Misericórdia foi o foco da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, um dia depois da abertura do Ano Santo dedicado ao tema
Jéssica Marçal Da Redação
Papa quer que, no Ano Santo, todos possam fazer experiência da misericórdia de Deus / Foto: Reprodução CTV
A Igreja católica já vive o Ano da Misericórdia. Nesta quarta-feira, 9, no Vaticano, o tradicional encontro do Papa com os fiéis teve como foco essa temática: na catequese, Papa Francisco explicou o significado desse Ano Santo, destacando o chamado urgente a viver a misericórdia no mundo de hoje.
“Não digo: é bom para a Igreja este momento extraordinário…não, não! Digo: a Igreja precisa desse momento extraordinário”, disse o Papa referindo-se ao Ano da Misericórdia, que começou nesta terça-feira, 8, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro.
Francisco enfatizou o sentido desse Ano Santo: um tempo favorável para contemplar a misericórdia divina que ultrapassa qualquer limite humano. Mas esse período só será realmente favorável se as pessoas escolherem o que agrada a Deus: perdoar seus filhos, usar de misericórdia para com eles para que possam ser misericordiosos para com os outros.
Seja na sociedade, no trabalho e até mesmo na família, a humanidade precisa urgentemente de misericórdia, disse o Santo Padre. Alguns podem até dizer que há problemas mais urgentes para serem resolvidos e Francisco reconhece isso, mas lembrou que na raiz da falta de misericórdia está o amor próprio.
“No mundo, isso toma a forma da busca exclusiva dos próprios interesses, dos prazeres e honras unidos à vontade de acumular riquezas, enquanto na vida dos cristãos se disfarça muitas vezes de hipocrisia e mundanidade. Todas essas coisas são contrárias à misericórdia”.
Por isso mesmo, Francisco destacou a necessidade das pessoas reconhecerem seus pecados para experimentarem a misericórdia de Deus. “É necessário reconhecer ser pecador para reforçar em nós a certeza da misericórdia divina”. E ele ensinou uma oração simples para que se faça isso diariamente: “Senhor, eu sou um pecador, eu sou uma pecadora, venha com a sua misericórdia”.
O Santo Padre disse que seu desejo nesse Ano Santo é que cada um faça experiência da misericórdia divina. Aos olhos do homem, disse, pode até parecer ingênuo pensar que isso possa mudar o mundo, mas aquilo que é fraqueza de Deus é mais forte que o homem.
Na devoção à Divina Misericórdia a prática das Obras de Misericórdia quer corporais quer espirituais são muito importantes.
Sem a confiança na Misericórdia e sem a prática das obras de Misericórdia pedidas por Jesus não existe uma verdadeira devoção à Misericórdia. "Se por teu intermédio peço aos homens o culto à Minha Misericórdia, por tua vez deves ser a primeira a distinguir-te pela confiança na Minha Misericórdia. Estou exigindo de ti atos de misericórdia, que devem decorrer do amor para comigo…".Eu te indico três maneiras de praticar a misericórdia para com o próximo: a primeira é a ação, a segunda a palavra e a terceira a oração. "(D. 742)
As obras de misericórdia, segundo Catecismo de São Pio X
Obra de misericórdia é aquela com que se socorre o nosso próximo nas suas necessidades corporais ou espirituais.
As obras de misericórdia são quatorze: sete corporais e sete espirituais, conforme são corporais ou espirituais as necessidades que se socorrem.
As obras de misericórdia corporais são:
1ª Dar de comer a quem tem fome;
2ª Dar de beber a quem tem sede;
3ª Vestir os nus;
4ª Dar pousada aos peregrinos;
5ª Assistir aos enfermos;
6ª Visitar os presos;
7ª Enterrar os mortos.
As obras de misericórdia espirituais são:
1ª Dar bom conselho;
2ª Ensinar os ignorantes;
3ª Corrigir os que erram;
4ª Consolar os aflitos;
5ª Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.
(Catecismo de S. Pio X. Capítulo IV. "Das obras de misericórdia")
Cada um dentro de suas possibilidades e dons, pode em diversos momentos da vida fazer obras de misericórdia.
Para uns é mais fácil visitar enfermos, para outros é mais fácil ensinar os ignorantes. Mas para todos em alguma fase da vida surgirão os momentos de "perdoar as injúrias" e "sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo".
No Diário de Santa Faustina algo nos chama a atenção: "O Amor é a flor e a Misericórdia é o fruto".
Todo ato de amor resulta em misericórdia, não há como fugir desta verdade!
O menor ato de amor que você praticar, terá como resultado a misericórdia!
Praticar, obras de Misericórdia, é amar concretamente a Jesus nos irmãos. Que recompensa há em amar somente aos que nos amam? Por isso, todos são incluídos nesta condição. Ame os que te perseguem, os que te caluniam, os que não gostam de você, etc. Seus gestos de amor transformarão os corações: primeiro o seu, e em conseqüência, o do próximo!
As mudanças serão apresentadas em documento produzido por comissão nomeada pelo Vaticano
Durante a 15ª Congregação da Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, na quinta-feira, 22, o papa Francisco anunciou a criação de um novo dicastério. A decisão une dois Pontifícios Conselhos, conforme explicou o pontífice.
“Decidi instituir um novo Dicastério com competência em relação aos leigos, à família e à vida, que substituirá o Pontifício Conselho para os Leigos e o Pontifício Conselho para a Família, e ao qual será anexada a Pontifícia Academia para a Vida”.
O Pontifício Conselho para os Leigos foi aprovado pelo papa Paulo VI, em 6 de janeiro de 1967, com o Motu ProprioCatholicam Christi Ecclesiam. A instituição do Pontifício Conselho para a Família ocorreu por decisão do papa João Paulo II com o Motu ProprioFamilia a Deo Instituta, em 1981, substituindo o Comitê para a Família.
Para o novo dicastério ainda serão produzidos os regimentos e indicação dos membros. “A esse propósito, constituí uma comissão para tal que providenciará a redação de um texto que determine canonicamente as competências do novo Dicastério, que será submetido à discussão do Conselho de Cardeais, que se realizará no mês de dezembro próximo”, disse o papa Francisco.
CNBB com informações da Rádio Vaticano.
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Por que comprar no mercadinho da esquina
Comprar uma cerveja na esquina de casa ou almoçar por 15 reais em um restaurante do seu bairro tem um valor que vai além de apenas suprir suas necessidades. Esse é o conceito do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ao elaborar o "Movimento Compre do Pequeno Negócio", lançado nesta quarta-feira 5.
A reportagem é de Felipe Campos Mello, publicada por CartaCapital, 07-08-2015.
“Ele é perto da sua casa, o dinheiro fica no seu bairro e gera empregos. É o motor da economia e, quando analisado o conjunto, possui uma amplitude econômica importantíssima.”, explica Luiz Barretto, Presidente da entidade. Para ele, a concepção de pequeno negócio ainda é muito vaga para sociedade brasileira.
“A ideia é juntar um ato de cidadania com um ato de mercado, que faça o consumidor entender porque é importante comprar de uma pequena empresa”, afirmou Barretto. O quadro maior do setor dá uma dimensão mais ampla do conceito da campanha: mais de 17 milhões de brasileiros vivem com carteira assinada por uma pequena empresa, e o setor responde a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em São Paulo, já são mais de 2,7 milhões de micro e pequenas empresas.
Crise econômica
Paulo Solmucci, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (entidade que também apoia a medida), falou sobre o momento econômico do país: “evidentemente a crise existe. Em alguns segmentos e localidades, ela é muito intensa, mas quando você olha o Brasil como um todo, ela não tem a força que os jornais falam. A grande maioria do nosso setor, os pequenos estabelecimentos, estão crescendo até 15 %.”
A opinião converge com a análise de Barretto, presidente do Sebrae. Para ele, o momento é de crise mas também de oportunidade. “Nós vivemos um ano de ajuste, de dificuldade, mas a pequena empresa continua gerando emprego. O saldo do primeiro semestre de 2015 é positivo, entre janeiro e 31 de junho foram geradas 116 mil vagas, muito mais do que as médias e grandes empresas. Estas, por sua vez, apresentaram um saldo negativo em torno de 450 mil vagas."
A presidenta da Associação Brasileira de Franchising, Maria Cristina Franco, seguiu na mesma linha: afirmou que ofranchising, presente em 37% dos municípios brasileiros, fechará o ano de 2015 com um crescimento entre 7,5% a 9%.
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Leia-o e deixe que ele ecoe em você.
Prestem atenção, vocês que dominam os povos e estão orgulhosos pelo grande número de súditos. O poder de vocês vem do Senhor, e o domínio vem do Altíssimo. Ele examinará as obras que vocês praticarem e sondará as intenções que vocês têm. Os pequenos serão perdoados com misericórdia, mas os poderosos serão examinados com rigor. O Senhor de todos não recua diante de ninguém, nem se impressiona com a grandeza, porque ele criou tanto o pequeno como o grande, e a sua providência é igual para todos. (Sb 6,2-3.6-7)
Fonte: IHUnisinos
PJs lançam subsídio de estudos para a Semana do Estudante 2015
Com o tema: “Juventude, escola e sociedade: uma ciranda de vida” e o lema: “Democratização da Informação em defesa da cultura de paz”, a atividade traz a iluminação bíblica, “Onde está o teu irmão?” (Gn 4, 9), refletindo a mídia e o espaço de comunicação como necessários para a promoção de uma cultura do bem viver, que valorize todos os homens e mulheres em sua dignidade. O material é composto por uma roda de conversa, uma roteiro para encontro, uma proposta de ação de concreta e um Ofício Divino para celebrar as ações desenvolvidas. Mobilize seu grupo e faça ecoar o grito da Juventude na defesa de uma cultura de paz! O material é fruto do trabalho das Pastorais da Juventude: Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude Estudantil (PJE).
Papa deixa condecorações aos pés de Nossa Senhora de Copacabana
Papa deixou a máxima condecoração da Bolívia, a medalha Condor dos Andes, e a distinção Luis Espinal aos pés da Padroeira da Bolívia - REUTERS
10/07/2015 21:04
Santa Cruz de la Sierra (RV) - Durante a missa privada celebrada, na manhã desta sexta-feira (10/07), na capela da residência arquiepiscopal de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o Papa confiou à Virgem de Copacabana, Padroeira da Nação, as duas condecorações a ele outorgadas pelo Presidente da Bolívia, Evo Morales.
Durante o ato, Francisco disse que o presidente do País, num gesto de cordialidade teve a delicadeza de oferecer-lhe duas condecorações em nome do povo boliviano. “Agradeço o carinho do povo boliviano e agradeço esta fineza, esta delicadeza do presidente. Deixo estas duas condecorações à Padroeira da Bolívia, à Mãe desta nobre nação para que Ela se lembre sempre de seu povo, do Sucessor de Pedro e toda a Igreja, e cuide da Bolívia”, frisou o Papa.
Pedido
O Pontífice pediu a Nossa Senhora que, do seu Santuário em Copacabana, ouça os apelos e as necessidades de seus filhos, especialmente os mais pobres e abandonados, e que os proteja. O Papa pediu à Padroeira da Bolívia para que esses reconhecimentos, que deixou no País aos seus pés, “recordem a nobreza do voo do Condor nos céus do Andes e o sacrifício do jesuíta Pe. Luis Espinal, e sejam símbolos de amor perene e gratidão perseverante do povo boliviano às suas solicitações e forte ternura”.
Francisco colocou no coração de Maria as suas orações pelos muitos pedidos que ele recebeu nesses dias. Pediu ainda a Nossa Senhora que escute e conforte o coração de seus filhos e que manifeste a toda Bolívia sua ternura de mulher e Mãe de Deus. (MJ)
Discurso del Papa el encuentro con los movimientos populares en Bolivia
SANTA CRUZ 09 de julho 15 / 19:31 (CNA) .- O Papa Francisco deu um longo discurso na reunião com movimentos populares reunidos nesta cidade boliviana. Segue-se o texto completo sobre as (itálico indicam as palavras do Santo Padre improvisados):
Irmãos, irmãs. Boa tarde a todos.
Há alguns meses que nos conhecemos em Roma e eu apresento esse primeiro nossa reunião. Durante este tempo eu ter realizado no meu coração e nas minhas orações. Fico feliz em vê-lo novamente aqui, discutindo as melhores maneiras de superar as graves situações de injustiça sofrida excluídos em todo o mundo. Obrigado Sr. presidente Evo Morales para tão decididamente acompanhar esta reunião.
Desta vez, em Roma sentiu algo muito bonito: fraternidade, garra, entrega, sede de justiça. Hoje, em Santa Cruz de la Sierra, mais uma vez eu sinto o mesmo. Obrigado por isso. Tenho também conhecido pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz Cardeal Turkson presidirá, que muitos na Igreja que estão mais próximos dos movimentos populares. Estou tão feliz! Veja a Igreja de abrir a todos vocês, para se envolver, acompanhar e sistematizar alcançados em cada diocese, cada Comissão de Justiça e Paz, um real, permanentes e movimentos populares comprometidos com portas de colaboração. Eu convido todos vós, Bispos, sacerdotes e leigos, com as organizações sociais em periferias urbanas e rurais, para aprofundar o encontro.
Deus nos permite reunir novamente hoje. A Bíblia nos lembra que Deus ouve os clamores de seu povo e eu também queria juntar a minha voz à vossa ", o famoso Três T": terra, habitação e emprego para todos os nossos irmãos e irmãs. Eu disse e repito: estas são direitos sagrados. Vale a pena, vale a pena lutar. O Grito dos Excluídos ouviu na América Latina e em todo o país.
Em primeiro lugar.
1. Vamos começar por reconhecer que precisamos de uma mudança. Quero esclarecer, para que não haja mal-entendido, eu falo sobre os problemas comuns de toda a América Latina e, geralmente, também de toda a humanidade. Problemas que têm uma matriz global e hoje nenhum Estado pode resolver por conta própria. Eu fiz este esclarecimento, proponho que nós começamos a estas perguntas:
- Será que reconhecer que as coisas não estão indo bem em um mundo onde há tantos camponeses sem terra, muitas famílias sem-teto, muitos trabalhadores sem direitos, muitas pessoas feridas na sua dignidade?
- Reconhecemos que as coisas não estão indo bem quando explodem muitas guerras sem sentido ea violência fratricida leva segurar nossos bairros? Nós reconhecemos que as coisas não estão indo bem quando o solo, água, ar e todos os seres criados estão sob ameaça constante?
Por isso, vamos dizer sem medo: necessidade e querem uma mudança.
Você -em suas cartas e nossa, reuniões, eu relatei várias exclusões e injustiças sofridas em cada atividade de negócio, em cada bairro, em cada território. Eles são muitos e tão diversas como as suas muitas e diversas formas de enfrentamento. Há, no entanto, um fio invisível que liga cada uma dessas exclusões, podemos reconhecê-lo? Porque não é questões isoladas. Gostaria de saber se podemos reconhecer que estas realidades destrutivas responder a um sistema que se tornou global. Será que reconhecer que este sistema impôs a lógica do lucro a qualquer custo, sem pensar sobre a exclusão social ou a destruição da natureza?
Se assim for, de novo, digamos sem medo: queremos mudar, a mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema não se sustenta mais, não suportar os camponeses, os trabalhadores não podem suportar isso, não suportar comunidades As pessoas não resistem ... E nem detém Terra, Irmã Mãe Terra como San Francisco, disse.
Queremos uma mudança em nossas vidas, em nossos bairros, no pagamento menino, a nossa realidade mais próxima; também uma mudança que toca o mundo inteiro porque a interdependência global de hoje exige respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, nascida dos Povos eo pobre cresce, você deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença.
Hoje eu gostaria de refletir com vocês sobre a mudança que queremos e precisamos. Eles sabem que recentemente escreveu sobre os problemas das alterações climáticas. Mas desta vez, eu quero falar sobre uma mudança na outra direção. Uma mudança positiva, uma mudança que nos torna bons, uma mudança que pode dizer- redentor. Porque precisamos dele.
Eu sei que você procure uma mudança e não apenas você: nas várias reuniões nas várias viagens eu descobri que há uma expectativa, uma pesquisa forte, um anseio de mudança para todos os povos do mundo. Mesmo dentro dessa minoria em extinção que acreditam beneficiar deste sistema e, sobretudo, Rainha insatisfação tristeza. Muitos esperam uma mudança que o lançamento deste tristeza individualista que escraviza.
Eventualmente, irmãos, irmãs, o tempo parece estar em execução; Ele não atingiu a luta entre nós, mas nós ensinamos fundamental para a nossa casa. Hoje, a comunidade científica aceita o que você faz, desde denunciou os pobres: eles estão produzindo danos talvez irreversíveis ao ecossistema.
Ele está castigando a terra, o povo e os povos de quase selvagemente. E depois de tanta dor, tanta morte e destruição, o cheiro de que Basílio de Cesaréia chamado "cheiro de esterco do diabo". Ambição desenfreada que rege dinheiro. Isso é esterco do diabo. O serviço para o bem comum é relegado. Quando o capital torna-se ídolo e direciona as escolhas dos seres humanos, quando ganância para toda a proteção do sistema socioeconômico dinheiro, arruinando a sociedade condena o homem, torna-se um escravo, destrói fraternidade inter-humana contra rostos nação e, como se vê, até mesmo ameaçando esta nossa casa comum.
Eu não quero alongar descrevendo os efeitos nocivos desta ditadura sutil: você conhecê-los. Também não é suficiente para apontar as causas estruturais do drama social e ambiental contemporânea. Sofremos alguns overdiagnosis que às vezes leva a um pessimismo charlatão ou chafurdar na negativa. Vendo a crônica negra de cada dia, acreditamos que não há nada que você pode fazer, mas cuidar de si mesmo e do pequeno círculo da família e dos afetos.
O que posso fazer, catadores, provador, limpador, reciclagem enfrentando muitos problemas se eu ganhar só para comer? O que posso fazer artesão, vendedor ambulante, veículo, trabalhador excluído se eles nem sequer têm direitos trabalhistas? O que posso fazer, camponesas, indígenas, pescadores dificilmente pode resistir a escravização de grandes corporações? O que posso fazer da minha aldeia, minha cabana, a minha cidade, o meu dia favela quando estou discriminados e marginalizados? O que pode esse estudante, esse jovem, que missionária militante chutando as favelas e lugares com um coração cheio de sonhos, mas quase nenhuma solução para os seus problemas?
Eles podem fazer muito. Eles podem fazer muito. Você, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, e pode fazer muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está em grande parte nas mãos, em sua capacidade de organizar e promover alternativas criativas na busca diária por "três T", certo? (Trabalho, moradia, terra) e também, na sua participação activa na grande mudança processa Alterações nacionais, regionais mudanças e mudanças globais. Não encolher!
2. Você é semeadores de mudança. Aqui na Bolívia, ouvi uma frase que eu gosto: "processo de mudança". O concebida não como algo que um dia ele ganhou porque esta ou aquela escolha política ou porque este ou aquele estabelecido mudança da estrutura social. Dolorosamente sei que uma mudança das estruturas não é acompanhada por uma conversão sincera das atitudes do coração e termina no longo ou curto por burocratizada, corrupta e sucumbem.
Então, eu gosto tanto a imagem do processo, processos, onde a paixão para plantar, regar com calma para que os outros vão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todo o espaço disponível e poder ver resultados imediatos. A opção é para o processo de geração e não para ocupar espaços. Cada um de nós é apenas parte de um todo complexo e diversificado interagindo ao longo do tempo: as pessoas que lutam por significado, por fim, para viver com dignidade, para "viver bem". Dignidade, nesse sentido.
Você, a partir dos movimentos populares, assumir as tarefas sempre motivadas pelo amor fraterno que se revela contra a injustiça social. Quando olhamos para o rosto do sofrimento, o rosto do camponês ameaçado, o trabalhador excluídos, oprimidos desabrigados família indígena, migrante perseguidos, os jovens desempregados, a criança explorada, a mãe que perdeu seu filho em um tiro porque o bairro foi tomado por tráfico de drogas, o pai que perdeu sua filha porque ele foi submetido à escravidão; quando nos lembramos daqueles "rostos e os nomes» Estremecemos intestino contra a dor e somos movidos ... Todos nós somos movidos porque "temos visto e ouvido" as estatísticas não frio, mas as feridas da humanidade que sofre, nossas feridas, a nossa carne. Isso é muito diferente da teorização abstrata ou elegante indignação. Ele nos toca, nos move e olhar para o outro para mover juntos. Essa emoção feito acção comunitária não é entendida apenas com a razão: ele tem uma maior sensação de que apenas as pessoas entendem e dá seus verdadeiros movimentos populares místicas particulares.
Você viver cada dia, embebido em tempestade nó humano. Falei de seus casos, eu fiz parte de suas lutas e de Buenos Aires e eu lhe agradeço. Vocês, queridos irmãos, muitas vezes trabalhando em pequenas, no próximo, na realidade injusta imposta a eles e que não se resignam, opondo resistência ativa para o sistema idólatra que exclui, degrada e mata.
Tenho vindo a trabalhar incansavelmente pela terra e camponês agricultura, através dos seus territórios e das comunidades, para a dignidade da economia popular, integração urbana das suas vilas, para a auto-ajuda habitação e desenvolvimento de infra-estrutura de vizinhança, e em muitos actividades comunitárias que tendem à reafirmação de algo tão básico e inegavelmente necessário como o direito de 'os três T "terra, habitação e trabalho.
Esse apego ao bairro, à terra, ao comércio, à união, que reconheceu no rosto do outro, a proximidade do dia, suas misérias, porque não, nós os temos e seu heroísmo diário, é o que faz exercício mandamento do amor, não por idéias ou conceitos, mas de encontro genuíno entre as pessoas, precisamos estabelecer a cultura da reunião porque nem a conceitos ou idéias amor; as pessoas adoram.
Entrega, entrega vem verdadeiros homens de amor e mulheres, crianças e idosos e comunidades ... rostos e nomes que enchem o coração. A partir dessas sementes de esperança plantadas pacientemente nos subúrbios esquecidos do planeta, esses surtos de ternura lutando para sobreviver na escuridão da exclusão, as grandes árvores crescem, haverá densas florestas esperança oxygenate para este mundo.
Vejo com alegria que você trabalha nos próximos surtos, que cuidam; mas, ao mesmo tempo, com uma perspectiva mais ampla, protegendo as árvores. Trabalhando em uma perspectiva que não se dirige apenas a realidade sectorial que cada um de vocês representa e que é feliz entrincheirados, mas também procurar resolver os problemas de raiz gerais de pobreza, desigualdade e exclusão.
Confio-vos por isso. É imperativo que, juntamente com reivindicando os seus direitos legítimos, povos e organizações sociais construir uma alternativa humana à globalização exclusiva. Você está semeadores de mudança. Que Deus dê-lhes coragem, alegria, perseverança e paixão para continuar a semeadura. Tenha a certeza de que, mais cedo ou mais tarde vamos ver os frutos.
Os líderes pedir-lhes para ser criativo e nunca perder a sua fixação ao próximo, porque o pai da mentira conhecidos usurpar palavras nobres, promover modas intelectuais e adotar poses ideológicas, mas se você construir em bases sólidas, nas necessidades reais e vidas de seus irmãos, camponeses e trabalhadores indígenas excluídos e famílias marginalizadas, com certeza eles não vão experiência errado.
A Igreja não pode e não deve ser alheio a este processo no Evangelho. Muitos sacerdotes e agentes pastorais têm uma enorme tarefa para acompanhar e promover os excluídos em todo o mundo, ao lado de cooperativas, promovendo o empreendedorismo, a construção de casas, trabalhando desinteressadamente nas áreas de saúde, esporte e educação. Estou convencido de que a cooperação amistosa com os movimentos populares pode aumentar esses esforços e reforçar os processos de mudança.
E nós temos sempre presente no coração da Virgem Maria, uma menina humilde de uma pequena aldeia perdida na periferia de um grande império, mãe desabrigados foi capaz de transformar um animal caverna na casa de Jesus com algumas fraldas e uma montanha ternura. Maria é um sinal de esperança para as pessoas que sofrem com dores de parto até que a justiça surto. Eu rezar para a Virgem tão venerada pelo povo boliviano para deixar esta reunião ser fermento nossa troca. O tempo de padre falando parece certo? Nããão (responder a todos).
3. Por fim, gostaria de pensar juntos algumas tarefas importantes para este momento histórico, porque queremos uma mudança positiva para o bem de todos os nossos irmãos e irmãs, nós sabemos disso. Queremos uma mudança que é enriquecido com o esforço conjunto de governos, movimentos de base e outras forças sociais, sabemos que também. Mas não é tão fácil de definir o conteúdo da alteração, sem dúvida, o programa social que reflete o projeto de fraternidade e justiça que esperamos que não é fácil de definir.
Nesse sentido, não espere que este Papa receita médica. Nem o Papa nem a Igreja tem o monopólio da interpretação da realidade social e propor soluções para os problemas contemporâneos. Eu diria que não há uma receita. A história é construída pelas gerações que ocorrem dentro das pessoas que ir à procura de sua própria maneira e respeitando os valores que Deus colocou em seu coração.
Gostaria, no entanto, propor três tarefas principais que exigem o apoio decisivo de todos os movimentos populares:
3.1. A primeira tarefa é colocar a economia a serviço dos povos: os seres humanos ea natureza não deve estar a serviço do dinheiro. Diga NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, onde rainha dinheiro em vez de servir. Ele mata a economia. Que exclui economia. Essa economia destrói a Mãe Terra.
