viverá na felicidade, e sua posteridade possuirá a terra.

14.O Senhor se torna íntimo dos que o temem, e lhes manifesta a sua aliança.

15.Meus olhos estão sempre fixos no Senhor, porque ele livrará do laço os meus pés.

16.Olhai-me e tende piedade de mim, porque estou só e na miséria.

17.Aliviai as angústias do meu coração, e livrai-me das aflições.

18.Vede minha miséria e meu sofrimento, e perdoai-me todas as faltas.

19.Vede meus inimigos, são muitos, e com ódio implacável me perseguem.

20.Defendei minha alma e livrai-me; não seja confundido eu que em vós me acolhi.

21.Protejam-me a inocência e a integridade, porque espero em vós, Senhor.

22.Ó Deus, livrai Israel de todas as suas angústias.

 

 

1.De Davi. Fazei-me justiça, Senhor, pois tenho andado retamente e, confiando em vós, não vacilei.

2.Sondai-me, Senhor, e provai-me; escrutai meus rins e meu coração.

3.Tenho sempre diante dos olhos vossa bondade, e caminho na vossa verdade.

4.Entre os homens iníquos não me assento, nem me associo aos trapaceiros.

5.Detesto a companhia dos malfeitores, com os ímpios não me junto.

6.Na inocência lavo as minhas mãos, e conservo-me junto de vosso altar, Senhor,

7.para publicamente anunciar vossos louvores, e proclamar todas as vossas maravilhas.

8.Senhor, amo a habitação de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória.

9.Não leveis a minha alma com a dos pecadores, nem me tireis a vida com a dos sanguinários,

10.cujas mãos são criminosas, e cuja destra está cheia de subornos.

11.Eu, porém, procedo com retidão. Livrai-me e sede-me propício.

12.Meu pé está firme no caminho reto; nas assembléias, bendirei ao Senhor.

 

 

 

1.De Davi. O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?

2.Quando os malvados me atacam para me devorar vivo, são eles, meus adversários e inimigos, que resvalam e caem.

3.Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração. Se se travar contra mim uma batalha, mesmo assim terei confiança.

4.Uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário.

5.Assim, no dia mau ele me esconderá na sua tenda, ocultar-me-á no recôndito de seu tabernáculo, sobre um rochedo me erguerá.

6.Mas desde agora ele levanta a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam; e oferecerei no tabernáculo sacrifícios de regozijo, com cantos e louvores ao Senhor.

7.Escutai, Senhor, a voz de minha oração, tende piedade de mim e ouvi-me.

8.Fala-vos meu coração, minha face vos busca; a vossa face, ó Senhor, eu a procuro.

9.Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador.

10.Se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá.

11.Ensinai-me, Senhor, vosso caminho; por causa dos adversários, guiai-me pela senda reta.

12.Não me abandoneis à mercê dos inimigos, contra mim se ergueram violentos e falsos testemunhos.

13.Sei que verei os benefícios do Senhor na terra dos vivos!

14.Espera no Senhor e sê forte! Fortifique-se o teu coração e espera no Senhor!

 

 

1.De Davi. É para vós, Senhor, que ergo meu clamor. Ó meu apoio, não fiqueis surdo à minha voz; não suceda que, vós não me ouvindo, eu me vá unir aos que desceram para o túmulo.

2.Ouvi a voz de minha súplica quando clamo, quando levanto as mãos para o vosso templo santo.

3.Não me deixeis perecer com os pecadores e com os que praticam a iniqüidade, que dizem ao próximo palavras de paz, mas guardam a maldade no coração.

4.Tratai-os de acordo com as suas ações, e conforme a malícia de seus crimes. Retribuí-lhes segundo a obra de suas mãos; dai-lhes o que merecem,

5.pois não atendem às ações do Senhor nem às obras de suas mãos. Que Ele os abata e não os levante.

6.Bendito seja o Senhor, que ouviu a voz de minha súplica; nele confiou meu coração e fui socorrido.

7.O Senhor é a minha força e o meu escudo! Por isso meu coração exulta e o louvo com meu cântico.

8.O Senhor é a força do seu povo, uma fortaleza de salvação para o que lhe é consagrado.

9.Salvai, Senhor, vosso povo e abençoai a vossa herança; sede seu pastor, levai-o nos braços eternamente.

 

 

 

1.Salmo de Davi. Tributai ao Senhor, ó filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder!

2.Rendei-lhe a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor com ornamentos sagrados.

3.Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas! O Deus de grandeza atroou: o Senhor trovejou sobre as águas imensas!

4.A voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade!

5.Fendem-se os cedros à voz do Senhor, quebra o Senhor os cedros do Líbano.

6.Faz saltar o Líbano como um novilho, e o Sarion como um búfalo novo.

7.A voz do Senhor despede relâmpagos,

8.A voz do Senhor abala o deserto. O Senhor faz tremer o deserto de Cades.

9.A voz do Senhor retorce os carvalhos, desnuda as florestas. E em seu templo todos bradam: glória!

10.O Senhor preside ao dilúvio, o Senhor trona como rei para sempre.

11.O Senhor há de dar fortaleza ao seu povo! O Senhor abençoará o seu povo, dando-lhe a paz!

 

 

1.Salmo. Cântico para a dedicação da casa de Deus. De Davi.

2.Eu vos exaltarei, Senhor, porque me livrastes, não permitistes que exultassem sobre mim meus inimigos.

3.Senhor, meu Deus, clamei a vós e fui curado.

4.Senhor, minha alma foi tirada por vós da habitação dos mortos; dentre os que descem para o túmulo, vós me salvastes.

5.Ó vós, fiéis do Senhor, cantai sua glória, dai graças ao seu santo nome.

6.Porque a sua indignação dura apenas um momento, enquanto sua benevolência é para toda a vida. Pela tarde, vem o pranto, mas, de manhã, volta a alegria.

7.Eu, porém, disse, seguro de mim: Não serei jamais abalado.

8.Senhor, foi por favor que me destes honra e poder, mas quando escondestes vossa face fiquei aterrado.

9.A vós, Senhor, eu clamo, e imploro a misericórdia de meu Deus.

10.Que proveito vos resultará de retomar-me a vida, de minha descida ao túmulo? Porventura vos louvará o meu pó? Apregoará ele a vossa fidelidade?

11.Ouvi-me, Senhor, e tende piedade de mim; Senhor, vinde em minha ajuda.

12.Vós convertestes o meu pranto em prazer, tirastes minhas vestes de penitência e me cingistes de alegria.

13.Assim, minha alma vos louvará sem calar jamais. Senhor, meu Deus, eu vos bendirei eternamente.

 

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

2.Junto de vós, Senhor, me refugio. Não seja eu confundido para sempre; por vossa justiça, livrai-me!

3.Inclinai para mim vossos ouvidos, apressai-vos em me libertar. Sede para mim uma rocha de refúgio, uma fortaleza bem armada para me salvar.

4.Pois só vós sois minha rocha e fortaleza: haveis de me guiar e dirigir, por amor de vosso nome.

5.Vós me livrareis das ciladas que me armaram, porque sois minha defesa.

6.Em vossas mãos entrego meu espírito; livrai-me, ó Senhor, Deus fiel.

7.Detestais os que adoram ídolos vãos. Eu, porém, confio no Senhor.

8.Exultarei e me alegrarei pela vossa compaixão, porque olhastes para minha miséria e ajudastes minha alma angustiada.

9.Não me entregastes às mãos do inimigo, mas alargastes o caminho sob meus pés.

10.Tende piedade de mim, Senhor, porque vivo atribulado, de tristeza definham meus olhos, minha alma e minhas entranhas.

11.Realmente, minha vida se consome em amargura, e meus anos em gemidos. Minhas forças se esgotaram na aflição, mirraram-se os meus ossos.

12.Tornei-me objeto de opróbrio para todos os inimigos, ludíbrio dos vizinhos e pavor dos conhecidos. Fogem de mim os que me vêem na rua.

13.Fui esquecido dos corações como um morto, fiquei rejeitado como um vaso partido.

14.Sim, eu ouvi o vozerio da multidão; em toda parte, o terror! Conspirando contra mim, tramam como me tirar a vida.

15.Mas eu, Senhor, em vós confio. Digo: Sois vós o meu Deus.

16.Meu destino está nas vossas mãos. Livrai-me do poder de meus inimigos e perseguidores.

17.Mostrai semblante sereno ao vosso servo, salvai-me pela vossa misericórdia.

18.Senhor, não fique eu envergonhado, porque vos invoquei: Confundidos sejam os ímpios e, mudos, lançados na região dos mortos.

19.Fazei calar os lábios mentirosos que falam contra o justo com insolência, desprezo e arrogância.

20.Quão grande é, Senhor, vossa bondade, que reservastes para os que vos temem e com que tratais aos que se refugiam em vós, aos olhos de todos.

21.Sob a proteção de vossa face os defendeis contra as conspirações dos homens. Vós os ocultais em vossa tenda contra as línguas maldizentes.

22.Bendito seja o Senhor, que usou de maravilhosa bondade, abrigando-me em cidade fortificada.

23.Eu, porém, tinha dito no meu temor: Fui rejeitado de vossa presença. Mas ouvistes antes o brado de minhas súplicas, quando clamava a vós.

24.Amai o Senhor todos os seus servos! Ele protege os que lhe são fiéis. Sabe, porém, retribuir, castigando com rigor aos que procedem com soberba.

25.Animai-vos e sede fortes de coração todos vós, que esperais no Senhor.

 

 

1.De Davi. Hino. Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido.

2.Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo.

3.Enquanto me conservei calado, mirraram-se-me os ossos, entre contínuos gemidos.

4.Pois, dia e noite, vossa mão pesava sobre mim; esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão.

5.Então eu vos confessei o meu pecado, e não mais dissimulei a minha culpa. Disse: Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniqüidade. E vós perdoastes a pena do meu pecado.

6.Assim também todo fiel recorrerá a vós, no momento da necessidade. Quando transbordarem muitas águas, elas não chegarão até ele.

7.Vós sois meu asilo, das angústias me preservareis e me envolvereis na alegria de minha salvação.

8.Vou te ensinar, dizeis, vou te mostrar o caminho que deves seguir; vou te instruir, fitando em ti os meus olhos:

9.não queiras ser sem inteligência como o cavalo, como o muar, que só ao freio e à rédea submetem seus ímpetos; de outro modo não se chegam a ti.

10.São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve.

11.Ó justos, alegrai-vos e regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de coração.

hor maneira de acessar a Palavra de Deus!

1.Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor.

2.Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas.

3.Cantai-lhe um cântico novo, acompanhado de instrumentos de música,

4.porque a palavra do Senhor é reta, em todas as suas obras resplandece a fidelidade:

5.ele ama a justiça e o direito, da bondade do Senhor está cheia a terra.

6.Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e pelo sopro de sua boca todo o seu exército.

7.Ele junta as águas do mar como num odre, e em reservatórios encerra as ondas.

8.Tema ao Senhor toda a terra; reverenciem-no todos os habitantes do globo.

9.Porque ele disse e tudo foi feito, ele ordenou e tudo existiu.

10.O Senhor desfaz os planos das nações pagãs, reduz a nada os projetos dos povos.

11.Só os desígnios do Senhor permanecem eternamente e os pensamentos de seu coração por todas as gerações.

12.Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus, e o povo que ele escolheu para sua herança.

13.O Senhor olha dos céus, vê todos os filhos dos homens.

14.Do alto de sua morada observa todos os habitantes da terra,

15.ele que formou o coração de cada um e está atento a cada uma de suas ações.

16.Não vence o rei pelo numeroso exército, nem se livra o guerreiro pela grande força.

17.O cavalo não é penhor de vitória, nem salva pela sua resistência.

18.Eis os olhos do Senhor pousados sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua bondade,

19.a fim de livrar-lhes a alma da morte e nutri-los no tempo da fome.

20.Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo.

21.Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos.

22.Seja-nos manifestada, Senhor, a vossa misericórdia, como a esperamos de vós.

1.De Davi. Quando simulou alienação na presença de Abimelec e, despedido por ele, partiu.

2.Bendirei continuamente ao Senhor, seu louvor não deixará meus lábios.

3.Glorie-se a minha alma no Senhor; ouçam-me os humildes, e se alegrem.

4.Glorificai comigo ao Senhor, juntos exaltemos o seu nome.

5.Procurei o Senhor e ele me atendeu, livrou-me de todos os temores.

6.Olhai para ele a fim de vos alegrardes, e não se cobrir de vergonha o vosso rosto.

7.Vede, este miserável clamou e o Senhor o ouviu, de todas as angústias o livrou.

8.O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem, e os salva.

9.Provai e vede como o Senhor é bom, feliz o homem que se refugia junto dele.

10.Reverenciai o Senhor, vós, seus fiéis, porque nada falta àqueles que o temem.

11.Os poderosos empobrecem e passam fome, mas aos que buscam o Senhor nada lhes falta.

12.Vinde, meus filhos, ouvi-me: eu vos ensinarei o temor do Senhor.

13.Qual é o homem que ama a vida, e deseja longos dias para gozar de felicidade?

14.Guarda tua língua do mal, e teus lábios das palavras enganosas.

15.Aparta-te do mal e faze o bem, busca a paz e vai ao seu encalço.

16.Os olhos do Senhor estão voltados para os justos, e seus ouvidos atentos aos seus clamores.

17.O Senhor volta a sua face irritada contra os que fazem o mal, para apagar da terra a lembrança deles.

18.Apenas clamaram os justos, o Senhor os atendeu e os livrou de todas as suas angústias.

19.O Senhor está perto dos contritos de coração, e salva os que têm o espírito abatido.

20.São numerosas as tribulações do justo, mas de todas o livra o Senhor.

21.Ele protege cada um de seus ossos, nem um só deles será quebrado.

22.A malícia do ímpio o leva à morte, e os que odeiam o justo serão castigados.

23.O Senhor livra a alma de seus servos; não será punido quem a ele se acolhe.

1.De Davi. Lutai, Senhor, contra os que me atacam; combatei meus adversários.

2.Empunhai o broquel e o escudo, e erguei-vos em meu socorro.

3.Brandi a lança e sustai meus perseguidores. Dizei à minha alma: Eu sou a tua salvação.

4.Sejam confundidos e envergonhados os que odeiam a minha vida, recuem humilhados os que tramam minha desgraça.

5.Sejam como a palha levada pelo vento, quando o anjo do Senhor vier acossá-los.

6.Torne-se tenebroso e escorregadio o seu caminho, quando o anjo do Senhor vier persegui-los,

7.porquanto sem razão me armaram laços; para me perder, cavaram um fosso sem motivo.

8.Venha sobre eles de improviso a ruína; apanhe-os a rede por eles mesmos preparada, caiam eles próprios na cova que abriram.

9.Então a minha alma exultará no Senhor, e se alegrará pelo seu auxílio.

10.Todas as minhas potências dirão: Senhor, quem é semelhante a vós? Vós que livrais o desvalido do opressor, o mísero e o pobre de quem os despoja.

11.Surgiram apaixonadas testemunhas, interrogaram-me sobre faltas que ignoro,

12.pagaram-me o bem com o mal. Oh, desolação para a minha alma!

13.Contudo, quando eles adoeciam, eu me revestia de saco, extenuava-me em jejuns e rezava.

14.Andava triste, como se tivesse perdido um amigo, um irmão; abatido, me vergava como quem chora por sua mãe.

15.Quando tropecei, eles se reuniram para se alegrar; eles me dilaceraram sem parar.

16.Puseram-me à prova, escarneceram de mim, rangeram os dentes contra mim.

17.Senhor, até quando assistireis impassível a este espetáculo? Arrancai desses leões a minha vida, livrai-me a alma de seus rugidos.

18.Vou render-vos graças publicamente, eu vos louvarei na presença da multidão.

19.Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo,

20.pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra,

21.escancaram para mim a boca, dizendo: Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos!

22.Vós também, Senhor, vistes! Não guardeis silêncio. Senhor, não vos aparteis de mim.

23.Acordai e levantai-vos para me defender, ó meu Deus e Senhor meu, em prol de minha causa!

24.Julgai-me, Senhor, segundo vossa justiça. Ó meu Deus, que não se regozijem à minha custa!

25.Não pensem em seus corações: Ah, tivemos sorte! Não digam: Nós o devoramos!

26.Sejam confundidos todos juntos e se envergonhem os que se alegram com meus males, cubram-se de pejo e ignomínia os que se levantam orgulhosamente contra mim.

27.Mas exultem e se alegrem os favoráveis à minha causa e digam sem cessar: Glorificado seja o Senhor, que quis a salvação de seu servo!

28.E a minha língua proclamará vossa justiça, dando-vos perpétuos louvores.

 

 

1.Ao mestre de canto. De Davi, servo do Senhor.

2.A iniqüidade fala ao ímpio no seu coração; não existe o temor a Deus ante os seus olhos,

3.porque ele se gloria de que sua culpa não será descoberta nem detestada por ninguém.

4.Suas palavras são más e enganosas; renunciou a proceder sabiamente e a fazer o bem.

5.Em seu leito ele medita o crime, anda pelo mau caminho, não detesta o mal.

6.Senhor, vossa bondade chega até os céus, vossa fidelidade se eleva até as nuvens.

7.Vossa justiça é semelhante às montanhas de Deus, vossos juízos são profundos como o mar. Vós protegeis, Senhor, os homens como os animais.

8.Como é preciosa a vossa bondade, ó Deus! À sombra de vossas asas se refugiam os filhos dos homens.

9.Eles se saciam da abundância de vossa casa, e lhes dais de beber das torrentes de vossas delícias,

10.porque em vós está a fonte da vida, e é na vossa luz que vemos a luz.

11.Continuai a dar vossa bondade aos que vos honram, e a vossa justiça aos retos de coração.

12.Não me calque o pé do orgulhoso, não me faça fugir a mão do pecador.

13.Eis que caíram os fautores da iniqüidade, foram prostrados para não mais se erguer.

 

 

1.De Davi. Não te irrites por causa dos que agem mal, nem invejes os que praticam a iniqüidade,

2.pois logo eles serão ceifados como a erva dos campos, e como a erva verde murcharão.

3.Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança.

4.Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá.

5.Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá.

6.Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito.

7.Em silêncio, abandona-te ao Senhor, põe tua esperança nele. Não invejes o que prospera em suas empresas, e leva a bom termo seus maus desígnios.

8.Guarda-te da ira, depõe o furor, não te exasperes, que será um mal,

9.porque os maus serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a terra.

10.Mais um pouco e não existirá o ímpio; se olhares o seu lugar, não o acharás.

11.Quanto aos mansos, possuirão a terra, e nela gozarão de imensa paz.

12.O ímpio conspira contra o justo, e para ele range os seus dentes.

13.Mas o Senhor se ri dele, porque vê o destino que o espera.

14.Os maus empunham a espada e retesam o arco, para abater o pobre e miserável e liquidar os que vão no caminho reto.

15.Sua espada, porém, lhes traspassará o coração, e seus arcos serão partidos.

16.O pouco que o justo possui vale mais que a opulência dos ímpios;

17.porque os braços dos ímpios serão quebrados, mas os justos o Senhor sustenta.

18.O Senhor vela pela vida dos íntegros, e a herança deles será eterna.

19.Não serão confundidos no tempo da desgraça e nos dias de fome serão saciados.

20.Porém, os ímpios perecerão e os inimigos do Senhor fenecerão como o verde dos prados; desaparecerão como a fumaça.