A economia não deve ser um mecanismo de acumulação, mas a boa administração da casa comum. Isso significa que guardam zelosamente a casa e corretamente distribuir os produtos entre todos. Sua finalidade é não só para garantir alimento ou uma "vida decente". Mesmo que já é um grande passo, garantir o acesso aos "três T" para o qual você luta. A economia verdadeiramente UE poderia dizer uma economia de Christian, que deve garantir a prosperidade dos povos dignidade sem isentando qualquer bom "(1) A última frase disse o Papa João XXIII, há 50 anos. Jesus diz no Evangelho que quem dar espontaneamente um copo de água quando sedento serão recebidos no reino dos céus. Isto significa que "os três T", mas também o acesso à educação, saúde, inovação, eventos artísticos e culturais, comunicação, esportes e recreação.
A economia justa deve criar as condições para que todos possam desfrutar de uma infância sem lacunas, desenvolver seus talentos na juventude, trabalho com direitos totais durante os anos de actividade e de acesso a uma aposentadoria decente na velhice. É uma economia em que o ser humano em harmonia com a natureza, estrutura de todo o sistema de produção e distribuição para as capacidades e necessidades de cada encontrar um canal adequado no ser social. Você, e outras pessoas, este resumo saudade de uma maneira simples e bela: "viver bem". Isso não é o mesmo que ver a vida.
Esta economia não é apenas necessária, mas também desejável e possível. Não é uma utopia ou uma fantasia. É uma perspectiva extremamente realista. Nós podemos fazer isso. Os recursos disponíveis no mundo, o resultado do trabalho intergeracional das pessoas e os dons da criação, são mais do que suficiente para o desenvolvimento integral de "todos os homens e todo o homem." (2)
O problema, no entanto, é uma outra. Um sistema para outros fins. Um sistema que, além de irresponsável acelerar o ritmo de produção, bem como a implementação de métodos na indústria e na agricultura prejudicando a Mãe Terra para o bem da "produtividade", continua negando bilhões de irmãos económicas o mais básico, social e cultural. Esse sistema de alerta contra o projeto de Jesus. Contra a Boa Nova que Jesus trouxe.
A distribuição equitativa dos frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia. É um dever moral. Para os cristãos, o fardo é ainda mais forte: é um mandamento. Isso é para dar de volta para os pobres e as pessoas o que lhes pertence.
O destino universal dos bens não é uma doutrina social católica motivo discursiva. Ele é um ex-realidade à propriedade privada. A propriedade, sobretudo quando se trata de recursos naturais, deve ser sempre baseada nas necessidades das pessoas. E estas necessidades não são limitados ao consumo. Não apenas deixar cair algumas gotas quando pobre agitando o copo, que nunca derrama sozinho. Planos de saúde que servem certo de emergência só deve ser pensado, respostas temporárias de curto prazo. Eles nunca podem substituir o real inclusão: o que dá trabalho decente, livre, criativo, participativo e de solidariedade.
E, desta forma, os movimentos populares têm um papel essencial, não apenas exigente e exigente, mas essencialmente criando. Vocês são criadores de emprego poetas sociais, construtores, produtores de alimentos, especialmente para descartada pelo mercado mundial.
Conheço sobre diferentes experiências em que os trabalhadores se uniram em cooperativas e outras formas de organização comunitária conseguiu criar um trabalho onde havia apenas restos economia idólatra e viu que alguns estão aqui. As empresas recuperadas, os sindicatos livres e papelão são exemplos dessa economia popular decorrentes da exclusão, pouco a pouco, com esforço e paciência, solidariedade toma formas que dignificam. E quão diferente é que não devolvido ao mar pelo mercado formal a ser explorados como escravos!
Os governos assumiram a possuir a tarefa de colocar a economia a serviço das pessoas deve promover o reforço, melhoria, coordenação e expansão destas formas de economia popular e produção comunitária.
Isso envolve a melhoria dos processos de trabalho, fornecendo infra-estrutura adequada e garantir direitos para os trabalhadores neste sector alternativa. Quando as organizações estatais e sociais assumir a missão juntos "os três T 'os princípios da solidariedade e da subsidiariedade que permitirá a construção do bem comum em uma democracia plena e participativa são ativados.
3.2. A segunda tarefa, havia 3, é para unir nossos povos no caminho da paz e da justiça.
Os povos do mundo querem ser artífices do seu próprio destino. Eles querem mover-se pacificamente marcha em direção à justiça. Eles não querem tutela ou interferência, onde o mais forte quanto mais fraco subordinado. Eles querem que seus cultura, linguagem, processos sociais e tradições religiosas são respeitadas.
Nenhum poder factual ou constituída tem o direito de privar os países pobres do pleno exercício da sua soberania e, quando o fazem, vemos novas formas de colonialismo que afectam seriamente as chances de paz e de justiça, porque "a paz se funda não apenas na respeito pelos direitos humanos, mas também os direitos dos povos particularmente o direito à independência "(3)
Os povos da América Latina dolorosamente parido independência política e, desde então, levar quase dois séculos de uma história dramática cheia de contradições e tentando ganhar a independência total.
Nos últimos anos, depois de tantos mal-entendidos, muitos países latino-americanos têm visto crescer a fraternidade entre os povos. Os governos da região uniram forças para impor a sua soberania, cada país e da região como um todo, que tão maravilhosamente, como nossos antepassados, o chamado "Pátria Grande". Peço-vos, irmãos e irmãs de movimentos populares, de cuidar e aumentá-la nessa unidade. Manter a unidade contra todas as tentativas de dividir é necessário para a região a crescer em paz e justiça.
Apesar destes avanços, ainda existem fatores que comprometem o desenvolvimento humano eqüitativo e restringir a soberania dos países da "Pátria Grande" e no resto do mundo. O novo colonialismo adota diferentes fachadas. Às vezes, é o poder anônimo do dinheiro ídolo: corporações, os credores, alguns tratados chamados "livre comércio" ea imposição de "austeridade" sempre ajustar o cinto dos trabalhadores e dos pobres.
Bispos latino-americanos denunciam muito claramente no documento de Aparecida quando afirmam que "as instituições financeiras e as empresas transnacionais, a ponto de subordinar a fortalecer as economias locais, especialmente o enfraquecimento dos Estados, que estão cada vez mais impotente para trazer projetos de desenvolvimento para servir as suas populações. " Até agora a nomeação. (4) Em outras vezes, sob o disfarce nobre da luta contra a corrupção, o tráfico de drogas ou terrorismo Graves males do nosso tempo que exigem ação internacional coordinada- ver que impõe medidas Unidos que pouco têm a ver com a resolução destes problemas e, muitas vezes torna as coisas piores.
Da mesma forma, a concentração monopolista dos meios de comunicação que pretende impor alienantes padrões de consumo e certa uniformidade cultural é outra forma a adoção do novo colonialismo. É o colonialismo ideológico. Como os bispos da África dizer, muitas vezes, é para converter as peças dos países pobres de uma máquina e uma engrenagem gigante. " (5)
É certo que nenhum dos grandes problemas da humanidade pode ser resolvido sem a interação entre Estados e povos de todo o mundo. Qualquer ato realizado em uma grande parte do planeta afeta todos os termos econômicos, ecológicos, sociais e culturais. Para o crime ea violência se tornaram globalizado. Portanto, nenhum governo pode agir fora de uma responsabilidade comum.
Se quisermos realmente uma mudança positiva, devemos humildemente levar a nossa interdependência, ou seja, a nossa interdependência saudável. Mas a interação não é sinônimo de tributação, não subordinação de uma em função dos interesses dos outros. Colonialismo, novos e antigos, para reduzir países pobres a meros fornecedores de matérias-primas e mão de obra barata, gera a violência, a pobreza, a migração forçada e todos os males que vêm juntos ... precisamente porque, colocando a periferia pelo centro negado o direito a um desenvolvimento integral. E que os irmãos é a desigualdade ea desigualdade gera violência que nenhum policial, militar ou recursos de inteligência capaz de parar.
Diga NÃO, em seguida, para antigas e novas formas de colonialismo. Diga SIM ao encontro entre povos e culturas. Bem-aventurados os pacificadores.
E aqui eu quero me debruçar sobre uma questão importante. Porque pode-se dizer com a lei, que "quando o Papa fala de colonialismo esquecer certas ações da Igreja." Eu digo, infelizmente temos muitos pecados graves cometidos contra os povos nativos da América em nome de Deus. Reconheceram os meus predecessores, ele disse que o CELAM Conselho Episcopal Latino-Americano e eu também quero dizer. Como João Paulo II rezo para que a Igreja e passo a citar o que disse que "deve ajoelhar-se diante de Deus e implore o perdão para o pecados passados e presentes dos seus filhos" (6). E eu quero dizer a você, deixe-me ser muito claro, como foi João Paulo II humildemente pedir perdão, não só para os crimes da própria Igreja, mas para crimes contra os povos indígenas durante a chamada conquista da América.
E junto com este pedido de desculpas e para ser justo eu também quero lembrar os milhares de sacerdotes, bispos, que foram fortemente opostas à lógica da espada com o poder da cruz. Não havia pecado e enchimento mas não peço desculpas e peço desculpas por isso, mas também não havia muita pecado, a graça aumentou os homens daqueles povos nativos. Peço também a todos, crentes e não crentes, a ser acordado por muitos bispos, sacerdotes e leigos que pregaram e pregam as boas novas de Jesus com coragem e gentileza, respeito e paz; Eu quero lembrar as freiras que anonimamente irá favelas trazendo uma mensagem de paz e dignidade, que passam por esta vida parou obras de promoção humana e de amor em movimento, muitas vezes com os povos indígenas ou que acompanham o próprios movimentos populares até o martírio.
A Igreja, seus filhos são uma parte da identidade dos povos da América Latina. Identidade que, tanto aqui como em outros países alguns poderes estão determinados a apagar, talvez porque nossa fé é revolucionário, porque a nossa fé desafia a tirania do dinheiro ídolo. Hoje vemos com horror como no Oriente Médio e em outros lugares são perseguidos, torturados, muitos são nossos irmãos assassinados por sua fé em Jesus. Também devemos denunciar: nesta terceira guerra mundial em parcelas que estamos vivendo, há uma espécie de -fuerzo a palavra genocídio deve parar.
Os irmãos e irmãs do movimento indígena latino-americana, deixe-me expressar a minha mais profunda afeição e felicitar encontrar o conjunto dos seus povos e culturas, o que eu chamo de poliedro, uma forma de convivência em que as partes mantêm a sua construção de identidade junto a pluralidade não Atencioso, mas fortalece a unidade. Sua busca para que o multiculturalismo combinando reafirmação dos direitos dos povos indígenas no que diz respeito à integridade territorial dos Estados nos enriquece e fortalece a todos nós.
3. 3. A terceira tarefa, talvez a mais importante que tomamos hoje é defender a Mãe Terra.
A casa comum de todos nós está sendo saqueado, devastada, humilhado com impunidade. Covardia em sua defesa é um pecado grave. Vemos um crescente decepção após o outro sem grandes cimeiras internacionais ocorrer resultado. Há um imperativo ético clara, definida e urgente de agir que não está sendo atendida. Você não pode permitir que certos interesses que são globais, mas não universal-imposto, em Estados e organizações internacionais e continuam a destruir a criação.
Povos e seus movimentos são chamados para chorar, para mobilizar, para exigir -pacífica urgente, mas obstinadamente ação apropriada. Peço-lhe, em nome de Deus, para defender a Mãe Terra. Sobre este assunto eu adequadamente expressa na Carta Encíclica Laudato se 'eles pensam que será dado após a conclusão. Eu tenho duas páginas e meia em esta citação, mas (como curto o suficiente (verifique e desaparecidos)
4. Por último, gostaria de dizer mais uma vez: o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes líderes, grandes poderes e elites. É principalmente nas mãos dos Povos; na sua capacidade de organizar e em suas mãos regadas com humildade e convicção, neste processo de mudança. Acompanho. E todos juntos dizer do coração: não há desabrigados família, não há camponês sem terra, não há trabalhadores sem direitos, sem soberania nenhum povo, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, qualquer idade, sem uma velhice venerável .
Manter a luta e por favor, cuide bem da Mãe Terra. Rezo por vós, rezo com você e quero pedir ao nosso Pai Deus para estar com vocês e os abençôo enchê-los com o seu amor e defendê-los da maneira que abundantemente dando força que nos mantém indo: que a força é a esperança, e Uma coisa importante a esperança que não desilude, obrigado.
E, por favor, eu peço que vocês orem por mim. E se algum de vocês não podem orar, com todo o respeito, peço que eu acho bem e me mandar boas vibrações.
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(1) João XXIII, Carta Encíclica. Mater et Magistra (15 de maio de 1961), 3: AAS 53 (1961), 402.
(2) Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio, n. 14.
(3) Pontifício Conselho "Justiça e Paz", Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 157.
(4) V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (2007), Comunicado Final, Aparecida, 66
(5) João Paulo II, Exortação Apostólica. um p. Sinodal Ecclesia in Africa (14 de Setembro 1995), 52: AAS 88 (1996), 32-33; Id., Carrinho de enc. Sollicitudo rei socialis (30 de dezembro de 1987), 22: AAS 80 (1988), 539.
(6) João Paulo II, Bula Incarnationis mysterium 11.
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SANTA CRUZ, 09 Jul. 15 / 07:31 pm (ACI).- El Papa Francisco pronunció un extenso discurso en el encuentro con los movimientos populares reunidos en esta ciudad boliviana. A continuación el texto completo del mismo (las cursivas indican las palabras que improvisó el Santo Padre):
Hermanos, hermanas. Buenas tardes a todos.
Hace algunos meses nos reunimos en Roma y tengo presente ese primer encuentro nuestro. Durante este tiempo los he llevado en mi corazón y en misoraciones. Me alegra verlos de nuevo aquí, debatiendo los mejores caminos para superar las graves situaciones de injusticia que sufren los excluidos en todo el mundo. Gracias Señor Presidente Evo Morales por acompañar tan decididamente este Encuentro.
Aquella vez en Roma sentí algo muy lindo: fraternidad, garra, entrega, sed de justicia. Hoy, en Santa Cruz de la Sierra, vuelvo a sentir lo mismo. Gracias por eso. También he sabido por medio del Pontificio Consejo Justicia y Paz que preside el Cardenal Turkson, que son muchos en la Iglesia los que se sienten más cercanos a los movimientos populares. ¡Me alegra tanto! Ver la Iglesia con las puertas abiertas a todos Ustedes, que se involucre, acompañe y logre sistematizar en cada diócesis, en cada Comisión de Justicia y Paz, una colaboración real, permanente y comprometida con los movimientos populares. Los invito a todos, Obispos, sacerdotes y laicos, junto a las organizaciones sociales de las periferias urbanas y rurales, a profundizar ese encuentro.
Dios permite que hoy nos veamos otra vez. La Biblia nos recuerda que Dios escucha el clamor de su pueblo y quisiera yo también volver a unir mi voz a la de Ustedes: “Las famosas tres T”: tierra, techo y trabajo para todos nuestros hermanos y hermanas. Lo dije y lo repito: son derechos sagrados. Vale la pena, vale la pena luchar por ellos. Que el clamor de los excluidos se escuche en América Latina y en toda la tierra.
Primero de todo.
1. Empecemos reconociendo que necesitamos un cambio. Quiero aclarar, para que no haya malos entendidos, que hablo de los problemas comunes de todos los latinoamericanos y, en general también de toda la humanidad. Problemas que tienen una matriz global y que hoy ningún Estado puede resolver por sí mismo. Hecha esta aclaración, propongo que nos hagamos estas preguntas:
- ¿Reconocemos que las cosas no andan bien en un mundo donde hay tantos campesinos sin tierra, tantas familias sin techo, tantos trabajadores sin derechos, tantas personas heridas en su dignidad?
- ¿Reconocemos que las cosas no andan bien cuando estallan tantas guerras sin sentido y la violencia fratricida se adueña hasta de nuestros barrios? ¿Reconocemos que las cosas no andan bien cuando el suelo, el agua, el aire y todos los seres de la creación están bajo permanente amenaza?
Entonces, digámoslo sin miedo: necesitamos y queremos un cambio.
Ustedes –en sus cartas y en nuestros encuentros– me han relatado las múltiples exclusiones e injusticias que sufren en cada actividad laboral, en cada barrio, en cada territorio. Son tantas y tan diversas como tantas y diversas sus formas de enfrentarlas. Hay, sin embargo, un hilo invisible que une cada una de esas exclusiones, ¿podemos reconocerlo? Porque no se trata de cuestiones aisladas. Me pregunto si somos capaces de reconocer que estas realidades destructoras responden a un sistema que se ha hecho global. ¿Reconocemos que este sistema ha impuesto la lógica de las ganancias a cualquier costo sin pensar en la exclusión social o la destrucción de la naturaleza?
Si esto así, insisto, digámoslo sin miedo: queremos un cambio, un cambio real, un cambio de estructuras. Este sistema ya no se aguanta, no lo aguantan los campesinos, no lo aguantan los trabajadores, no lo aguantan las comunidades, no lo aguantan los Pueblos… Y tampoco lo aguanta la Tierra, la hermana Madre Tierra como decía San Francisco.
Queremos un cambio en nuestras vidas, en nuestros barrios, en el pago chico, en nuestra realidad más cercana; también un cambio que toque al mundo entero porque hoy la interdependencia planetaria requiere respuestas globales a los problemas locales. La globalización de la esperanza, que nace de los Pueblos y crece entre los pobres, debe sustituir esta globalización de la exclusión y la indiferencia.
Quisiera hoy reflexionar con Ustedes sobre el cambio que queremos y necesitamos. Saben que escribí recientemente sobre los problemas del cambio climático. Pero, esta vez, quiero hablar de un cambio en el otro sentido. Un cambio positivo, un cambio que nos haga bien, un cambio –podríamos decir– redentor. Porque lo necesitamos.
Sé que Ustedes buscan un cambio y no sólo ustedes: en los distintos encuentros, en los distintos viajes he comprobado que existe una espera, una fuerte búsqueda, un anhelo de cambio en todos los Pueblos del mundo. Incluso dentro de esa minoría cada vez más reducida que cree beneficiarse con este sistema reina la insatisfacción y especialmente la tristeza. Muchos esperan un cambio que los libere de esa tristeza individualista que esclaviza.
El tiempo, hermanos, hermanas, el tiempo parece que se estuviera agotando; no alcanzó el pelearnos entre nosotros, sino que hasta nos ensañamos con nuestra casa. Hoy la comunidad científica acepta lo que hace, ya desde hace mucho tiempo denuncian los humildes: se están produciendo daños tal vez irreversibles en el ecosistema.
Se está castigando a la tierra, a los pueblos y las personas de un modo casi salvaje. Y detrás de tanto dolor, tanta muerte y destrucción, se huele el tufo de eso que Basilio de Cesarea llamaba «el estiércol del diablo». La ambición desenfrenada de dinero que gobierna. Ese es el estiércol del diablo. El servicio para el bien común queda relegado. Cuando el capital se convierte en ídolo y dirige las opciones de los seres humanos, cuando la avidez por el dinero tutela todo el sistema socioeconómico, arruina la sociedad, condena al hombre, lo convierte en esclavo, destruye la fraternidad interhumana, enfrenta pueblo contra pueblo y, como vemos, incluso pone en riesgo esta nuestra casa común.
No quiero extenderme describiendo los efectos malignos de esta sutil dictadura: ustedes los conocen. Tampoco basta con señalar las causas estructurales del drama social y ambiental contemporáneo. Sufrimos cierto exceso de diagnóstico que a veces nos lleva a un pesimismo charlatán o a regodearnos en lo negativo. Al ver la crónica negra de cada día, creemos que no hay nada que se puede hacer salvo cuidarse a uno mismo y al pequeño círculo de la familia y los afectos.
¿Qué puedo hacer yo, cartonero, catadora, pepenador, recicladora frente a tantos problemas si apenas gano para comer? ¿Qué puedo hacer yo artesano, vendedor ambulante, transportista, trabajador excluido si ni siquiera tengo derechos laborales? ¿Qué puedo hacer yo, campesina, indígena, pescador que apenas puedo resistir el avasallamiento de las grandes corporaciones? ¿Qué puedo hacer yo desde mi villa, mi chabola, mi población, mi rancherío cuando soy diariamente discriminado y marginado? ¿Qué puede hacer ese estudiante, ese joven, ese militante, ese misionero que patea las barriadas y los parajes con el corazón lleno de sueños pero casi sin ninguna solución para sus problemas?
Pueden hacer mucho. Pueden hacer mucho. Ustedes, los más humildes, los explotados, los pobres y excluidos, pueden y hacen mucho. Me atrevo a decirles que el futuro de la humanidad está, en gran medida, en sus manos, en su capacidad de organizarse y promover alternativas creativas, en la búsqueda cotidiana de «las tres T» ¿De acuerdo? (trabajo, techo, tierra) y también, en su participación protagónica en los grandes procesos de cambio, Cambios nacionales, cambios regionales y cambios mundiales. ¡No se achiquen!
2. Ustedes son sembradores de cambio. Aquí en Bolivia he escuchado una frase que me gusta mucho: «proceso de cambio». El cambio concebido no como algo que un día llegará porque se impuso tal o cual opción política o porque se instauró tal o cual estructura social. Dolorosamente sabemos que un cambio de estructuras que no viene acompañado de una sincera conversión de las actitudes y del corazón termina a la larga o a la corta por burocratizarse, corromperse y sucumbir.
Por eso me gusta tanto la imagen del proceso, los procesos, donde la pasión por sembrar, por regar serenamente lo que otros verán florecer, remplaza la ansiedad por ocupar todos los espacios de poder disponibles y ver resultados inmediatos. La opción es por generar proceso y no por ocupar espacios. Cada uno de nosotros no es más que parte de un todo complejo y diverso interactuando en el tiempo: pueblos que luchan por una significación, por un destino, por vivir con dignidad, por «vivir bien». Dignamente, en ese sentido.
Ustedes, desde los movimientos populares, asumen las labores de siempre motivados por el amor fraterno que se revela contra la injusticia social. Cuando miramos el rostro de los que sufren, el rostro del campesino amenazado, del trabajador excluido, del indígena oprimido, de la familia sin techo, del migrante perseguido, del joven desocupado, del niño explotado, de la madre que perdió a su hijo en un tiroteo porque el barrio fue copado por el narcotráfico, del padre que perdió a su hija porque fue sometida a la esclavitud; cuando recordamos esos «rostros y esos nombres» se nos estremecen las entrañas frente a tanto dolor y nos conmovemos… Todos nos conmovemos, porque «hemos visto y oído», no la fría estadística sino las heridas de la humanidad doliente, nuestras heridas, nuestra carne. Eso es muy distinto a la teorización abstracta o la indignación elegante. Eso nos conmueve, nos mueve y buscamos al otro para movernos juntos. Esa emoción hecha acción comunitaria no se comprende únicamente con la razón: tiene un plus de sentido que sólo los pueblos entienden y que da su mística particular a los verdaderos movimientos populares.
Ustedes viven cada día, empapados, en el nudo de la tormenta humana. Me han hablado de sus causas, me han hecho parte de sus luchas ya desde Buenos Aires y yo se los agradezco. Ustedes, queridos hermanos, trabajan muchas veces en lo pequeño, en lo cercano, en la realidad injusta que se les impuso y a la que no se resignan, oponiendo una resistencia activa al sistema idolátrico que excluye, degrada y mata.
Los he visto trabajar incansablemente por la tierra y la agricultura campesina, por sus territorios y comunidades, por la dignificación de la economía popular, por la integración urbana de sus villas, por la autoconstrucción de viviendas y el desarrollo de infraestructura barrial, y en tantas actividades comunitarias que tienden a la reafirmación de algo tan elemental e innegablemente necesario como el derecho a «las tres T»: tierra, techo y trabajo.
Ese arraigo al barrio, a la tierra, al oficio, al gremio, ese reconocerse en el rostro del otro, esa proximidad del día a día, con sus miserias porque las hay, las tenemos y sus heroísmos cotidianos, es lo que permite ejercer el mandato del amor, no a partir de ideas o conceptos sino a partir del encuentro genuino entre personas, necesitamos instaurar esta cultura del encuentro porque ni los conceptos ni las ideas se aman; se aman las personas.
La entrega, la verdadera entrega surge del amor a hombres y mujeres, niños y ancianos, pueblos y comunidades… rostros y nombres que llenan el corazón. De esas semillas de esperanza sembradas pacientemente en las periferias olvidadas del planeta, de esos brotes de ternura que lucha por subsistir en la oscuridad de la exclusión, crecerán árboles grandes, surgirán bosques tupidos de esperanza para oxigenar este mundo.
Veo con alegría que ustedes trabajan en lo cercano, cuidando los brotes; pero, a la vez, con una perspectiva más amplia, protegiendo la arboleda. Trabajan en una perspectiva que no sólo aborda la realidad sectorial que cada uno de ustedes representa y a la que felizmente está arraigado, sino que también buscan resolver de raíz los problemas generales de pobreza, desigualdad y exclusión.
Los felicito por eso. Es imprescindible que, junto a la reivindicación de sus legítimos derechos, los Pueblos y sus organizaciones sociales construyan una alternativa humana a la globalización excluyente. Ustedes son sembradores del cambio. Que Dios les dé coraje, alegría, perseverancia y pasión para seguir sembrando. Tengan la certeza que tarde o temprano vamos de ver los frutos.
A los dirigentes les pido: sean creativos y nunca pierdan el arraigo a lo cercano, porque el padre de la mentira sabe usurpar palabras nobles, promover modas intelectuales y adoptar poses ideológicas, pero si ustedes construyen sobre bases sólidas, sobre las necesidades reales y la experiencia viva de sus hermanos, de los campesinos e indígenas, de los trabajadores excluidos y las familias marginadas, seguramente no se van a equivocar.
La Iglesia no puede ni debe ser ajena a este proceso en el anuncio del Evangelio. Muchos sacerdotes y agentes pastorales cumplen una enorme tarea acompañando y promoviendo a los excluidos en todo el mundo, junto a cooperativas, impulsando emprendimientos, construyendo viviendas, trabajando abnegadamente en los campos de la salud, el deporte y la educación. Estoy convencido que la colaboración respetuosa con los movimientos populares puede potenciar estos esfuerzos y fortalecer los procesos de cambio.
Y tengamos siempre presente en el corazón a la Virgen María, una humilde muchacha de un pequeño pueblo perdido en la periferia de un gran imperio, una madre sin techo que supo transformar una cueva de animales en la casa de Jesús con unos pañales y una montaña de ternura. María es signo de esperanza para los pueblos que sufren dolores de parto hasta que brote la justicia. Yo rezo a la virgen tan venerada por el pueblo boliviano para que permita que este Encuentro nuestro sea fermento de cambio. El cura habla largo parece ¿no? Nooo (responden todos).
3. Por último quisiera que pensemos juntos algunas tareas importantes para este momento histórico, porque queremos un cambio positivo para el bien de todos nuestros hermanos y hermanas, eso lo sabemos. Queremos un cambio que se enriquezca con el trabajo mancomunado de los gobiernos, los movimientos populares y otras fuerzas sociales, eso también lo sabemos. Pero no es tan fácil definir el contenido del cambio, podría decirse, el programa social que refleje este proyecto de fraternidad y justicia que esperamos, no es fácil de definir.
En ese sentido, no esperen de este Papa una receta. Ni el Papa ni la Iglesia tienen el monopolio de la interpretación de la realidad social ni la propuesta de soluciones a los problemas contemporáneos. Me atrevería a decir que no existe una receta. La historia la construyen las generaciones que se suceden en el marco de pueblos que marchan buscando su propio camino y respetando los valores que Dios puso en el corazón.
Quisiera, sin embargo, proponer tres grandes tareas que requieren el decisivo aporte del conjunto de los movimientos populares:
3.1. La primera tarea es poner la economía al servicio de los Pueblos: Los seres humanos y la naturaleza no deben estar al servicio del dinero. Digamos NO a una economía de exclusión e inequidad donde el dinero reina en lugar de servir. Esa economía mata. Esa economía excluye. Esa economía destruye la Madre Tierra.
La economía no debería ser un mecanismo de acumulación sino la adecuada administración de la casa común. Eso implica cuidar celosamente la casa y distribuir adecuadamente los bienes entre todos. Su objeto no es únicamente asegurar la comida o un “decoroso sustento”. Ni siquiera, aunque ya sería un gran paso, garantizar el acceso a «las tres T» por las que ustedes luchan. Una economía verdaderamente comunitaria, podría decir, una economía de inspiración cristiana, debe garantizar a los pueblos dignidad «prosperidad sin exceptuar bien alguno» (1) Esta última frase la dijo el Papa Juan XXIII hace 50 años. Jesús dice en el evangelio que aquel que le dé espontáneamente un vaso de agua cuando tiene sed será acogido en el reino de los cielos. Esto implica «las tres T» pero también acceso a la educación, la salud, la innovación, las manifestaciones artísticas y culturales, la comunicación, el deporte y la recreación.
Una economía justa debe crear las condiciones para que cada persona pueda gozar de una infancia sin carencias, desarrollar sus talentos durante la juventud, trabajar con plenos derechos durante los años de actividad y acceder a una digna jubilación en la ancianidad. Es una economía donde el ser humano en armonía con la naturaleza, estructura todo el sistema de producción y distribución para que las capacidades y las necesidades de cada uno encuentren un cauce adecuado en el ser social. Ustedes, y también otros pueblos, resumen este anhelo de una manera simple y bella: «vivir bien». Que no es lo mismo que ver pasar la vida.
Esta economía no es sólo deseable y necesaria sino también posible. No es una utopía ni una fantasía. Es una perspectiva extremadamente realista. Podemos lograrlo. Los recursos disponibles en el mundo, fruto del trabajo intergeneracional de los pueblos y los dones de la creación, son más que suficientes para el desarrollo integral de «todos los hombres y de todo el hombre». (2)
El problema, en cambio, es otro. Existe un sistema con otros objetivos. Un sistema que además de acelerar irresponsablemente los ritmos de la producción, además de implementar métodos en la industria y la agricultura que dañan la Madre Tierra en aras de la «productividad», sigue negándoles a miles de millones de hermanos los más elementales derechos económicos, sociales y culturales. Ese sistema atenta contra el proyecto de Jesús. Contra la Buena Noticia que trajo Jesús.
La distribución justa de los frutos de la tierra y el trabajo humano no es mera filantropía. Es un deber moral. Para los cristianos, la carga es aún más fuerte: es un mandamiento. Se trata de devolverles a los pobres y a los pueblos lo que les pertenece.
El destino universal de los bienes no es un adorno discursivo de la doctrina social de la Iglesia. Es una realidad anterior a la propiedad privada. La propiedad, muy en especial cuando afecta los recursos naturales, debe estar siempre en función de las necesidades de los pueblos. Y estas necesidades no se limitan al consumo. No basta con dejar caer algunas gotas cuando lo pobres agitan esa copa que nunca derrama por sí sola. Los planes asistenciales que atienden ciertas urgencias sólo deberían pensarse como respuestas pasajeras,coyunturales. Nunca podrán sustituir la verdadera inclusión: ésa que da el trabajo digno, libre, creativo, participativo y solidario.
Y en este camino, los movimientos populares tienen un rol esencial, no sólo exigiendo y reclamando, sino fundamentalmente creando. Ustedes son poetas sociales: creadores de trabajo, constructores de viviendas, productores de alimentos, sobre todo para los descartados por el mercado mundial.
He conocido de cerca distintas experiencias donde los trabajadores unidos en cooperativas y otras formas de organización comunitaria lograron crear trabajo donde sólo había sobras de la economía idolátrica y vi que algunos están aquí. Las empresas recuperadas, las ferias francas y las cooperativas de cartoneros son ejemplos de esa economía popular que surge de la exclusión y, de a poquito, con esfuerzo y paciencia, adopta formas solidarias que la dignifican. ¡Y qué distinto es eso a que los descartados por el mercado formal sean explotados como esclavos!
Los gobiernos que asumen como propia la tarea de poner la economía al servicio de los pueblos deben promover el fortalecimiento, mejoramiento, coordinación y expansión de estas formas de economía popular y producción comunitaria.
Esto implica mejorar los procesos de trabajo, proveer infraestructura adecuada y garantizar plenos derechos a los trabajadores de este sector alternativo. Cuando Estado y organizaciones sociales asumen juntos la misión de «las tres T» se activan los principios de solidaridad y subsidiariedad que permiten edificar el bien común en una democracia plena y participativa.
3.2. La segunda tarea, eran 3, es unir nuestros Pueblos en el camino de la paz y la justicia.
Los pueblos del mundo quieren ser artífices de su propio destino. Quieren transitar en paz su marcha hacia la justicia. No quieren tutelajes ni injerencias donde el más fuerte subordina al más débil. Quieren que su cultura, su idioma, sus procesos sociales y tradiciones religiosas sean respetados.
Ningún poder fáctico o constituido tiene derecho a privar a los países pobres del pleno ejercicio de su soberanía y, cuando lo hacen, vemos nuevas formas de colonialismo que afectan seriamente las posibilidades de paz y de justicia porque «la paz se funda no sólo en el respeto de los derechos del hombre, sino también en los derechos de los pueblos particularmente el derecho a la independencia» (3)
Los pueblos de Latinoamérica parieron dolorosamente su independencia política y, desde entonces llevan casi dos siglos de una historia dramática y llena de contradicciones intentando conquistar una independencia plena.
En estos últimos años, después de tantos desencuentros, muchos países latinoamericanos han visto crecer la fraternidad entre sus pueblos. Los gobiernos de la Región aunaron esfuerzos para hacer respetar su soberanía, la de cada país y la del conjunto regional, que tan bellamente, como nuestros Padres de antaño, llaman la «Patria Grande». Les pido a ustedes, hermanos y hermanas de los movimientos populares, que cuiden y acrecienten esa unidad. Mantener la unidad frente a todo intento de división es necesario para que la región crezca en paz y justicia.
A pesar de estos avances, todavía subsisten factores que atentan contra este desarrollo humano equitativo y coartan la soberanía de los países de la «Patria Grande» y otras latitudes del planeta. El nuevo colonialismo adopta diversa fachadas. A veces, es el poder anónimo del ídolo dinero: corporaciones, prestamistas, algunos tratados denominados «de libres comercio» y la imposición de medidas de «austeridad» que siempre ajustan el cinturón de los trabajadores y de los pobres.
Los obispos latinoamericanos lo denunciamos con total claridad en el documento de Aparecida cuando afirman que «las instituciones financieras y las empresas transnacionales se fortalecen al punto de subordinar las economías locales, sobre todo, debilitando a los Estados, que aparecen cada vez más impotentes para llevar adelante proyectos de desarrollo al servicio de sus poblaciones». Hasta aquí la cita. (4) En otras ocasiones, bajo el noble ropaje de la lucha contra la corrupción, el narcotráfico o el terrorismo –graves males de nuestros tiempos que requieren una acción internacional coordinada– vemos que se impone a los Estados medidas que poco tienen que ver con la resolución de esas problemáticas y muchas veces empeora las cosas.
Del mismo modo, la concentración monopólica de los medios de comunicación social que pretende imponer pautas alienantes de consumo y cierta uniformidad cultural es otra de las formas que adopta el nuevo colonialismo. Es el colonialismo ideológico. Como dicen los Obispos de África, muchas veces se pretende convertir a los países pobres en «piezas de un mecanismo y de un engranaje gigantesco». (5)
Hay que reconocer que ninguno de los graves problemas de la humanidad se puede resolver sin interacción entre los Estados y los pueblos a nivel internacional. Todo acto de envergadura realizado en una parte del planeta repercute en todo en términos económicos, ecológicos, sociales y culturales. Hasta el crimen y la violencia se han globalizado. Por ello ningún gobierno puede actuar al margen de una responsabilidad común.
Si realmente queremos un cambio positivo, tenemos que asumir humildemente nuestra interdependencia, es decir, nuestra sana interdependencia. Pero interacción no es sinónimo de imposición, no es subordinación de unos en función de los intereses de otros. El colonialismo, nuevo y viejo, que reduce a los países pobres a meros proveedores de materia prima y trabajo barato, engendra violencia, miseria, migraciones forzadas y todos los males que vienen de la mano… precisamente porque al poner la periferia en función del centro les niega el derecho a un desarrollo integral. Y eso hermanos es inequidad y la inequidad genera violencia que no habrá recursos policiales, militares o de inteligencia capaces de detener.
Digamos NO entonces a las viejas y nuevas formas de colonialismo. Digamos SÍ al encuentro entre pueblos y culturas. Felices los que trabajan por la paz.
Y aquí quiero detenerme en un tema importante. Porque alguno podrá decir, con derecho, que «cuando el Papa habla del colonialismo se olvida de ciertas acciones de la Iglesia». Les digo, con pesar: se han cometido muchos y graves pecados contra los pueblos originarios de América en nombre de Dios. Lo han reconocido mis antecesores, lo ha dicho el CELAM El Consejo Episcopal Latinoamericano y también quiero decirlo. Al igual que San Juan Pablo II pido que la Iglesia y cito lo que dijo Él «se postre ante Dios e implore perdón por los pecados pasados y presentes de sus hijos» (6). Y quiero decirles, quiero ser muy claro, como lo fue San Juan Pablo II: pido humildemente perdón, no sólo por las ofensas de la propia Iglesia sino por los crímenes contra los pueblos originarios durante la llamada conquista de América.
Y junto a este pedido de perdón y para ser justos también quiero que recordemos a millares de sacerdotes, obispos que se opusieron fuertemente a la lógica de la espada con la fuerza de la cruz. Hubo pecado y abundante, pero no pedimos perdón y por eso pido perdón, pero allí también donde hubo abundante pecado, sobreabundó la gracia a través de esos hombres de esos pueblos originarios. También les pido a todos, creyentes y no creyentes, que se acuerden de tantos Obispos, sacerdotes y laicos que predicaron y predican la buena noticia de Jesús con coraje y mansedumbre, respeto y en paz; No me quiero olvidar de las monjitas que anónimamente van a los barrios pobres llevando un mensaje de paz y dignidad, que en su paso por esta vida dejaron conmovedoras obras de promoción humana y de amor, muchas veces junto a los pueblos indígenas o acompañando a los propios movimientos populares incluso hasta el martirio.
La Iglesia, sus hijos e hijas, son una parte de la identidad de los pueblos en Latinoamérica. Identidad que tanto aquí como en otros países algunos poderes se empeñan en borrar, tal vez porque nuestra fe es revolucionaria, porque nuestra fe desafía la tiranía del ídolo dinero. Hoy vemos con espanto cómo en Medio Oriente y otros lugares del mundo se persigue, se tortura, se asesina a muchos hermanos nuestros por su fe en Jesús. Eso también debemos denunciarlo: dentro de esta tercera guerra mundial en cuotas que estamos viviendo, hay una especie de -fuerzo la palabra- genocidio en marcha que debe cesar.
A los hermanos y hermanas del movimiento indígena latinoamericano, déjenme transmitirle mi más hondo cariño y felicitarlos por buscar la conjunción de sus pueblos y culturas, eso que yo llamo poliedro, una forma de convivencia donde las partes conservan su identidad construyendo juntas la pluralidad que no atenta, sino que fortalece la unidad. Su búsqueda de esa interculturalidad que combina la reafirmación de los derechos de los pueblos originarios con el respeto a la integridad territorial de los Estados nos enriquece y nos fortalece a todos.
3. 3. Y la tercera tarea, tal vez la más importante que debemos asumir hoy, es defender la Madre Tierra.
La casa común de todos nosotros está siendo saqueada, devastada, vejada impunemente. La cobardía en su defensa es un pecado grave. Vemos con decepción creciente como se suceden una tras otra cumbres internacionales sin ningún resultado importante. Existe un claro, definitivo e impostergable imperativo ético de actuar que no se está cumpliendo. No se puede permitir que ciertos intereses –que son globales pero no universales– se impongan, sometan a los Estados y organismos internacionales, y continúen destruyendo la creación.
Los Pueblos y sus movimientos están llamados a clamar, a movilizarse, a exigir –pacífica pero tenazmente– la adopción urgente de medidas apropiadas. Yo les pido, en nombre de Dios, que defiendan a la Madre Tierra. Sobre éste tema me he expresado debidamente en la Carta Encíclica Laudato si’ que creo que les será dada al finalizar. Tengo dos páginas y media en esta cita, pero (como resumen basta (verificar y falta)
4. Para finalizar, quisiera decirles nuevamente: el futuro de la humanidad no está únicamente en manos de los grandes dirigentes, las grandes potencias y las élites. Está fundamentalmente en manos de los Pueblos; en su capacidad de organizar y también en sus manos que riegan con humildad y convicción este proceso de cambio. Los acompaño. Y cada uno Digamos juntos desde el corazón: ninguna familia sin vivienda, ningún campesino sin tierra, ningún trabajador sin derechos, ningún pueblo sin soberanía, ninguna persona sin dignidad, ningún niño sin infancia, ningún joven sin posibilidades, ningún anciano sin una venerable vejez.
Sigan con su lucha y, por favor, cuiden mucho a la Madre Tierra. Rezo por ustedes, rezo con ustedes y quiero pedirle a nuestro Padre Dios que los acompañe y los bendiga, que los colme de su amor y los defienda en el camino dándoles abundantemente esa fuerza que nos mantiene en pie: esa fuerza es la esperanza, y una cosa importante la esperanza que no defrauda, gracias.
Y, por favor, les pido que recen por mí. Y si alguno de ustedes no puede rezar, con todo respeto, les pido que me piense bien y me mande buena onda.
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(1) Juan XXIII, Carta enc. Mater et Magistra (15 mayo 1961), 3: AAS 53 (1961), 402.
(2) Pablo VI, Carta enc. Popolorum progressio, n. 14.
(3) Pontificio Consejo «Justicia y Paz», Compendio de la Doctrina Social de la Iglesia, 157.
(4) V Conferencia General del Episcopado Latinoamericano (2007), Documento Conclusivo, Aparecida, 66
(5) Juan Pablo II, Exhort. ap. postsinodal Ecclesia in Africa (14 septiembre 1995), 52: AAS 88 (1996), 32-33; Id., Cart enc. Sollicitudo rei socialis (30 diciembre 1987), 22: AAS 80 (1988), 539.
(6) Juan Pablo II, Bula Incarnationis mysterium, 11.
No terceiro dia de sua viagem apostólica ao Equador, Bolívia e Paraguai, depois da Celebração Eucarística no Parque do Bicentenário em Quito, o Papa Francisco encontrou o mundo da educação do Equador. Eis o discurso pronunciado pelo Santo Padre:
Amados Irmãos no Episcopado,
Senhor Reitor,
Distintas Autoridades,
Queridos professores e alunos,
Amigos e amigas!
Sinto grande alegria por estar convosco, nesta tarde, na Pontifícia Universidade do Equador, que, desde há quase 70 anos, cumpre e actualiza a fecunda missão educativa da Igreja ao serviço dos homens e mulheres da nação. Agradeço as amáveis palavras com que me receberam e transmitiram as preocupações e as esperanças que vos surgem ao enfrentar o desafio, pessoal e social, da educação. Contudo, vejo que há umas nuvens escuras lá no horizonte, espero que não venha uma tempestade, mas que seja só uma leve garoa.
No Evangelho, acabámos de ouvir como Jesus, o Mestre, ensinava a multidão e o pequeno grupo dos discípulos, adaptando-Se à sua capacidade de compreensão. Fazia-o com parábolas, como a do semeador (Lc 8, 4-15). O Senhor sempre foi “plástico” no modo de ensinar, de forma que todos pudessem entender. Jesus não procura «doutorear»; pelo contrário, quer chegar ao coração do homem, à sua inteligência, à sua vida e para que esta dê fruto.
A parábola do semeador fala-nos de cultivar. Mostra-nos os tipos de terra, os tipos de semente, os tipos de fruto e a relação que se gera entre eles. E, já desde o Génesis, Deus sussurra ao homem este convite: cultivar e cuidar.
Não se limita a conceder-lhe a vida; dá-lhe a terra, a criação. Não só lhe dá uma companheira e infinitas possibilidades; mas faz-lhe também um convite, dá-lhe uma missão. Convida-o a participar na sua obra criadora, dizendo: cultiva! Dou-te as sementes, dou-te a terra, a água, o sol; dou-te as tuas mãos e as dos teus irmãos. Aqui o tens; também é teu. É um presente, é um dom, é uma oferta. Não é algo de adquirido, não é algo comprado; mas antecede-nos e ficará depois de nós.
É um presente dado por Deus para, juntamente com Ele, podermos fazê-lo nosso. Deus não quer uma criação para Si, para Se ver a Si mesmo. Muito pelo contrário! A criação é um dom para ser partilhado. É o espaço que Deus nos dá, para construir conosco, para construir um nós. O mundo, a história, o tempo é o lugar onde vamos construindo esse nós com Deus, o nós com os outros, o nós com a terra. A nossa vida encerra sempre este convite, um convite mais ou menos consciente que sempre permanece.
Mas notemos uma peculiaridade. Na narração do Génesis, ao lado da palavra cultivar, aparece imediatamente outra: cuidar. Uma explica-se a partir da outra. Andam de mãos dadas. Não cultiva quem não cuida, e não cuida quem não cultiva.
Somos convidados não só a participar na obra criadora cultivando-a, fazendo-a crescer, desenvolvendo-a, mas também a cuidá-la, protegê-la, guardá-la. Hoje, este convite impõe-se-nos forçosamente. Já não como uma mera recomendação, mas como uma necessidade devido ao «mal que provocamos [à terra] por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. (…) Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados que há hoje em dia no mundo, conta-se a nossa terra oprimida e devastada» (LS 2).
Existe uma relação entre a nossa vida e a da nossa mãe terra; entre a nossa existência e o dom que Deus nos deu. «O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social» (LS 48). Ora, tal como dizemos que «se degradam», assim também podemos dizer que «se apoiam e podem transfigurar». É uma relação que encerra uma possibilidade tanto de abertura, transformação e vida, como de destruição e morte.
Uma coisa é clara! Não podemos continuar a desinteressar-nos da nossa realidade, dos nossos irmãos, da nossa mãe terra. Não nos é lícito ignorar o que está a acontecer ao nosso redor, como se determinadas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade. Não nos é lícito – mais ainda - não é humano entrar no jogo da cultura do descarte.
Não cessa de ecoar, com força, esta pergunta de Deus a Caim: «Onde está o teu irmão?» Eu me interrogo se a nossa resposta continuará a ser: «Sou, porventura, guarda de meu irmão?» (Gn 4, 9).
Eu vivo em Roma. No inverno, faz frio. Pode acontecer que, bem pertinho do Vaticano, apareça um idoso, pela manhã, que morreu por causa do frio. Não é notícia em nenhum dos jornais, em nenhuma das crónicas. Um pobre morre por causa do frio e da fome e isso não é notícia, mas se as bolsas das principais capitais do mundo caem dois ou três pontos arma-se um grande escândalo mundial. Eu me pergunto: onde está o teu irmão? E peço-vos que vos façais outra vez, cada um, essa pergunta, e que o façais à universidade: A ti, Universidade Católica, onde está o teu irmão?
Neste contexto universitário, seria bom interrogarmo-nos sobre a nossa educação a respeito desta terra que clama ao céu.
Os nossos centros educativos são uma sementeira, uma possibilidade, terra fértil para cuidar, estimular e proteger. Terra fértil, sedenta de vida.
Convosco, educadores, eu me interrogo: Velais pelos vossos alunos, ajudando-os a desenvolver um espírito crítico, um espírito livre, capaz de cuidar do mundo atual? Um espírito que seja capaz de procurar novas respostas para os múltiplos desafios que a sociedade coloca hoje à humanidade? Sois capazes de os estimular para não se desinteressarem da realidade que os rodeia, não se desinteressarem daquilo que está acontecendo ao redor? Sois capazes de os estimular nisso? Para tal, é preciso tirar-lhes da sala de aula, a sua mente tem que sair da sala de aula, seu coração tem que sair da sala de aula. Como entra, nos currículos universitários ou nas diferentes áreas do trabalho educativo, a vida que nos rodeia com as suas perguntas, suas interpelações, suas controvérsias? Como geramos e acompanhamos o debate construtivo que nasce do diálogo em prol de um mundo mais humano? O diálogo, esta palavra-ponte, esta palavra que cria pontes.
E há uma reflexão que nos envolve a todos, famílias, centros educativos, professores: Como ajudamos os nossos jovens a não olhar um grau universitário como sinónimo de maior posição, sinónimo de mais dinheiro ou maior prestígio social? Não são sinónimos. Ajudamos a ver esta preparação como sinal de maior responsabilidade perante os problemas de hoje, perante o cuidado do mais pobre, perante o cuidado do meio ambiente?
E vós, queridos jovens que estais aqui, presente e futuro do Equador, sois os que tendes que fazer bagunça. Convosco, que sois semente de transformação desta sociedade, gostaria de me interrogar: Sabeis que este tempo de estudo não é só um direito, mas também um privilégio que tendes? Quantos amigos, conhecidos ou desconhecidos, queriam ter um lugar nesta casa, mas, por várias circunstâncias, não conseguiram? Em que medida o nosso estudo nos ajuda e nos leva a ser solidários com eles. Fazei a vós mesmos essas perguntas, queridos jovens.
As comunidades educativas têm um papel fundamental, um papel essencial na construção da cidadania e da cultura. Cuidado, não basta realizar análises, descrições da realidade; é necessário gerar as áreas, espaços de verdadeira pesquisa, debates que gerem alternativas para as problemáticas especialmente de hoje. Como é necessário ir ao concreto!
Perante a globalização do paradigma tecnocrático que tende a «crer que toda a aquisição de poder seja simplesmente progresso, aumento de segurança, de utilidade, de bem-estar, de força vital, de plenitude de valores, como se a realidade, o bem e a verdade desabrochassem espontaneamente do próprio poder da tecnologia e da economia» (LS 105), hoje a vós, a mim, a todos, é-nos pedido, com urgência, que nos animemos a pensar, a debater sobre a nossa situação atual. Digo urgência de que nos animemos a pensar sobre qual cultura, sobre o tipo de cultura que queremos ou pretendemos não só para nós, mas também para os nossos filhos e nossos netos. Esta terra, recebemo-la como herança, como um dom, como um presente. Far-nos-á bem interrogarmo-nos: Como queremos deixá-la? Qual é a orientação, o sentido que queremos dar à existência? Com que finalidade passamos por este mundo? Para que lutamos e trabalhamos? (LS 160). Para que estudamos?
As iniciativas individuais são sempre boas e fundamentais, mas é-nos pedido para dar um passo mais: animar-nos a olhar a realidade organicamente e não de forma fragmentária; a fazer perguntas que nos envolvam a todos, uma vez que «tudo está interligado» (LS 138). Não existe direito à exclusão.
Como Universidade, como centros educativos, como professores e estudantes, a vida desafia-nos a responder a estas duas perguntas: Para que precisa de nós esta terra? Onde está o teu irmão?