21.O ímpio pede emprestado e não paga, enquanto o justo se compadece e dá,

22.porque aqueles que o Senhor abençoa possuirão a terra, mas os que ele amaldiçoa serão destruídos.

23.O Senhor torna firmes os passos do homem e aprova os seus caminhos.

24.Ainda que caia, não ficará prostrado, porque o Senhor o sustenta pela mão.

25.Fui jovem e já sou velho, mas jamais vi o justo abandonado, nem seus filhos a mendigar o pão.

26.Todos os dias empresta misericordiosamente, e abençoada é a sua posteridade.

27.Aparta-te do mal e faze o bem, para que permaneças para sempre,

28.porque o Senhor ama a justiça e não abandona os seus fiéis. Os ímpios serão destruídos, e a raça dos ímpios exterminada.

29.Os justos possuirão a terra, e a habitarão eternamente.

30.A boca do justo fala sabedoria e a sua língua exprime a justiça.

31.Em seu coração está gravada a lei de Deus; não vacilam os seus passos.

32.O ímpio espreita o justo, e procura como fazê-lo perecer.

33.Mas o Senhor não o abandonará em suas mãos e, quando for julgado, não o condenará.

34.Põe tu confiança no Senhor, e segue os seus caminhos. Ele te exaltará e possuirás a terra; a queda dos ímpios verás com alegria.

35.Vi o ímpio cheio de arrogância, a expandir-se com um cedro frondoso.

36.Apenas passei e já não existia; procurei-o por toda a parte e nem traço dele encontrei.

37.Observa o homem de bem, considera o justo, pois há prosperidade para o pacífico.

38.Os pecadores serão exterminados, a geração dos ímpios será extirpada.

39.Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provocação.

40.O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva, porque se refugiam nele.

 

 

 

 

1.Salmo de Davi. Para servir de lembrança.

2.Senhor, em vossa cólera não me repreendais, em vosso furor não me castigueis,

3.porque as vossas flechas me atingiram, e desceu sobre mim a vossa mão.

4.Vossa cólera nada poupou em minha carne, por causa de meu pecado nada há de intacto nos meus ossos.

5.Porque minhas culpas se elevaram acima de minha cabeça, como pesado fardo me oprimem em demasia.

6.São fétidas e purulentas as chagas que a minha loucura me causou.

7.Estou abatido, extremamente recurvado, todo o dia ando cheio de tristeza.

8.Inteiramente inflamados os meus rins; não há parte sã em minha carne.

9.Ao extremo enfraquecido e alquebrado, agitado o coração, lanço gritos lancinantes.

10.Senhor, diante de vós estão todos os meus desejos, e meu gemido não vos é oculto.

11.Palpita-me o coração, abandonam-me as forças, e me falta a própria luz dos olhos.

12.Amigos e companheiros fogem de minha chaga, e meus parentes permanecem longe.

13.Os que odeiam a minha vida, armam-me ciladas; os que me procuram perder, ameaçam-me de morte; não cessam de planejar traições.

14.Eu, porém, sou como um surdo: não ouço; sou como um mudo que não abre os lábios.

15.Fiz-me como um homem que não ouve, e que não tem na boca réplicas a dar.

16.Porque é em vós, Senhor, que eu espero; vós me atendereis, Senhor, ó meu Deus.

17.Eis meu desejo: Não se alegrem com minha perda; não se ensoberbeçam contra mim, quando meu pé resvala;

18.pois estou prestes a cair, e minha dor é permanente.

19.Sim, minha culpa eu a confesso, meu pecado me atormenta.

20.Entretanto, são vigorosos e fortes os meus inimigos, e muitos os que me odeiam sem razão.

21.Retribuem-me o mal pelo bem, hostilizam-me porque quero fazer o bem.

22.Não me abandoneis, Senhor. Ó meu Deus, não fiqueis longe de mim.

23.Depressa, vinde em meu auxílio, Senhor, minha salvação!

 

 

1.Ao mestre de canto, a Iditum. Salmo de Davi.

2.Disse comigo mesmo: Velarei sobre os meus atos, para não mais pecar com a língua. Porei um freio em meus lábios, enquanto o ímpio estiver diante de mim.

3.Fiquei mudo, mas sem resultado, porque minha dor recrudesceu.

4.Meu coração se abrasava dentro de mim, meu pensamento se acendia como um fogo, então eu me pus a falar:

5.Fazei-me conhecer, Senhor, o meu fim, e o número de meus dias, para que eu veja como sou efêmero.

6.A largura da mão: eis a medida de meus dias, diante de vós minha vida é como um nada; todo homem não é mais que um sopro.

7.De fato, o homem passa como uma sombra, é em vão que ele se agita; amontoa, sem saber quem recolherá.

8.E agora, Senhor, que posso esperar? Minha confiança está em vós.

9.Livrai-me de todas as faltas, não me abandoneis ao riso dos insensatos.

10.Calei-me, já não abro a boca, porque sois vós que operais.

11.Afastai de mim esse flagelo, pois sucumbo ao rigor de vossa mão.

12.Quando punis o homem, fazendo-lhe sentir a sua culpa, consumis, como o faria a traça, o que ele tem de mais caro. Verdadeiramente, apenas um sopro é o homem.

13.Ouvi, Senhor, a minha oração, escutai os meus clamores, não fiqueis insensível às minhas lágrimas. Diante de vós não sou mais que um viajor, um peregrino, como foram os meus pais.

14.Afastai de mim a vossa ira para que eu tome alento, antes que me vá para não mais voltar.

 

 

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

2.Esperei no Senhor com toda a confiança. Ele se inclinou para mim, ouviu meus brados.

3.Tirou-me de uma fossa mortal, de um charco de lodo; assentou-me os pés numa rocha, firmou os meus passos;

4.pôs-me nos lábios um novo cântico, um hino à glória de nosso Deus. Muitos verão essas coisas e prestarão homenagem a Deus, e confiarão no Senhor.

5.Feliz o homem que pôs sua esperança no Senhor, e não segue os idólatras nem os apóstatas.

6.Senhor, meu Deus, são maravilhosas as vossas inumeráveis obras e ninguém vos assemelha nos desígnios para conosco. Eu quisera anunciá-los e divulgá-los, mas são mais do que se pode contar.

7.Não vos comprazeis em nenhum sacrifício, em nenhuma oferenda, mas me abristes os ouvidos: não desejais holocausto nem vítima de expiação.

8.Então eu disse: Eis que eu venho. No rolo do livro está escrito de mim:

9.fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada, porque vossa lei está no íntimo de meu coração.

10.Anunciei a justiça na grande assembléia, não cerrei os meus lábios, Senhor, bem o sabeis.

11.Não escondi vossa justiça no coração, mas proclamei alto vossa fidelidade e vossa salvação. Não ocultei a vossa bondade nem a vossa fidelidade à grande assembléia.

12.E vós, Senhor, não me recuseis vossas misericórdias; protejam-me sempre vossa graça e vossa fidelidade,

13.porque males sem conta me cercaram. Minhas faltas me pesaram, a ponto de não agüentar vê-las; mais numerosas que os cabelos de minha cabeça. Sinto-me desfalecer.

14.Comprazei-vos, Senhor, em me livrar. Depressa, Senhor, vinde em meu auxílio.

15.Sejam confundidos e humilhados os que procuram arrebatar-me a vida. Recuem e corem de vergonha os que se comprazem com meus males.

16.Fiquem atônitos, cheios de confusão, os que me dizem: Bem feito! Bem feito!

17.Ao contrário, exultem e se alegrem em vós todos os que vos procuram; digam sem cessar aqueles que desejam vosso auxílio: Glória ao Senhor.

18.Quanto a mim, sou pobre e desvalido, mas o Senhor vela por mim. Sois meu protetor e libertador: ó meu Deus, não tardeis.

 

 

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

2.Feliz quem se lembra do necessitado e do pobre, porque no dia da desgraça o Senhor o salvará.

3.O Senhor há de guardá-lo e o conservará vivo, há de torná-lo feliz na terra e não o abandonará à mercê de seus inimigos.

4.O Senhor o assistirá no leito de dores, e na sua doença o reconfortará.

5.Quanto a mim, eu vos digo: Piedade para mim, Senhor; sarai-me, porque pequei contra vós.

6.Meus inimigos falam de mim maldizendo: Quando há de morrer e se extinguir o seu nome?

7.Se alguém me vem visitar, fala hipocritamente. Seu coração recolhe calúnias e, saindo fora, se apressa em divulgá-las.

8.Todos os que me odeiam murmuram contra mim, e só procuram fazer-me mal.

9.Um mal mortal, dizem eles, o atingiu; ei-lo deitado, para não mais se levantar.

10.Até o próprio amigo em que eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.

11.Ao menos vós, Senhor, tende piedade de mim; erguei-me, para eu lhes dar a paga que merecem.

12.Nisto verei que me sois favorável, se meu inimigo não triunfar de mim.

13.Vós, porém, me conservareis incólume, e na vossa presença me poreis para sempre.

14.Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! Assim seja! Assim seja!

1.Ao mestre de canto. Hino dos filhos de Coré.

2.Como a corça anseia pelas águas vivas, assim minha alma suspira por vós, ó meu Deus.

3.Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?

4.Minhas lágrimas se converteram em alimento dia e noite, enquanto me repetem sem cessar: Teu Deus, onde está?

5.Lembro-me, e esta recordação me parte a alma, como ia entre a turba, e os conduzia à casa de Deus, entre gritos de júbilo e louvor de uma multidão em festa.

6.Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo:

7.ele é minha salvação e meu Deus. Desfalece-me a alma dentro de mim; por isso penso em vós do longínquo país do Jordão, perto do Hermon e do monte Misar.

8.Uma vaga traz outra no fragor das águas revoltas, todos os vagalhões de vossas torrentes passaram sobre mim.

9.Conceda-me o Senhor de dia a sua graça; e de noite eu cantarei, louvarei ao Deus de minha vida.

10.Digo a Deus: Ó meu rochedo, por que me esqueceis? Por que ando eu triste, sob a opressão do inimigo?

11.Sinto quebrarem-se-me os ossos, quando, em seus insultos, meus adversários me repetem todos os dias: Teu Deus, onde está ele?

12.Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: ele é minha salvação e meu Deus.

1.Fazei-me justiça, ó Deus, e defendei minha causa contra uma nação ímpia. Livrai-me do homem doloso e perverso,

2.pois vós, ó meu Deus, sois a minha fortaleza; por que me repelis? Por que devo andar triste sob a opressão do inimigo?

3.Lançai sobre mim a vossa luz e fidelidade; que elas me guiem, e me conduzam ao vosso monte santo, aos vossos tabernáculos.

4.E me aproximarei do altar de Deus, do Deus de minha alegria e exultação. E vos louvarei com a cítara, ó Senhor, meu Deus!

5.Por que te deprimes, ó minha alma, e te inquietas dentro de mim? Espera em Deus, porque ainda hei de louvá-lo: ele é minha salvação e meu Deus.

1.Ao mestre de canto. Hino dos filhos de Coré.

2.Ó Deus, ouvimos com os nossos próprios ouvidos, nossos pais nos contaram a obra que fizestes em seus dias, nos tempos de antanho.

3.Para implantá-los, expulsastes com as vossas mãos nações pagãs; para lhes dardes lugar, abatestes povos.

4.Com efeito, não foi com sua espada que conquistaram essa terra, nem foi seu braço que os salvou, mas foi vossa mão, foi vosso braço, foi o resplendor de vossa face, porque os amastes.

5.Meu Deus, vós sois o meu rei, vós que destes as vitórias a Jacó.

6.Por vossa graça repelimos os nossos inimigos, em vosso nome esmagamos nossos adversários.

7.Não foi em meu arco que pus minha confiança, nem foi minha espada que me salvou,

8.mas fostes vós que nos livrastes de nossos inimigos e confundistes os que nos odiavam.

9.Era em Deus que em todo o tempo nos gloriávamos, e seu nome sempre celebrávamos.

10.Agora, porém, nos rejeitais e confundis; e já não ides à frente de nossos exércitos.

11.Vós nos fizestes recuar diante do inimigo, e os que nos odiavam pilharam nossos bens.

12.Entregastes-nos como ovelhas para o corte, e nos dispersastes entre os pagãos.

13.Vendestes vosso povo por um preço vil, e pouco lucrastes com esta venda.

14.Fizeste-nos o opróbrio de nossos vizinhos, irrisão e ludíbrio daqueles que nos cercam.

15.Fizestes de nós a sátira das nações pagãs, e os povos nos escarnecem à nossa vista.

16.Continuamente estou envergonhado, a confusão cobre-me a face,

17.por causa dos insultos e ultrajes de um inimigo cheio de rancor.

18.E, apesar de todos esses males que nos sobrevieram, não vos esquecemos, não violamos a vossa aliança.

19.Nosso coração não se desviou de vós, nem nossos passos se apartaram de vossos caminhos,

20.para que nos esmagueis no lugar da aflição e nos envolvais de trevas...

21.Se houvéramos olvidado o nome de nosso Deus e estendido as mãos a um deus estranho,

22.porventura Deus não o teria percebido, ele que conhece os segredos do coração?

23.Mas por vossa causa somos entregues à morte todos os dias e tratados como ovelhas de matadouro.

24.Acordai, Senhor! Por que dormis? Despertai! Não nos rejeiteis continuamente!

25.Por que ocultais a vossa face e esqueceis nossas misérias e opressões?

26.Nossa alma está prostrada até o pó, e colado no solo o nosso corpo.

27.Levantai-vos em nosso socorro e livrai-nos, pela vossa misericórdia.

1.Ao mestre de canto. Segundo a melodia: Os lírios. Hino dos filhos de Coré. Canto nupcial.

2.Transbordam palavras sublimes do meu coração. Ao rei dedico o meu canto. Minha língua é como o estilo de um ágil escriba.

3.Sois belo, o mais belo dos filhos dos homens. Expande-se a graça em vossos lábios, pelo que Deus vos cumulou de bênçãos eternas.

4.Cingi-vos com vossa espada, ó herói; ela é vosso ornamento e esplendor.

5.Erguei-vos vitorioso em defesa da verdade e da justiça. Que vossa mão se assinale por feitos gloriosos.

6.Aguçadas são as vossas flechas; a vós se submetem os povos; os inimigos do rei perdem o ânimo.

7.Vosso trono, ó Deus, é eterno, de eqüidade é vosso cetro real.

8.Amais a justiça e detestais o mal, pelo que o Senhor, vosso Deus, vos ungiu com óleo de alegria, preferindo-vos aos vossos iguais.

9.Exalam vossas vestes perfume de mirra, aloés e incenso; do palácio de marfim os sons das liras vos deleitam.

10.Filhas de reis formam vosso cortejo; posta-se à vossa direita a rainha, ornada de ouro de Ofir.

11.Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece o teu povo e a casa de teu pai.

12.De tua beleza se encantará o rei; ele é teu senhor, rende-lhe homenagens.

13.Habitantes de Tiro virão com seus presentes, próceres do povo implorarão teu favor.

14.Toda formosa, entra a filha do rei, com vestes bordadas de ouro.

15.Em roupagens multicores apresenta-se ao rei, após ela vos são apresentadas as virgens, suas companheiras.

16.Levadas entre alegrias e júbilos, ingressam no palácio real.

17.Tomarão os vossos filhos o lugar de vossos pais, vós os estabelecereis príncipes sobre toda a terra.

18.Celebrarei vosso nome através das gerações. E os povos vos louvarão eternamente.

 

1.Ao mestre de canto. Dos filhos de Coré. Cântico para voz de soprano.

2.Deus é nosso refúgio e nossa força, mostrou-se nosso amparo nas tribulações.

3.Por isso a terra pode tremer, nada tememos; as próprias montanhas podem se afundar nos mares.

4.Ainda que as águas tumultuem e estuem e venham abalar os montes, está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.

5.Os braços de um rio alegram a cidade de Deus, o santuário do Altíssimo.

6.Deus está no seu centro, ela é inabalável; desde o amanhecer, já Deus lhe vem em socorro.

7.Agitaram-se as nações, vacilaram os reinos; apenas ressoou sua voz, tremeu a terra.

8.Está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.

9.Vinde admirar as obras do Senhor, os prodígios que ele fez sobre a terra.

10.Reprimiu as guerras em toda a extensão da terra; partiu os arcos, quebrou as lanças, queimou os escudos.

11.Parai, disse ele, e reconhecei que sou Deus; que domino sobre as nações e sobre toda a terra.

12.Está conosco o Senhor dos exércitos, nosso protetor é o Deus de Jacó.

 

 

 

1.Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Coré.

2.Povos, aplaudi com as mãos, aclamai a Deus com vozes alegres,

3.porque o Senhor é o Altíssimo, o temível, o grande Rei do universo.

4.Ele submeteu a nós as nações, colocou os povos sob nossos pés,

5.escolheu uma terra para nossa herança, a glória de Jacó, seu amado.

6.Subiu Deus por entre aclamações, o Senhor, ao som das trombetas.

7.Cantai à glória de Deus, cantai; cantai à glória de nosso rei, cantai.

8.Porque Deus é o rei do universo; entoai-lhe, pois, um hino!

9.Deus reina sobre as nações, Deus está em seu trono sagrado.

10.Reuniram-se os príncipes dos povos ao povo do Deus de Abraão, pois a Deus pertencem os grandes da terra, a ele, o soberanamente grande.

 

 

 

1.Cântico. Salmo dos filhos de Coré.

2.Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo,

3.colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. O lado norte do monte Sião é a cidade do grande rei.

4.Deus se mostrou em seus palácios um baluarte seguro.

5.Eis que se unem os reis para atacar juntamente.

6.Apenas a vêem, atônitos de medo e estupor, fogem.

7.Aí o terror se apodera deles, uma angústia como a de mulher em parto,

8.ou como quando o vento do oriente despedaça as naus de Társis.

9.Como nos contaram, assim o vimos na cidade do Senhor dos exércitos, na cidade de nosso Deus; Deus a sustenta eternamente!

10.Ó Deus, relembremos a vossa misericórdia no interior de vosso templo.

11.Como o vosso nome, ó Deus, assim vosso louvor chega até os confins do mundo. Vossa mão direita está cheia de justiça.

12.Que o monte Sião se alegre. Que as cidades de Judá exultem, à vista de vossos juízos!

13.Relanceai o olhar sobre Sião, dai-lhe a volta, contai suas torres,

14.considerai suas fortificações, examinai seus palácios, para narrardes às gerações futuras:

15.como Deus é grande, nosso Deus dos séculos eternos; é ele o nosso guia.

 

1.Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Coré.

2.Escutai, povos todos; atendei, todos vós que habitais a terra,

3.humildes e poderosos, tanto ricos como pobres.

4.Dirão os meus lábios palavras de sabedoria, e o meu coração meditará pensamentos profundos.

5.Ouvirei, atento, as sentenças inspiradas por Deus; depois, ao som da lira, explicarei meu oráculo.

6.Por que ter medo nos dias de infortúnio, quando me cerca a malícia dos meus inimigos?

7.Eles confiam em seus bens, e se vangloriam das grandes riquezas.

8.Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu resgate.

9.Caríssimo é o preço da sua alma, jamais conseguirá

10.prolongar indefinidamente a vida e escapar da morte,

11.porque ele verá morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens.

12.O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome,

13.pois não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate.

14.Este é o destino dos que estultamente em si confiam, tal é o fim dos que só vivem em delícias.

15.Como um rebanho serão postos no lugar dos mortos; a morte é seu pastor e os justos dominarão sobre eles. Depressa desaparecerão suas figuras, a região dos mortos será sua morada.

16.Deus, porém, livrará minha alma da habitação dos mortos, tomando-me consigo.

17.Não temas quando alguém se torna rico, quando aumenta o luxo de sua casa.

18.Em morrendo, nada levará consigo, nem sua fortuna descerá com ele aos infernos.

19.Ainda que em vida a si se felicitasse: Hão de te aplaudir pelos bens que granjeaste.

20.Ele irá para a companhia de seus pais, que nunca mais verão a luz.

21.O homem que vive na opulência e não reflete é semelhante ao gado que se abate.

 

 

1.Salmo de Asaf. Falou o Senhor Deus e convocou toda a terra, desde o levante até o poente.

2.Do alto de Sião, ideal de beleza, Deus refulgiu:

3.nosso Deus vem vindo e não se calará. Um fogo abrasador o precede; ao seu redor, furiosa tempestade.

4.Do alto ele convoca os céus e a terra para julgar seu povo:

5.Reuni os meus fiéis, que selaram comigo aliança pelo sacrifício.

6.E os céus proclamam sua justiça, porque é o próprio Deus quem vai julgar.

7.Escutai, ó meu povo, que eu vou falar: Israel, vou testemunhar contra ti. Deus, o teu Deus, sou eu.

8.Não te repreendo pelos teus sacrifícios, pois teus holocaustos estão sempre diante de mim.

9.Não preciso do novilho do teu estábulo, nem dos cabritos de teus apriscos,

10.pois minhas são todas as feras das matas; há milhares de animais nos meus montes.

11.Conheço todos os pássaros do céu, e tudo o que se move nos campos.

12.Se tivesse fome, não precisava dizer-te, porque minha é a terra e tudo o que ela contém.

13.Porventura preciso comer carne de touros, ou beber sangue de cabrito?...

14.Oferece, antes, a Deus um sacrifício de louvor e cumpre teus votos para com o Altíssimo.

15.Invoca-me nos dias de tribulação, e eu te livrarei e me darás glória.

16.Ao pecador, porém, Deus diz: Por que recitas os meus mandamentos, e tens na boca as palavras da minha aliança?

17.Tu que aborreces meus ensinamentos e rejeitas minhas palavras?

18.Se vês um ladrão, te ajuntas a ele, e com adúlteros te associas.

19.Dás plena licença à tua boca para o mal e tua língua trama fraudes.

20.Tu te assentas para falar contra teu irmão, cobres de calúnias o filho de tua própria mãe.

21.Eis o que fazes, e eu hei de me calar? Pensas que eu sou igual a ti? Não, mas vou te repreender e te lançar em rosto os teus pecados.

22.Compreendei bem isto, vós que vos esqueceis de Deus: não suceda que eu vos arrebate e não haja quem vos salve.

23.Honra-me quem oferece um sacrifício de louvor; ao que procede retamente, a este eu mostrarei a salvação de Deus.

1.Ao mestre de canto. Salmo de Davi,

2.quando o profeta Natã foi encontrá-lo, após o pecado com Betsabé.

3.Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade. E conforme a imensidade de vossa misericórdia, apagai a minha iniqüidade.

4.Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado.

5.Eu reconheço a minha iniqüidade, diante de mim está sempre o meu pecado.

6.Só contra vós pequei, o que é mau fiz diante de vós. Vossa sentença assim se manifesta justa, e reto o vosso julgamento.

7.Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado.

8.Não obstante, amais a sinceridade de coração. Infundi-me, pois, a sabedoria no mais íntimo de mim.

9.Aspergi-me com um ramo de hissope e ficarei puro. Lavai-me e me tornarei mais branco do que a neve.

10.Fazei-me ouvir uma palavra de gozo e de alegria, para que exultem os ossos que triturastes.

11.Dos meus pecados desviai os olhos, e minhas culpas todas apagai.

12.Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza.

13.De vossa face não me rejeiteis, e nem me priveis de vosso santo Espírito.

14.Restituí-me a alegria da salvação, e sustentai-me com uma vontade generosa.

15.Então aos maus ensinarei vossos caminhos, e voltarão a vós os pecadores.

16.Deus, ó Deus, meu salvador, livrai-me da pena desse sangue derramado, e a vossa misericórdia a minha língua exaltará.

17.Senhor, abri meus lábios, a fim de que minha boca anuncie vossos louvores.

18.Vós não vos aplacais com sacrifícios rituais; e se eu vos ofertasse um sacrifício, não o aceitaríeis.

19.Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado, ó Deus, que não haveis de desprezar.

20.Senhor, pela vossa bondade, tratai Sião com benevolência, reconstruí os muros de Jerusalém.

21.Então aceitareis os sacrifícios prescritos, as oferendas e os holocaustos; e sobre vosso altar vítimas vos serão oferecidas.

Sl 51

51 (50) PR

ECE DE UM CORAÇÃO CONTRITO (MISERERE)

Salmo individual de súplica. Tradicionalmente é conhecido como o “Miserere


 ”, palavra com a qual começa, na sua tradução latina, a Vulgata. É o salmo mais conhecido sobre o arrependimento. Dado tratar do arrependimento pelo pecado, pertence ao número dos “salmos penitenciais”. Aceitando a sua relação com David, como aparece no título (v.1-2), terá de se considerar os dois últimos versículos como um acrescento dos tempos posteriores ao Exílio.

1Ao director do coro. Salmo de David.
2Quando o profeta Natan foi ao seu encontro,
depois do adultério com Betsabé.
3Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
4Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.
5Reconheço as minhas culpas
e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
6Contra ti pequei, só contra ti,
fiz o mal diante dos teus olhos;
por isso é justa a tua sentença
e recto o teu julgamento.
7Eis que nasci na culpa
e a minha mãe concebeu-me em pecado.
8Tu aprecias a verdade no íntimo do ser
e ensinas-me a sabedoria no íntimo da alma.
9Purifica-me com o hissope e ficarei puro,
lava-me e ficarei mais branco do que a neve.
10Faz-me ouvir palavras de gozo e alegria
e exultem estes ossos que trituraste.
11Desvia o teu rosto dos meus pecados
e apaga todas as minhas culpas.
12Cria em mim, ó Deus, um coração puro;
renova e dá firmeza ao meu espírito.
13Não me afastes da tua presença,
nem me prives do teu santo espírito!
14Dá-me de novo a alegria da tua salvação
e sustenta-me com um espírito generoso.
15Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos
e os pecadores hão-de voltar para ti.
16Ó Deus, meu salvador, livra-me do crime de sangue,
e a minha língua anunciará a tua justiça.
17Abre, Senhor, os meus lábios,
para que a minha boca possa anunciar o teu louvor.
18Não te comprazes nos sacrifícios
nem te agrada qualquer holocausto que eu te ofereça.
19O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito;
ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.
20Pela tua bondade, trata bem a Sião;
reconstrói os muros de Jerusalém.
21Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos,
os holocaustos e as ofertas;
então serão oferecidos novilhos no teu altar.

Sl 52

52 (51) O ÍMPIO PODEROSO

Este salmo poderia ser uma exortação profética, embora pareça misturar igualmente outros géneros literários. Como exortação, desmascara a maldade e louva o bom comportamento dos justos. Talvez uma festa da aliança pudesse ser o espaço ritual próprio para um salmo como este.

 

1Ao director do coro. Poema de David.
2Quando Doeg, o edomita, foi levar a Saul a mensagem de que
David estava na casa de Aimélec.
3Porque te glorias, ó prepotente,
em maltratar continuamente os fiéis a Deus?
4A tua língua é como navalha afiada,
ó fabricador de enganos.
5Preferes o mal ao bem
e a mentira à verdade.
6Só te comprazes com palavras enganosas,
ó língua traiçoeira.
7Por isso Deus vai destruir-te para sempre.
Ele pegará em ti e te arrancará da tua tenda;
Ele há-de retirar-te da terra dos vivos.
8Ao verem isto, os justos ficarão impressionados
e farão troça desse homem, dizendo:
9«Eis o homem que não pôs em Deus a sua força,
mas confiou nas suas riquezas e nas suas maldades.»
10Eu, porém, como oliveira verdejante na casa de Deus,
confio para sempre na sua misericórdia.
11Hei-de louvar-te eternamente por tudo o que fizeste.
Na presença dos teus fiéis,
anunciarei o teu nome, porque és bom.

Sl 53

53 (52) OS ÍMPIOS E O POVO ELEITO (14)

Este salmo poderia ser classificado como exortação profética. É quase igual ao Sl 14, que parece mesmo ter servido como base para a composição deste. A principal diferença é que o Sl 14 trata a Deus sobretudo pelo nome de Javé e o Sl 53 prefere chamar-lhe Deus, (Elohim). Para além deste indício, o facto de falar na restauração, depois do Exílio, aponta para o seu carácter mais recente. A fé em Deus, como base de sobrevivência, é a mensagem destes dois salmos.

 

1Ao director do coro. Em coro. Poema de David.
2O insensato diz em seu coração: «Não há Deus!»
Corruptas e abomináveis são as suas acções;
não há quem faça o bem.
3Do céu, Deus olhou para os seres humanos,
a ver se havia alguém sensato,
alguém que ainda procure a Deus.
4Mas todos se extraviaram e corromperam;
não há quem faça o bem, nem um sequer!
5Acaso não compreenderão os que praticam a iniquidade,
que devoram o meu povo, como quem come pão,
e não invocam a Deus?
6Mas depois tremem de medo,
quando não há razão para tremer,
porque Deus dispersou os ossos dos que te cercam.
Foram confundidos, porque Deus os rejeitou.
7Quem dera que viesse de Sião a salvação de Israel!
Quando Deus reconduzir os cativos do seu povo,
Jacob rejubilará e Israel exultará de alegria.

 

Sl 54

54 (53) DEUS É O MEU SOCORRO

Salmo individual de súplica. O salmista pede a ajuda de Deus contra os inimigos que põem em perigo a sua vida (v.3-6) e promete oferecer o devido sacrifício de acção de graças, pelo auxílio que lhe virá da parte de Deus (v.7-9).

 

1Ao director do coro. Com instrumentos de cordas.
Poema de David.
2Quando alguns habitantes de Zif foram anunciar a Saul:
«David encontra-se escondido entre nós.»
3Ó meu Deus, salva-me, pelo teu nome;
pelo teu poder, faz-me justiça!
4Ouve, ó Deus, a minha oração,
presta atenção às palavras da minha boca!
5Os soberbos levantam-se contra mim
e os tiranos procuram tirar-me a vida,
sem fazerem nenhum caso de Deus.
6Mas Deus é o meu auxílio,
o Senhor é quem conserva a minha vida.
7Faz com que o mal recaia sobre os meus perseguidores;
extermina-os, pela tua fidelidade.
8De bom grado, eu te oferecerei sacrifícios
e louvarei o teu nome, SENHOR, porque és bom.
9Ele livrou-me de todas as tribulações
e eu vi a derrota dos meus inimigos.

Sl 55

55 (54) ORAÇÃO DO PERSEGUIDO

Mais um salmo individual de súplica. O salmista encontra-se de tal maneira desgostoso, que desejaria fugir para longe. O seu sofrimento parece dever-se à traição de um amigo dos mais íntimos. Mesmo assim, consegue afirmar não só a sua confiança em Deus, como tirar as consequências morais e espirituais da dura experiência por que passou.

 

1Ao director do coro. Com instrumentos de corda.
Poema de David.
2Ouve, ó Deus, a minha oração,
não rejeites a minha súplica.
3Presta-me ouvidos e responde-me;
estou atormentado pela angústia,
4perturbado com a ameaça do inimigo
e com a opressão dos pecadores.
Eles fazem cair a desgraça sobre mim
e perseguem-me com furor.
5O coração aperta-se no meu peito
e os terrores da morte caem sobre mim.
6Apodera-se de mim o terror e o tremor,
e o medo envolve-me.
7E exclamo: «Quem me dera ter asas como a pomba,
para poder voar e encontrar abrigo!»
8Sim, fugiria para bem longe,
e viveria no deserto.
9Iria apressar-me em busca de refúgio
contra o furacão e a tempestade.
10Confunde-os, Senhor, e divide as suas línguas,
pois na cidade só vejo violência e discórdia.
11Dia e noite rondam à volta das muralhas
e dentro delas reina o crime e a intriga.
12Há ruína dentro da cidade,
a opressão e a fraude não desaparecem das suas praças.
13Se me tivesse ultrajado um inimigo,
eu poderia suportá-lo;
se contra mim se levantasse quem me odeia,
desse, eu poderia esconder-me.
14Mas tu, um homem como eu,
meu amigo e confidente,
15com quem eu partilhava conselhos agradáveis,
com quem ia feliz para a casa de Deus!
16Que a morte os surpreenda
e desçam vivos ao mundo dos mortos,
porque a malvadez habita neles,
no fundo do seu coração.
17Quanto a mim, invoco a Deus,
e o SENHOR me salvará.
18À tarde, de manhã e ao meio-dia,
eu me lamento e suspiro,
e Ele há-de ouvir a minha voz.
19Ele resgatou-me dos que me atacavam,
apesar de serem muitos contra mim.
20Deus há-de ouvir-me e humilhá-los,
Ele que reina eternamente,
visto neles não haver emenda,
nem sentirem temor de Deus.
21Levantam a mão contra os próprios amigos
e transgridem a aliança que celebraram.
22A sua boca é mais macia que a manteiga,
mas a guerra está no seu coração;
as suas palavras são mais suaves que o azeite,
quando, afinal, são espadas afiadas.
23«Confia ao SENHOR os teus cuidados
e Ele será o teu sustentáculo;
não permitirá que o justo sucumba para sempre.»
24Tu, ó Deus, hás-de precipitá-los no abismo da morte.
Os homens sanguinários e mentirosos
não viverão metade dos seus dias.
Eu, porém, confio em ti, ó Deus.

Sl 56

56 (55) CONFIANÇA NO MEIO DAS PERSEGUIÇÕES

Salmo individual de súplica. O salmista retoma os temas recorrentes deste género literário: inimigos poderosos, confiança perseverante, maquinações dos inimigos e a certeza de que em breve Deus ouvirá a sua súplica. Mesmo tratando-se de um salmo individual, aparece sempre a consciência de que também está em causa a segurança e o bem-estar de todo o povo, com inimigos entre os outros povos (v.8).

 

1Ao director do coro. Pela melodia «a pomba dos terebintos
longínquos». Elegia. De David, quando os filisteus
se apoderaram dele, em Gat.

 

2Tem compaixão de mim, ó Deus,
pois há quem me queira destruir,
oprimindo-me e fazendo-me guerra todo o dia.
3Os meus adversários perseguem-me continuamente;
são numerosos, ó Altíssimo, os que lutam contra mim!

 

4Quando tiver medo, confiarei em ti.
5Celebro a palavra de Deus,
em Deus confio, nada temo:
que mal me poderão fazer os homens?
6Passam todo o dia a difamar-me,
os seus pensamentos são sempre contra mim.
7Para me fazerem mal, amotinam-se e escondem-se,
espiando os meus passos, em busca da minha vida.
8Rejeita-os, ó Deus, por causa da sua maldade;
derruba os povos na tua ira.
9Tu contaste os passos do meu peregrinar,
recolheste e guardaste as minhas lágrimas.
Não está tudo isso anotado no teu livro?
10No dia em que eu te invocar,
os meus inimigos hão-de retroceder;
então ficarei a saber que Deus está por mim.
11Celebro a palavra de Deus,
celebro a palavra do SENHOR.
12Em Deus confio, nada temo:
que mal me poderão fazer os homens?
13Mantenho as promessas que te fiz, ó Deus,
quero cumpri-las com sacrifícios em teu louvor,
14porque salvaste da morte a minha vida,
e os meus pés, da queda,
para andar na presença de Deus,
na terra dos vivos.

Sl 57

57 (56) PRECE CONTRA OS PERSEGUIDORES

Salmo individual de súplica. Junta, progressivamente, uma lamentação e uma acção de graças. A oração está ambientada no templo, onde o salmista espera que a sentença de Deus lhe dê razão.

 

1Ao director do coro. Segundo «Não destruas».
Elegia. De David, quando se escondeu de Saul na caverna.
2Tem compaixão de mim, ó Deus, tem compaixão,
porque em ti me refugio
e me abrigo à sombra das tuas asas,
até que passe o perigo.
3Clamo ao Deus Altíssimo,
ao Deus que faz tudo por mim.
4Que Ele me envie do céu a sua ajuda
e me salve dos que procuram destruir-me;
que Ele envie do céu o seu amor e fidelidade.
5Encontro-me rodeado de leões,
dispostos a devorar os seres humanos;
os seus dentes são como lanças e flechas,
e a sua língua, como uma espada afiada.
6Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza,
e, sobre toda a terra, a tua glória.
7Armaram um laço para os meus pés
para me fazerem cair;
cavaram um fosso diante de mim,
mas foram eles que lá caíram.
8O meu coração está firme, ó Deus,
o meu coração está firme;
quero cantar e salmodiar.
9Ó minha alma, desperta! Despertai, harpa e cítara!
Quero despertar a aurora!
10Hei-de louvar-te, Senhor, entre os povos,
hei-de cantar-te salmos entre as nações;
11pois o teu amor é tão grande que chega ao céu
e a tua fidelidade chega até às nuvens.
12Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza,
e, sobre toda a terra, a tua glória.

 

Sl 58

58 (57) INVECTIVA CONTRA OS MAUS JUÍZES

Este poderia ser um salmo colectivo de súplica, em que todo o povo expõe as suas queixas contra o mau estado da justiça e a pouca equidade no país. No entanto, a lamentação pode também sair da boca de uma pessoa maltratada pelas injustiças das autoridades. Tudo depende do sentido que se dê às entidades a quem é dirigida a queixa (v.2).

 

1Ao director do coro. Segundo «Não destruas».
De David. Elegia.
2Será que decidis com justiça, ó altos poderes?
Será que julgais os humanos com rectidão?
3Em vez disso, em vossos corações forjais a falsidade,
e com as vossas mãos sustentais a violência no país.
4Os ímpios extraviaram-se desde o seio materno;
os que dizem mentiras erraram desde o seu nascimento.
5O seu veneno é como o das víboras;
fazem-se surdos como as serpentes,
6para não ouvirem a voz dos encantadores,
dos magos peritos em sortilégios.
7Ó Deus, quebra-lhes os dentes!
Arranca, SENHOR, os queixais a esses leões!
8Desapareçam como as águas que correm;
quando atirarem flechas, que as encontrem quebradas.
9Que eles passem, como o caracol a desfazer-se em baba
e como um aborto, que não viu a luz do sol.
10Antes que as suas marmitas sintam o calor
da lenha verde ou seca,
que um furacão os lance para longe.
11O justo há-de alegrar-se ao ver-se vingado,
e, no sangue do ímpio, lavará os pés.
12E os homens dirão: «Sim, existe recompensa para o justo;
de facto, há um Deus que faz justiça sobre a terra.»

Sl 59

59 (58) ORAÇÃO CONTRA OS ÍMPIOS

Este salmo colectivo de súplica vai intercalando lamentação e súplica, concluindo com uma promessa de acção de graças. O seu carácter colectivo tornou-o adequado para representar a causa de toda a nação, face às ameaças dos inimigos.