Que o Espírito Santo nos inspire e acompanhe, pois foi Ele que nos convocou, convidou, deu a oportunidade e, por sua vez, a responsabilidade de dar o melhor de nós mesmos. Oferece-nos a força e a luz de que precisamos. É o mesmo Espírito que, no primeiro dia da criação, pairava sobre as águas com a vontade de transformar, de dar vida. É o mesmo Espírito que deu aos discípulos a força do Pentecostes. É o mesmo Espírito que não nos abandona, fazendo-Se um connosco para encontrarmos caminhos de vida nova. Seja Ele o nosso companheiro e nosso mestre de viagem! Muito obrigado.
Muito legal!! Como ensinar às crianças sobre abuso sexual!! Vejam ....
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A encíclica de Francisco, ponto a ponto
Entenda as principais mensagens da carta “Louvado Sejas” sobre proteção ambiental e redução da pobreza e saiba por que o texto papal é um manual completo de desenvolvimento sustentável 18/06/2015
A mensagem central da encíclica “Laudato Si” (“Louvado Sejas”), a primeira do papado de Francisco produzida integralmente por ele, é uma frase repetida três vezes ao longo de suas mais de 190 páginas: “tudo está conectado”. O ser humano não está dissociado da Terra ou da natureza, eles são partes de um mesmo todo. Portanto, destruir a natureza equivale a destruir o homem. E destruir o homem, para os católicos, é pecado. Da mesma forma, não é possível falar em proteção ambiental sem que esta envolva também a proteção ao ser humano, em especial os mais pobres e vulneráveis.
Esse raciocínio, que o papa chama de “ecologia integral”, permeia toda a construção da carta encíclica, tanto do ponto de vista da argumentação religiosa quanto das prescrições políticas – que Francisco faz num nível de detalhe assombroso, como quando critica a incapacidade das conferências internacionais de responder à crise climática, sugere uma saída gradual dos combustíveis fósseis e até mesmo propõe mudanças no modelo atual de licenciamento ambiental.
A crise climática, segundo o texto da encíclica, é uma das faces de uma mesma grande crise ética da humanidade. Esta é produzida pela ruptura das relações com Deus, com o próximo e com a terra, que o papa chama de as “três relações fundamentais da existência”. Os padrões insustentáveis de produção e consumo da sociedade global, impulsionados pela tecnociência fora de controle, levam à degradação das relações humanas e à degradação também da “nossa casa comum”, que é como Francisco chama o planeta.
Pouca coisa na agenda socioambiental parece ter escapado à análise de Sua Santidade: além do clima, Francisco pontifica sobre proteção dos oceanos, poluição da água, espécies ameaçadas, florestas e povos indígenas. Em relação a todos esses temas, as principais críticas recaem sobre os países ricos (a expressão “produção e consumo” aparece cinco vezes no texto), que são chamados a compensar os pobres pela degradação. Mas os países em desenvolvimento são também exortados a examinar o “superconsumo” de suas classes abastadas e a não repetir a história dos ricos durante seu desenvolvimento.
Em vários pontos da encíclica o papa entra “con gioia”, como dizem os italianos, em campos minados. Defende abertamente, por exemplo, uma ideia ainda maldita nos círculos econômicos, a de que as sociedades abastadas precisarão “decrescer” para que haja recursos para os pobres se desenvolverem.
Também compra uma briga histórica com a direita evangélica norte-americana ao sugerir que a noção de que o homem deve “sujeitar” a natureza é uma interpretação errada da Bíblia: jamais se supôs uma “sujeição selvagem”, diz, e sim um “cuidado”. A diferença é fundamental, já que os republicanos nos EUA frequentemente justificam a degradação ambiental citando as Escrituras, que colocam o homem numa posição se domínio sobre o ambiente. “Laudado Si” apresenta uma pequena revolução teológica ao colocar o homem como parte da natureza – uma parte especialmente criada por Deus, é verdade –, não como algo separado dela. Francisco amarra os evangélicos declarando, de saída, que a encíclica não é feita apenas para os católicos, mas para toda a humanidade, de todas as religiões, crentes e não-crentes.
A Carta Encíclica ‘Louvado Sejas’ do Santo Padre Francisco sobre o Cuidado da Nossa Casa Comum, nome completo do documento, está dividida em seis capítulos e 246 parágrafos, seguidos de duas orações escritas pelo próprio papa (uma delas intitulada Oração pela Nossa Terra). No primeiro capítulo, o papa faz um apanhado geral sobre “o que está acontecendo com a nossa casa”, resumindo as aflições ambientais do mundo amparado na ciência. No segundo, “O Evangelho da Criação”, ele traça uma argumentação teológica sobre as ligações entre ser humano e natureza. No terceiro, aborda as raízes humanas da crise ecológica; no quarto, discorre sobre sua “Ecologia Integral”. No quinto, apresenta seu chamado à ação, inclusive política, no âmbito internacional, mas também no dos governos locais – fazendo eco ao princípio do “pense globalmente, aja localmente” consagrado na Eco-92. No sexto, trata de educação, cultura e “espiritualidade ecológica”.
Leia aqui a íntegra do texto papal, em português; aqui, um guia de leitura para jornalistas feito pela Rádio Vaticana; abaixo, uma análise do OC de alguns dos principais pontos da encíclica, precedidos do respectivo número de parágrafo:
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6 – Citando uma ideia de Bento XVI, faz crítica ao relativismo moral e à crença na liberdade sem limites como causa da degradação humana e ambiental:
“Mas, fundamentalmente, todas elas se ficam a dever ao mesmo mal, isto é, à ideia de que não existem verdades indiscutíveis a guiar a nossa vida, pelo que a liberdade humana não tem limites. Esquece-se que «o homem não é apenas uma liberdade que se cria por si própria. O homem não se cria a si mesmo. Ele é espírito e vontade, mas é também natureza».”
7 e 8 – Lembra que outras religiões também têm pensado sobre o problema ambiental, fazendo referência especial ao patriarca ortodoxo, Bartolomeu.
23 – Aqui a encíclica dá sua primeira grande pincelada na questão climática, decretando, com base num “consenso científico muito consistente”, que a culpa pelo aquecimento da Terra é dos gases do efeito estufa emitido pelos seres humanos, como afirma o IPCC.
“Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático. Nas últimas décadas, este aquecimento foi acompanhado por uma elevação constante do nível do mar, sendo difícil não o relacionar ainda com o aumento de acontecimentos meteorológicos extremos, embora não se possa atribuir uma causa cientificamente determinada a cada fenómeno particular. A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam. É verdade que há outros factores (tais como o vulcanismo, as variações da órbita e do eixo terrestre, o ciclo solar), mas numerosos estudos científicos indicam que a maior parte do aquecimento global das últimas décadas é devida à alta concentração de gases com efeito de estufa (anidrido carbónico, metano, óxido de azoto, e outros) emitidos sobretudo por causa da atividade humana."
25 – Aborda a questão dos impactos sobre os mais pobre e dos refugiados do clima, populações que não têm sequer o reconhecimento oficial de sua situação:
“A falta de reacções diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a sociedade civil.”
26 – Aponta a urgência do desenvolvimento de energias limpas e renováveis e da redução “drástica” das emissões de gases do efeito estufa nos próximos anos, “por exemplo” substituindo os combustíveis fósseis por energias renováveis. Reconhece que ainda é preciso desenvolver tecnologias de acumulação de energia (baterias), mas aponta que existem “boas práticas” em vários setores, como construção civil, produção e transporte.
27 – Faz mais um aceno à ciência ao afirmar que “já foram superados alguns limites máximos de exploração do planeta”. A tese dos limites planetários foi proposta em 2009, por um grupo de pesquisadores liderados pelo sueco Johann Eckström. Segundo o grupo, há nove limites que não devem ser ultrapassados para o funcionamento da biosfera, e a humanidade já ultrapassou dois: o efeito estufa e o balanço de nitrogênio e fósforo.
32 – Inicia o capítulo sobre perda da biodiversidade falando de florestas e de como não temos o direito de causar a extinção de outras espécies. O argumento de fundo teológico, também inovador, é que outras espécies não devem se colocar em subordinação à espécie humana para sua livre exploração; todas têm um valor intrínseco e, se extintas, “já não darão glória a Deus”. Mais adiante (parágrafo 138), o papa chega mesmo a dizer que boa parte do nosso código genético é compartilhada com outras espécies – irritação garantida para os fundamentalistas cristãos.
33 – Alerta contra as extinções em massa de espécies, que são vistas como “recursos” e não em seu valor inerente.
“Anualmente, desaparecem milhares de espécies vegetais e animais, que já não poderemos conhecer, que os nossos filhos não poderão ver, perdidas para sempre.”
37 – Sem usar o termo, alude aos hotspots de biodiversidade, locais altamente biodiversos e especialmente ameaçados.
38 – Fala da Amazônia e do Congo, chamando-os (equivocadamente) de os “pulmões do mundo”. Num aceno aos bispos latino-americanos, entre os quais esse discurso é ainda forte, alerta contra propostas de internacionalização da Amazônia “que servem unicamente aos interesses econômicos das multinacionais”.
49 – Num subcapítulo sobre desigualdade planetária, delineia um elemento importante da “ecologia integral”, ao dizer que é preciso escutar tanto o grito da terra quanto o dos excluídos; estes não são ouvidos por ficarem frequentemente longe dos centros de poder e das vistas dos profissionais liberais e dos meios de comunicação; um isolamento social favorecido pela fragmentação das cidades, que “por vezes convive com um discurso verde”, mas:
"uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres.”
50 – Trata de um debate frequente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento: de quem é a culpa pela degradação ambiental, do consumo insustentável (opinião dos países pobres) ou da superpopulação (opinião dos países ricos). Francisco resolve:
“Culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e selectivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas.”
No entanto, não deixa de reconhecer os tons de cinza da questão:
“Em todo o caso, é verdade que devemos prestar atenção ao desequilíbrio na distribuição da população pelo território.”
51 – Aponta a dívida ambiental dos ricos para com os pobres, tema ao qual voltará adiante, quando falar de soluções políticas.
54 – Critica a “falência” das cúpulas ambientais, causada pela submissão da política à tecnologia e às finanças. Num trecho muito contundente, proclama o destino comum desses encontros:
“Deste modo, poder-se-á esperar apenas algumas proclamações superficiais, acções filantrópicas isoladas e ainda esforços por mostrar sensibilidade para com o meio ambiente, enquanto, na realidade, qualquer tentativa das organizações sociais para alterar as coisas será vista como um distúrbio provocado por sonhadores românticos ou como um obstáculo a superar.”
55 – Mesmo a consciência ecológica cada vez maior não basta para modificar hábitos nocivos de consumo. Aqui o papa faz uma pequena e insólita cruzada contra… os aparelhos de ar-condicionado, cuja demanda tem crescido no mundo todo.
57 – Este parágrafo aborda o meio ambiente como questão de segurança internacional.
“É previsível que, perante o esgotamento de alguns recursos, se vá criando um cenário favorável para novas guerras, disfarçadas sob nobres reivindicações.”
59 – Critica uma “ecologia superficial” e a negação do problema para manter nosso estilo de vida e nossos modos de produção e consumo.
62 – Justifica a inserção de um capítulo sobre fé numa encíclica dirigida a todas as pessoas, crentes ou não, propondo um diálogo entre ciência e religião, “intenso e produtivo para ambas”.
66 e 67 – Nesses dois parágrafos, o bispo de Roma desenvolve uma argumentação teológica profunda, com base na interpretação do Gênesis, para sugerir que poluir é pecado. Este é um dos pontos centrais da encíclica, já que a função desse tipo de documento é de jurisprudência, de atualizar a doutrina católica e servir como um manual de conduta para o rebanho e de orientação para os padres. Ao reinterpretar a determinação bíblica de “sujeitar a terra”, o papa retira um dos principais argumentos cristãos para a degradação ambiental.
“(...) a existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a Bíblia, estas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. Esta ruptura é o pecado. A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas. Este facto distorceu também a natureza do mandato de «dominar» a terra (cf. Gn 1, 28) e de a «cultivar e guardar» (cf. Gn 2, 15). Como resultado, a relação originariamente harmoniosa entre o ser humano e a natureza transformou-se num conflito (cf. Gn 3, 17-19).”
“Não somos Deus. A terra existe antes de nós e foi-nos dada. Isto permite responder a uma acusação lançada contra o pensamento judaico-cristão: foi dito que a narração do Génesis, que convida a «dominar» a terra (cf. Gn 1, 28), favoreceria a exploração selvagem da natureza, apresentando uma imagem do ser humano como dominador e devastador. Mas esta não é uma interpretação correcta da Bíblia, como a entende a Igreja. Se é verdade que nós, cristãos, algumas vezes interpretámos de forma incorrecta as Escrituras, hoje devemos decididamente rejeitar que, do facto de ser criados à imagem de Deus e do mandato de dominar a terra, se deduza um domínio absoluto sobre as outras criaturas.”
105 – Retoma e desenvolve o tema do homem sem limites, empoderado pela tecnociência e carente de responsabilidade – um enredo constante na narrativa da Igreja desde a Revolução Industrial.
“A verdade é que «o homem moderno não foi educado para o recto uso do poder»,[84] porque o imenso crescimento tecnológico não foi acompanhado por um desenvolvimento do ser humano quanto à responsabilidade, aos valores, à consciência. Cada época tende a desenvolver uma reduzida autoconsciência dos próprios limites.”
106 – Entrando em argumentos econômicos para explicar a crise social e ambiental, o papa adverte contra o paradigma tecnocrático alimentando o mito do crescimento infinito:
“Sempre se verificou a intervenção do ser humano sobre a natureza, mas durante muito tempo teve a característica de acompanhar, secundar as possibilidades oferecidas pelas próprias coisas; tratava-se de receber o que a realidade natural por si permitia, como que estendendo a mão. Mas, agora, o que interessa é extrair o máximo possível das coisas por imposição da mão humana, que tende a ignorar ou esquecer a realidade própria do que tem à sua frente. Por isso, o ser humano e as coisas deixaram de se dar amigavelmente a mão, tornando-se contendentes. Daqui passa-se facilmente à ideia dum crescimento infinito ou ilimitado, que tanto entusiasmou os economistas, os teóricos da finança e da tecnologia. Isto supõe a mentira da disponibilidade infinita dos bens do planeta, que leva a «espremê-lo» até ao limite e para além do mesmo. Trata-se do falso pressuposto de que «existe uma quantidade ilimitada de energia e de recursos a serem utilizados, que a sua regeneração é possível de imediato e que os efeitos negativos das manipulações da ordem natural podem ser facilmente absorvidos».”
107 a 110 – Crítica ao paradigma tecnocientífico globalizante massificante.
111 – Alerta (mais um, há vários na encíclica) contra a tentativa de resolver problemas ambientais com saídas tecnológicas, as chamadas “soluções tecnológicas”. Para o papa, isso significa “isolar coisas que na realidade estão conectadas e esconder os problemas mais profundos”.
132/134 – Nesses parágrafos o papa aborda uma questão científica recente, jamais tratada nesse nível de profundidade pela doutrina da Igreja: os organismos geneticamente modificados. A conclusão da encíclica é surpreendentemente equilibrada, apontando que não há evidências de prejuízos à saúde pelos OGM, mas pedindo exame caso a caso e a garantia de que as sementes transgênicas não provoquem o aumento da concentração fundiária e da pobreza rural.
146 – O parágrafo é dedicado aos povos indígenas, segundo o papa os melhores guardiões da terra. Cabe como uma luva na situação do Brasil, onde se vê conflito entre comunidades indígenas e a expansão do agronegócio, e pode ter sido inspirado por D. Erwin Krautler, bispo do Xingu, ou outros bispos latino-americanos.
“(...)é indispensável prestar uma atenção especial às comunidades aborígenes com as suas tradições culturais. Não são apenas uma minoria entre outras, mas devem tornar-se os principais interlocutores, especialmente quando se avança com grandes projectos que afectam os seus espaços. (...) Eles, quando permanecem nos seus territórios, são quem melhor os cuida. Em várias partes do mundo, porém, são objecto de pressões para que abandonem suas terras e as deixem livres para projectos extractivos e agro-pecuários que não prestam atenção à degradação da natureza e da cultura.”
147/155 – Um extenso trecho da encíclica trata do meio ambiente urbano e da qualidade de vida nas cidades, tema cada vez mais essencial na medida em que cresce a população urbana.
159/160 – Chamado à justiça com as futuras gerações, que daria sentido à própria vida humana:
“Somos nós os primeiros interessados em deixar um planeta habitável para a humanidade que nos vai suceder. Trata-se de um drama para nós mesmos, porque isto chama em causa o significado da nossa passagem por esta terra.”
164 – Chama atenção para necessidade de consenso político global sobre uma série de temas:
“Torna-se indispensável um consenso mundial que leve, por exemplo, a programar uma agricultura sustentável e diversificada, desenvolver formas de energia renováveis e pouco poluidoras, fomentar uma maior eficiência energética, promover uma gestão mais adequada dos recursos florestais e marinhos, garantir a todos o acesso à água potável.”
165 – Aqui o papa deixa por um momento sua linha “sonhática” e faz uma concessão ao pragmatismo, admitindo que é preciso haver “soluções transitórias” na transição entre os combustíveis fósseis e as energias renováveis. Ele não diz o nome do santo que causaria esse “mal menor”, mas o gás natural e a energia nuclear (pela qual Francisco declara antipatia) costumam ser invocados quando os politicos falam em “soluções transitórias”. Não chega a ser uma defesa do gás, mas é um ponto importante da carta.
“Sabemos que a tecnologia baseada nos combustíveis fósseis – altamente poluentes, sobretudo o carvão mas também o petróleo e, em menor medida, o gás – deve ser, progressivamente e sem demora, substituída. Enquanto aguardamos por um amplo desenvolvimento das energias renováveis, que já deveria ter começado, é legítimo optar pelo mal menor ou recorrer a soluções transitórias. Todavia, na comunidade internacional, não se consegue suficiente acordo sobre a responsabilidade de quem deve suportar os maiores custos da transição energética.”
166 – Critica mais uma vez a falta de ação vista nas conferências ambientais.
167 – Reclama que os compromissos assinados em 1992 no Rio de Janeiro não produziram muito efeito porque não têm dentes: falta monitoramento, verificação e punição a quem descumprir compromissos. Mas defende os princípios do Rio, como o do poluidor-pagador, como “vias eficazes e ágeis de realização prática”.
169 – Francisco aqui faz uma declaração bem contundente sobre o fiasco das negociações de desertificação, biodiversidade e clima, e critica o resultado da Rio +20. Culpa os países ricos e conclui dizendo que a solução é rezar por bom termo dessas cúpulas:
“Nós, crentes, não podemos deixar de rezar a Deus pela evolução positiva nos debates actuais, para que as gerações futuras não sofram as consequências de demoras imprudentes.”
170 – Defende o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e alerta contra a “internacionalização dos custos ambientais”.
171 – Alerta contra os mercados de carbono como uma panaceia: podem levar os países a nunca mudarem seus padrões de “super-consumo”.
172 – Põe uma lupa sobre os países pobres e compartilha a posição deles nas negociações internacionais, mas não sem chamá-los à responsabilidade: devem priorizar o combate à pobreza e receber subsídios dos ricos para desenvolver energia renovável, mas ao mesmo tempo fazer um exame do nível de consumo “escandaloso” de alguns setores privilegiados da população.
“Para os países pobres, as prioridades devem ser a erradicação da miséria e o desenvolvimento social dos seus habitantes; ao mesmo tempo devem examinar o nível escandaloso de consumo de alguns sectores privilegiados da sua população e contrastar melhor a corrupção. Sem dúvida, devem também desenvolver formas menos poluentes de produção de energia, mas para isso precisam de contar com a ajuda dos países que cresceram muito à custa da actual poluição do planeta. O aproveitamento directo da energia solar, tão abundante, exige que se estabeleçam mecanismos e subsídios tais, que os países em vias de desenvolvimento possam ter acesso à transferência de tecnologias, assistência técnica e recursos financeiros, mas sempre prestando atenção às condições concretas”
175 – Foca a questão da governança ambiental:
“A lógica que dificulta a tomada de decisões drásticas para inverter a tendência ao aquecimento global é a mesma que não permite cumprir o objectivo de erradicar a pobreza. Precisamos duma reacção global mais responsável, que implique enfrentar, contemporaneamente, a redução da poluição e o desenvolvimento dos países e regiões pobres. O século XXI, mantendo um sistema de governança próprio de épocas passadas, assiste a uma perda de poder dos Estados nacionais, sobretudo porque a dimensão económico-financeira, de carácter transnacional, tende a prevalecer sobre a política. Neste contexto, torna-se indispensável a maturação de instituições internacionais mais fortes e eficazmente organizadas.”
178 – Esclarece por que os políticos não se interessam em enfrentar o desafio ambiental:
“O drama duma política focalizada nos resultados imediatos, apoiada também por populações consumistas, torna necessário produzir crescimento a curto prazo. Respondendo a interesses eleitorais, os governos não se aventuram facilmente a irritar a população com medidas que possam afectar o nível de consumo ou pôr em risco investimentos estrangeiros.”
179 – Ressalta a importância dos governos e das iniciativas locais.
180 – Mais uma vez fala de transição gradual para uma nova realidade energética. Reconhece que não é possível resolver o problema de uma vez, mas arrisca que poupar energia faz parte das soluções para a crise do clima:
“Não se pode pensar em receitas uniformes, porque há problemas e limites específicos de cada país ou região. Também é verdade que o realismo político pode exigir medidas e tecnologias de transição, desde que estejam acompanhadas pelo projecto e a aceitação de compromissos graduais vinculativos. Ao mesmo tempo, porém, a nível nacional e local, há sempre muito que fazer, como, por exemplo, promover formas de poupança energética.”
183 a 185 – Em outro trecho longo, o papa pontifica até mesmo sobre as falhas atuais dos processos de licenciamento ambiental.
186 – Defende o princípio da precaução.
189 a 192 – Começa falando da bolha financeira da crise de 2008, lamenta que tenhamos deixado passar a oportunidade de corrigir a economia. Depois, critica a externalização dos custos ambientais e a fé em que as forças de mercado darão um jeito no ambiente. E propõe uma nova economia, que ponha para trabalhar a criatividade em favor de menos desperdício e menos impacto.
193 – Em outro trecho contundente e muito importante da encíclica, usa a expressão “decrescimento”, excomungada da maioria dos círculos econômicos:
“Chegou a hora de aceitar um certo decréscimo do consumo nalgumas partes do mundo, fornecendo recursos para que se possa crescer de forma saudável noutras partes.”
216 – Retomando a argumentação religiosa, desta vez mais especificamente voltada ao seu rebanho, detalha a ideia de “conversão ecológica”.
217 – Diz que a preocupação com o ambiente é um imperativo moral para os crentes, não algo opcional ou secundário. Este é o coração da mensagem da encíclica para os católicos:
“(...) a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Entretanto temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se burlam das preocupações pelo meio ambiente. (...) Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa.”
223 – Dá um recado aos cristãos: se fossem mais cristãos, não precisariam consumir tanto. Menos é mais:
“A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora. Não se trata de menos vida, nem vida de baixa intensidade; é precisamente o contrário."
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O padre: - Muito bem! E tu tens cumprido esse mandamento?
O Carlinhos: - Não, senhor!
O padre: - Se não cumpres, cometes um pecado!
Diz o Carlinhos: - Não cometo, não!
O padre: - Cometes sim e vais para o inferno!
O Carlinhos: - Não vou, não senhor!
O padre: - Então, explica-me lá porque dizes isso?
O Carlinhos: - É porque eu sou órfão dos dois…
Catecismos da Primeira Comunhão
Já falei aqui do meu Catecismo da Primeira Comunhão, correspondente ao Volume I da série Catecismo Nacional, que vigorou nos anos 50 e 60 no ensino da Catequese.
Num destes dias, desfolhando com mais calma outros exemplares de catecismos, constatei que existe uma outra versão deste mesmo Catecismo da Primeira Comunhão, com semelhanças compreensíveis mas por outro lado intrigantes.
Ambos os catecismos são indicados como oficiais e emanam de uma directiva ou aprovação datada de 7 de Outubro de 1953, assinada por D. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal Patriarca de Lisboa. Por conseguinte, as lições são exactamente as mesmas.
Uma das versões está ilustrada com desenhos da artista Laura Costa e foi impressa na Litografia União, Limitada - Vila Nova de Gaia enquanto que a outra, está ilustrada por Vitor Peón e foi impressa na Fotogravura Nacional - Lisboa.
Para além de tudo, a grande intriga está na semelhança das ilustrações de ambos os artistas. Não no estilo e na arte, que francamente são distintas, mas na estrutura de cada figura, incluindo as próprias legendas. Desconhecendo os motivos, e atendendo à mesma data da aprovação dos catecismos, fica a dúvida se foi Vitor Péon a copiar a Laura Costa ou vice-versa, ou se ambos se limitaram a seguir indicações pormenorizadas e superiores quanto à estrutura e descrição de cada quadro. A ter em conta as semelhanças de cada composição, tudo indica, porém, que um dos artistas copiou o outro. Pessoalmente acredito que os originais possam ser de Laura Costa, já que era a mais velha e consagrada na ilustração de motivos e livros de temática religiosa.
Apesar de distintos, os dois estilos são interessantes, notando-se no traço de Vitor Péon a técnica proveniente da sua ligação à Banda Desenhada, com imagens e personagens mais dinâmicas e expressivas e Laura Costa com um estilo mais pictórico, com as suas figuras impregnadas de motivos folclóricos e de vestuário do Portugal rural de então, uma das marcas da pintora/ilustradora portuense.
Quanto ao facto de se terem publicado dois catecismos com estilos diferenciados, julgo que teve a ver com a política de distribuição, pelo que será natural que uma edição fosse destinada ao sul do pais e a outra ao norte.
Por outro lado, desconheço se esta situação aconteceu relativamente aos restantes volumes correspondentes aos demais anos e classes da Catequese.