 

1Ao director do coro. Segundo «Não destruas».
Elegia. De David, quando Saul mandou cercar a sua casa
para o matar.
2Meu Deus, livra-me dos meus inimigos;
protege-me dos que se levantam contra mim.
3Livra-me dos que praticam o mal
e salva-me dos homens sanguinários.
4Vê como armam ciladas à minha vida;
ó SENHOR, conspiram contra mim os poderosos,
sem que eu tenha cometido nenhuma transgressão.
5Sem que eu tenha culpa, agitam-se e preparam-se.
Desperta, SENHOR, e vem Tu em meu auxílio!
6Ó SENHOR, Deus do universo, Deus de Israel,
levanta-te para castigar esses pagãos;
não tenhas compaixão desses traidores.
7Regressam pela tarde, ladrando como cães,
e dão voltas pela cidade.
8As suas palavras ferem como espadas,
e dizem a gritar, em tom feroz:
«Quem é que nos vai ouvir?»
9Mas Tu, SENHOR, escarneces deles,
fazes troça de toda essa gente.
10Ó minha força, é para ti que eu me volto,
pois Tu, ó Deus, és a minha fortaleza.
11O amor do meu Deus virá ao meu encontro,
Deus me fará ver o castigo dos meus opressores.
12Extermina-os, para que o meu povo não se esqueça;
desbarata-os e abate-os com o teu poder,
ó Deus, nosso protector.
13Cada palavra que sai dos seus lábios é um pecado;
que eles sejam vítimas do seu próprio orgulho,
das mentiras e maldições que proferem.
14Extermina-os com a tua ira,
destrói-os para que desapareçam,
para que se saiba que Deus reina em Jacob,
e até aos confins da terra.
15Regressam pela tarde, ladrando como cães,
e dão voltas pela cidade.
16Vagueiam à procura de comida
e, se não se fartam, rondam toda a noite.
17Eu, porém, cantarei o teu poder,
pela manhã celebrarei a tua bondade,
porque foste o meu amparo
e o meu refúgio no dia da tribulação.
18Ó minha força, a ti eu cantarei hinos,
pois Tu, ó Deus, és a minha fortaleza,
o Deus que me tem amor.
 

Sl 60

60 (59) LAMENTAÇÃO NACIONAL (108,7-14)

Este salmo tem as características de um salmo colectivo de súplica. O contexto é de várias actividades militares e parece ter reunido temas de lamentação, súplica e confiança. Daí o tom de encorajamento com que encerra.

 

1Ao director do coro. Segundo «Um lírio é testemunho».
Elegia. De David. Para ensinar.
2Quando lutou contra Aram Naaraim e contra Aram de Soba,
e Joab, ao regressar, combateu contra Edom, derrotando
doze mil, no Vale do Sal.
3Tu nos rejeitaste, ó Deus, e nos destroçaste;
estás irado, mas restabelece-nos de novo.
4Abalaste a terra e a fendeste.
Repara as suas brechas, porque se desmorona!
5Fizeste que o teu povo passasse duras provas;
deste-nos a beber um vinho inebriante.
6Dá aos teus fiéis um sinal,
para que possam fugir às flechas.
7Para que os teus amigos sejam libertados,
salva-nos com a tua mão direita e responde-nos.
8Deus falou no seu santuário:
«Com alegria dividirei Siquém
e medirei o Vale de Sucot.
9É minha a terra de Guilead e a terra de Manassés,
Efraim é o elmo da minha cabeça e Judá, o meu ceptro real.
10Moab, a bacia em que Eu me lavo;
sobre Edom porei as minhas sandálias
e cantarei vitória sobre a Filisteia!»
11Quem me conduzirá à cidade fortificada?
Quem me guiará até Edom?
12Quem senão Tu, ó Deus, que nos rejeitaste
e já não vais à frente dos nossos exércitos?
13Concede-nos ajuda na tribulação,
porque é vão qualquer socorro humano.
14Com a ajuda de Deus faremos proezas.
Ele calcará aos pés os nossos inimigos.

Sl 61

61 (60) ORAÇÃO DE UM EXILADO

Salmo individual de súplica. Pode ser a oração de um rei israelita que procura obter segurança em Jerusalém. Mas a oração pelo rei também pode ser feita por outro qualquer orante, uma vez que o rei representava o bem-estar de toda a comunidade (v.7-8; ver 20,10). Algumas analogias com os salmos 72 e 89 mereceram-lhe ressonâncias messiânicas.

 

1Ao mestre do coro. Com instrumentos de corda.
De David.
2Ó Deus, ouve o meu clamor,
atende a minha oração.
3Dos confins da terra grito por ti,
com o meu coração desfalecido.
Coloca-me sobre o rochedo que me é inacessível.
4Tu tens sido o meu refúgio
e uma torre sólida contra o inimigo!
5Possa eu viver sempre na tua tenda
e abrigar-me à sombra das tuas asas.
6Porque Tu, ó Deus, atendeste as minhas promessas,
e deste-me a herança dos que temem o teu nome.
7Acrescenta muitos dias aos dias de vida do rei,
os seus anos sejam longos como as gerações.
8Que ele reine para sempre na presença de Deus;
que o teu amor e fidelidade o guardem.
9Assim louvarei eternamente o teu nome
e cumprirei dia após dia as minhas promessas.

Sl 62

62 (61) DEUS, ÚNICA ESPERANÇA

Salmo individual de confiança em Deus, directa e explicitamente afirmada nos v.1-9 e transformada numa serena meditação ao gosto sapiencial nos v.10-13.

 

1Ao director do coro. Para Jedutun.
Salmo de David.
2Só em Deus descansa a minha alma;
dele vem a minha salvação.
3Só Ele é o meu refúgio e a minha salvação,
a minha fortaleza: jamais serei abalado.
4Até quando atacareis um homem,
todos vós, com o intuito de o matar,
como se fosse uma parede a desmoronar-se,
ou um muro em ruínas?
5Planeiam derrubá-lo do seu posto,
comprazem-se na mentira.
Abençoam com a boca,
mas amaldiçoam com o coração.
6Só em Deus descansa a minha alma,
dele vem a minha esperança.
7Só Ele é o meu refúgio e salvação,
a minha fortaleza; jamais serei abalado.
8Em Deus está a minha salvação e a minha glória,
Ele é o meu rochedo seguro e o meu refúgio.
9Confiai nele, ó povos, em todo o tempo,
desafogai nele o vosso coração.
Deus é o nosso refúgio.
10Na verdade, os homens são como um sopro de vento,
e uma mentira, os seres humanos;
postos na balança, logo vêm acima;
todos juntos são mais leves do que um sopro.
11Não confieis na violência,
nem confieis no que roubais;
se as vossas riquezas crescerem,
não lhes entregueis o coração.
12Mais que uma vez eu ouvi
a palavra que Deus disse:
«A Deus pertence o poder.»
13A ti, Senhor, pertence a bondade,
pois Tu recompensas cada um segundo as suas obras.

Sl 63

63 (62) DESEJO DE ESTAR COM DEUS

Pode ser classificado como um salmo individual de súplica, iniciada com a confiança de que a proximidade do santuário possa trazer ao crente a protecção de Deus. O último versículo alarga as preocupações da oração individual ao rei e ao bem de todo o povo. Isto pode significar apenas a natural convergência da experiência individual com a comunitária ou, também, o resultado da utilização do salmo na liturgia oficial colectiva.

 

1Salmo de David, quando se encontrava no deserto de Judá.
2Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti!
A minha alma tem sede de ti;
todo o meu ser anela por ti,
como terra árida, exausta e sem água.
3Quero contemplar-te no santuário,
para ver o teu poder e a tua glória.
4O teu amor vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios te hão-de louvar.
5Quero bendizer-te toda a minha vida
e em teu louvor levantar as minhas mãos.
6A minha alma será saciada com deliciosos manjares,
com vozes de júbilo te louvarei.
7Lembro-me de ti no meu leito,
penso em ti, se fico acordado,
8porque Tu és o meu auxílio,
e à sombra das tuas asas eu exulto.
9A minha alma está unida a ti,
a tua mão direita me sustenta.
10Os que procuram a minha ruína,
cairão nas profundezas do abismo.
11Eles morrerão à espada
e serão transformados em pasto de chacais.
12Mas o rei há-de alegrar-se em Deus,
cantarão louvores os que juram por Ele,
enquanto a boca dos mentirosos será fechada.

Sl 64

64 (63) CASTIGO DOS CALUNIADORES

Salmo individual de súplica. Pede a protecção de Deus contra os malvados que fazem acusações graves contra o salmista e o deixam na angústia (v.2-7). Mas Deus fará recair sobre eles os males que preparam para os outros, e a justiça prevalecerá.

 

1Ao director do coro. Salmo de David.
2Ouve, ó Deus, a voz do meu lamento,
defende-me do terror dos meus inimigos.
3Livra-me da conspiração dos malvados,
do tumulto dos que praticam a iniquidade.
4Aguçam a sua má língua como espadas
e lançam, como setas, palavras venenosas,
5para disparar à traição sobre o inocente,
ferindo de surpresa, sem nada recear.
6Decidem-se pelas más obras
e conspiram às ocultas, para armar ciladas,
dizendo: «Quem é que vai reparar?»
7Projectam o crime
e levam até ao fim os seus planos ocultos;
o íntimo do coração do homem é insondável.
8Mas Deus disparará sobre eles as suas flechas
e de surpresa os ferirá.
9A sua língua foi a causa da sua ruína.
Quem os vê abana a cabeça.
10Os homens vão encher-se de temor
e hão-de narrar as obras de Deus,
reconhecendo o que Ele fez.
11O justo alegra-se no SENHOR e nele se refugia;
hão-de gloriar-se todos os rectos de coração.

 

Sl 65

65 (64) HINO A DEUS PROVIDENTE

Tem todo o espírito de um salmo colectivo de acção de graças. A maneira como sintetiza vários temas da relação de Deus com o universo e com Israel dá-lhe o aspecto de um salmo próprio para ser cantado nas grandes festas. Sobre tais festas, várias hipóteses têm sido levantadas: a festa das Colheitas, a do Ano Novo ou a da Entronização de Javé. A presença de Deus no santuário garante que Ele domina e governa o universo (v.6-8) e proporciona a fertilidade do solo (v.10-14).

 

1Ao director do coro. Salmo de David. Cântico.
2A ti, ó Deus, é devido o louvor em Sião,
e em tua honra se cumprem as promessas.
3Tu escutas a nossa oração,
e todo o mortal se pode aproximar de ti,
4com as suas obras e pecados.
São muitas as nossas faltas,
mas Tu as perdoas.
5Feliz daquele que Tu escolhes e atrais
para viver nos teus átrios.
Seremos saciados com os bens da tua casa,
no teu santo templo.
6Tu nos respondes com prodígios de justiça,
ó Deus, nosso salvador,
esperança dos confins da terra
e dos mares mais distantes.
7Tu dás firmeza às montanhas com a tua força,
revestido de poder.
8Tu acalmas o bramido dos mares,
a fúria das ondas e o tumulto dos povos.
9Até os que habitam nos confins da terra
tremem perante os teus prodígios;
de oriente a ocidente aclamam, em gritos de alegria.
10Cuidaste da terra e tornaste-a fértil,
cumulando-a de riquezas.
Enches, a transbordar, os rios caudalosos
e fazes brotar o trigo;
assim preparas a terra.
11Regas os seus sulcos e aplanas as leivas;
amoleces a terra com chuvas abundantes
e abençoas as suas sementeiras.
12Coroas o ano com os teus benefícios;
por onde passas, brota a abundância.
13Vicejam as pastagens do deserto,
as colinas vestem-se de festa.
14Os campos cobrem-se de rebanhos
e os vales enchem-se de trigais.
Tudo aclama e grita de alegria.

Sl 66

66 (65) ACÇÃO DE GRAÇAS PÚBLICAS

Salmo colectivo de acção de graças. Começa por um hino (1-7), recordando os prodígios realizados por Deus em tempos antigos, que são garantia de segurança frente aos inimigos; depois, vem a acção de graças colectiva (8-12), que lembra a salvação concedida numa batalha; e finalmente (13-20) uma acção de graças em primeira pessoa do singular, embora marcada pelo sentido colectivo das duas partes anteriores.

 

1Ao director do coro. Cântico. Salmo.
Aclamai a Deus, terra inteira,
2cantai a glória do seu nome,
proclamai os seus louvores.
3Dizei a Deus: «São admiráveis as tuas obras!
O teu poder é tão grande,
que os teus inimigos se curvam diante de ti.
4Toda a terra te adora e canta louvores;
entoa hinos ao teu nome.»
5Vinde e admirai as obras de Deus,
as obras admiráveis que Ele fez diante dos homens.
6Converteu o mar em terra firme,
e puderam atravessar a pé enxuto.
Por isso nos alegramos nele!
7Com o seu poder governa para sempre;
com os seus olhos vigia as nações,
para que os rebeldes não se ensoberbeçam.
8Bendizei, ó povos, o nosso Deus,
fazei ressoar a voz do seu louvor.
9Foi Ele quem salvou a nossa vida
e não permitiu que os nossos pés resvalassem.
10Ó Deus, Tu nos puseste à prova
e nos purificaste como se faz com a prata.
11Fizeste-nos cair na armadilha,
puseste um fardo pesado às nossas costas.
12Deixaste passar os cavaleiros sobre as nossas cabeças,
passámos pela água e pelo fogo,
mas, por fim, deste-nos largueza e liberdade.
13Por isso, entrarei com holocaustos na tua casa
e cumprirei as promessas que te fiz,
14promessas que meus lábios proferiram,
quando eu me encontrava em aflição.
15Hei-de oferecer-te animais gordos em holocausto,
farei sacrifícios de carneiros, novilhos e cabritos.
16Vinde e ouvi, todos os que temeis a Deus;
vou narrar-vos o que Ele fez por mim.
17Por Ele gritou a minha boca
e o seu louvor andava já na minha língua.
18Se a maldade estivesse no meu coração,
o Senhor não me teria escutado.
19Mas Deus ouviu-me
e atendeu o clamor da minha súplica.
20Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração,
nem me retirou a sua misericórdia.

 

Sl 67

67 (66) ACÇÃO DE GRAÇAS PELAS COLHEITAS (Nm 6,22-27)

Salmo colectivo de acção de graças. Porque nos v.7-8 se refere o produto da terra como sinal claro da bênção de Deus, é possível que esta acção de graças fosse um cântico da festa das Colheitas. No entanto, o resto do texto alarga o olhar para a amplidão do mundo, contemplando a soberania universal de Deus.

 

1Ao director do coro. Com instrumentos de corda.
Salmo. Cântico.
2Deus se compadeça de nós e nos abençoe,
faça brilhar sobre nós a luz do seu rosto.
3Sejam conhecidos na terra os teus caminhos
e entre as nações, a tua salvação!
4Que os povos te louvem, ó Deus!
Todos os povos te louvem!
5Alegrem-se e exultem as nações,
porque julgas os povos com justiça
e governas as nações sobre a terra.
6Que os povos te louvem, ó Deus!
Todos os povos te louvem!
7O campo dá os seus frutos.
Deus, o nosso Deus, nos abençoa.
8Que Deus nos abençoe;
e o seu temor chegue aos confins da terra!

 

Sl 68

68 (67) EPOPEIA TRIUNFAL DE ISRAEL (Jz 5; Hab 3)

Tem todo o aspecto de ser um salmo colectivo de acção de graças. Mais do que um benefício específico, agradece a Deus todos os benefícios realizados em favor de Israel, durante uma longa História cheia de maravilhas. Por isso, este salmo parece uma pequena epopeia histórica de Israel. Vários autores entendem que ele devia servir como hino próprio de uma festa da aliança. Os temas relativos ao Sinai e o cuidado de Deus com a vida quotidiana coadunam-se bem com esse horizonte.

 

1Ao director do coro. De David. Salmo. Cântico.
2Levanta-se Deus: os seus inimigos dispersam-se
e fogem diante dele os que o odeiam.
3Como se dissipa o fumo, assim eles se dissipam;
como a cera se derrete ao fogo,
assim desfalecem os ímpios diante de Deus.
4Mas os justos alegram-se e rejubilam;
diante de Deus exultam de alegria.
5Louvai a Deus, cantai salmos ao seu nome,
abri caminho àquele que cavalga sobre as nuvens;
o seu nome é SENHOR! Exultai na sua presença!
6Ele é pai dos órfãos e defensor das viúvas,
o Deus que habita no seu santo templo.
7Deus prepara uma casa para os desamparados
e liberta aqueles que estão prisioneiros;
mas os rebeldes viverão em terra estéril.
8Ó Deus, quando saíste à frente do teu povo,
avançando pelo deserto,
9a terra tremeu e a chuva caiu do céu,
na presença do Deus do Sinai,
na presença de Deus, o Deus de Israel.
10Fizeste cair, ó Deus, a chuva com abundância;
restauraste as forças à tua herança extenuada.
11O teu povo ficou restabelecido,
e Tu, ó Deus, reconfortaste o pobre com a tua bondade.
12O Senhor dizia uma palavra
e multiplicavam-se os mensageiros da boa nova:
13«Fogem os reis! Fogem os exércitos!
E a dona de casa reparte os despojos.»
14Que eles se esvaziem entre os rebanhos.
Até as asas das pombas ficam cobertas de prata
e as suas penas, de ouro fino.
15Quando o Deus supremo dispersa os reis,
então a neve cai no monte Salmon.
16Ó montanha de Deus, montanha de Basan!
Montanha elevada, montanha de Basan!
17Ó montes escarpados, porque invejais
a montanha que Deus escolheu para sua morada?
O SENHOR há-de habitar nela eternamente.
18Os carros de Deus são milhares de milhares;
o Senhor vai neles do Sinai para o santuário.
19Tu subiste às alturas e levaste contigo prisioneiros,
recebeste homens como tributo;
até os rebeldes ali poderão habitar, ó SENHOR Deus.
20Bendito seja o Senhor, dia após dia;
Ele cuida de nós; Ele é o Deus da nossa salvação.
21Ele é o nosso Deus, é um Deus que salva.
Na verdade, o SENHOR Deus
é aquele que nos livra da morte!
22Deus esmaga a cabeça dos inimigos,
o crânio dos que se obstinam na maldade.
23O Senhor disse: «De Basan os farei voltar,
hei-de trazê-los do fundo do abismo,
24para que possas molhar os pés no seu sangue
e a língua dos teus cães tome a ração de teus inimigos.»
25Viram, ó Deus, a tua marcha triunfal,
a entrada do meu Deus e rei no santuário.
26Os cantores caminham à frente e os músicos atrás;
no meio vão as donzelas tocando pandeiretas.
27Bendizei a Deus nas assembleias,
bendizei ao SENHOR nas solenidades de Israel.
28Lá vai Benjamim, o mais novo, que abre o cortejo;
depois, os chefes de Judá, com os seus grupos,
os chefes de Zabulão e de Neftali.
29Ó Deus, mostra o teu poder,
aquele poder com que intervieste em nosso favor.
30No teu santuário, em Jerusalém,
os reis virão oferecer-te presentes.
31Domina a fera dos canaviais,
a manada de touros com os novilhos dos povos,
para que ela seja submetida, trazendo barras de prata.
Dispersa as nações que desejam a guerra!
32Do Egipto chegarão ricos presentes
e a Etiópia estenderá, veloz, as mãos para Deus.
33Louvai a Deus, reinos da terra,
cantai hinos ao Senhor!
34Ele avança pelos céus eternos
e faz ouvir a sua voz, que é poderosa.
35Reconhecei o poder de Deus!
A sua majestade resplandece sobre Israel;
o seu poder alcança a vastidão das nuvens.
36Deus é temível no seu santuário,
o Deus de Israel dá força e poder ao seu povo.
Bendito seja Deus!

 

Sl 69

69 (68) O JUSTO SOFREDOR ENTRE OS HOMENS

Salmo individual de súplica. O salmista lamenta o sofrimento que suporta por causa de Deus e suplica-lhe protecção contra os inimigos, prometendo agradecer essa ajuda. O tema tem certas analogias com o caso de Job e justifica possivelmente algum interesse específico no uso cristão deste salmo. Os dois últimos versículos referem-se à restauração do povo e das cidades de Judá. Se pertencerem ao texto desde a origem, significa que este salmo foi composto depois do Exílio.

 

1Ao director do coro. Segundo «Os lírios». De David.
2Salva-me, ó Deus,
porque as águas quase me submergem;
3estou a afundar-me num lamaçal profundo,
não tenho ponto de apoio;
entrei no abismo de águas sem fundo
e a corrente está a arrastar-me.
4Estou rouco de tanto gritar, dói-me a garganta;
cansam-se os meus olhos à espera do meu Deus.
5São mais que os cabelos da minha cabeça
aqueles que injustamente me odeiam;
são mais fortes que os meus ossos
os inimigos que mentem contra mim.
Terei então de restituir aquilo que não roubei?
6Ó Deus, Tu conheces a minha insensatez,
e as minhas faltas não te são ocultas.
7Não sejam confundidos por minha causa
os que esperam em ti, Senhor, Deus do universo.
Não fiquem desiludidos por minha causa
os que te procuram, ó Deus de Israel.
8Por causa de ti, tenho sofrido insultos,
o meu rosto cobriu-se de vergonha.
9Tornei-me um estranho para os meus irmãos,
um desconhecido para os filhos de minha mãe.
10O zelo da tua casa me consome;
os insultos dos que te ultrajam caíram sobre mim.
11Mortifico-me com jejuns
e mesmo assim me insultam.
12Visto-me de luto
e sou para eles objecto de escárnio.
13Murmuram de mim os que se sentam à porta da cidade,
e os bêbedos divertem-se à minha custa.
14Mas eu dirijo a ti a minha oração,
ó SENHOR, no tempo favorável;
ó Deus, responde-me, pelo teu grande amor,
como prova de que és meu salvador.
15Tira-me do lodo, para que não me afunde!
Salva-me dos que me odeiam e das águas profundas!
16Não me cubram as ondas nem me engula o abismo;
que a boca do poço não se feche sobre mim.
17Responde-me, SENHOR, porque o teu amor é bondade;
olha para mim, pela tua grande compaixão.
18Não escondas a tua face deste teu servo;
responde-me depressa, porque estou angustiado.
19Aproxima-te de mim e salva-me,
liberta-me dos meus inimigos.
20Tu conheces o meu opróbrio,
a minha vergonha e confusão;
tens bem presentes os que me perseguem.
21O insulto despedaçou-me o coração, até desfalecer;
esperei compaixão, mas foi em vão;
alguém que me consolasse, mas não encontrei.
22Deram-me fel, em vez de comida,
e vinagre, quando tive sede.
23Que os seus banquetes se transformem numa armadilha
e numa cilada para os seus amigos.
24Escurece-lhes a vista, para que não vejam,
tremam-lhes os rins a cada instante.
25Descarrega sobre eles a tua indignação;
sejam atingidos pelo furor da tua ira.
26Tornem-se desertas as suas moradas
e não haja quem habite nas suas tendas,
27pois perseguem os que Tu castigaste
e acrescentam sofrimentos aos que puseste à prova.
28Deixa-os acumular falta sobre falta,
e não permitas que tenham acesso ao teu perdão.
29Sejam riscados do livro dos vivos
e não constem na lista dos justos.
30Mas a mim, triste e aflito,
que a tua salvação, ó Deus, me restabeleça.
31Louvarei, com cânticos, o nome de Deus;
hei-de glorificá-lo com acções de graças.
32Isto agradará mais a Deus do que o sacrifício de um touro,
do que uma vítima perfeita e sem mancha.
33Que os humildes vejam isto e se alegrem,
e os que buscam a Deus se encham de coragem,
34porque o SENHOR escuta os necessitados
e não despreza o seu povo cativo.
35Louvem-no o céu e a terra,
os mares e quanto neles se move.
36Sim, Deus há-de salvar Sião,
reconstruir as cidades de Judá;
eles ali habitarão e tomarão posse dela.
37Os descendentes dos seus servos hão-de recebê-la em herança,
e os que amam o seu nome serão os seus moradores.

 

Sl 70

70 (69) VEM, SENHOR, EM MEU AUXÍLIO (40,14-18)

Salmo individual de súplica, muito semelhante ao Sl 40,14-18.

 

1Ao director do coro. De David. Em memorial.
2Ó Deus, vem em meu auxílio,
SENHOR, vem depressa socorrer-me!
3Fiquem confundidos e cobertos de vergonha
os que procuram tirar-me a vida;
retrocedam e corem de vergonha
os que desejam a minha desgraça.
4Fiquem atónitos e cheios de vergonha
os que troçam de mim!
5Mas alegrem-se e exultem em ti
todos os que te procuram;
digam sem cessar os que desejam a tua salvação:
«Deus é grande!»
6Eu sou pobre e miserável;
ó Deus, cuida de mim.
Tu és o meu auxílio e o meu libertador:
ó SENHOR, não tardes!

Sl 71

71 (70) PRECE DE UM ANCIÃO PERSEGUIDO (91)

Salmo individual de súplica. Apresenta-nos alguém que, sujeito a dolorosas perseguições, mantém e reafirma a sua confiança em Deus. A mesma confiança manifesta-se no facto de este salmo não fazer os habituais ataques e ameaças contra os seus inimigos.

 

1Em ti, SENHOR, me refugio,
jamais serei confundido.
2Pela tua justiça, livra-me e protege-me;
inclina para mim os teus ouvidos e salva-me.
3Sê a minha protecção e o refúgio onde me acolho.
Tu prometeste salvar-me,
pois és o meu rochedo e a minha fortaleza.
4Meu Deus, livra-me das mãos do ímpio,
das mãos do opressor e do violento.
5Tu és a minha esperança, ó Senhor DEUS,
e a minha confiança desde a juventude.
6Em ti me apoio desde o seio materno,
desde o ventre materno és o meu protector;
és o objecto contínuo do meu louvor.
7Sou motivo de admiração para muitos,
mas Tu és o meu refúgio.
8A minha boca está cheia do teu louvor;
todo o dia proclamo a tua glória.
9Não me rejeites no tempo da velhice,
não me abandones, quando já não tiver forças.
10Os meus inimigos falam contra mim,
e os que espiam os meus passos conspiram.
11E dizem: «Deus abandonou-o; persigam-no,
prendam-no, pois não há quem o salve!»
12Ó Deus, não te afastes de mim!
Meu Deus, vem depressa socorrer-me!
13Sejam confundidos e destruídos
os que atentam contra a minha vida;
cubram-se de opróbrio e vergonha
os que procuram a minha desgraça.
14Eu, porém, esperarei continuamente
e, dia após dia, mais te louvarei.
15A minha boca proclamará a tua justiça,
e todo o dia anunciarei a tua salvação,
sabendo bem que ela é inenarrável.
16Narrarei esses prodígios, Senhor, DEUS,
recordarei a tua justiça sem igual.
17Instruíste-me, ó Deus, desde a minha juventude
e até hoje anunciei sempre as tuas maravilhas.
18Agora, na velhice e de cabelos brancos,
não me abandones, ó Deus,
para que anuncie a esta geração o teu poder
e às gerações futuras, a tua força.
19Ó Deus, a tua generosidade chega até aos céus,
pois fizeste grandes coisas:
quem como Tu, ó Deus?
20Fizeste-me sofrer grandes males e aflições mortais;
mas de novo me darás a vida;
das profundezas da terra me levantarás outra vez.
21Aumentarás a minha dignidade,
aproximando-te para me confortar.
22Por isso, quero louvar-te ao som da harpa,
louvar a tua fidelidade, ó meu Deus;
quero cantar-te ao som da cítara, ó Santo de Israel.
23Ao cantar-te salmos, os meus lábios vibrarão de alegria,
e também todo o meu ser, que Tu salvaste.
24A minha língua cantará, dia a dia, a tua justiça,
pois ficaram confundidos e cheios de vergonha
os que procuravam a minha desgraça.

Sl 72

72 (71) ORAÇÃO PELO REI IDEAL (2 Sm 23,1-7)

Salmo real e atribuído a Salomão (ver 127). Daí ser frequentemente utilizado em contexto messiânico. É provável que tenha sido composto antes do Exílio, no tempo em que existiam ainda reis em Israel. No entanto, a descrição que faz do reino pode ter traços bastante idealizados.

 

1De Salomão.
Ó Deus, concede ao rei a tua rectidão
e a tua justiça ao filho do rei,
2para que julgue o teu povo com justiça
e os teus pobres com equidade.
3Que os montes tragam a paz ao povo,
e as colinas, a justiça.
4Que o rei proteja os humildes do povo,
ajude os necessitados e esmague os opressores!
5Que ele possa contemplar-te como o Sol
e como a Lua, de geração em geração.
6Que o rei seja como a chuva sobre os campos,
como os aguaceiros que regam a terra.
7Em seus dias florescerá a justiça
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
8Dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.
9Diante dele se curvarão os inimigos
e os seus adversários hão-de prostrar-se por terra.
10Os reis de Társis e das ilhas oferecerão tributos;
os reis de Sabá e de Seba trarão suas ofertas.
11Todos os reis se prostrarão diante dele;
todas as nações o servirão.
12Ele socorrerá o pobre que o invoca
e o indigente que não tem quem o ajude.
13Terá compaixão do humilde e do pobre
e salvará a vida dos oprimidos.
14Há-de livrá-los da opressão e da violência,
porque o seu sangue é precioso a seus olhos.
15Enquanto viver, ser-lhe-á dado ouro de Sabá!
Por ele hão-de rezar sempre
e todos os dias será abençoado.
16Haverá nos campos fartura de trigo,
ondulando pelo cimo dos montes;
tudo se cobrirá de frutos, como o Líbano;
as cidades florescerão como a erva dos prados.
17O seu nome permanecerá pelos séculos
e durará enquanto o Sol brilhar;
todos nele se sentirão abençoados;
todos os povos o hão-de bendizer!
18Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel,
o único que realiza maravilhas.
19Bendito seja para sempre o seu nome glorioso
e a terra inteira se encha da sua glória!
Ámen! Ámen!
20Terminaram as orações de David, filho de Jessé.
 

Sl 73

73 (72) O PROBLEMA DA RETRIBUIÇÃO

Este salmo pode considerar-se uma meditação sapiencial. Enfrenta a questão do bom ou mau comportamento humano e do prémio e castigo, que nem sempre parecem ser aplicados com toda a justiça. E acentua o optimismo e a confiança em Deus como solução (Jr 12,1-6; Hab 1,13; Ml 3,15), tomando uma posição mais confiante do que aquela que se exprime no livro de Job.

 

1Salmo. De Asaf.
Como Deus é bom para Israel,
para os que têm coração puro!
2Ai de mim! Os meus pés estavam quase a resvalar,
por um triz não escorreguei,
3ao sentir inveja dos ímpios,
ao ver a prosperidade dos maus.
4Para eles não há aflições mortais,
os seus corpos são robustos e sadios.
5Não sofrem as contrariedades da vida,
nem são atormentados como os outros homens.
6Por isso, enchem-se de orgulho
e ataviam-se com o manto da violência.
7A maldade brota-lhes do coração;
do seu coração transbordam más intenções.
8Zombam e falam com malícia;
falam com altivez e oprimem.
9Com a boca protestam contra o céu
e a sua língua percorre a terra.
10Por isso, os seus seguidores se voltam para eles
e bebem tudo como se fosse água.
11Eles dizem: «Deus não sabe disto;
o Altíssimo não é conhecedor de nada.»
12São assim os pecadores:
sempre tranquilos e a amontoar riquezas!
13De nada me serve ter um coração puro
e conservar inocentes as minhas mãos!
14Sou posto à prova a toda a hora;
todas as manhãs sou castigado.
15Se eu pensasse: «Vou falar como eles»,
atraiçoaria a geração dos teus filhos.
16Reflecti sobre estas coisas para as entender,
mas foi muito penoso para mim.
17Só quando entrei no santuário de Deus,
compreendi o fim que os espera.
18Na verdade, Tu os colocas em plano escorregadio
e os empurras para a desgraça.
19Num momento, ficarão destruídos!
Acabarão transidos de pavor!
20Como quando alguém desperta de um sonho,
quando te levantares, Senhor, desprezarás a sua imagem.
21Outrora, o meu coração exasperava-se
e consumiam-se as minhas entranhas.
22Eu era um louco, sem entendimento,
como um animal na tua presença.
23No entanto, estive sempre contigo,
e Tu me conduziste pela mão;
24guiaste-me com o teu conselho
e, por fim, me receberás na tua glória.
25Quem mais tenho eu no céu?
Na terra só desejo estar contigo.
26Ainda que o meu corpo e o meu coração desfaleçam,
Deus será sempre o meu refúgio e a minha herança.
27Hão-de perder-se os que se afastam de ti;
Tu exterminas os que te renegam.

 

28Para mim, a felicidade é estar perto de Deus.
Em ti, Senhor DEUS, pus a minha confiança,
para proclamar todas as tuas obras.

Sl 74

74 (73) LAMENTAÇÃO SOBRE AS RUÍNAS DO TEMPLO (44102; Sir 36,1-17; Lm 2)

Salmo colectivo de súplica, na qual se lamenta uma ofensa de alguns inimigos contra o santuário do Senhor. Para inspirar a confiança, lembra os prodígios realizados por Deus no tempo da saída do Egipto e da entrada na terra de Canaã. Quanto aos acontecimentos a que o salmo faria alusão, as opiniões divergem, apontando-se a conquista por Nabucodonosor em 587 a.C., ou a de Antíoco IV em 170 a.C., ou ainda outro ataque menos importante que estes.

 

1Poema. De Asaf.
Ó Deus, porque nos rejeitas para sempre?
Porque se inflama a tua ira
contra o rebanho do qual és pastor?

 

2Lembra-te do teu povo,
que adquiriste noutros tempos,
como tribo que te pertence
e resgataste do monte Sião,
onde tens a tua morada.
3Dirige os teus passos para estas ruínas sem fim;
o inimigo tudo destruiu no santuário!
4Os teus adversários rugiram no lugar das tuas assembleias,
hastearam nelas, como troféus, as suas bandeiras.
5Pareciam lenhadores a brandir o machado
numa floresta espessa.
6Destruíram os seus madeiramentos
a golpes de malhos e martelos.
7Deitaram fogo ao teu santuário,
profanaram e arrasaram a morada do teu nome.
8Disseram no seu coração: «Destruamos tudo!»;
e incendiaram neste país todos os lugares de culto.
9Já não vemos os nossos sinais,
já não existem mais profetas,
e ninguém sabe até quando isto durará!
10Até quando, ó Deus, irá ultrajar-nos o opressor?
Até quando irá o inimigo desprezar o teu nome?
11Porque retiras a tua mão
e escondes a tua direita?
12Pois Tu, ó Deus, desde sempre foste o meu rei,
aquele que realiza libertações pela terra.
13Dividiste o mar com o teu poder,
esmagaste as cabeças aos monstros marinhos.
14Quebraste as cabeças do Leviatan
e deste-o a comer aos monstros do mar.
15Fizeste brotar fontes e torrentes
e secaste rios caudalosos.
16Teu é o dia, tua é a noite;
Tu criaste a Lua e o Sol.
17Fixaste os limites à terra inteira,
fizeste o Verão e o Inverno.
18Lembra-te, SENHOR, de que o inimigo te insultou
e um povo insensato desprezou o teu nome.
19Não entregues às feras a vida dos teus fiéis;
não esqueças para sempre a vida dos teus pobres.
20Olha para a tua aliança,
pois os recantos do país estão cheios de violência.
21Que os humildes não voltem confundidos;
que o pobre e o indigente possam louvar o teu nome.
22Ergue-te, ó Deus, defende a tua causa;
lembra-te das ofensas contínuas dos insensatos.
23Não te esqueças dos gritos dos teus inimigos,
da vozearia sempre crescente dos teus adversários.

Sl 75

75 (74) O SENHOR É JUIZ

Este salmo tem todo o sabor de uma exortação profética. Fala do julgamento que Deus prepara para realizar sobre o mundo, num tempo bem definido e que parece sentir-se já próximo. Os adversários, condenados nesta sentença, são aqueles que não reconhecem a justiça de Deus como o critério que deve governar o mundo.

 

1Ao director do coro. Segundo «Não destruas».
Salmo. De Asaf. Cântico.
2Nós te louvamos, ó Deus; nós te louvamos!
Tu estás perto; proclamamos as tuas maravilhas.
3«No momento em que Eu decidir,
Eu vou julgar com rectidão.
4Mesmo que tremam a terra e os seus habitantes,
sou Eu quem sustenta os seus pilares.
5Digo aos arrogantes: ‘Não sejais insensatos!’
E aos ímpios: ‘Não sejais altivos!
6Não levanteis tão alto a cabeça;
não pronuncieis palavras insolentes’.»
7Não é do Oriente nem do Ocidente,
nem do deserto que vem o julgamento.
8Deus é que é o juiz:
a uns condena, a outros absolve.
9Na mão do SENHOR há uma taça
cheia de vinho forte a espumar.
Dela dá a beber aos malvados da terra;
e eles sorvem-na até ao fim.
10Eu, porém, louvarei o Deus eterno,
entoarei salmos ao Deus de Jacob.
11Ele destrói a altivez dos ímpios,
mas o poder dos justos será exaltado.

 

Sl 76

76 (75) CÂNTICO TRIUNFAL

Este salmo é um hino que se integra nos Cânticos de Sião. Descreve, de facto, o esplendor que se manifesta por uma vitória obtida pelos israelitas, possivelmente contra os filisteus, nas proximidades de Jerusalém (2 Sm 5,17-24 nota). Mas o passado é visto numa dimensão simbólica que o transforma numa categoria do futuro. A associação deste salmo com o ataque de Senaquerib, em 701 a.C., é igualmente uma hipótese possível (2 Rs 18,13-19,36; 2 Mac 8,19; Sir 48,21).

 

1Ao director do coro. Com instrumentos de corda.
Salmo. De Asaf.
2Deus deu-se a conhecer em Judá,
grande é o seu nome em Israel.
3Em Jerusalém fixou o seu santuário
e a sua morada em Sião.
4Ali quebrou as flechas do arco,
os escudos, as espadas e as armas de guerra.
5Tu resplandeces glorioso
sobre as montanhas dos despojos.
6Os mais valentes foram espoliados,
quando dormiam o seu sono;
os guerreiros não puderam valer-se
do vigor dos seus braços.
7Diante das tuas ameaças, ó Deus de Jacob,
os carros e os cavalos ficaram imóveis.
8Tu, sim! Tu és temível!
Quem poderá resistir na tua presença,
quando se inflama a tua ira?
9Do alto do céu proclamas a sentença,
e a terra treme e fica silenciosa,
10quando Deus se levanta para o julgamento,
para salvar os humildes da terra.
11Até o homem irado te há-de louvar,
e os sobreviventes hão-de fazer festa em teu nome.
12Fazei promessas ao SENHOR, vosso Deus, e cumpri-as;
ofereçam presentes ao Deus temível quantos o rodeiam!
13Ele corta o alento aos governantes
e é temido pelos reis da terra.
  