De seguida reproduzimos algumas páginas dos respectivos catecismos para se verificar as tais semelhanças ao nível das ilustrações.
Vaticano: Relatório final do Sínodo centra-se na «verdade» sobre o matrimónio e a família
A 14ª Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 25 de outubro de 2015, com o tema «A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo»
Assembleia extraordinária falha consenso em pontos sobre divorciados e homossexuais
Cidade do Vaticano, 18 out 2014 (Ecclesia) –
O Vaticano apresentou hoje em conferência de imprensa o relatório final da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, que debateu os temas da família, o qual sublinha a “verdade” da indissolubilidade do casamento, recusando outros tipos de união.
O documento, publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, refere que o único “vínculo nupcial” na Igreja Católica é o sacramento do Matrimónio e que “qualquer rutura do mesmo é contra a vontade de Deus”.
O Sínodo assume a necessidade de “discernir os caminhos para renovar a Igreja e a sociedade no seu compromisso pela família fundada sobre o matrimónio”, a “união indissolúvel entre o homem e a mulher”.
Os participantes sustentam que “os grandes valores do matrimónio e da família cristã” são a resposta aos anseios da existência humana face ao “individualismo” e “hedonismo”.
O documento sintetiza as duas semanas de debate, com intervenções em sessões gerais e discussões em grupos linguísticos em que se discutiu muito a relação entre doutrina e misericórdia.
Jesus, “colocou em prática a doutrina ensinada, manifestando assim o verdadeiro significado da misericórdia”, pode ler-se, antes de se referir que "a maior misericórdia é dizer a verdade com amor".
A reflexão sobre casamentos civis, divorciados e recasados na Igreja deixa uma mensagem de “amor” para com a “pessoa pecadora” e diz que esta participa “de forma incompleta” na vida eclesial.
“Trata-se de acolher e acompanhar estas pessoas com paciência e delicadeza”, pode ler-se.
O documento retoma as observações sobre a necessidade de fazer “escolhas pastorais corajosas” na ação da Igreja junto das “famílias feridas”, em particular junto de quem “viveu injustamente” a separação e o divórcio.
O relatório final do Sínodo de 2014 foi votado ponto a ponto, em cada um dos seus 62 números, que reuniu 470 propostas dos chamados ‘círculos menores’.
A 14ª Assembleia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 25 de outubro de 2015, com o tema «A vocação e a missão da família na Igreja, no mundo contemporâneo»
As votações sobre cada número foram divulgadas pelo Vaticano, por decisão do Papa, revelando que os parágrafos 52 (acesso dos divorciados recasados à Comunhão), 53 (comunhão espiritual a divorciados) e 55 (homossexuais) não chegaram a uma maioria de dois terços dos 183 padres sinodais presentes; o parágrafo 41 (matrimónios civis e uniões de facto) mereceu 54 votos contra.
Em relação ao acesso à Comunhão e à Penitência pelos divorciados em segunda união, tema sobre o qual se gerou divisão entre os participantes, alguns “argumentaram em favor da disciplina atual [que impede o acesso aos sacramentos]” e outros propõem um “acolhimento não-generalizado”.
Este foi o ponto em que houve mais votos contra (74), no qual se pede que seja aprofundada a questão, “tendo presente a distinção entre situação objetiva de pecado e circunstâncias atenuantes”.
O texto apresenta dois números sobre a situação dos homossexuais, com críticas às “pressões” sobre os membros da Igreja por causa da sua doutrina nesta matéria e às leis que instituem uniões entre pessoas do mesmo sexo.
62 pessoas votaram contra um número no qual se afirma que “os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com respeito e delicadeza”.
O relatório do Sínodo alude ainda às propostas para tornar “mais acessíveis e ágeis”, de preferência “gratuitos”, os procedimentos para o reconhecimento de casos de nulidade matrimonial, realçando que alguns participantes se mostraram “contrários” a mudanças.
Os vários pontos apelam à valorização dos métodos naturais de planeamento natural e da adoção, condenando a mentalidade “antinatalista”; recordam a reflexão sobre a família nos documentos da Igreja e pedem liberdade de educação para os pais.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, sublinhou que este não é um documento “doutrinal” e que vai servir de base para a preparação para a assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com três semanas de trabalho, em outubro de 2015.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015
Com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), a Campanha da Fraternidade (CF) 2015 buscará recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.
O texto base utilizado para auxiliar nas atividades da CF 2015 já está disponível nas Edições CNBB. O documento reflete a dimensão da vida em sociedade que se baseia na convivência coletiva, com leis e normas de condutas, organizada por critérios e, principalmente, com entidades que “cuidam do bem-estar daqueles que convivem”.
Na apresentação do texto, o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, explica que a Campanha da Fraternidade 2015 convida a refletir, meditar e rezar a relação entre Igreja e sociedade.
“Será uma oportunidade de retomarmos os ensinamentos do Concílio Vaticano II. Ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa, samaritana. Sabemos que todas as pessoas que formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos trabalham para que as estruturas, as normas, a organização da sociedade estejam a serviço de todos”, comenta dom Leonardo.
Proposta do subsídio
O texto base está organizado em quatro partes. No primeiro capítulo são apresentadas reflexões sobre “Histórico das relações Igreja e Sociedade no Brasil”, “A sociedade brasileira atual e seus desafios”, “O serviço da Igreja à sociedade brasileira” e “Igreja – Sociedade: convergência e divergências”.
Na segunda parte é aprofundada a relação Igreja e Sociedade à luz da palavra de Deus, à luz do magistério da Igreja e à luz da doutrina social.
Já o terceiro capítulo debate uma visão social a partir do serviço, diálogo e cooperação entre Igreja e sociedade, além de refletir sobre “Dignidade humana, bem comum e justiça social” e “O serviço da Igreja à sociedade”. Nesta parte, o texto aponta sugestões pastorais para a vivência da Campanha da Fraternidade nas dioceses, paróquias e comunidades.
O último capítulo do texto base apresenta os resultados da CF 2014, os projetos atendidos por região, prestação de contas do Fundo Nacional de Solidariedade de 2013 (FNS) e as contribuições enviadas pelas dioceses, além de histórico das últimas Campanhas e temas discutidos nos anos anteriores.
“Foi uma grande experiência, na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança”, expressou o papa Francisco na missa de encerramento da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos.
Foi divulgada hoje, 18, mensagem da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que se realiza no Vaticano, de 5 a 19 de outubro, com o tema "Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização". No texto, os padres sinodais recordam os desafios enfrentados pela família na atualidade, como a fidelidade no amor conjugal, o enfraquecimento da fé e dos valores, o individualismo, o empobrecimento das relações, o stress, as dificuldades econômicas. Lembram, também, das famílias pobres e refugiadas "atingidas pela brutalidade das guerras e da opressão". Ao mesmo tempo, recordam que "o amor do homem e da mulher" ensina "que cada um dos dois tem necessidade do outro para ser si mesmo, mesmo permanecendo diferente ao outro na sua identidade, que se abre e se revela no dom mútuo". E que, neste caminho, "que às vezes é um percurso instável, com cansaços e caídas, se tem sempre a presença e o acompanhamento de Deus". Leia, abaixo, a íntegra da mensagem:
Mensagem da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos
Nós, Padres Sinodais reunidos em Roma junto ao Santo Padre na Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, nos dirigimos a todas as famílias dos diversos continentes e, em particular, àquelas que seguem Cristo Caminho, Verdade e Vida. Manifestamos a nossa admiração e gratidão pelo testemunho cotidiano que vocês oferecem a nós e ao mundo com a sua fidelidade, fé, esperança e amor.
Também nós, pastores da Igreja, nascemos e crescemos em uma família com as mais diversas histórias e acontecimentos. Como sacerdotes e bispos, encontramos e vivemos ao lado de famílias que nos narraram em palavras e nos mostraram em atos uma longa série de esplendores mas também de cansaços.
A própria preparação desta assembleia sinodal, a partir das respostas ao questionário enviado às Igrejas do mundo inteiro, nos permitiu escutar a voz de tantas experiências familiares. O nosso diálogo nos dias do Sínodo nos enriqueceu reciprocamente, ajudando-nos a olhar toda a realidade viva e complexa em que as famílias vivem. A vocês, apresentamos as palavras de Cristo: "Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3,20). Como costumava fazer durante os seus percursos ao longo das estradas da Terra Santa, entrando nas casas dos povoados, Jesus continua a passar também hoje pelos caminhos das nossas cidades. Nas vossas casas se experimentam luzes e sombras, desafios exaltantes mas, às vezes, também provações dramáticas. A escuridão se faz ainda mais densa até se tornar trevas, quando se insinuam no coração da família o mal e o pecado.
Existe, antes de tudo, os grandes desafios da fidelidade no amor conjugal, do enfraquecimento da fé e dos valores, do individualismo, do empobrecimento das relações, do stress, de um alvoroço que ignora a reflexão, que também marcam a vida familiar. Se assiste, assim, a não poucas crises matrimoniais enfrentadas, frequentemente, em modo apressado e sem a coragem da paciência, da verificação, do perdão recíproco, da reconciliação e também do sacrifício. Os fracassos dão, assim, origem a novas relações, novos casais, novas uniões e novos matrimônios, criando situações familiares complexas e problemáticas para a escolha cristã.
Entre estes desafios queremos evocar também o cansaço da própria existência. Pensemos ao sofrimento que pode aparecer em um filho portador de deficiência, em uma doença grave, na degeneração neurológica da velhice, na morte de uma pessoa querida. É admirável a fidelidade generosa de muitas famílias que vivem estas provações com coragem, fé e amor, considerando-as não como alguma coisa que é arrancada ou infligida, mas como alguma coisa que é doada a eles e que eles doam, vendo Cristo sofredor naquelas carnes doentes.
Pensemos às dificuldades econômicas causadas por sistemas perversos, pelo “fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano” (Evangelii Gaudium 55), que humilha a dignidade das pessoas. Pensemos no pai ou na mãe desempregados, impotentes diante das necessidades também primárias de suas famílias, e aos jovens que se encontram diante de dias vazios e sem expectativas, e que podem tornar-se presa dos desvios na droga e na criminalidade.
Pensemos também na multidão das famílias pobres, àquelas que se agarram em um barco para atingir uma meta de sobrevivência, às famílias refugiadas que sem esperança migram nos desertos, àquelas perseguidas simplesmente pela sua fé e pelos seus valores espirituais e humanos, àquelas atingidas pela brutalidade das guerras e das opressões. Pensemos também nas mulheres que sofrem violência e são submetidas à exploração, ao tráfico de pessoas, às crianças e jovens vítimas de abusos até mesmo por parte daqueles que deveriam protegê-las e fazê-las crescer na confiança e nos membros de tantas famílias humilhadas e em dificuldade. “A cultura do bem-estar anestesia-nos e (...) todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma” (Evangelii Gaudium, 54). Fazemos apelo aos governos e às organizações internacionais para promoverem os direitos da família para o bem comum.
Cristo quis que a sua Igreja fosse uma casa com a porta sempre aberta na acolhida, sem excluir ninguém. Somos, por isso, agradecidos aos pastores, fiéis e comunidades prontos a acompanhar e a assumir as dilacerações interiores e sociais dos casais e das famílias.
Existe, contudo, também a luz que de noite resplandece atrás das janelas nas casas das cidades, nas modestas residências de periferia ou nos povoados e até mesmos nas cabanas: ela brilha e aquece os corpos e almas. Esta luz, na vida nupcial dos cônjuges, se acende com o encontro: é um dom, uma graça que se expressa – como diz o Livro do Gênesis (2,18) – quando os dois vultos estão um diante o outro, em uma “ajuda correspondente”, isto é, igual e recíproca. O amor do homem e da mulher nos ensina que cada um dos dois tem necessidade do outro para ser si mesmo, mesmo permanecendo diferente ao outro na sua identidade, que se abre e se revela no dom mútuo. É isto que manifesta em modo sugestivo a mulher do Cântico dos Cânticos: “O meu amado é para mim e eu sou sua...eu sou do meu amado e meu amado é meu”, (Cnt 2,16; 6,3).
Para que este encontro seja autêntico, o itinerário inicia com o noivado, tempo de espera e de preparação. Realiza-se em plenitude no Sacramento onde Deus coloca o seu selo, a sua presença e a sua graça. Este caminho conhece também a sexualidade, a ternura, e a beleza, que perduram também além do vigor e do frescor juvenil. O amor tende pela sua natureza ser para sempre, até dar a vida pela pessoa que se ama (cf. João 15,13). Nesta luz, o amor conjugal único e indissolúvel persiste, apesar das tantas dificuldades do limite humano; é um dos milagres mais belos, embora seja também o mais comum.
Este amor se difunde por meio da fecundidade e do ‘gerativismo’, que não é somente procriação, mas também dom da vida divina no Batismo, educação e catequese dos filhos. É também capacidade de oferecer vida, afeto, valores, uma experiência possível também a quem não pode gerar. As famílias que vivem esta aventura luminosa tornam-se um testemunho para todos, em particular para os jovens.
Durante este caminho, que às vezes é um percurso instável, com cansaços e caídas, se tem sempre a presença e o acompanhamento de Deus. A família de Deus experimenta isto no afeto e no diálogo entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs. Depois vive isto ao escutar juntos a Palavra de Deus e na oração comum, um pequeno oásis do espírito a ser criado em qualquer momento a cada dia. Existem, portanto, o empenho cotidiano na educação à fé e à vida boa e bonita do Evangelho, à santidade. Esta tarefa é, frequentemente, partilhada e exercida com grande afeto e dedicação também pelos avôs e avós. Assim, a família se apresenta como autêntica Igreja doméstica, que se alarga à família das famílias que é a comunidade eclesial. Os cônjuges cristãos são, após, chamados a tornarem-se mestres na fé e no amor também para os jovens casais.
O vértice que reúne e sintetiza todos os elos da comunhão com Deus e com o próximo é a Eucaristia dominical quando, com toda a Igreja, a família se senta à mesa com o Senhor. Ele se doa a todos nós, peregrinos na história em direção à meta do encontro último quando “Cristo será tudo em todos” (Col 3,11). Por isto, na primeira etapa do nosso caminho sinodal, refletimos sobre o acompanhamento pastoral e sobre o acesso aos sacramentos pelos divorciados recasados.
Nós, Padres Sinodais, vos pedimos para caminhar conosco em direção ao próximo Sínodo. Em vocês se confirma a presença da família de Jesus, Maria e José na sua modesta casa. Também nós, unindo-nos à Família de Nazaré, elevamos ao Pai de todos a nossa invocação pelas famílias da terra:
Senhor, doa a todas as famílias a presença de esposos fortes e sábios, que sejam vertente de uma família livre e unida. Senhor, doa aos pais a possibilidade de ter uma casa onde viver em paz com a família. Senhor, doa aos filhos a possibilidade de serem signo de confiança e aos jovens a coragem do compromisso estável e fiel. Senhor, doa a todos a possibilidade de ganhar o pão com as suas próprias mãos, de provar a serenidade do espírito e de manter viva a chama da fé mesmo na escuridão. Senhor, doa a todos a possibilidade de ver florescer uma Igreja sempre mais fiel e credível, uma cidade justa e humana, um mundo que ame a verdade, a justiça e a misericórdia.
Imagem: Rádio Vaticano
Papa Paulo VI é beatificado no Vaticano
O papa Paulo VI foi beatificado neste domingo (19) no Vaticano, como parte da cerimônia que encerrou a 3ª Assembleia-Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, cujo tema foi o papel da família. Paulo VI foi o 13º pontífice beatificado pela Igreja Católica.
O processo de beatificação, iniciado em 11 de maio de 1993, foi aprovado em 10 de maio pelo papa Francisco, cinco dias depois de os cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos considerarem válido um milagre atribuído a Paulo VI. No começo da década de 1990, a cura de um feto diagnosticado com graves problemas cerebrais na Califórnia, Estados Unidos, foi atribuída a Paulo VI. À época, a mãe se recusou a abortar e a criança acabou nascendo saudável.
Na sua intervenção, o papa Francisco destacou Paulo VI como um homem que conduziu a Igreja com sabedoria e visão de futuro. "Paulo VI, em um momento em que estava surgindo uma sociedade secularizada e hostil, soube conduzir [a Igreja] com sabedoria e visão de futuro", ressaltou, durante a homilia da beatificação.
O papa lembrou ainda como Paulo VI definiu o sínodo, uma forma de "adaptar os métodos de apostolado às múltiplas necessidades do tempo e das condições da sociedade". Ainda segundo Francisco, "Paulo VI soube de verdade dar a Deus o que era de Deus, dedicando toda a sua vida à tarefa de dar continuidade à missão de Cristo na Terra".
Giovanni Montini, que escolheu o nome de Paulo para mostrar a sua missão de propagação da mensagem de Cristo, tornou-se papa em 21 de junho de 1963, tendo sido o primeiro líder da Igreja Católica a viajar pelos cinco continentes e o primeiro a conversar com o líder da Igreja Anglicana e com os dirigentes das diversas igrejas ortodoxas orientais. Ele morreu em 6 de agosto de 1978.
Na cerimônia de hoje, além de Francisco, esteve presente o papa emérito Bento XVI, que em dezembro do ano passado autorizou a avaliação da Congregação para a Causa dos Santos em relação à ”heroicidade das virtudes” do pontífice que o designou cardeal, no final dos anos 1970.
Dom Helder e Dom Luciano. Dois bispos do gosto de Deus e do povo. Modelos de bispo descritos pelo Papa Francisco.
Dom Luciano Mendes de Almeida
(1930 - 2006)
Religioso jesuíta e bispo católico brasileiro nascido no Rio de Janeiro, que quando era bispo auxiliar de São Paulo, criou a Pastoral do Menor e promoveu obras sociais para ajudar viciados em drogas e idosos. Filho de Cândido Mendes de Almeida e de Emília Mello Vieira Mendes de Almeida, quando menino sonhou ser aviador por influência de um tio, piloto de aeronave, mas logo optou pelo sacerdócio, uma a tradição da família. Foi educado em uma escola católica, a Coração Eucarístico de Jesus, onde era bom aluno em matemática e foi escoteiro por dez anos. Aos 16 anos, matriculou-se no colégio das elites cariocas, o Santo Ignácio de Loyola, dirigido pelos jesuítas. Fez seus estudos de filosofia em Nova Friburgo (1951-1953) e partiu para a Itália pra complementar seus estudos em teologia (1955-1958). Ordenou-se padre em Roma aos 28 anos, cidade onde também doutorou-se em Filosofia (1965). Foi professor de Filosofia (1965-1972), instrutor da terceira provação na Companhia de Jesus (1970-1975) e membro da diretoria da Conferência dos Religiosos do Brasil (1974-1975). Conhecido por suas teses progressistas e adepto da Teologia da Libertação, foi o primeiro jesuíta a sagrar-se bispo no Brasil ao ser nomeado (1976) pelo papa Paulo VI, tornando-se, então,bispo auxiliar na Arquidiocese de São Paulo, na região Leste I. Durante os 12 anos seguintes na diocese paulista, auxiliou o cardeal-arcebispo dom Paulo Evaristo Arns em São Paulo, organizando centenas de abrigos para menores abandonados. Assumiu (1979) a secretaria geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, da qual se tornaria presidente (1987-1994), cumprindo dois mandatos consecutivos e rompendo o domínio dos bispos da ala progressista que dirigiram a CNBB, e passou a intermediar os interesses da Igreja com o governo federal e o Congresso. Tornou-se membro do conselho permanente do Sínodo Episcopal (1987) antes de receber a indicação para estar à frente da Igreja particular de Mariana (1988). Foi membro da Pontifícia Comissão Justiça e Paz (1992) e vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, o CELAM (1995-1998) e, na Cúria Romana, foi membro da Comissão Pontifícia Justiça e Paz (1996-2000). Ele morreu aos 75 anos, ao lado da família e dos amigos, por falência múltipla de órgãos, em São Paulo, conseqüência de um câncer no fígado, após ficar internado por 40 dias no Instituto Central do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de São Paulo. O corpo do arcebispo emérito de Mariana, cidade histórica do Estado de Minas Gerais, foi enterrado na cripta da Catedral de Nossa Senhora da Assunção. Era membro do Conselho Estratégico Brasil sem Fome, falava e escrevia fluentemente em inglês, francês, alemão e latim, além de ser um ótimo caricaturista. Era bisneto do jurista e senador do Império Cândido Mendes de Almeida, tataraneto de Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês de Paraná, e irmão do acadêmico Cândido Antonio Mendes de Almeida, reitor da Universidade Cândido Mendes.
Figura copiada do PASTORALIS:
Jornal do Brasil
Dom Luciano Mendes de Almeida - Dom e Luz
Geraldo Trindade*
Há sete anos, o Brasil se despedia de um homem, de um bispo, de um santo. No dia 27 de agosto de 2007 partia e deixava-nos dom Luciano: “Luz e Dom de Deus”. A luz e o dom presente em dom Luciano não passavam despercebidos, tocavam a alma e o coração de cada um que o encontrava, por mais ligeiros e sutis tais encontros: era o doce olhar, o meigo toque, a singeleza da postura e o desarmamento de suas palavras.
Esta presença reconfortadora encontramos também no papa Francisco. Em muito eles se assemelham; não simplesmente por serem jesuítas. Na ocasião de sua eleição para a cátedra de Pedro, o cardeal Bergoglio, agora papa Francisco, escutou ao pé do ouvido as palavras do cardeal Cláudio Hummes: “Não esqueça dos pobres!” Intuitivamente, veio à minha mente a narração do fato de que dom Luciano antes de morrer disse ao seu irmão Luiz Mendes de Almeida: “Não esqueça dos meus pobres!”
Os escolhidos de dom Luciano foram os mesmos que Jesus escolheu, os pobres. Eles encontraram no coração do bispo marianense receptividade. Mais do que isso, encontraram um coração disposto que escolheu a simplicidade, a generosidade e a proximidade como o cartão de visita. Além do mais, para dom Luciano era essencial servir à comunidade, sobretudo os mais necessitados, os que estão à margem da sociedade e de nossa atenção. Para ele, amar não era uma simples doutrina, era um estilo e uma prática de vida. De fato, “a Luz e o Dom do Brasil” soube levar ao cumprimento a lei do Senhor, crendo, ensinando e praticado o que professava e ensinava.
Eis o grande legado de dom Luciano: seu amor aos humildes e pequenos por meio de suaatitude serviçal. Para quem fez da frase “Em que posso ajudar?” seu lema de vida, não é de se espantar que não medisse esforços para viver radicalmente o seguimento a Cristo. Essa escolha fundamental por Cristo se expressa bem no documento de Santo Domingo, em especial na oração que levou em seu bojo os dedos e as mãos do arcebispo. Expressa-se na seguinte forma: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, Bom Pastor e irmão nosso, nossa única opção é por Ti”. A radicalidade de sua vida encontrou em Jesus Cristo seu fundamento, seu amor radical pelo outro encontrou sua fonte em Jesus Cristo, sua caridade fraterna encontrou em Jesus Cristo o exemplo!
Dom Luciano soube como ninguém encarnar o Evangelho. Aliás, os santos se diferenciam exatamente por serem o Evangelho vivo, capazes de nos interpelarem na prática da nossa vida e do nosso seguimento a Jesus Cristo. Os santos irradiam sobre a terra um teor de vida mais humana, graças a eles a humanidade se torna mais humana. Eles são capazes de alimentar o mundo com frutos espirituais e infundir o espírito do Evangelho.
No dia 27 de agosto, a arquidiocese de Mariana, na qual dom Luciano foi seu quarto arcebispo, presta sua homenagem por meio da Comenda Dom Luciano Mendes de Almeida do Mérito Educacional e Responsabilidade Social. Neste dia, na catedral metropolitana haverá celebração eucarística às 18h30. Logo após, haverá a outorga da comenda aos homenageados: monsenhor Lázaro de Assis Pinto, monsenhor Pedro Terra Filho, padre Marcelo Moreira Santiago, padre Márcio Antônio de Paiva, professor doutor Emilién Vilas Boas Reis e Arsenal da Esperança Dom Luciano Mendes de Almeida.
Esta homenagem prestada ao nosso Dom e Luz vai para além da recordação saudosa do homem e do legado do arcebispo. É o tempo da graça de Deus, o kairós, para reavivar em nós, por meio do seu testemunho profundo e radical com o bem do próximo, o comprometimento; não opcional, mas inerente à vida cristã, o cuidado com o próximo. Resta-nos o questionamento à luz da Palavra de Deus: “De quem me faço próximo?” Do pobre, do excluído, do marginalizado, do violentado, do malvisto?
Bispo católico
Dom Hélder Câmara
7/2/1909, Fortaleza (CE) 27/8/1999, Recife (PE)
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Dom Hélder Câmara foi indicado para o Nobel da paz em 1972
"Irmão dos pobres e meu irmão", essas foram as palavras do papa João Paulo 2º a dom Hélder Câmara, na visita que o Papa fez ao Recife em 1980.
Décimo-primeiro filho de uma família de treze irmãos, Hélder Pessoa Câmara era filho de um jornalista e de uma professora. Aos quatorze anos entrou no Seminário da Prainha de São José, em Fortaleza, onde cursou filosofia e teologia.
Em 1931 ordenou-se sacerdote. Foi nomeado logo depois diretor do Departamento de Educação do Estado do Ceará, exercendo este cargo por cinco anos. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, onde se destacou no desempenho de atividades sociais. Fundou a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência, entidades destinadas ao amparo dos mais pobres.
Em 1946 recebeu um convite para assessorar o arcebispo do Rio de Janeiro. Seis anos depois foi nomeado bispo-auxiliar do Rio de Janeiro. Dom Hélder Câmara fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da qual foi secretário durante 12 anos.