Sl 77

77 (76) MEDITAÇÃO SOBRE O PASSADO DE ISRAEL

Salmo colectivo de súplica. O tema está muito subtilmente elaborado. Enuncia-se, de início, como uma súplica e continua com queixas sobre o abandono a que Deus parece ter votado o seu povo. Lamenta-se que Deus pareça não tratar os israelitas como o fazia outrora, quando realizava prodígios sem conta.

 

1Ao director do coro. Para Jedutun. Salmo de Asaf.
2Suba até Deus a minha voz e clame;
suba até Deus a minha voz: Ele há-de ouvir-me.
3No dia da angústia, procuro o Senhor;
à noite, sem descanso, ergo as mãos em oração,
mas a minha alma não encontra conforto.
4Quando penso em Deus, suspiro;
quando medito, sinto o meu espírito desfalecer.
5Não deixei que as minhas pálpebras se fechassem;
fiquei perturbado, sem nada dizer!
6Recordo-me dos dias passados,
lembro-me dos tempos antigos.
7Passo a noite a reflectir em meu coração,
e o meu espírito medita e procura:
8«Porventura, irá o Senhor abandonar-nos para sempre?
Não voltará mais a ser-nos favorável?
9Acaso se esgotou por completo o seu amor
e revogou a sua promessa às gerações?
10Ter-se-á Deus esquecido da sua compaixão,
ou terá fechado com ira o seu coração?»
11E eu respondo: «O que mais me faz sofrer
é que a mão do Altíssimo nos trate de modo diferente.»
12Tenho na memória os teus feitos, SENHOR,
lembro-me das tuas maravilhas de outrora.
13Penso em todas as tuas obras,
medito nos teus prodígios.
14Ó Deus, os teus caminhos são santos.
Que Deus haverá tão grande como Tu?
15Tu és o Deus que realiza maravilhas,
manifestaste entre as nações o teu poder.
16Com a força do teu braço resgataste o teu povo,
os descendentes de Jacob e de José.
17Viram-te as águas, ó Deus,
viram-te as águas e tremeram,
e até os abismos se agitaram.
18As nuvens transformaram-se em chuva;
os trovões fizeram ouvir a sua voz,
e as tuas setas surgiam de todos os lados.
19O ruído do teu trovão ecoou nos ares
e os relâmpagos iluminaram o mundo;
a terra agitou-se e tremeu.
20O mar foi para ti um caminho;
caminhaste por entre águas caudalosas
e ninguém descobriu as tuas pegadas.
21Conduziste o teu povo como um rebanho,
pela mão de Moisés e de Aarão.

 

Sl 78

78 (77) AS LIÇÕES DA HISTÓRIA (105106)

Salmo histórico: faz uma meditação e propõe uma interpretação sobre o significado da História. De início, aparece uma chamada de atenção muito ao gosto da literatura sapiencial. O ritmo que o salmo vê acontecer no passado de Israel é o da oscilação do pêndulo entre a rebelião do povo e o castigo recebido da parte de Deus. A tribo de Judá aparece claramente como preferida, em contraposição com as tribos do Norte. Há aqui uma espécie de súmula de Teologia e História e notam-se várias analogias entre este salmo e o Deuteronómio.

 

1Poema. De Asaf.
Escuta, meu povo, os meus ensinamentos;
presta atenção às minhas palavras.
2Vou abrir a minha boca em parábolas
e revelar os enigmas de outros tempos.
3O que ouvimos e aprendemos
e os nossos antepassados nos transmitiram,
4não o ocultaremos aos seus descendentes;
tudo contaremos às gerações vindouras:
as glórias do SENHOR e o seu poder,
e as maravilhas que Ele fez.
5Ele estabeleceu um preceito em Jacob,
instituiu uma lei em Israel.
E ordenou aos nossos pais
que a ensinassem aos seus filhos,
6para que as gerações futuras a conhecessem
e os filhos que haviam de nascer
a contassem aos seus próprios filhos;
7para que pusessem em Deus a sua confiança
e não esquecessem as suas obras,
mas obedecessem aos seus mandamentos.
8Para que não fossem como os seus pais,
uma geração rebelde e desobediente,
uma raça de coração inconstante
e de espírito infiel ao seu Deus.
9Os filhos de Efraim, archeiros equipados,
puseram-se em fuga no dia do combate.
10Não guardaram a aliança de Deus,
recusaram-se a cumprir a sua lei;
11esqueceram-se das suas obras,
das maravilhas que Ele lhes mostrou.
12Diante de seus pais, Deus fez maravilhas,
na terra do Egipto, nos campos de Soan.
13Abriu o mar para os fazer passar,
conteve as águas como um dique.
14Conduziu-os, de dia, com uma nuvem,
e, de noite, com o seu clarão de fogo.
15Fendeu os rochedos no deserto
e deu-lhes a beber águas abundantes.
16Deus fez brotar rios das pedras,
fez correr águas caudalosas.
17Mas eles continuaram a pecar,
revoltando-se contra o Altíssimo no deserto.
18Provocaram a Deus em seus corações,
reclamando manjares, segundo os seus apetites.
19Murmuraram contra Ele, dizendo:
«Será Deus capaz de nos preparar a mesa no deserto?
20Ele feriu a rocha e logo brotaram as águas
e correram torrentes abundantes;
mas, poderá também dar pão
e preparar carne para o seu povo?»
21O SENHOR ouviu e indignou-se,
ateou-se nele um fogo contra Jacob
e a sua ira cresceu contra Israel,
22porque não tiveram fé em Deus,
nem confiaram no seu auxílio.
23Deus ordenou às nuvens
e abriu as portas do céu.
24Fez chover o maná para eles comerem
e deu-lhes o pão do céu.
25Comeram todos o pão dos fortes;
enviou-lhes comida em abundância.
26Fez soprar dos céus o vento leste
e, com o seu poder, fez vir o vento sul.
27Fez chover do céu carne como grãos de poeira,
e aves tão numerosas como as areias do mar.
28Fê-las cair no meio do acampamento,
ao redor das suas tendas.
29Comeram até se saciarem:
e assim Deus satisfez os seus desejos.
30Ainda não tinham o seu apetite saciado,
ainda a comida estava na sua boca,
31quando a ira de Deus caiu sobre eles:
semeou a morte entre os mais fortes
e abateu os jovens de Israel.
32Apesar de tudo isto, persistiram no pecado,
não acreditaram nas suas maravilhas.
33Por isso, Deus extinguiu os seus dias como um sopro,
e os seus anos, como uma ilusão.
34Quando os castigava, eles procuravam-no,
convertiam-se e voltavam-se para Deus.
35Recordavam-se então que Deus era o seu protector,
que o Altíssimo era o seu libertador.
36Mas logo o enganavam com a boca
e lhe mentiam com a língua.
37Os seus corações não eram leais com Ele,
nem fiéis à sua aliança.
38Mas Deus, que é misericordioso,
perdoava-lhes os pecados e não os destruía.
Muitas vezes conteve a sua ira,
e não deixou que o seu furor se avivasse.
39Lembrou-se de que eles eram humanos,
um sopro que passa e não volta mais!
40Quantas vezes o provocaram no deserto
e o contristaram na estepe!
41Voltaram constantemente a pôr Deus à prova,
a ofender o Santo de Israel.
42Esqueceram a obra das suas mãos,
no dia em que os libertou da opressão,
43quando no Egipto realizou os seus prodígios
e as suas maravilhas nas planícies de Soan;
44quando converteu em sangue os seus rios e canais,
para que os egípcios não pudessem beber.
45Mandou-lhes moscas venenosas, que os devoravam,
e rãs que os destruíam.
46Entregou as suas colheitas aos insectos
e o fruto do seu esforço aos gafanhotos.
47Destruiu as suas vinhas com a saraiva
e os seus sicómoros com a geada.
48Feriu os seus gados com granizo
e os seus rebanhos com os raios.
49Descarregou contra eles a sua ira,
a indignação, o furor e a aflição,
como uma legião de mensageiros da desgraça.
50Deu livre curso à sua ira; não os livrou da morte!
Entregou as suas vidas à peste!
51Feriu os primogénitos do Egipto,
as primícias da sua raça, nas tendas de Cam.
52Fez sair o seu povo como um rebanho,
como manada os conduziu pelo deserto.
53Guiou-os com segurança e não tiveram medo,
enquanto afundava no mar os seus inimigos.
54Introduziu-os na sua terra santa,
na montanha que a sua direita conquistou.
55Diante deles expulsou as nações,
distribuiu entre eles aquela terra como herança
e instalou nas suas tendas as tribos de Israel.
56Mas eles puseram à prova e ofenderam o Altíssimo
e não observaram os seus preceitos.
57Transviaram-se e apostataram como seus pais,
desviaram-se como a seta de um arco frouxo.
58Irritaram-no nos lugares altos,
provocaram os seus ciúmes com o culto dos ídolos.
59Deus ouviu isto e indignou-se,
e repudiou Israel com veemência.
60Abandonou o santuário de Silo,
a tenda onde morava entre os homens.
61Entregou ao cativeiro a sua fortaleza
e o seu esplendor na mão dos inimigos.
62Entregou o seu povo à espada,
irritou-se contra a sua herança.
63Os seus jovens foram devorados pelo fogo,
e as suas virgens ficaram por casar.
64Os seus sacerdotes foram passados à espada,
e as suas viúvas não choraram os maridos.
65Mas o Senhor despertou, como que estremunhado,
qual guerreiro vencido pelo vinho.
66E feriu os seus inimigos pelas costas;
infligiu-lhes eterna humilhação.
67Assim rejeitou as tendas de José
e não escolheu a tribo de Efraim;
68escolheu antes a tribo de Judá
e o monte de Sião, seu preferido.
69Construiu o seu santuário, alto como o céu
e firme para sempre, como a terra.
70Escolheu o seu servo David,
tomando-o do aprisco das ovelhas.
71Retirou-o de andar atrás dos rebanhos,
para que apascentasse a Jacob, seu povo,
e a Israel, sua herança.
72David apascentou-os com um coração recto
e conduziu-os com mão prudente.

Sl 79

79 (78) LAMENTAÇÃO NACIONAL (4474102)

Esta lamentação é um salmo colectivo de súplica. A situação histórica parece ser a de uma invasão e devastação de Jerusalém, e as súplicas vão no sentido que Deus vingue todos os males cometidos contra Israel pelos inimigos e vizinhos. Faz lembrar 2 Rs 24-25; Ez 36,5.

 

1Salmo. De Asaf.
Ó Deus, os pagãos invadiram a tua herança,
profanaram o teu santo templo
e reduziram Jerusalém a um montão de ruínas.
2Deram os cadáveres dos teus servos
em alimento às aves do céu
e os corpos dos teus fiéis, às feras selvagens.
3Derramaram o seu sangue como água, em torno de Jerusalém,
e ninguém lhes deu sepultura.
4Tornámo-nos motivo de escárnio para os vizinhos,
de irrisão e opróbrio para os que nos rodeiam.
5Até quando, SENHOR, estarás ainda irritado?
Será a tua indignação como um fogo abrasador?
6Descarrega a tua ira sobre os pagãos,
que não te conhecem nem invocam o teu nome.
7Porque eles devoraram o povo de Jacob
e destruíram a sua morada.
8Não recordes contra nós as faltas dos nossos antepassados;
venha depressa ao nosso encontro a tua misericórdia,
porque chegámos ao fim das nossas forças.
9Socorre-nos, ó Deus, nosso salvador,
para glória do teu nome;
livra-nos e perdoa-nos pelo amor do teu nome.
10Porque hão-de perguntar os pagãos:
«Onde está o seu Deus?»
Mostra a essa gente, diante dos nossos olhos,
a vingança do sangue derramado dos teus servos.
11Chegue junto de ti o gemido dos cativos
e, pela grande força do teu braço,
salva da morte os que estão condenados.
12Retribui aos nossos vizinhos sete vezes mais
as ofensas com que eles te ultrajaram, Senhor.
13Nós, que somos o teu povo e ovelhas do teu rebanho,
glorificar-te-emos para sempre;
de geração em geração cantaremos os teus louvores.

Sl 80

80 (79) ORAÇÃO PELA RESTAURAÇÃO DE ISRAEL (Is 5,1-7)

Salmo colectivo de súplica. A situação parece ser a de alguma ameaça contra o Reino do Norte. O v.3 concentra a atenção sobre as três tribos principais daquele reino – Efraim, Benjamim e Manassés. O salmo poderá ter sido composto próximo da invasão assíria, que marcou o fim do reino da Samaria, em 721.

 

1Ao director do coro.
Segundo a melodia «Os lírios são testemunho».
De Asaf. Salmo.
2Ó pastor de Israel, escuta,
Tu que conduzes José como um rebanho,
Tu que tens o teu trono sobre os querubins!
3Mostra a tua grandeza às tribos
de Efraim, Benjamim e Manassés!
Desperta o teu poder e vem salvar-nos!
4Ó Deus, volta-te para nós!
Mostra-nos o teu rosto e seremos salvos!
5SENHOR, Deus do universo,
até quando te mostrarás indignado,
apesar das súplicas do teu povo?
6Deste-nos a comer o pão das lágrimas
e a beber copioso pranto.
7Tornaste-nos presa disputada pelas nações vizinhas,
e os nossos inimigos escarnecem de nós.
8Ó Deus do universo, volta-te para nós!
Mostra-nos o teu rosto e seremos salvos!
9Arrancaste uma videira do Egipto,
expulsaste outros povos para a plantar.
10Preparaste-lhe o terreno; ela foi deitando raízes
e acabou por encher toda a terra.
11As montanhas cobriram-se com a sua sombra,
e os seus ramos ultrapassaram os altos cedros.
12As suas ramagens estenderam-se até ao mar
e os seus rebentos, até ao rio.
13Porque derrubaste os seus muros,
deixando que a vindimem quantos passam no caminho?
14É devastada pelo javali da selva,
serve de pasto aos animais dos campos.
15Ó Deus do universo, volta, por favor,
olha lá do céu e vê:
cuida desta vinha!
16Trata da cepa que a tua mão direita plantou,
dos rebentos que fizeste crescer para nós.
17Aqueles que a queimaram e devastaram
pereçam diante do furor do teu rosto.
18Mas estende a tua mão sobre o teu escolhido,
sobre o homem que para ti fortaleceste.
19E nunca mais nos afastaremos de ti;
conserva-nos a vida e invocaremos o teu nome.
20SENHOR do universo, volta-te para nós!
Mostra-nos o teu rosto e seremos salvos!
 

Sl 81

81 (80) A ALIANÇA ETERNA (50; Dt 29-31)

Este salmo tem o género literário de uma exortação profética. Começando por um hino (v.1-6) de convite à festa, é seguido de um oráculo divino (v.7-17) com alusões aos mandamentos e à experiência do deserto.

 

1Ao director do coro. Sobre a lira de Gat. De Asaf.
2Alegrai-vos em Deus, nossa força,
aclamai o Deus de Jacob.
3Cantai ao som do tamborim,
da cítara harmoniosa e da lira.
4Tocai a trombeta na festa da Lua-nova
e na Lua-cheia, dia da nossa festa.
5Isto é um preceito para Israel,
uma ordem do Deus de Jacob.
6Lei que Ele deu a José,
quando saiu da terra do Egipto.
Ouço uma língua desconhecida, que diz:
7«Aliviei os seus ombros do fardo,
as suas mãos livraram-se de carregar o cesto.
8Na angústia chamaste por mim e Eu salvei-te,
respondi-te escondido no trovão,
pus-te à prova junto das águas de Meribá.
9Ouve, meu povo, a minha advertência;
oxalá, Israel, me prestes ouvidos:
10‘Não terás contigo um deus estrangeiro,
nem te prostrarás diante de um deus estranho.
11Eu sou o SENHOR, teu Deus,
que te fez subir da terra do Egipto.
Abre a tua boca e Eu enchê-la-ei.’
12Mas o meu povo não quis ouvir-me;
Israel não quis obedecer.
13Por isso, entreguei-os à sua obstinação;
deixei-os seguir os seus caprichos.
14Se o meu povo me tivesse escutado!
Se Israel tivesse seguido os meus caminhos!
15Num instante, Eu humilharia os seus inimigos
e castigaria os seus adversários.
16Os inimigos do SENHOR arrastar-se-iam diante dele;
mas a sua sorte está traçada para sempre.
17Alimentaria o meu povo com a flor do trigo
e saciá-lo-ia com o mel silvestre.»

Sl 82

82 (81) CONTRA OS MAUS JUÍZES

É um salmo colectivo de súplica, tendo em conta que termina por um pedido a Deus. Mas tem outros elementos que o tornam parecido com uma exortação profética e está assente sobre uma imagem na qual Deus preside ao julgamento do universo, chefiando uma corte divina, segundo o imaginário das culturas de Canaã.

 

1Salmo. De Asaf.
Deus preside à assembleia divina,
profere as suas sentenças no meio dos deuses:
2«Até quando julgareis injustamente
e favorecereis a causa dos ímpios?
3Defendei o oprimido e o órfão;
fazei justiça ao humilde e ao pobre.
4Libertai o oprimido e o necessitado,
e defendei-os das mãos dos pecadores.»
5Não, eles não percebem nem compreendem;
caminham nas trevas; abalam-se os fundamentos da terra.
6Eu disse: «Vós sois deuses,
todos vós sois filhos do Altíssimo.
7Mas morrereis como qualquer mortal;
caireis como qualquer príncipe.»
8Levanta-te, ó Deus, para julgar a terra,
porque todas as nações te pertencem.

Sl 83

83 (82) O SENHOR E OS INIMIGOS DO SEU POVO (Ez 28; Zc 14,1-3)

Salmo colectivo de súplica, para que Deus proteja o povo israelita. O inimigo principal contra o qual se reza poderia ser a Assíria. O salmo parece ser anterior ao Exílio. Os argumentos e as imagens para sugerir a protecção de Deus são retirados da história dos prodígios vitoriosos do passado. Tais prodígios são recordados sobretudo pelos nomes dos protagonistas inimigos.

 

1Cântico. Salmo. De Asaf.
2Ó Deus, não fiques em silêncio;
não fiques mudo nem impassível!
3Vê como se agitam os teus inimigos
e como levantam a cabeça os que te odeiam.
4Formam planos astutos contra o teu povo,
conspiram contra os teus protegidos.
5Dizem: «Vamos exterminá-los de entre os povos,
para não voltar a mencionar-se o nome de Israel.»
6Assim decidiram de comum acordo
e estabeleceram uma aliança contra ti:
7as tendas de Edom e os ismaelitas,
Moab e os agarenos,
8Guebal, Amon e Amalec,
os filisteus com os habitantes de Tiro.
9Até os assírios se uniram a eles,
e juntaram a sua força à dos filhos de Lot.
10Trata-os como trataste Madian e Sísera,
ou como Jabin na ribeira de Quichon.
11Foram destruídos em En-Dor
e serviram de adubo para as terras.
12Trata os seus príncipes como fizeste com Oreb e Zeeb;
trata todos os seus chefes como trataste Zeba e Salmuna,
13porque eles tinham declarado:
«Tomemos para nós os campos de Deus.»
14Ó meu Deus, dispersa-os como folhas em redemoinho,
como palha levada pelo vento,
15como o fogo que devora a floresta,
como a chama que incendeia os montes.
16Persegue-os com a tua tempestade;
aterra-os com o teu turbilhão!
17Cobre-lhes a face de ignomínia,
de modo a implorarem o teu nome, SENHOR.
18Caia sobre eles a vergonha e a humilhação para sempre;
sejam confundidos e pereçam.
19Saibam que o teu nome é SENHOR.
Tu és o único Altíssimo sobre toda a terra!

 

Salmos 84

1 ¶ Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos!

2 A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.

3 Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.

4 Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente. (Selá.)

5 Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.

6 Que, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques.

7 Vão indo de força em força; cada um deles em Sião aparece perante Deus.

8 ¶ Senhor Deus dos Exércitos, escuta a minha oração; inclina os ouvidos, ó Deus de Jacó! (Selá.)

9 Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.

10 Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios.

11 Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.

12 Senhor dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança.

Salmos 85

1 ¶ Abençoaste, SENHOR, a tua terra; fizeste voltar o cativeiro de Jacó.

2 Perdoaste a iniqüidade do teu povo; cobriste todos os seus pecados. (Selá.)

3 Fizeste cessar toda a tua indignação; desviaste-te do ardor da tua ira.

4 Torna-nos a trazer, ó Deus da nossa salvação, e faze cessar a tua ira de sobre nós.

5 Acaso estarás sempre irado contra nós? Estenderás a tua ira a todas as gerações?

6 Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se alegre em ti?

7 Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia, e concede-nos a tua salvação.

8 ¶ Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que não voltem à loucura.

9 Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra.

10 A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.

11 A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.

12 Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra dará o seu fruto.

13 A justiça irá adiante dele, e nos porá no caminho das suas pisadas.

Salmos 86

1 ¶ Inclina, SENHOR, os teus ouvidos, e ouve-me, porque estou necessitado e aflito.

2 Guarda a minha alma, pois sou santo: ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia.

3 Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia.

4 Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma.

5 Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.

6 Dá ouvidos, Senhor, à minha oração e atende à voz das minhas súplicas.

7 No dia da minha angústia clamo a ti, porquanto me respondes.

8 ¶ Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas.

9 Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome.

10 Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.

11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome.

12 Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre.

13 Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do inferno mais profundo.

14 Ó Deus, os soberbos se levantaram contra mim, e as assembléias dos tiranos procuraram a minha alma, e não te puseram perante os seus olhos.

15 Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade.

16 Volta-te para mim, e tem misericórdia de mim; dá a tua fortaleza ao teu servo, e salva ao filho da tua serva.

17 Mostra-me um sinal para bem, para que o vejam aqueles que me odeiam, e se confundam; porque tu, Senhor, me ajudaste e me consolaste.

Salmos 87

1 ¶ O seu fundamento está nos montes santos.

2 O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as habitações de Jacó.

3 Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. (Selá.)

4 Farei menção de Raabe e de Babilônia àqueles que me conhecem; eis que da Filístia, e de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este homem nasceu ali.

5 E de Sião se dirá: Este e aquele homem nasceram ali; e o mesmo Altíssimo a estabelecerá.

6 O Senhor contará na descrição dos povos que este homem nasceu ali. (Selá.)

7 Assim os cantores como os tocadores de instrumentos estarão lá; todas as minhas fontes estão em ti.

Salmos 88

1 ¶ SENHOR Deus da minha salvação, diante de ti tenho clamado de dia e de noite.

2 Chegue a minha oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao meu clamor;

3 Porque a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura.

4 Estou contado com aqueles que descem ao abismo; estou como homem sem forças,

5 Livre entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais te não lembras mais, e estão cortados da tua mão.

6 Puseste-me no abismo mais profundo, em trevas e nas profundezas.

7 Sobre mim pesa o teu furor; tu me afligiste com todas as tuas ondas. (Selá.)

8 Alongaste de mim os meus conhecidos, puseste-me em extrema abominação para com eles. Estou fechado, e não posso sair.

9 A minha vista desmaia por causa da aflição. Senhor, tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos.

10 ¶ Mostrarás, tu, maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão? (Selá.)

11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição?

12 Saber-se-ão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?

13 Eu, porém, Senhor, tenho clamado a ti, e de madrugada te esperará a minha oração.

14 Senhor, porque rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face?

15 Estou aflito, e prestes tenho estado a morrer desde a minha mocidade; enquanto sofro os teus terrores, estou perturbado.

16 A tua ardente indignação sobre mim vai passando; os teus terrores me têm retalhado.

17 Eles me rodeiam todo o dia como água; eles juntos me sitiam.

18 Desviaste para longe de mim amigos e companheiros, e os meus conhecidos estão em trevas.

Salmos 89

1 ¶ As benignidades do SENHOR cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de geração em geração.

2 Pois disse eu: A tua benignidade será edificada para sempre; tu confirmarás a tua fidelidade até nos céus, dizendo:

3 Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo:

4 A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá.)

5 ¶ E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade também na congregação dos santos.

6 Pois quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem entre os filhos dos poderosos pode ser semelhante ao Senhor?

7 Deus é muito formidável na assembléia dos santos, e para ser reverenciado por todos os que o cercam.

8 Ó Senhor Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti?

9 Tu dominas o ímpeto do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar.

10 Tu quebraste a Raabe como se fora ferida de morte; espalhaste os teus inimigos com o teu braço forte.

11 Teus são os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude tu os fundaste.

12 O norte e o sul tu os criaste; Tabor e Hermom jubilam em teu nome.

13 Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e alta está a tua destra.

14 Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade irão adiante do teu rosto.

15 ¶ Bem-aventurado o povo que conhece o som alegre; andará, ó Senhor, na luz da tua face.

16 Em teu nome se alegrará todo o dia, e na tua justiça se exaltará.

17 Pois tu és a glória da sua força; e no teu favor será exaltado o nosso poder.

18 Porque o Senhor é a nossa defesa, e o Santo de Israel o nosso Rei.

19 ¶ Então falaste em visão ao teu santo, e disseste: Pus o socorro sobre um que é poderoso; exaltei a um eleito do povo.

20 Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi,

21 Com o qual a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá.

22 O inimigo não o importunará, nem o filho da perversidade o afligirá.

23 E eu derrubarei os seus inimigos perante a sua face, e ferirei aos que o odeiam.

24 E a minha fidelidade e a minha benignidade estarão com ele; e em meu nome será exaltado o seu poder.

25 Porei também a sua mão no mar, e a sua direita nos rios.

26 Ele me chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação.

27 Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.

28 A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e a minha aliança lhe será firme,

29 E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu.

30 Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nos meus juízos,

31 Se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,

32 Então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniqüidade com açoites.

33 Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade.

34 Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios.

35 Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi.

36 A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim.

37 Será estabelecido para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu. (Selá.)

38 ¶ Mas tu rejeitaste e aborreceste; tu te indignaste contra o teu ungido.

39 Abominaste a aliança do teu servo; profanaste a sua coroa, lançando-a por terra.

40 Derrubaste todos os seus muros; arruinaste as suas fortificações.

41 Todos os que passam pelo caminho o despojam; é um opróbrio para os seus vizinhos.

42 Exaltaste a destra dos seus adversários; fizeste com que todos os seus inimigos se regozijassem.

43 Também embotaste o fio da sua espada, e não o sustentaste na peleja.

44 Fizeste cessar a sua glória, e deitaste por terra o seu trono.

45 Abreviaste os dias da sua mocidade; cobriste-o de vergonha. (Selá.)

46 Até quando, Senhor? Acaso te esconderás para sempre? Arderá a tua ira como fogo?

47 Lembra-te de quão breves são os meus dias; por que criarias debalde todos os filhos dos homens?

48 Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura? (Selá.)

49 Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades que juraste a Davi pela tua verdade?

50 Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos; como eu trago no meu peito o opróbrio de todos os povos poderosos,

51 Com o qual, Senhor, os teus inimigos têm difamado, com o qual têm difamado as pisadas do teu ungido.

52 Bendito seja o Senhor para sempre. Amém, e Amém.r

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Salmos 90

1 ¶ SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.

2 Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.

3 Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens.

4 Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.

5 Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce.

6 De madrugada floresce e cresce; à tarde corta-se e seca.

7 ¶ Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos angustiados.

8 Diante de ti puseste as nossas iniqüidades, os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.

9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta.

10 Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.

11 Quem conhece o poder da tua ira? Segundo és tremendo, assim é o teu furor.

12 ¶ Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.

13 Volta-te para nós, Senhor; até quando? Aplaca-te para com os teus servos.

14 Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias.

15 Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos anos em que vimos o mal.

16 Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória sobre seus filhos.

17 E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.

Salmos 91

1 ¶ Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.

2 Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.

3 Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.

4 Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.

5 Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,.

6 Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.

8 Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.

9 ¶ Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.

10 Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.

11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.

12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.

13 Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.

14 Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.

15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.

16 Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

Salmos 92

1 ¶ Bom é louvar ao SENHOR, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo;

2 Para de manhã anunciar a tua benignidade, e todas as noites a tua fidelidade;

3 Sobre um instrumento de dez cordas, e sobre o saltério; sobre a harpa com som solene.

4 Pois tu, Senhor, me alegraste pelos teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.

5 Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! Mui profundos são os teus pensamentos.

6 O homem brutal não conhece, nem o louco entende isto.

7 ¶ Quando o ímpio crescer como a erva, e quando florescerem todos os que praticam a iniqüidade, é que serão destruídos perpetuamente.

8 Mas tu, Senhor, és o Altíssimo para sempre.

9 Pois eis que os teus inimigos, Senhor, eis que os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os que praticam a iniqüidade.

10 Porém tu exaltarás o meu poder, como o do boi selvagem. Serei ungido com óleo fresco.

11 Os meus olhos verão o meu desejo sobre os meus inimigos, e os meus ouvidos ouvirão o meu desejo acerca dos malfeitores que se levantam contra mim.

12 O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano.

13 Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus.

14 Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos,

15 Para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha e nele não há injustiça.

Salmos 93

1 ¶ O SENHOR reina; está vestido de majestade. O SENHOR se revestiu e cingiu de poder; o mundo também está firmado, e não poderá vacilar.

2 O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade.

3 Os rios levantam, ó Senhor, os rios levantam o seu ruído, os rios levantam as suas ondas.

4 Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o ruído das grandes águas e do que as grandes ondas do mar.

5 Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre.

 

 

1.Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor, aclamemos o Rochedo de nossa salvação;

2.apresentemo-nos diante dele com louvores, e cantemos-lhe alegres cânticos,

3.porque o Senhor é um Deus imenso, um rei que ultrapassa todos os deuses;

4.nas suas mãos estão as profundezas da terra, e os cumes das montanhas lhe pertencem.

5.Dele é o mar, ele o criou; assim como a terra firme, obra de suas mãos.

6.Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou.

7.Ele é nosso Deus; nós somos o povo de que ele é o pastor, as ovelhas que as suas mãos conduzem. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:

8.Não vos torneis endurecidos como em Meribá, como no dia de Massá no deserto,

9.onde vossos pais me provocaram e me tentaram, apesar de terem visto as minhas obras.

10.Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração, e eu disse: É um povo de coração desviado, que não conhece os meus desígnios.

11.Por isso, jurei na minha cólera: Não hão de entrar no lugar do meu repouso.

 

1.Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira.

2.Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe.

3.Proclamai às nações a sua glória, a todos os povos as suas maravilhas.

4.Porque o Senhor é grande e digno de todo o louvor, o único temível de todos os deuses.

5.Porque os deuses dos pagãos, sejam quais forem, não passam de ídolos. Mas foi o Senhor quem criou os céus.

6.Em seu semblante, a majestade e a beleza; em seu santuário, o poder e o esplendor.

7.Tributai ao Senhor, famílias dos povos, tributai ao Senhor a glória e a honra,

8.tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome. Trazei oferendas e entrai nos seus átrios.

9.Adorai o Senhor, com ornamentos sagrados. Diante dele estremece a terra inteira.

10.Dizei às nações: O Senhor é rei. E (a terra) não vacila, porque ele a sustém. Governa os povos com justiça.

11.Alegrem-se os céus e exulte a terra, retumbe o oceano e o que ele contém,

12.regozijem-se os campos e tudo o que existe neles. Jubilem todas as árvores das florestas

13.com a presença do Senhor, que vem, pois ele vem para governar a terra: julgará o mundo com justiça, e os povos segundo a sua verdade.

 

 

1.O Senhor reina! Que a terra exulte de alegria, que se rejubile a multidão das ilhas.

2.Está envolvido em escura nuvem, seu trono tem por fundamento a justiça e o direito.

3.Ele é precedido por um fogo que devora em redor os inimigos.

4.Seus relâmpagos iluminam o mundo, a terra estremece ao vê-los.

5.Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera, em presença do Senhor de toda a terra.

6.Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória.

7.São confundidos os que adoram estátuas e se gloriam em seus ídolos; pois os deuses se prostram diante do Senhor.

8.Ouve e se alegra Sião, exultam as cidades de Judá por causa de vossos juízos, Senhor.

9.Porque vós, Senhor, sois o soberano de toda a terra, vós sois o Altíssimo entre todos os deuses.

10.O Senhor ama os que detestam o mal, ele vela pelas almas de seus servos e os livra das mãos dos ímpios.

11.A luz resplandece para o justo, e a alegria é concedida ao homem de coração reto.

12.Alegrai-vos, ó justo, no Senhor, e dai glória ao seu santo nome.

Sl 97

97 (96) HINO AO REINADO UNIVERSAL DE DEUS

Salmo da realeza de Javé, em relação à qual se apresenta a chegada do grande rei (v.1-6) e se descrevem os efeitos da sua presença. Nomeadamente: os maus são confundidos; e os bons, identificados com a cidade de Sião, recebem riqueza e felicidade.

 

1O SENHOR é rei: alegre-se a terra
e rejubile a multidão das ilhas!
2Ele está rodeado de nuvens e escuridão;
a justiça e o direito são a base do seu trono.
3Um fogo vai à sua frente
e devora os inimigos que o cercam.
4Os seus relâmpagos iluminam o mundo;
a terra vê-os e estremece.
5As montanhas derretem-se, como cera,
diante do Senhor de toda a terra.
6Os céus proclamam a justiça de Deus
e todos os povos contemplam a sua grandeza.
7Fiquem confundidos os que adoram ídolos,
os que se gloriam em deuses inúteis;
todos os deuses se prostram diante do Senhor.
8Sião ouve e alegra-se;
as cidades de Judá rejubilam.
9Porque Tu, SENHOR, és soberano em toda a terra,
estás muito acima de todos os deuses.
10O SENHOR ama os que odeiam o mal,
protege a vida dos seus fiéis
e livra-os das mãos dos inimigos.
11A luz desponta para os justos,
e a alegria, para os rectos de coração.
12Alegrai-vos, justos, no SENHOR,
proclamai que o seu nome é santo!

Salmos 98

1 ¶ Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque fez maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a salvação.

2 O Senhor fez notória a sua salvação, manifestou a sua justiça perante os olhos dos gentios.

3 Lembrou-se da sua benignidade e da sua verdade para com a casa de Israel; todas as extremidades da terra viram a salvação do nosso Deus.

4 ¶ Exultai no Senhor toda a terra; exclamai e alegrai-vos de prazer, e cantai louvores.

5 Cantai louvores ao Senhor com a harpa; com a harpa e a voz do canto.

6 Com trombetas e som de cornetas, exultai perante a face do Senhor, do Rei.

7 Brame o mar e a sua plenitude; o mundo, e os que nele habitam.

8 Os rios batam as palmas; regozijem-se também as montanhas,

9 Perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo, e o povo com eqüidade.

Salmos 99

1 ¶ O SENHOR reina; tremam os povos. Ele está assentado entre os querubins; comova-se a terra.

2 O Senhor é grande em Sião, e mais alto do que todos os povos.

3 Louvem o teu nome, grande e tremendo, pois é santo.

4 Também o poder do Rei ama o juízo; tu firmas a eqüidade, fazes juízo e justiça em Jacó.

5 Exaltai ao Senhor nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés, pois é santo.

6 ¶ Moisés e Arão, entre os seus sacerdotes, e Samuel entre os que invocam o seu nome, clamavam ao Senhor, e Ele lhes respondia.

7 Na coluna de nuvem lhes falava; eles guardaram os seus testemunhos, e os estatutos que lhes dera.

8 Tu os escutaste, Senhor nosso Deus: tu foste um Deus que lhes perdoaste, ainda que tomaste vingança dos seus feitos.

9 Exaltai ao Senhor nosso Deus e adorai-o no seu monte santo, pois o Senhor nosso Deus é santo.

 

Salmos 100

1 ¶ Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.

2 Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto.

3 Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto.

4 Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome.

5 Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração.

 

 

 

 

 

Salmos 101

1 ¶ Cantarei a misericórdia e o juízo; a ti, SENHOR, cantarei.

2 Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero.

3 Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim.

4 Um coração perverso se apartará de mim; não conhecerei o homem mau.

5 Aquele que murmura do seu próximo às escondidas, eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não suportarei.

6 Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.

7 O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos.

8 Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do Senhor todos os que praticam a iniqüidade.

 

Salmos 102

1 ¶ SENHOR, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor.

2 Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa.

3 Porque os meus dias se consomem como a fumaça, e os meus ossos ardem como lenha.

4 O meu coração está ferido e seco como a erva, por isso me esqueço de comer o meu pão.

5 Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam à minha pele.

6 Sou semelhante ao pelicano no deserto; sou como um mocho nas solidões.

7 Vigio, sou como o pardal solitário no telhado.

8 Os meus inimigos me afrontam todo o dia; os que se enfurecem contra mim têm jurado contra mim.

9 Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida,

10 Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremessaste.

11 Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando.

12 ¶ Mas tu, Senhor, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração.

13 Tu te levantarás e terás piedade de Sião; pois o tempo de te compadeceres dela, o tempo determinado, já chegou.

14 Porque os teus servos têm prazer nas suas pedras, e se compadecem do seu pó.

15 Então os gentios temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a tua glória.

16 Quando o Senhor edificar a Sião, aparecerá na sua glória.

17 Ele atenderá à oração do desamparado, e não desprezará a sua oração.

18 Isto se escreverá para a geração futura; e o povo que se criar louvará ao Senhor.

19 Pois olhou desde o alto do seu santuário, desde os céus o Senhor contemplou a terra,

20 Para ouvir o gemido dos presos, para soltar os sentenciados à morte;

21 Para anunciarem o nome do Senhor em Sião, e o seu louvor em Jerusalém,

22 Quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor.

23 ¶ Abateu a minha força no caminho; abreviou os meus dias.

24 Dizia eu: Meu Deus, não me leves no meio dos meus dias, os teus anos são por todas as gerações.

25 Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos.

26 Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados.

27 Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.

28 Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti.

Salmos 103

1 ¶ Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome.

2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.

3 Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades, que sara todas as tuas enfermidades,

4 Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia,

5 Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.

6 ¶ O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos.

7 Fez conhecidos os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel.

8 Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade.

9 Não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.

10 Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniqüidades.

11 Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.

12 Assim como está longe o oriente do ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

13 Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.

14 Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.

15 Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce.

16 Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.

17 Mas a misericórdia do Senhor é desde a eternidade e até a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos;

18 Sobre aqueles que guardam a sua aliança, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprir.

19 ¶ O Senhor tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.