Em 12 de março de 1964, foi nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, pouco antes do golpe militar. Dias depois, divulgou um manifesto apoiando a ação católica operária em Recife. O novo governo militar acusou-o de demagogo e comunista e dom Hélder foi proibido de se manifestar publicamente.
No entanto, sua figura pública adquiria importância cada vez maior. Passou a fazer conferências e pregações no exterior, desenvolvendo intensa atividade contra a exploração e a favor dos mais pobres. Em 1970, fez um pronunciamento em Paris denunciando pela primeira vez a prática de tortura a presos políticos no Brasil.
Em 1972 foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz. Dom Hélder aposentou-se em 1985, tendo organizado mais de 500 comunidades eclesiais de base. No final da década de 1990, lançou a campanha "Ano 2000 Sem Miséria".
Dom Hélder Câmara deixou registrado seu pensamento em diversos livros que tiveram grande repercussão, sendo traduzidos em várias línguas. Sua atividade política, social e religiosa foi reconhecida no mundo inteiro. Dom Hélder recebeu centenas de homenagens e condecorações, além de diversos prêmios, no Brasil e no Exterior. Faleceu aos 90 anos, de parada cardíaca.
Hélder Pessoa Câmara, futuramente Dom Hélder Câmara, nasceu em Fortaleza, no dia 7 de fevereiro de 1909, em uma família pobre, de treze filhos, dos quais ele era o décimo primeiro; desta prole sobreviveram oito crianças, pois o restante sucumbiu a uma epidemia de gripe então vigente nesta região. Ele era fruto da união entre o maçom, jornalista, crítico teatral e trabalhador de uma empresa comercial, João Eduardo Torres Câmara Filho, e a professora do ensino primário Adelaide Pessoa Câmara.
Seu nome foi uma escolha paterna, referência a um singelo porto holandês. Sua tendência para o sacerdócio manifestou-se logo cedo, aos quatro anos, provavelmente pelo poder carismático dos padres da ordem lazarista, que serviam ao Senhor na Arquidiocese de Fortaleza, considerada por todos como o Seminário da Prainha. Nesta mesma instituição o menino Hélder entrou em 1923, aí realizando os estudos de preparação, e posteriormente se formando em filosofia e em teologia. Ele foi consagrado padre aos 22 anos, em 15 de agosto de 1931, com uma licença extraordinária da Santa Sé, pois ele não tinha ainda a idade mínima necessária para a ordenação, a de 24 anos.
Dom Hélder Câmara
Um dia depois ele já rezava sua primeira missa; logo depois assumiu o cargo de diretor do Departamento de Educação do Ceará, permanecendo neste posto por cinco anos. No mesmo ano em que se ordenou ele criou a Legião Cearense do Trabalho, em 1933, e a Sindicalização Operária Feminina Católica, que reunia lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas. Dom Hélder também integrou as discussões e elaborações de políticas de Estado voltadas para a esfera educacional pública.
Em 1936 ele seguiu para o Rio de Janeiro, aí se fixando por 28 anos. Durante sua permanência nesta cidade ele escreveu para periódicos católicos, exercitou tarefas de teor apostólico, coordenou o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, trabalhou como Diretor Técnico do Ensino da Religião, criou a Cruzada São Sebastião, com o objetivo de oferecer moradia digna aos favelados cariocas, um impulso inicial para a construção de outros complexos habitacionais, e instituiu o Banco da Providência, em 1959, que tinha por meta auxíliar os que viviam em condições precárias.
No dia 3 de março de 1952 ele foi consagrado como bispo auxiliar do Rio de Janeiro, sendo nomeado bispo em 20 de abril de 1952, quando tinha ainda 43 anos, por Dom Jaime de Barros Câmara, Dom Rosalvo Costa Rego e Dom Jorge Marcos de Oliveira. Neste período ele contribuiu para revigorar a CNBB – Conselho Nacional dos Bispos do Brasil -, onde atuou como Secretário Geral, incrementando a união entre os bispos de todo o país, ajustando os ideais da Igreja Católica aos padrões modernos, principalmente envolvendo esta instituição na defesa da justiça e da cidadania.
Dom Hélder também exerceu ação de destaque no Concílio Ecumênico Vaticano II, criando e assinando o Pacto das Catacumbas, texto subscrito por aproximadamente 40 padres participantes deste encontro, no dia 16 de novembro de 1965, nas catacumbas de Domitila, na cidade de Roma. Este movimento marcou profundamente a Teologia da Libertação.
Ele foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife em 12 de março de 1964, cargo que ocupou até dia 2 de abril de 1985. Durante este apostolado ele organizou um governo colegiado na diocese pela qual era responsável, dividindo-a em esferas pastorais; instituiu o Movimento Encontro de Irmãos, o Banco da Providência e a Comissão de Justiça e Paz desta circunscrição territorial; bem como consolidou as Comunidades Eclesiais de Base. Por sua clara atuação na luta pelos direitos humanos, pela justiça e contra o autoritarismo, Dom Hélder entrou em choque com a Ditadura Militar.
Perseguido pelos militares, impedido de se expressar na mídia e considerado comunista pelo governo, não deixou de resistir aos abusos estatais e de se comprometer com os explorados e com os condenados pela Ditadura. Carismático orador, celebrizou-se rapidamente, especialmente fora do país, onde suas idéias disseminaram-se amplamente. Elaborou vários projetos e instituições, muitas delas não-governamentais, voltadas para combater a fome no Nordeste, ao mesmo tempo que defendia os ideais cristãos de humildade e caridade.
Nos anos 90 ele inaugurou, com o auxílio de várias organizações filantrópicas, na Fundação Joaquim Nabuco, a campanha Ano 2000 Sem Miséria. Dom Hélder publicou inúmeras obras, posteriormente traduzidas em diversos idiomas, entre os quais o japonês, o inglês, o alemão, o francês, o espanhol, o italiano, o norueguês, o sueco, o dinamarquês, o holandês, o finlandês.
Dom Hélder faleceu no dia 28 de agosto de 1999, em Recife, aos 90 anos, depois de ser indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz, e de receber pelo menos seiscentas condecorações, entre placas, diplomas, medalhas, certificados, troféus e comendas. Em fevereiro de 2008 a Congregação para a Causa dos Santos recebeu o pedido de beatificação de Dom Hélder, enviado pela Comissão Nacional de Presbíteros (CNP), ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Em 2009, no dia 7 de fevereiro, a Regional Nordeste 2 da CNBB, a arquidiocese de Olinda e Recife, o Instituto Dom Hélder Câmara (IDHeC) e a Universidade Católica de Pernambuco celebrarão o centenário de nascimento de Dom Hélder, visando preservar sua memória e sua trajetória em prol da justiça e da prática dos verdadeiros preceitos cristãos.
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Madre Tereza de Calcutá
Agnes Gonxha Bojaxhiu, a futura madre Tereza, nasceu no dia 26 de agosto de 1910 em Skopje, Macedonia, de una familia de ogirem albaneza. O pai, respeitado homem de negócios, morreu quando ela tinha oitos anos, deixando a mãe de Agnes na condiçao de ter que abrir uma atividade de bordado e fazenda para poder manter a família. Depois de ter transcorrido a adolescencia impenhada fervorosamente nas atividades parroquiais, Agnes deixou a sua casa em setembro de 1928, entrando no convento de Loreto a Rathfarnam, (Dulim), Irlanda, onde foi acolhida como postulante no dia 12 de outubro e recebeu o nome de Tereza, como a sua padroeira, Santa Tereza de Lisieux.
Agnes foi enviada pela congregação de Loreto para a India e chegou em Calcutá no dia 6 de janeiro de 1929. Tendo apenas chegado lá, entrou no noviciado de Loreto, em Darjeerling. Fez a profissão perpétua come irmã de Loreto no dia 24 de maio de 1937, e daquele dia em diante foi chamada Madre tereza. Quando viveu em Calcutá durante os anos 1930-40, ensinou na escola secundária bengalese, Sta Mary.
No dia 10 de setembro de 1946, no trem que a conduzia de Calcutá para darjeeling, Madre Tereza recebeu aquilo que ela chamou “a chamada na chamada”, que teria feito nascer a família dos Missionários da Caridade, Irmãs, Irmãos, Padres e Colaboradores. O conteúdo desta inspiração é revelado no objetivo e na missão que ela teria dado ao seu novo Instituto: “Saciar a infinita sede de Jesus sobre a cruz de amor e pelas almas, trabalando para a salvação e para a santificação dos mais pobres entre os pobres”. No dia 7 de outubro de 1950, a nova congregação das Missionárias da Caridade foi instituida oficialmente como instituto religioso pela Arquidiocese de Calcutá.
Ao longo dos anos 50 e no inicio dos anos 60, Madre Tereza estendeu a opera das Missionárias da Caridade seja internamente dentro Calcutá, seja em toda a India. No dia 1 de fevereiro de 1965, Paulo VI concedeu à Congregação o “Decretum Laudis”, elevando-a a direito pontificio. A primeira casa de missão aberta fora de Calcuta foi em Cocorote, na Venezuela em 1965. A congregação se expandiu em toda a Europa (na periferia de Roma, a Torre Fiscale) e na Africa (em Tabora, em Tanzania) em 1968.
Do final dos anos 60 até 1980, as Missionárias da Caridade cresceram seja em número de casas de missão abertas em todo o mundo, seja no número dos seus membros. Madre Tereza abriu fundações na Australia, no Vizinho Oriente, na America do Norte, e o primerio noviciado fora de Calcutá em Londres. Em 1979 Madre Tereza recebeu o Premio Nobel pela Paz. No mesmo ano existiam já 158 casas de missão.
As Missionárias da Caridade chegaram aos países comunistas em 1979, abrindo uma fundação em Zagabria, na Croácia, e em 1980 em Berlim Este. Continuaram a estender a sua missão nos anos 80 e 90 abrindo casas em quase todos os países comunistas, incluindo 15 fundações na ex União Soviética. Não obstante os repetidos esforços, Madre Tereza não pode abrir nenhuma fundação na China.
Em outubro de 1985 Madre tereza falou no quadragésimo aniversário da Assembleia Geral das Nações Unidas. Na vigilia de Natal do mesmo ano, abriu em Nova York o “Dom de Amor”, a primeira casa para os doentes de AIDS. Nos anos seguintes, outras casa seguiram esta casa de acolhimento nos Estados Unidos e alhures, sempre especificadamente para doestes de AIDS.
No final dos anos 80 e durante os anos 90, não obstante os crescentes problemas de saúde, Madre tereza continuou a viajar pelo mundo para a profissão das noviças, para abrir novas casas de missão e para servir os pobres e aqueles que tinham sido atingidos por diversas calamidades. Foram fundadas novas comunidades na Africa do Sul, Albania, Cuba e Iraque, que estava dilacerado por causa da guerra. Em 1997 as irmãs eram cerca de 4000, presentes em 123 países do mundo nas mais ou menos 600 fundações.
Depois de ter viajado por todo o verão a Roma, New York e Washington, em condições de saúde delicadas, Madre Tereza voltou a Calcutá em 1997. Às 9:30 da noite do dia 05 de setembro de 1997, ela morreu na Casa Geral. O seu corpo foi transferido para a Igreja de São Tomas, adjacente ao Convento de Loreto, exatamente onde tinha chegado 69 anos antes. Centenas de milhões de pessoas de todas as classes sociais religiões, da India e do exterior lhe renderam homenagem. No dia 13 de setembro recebeu o funeral de Estado e o seu corpo foi conduzido em um longo cortejo através as estradas de Calcutá, sobre uma carreta de canhão que tinha trazido tambem os corpos de Mohandas Gandhi Jawaharlal Nehru. Chefes de nações, primeiros Ministros, Rainhas e enviados especiais chegaram para representar os países de todo o mundo.
Postulation of Mother Teresa
2498 Roll Drive • PMB 733 San Diego, CA 92154 USA 0052 664 621 3763
Oração da Campanha da Fraternidade de 2014
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertação da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
AMÉM!
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Papa Francisco
O novo pontífice é o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936. É Ordinário para os fiéis de rito oriental residentes na Argentina e sem Ordinário do rito próprio.
O Papa jesuíta se formou como técnico químico, mas depois escolheu o caminho do sacerdócio e entrou para o seminário de Villa Devoto. Em 11 de março de 1958, passou para o noviciado da Companhia de Jesus. Completou os estudos humanistas no Chile e em 1963, voltou para Buenos Aires e se formou em filosofia na Faculdade de Filosofia do Colégio máximo San José, de São Miguel.
De 1964 a 1965, ensinou literatura e psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé e, em 1966, ensinou essas mesmas matérias no Colégio do Salvador, em Buenos Aires.
De 1967 a 1970 estudou teologia na Faculdade de Teologia do Colégio máximo San José, de São Miguel, onde se formou.
Em 13 de dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote.
Em 1970-1971, completou a terceira aprovação em Alcalá de Henares (Espanha), e em 22 de abril de 1973 fez a profissão perpétua.
Foi mestre de noviços em Villa Barilari, San Miguel (1972-1973), professor na Faculdade de Teologia, Consultor da Província e Reitor do Colégio máximo. Em 31 de julho de 1973, foi eleito provincial da Argentina, cargo que desempenhou por seis anos.
De 1980 a 1986, foi reitor do Colégio máximo e das Faculdades de Filosofia e Teologia dessa mesma Casa e pároco da Paróquia de São José, na Diocese de San Miguel.
Em março de 1986, viajou para a Alemanha para completar sua tese de doutorado. Foi enviado pelos seus superiores ao Colégio do Salvador e passou para a igreja da Companhia na cidade de Córdoba, como diretor espiritual e confessor.
Em 20 de maio de 1992, João Paulo II o nomeou Bispo titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires. Em 27 de junho do mesmo ano, recebeu na catedral de Buenos Aires a ordenação episcopal das mãos do Cardeal Antonio Quarracino, do Núncio Apostólico Dom Ubaldo Calabresi e do Bispo de Mercedes-Luján, Dom Emilio Ogñénovich.
Em 3 de junho de 1997 foi nomeado Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires e em 28 de fevereiro de 1998 Arcebispo de Buenos Aires por sucessão à morte do Card. Quarracino. É autor dos livros: «Meditaciones para religiosos» del 1982, «Reflexiones sobre la vida apostólica» del 1986 e «Reflexiones de esperanza» del 1992.
É Ordinário para os fiéis de rito oriental residentes na Argentina que não podem contar com um Ordinário de seu rito. Grão-Chanceler da Universidade Católica Argentina.
Relator-Geral adjunto da 10ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (outubro de 2001).
De novembro de 2005 a novembro de 2011 foi Presidente da Conferência Episcopal Argentina.
Foi criado Cardeal pelo Beato João Paulo II no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, titular da Igreja de São Roberto Bellarmino.
É Membro: das Congregações: para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; para o Clero; para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica; do Pontifício Conselho para a Família: da Pontifícia Comissão para a América Latina.
"Fraternidade e Tráfico Humano". Mensagem do Papa para a Campanha da Fraternidade 2014
2014-03-05 Rádio Vaticana
No Brasil, com o início da Quaresma, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, lança oficialmente a Campanha de Fraternidade 2014, desta vez centrada no tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e tendo como lema a expressão paulina “Foi para sermos livres que Cristo nos libertou”. A quinquagésima edição desta Campanha anual prevê uma série de iniciativas de sensibilização, formação e oração, visando ajudar a compreender melhor o fenómeno do tráfico humano, para preparar “agentes pastorais” que sejam “antenas” nas comunidades empenhadas nesta luta. Só no Brasil, calcula-se que haja pelo menos 200 mil pessoas reduzidas à escravidão. Como é tradição, o Santo Padre enviou uma mensagem de encorajamento e apoio a esta Campanha da Fraternidade. Afirma nomeadamente o Papa Francisco: “Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! Impõe-se um profundo exame de consciência: quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? … Quem usa e explora mesmo indiretamente, uma pessoa humana, torna-se cúmplice desta prepotência” – adverte o Papa, evocando um seu discurso a um grupo de Embaixadores. Papa Francisco lembrou também “a prepotência” que tantas vezes reina no interior das famílias: “Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos da sua chamada para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada?” – interroga-se o Papa Francisco, que concluiu chamando a atenção para o facto de que, só ofenda a dignidade humana de alguém quem perdeu o sentido da sua própria dignidade de filho e filha de Deus. A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando a piso no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou!”
2014-03-05 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre Quarta-feira de Cinzas, 5 de março, às 14h, a Campanha da Fraternidade de 2014, com o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou”. Como todos os anos, o Pontífice adere à Campanha e envia uma mensagem diretamente à Conferência, que a apresenta na solenidade de abertura, em sua sede de Brasília. Abaixo, o texto completo, assim como divulgado pela Secretaria de Estado do Vaticano. Para ouvir, clique acima. Queridos brasileiros, Sempre lembrado do coração grande e da acolhida calorosa com que me estenderam os braços na visita de fins de julho passado, peço agora licença para ser companheiro em seu caminho quaresmal, que se inicia no dia 5 de março, falando-lhes da Campanha da Fraternidade que lhes recorda a vitória da Páscoa: «É para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1). Com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras da morte e do pecado. Durante os próximos quarenta dias, procuraremos conscientizar-nos mais e mais da misericórdia infinita que Deus usou para conosco e logo nos pediu para fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem: «Estás livre! Vai e ajuda os teus irmãos a serem livres!». Neste sentido, visando mobilizar os cristãos e pessoas de boa vontade da sociedade brasileira para uma chaga social qual é o tráfico de seres humanos, os nossos irmãos bispos do Brasil lhes propõem este ano o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”. Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! «A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, torna-se cúmplice desta prepotência» (Discurso aos novos Embaixadores, 12/XII/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada? Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens materiais… E isso – pasmem! – a troco da minha dignidade de filho e filha de Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito Santo que clama dentro de nós: «Abbá, Pai!» (cf. Gal 4,6). A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando piso-a no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado, quando estive junto de vocês afirmei que o povo brasileiro dava uma grande lição de solidariedade; certo disso, faço votos de que os cristãos e as pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf. Evangelii gaudium, 75). Com estes auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros, para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21), despertando em cada coração sentimentos de ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de bom grado lhes envio uma propiciadora Bênção Apostólica.
Vaticano, 25 de fevereiro de 2014.
Papa João XXlll
OBŒDIENTIA ET PAX
Obediência e Paz
Nasceu no dia 25 de Novembro de 1881 em Sotto il Monte, diocese e província de Bérgamo (Itália), e nesse mesmo dia foi baptizado com o nome de Angelo Giuseppe; foi o quarto de treze irmãos, nascidos numa família de camponeses e de tipo patriarcal. Ao seu tio Xavier, ele mesmo atribuirá a sua primeira e fundamental formação religiosa. O clima religioso da família e a fervorosa vida paroquial foram a primeira escola de vida cristã, que marcou a sua fisionomia espiritual.
Ingressou no Seminário de Bérgamo, onde estudou até ao segundo ano de teologia. Ali começou a redigir os seus escritos espirituais, que depois foram recolhidos no "Diário da alma". No dia 1 de Março de 1896, o seu director espiritual admitiu-o na ordem franciscana secular, cuja regra professou a 23 de Maio de 1897.
De 1901 a 1905 foi aluno do Pontifício Seminário Romano, graças a uma bolsa de estudos da diocese de Bérgamo. Neste tempo prestou, além disso, um ano de serviço militar. Recebeu a Ordenação sacerdotal a 10 de Agosto de 1904, em Roma, e no ano seguinte foi nomeado secretário do novo Bispo de Bérgamo, D. Giacomo Maria R. Tedeschi, acompanhando-o nas várias visitas pastorais e colaborando em múltiplas iniciativas apostólicas: sínodo, redacção do boletim diocesano, peregrinações, obras sociais. Às vezes era também professor de história eclesiástica, patrologia e apologética. Foi também Assistente da Acção Católica Feminina, colaborador no diário católico de Bérgamo e pregador muito solicitado, pela sua eloquência elegante, profunda e eficaz.
Naqueles anos aprofundou-se no estudo de três grandes pastores: São Carlos Borromeu (de quem publicou as Actas das visitas realizadas na diocese de Bérgamo em 1575), São Francisco de Sales e o então Beato Gregório Barbarigo. Após a morte de D. Giacomo Tedeschi, em 1914, o Pade Roncalli prosseguiu o seu ministério sacerdotal dedicado ao magistério no Seminário e ao apostolado, sobretudo entre os membros das associações católicas.
Em 1915, quando a Itália entrou em guerra, foi chamado como sargento sanitário e nomeado capelão militar dos soldados feridos que regressavam da linha de combate. No fim da guerra abriu a "Casa do estudante" e trabalhou na pastoral dos jovens estudantes. Em 1919 foi nomeado director espiritual do Seminário.
Em 1921 teve início a segunda parte da sua vida, dedicada ao serviço da Santa Igreja. Tendo sido chamado a Roma por Bento XV como presidente nacional do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé, percorreu muitas dioceses da Itália organizando círculos missionários.
Em 1925, Pio XI nomeou-o Visitador Apostólico para a Bulgária e elevou-o à dignidade episcopal da Sede titular de Areopolis.
Tendo recebido a Ordenação episcopal a 19 de Março de 1925, em Roma, iniciou o seu ministério na Bulgária, onde permaneceu até 1935. Visitou as comunidades católicas e cultivou relações respeitosas com as demais comunidades cristãs. Actuou com grande solicitude e caridade, aliviando os sofrimentos causados pelo terremoto de 1928. Suportou em silêncio as incompreensões e dificuldades de um ministério marcado pela táctica pastoral de pequenos passos. Consolidou a sua confiança em Jesus crucificado e a sua entrega a Ele.
Em 1935 foi nomeado Delegado Apostólico na Turquia e Grécia: era um vasto campo de trabalho. A Igreja tinha uma presença activa em muitos âmbitos da jovem república, que se estava a renovar e a organizar. Mons. Roncalli trabalhou com intensidade ao serviço dos católicos e destacou-se pela sua maneira de dialogar e pelo trato respeitoso com os ortodoxos e os muçulmanos. Quando irrompeu a segunda guerra mundial ele encontrava-se na Grécia, que ficou devastada pelos combates. Procurou dar notícias sobre os prisioneiros de guerra e salvou muitos judeus com a "permissão de trânsito" fornecida pela Delegação Apostólica. Em 1944 Pio XII nomeou-o Núncio Apostólico em Paris.
Durante os últimos meses do conflito mundial, e uma vez restabelecida a paz, ajudou os prisioneiros de guerra e trabalhou pela normalização da vida eclesial na França. Visitou os grandes santuários franceses e participou nas festas populares e nas manifestações religiosas mais significativas. Foi um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais do episcopado e do clero na França. Distinguiu-se sempre pela busca da simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos. Procurou agir sempre como sacerdote em todas as situações, animado por uma piedade sincera, que se transformava todos os dias em prolongado tempo a orar e a meditar.
Em 1953 foi criado Cardeal e enviado a Veneza como Patriarca, realizando ali um pastoreio sábio e empreendedor e dedicando-se totalmente ao cuidado das almas, seguindo o exemplo dos seus santos predecessores: São Lourenço Giustiniani, primeiro Patriarca de Veneza, e São Pio X.
Depois da morte de Pio XII, foi eleito Sumo Pontífice a 28 de Outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. O seu pontificado, que durou menos de cinco anos, apresentou-o ao mundo como uma autêntica imagem de bom Pastor. Manso e atento, empreendedor e corajoso, simples e cordial, praticou cristãmente as obras de misericórdia corporais e espirituais, visitando os encarcerados e os doentes, recebendo homens de todas as nações e crenças e cultivando um extraordinário sentimento de paternidade para com todos. O seu magistério foi muito apreciado, sobretudo com as Encíclicas "Pacem in terris" e "Mater et magistra".
Convocou o Sínodo romano, instituiu uma Comissão para a revisão do Código de Direito Canónico e convocou o Concílio Ecuménico Vaticano II. Visitou muitas paróquias da Diocese de Roma, sobretudo as dos bairros mais novos. O povo viu nele um reflexo da bondade de Deus e chamou-o "o Papa da bondade". Sustentava-o um profundo espírito de oração, e a sua pessoa, iniciadora duma grande renovação na Igreja, irradiava a paz própria de quem confia sempre no Senhor. Faleceu na tarde do dia 3 de Junho de 1963.
Papa Paulo Vl e Cardeal Carol Wojtyla
Giovanni Battista Montini,PapaPaulo VI
(1897 - 1978)
Papa católico nascido em Concesio, Itália, cujo papado caracterizou-se por alternar posições progressistas e conservadoras, muitas viagens e divulgação de importantes encíclicas que individualmente provocaram manifestações ora de aprovação ora até de revolta, entre católicos de todo o mundo. Ordenado em Brescia (1920), mudou-se para Roma, e entrou para o serviço diplomático do Vaticano. Nomeado arcebispo de Milão (1954) e cardeal (1958), foi eleito papa (1963) com o nome de Paulo VI, sucedendo João XXIII. No início do pontificado dirigiu a parte final do Concílio Ecumênico Vaticano II, que promoveu importantes reformas internas na igreja, e paralelamente, fez várias viagens, a primeira delas a Jerusalém (1963), e depois esteve na Organização das Nações Unidas, em Nova York, e na Índia (1964). Como papa ainda visitou outros países como Portugal, Turquia, Colômbia, Suíça, Uganda, Irã, Paquistão, Filipinas, Austrália e Indonésia, basicamente ressaltando a universalidade da missão eclesiástica. Entre suas encíclicas destacaram-se Mysterium fidei (1965), sobre a eucaristia, Populorum progressio (1967), sobre o dever dos países ricos ajudar os países pobres, e Humanae vitae (1968), sobre a proibição de todos os métodos anticoncepcionais artificiais. Em suas ações mostrou-se contrário aos movimentos operários comunistas e morreu em Castel Gandolfo, Itália.
Papa João Paulo I (Albino Luciani)
O Papa João Paulo I, título com o qual seria consagrado posteriormente, nasceu no dia 17 de outubro de 1912, na cidade de Forno de Canale, em Belluno, na Itália. Ele foi batizado com o nome de Albino Luciani, no mesmo dia em que nasceu, pois seus pais receavam que ele não fosse viver.
Procedente de uma família pobre, ele era filho de Giovanni Luciani, socialista, operário que trabalhava em uma fábrica de vidros, muitas vezes obrigado a procurar emprego em países vizinhos; e da católica devota Bertola, que lhe inspirou o desejo de seguir a vida eclesiástica. Assim, enveredando por este caminho, Albino tornou-se padre em 1935, após realizar sua formação em um seminário gregoriano. Sua ordenação se deu na Igreja de São Pedro de Belluno; logo depois assumiu a paróquia de Canale d’Agordo, mas logo a deixou para ensinar religião no Instituto Técnico para Mineiros, onde já se observavam seu carisma e sua popularidade, nascidos principalmente de seu sorriso cativante. Em 1937 ele se torna vice-reitor do Seminário em que estudara, posto no qual permanece até 1947.
Neste mesmo ano, no dia 27 de fevereiro, ele se torna doutor em Teologia Sagrada pela Universidade Gregoriana, em Roma, defendendo a tese intitulada A origem da alma humana de acordo com o Antonio Rosmini. Muito humilde e devotado à idéia de salvar a Humanidade, ele não tinha maiores pretensões; mesmo assim foi transformado em bispo por João XXIII, em 15 de dezembro de 1958; e nomeado Patriarca de Veneza por Paulo VI em 15 de dezembro de 1969, tentando se manter distante de discussões políticas internas no Vaticano. Albino participou também do Concílio Vaticano II, realizado em 1962 pelo Papa João XXIII para discutir a adaptação da Igreja à modernidade.
No dia 5 de março de 1973 ele recebeu nova promoção, desta vez para Cardeal, a convite de Paulo VI. Aos 65 anos ele se surpreende ao ser eleito o novo Papa, derrotando o ultraconservador cardeal Giuseppe Siri, considerado até então pela mídia o mais provável ocupante do trono de São Pedro, por 99 votos a 11. Tão surpreso ficou Albino, que sua primeira reação teria sido recusar o cargo, mas o cardeal holandês Johan Willebrands, a seu lado na Capela, teria convencido o novo Papa do contrário. Eleito, Luciani adota o nome de João Paulo I, primeiro Papa a escolher um título composto, para homenagear os que lhe antecederam, João XXIII e Paulo VI.
Sua doçura, a extrema afabilidade e o incansável sorriso terno lhe valeram o apelido de ‘Papa Sorriso’. O pouco tempo em que permaneceu no pontificado indicava uma intensa humildade, um desconforto com o luxo do Vaticano – ele chegou a recusar a coroação papal, que era opcional, e o transporte em liteiras, ponto em que ele foi obrigado a ceder -, e a intenção de realizar reformas profundas na Igreja, a começar da própria sede do papado. Ele morreu antes de qualquer tentativa, na madrugada do dia 28 de setembro de 1978, entre 23h30 e 4h30 da manhã, em seus aposentos, no Palácio Apostólico do Vaticano.
Sua permanência por tão pouco tempo no Vaticano suscitou inúmeras teses sobre a verdadeira causa de sua morte, até hoje não oficialmente determinada. A proibição de se realizar autópsia no corpo de um papa morto impediu o esclarecimento total dos reais motivos do falecimento de João Paulo I. O mistério é reforçado pela rapidez com que se embalsamou o corpo, sem empenho na busca de maiores detalhes, contrastando com a precisão dos registros sobre a morte de Paulo VI. Assim, é difícil não pensar em uma morte suspeita, talvez por envenenamento, já que o Papa parecia desagradar a Cúria Romana, mais preocupada em contrapor-se aos ideais socialistas, então crescentes entre o clero em diversas partes do globo. A escolha de João Paulo II como seu sucessor parece dar ainda mais vazão a esta tese, pois este membro conservador da Igreja caminhava na contramão de seu antecessor, tanto na política quanto em questões como o aborto, o uso de anticoncepcionais, entre outras.
Luciani vinha mantendo contato com diversos especialistas na reprodução humana, com pensadores e adeptos das mais diferentes religiões, tentando assim repensar as convencionais posturas da Igreja Católica. O controvertido jornalista investigativo David Yallop, no seu livro Em Nome de Deus, afirma reunir provas e fontes que lhe autorizam a considerar a morte de João Paulo I não natural, ou seja, fruto de um assassinato bem urdido, do qual teriam participado, entre outros, o cardeal Jean Villot, o membro da máfia siciliana Michele Sindona, o cardeal americano John Cody, então líder da arquidiocese de Chicago, e o presidente do Banco do Vaticano daquela época, o bispo Paul Marcinkus, além de adeptos da loja maçônica P2.
Infelizmente, de uma forma ou de outra, a personalidade humilde e inovadora do ‘candidato de Deus’, como foi chamado por um dos cardeais, não lhe permitiu ser aceito pelo governo da Santa Sé, mas o perfil de autêntico discípulo de Jesus, somado a seu sorriso ímpar, deixaram sua imagem gravada eternamente na memória popular. Talvez a Humanidade, ou pelo menos a poderosa elite que rege o Planeta, ainda não estivesse preparada para receber um ser detentor de tão alta espiritualidade.
I - OS PRIMEIROS PASSOS DE UM GRANDE SERVO DE DEUS
João Paulo II foi o primeiro papa eslavo na história da Igreja. Eleito em 16 de outubro de 1978 para suceder a João Paulo I, o cardeal polonês Karol Wojtyla quebrou uma tradição de quase meio milênio: foi o primeiro papa não-italiano desde Adriano VI, este, escolhido 456 anos antes. Na época, a escolha de um cardeal estrangeiro - além disso, oriundo da Europa oriental - foi vista como o início de uma nova era na igreja. E, João Paulo II mudou a Igreja Católica para melhor.
Karol Wojtyla (João Paulo II), com os pais Emilia e Karol.
Wadowice, Polônia.
Originário de uma família da pequena classe média, Karol Josef Wojtyla nasceu em Wadowice, Polônia, no dia 8 de maio de 1920. Filho de um operário (Karol Wojtyla), que se tornou sub-oficial do Exército, o menino Wojtyla ficou órfão de mãe (Emília Kaczorowska) aos nove anos e teve uma infância difícil. Em Wadowice - sua terra natal - fez seus primeiros estudos e concluiu o curso ginasial. Aluno dedicado, destacou-se nos estudos e nos esportes, merecendo elogios dos colegas e professores.
II - A ESCOLHA PELO SACERDÓCIO
Sua juventude foi marcada por intensos contatos com a comunidade judaica de Cracóvia. Inteligência rara, ainda muito jovem, Karol Wojtyla identificou-se com a literatura: queria ser poeta e dramaturgo. Na Universidade de Cracóvia, iniciou o curso de Língua Polonesa e Literatura, interrompido no primeiro ano, em virtude da II Grande Guerra, quando do fechamento da universidade pela forças alemãs, logo após a ocupação da Polônia. Diante desta situação, juntamente com um grupo de jovens, organizou uma universidade clandestina, onde estudou filosofia, línguas e literatura.
Por esse tempo, passou a trabalhar numa fábrica de produtos químicos. Desse período é de sua autoria uma peça teatral encenada no Vaticano, anos depois. Atleta, ator, tradutor, musico, dramaturgo e filósofo na juventude, Karol Wojtyla ao perder seu pai resolveu ser padre.
Assim, em 1942, aos 22 anos de idade, ingressou no Departamento Teológico da Universidade Jaqielloniana. E, fugindo das perseguições nazistas, até o final da segunda guerra mundial viveu escondido, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia. Por fim, concluindo seus estudos eclesiásticos, ordenou-se sacerdote no dia 1º de novembro de 1946, em cerimônia litúrgica realizada na Capela do Seminário Maior de Cracóvia. Dias depois, celebrou sua primeira Missa na Cripta de São Leonardo, na Catedral de Wavel.
III - UMA TRAJETÓRIA ASCENDENTE
Doutor em Teologia pela Universidade Pontifícia de Roma, Karol Wojtyla foi docente de Teologia e Moral na Universidade Jaqielloniana, de Cracóvia, e, subseqüentemente, na Universidade Católica de Lublin, onde interagiu com importantes representantes do pensamento católico polonês, especialmente da vertente conhecida como ‘tomismo lublinense’.
No exercício das referidas funções permaneceu até 23 de Setembro de 1958, quando foi consagrado Bispo Auxiliar do Administrador Apostólico de Cracóvia, convertendo-se no membro mais jovem do Episcopado Polonês. Quatro anos depois, ascendeu à condição de titular daquela diocese.
Sempre atuante, sua carreira eclesiástica teve uma trajetória ascendente. Progressista, seu pensamento “combinava a produção teológica com um intenso trabalho apostólico, especialmente com os jovens, com quem compartilhava tanto momentos de reflexão e oração como espaços de distração e aventura ao ar livre”.
Em 1964, aos 44 anos de idade, tornou-se Arcebispo. Três anos mais tarde, foi designado cardeal pelo papa Paulo VI. Na qualidade de bispo e arcebispo, Wojtyla participou do Concílio Vaticano II, “contribuindo para a redação de documentos que se tornariam no Decreto sobre a Liberdade Religiosa (Dignitatis Humanae) e a Constituição Pastoral da Igreja no Mundo Moderno(Gaudium et Spes), dois dos mais historicamente importantes e influentes resultados do concílio”. Como Arcebispo, o futuro papa “caracterizou-se pela integração dos leigos nas tarefas pastorais, a promoção do apostolado juvenil e vocacional, a construção de templos apesar da forte oposição do regime comunista, a promoção humana e formação religiosa dos operários e o incentivo ao pensamento e às publicações católicas”.
IV - A ELEIÇÃO PARA O TRONO DE PEDRO
Na tarde do dia 16 de outubro de 1978, trinta e três dias após a morte do Papa João Paulo I, o Cardeal Karol Josef Wojtyla, foi eleito líder supremo da Igreja Católica, obtendo 99 dos 108 votos permitidos. Eleito, Wojtyla - que adotou o nome de João Paulo II, em homenagem ao seu antecessor - entrou para a história como o primeiro papa eslavo e, como possuía apenas 58 anos de idade, tornou-se o mais jovem desde Gregório XVI, escolhido em 1846.
Papa João Paulo II durante sua cerimônia de entronização na
Praça de São Pedro. Roma, Itália, 22 de outubro de 1978
Sua entronização solene aconteceu no dia 22 daquele mesmo mês e ano, consagrando-se o 264º sucessor de Pedro - São Pedro na tradição católica -, venerado como o primeiro papa.
V - UM PAPA CONSERVADOR
Liberal em matéria social, mas conservador em relação à doutrina, João Paulo II acentuou o aspecto pastoral da igreja, opondo-se firmemente ao aborto, ao controle da natalidade por meios artificiais e ao divórcio. Durante seu papado, fez ainda restrições à atuação de religiosos na política partidária e à ordenação de mulheres. Em seus discursos, criticava a aproximação da Igreja com o marxismo nos países em desenvolvimento, e, em especial, à Tologia da Libertação.
Papa João Paulo II sendo apoiado por seus assessores após
tentativa de assassinato por um terrorista na Praça de São Pedro.
Roma, Itália, 13 de maio de 1981
No dia 13 de maio de 1981, João Paulo II foi vítima de um atentado a bala, em plena Praça de São Pedro. Este episódio, promovido pelo terrorista turco Mohamed Ali Agca, nunca foi devidamente esclarecido no que diz respeito a participação de eventuais organizações. No entanto, trouxe sérias repercussões na saúde de João Paulo II. Anos mais tarde, o Vaticano revelaria ao mundo, que o ‘terceiro segredo de Fátima’, dizia respeito a esse atentado.
VI - O VERBO
Erudito, poliglota e esportista, João Paulo II inaugurou um estilo dinâmico, marcado por viagens freqüentes. Para tanto, desejando alcançar os objetivos traçados para seu pontificado, em abril de 1984 realizou uma reforma administrativa, quando delegou o governo do Vaticano. Com isso esperava poder se dedicar mais à função pastoral. E, ainda por sua iniciativa, em 1983 foi publicado o novo código de direito canônico, cuja revisão fora iniciada depois da conclusão do Concílio Vaticano II.
Papa João Paulo II acena para a multidão no Shea Stadium.
Nova York, EUA, outubro de 1979
Durante seu pontificado, João Paulo II divulgou catorze encíclicas. Ei-las: ‘Redemptor Hominis’ (Redentor do Homem), em 4 de Março de 1979; ‘Dives in Misericordia’, aos 30 de Novembro de 1980; ‘Laborem Exercens’ - Sobre o trabalho e na comemoração do 90º aniversário da encíclica ‘Rerum Novarum’ do Papa Leão XIII, em 14 de Setembro de 1981; ‘Slavorum Apostoli’(Apóstolos dos Eslavos) - Comemoração dos Santos Cirilo e Metódio, aos 2 de junho de 1985;‘Dominum et Vivificantem’ (Senhor e Dador de Vida), em 18 de maio de 1986; ‘Redemptoris Mater’(Mãe dos Redimidos), aos 25 de março de 1987; ‘Sollicitudo Rei Socialis’ - Sobre assuntos sociais, em 30 de dezembro de 1987; ‘Redemptoris Missio’ - Sobre a validade permanente do mandato missionário, aos 7 de dezembro de 1990; ‘Centesimus Annus’ (Centésimo Ano) - No 100º aniversário da encíclica ‘Rerum Novarum’; sobre o capital e o trabalho, em 1º de maio de 1991;‘Veritatis Splendor’ (Esplendor da Verdade) - sobre questões de moral da Igreja, aos 6 de agosto de 1993; ‘Evangelium Vitae’ (Evangelho da Vida), em 25 de março de 1995; ‘Ut Unum Sint’ (Que Sejam Um) - Empenho no ecumenismo, aos 25 de maio de 1995; ‘Fide et Ratio’ (Fé e Razão), onde condena o ateísmo e a fé sem razão e afirma a posição da filosofia e razão na religião, aos 14 de setembro de 1998 e ‘Ecclesia de Eucharistia’ (Igreja da Eucaristia), em 17 de abril de 2003.
Papa João Paulo II dá a sua bênção aos peregrinos e fiéis na
Praça de São Pedro no domingo de Páscoa. Roma, Itália.
Papa João Paulo II deixa o Coliseu após O Caminho da Cruz.
Roma, Itália, 09 de abril de 2004
VII - UM PONTIFICADO DE 26 ANOS
O pontificado de João Paulo II é o terceiro mais longo da história da Igreja Católica. Ao longo dos 26 anos que ocupou o trono de Pedro, visitou mais de 129 países e mais de 1000 localidades, levando a palavra de Deus aos mais diferentes povos e nações do mundo.
Papa João Paulo II em frente a montanha Monte Bianco durante
suas férias de verão. Val Ferret, Itália, 17 de julho de 2004.
Registra a história que a primeira metade do pontificado de João Paulo II foi “marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e no restante dos países da Europa e do mundo”. Na seguinte, no entanto, “é de notar a crítica ao mundo ocidental capitalista, opulento e egoísta, dando voz ao Terceiro Mundo e aos pobres”.
Papa João Paulo II acena para fiéis na Praça de São Pedro.
Roma, Itália, 07 de abril de 2004
Papa João Paulo II posa com um grupo de freiras.
Roma, Itália, 30 de abril de 2003.
Sua Santidade o Papa Joao Paulo II
Em 1998, numa visita a Cuba, condenou o embargo econômico imposto àquele país pelos Estados Unidos, colocando um ponto final numa relação tensa que durava 39 anos entre a Igreja Católica e o regime de Fidel Castro. Entretanto, cinco anos mais tarde, pelas mãos do Cardeal Ângelo Sodano, enviou uma carta ao presidente cubano, criticando “as duras penas impostas a numerosos cidadãos cubanos e, também as condenações à pena capital”.
Papa João Paulo II ao lado de Dalai Lama. Roma, Itália, 27 de novembro de 2003.
Papa João Paulo II se reúne com o israelense Rabi Meir Lau e
o palestinos Sheikh Tatzir Tamimi.
Jerusalém, Israel, 23 de março de 2000
Papa João Paulo II reza na Igreja do Santo Sepulcro.
Jerusalém, Israel, 26 de março de 2000.
João Paulo II no Muro das Lamentações
João Paulo II promoveu uma aproximação com às grandes religiões monoteístas do mundo, embora tenha enfrentando acusações de ‘proselitismo agressivo’ feitas pelo mundo ortodoxo. Em janeiro de 2000, viajou à Terra Santa, onde obteve a reconciliação com os judeus. Em Jerusalém, visitou o Muro das Lamentações e “pediu perdão pelos erros e crimes cometidos pela Igreja no passado”.
VIII - O PAPA JOÃO PAULO II NO BRASIL
Havia um carinho muito especial entre João Paulo II e o povo brasileiro, que é considerado o mais católico do mundo. Por três vezes, ele visitou o Brasil. Em sua primeira visita, desembarcou em Brasília, ao meio-dia do dia 30 de junho de 1980, oportunidade em que foi recebido pelo General João Batista de Figueiredo, o último presidente do regime militar. Sua visita teve como objetivo principal “reforçar a união da família, conciliar as diversas tendências da Igreja Católica (reprimir a ala liberal) e definir seu papel em relação ao Estado”.
Papa João Paulo II cercado por fiéis.
Aparecida, Brasil, 04 de julho de 1980
Papa João Paulo II durante sua visita ao Brasil.
São Paulo, 03 de julho de 1980.
Papa João Paulo II beija o chão em sua chegada ao Brasil.
São Paulo, 12 de outubro de 1991
Nessa primeira estadia entre nós, João de Deus - que de Brasília partiu para Manaus - percorreu treze cidades em apenas doze dias. A maratona teve um total de 30.000 km. Onze anos mais tarde, entre 12 e 21 de outubro de 1991, esteve pela segunda vez no Brasil, onde quebrou uma tradição: beijou novamente o solo brasileiro, pois ele não costumava beijar o solo de um país que ele já tinha visitado. Naquela oportunidade, João Paulo II visitou sete cidades e fez 31 discursos e homilias.
Papa João Paulo II ao lado do ex-presidente Fernando Collor.
Brasília, Brasil, 14 de outubro de 1991.
Sua última visita ao Brasil ocorreu entre os dias 2 e 6 de outubro de 1997 e foi a mais curta de todas. Desta vez, já se notava o cansaço da idade. Abatido, o Papa não conseguiu realizar o tradicional ato de beijar o chão, mas mesmo assim, encantou multidões de fiéis que foram ao seu encontro em busca de uma palavra de paz. No Rio de Janeiro, participou do Encontro Mundial da Família, realizado no Maracanã.
IX - O ESTADISTA DA PAZ
Papa João Paulo II em uma missa de beatificação de Anton
Martin Slomsek. Eslovênia, 19 de setembro de 1999
Eterno defensor da paz, João Paulo II “foi um crítico feroz dos atentados terroristas, das guerras e dos atos de violência pelo mundo”. Em 2003, seu nome chegou a ser cotado para o Prêmio Nobel da Paz. No entanto, o referido prêmio foi concedido à advogada iraniana Shirin Ebadi.
Papa João Paulo II chega ao altar para celebrar a Missa no prado
de Cracóvia Blonie. 18 de agosto de 2002
Espírito consciente e puro, em seu último livro ‘Memória e identidade’, classificou os atentados terroristas como erupções de violência, fazendo expresso pedido pelo fim dessas ações. Refletindo sobre o mundo atual, declarou ainda no mesmo livro: "Noto que os atos de violência diminuíram notavelmente, mas ainda existem no mundo as chamadas ‘redes do terror‘, que representam uma ameaça constante para a vida de milhões de inocentes".
Papa João Paulo II durante sua audiência semanal.
Roma, Itália, 07 de abril de 2004.
Comentando os atentados de 11 de setembro de 2001, disse aos fiéis presentes na Basílica de São Pedro: “Não há sentimentos de frustração, filosofia ou religião que justifiquem uma aberração como essa”.
João Paulo II fala com garotas polonesas.
Roma, Itália, 07 de abril de 2004.
Papa João Paulo II entre o príncipe Charles e a princesa Diana.
Vaticano, abril de 1985.
Sempre firme em suas posições, João Paulo II defendeu o perdão para a dívida externa dos países em desenvolvimento, alegando que o mundo será melhor quando homens forem iguais, quando as nações viverem em paz. E, classificou a Guerra do Iraque como ‘imoral e injusta’. Como emissário da paz, “João Paulo II teve importante papel no fim de conflitos internacionais. Foi um dos homens que mais trabalhou para encerrar a Guerra Fria, com sua luta obstinada contra o comunismo. O seu legado de paz e liberdade é reconhecido por líderes mundiais, que expressaram dor com a sua morte”.
X - A MORTE DE UM SANTO
Após o atentado de maio de 1981, com o passar dos anos João Paulo II tinha cada vez menos condições de aparecer em público. E isto fez com que diminuísse o ritmo de suas viagens. A princípio, começou a sofrer de sérios problemas ósseos. Mais tarde, a Santa Sé anunciou ao mundo que o papa sofria do mal de Parkinson. E, “apesar da debilidade física que marcou a fase final do seu pontificado, e que suscitou, em várias ocasiões, rumores sobre a sua morte, ele nunca perdeu a capacidade missionária e por várias vezes afirmou que levaria o episcopado até ao fim”.
Com a saúde debilitada, João Paulo II que estava internado no Hospital Gemelli, em Roma, recuperando-se de uma forte gripe, foi submetido a uma traaqueotomia para ajudar a respirar, no dia 24 de fevereiro deste ano. A partir desse dia, sua saúde entrou em declínio.
Recolhido aos seus aposentos, no Vaticano - onde viveu em orações até o limite de suas forças físicas - após falha circulatória e renal, e pressão arterial instável, João Paulo II faleceu às 21h37min (hora de Roma e 16h37min hora de Brasília) do dia 2 de abril de 2005, num sábado, que enlutou o mundo inteiro.
Milhares de fiéis assistiram, na Praça São Pedro, ao anúncio do falecimento do Santo Papa. O corpo de João Paulo II - após os rituais prescritos pela Igreja Católica - foi enterrado às 14h20 (9h20, horário de Brasília), da sexta-feira, dia 7 seguinte, na gruta sob a Basílica de São Pedro, a poucos metros do túmulo do Apóstolo Pedro, ao lado do túmulo de Paulo VI e em frente ao de João Paulo I. Uma lápide, com uma inscrição latina assinalando seu nome, a data de seu nascimento e morte, cobre a sepultura.
XI - A REPERCUSSÃO DA MORTE DO PAPA JOÃO PAULO II NO BRASIL
No Brasil, o maior país católico do mundo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva decretou luto oficial por três dias após a morte do papa João Paulo II, ato que foi seguido por todos os governos estaduais.
Para Dom Geraldo Magela, Presidente da CNBB, “Cristo decidiu ter um vigário na terra, alguém visível que o representasse de modo mais especial junto a toda a Igreja e este alguém foi o Santo Padre”.
O presidente Lula afirmou à imprensa que a morte do Papa João Paulo II, entristeceu“profundamente o povo brasileiro, que tinha pelo Santo Padre grande afeto. Suas três visitas ao Brasil serão sempre recordadas com viva emoção. A canção ‘João de Deus’, entoada espontaneamente pelo povo brasileiro, expressou esta relação de carinho e respeito”.
XII - PORQUE JOÃO PAULO II SERÁ LEMBRADO
João Paulo II será lembrado por sua incessante luta pela paz. Mesmo sendo o papa mais jovem desde Pio IX, ele “tornou-se o Papa cuja ação foi mais decisiva no século XX: as suas viagens ultrapassaram em número e extensão as de todos os antecessores juntos, reunindo sempre multidões”.
Papa João Paulo II é presenteado com um cocar em Brasília.
Brasil, 11 de outubro de 1991.
Yasser Arafat recebe o Papa João Paulo II.
Roma, Itália, 02 de agosto de 2001.
Yasser Arafat recebe o Papa João Paulo II.
Roma, Itália, 02 de agosto de 2001.
Possuidor de um carisma à semelhança de João XXIII, foi o primeiro a pregar numa igreja luterana e numa mesquita, e o primeiro a visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém. Durante seu pontificado, João Paulo II celebrou 147 cerimônias de beatificação e 51 de canonizações. Em resumo, proclamou 1338 beatos e 482 santos. E, “por seu carisma e habilidade para lidar com os meios de comunicação”, reconhecidamente, João Paulo II é o Papa mais popular da história.
Papa Bento XVI
Joseph Ratzinger nasceu em Marktl, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927 (um Sábado Santo) e foi batizado no mesmo dia.
Pelo fato de seu pai ter sido membro da polícia rural, era frequentemente transladado, e toda a família junto com ele. Assim, muitas vezes, tiveram de mudar-se. Seu pai provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições econômicas. Sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e, antes de casar, trabalhara como cozinheira em vários hotéis.