20 Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, vós que excedeis em força, que guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra.

21 Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais o seu beneplácito.

22 Bendizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio; bendize, ó minha alma, ao Senhor.

Salmos 104

1 ¶ Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.

2 Ele se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina.

3 Põe nas águas as vigas das suas câmaras; faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento.

4 Faz dos seus anjos espíritos, dos seus ministros um fogo abrasador.

5 Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum.

6 Tu a cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes.

7 À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão se apressaram.

8 Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste.

9 Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra.

10 ¶ Tu, que fazes sair as fontes nos vales, as quais correm entre os montes.

11 Dão de beber a todo o animal do campo; os jumentos monteses matam a sua sede.

12 Junto delas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os ramos.

13 Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra farta-se do fruto das suas obras.

14 Faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão,

15 E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.

16 As árvores do Senhor fartam-se de seiva, os cedros do Líbano que ele plantou,

17 Onde as aves se aninham; quanto à cegonha, a sua casa é nas faias.

18 Os altos montes são para as cabras monteses, e os rochedos são refúgio para os coelhos.

19 ¶ Designou a lua para as estações; o sol conhece o seu ocaso.

20 Ordenas a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animais da selva.

21 Os leõezinhos bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento.

22 Nasce o sol e logo se acolhem, e se deitam nos seus covis.

23 Então sai o homem à sua obra e ao seu trabalho, até à tarde.

24 Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.

25 Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais pequenos e grandes.

26 Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar.

27 Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno.

28 Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens.

29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó.

30 Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.

31 ¶ A glória do Senhor durará para sempre; o Senhor se alegrará nas suas obras.

32 Olhando ele para a terra, ela treme; tocando nos montes, logo fumegam.

33 Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência.

34 A minha meditação acerca dele será suave; eu me alegrarei no Senhor.

35 Desapareçam da terra os pecadores, e os ímpios não sejam mais. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Louvai ao Senhor.

Salmos 105

1 ¶ Louvai ao SENHOR, e invocai o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos.

2 Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; falai de todas as suas maravilhas.

3 Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor.

4 Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente.

5 Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca;

6 Vós, semente de Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos.

7 Ele é o Senhor nosso Deus; os seus juízos estão em toda a terra.

8 ¶ Lembrou-se da sua aliança para sempre, da palavra que mandou a milhares de gerações.

9 A qual aliança fez com Abraão, e o seu juramento a Isaque.

10 E confirmou o mesmo a Jacó por lei, e a Israel por aliança eterna,

11 Dizendo: A ti darei a terra de Canaã, a região da vossa herança.

12 Quando eram poucos homens em número, sim, mui poucos, e estrangeiros nela;

13 Quando andavam de nação em nação e dum reino para outro povo;

14 Não permitiu a ninguém que os oprimisse, e por amor deles repreendeu a reis, dizendo:

15 Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.

16 Chamou a fome sobre a terra, quebrantou todo o sustento do pão.

17 Mandou perante eles um homem, José, que foi vendido por escravo;

18 Cujos pés apertaram com grilhões; foi posto em ferros;

19 Até ao tempo em que chegou a sua palavra; a palavra do Senhor o provou.

20 Mandou o rei, e o fez soltar; o governador dos povos, e o soltou.

21 Fê-lo senhor da sua casa, e governador de toda a sua fazenda;

22 Para sujeitar os seus príncipes a seu gosto, e instruir os seus anciãos.

23 Então Israel entrou no Egito, e Jacó peregrinou na terra de Cão.

24 E aumentou o seu povo em grande maneira, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos.

25 ¶ Virou o coração deles para que odiassem o seu povo, para que tratassem astutamente aos seus servos.

26 Enviou Moisés, seu servo, e Arão, a quem escolhera.

27 Mostraram entre eles os seus sinais e prodígios, na terra de Cão.

28 Mandou trevas, e a fez escurecer; e não foram rebeldes à sua palavra.

29 Converteu as suas águas em sangue, e matou os seus peixes.

30 A sua terra produziu rãs em abundância, até nas câmaras dos seus reis.

31 Falou ele, e vieram enxames de moscas e piolhos em todo o seu termo.

32 Converteu as suas chuvas em saraiva, e fogo abrasador na sua terra.

33 Feriu as suas vinhas e os seus figueirais, e quebrou as árvores dos seus termos.

34 Falou ele e vieram gafanhotos e pulgão sem número.

35 E comeram toda a erva da sua terra, e devoraram o fruto dos seus campos.

36 Feriu também a todos os primogênitos da sua terra, as primícias de todas as suas forças.

37 E tirou-os para fora com prata e ouro, e entre as suas tribos não houve um só fraco.

38 O Egito se alegrou quando eles saíram, porque o seu temor caíra sobre eles.

39 Estendeu uma nuvem por coberta, e um fogo para iluminar de noite.

40 Oraram, e ele fez vir codornizes, e os fartou de pão do céu.

41 Abriu a penha, e dela correram águas; correram pelos lugares secos, como um rio.

42 Porque se lembrou da sua santa palavra, e de Abraão, seu servo.

43 E tirou dali o seu povo com alegria, e os seus escolhidos com regozijo.

44 E deu-lhes as terras dos gentios; e herdaram o trabalho dos povos;

45 Para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor.

Salmos 106

1 ¶ Louvai ao SENHOR. Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.

2 Quem pode contar as obras poderosas do Senhor? Quem anunciará os seus louvores?

3 Bem-aventurados os que guardam o juízo, o que pratica justiça em todos os tempos.

4 Lembra-te de mim, Senhor, segundo a tua boa vontade para com o teu povo; visita-me com a tua salvação.

5 Para que eu veja os bens de teus escolhidos, para que eu me alegre com a alegria da tua nação, para que me glorie com a tua herança.

6 ¶ Nós pecamos como os nossos pais, cometemos a iniqüidade, andamos perversamente.

7 Nossos pais não entenderam as tuas maravilhas no Egito; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias; antes o provocaram no mar, sim no Mar Vermelho.

8 Não obstante, ele os salvou por amor do seu nome, para fazer conhecido o seu poder.

9 Repreendeu, também, o Mar Vermelho, e este se secou, e os fez caminhar pelos abismos como pelo deserto.

10 E os livrou da mão daquele que os odiava, e os remiu da mão do inimigo.

11 E as águas cobriram os seus adversários; nem um só deles ficou.

12 Então creram nas suas palavras, e cantaram os seus louvores.

13 ¶ Porém cedo se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho.

14 Mas deixaram-se levar à cobiça no deserto, e tentaram a Deus na solidão.

15 E ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou magreza às suas almas.

16 E invejaram a Moisés no campo, e a Arão, o santo do Senhor.

17 Abriu-se a terra, e engoliu a Datã, e cobriu o grupo de Abirão.

18 E um fogo se acendeu no seu grupo; a chama abrasou os ímpios.

19 Fizeram um bezerro em Horebe e adoraram a imagem fundida.

20 E converteram a sua glória na figura de um boi que come erva.

21 Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que fizera grandezas no Egito,

22 Maravilhas na terra de Cão, coisas tremendas no Mar Vermelho.

23 Por isso disse que os destruiria, não houvesse Moisés, seu escolhido, ficado perante ele na brecha, para desviar a sua indignação, a fim de não os destruir.

24 Também desprezaram a terra aprazível; não creram na sua palavra.

25 Antes murmuraram nas suas tendas, e não deram ouvidos à voz do Senhor.

26 Por isso levantou a sua mão contra eles, para os derrubar no deserto;

27 Para derrubar também a sua semente entre as nações, e espalhá-los pelas terras.

28 Também se juntaram com Baal-Peor, e comeram os sacrifícios dos mortos.

29 Assim o provocaram à ira com as suas invenções; e a peste rebentou entre eles.

30 Então se levantou Finéias, e fez juízo, e cessou aquela peste.

31 E isto lhe foi contado como justiça, de geração em geração, para sempre.

32 Indignaram-no também junto às águas da contenda, de sorte que sucedeu mal a Moisés, por causa deles;

33 Porque irritaram o seu espírito, de modo que falou imprudentemente com seus lábios.

34 ¶ Não destruíram os povos, como o Senhor lhes dissera.

35 Antes se misturaram com os gentios, e aprenderam as suas obras.

36 E serviram aos seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço.

37 Demais disto, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios,

38 E derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e de suas filhas que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi manchada com sangue.

39 Assim se contaminaram com as suas obras, e se corromperam com os seus feitos.

40 Então se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, de modo que abominou a sua herança.

41 E os entregou nas mãos dos gentios; e aqueles que os odiavam se assenhorearam deles.

42 E os seus inimigos os oprimiram, e foram humilhados debaixo das suas mãos.

43 Muitas vezes os livrou, mas o provocaram com o seu conselho, e foram abatidos pela sua iniqüidade.

44 Contudo, atendeu à sua aflição, ouvindo o seu clamor.

45 E se lembrou da sua aliança, e se arrependeu segundo a multidão das suas misericórdias.

46 Assim, também fez com que deles tivessem misericórdia os que os levaram cativos.

47 Salva-nos, Senhor nosso Deus, e congrega-nos dentre os gentios, para que louvemos o teu nome santo, e nos gloriemos no teu louvor.

48 Bendito seja o Senhor Deus de Israel, de eternidade em eternidade, e todo o povo diga: Amém. Louvai ao Senhor.

 

Salmos 107

1 ¶ Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre.

2 Digam-no os remidos do Senhor, os que remiu da mão do inimigo,

3 E os que congregou das terras do oriente e do ocidente, do norte e do sul.

4 Andaram desgarrados pelo deserto, por caminhos solitários; não acharam cidade para habitarem.

5 Famintos e sedentos, a sua alma neles desfalecia.

6 E clamaram ao Senhor na sua angústia, e os livrou das suas dificuldades.

7 E os levou por caminho direito, para irem a uma cidade de habitação.

8 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

9 Pois fartou a alma sedenta, e encheu de bens a alma faminta.

10 ¶ Tal como a que se assenta nas trevas e sombra da morte, presa em aflição e em ferro;

11 Porquanto se rebelaram contra as palavras de Deus, e desprezaram o conselho do Altíssimo.

12 Portanto, lhes abateu o coração com trabalho; tropeçaram, e não houve quem os ajudasse.

13 Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e os livrou das suas dificuldades.

14 Tirou-os das trevas e sombra da morte; e quebrou as suas prisões.

15 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

16 Pois quebrou as portas de bronze, e despedaçou os ferrolhos de ferro.

17 ¶ Os loucos, por causa da sua transgressão, e por causa das suas iniqüidades, são aflitos.

18 A sua alma aborreceu toda a comida, e chegaram até às portas da morte.

19 Então clamaram ao Senhor na sua angústia, e ele os livrou das suas dificuldades.

20 Enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua destruição.

21 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

22 E ofereçam os sacrifícios de louvor, e relatem as suas obras com regozijo.

23 ¶ Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes águas.

24 Esses vêem as obras do Senhor, e as suas maravilhas no profundo.

25 Pois ele manda, e se levanta o vento tempestuoso que eleva as suas ondas.

26 Sobem aos céus; descem aos abismos, e a sua alma se derrete em angústias.

27 Andam e cambaleiam como ébrios, e perderam todo o tino.

28 Então clamam ao Senhor na sua angústia; e ele os livra das suas dificuldades.

29 Faz cessar a tormenta, e acalmam-se as suas ondas.

30 Então se alegram, porque se aquietaram; assim os leva ao seu porto desejado.

31 Louvem ao Senhor pela sua bondade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens.

32 Exaltem-no na congregação do povo, e glorifiquem-no na assembléia dos anciãos.

33 ¶ Ele converte os rios em um deserto, e as fontes em terra sedenta;

34 A terra frutífera em estéril, pela maldade dos que nela habitam.

35 Converte o deserto em lagoa, e a terra seca em fontes.

36 E faz habitar ali os famintos, para que edifiquem cidade para habitação;

37 E semeiam os campos e plantam vinhas, que produzem fruto abundante.

38 Também os abençoa, de modo que se multiplicam muito; e o seu gado não diminui.

39 Depois se diminuem e se abatem, pela opressão, e aflição e tristeza.

40 Derrama o desprezo sobre os príncipes, e os faz andar desgarrados pelo deserto, onde não há caminho.

41 Porém livra ao necessitado da opressão, em um lugar alto, e multiplica as famílias como rebanhos.

42 Os retos o verão, e se alegrarão, e toda a iniqüidade tapará a boca.

43 Quem é sábio observará estas coisas, e eles compreenderão as benignidades do Senhor.

Sl 108

108 (107) HINO E SÚPLICA (Sl 57,8-1260,7-14)

Este salmo colectivo de súplica vê o destino do povo ligado ao da cidade de Sião, onde assenta o santuário de Deus. Dali se afirma o domínio sobre as terras à volta. Os v.2-67 coincidem com o Sl 57,8-12; e os v.9-14 aparecem em Sl 60,7-14. Deus é chamado “Elohim” e não Javé, como nos salmos 57 e 60. Isso significa que esta versão deve ser mais tardia.

 

1Cântico. Salmo de David.
2Ó Deus, o meu coração está firme;
quero cantar e salmodiar, ó minha glória!
3Despertai, harpa e cítara!
Quero despertar a aurora!
4Hei-de louvar-te, SENHOR, entre os povos,
hei-de cantar-te salmos entre as nações;
5pois o teu amor é mais alto que o céu
e a tua fidelidade chega até às nuvens.
6Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza,
e sobre a terra, a tua glória!
7Para que os teus amigos sejam libertados,
salva-nos com a tua mão direita e responde-nos!
8Deus falou no seu santuário:
«Com alegria dividirei Siquém
e medirei o Vale de Sucot!
9É minha a terra de Guilead e a terra de Manassés.
Efraim é o elmo da minha cabeça e Judá, o meu ceptro real.
10Moab é a bacia em que Eu me lavo,
sobre Edom porei as minhas sandálias
e cantarei vitória sobre a Filisteia.»
11Quem me conduzirá à cidade fortificada?
Quem me guiará até Edom?
12Quem senão Tu, ó Deus, que nos rejeitaste
e já não vais à frente dos nossos exércitos?
13Concede-nos ajuda na tribulação,
porque é vão qualquer socorro humano.
14Com a ajuda de Deus, faremos proezas;
Ele calcará aos pés os nossos inimigos.

Sl 109

109 (108) PRECE CONTRA OS INIMIGOS

Este salmo individual de súplica toma como motivo acusações infundadas de pessoas que lhe pagam o bem com o mal (v.2-5). Os v.6-8 contêm a reacção quase primária contra os referidos ataques, invocando castigos contra os seus inimigos. Estes versículos são, ao mesmo tempo, exemplo de imprecações feitas em elevado estilo literário. Nos v.21-31 o salmista atinge a serenidade de uma oração que exprime a sua confiança em Deus.

 

1Ao director do coro. De David. Salmo.
Ó Deus, a quem eu louvo,
não fiques em silêncio.
2Pois abriram a boca contra mim,
com fraudes e traições,
e falaram de mim com linguagem mentirosa.
3Cercam-me com palavras de ódio,
atacam-me sem razão.
4Em paga do meu amor, acusam-me;
mas eu entrego-me à oração.
5Pagam-me o bem com o mal,
o amor com o ódio.
6Eles dizem: «Suscita contra ele um homem mau
e à sua direita esteja um acusador.
7Quando for julgado, saia condenado,
e, na sua apelação, resulte incriminado.
8Sejam abreviados os seus dias
e outro ocupe o seu lugar.
9Que os seus filhos fiquem órfãos
e a sua mulher fique viúva!
10Que os seus filhos andem errantes a mendigar
e sejam expulsos das suas casas em ruína.
11Que o credor lhe tire todos os seus haveres
e os estranhos lhe arrebatem o fruto do seu trabalho.
12Que ninguém tenha compaixão dele,
nem dos seus filhos órfãos.
13Que seja exterminada a sua descendência
e seja apagado o seu nome numa geração.
14Que o SENHOR conserve na sua lembrança
a culpa de seus pais
e jamais se apague o pecado de sua mãe.
15Que tais pecados estejam sempre presentes ao SENHOR
e que Ele faça desaparecer da terra a sua memória.
16Pois esse homem nunca pensou em usar de misericórdia,
mas perseguiu o pobre e o desvalido
e empurrou para a morte o aflito de coração.
17Amou a maldição: que ela caia sobre ele!
Desprezou a bênção: que ela o abandone!
18Revestiu-se da maldição como de um manto:
que ela penetre nas suas entranhas como água
e, como azeite, nos seus ossos;
19seja para ele como um vestido a envolvê-lo
e a apertá-lo como uma cinta.»
20Que o SENHOR castigue assim os meus caluniadores
e os que falam mal de mim.
21Mas Tu, SENHOR, meu Deus,
por amor do teu nome, ajuda-me.
Salva-me, pela tua bondade e misericórdia!
22Porque estou pobre e aflito,
e tenho o coração angustiado dentro de mim.
23Desfaleço como a sombra que declina;
vejo-me enxotado como um gafanhoto.
24Os meus joelhos vacilam de tanto jejuar
e o meu corpo definha de magreza.
25Tornei-me para eles objecto de desprezo;
ao verem-me, abanam a cabeça.
26Socorre-me, SENHOR, meu Deus;
salva-me, pela tua bondade.
27Para que saibam que és Tu o meu salvador,
que foste Tu, SENHOR, que assim fizeste.
28Eles poderão amaldiçoar-me, mas Tu abençoas-me.
Que os meus inimigos se cubram de confusão
e que o teu servo se regozije.
29Que os meus inimigos se encham de vergonha;
que a sua confusão os cubra como um manto.
30Agradecerei bem alto ao SENHOR
e louvá-lo-ei no meio da multidão.
31Porque Ele é o defensor do pobre;
salva-o dos que o querem condenar.

Sl 110

110 (109) PROMESSAS DE DEUS AO SEU UNGIDO (24589)

Salmo real. Sublinha bem as relações da realeza com a vida religiosa e cultual de Israel. O «meu senhor» (v.1) refere-se ao rei. Já é mais difícil de saber a época em que terá sido composto. Há quem pense que pode ser muito antigo, próximo da instalação da Arca da aliança em Jerusalém, no tempo de David. Segundo outros, algumas das ideias messiânicas que ligam realeza e sacerdócio poderiam indiciar a composição em época tardia. Este salmo foi muito utilizado nos primeiros tempos do cristianismo pelas suas ressonâncias messiânicas.

 

1De David. Salmo.
Disse o SENHOR ao meu senhor:
«Senta-te à minha direita,
e Eu farei dos teus inimigos
um estrado para os teus pés.»
2De Sião, o SENHOR estenderá o ceptro do teu poder.
Dominarás os teus inimigos na batalha!
3A tua família é de nobres,
desde o dia em que nasceste;
no esplendor do santuário,
das entranhas da madrugada,
como orvalho, Eu te gerei.
4O SENHOR jurou e não voltará atrás:
«Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec.»
5O Senhor está à tua direita;
Ele esmagará os reis, no dia da sua ira;
6julgará as nações:
amontoará cadáveres e esmagará cabeças
pela vastidão da terra.
7No caminho, beberá da torrente;
e, logo a seguir, erguerá a cabeça.
18Cumprirei as minhas promessas feitas ao SENHOR
na presença de todo o seu povo,
19nos átrios da casa do SENHOR,
no meio de ti, Jerusalém!
Aleluia!