Em dezembro de 1932, devido à aberta crítica que seu pai fazia ao nacional-socialismo, a família Ratzinger se vê obrigada a mudar-se a Auschau am Inn, ao pé dos Alpes. Em 1937, o pai do Cardeal Ratzinger muda-se com toda a família para Hufschlag, nos subúrbios da cidade do Traunstein, onde Josef passou a maior parte de seus anos de adolescência e recebeu sua formação cristã, humana e cultural. É em Traunstein que ele inicia seus estudos no Ginásio de Línguas Clássicas, onde aprende latim e grego.
Em 1939, entra no Seminário Menor, dando o primeiro passo na sua carreira eclesiástica.
Em setembro de 1944, Ratzinger é relevado do FLAK e retorna a casa. Em novembro, passa pelo treinamento básico na infantaria alemã, mas devido a seu pobre estado de saúde, é excetuado de boa parte dos rigores próprios da vida militar.
Na primavera de 1945, enquanto se aproximam as forças aliadas, Ratzinger deixa o exército e retorna à sua casa em Traunstein. Quando finalmente chega o exército americano até sua cidade, Ratzinger é identificado como soldado alemão e enviado a um campo de prisioneiros de guerra.
Em 19 de junho desse mesmo ano, é liberado e retorna ao lar em Traunstein, segue-o seu irmão Georg em julho. Em novembro, tanto ele quanto seu irmão mais velho, Georg, retornam ao seminário.
Em 1947, Ratzinger ingressa no Herzogliches Georgianum, um instituto teológico ligado à Universidade do Munique.
Em 1951, 29 de junho, Josef e seu irmão Georg são ordenados sacerdotes pelo Cardeal Faulhaber na catedral de Freising, na Festa dos Santos Pedro e Paulo. Desde 1952 até 1959, é membro da Faculdade da Escola Superior de Filosofia e Teologia, em Freising. Em 1953, doutorou-se em teologia com a tese “O povo e Casa de Deus na Doutrina da Igreja de Santo Agostinho sobre a Igreja”. Passados quatro anos, sob a direção do conhecido professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre “A teologia da história em São Boaventura”.
Em abril de 1959, Ratzinger se inicia como Professor Principal da Teologia Fundamental na Universidade de Bonn. De 1962 a 1965, assiste às quatro sessões do Concílio Vaticano II em qualidade de perito, como conselheiro teológico principal do Cardeal Frings de Colônia. Em 1963, translada-se à Universidade de Münster e, em dezembro desse ano, falece sua mãe. Em 1966, é nomeado professor de teologia dogmática na universidade de Tübingen. Sua nomeação é fortemente apoiada pelo professor Hans Küng, o qual conhece inicialmente, em 1957, em um congresso de teologia dogmática em Innsbruck. A partir de 1969, passo a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, na qual ocupa também o cargo de vice-reitor da Universidade. Logo é nomeado Decano e Vice-presidente. Nesse ano, também é nomeado Conselheiro Teológico dos Bispos Alemães.
A sua intensa atividade científica leva-o a desempenhar importantes cargos a serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.
Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeia-o Arcebispo de München e Freising. É urgido por seu confessor a aceitar o cargo e escolhe como seu lema episcopal a frase das 3 cartas do João, “Cooperadores da verdade”. É consagrado, em 28 de maio, pelo Bispo de Würzburg, Josef Stange. Em junho desse mesmo ano, é criado cardeal presbítero pelo Papa Paulo VI, e recebe o título de S. Maria Consolatrice ao Tiburtino. Nesse ano também, assistiu à IV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano.
Ainda em 1977, Paulo VI criou-o cardeal, do título presbiteral de “Santa Maria da Consolação no Tiburtino”, no Consistório de 27 de junho.
Em 1978, participou no Conclave celebrado de 25 a 26 de agosto, o qual elegeu João Paulo I. Este nomeou-o seu enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional, que teve lugar em Guayaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro. No mês de outubro desse mesmo ano, participou também do Conclave que elegeu João Paulo II.
Foi relator na V Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada em 1980, a qual tinha como tema “Missão da família cristã no mundo contemporâneo”, e Presidente Delegado da VI Assembleia Geral Ordinária, celebrada em 1983, sobre “A reconciliação e a penitência na missão da Igreja”.
João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional em 25 de novembro de 1981. No dia 15 de fevereiro de 1982, renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de München e Freising. O Papa elevou-o à Ordem dos Bispos, atribuindo-lhe a sede suburbicária de Velletri-Segni, em 5 de abril de 1993.
Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica. Após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.
A 6 de novembro de 1998, o Santo Padre aprovou a eleição do Cardeal Ratzinger para Vice-Decano do Colégio Cardinalício, realizada pelos Cardeais da Ordem dos Bispos. No dia 30 de novembro de 2002, aprovou a sua eleição para Decano. Com este cargo, foi-lhe atribuída também a sede suburbicária de Óstia.
Em 1999, foi como enviado especial do Papa às celebrações pelo XII centenário da criação da diocese de Paderborn, Alemanha, que tiveram lugar a 3 de janeiro.
Desde 13 de novembro de 2000, era Membro Honorário da Academia Pontifícia das Ciências.
Na Cúria Romana, foi Membro do Conselho da Secretaria de Estado para as Relações com os Estados; das Congregações para as Igrejas Orientais, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Bispos, para a Evangelização dos Povos, para a Educação Católica, para o Clero, e para as Causas dos Santos; dos Conselhos Pontifícios para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e para a Cultura; do Tribunal Supremo da Signatura Apostólica; e das Comissões Pontifícias para a América Latina, “Ecclesia Dei”, para a Interpretação Autêntica do Código de Direito Canônico, e para a revisão do Código de Direito Canônico Oriental.
Entre as suas numerosas publicações, ocupam lugar de destaque o livro «Introdução ao Cristianismo», uma compilação de lições universitárias publicadas em 1968 sobre a profissão de fé apostólica, e o livro “Dogma e Revelação” (1973), uma antologia de ensaios, homilias e meditações, dedicadas à pastoral.
Em 1985, publicou o livro-entrevista “Informe sobre a Fé” e, em 1996, “O sal da terra”. E, por ocasião do seu septuagésimo aniversário, publicou o livro “Na escola da verdade”, na qual aparecem ilustrados vários aspectos da sua personalidade e da sua obra por diversos autores.
Recebeu numerosos doutoramentos “honoris causa” pelo College of St. Thomas, em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; pela Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; pela Universidade Católica de Lima, em 1986; pela Universidade Católica de Lublin, em 1988; pela Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; pela Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999; pela Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polonia) no ano 2000.
No dia 19 de Abril de 2005, o então Cardeal Josef Ratzinger foi eleito o 265º Papa com a idade de 78 anos e três dias. Sua eleição veio para suceder o Papa João Paulo II no Conclave de 2005, o que terminou no dia 19 de abril.
Em maio de 2007, Bento XVI visitou o Brasil, entre os dias 9 e 13, para dar início à 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida, no interior de São Paulo. Na ocasião, o Pontífice canonizou Frei Galvão, tornando-o Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.
Em 11 de fevereiro de 2013, um porta-voz da Santa Sé anunciou que o Papa Bento XVI renunciaria ao Pontificado em 28 de fevereiro do mesmo ano. Depois de eleito o seu sucessor, o Papa retirar-se-á para um mosteiro de clausura.
SÃO TÓMAS DE AQUINO
Sacerdote dominicano foi inicialmente discípulo de Santo Alberto Magno, passando depois a lecionar na Universidade de Paris. Escreveu mais de cem obras, entre as quais se destacam a Suma Contra os gentios e a Suma Teológica
Foi chamado Doutor Angélico e Doutor Comum. Sua autoridade é, de certa forma, única entre os teólogos católicos.. Frei caridoso, estudioso dos livros sagrados, sucessor na importância teórica de São Paulo e Santo Agostinho.
Durante o Concílio de Trento, a Suma Teológica foi colocada sobre o altar, ao lado das Sagradas Escrituras, para indicar que era à luz da doutrina tomista que se deveria interpretar a Palavra de Deus.
Tomás nasceu em 1225, no castelo de Roccasecca, na Campânia, da família feudal italiana dos condes de Aquino. Possuía laços de sangue com as famílias reais da Itália, França, Sicília e Alemanha, esta ligada à casa de Aragão. Ingressou no mosteiro beneditino de Montecassino aos cinco anos de idade, dando início aos estudos que não pararia nunca mais.
Freqüentou a Universidade de Nápoles, mas, quando decidiu entrar para a Ordem de São Domingos encontrou forte resistência da família. Seus irmãos chegaram a trancá-lo num castelo por um ano, para tentar mantê-lo afastado dos conventos, mas sua mãe acabou por libertá-lo e, finalmente, Tomás pôde se entregar à religião. Tinha então dezoito anos.
Não sendo por acaso a sua escolha pela Ordem de São Domingos, que trabalha para unir Ciência e Fé em favor da Humanidade. Este sempre foi seu objetivo maior.
Foi para Colônia e Paris estudar com o grande Santo e doutor da Igreja, Alberto Magno. Por sua mansidão e silêncio foi apelidado de "boi mudo", por ser também, gordo,contemplativo e muito devoto. Depois se tornou conselheiro dos papas Urbano IV, Clemente IV e Gregório X, além do rei São Luiz da França.
Grande intelectual, vivia imerso nos estudos, chegando às vezes a perder a noção do tempo e do lugar onde estava. Sua norma de vida era: "oferecer aos outros os frutos da contemplação". Sábios e políticos tentaram muitas vezes homenageá-lo com títulos, honras e dignidades, mas Tomás sempre recusou.
Escrevia e publicava obras importantíssimas, frutos de seus estudos solitários desfrutados na humildade de sua cela, aliás seu local preferido. Seus escritos são um dos maiores monumentos de filosofia e teologia católica.
Tomás D'Aquino morreu muito jovem, sem completar os quarenta e nove anos de idade, no mosteiro de Fossa nuova, a caminho do II Concílio de Lion, em 07 de março de 1274, para o qual fora convocado pelo papa Gregório X.
Imediatamente colégios e universidades lhe prestaram as mais honrosas homenagens. Suas obras, a principal, mais estudada e conhecida, a "Summa Teológica", foram a causa de sua canonização, em 1323. Disse sobre ele, nessa ocasião, o papa João XXII: "Ele fez tantos milagres, quantas proposições teológicas escreveu". É padroeiro das escolas públicas, dos estudantes e professores.
Em toda a sua obra filosófica e teológica tem primazia à inteligência, estudo e oração; sendo ainda a base dos estudos na maioria dos Seminários. Para isso contou, mais recentemente, com o impulso dado pelo incentivo do papa Leão XIII, que fez reflorescer os estudos tomistas.
A sua festa litúrgica é celebrada no dia 28 de janeiro ou no dia 07 de março.
Seus restos mortais estão em Tolouse, na França, mas a relíquia de seu braço direito, com o qual escrevia, se encontra em Roma.
CATEQUESE POÉTICA
Lindolf Bell foi o responsável pelo Movimento de divulgação da poesia junto aos mais diversos públicos, utilizando-se dos meios de comunicação menos tradicionais. A Catequese Poética foi iniciada em 1964, projetando o poeta nacionalmente. Este movimento mobilizou outros artistas, desenvolvendo uma nova linguagem poética e ampliando a intervenção social de jovens escritores. A Catequese Poética é considerada um marco tanto na cultura popular brasileira como na literatura. A partir de Lindolf Bell a poesia assumiu sua função transformadora do tempo, do homem e da sociedade.
A Catequese obteve respaldo popular que ressoou nos sentimentos e nas aspirações do homem, adquirindo uma característica temporal e de reciclagem a cada nova geração. Esta chama acesa na década de sessenta, incorporou novos personagens e assumiu expressões particulares em cada canto que se manifestou. No início o palco era a praça, pois dali extraía-se o pedestre de seu rumo anônimo e indeterminado, reavivando sua condição de homem, cidadão. Como prova desta identidade humana, anos depois Milton Nascimento passou a cantar “o artista tem que ir aonde o povo está”.
Bell consagrou-se com o Movimento, o qual tirou a poesia das gavetas, tornando-a mais acessível através de apresentações, declamações, conferências e debates. Transformou viadutos, praças, boates e estádios em veículos da poesia, com a participação de outros artistas e poetas. Ele seguiu o impulso da ruptura para cantar poemas em praça pública. Os movimentos de arte de rua nasceram de sua coragem.
O poeta dedicou-se à sua catequese poética pelo país e exterior, incentivando a poesia declamada em praça pública. Como disse Paulo Leminski, “Nunca tinha visto ninguém dizer poemas tão bem, com tanta intensidade, tanta garra, tanto domínio de voz, do gesto e do sentido. A Catequese de Bell, a vanguarda da palavra dita, é um tempo forte dessa efervescência”.
É a partir de Lindolf Bell que a poesia catarinense recuperou o teor de originalidade (legado por Cruz e Souza) e passou a sugerir algo novo. Não ditava normas para o fazer literário, nem restringia o campo de ação do poeta. Opunha-se a algumas teorias estéticas das vanguardas de 50 e 60, pois era necessário a permanência do vínculo entre o poeta e o seu poema. Exigia do poeta a divulgação direta com o público, pois assim tornava-se um intermediário vivo entre o poema e o seu consumidor.
A Catequese Poética, possibilitou a agregação de poetas das mais variadas tendências a participaram do Movimento: Rubens Jardim, Luiz Carlos Mattos, Iracy Gentilli, Reni Cardoso, Érico Max Muller, Marli Medalha, Milton Eric Nepomuceno e outros, num convívio sem conflitos estéticos. Estes ingredientes favoreceram os efeitos acústicos e o ritmo, como a repetição e a reiteração.
O convite à participação do público não se dava somente ao nível fônico e visual, mas igualmente, na sugestão contida na matéria tematizada.
Lindolf Bell ficou reconhecido no eixo Rio-São Paulo como o poeta que encantava quando recitava seus poemas. Começou a estampar diversos epigramas em camisetas, permanecendo assim fiel ao espírito irrequieto e sempre provocador que o identificou ao longo dos anos. Foi brindado na época como o “melhor poeta que interpretou o coração e os anseios da juventude”, “aquele que canta a geração das crianças perdidas” ou até um prosaico “a coqueluche da juventude paulista” (certamente foi um dos brasileiros que mais refletiu sobre os papéis complementares do conteúdo e da forma da poesia).
A Catequese Poética teve menção em diversos eventos. Foi lembrada e comemorada muitas vezes em diversos lugares. Dentre essas homenagens podemos citar: - Festival Cultural de Inverno (uma homenagem aos 30 anos da Catequese Poética), julho de 1994, cidade de Blumenau; - Exposição Iconográfica dos 30 anos de Catequese Poética (exposição intinerante que passou por Florianópolis, Blumenau, Joinville, São Paulo, Rio de Janeiro, Timbó e outras) apoio cultural do BADESC e curadoria de Dennis Radünz; - Prêmio Othon d’Eça (na passagem dos 30 anos do movimento de catequese) como Escritor do Ano de 1994.
Comentário de José Endoença Martins sobre Bell e os 30 anos de sua Catequese“Até agora Bell é alvo de trinta anos de tecituras, no descuido de procurar a palavra, mas sabendo que é a palavra que o procura e o encontra, quando e onde quiser. A palavra procura palavra antes do poeta. Por estar enterrado na palavra h� trinta anos, a palavra sabe como falar Bell. Ela o fala em catequeses poéticas, em códigos de águas, em incorporações. Ela o fala mais pós-modernamente, em corpoemas, ecopoemas e papéis-carta. A palavra engendra o poeta inexoravelmente. Bell reconhece que estamos - todos, poetas e leigos - enterrados na palavra que nos expele ao prazer das suas veleidades lingüísticas. E se conforma com este jugo, bendizendo que “amadureço na palavra que amadurece. Catequese Poética é essa década multiplicada por três de amadurecimento poético de Lindolf Bell ."
Teólogo, filósofo, escritor e mitógrafo, nascido em Tagaste, próximo de Hipona, na então província romana de Numídia, na África romana, hoje Suk Ahras, na Argélia, conhecido como o último dos antigos e o primeiro dos modernos filósofos a refletir sobre o sentido da história e o arquiteto do projeto intelectual da Igreja Católica, o primeiro grande patrístico do período nissênico, com pensamento próprio, e um dos fundadores da Teologia. Filho de pais ricos, o pagão e depois convertido Patrício e da cristã Mônica, mais tarde canonizada, levou na mocidade uma vida circense e em atividades teatrais. Estudou retórica em Cartago (371-374), onde aos 17 anos passou a viver com uma concubina, da qual teve um filho, Adeodato. Interessou-se por filosofia após ler Hortensius, de Cícero e quando também aderiu ao maniqueísmo, caracterizadamente rigorista e proselitista. Retornando a Tagaste, lecionou retórica por um ano. Mais uma vez em Cartago, continuou no mesmo magistério, por 8 anos. Passou um ano em Roma e três em Milão, onde começou a ensinar retórica em Milão (384), e conheceu Santo Ambrósio, bispo da cidade. Interessou-se pelo cristianismo, voltou-se para o estudo dos filósofos neoplatônicos, renunciou aos prazeres físicos e converteu-se ao cristianismo (387), quando foi batizado por santo Ambrósio, junto com o filho Adeodato. Retirou-se do magistério, dedicando-se mais intensamente à filosofia neoplatônica. Retornou finalmente à África, e decidiu fundar um mosteiro com os bens que então herdara, em Tagasta (387), a origem da ordem agostiniana. Nessa época perdeu a mãe e, pouco depois, o filho. Ordenado padre em Hipona (391), pequeno porto do Mediterrâneo, atual Bône, na Argélia, tornou-se bispo-coadjutor da diocese (395) e foi nomeado bispo com a morte (397) do bispo diocesano Valério. Por causa de sua atividade como bispo de Hipona, esta cidade se ligou ao seu nome. Tomado pelo ideal da ascese, não tardou para que fundasse uma comunidade ascética nas dependências da catedral, uma ordem com o seu nome e sua influência que atingiu até, pelo menos, o século XVII. Foi testemunha dos acontecimentos decisivos da história universal, como o fim da antiguidade clássica, a invasão de Roma pelos visigodos e a decadência do Império Romano sob o ataque dos bárbaros. Sob esse clima estudou, ensinou e escreveu suas obras. No final de sua vida suas preocupações se concentraram na teologia, buscando aprimorar os conceitos neoplatônicos, os quais aliás deram sustentação teológica à polêmica doutrina sobre a atribuição da divindade às três pessoas: um Pai, um Filho e um Espírito Santo. Morreu durante o cerco de Hipona pelo rei dos vândalos, Genserico, e é festejado como doutor da igreja, venerado no dia 28 de agosto, tido como data de sua morte. Ainda que atingisse a posição de o mais expressivo teólogo e filósofo cristão do primeiro milênio, o seu pensamento não chegou a explicitar um sistema filosófico perfeitamente acabado. Sua obra se ressentiu contudo pela falta de preparo em língua grega, a qual lia apenas em traduções. Do neoplatônico Plotino (~204-270), através da tradução latina do patrístico Mário Victorino, encontrou o embasamento para desenvolver a doutrina cristã a um tempo monoteísta e trinitária, mas se libertou das emanações plotinianas, expondo uma conceituação filosófica da Trindade, que multiplicou as pessoas divinas e não a natureza. Sua obra, em si mesma imensa, de extraordinária riqueza, antecipou, além disso, o cartesianismo e a filosofia da existência. Fundou a filosofia da história e dominou todo o pensamento ocidental até o século XIII, quando deu lugar ao tomismo e à influência aristotélica. Voltou à cena com os teólogos protestantes Lutero e, sobretudo, Calvino, e hoje é um dos alicerces da teologia dialética. Escreveu cerca de 100 títulos e dentre os autores cristãos da antiguidade romana, foi um dos mais volumosos. Suas obras passaram a ser reeditadas até hoje. Nos 10 anos anteriores ao episcopado (386-396) escreveu: Contra os acadêmicos (Contra academicos), sobre a certeza; Da vida feliz (De beata vita); Da ordem (De ordine), sobre a providência divina e a educação; Solilóquios (Soliloquiorum), sobre Deus e a alma que fala a Deus; Da imortalidade da alma (De immortalitate animae); Da grandeza da alma (De quantitate animae), sobre a capacidade da alma para a virtude a contemplação de Deus; Do mestre (De magistro), sobre a língua e a instrução; Do livre arbítrio (De libero arbitrio), contra o determinismo maniqueísta e Deus como princípio do bem; Da música (De musica), sobre o ritmo e a elevação a Deus; Dos costumes da igreja e sobre os costumes dos maniqueus (De moribus ecclesiae et de moribus manichaeorum); Do Gênesis contra os maniqueus (De Genesi contra manichaeos); Da utilidade de crer (De utilitate credendi); Contra Adimanto, discípulo de Maniqueu (Contra Adimantum, Manichaei discipulum). Do início do episcopado são também as suas três obras mais importantes: Confissões (Confessiones, 397), autobiografia e espiritualidade, com elementos filosóficos sobre a criação e Deus; Da Trindade (De Trinitate, 400-416, 15 volumes), esclarecimento sobre as pessoas divinas, à luz de elementos neoplatônicos; e Da cidade de Deus (De civitate Dei, 413-426), obra mais tardia e escrita num curso mais longo de tempo (413-426), sendo uma apologia do cristianismo e uma visão do Reino de Deus, em termos de teologia da história; Retratações, 2 vols (Retractationes, 426-427). Como estudioso da natureza classificou os animais em úteis, nocivos e indiferentes.
Envolvimento na política «é uma obrigação para um cristão», frisa papa Francisco
«Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão», vincou o papa esta sexta-feira, ao responder a perguntas colocadas por algumas das nove mil crianças e jovens de escolas e movimentos Jesuítas com quem se encontrou no Vaticano.
Os cristãos não podem «fazer de Pilatos, lavar as mãos»: «Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum», frisou Francisco, citado pelo site "Vatican Insider".
«Os leigos cristãos devem trabalhar na política. Dir-me-ão: não é fácil. Mas também não o é tornar-se padre. A política é demasiado suja, mas é suja porque os cristãos não se implicaram com o espírito evangélico. É fácil atirar culpas... mas eu, que faço? Trabalhar para o bem comum é dever de cristão», apontou.
Francisco pediu aos participantes para se tornarem «homens e mulheres com os outros e para os outros, verdadeiros campeões no serviço aos outros».
«Num mundo que tem tanta riqueza e tantos recursos para dar de comer a todos, não se pode compreender como há tantas crianças esfomeadas, tantas crianças sem educação, tantos pobres. A pobreza, hoje, é um grito. Todos nós devemos pensar se nos podemos tornar um pouco mais pobres», assinalou.
O papa sublinhou que «a esperança se encontra em Jesus pobre», e que ele é quem abre «a janela ao horizonte».
Francisco afirmou ainda que não quis ser papa e explicou que prefere viver na Casa de Santa Marta, e não no Palácio Apostólico, como os seus antecessores, porque gosta de «estar entre as pessoas».
A um rapaz que falava da fé algo vacilante, o papa respondeu: «Pensai sempre nisto: não é preciso ter medo das falhas e das quedas; na arte de caminhar, o que importa não é não cair mas não permanecer caído. Se caímos, é necessário levantar-se logo, levantar-se depressa, e continuar a caminhar».
O elemento fundamental do ensino é fazer com que os estudantes aprendam a ter «o coração grande» e «grandes ideais», sublinhou Francisco, que não leu o discurso previamente redigido.
«Preparei um texto mas são cinco páginas! Um pouco aborrecido... Façamos uma coisa: eu farei um pequeno resumo e depois entregá-lo-ei, por escrito, ao padre provincial e dá-lo ei ao padre Lombardi [porta-voz do Vaticano], para que todos vós o tenhais por escrito», referiu.
Dirigindo-se aos educadores, o papa convidou-os a «serem testemunhas com a vida do que comunicam», porque «sem coerência não é possível educar».
«Não se pode educar apenas na zona de segurança; isso é impedir que a personalidade cresça. Mas também não se pode educar apenas na zona de risco, que é demasiado perigoso», acrescentou.
O encontro compreendeu a atuação de um coro de 200 pessoas, a apresentação de vídeos e de testemunhos.
“Ano da fé” comemora os 50 anos do Concílio Vaticano II
Foi com grande alegria que o Papa Bento XVI anunciou no dia 16 de outubro, o “Ano da fé”, para comemorar os 50 anos do Concílio Vaticano II. O “Ano da fé” será aberto no dia 11 de outubro de 2012, na festa de Cristo Rei, e terminará no dia 24 de novembro de 2013. O anúncio foi feito pelo Santo Padre durante a missa que ele presidiu na basílica de São Pedro encerrando o encontro realizado no Vaticano das pessoas empenhadas pela nova evangelização.
O Concílio Vaticano II, o 21º Concílio Ecumênico da Igreja Católica, foi convocado pelo Papa João XXIII, no dia 25 de dezembro de 1961, através da bula“Humanae salutis”, e aberto no dia 11 de outubro de 1962. O beato João XXIII, que faleceu no dia 3 de junho de 1963, não pode encerrar os seus trabalho, que foi feito pelo seu sucessor, o Papa Paulo VI, no dia 8 de dezembro de 1965. Ele foi realizado em quatro sessões, e mais de duas mil pessoas participaram de seus trabalhos. O Concílio tem quatro constituições, nove decretos e três declarações. Em 1995, o Papa João Paulo II, o classificou de “um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo”.
“O ano da fé visa dar um impulso renovado à missão da Igreja, de conduzir o homem para fora do deserto no qual se encontra com destino à vida, para a amizade com Cristo que nos dê essa vida em plenitude. Ele será um momento de graça e de compromisso para uma conversão sempre mais completa a Deus, para reforçar a nossa fé e anunciá-la com alegria aos homens de nosso tempo”.
Ao celebrar a missa de encerramento do encontro das pessoas que pa