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LIVROS HISTÓRICOS - 1º CRÔNICAS a JUDITE
LIVROS HISTÓRICOS - 1º CRÔNICAS a JUDITE

 

 

 

 

 

 

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Crônicas

1º das Crónicas

Normalmente as traduções da Bíblia apre­sentam apenas uma intro­duç­ão para os dois livros das Crónicas, porque na Bíblia hebraica eles constituíam um todo, num único livro chamado “Dibrê hayya­mîm” (Anais). A Bíblia grega dos Setenta chamou-lhes “Paralipó­menos”, isto é, coisas transmitidas parale­lamente, porque boa parte do seu conteúdo cons­tava já dos livros de Samuel e Reis.


CONTEXTO HISTÓRICO

Deve tratar-se de uma obra da segunda metade do séc. IV, entre 350-250 a.C.; no entanto, reflecte a restauração religiosa do reino de Judá, depois do exílio da Babilónia, nos fins do séc. VI a.C..

Nesta História têm lugar de relevo a tribo de Judá (que é a tribo de David), a tribo de Levi (por causa de Aarão, o protagonista do sacerdócio e do culto divino) e a tribo de Benjamim (à qual pertence a família de Saul, e em cujo território está implantado o templo).

Isto explica o silêncio acerca do reino do Norte, ou Israel, e a omissão de muitas coisas – sobretudo as negativas referentes a David – que se encon­tram noutros livros históricos, especialmente nos de Samuel. David e Jeru­sa­lém, com o seu templo, estão no centro das Crónicas, tal como Moisés e o Sinai estão no centro do Pentateuco e da História Deuteronomista.


DIVISÃO E CONTEÚDO

As Crónicas visam apresentar a grande His­tó-ria do povo de Israel. Por isso, no seguimento do Pentateuco, estão na linha dos livros de Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis (História Deu­tero-nomista) e de Es­dras e Neemias. Constituem, com Esdras e Neemias, um conjunto cha­mado “Obra do Cronista”. Além de terem o mesmo estilo e pensamento, os úl­timos versí­culos de 2 Cr (36,22-23) repetem-se no início de Esdras (Esd 1,1-3).

Como dissemos, no centro destes livros está David e o seu reinado, para o qual converge toda a História precedente, e radicam, não só a organização do povo como, sobretudo, as estruturas cultuais do templo. O seu conteúdo pode resumir-se deste modo:

I. História do povo desde Adão até David (1 Cr 1,1-10,14). É como que a pré-história de David, com início em Adão, constituída quase total­mente por listas genealógicas, algumas das quais vão até ao pós-exílio (cap. 1-9). Ter­mina com a morte de Saul (cap. 10). A genealogia, ou sucessão de gerações, era um género literário frequente na Bíblia e nas culturas antigas, como forma de exprimir a fé na presença da divindade nos meandros da História dos homens. Mas não se lhe exija o rigor da árvore genealógica dos tempos modernos: os nomes que a integram podem exprimir apenas vagas relações de parentesco ou de simples vizinhança, afinidades de ordem polí­tica e eco­nó­mica; por vezes, nomes de povos e de regiões passam a ser nomes de pessoas.
Para os hebreus, era através da genea­logia que alguém podia tornar-se participante das bênçãos prometidas por Deus a Abraão. As listas das Cró­nicas veiculam a promessa messiânica, de que David é sinal privilegiado. Estas genealogias afirmam, ainda, a impor­tância do princípio da conti­nui­dade do povo de Deus através de um período de ruptura nacional, causada pelo exílio na Babilónia, e fundamentam a esperança da restauração.
II. História de David (1 Cr 11,1-29,30). Faz-se a História do reinado de Da­vid desde a sagração e a entronização até à sua morte, dando especial relevo à actuação do rei nos preparativos para a construção do templo e a orga­nização do culto litúrgico.
III. História de Salomão (2 Cr 1,1-9,31). Destaca-se a sua sabe­do­ria, a cons­trução e dedicação do templo de Jerusalém e outros acontecimentos já nar­rados em 1 Rs. Termina com a morte de Salo­mão.
IV. História dos reis de Judá (2 Cr 10,1-36,23). Começa com a divisão do reino davídico, depois da morte de Salomão, e termina com o édito de Ciro, após um relato resumido da actividade dos reis de Judá.


FONTES LITERÁRIAS E OBJECTIVO

Aonde foi o Cronista buscar todo este material? As genealogias (sobretudo 1 Cr 1-9) estavam nos livros do Génesis, Êxodo, Números, Josué e Rute; Samuel e Reis – por vezes transcritos textualmente – forneceram-lhe grande parte do restante material histórico.

Mas o autor tem ainda as suas próprias fontes literárias, às quais acres­centa a refle­xão pessoal, colocando-a, por vezes, na boca de grandes persona­gens sob forma de discursos. É o caso da organização davídica do culto em Jerusalém (1 Cr 22-26) e das reformas religiosas dos reis Asa e Joás (2 Cr 15 e 24). Quanto aos discursos, ver, por exemplo: 1 Cr 28,2-10; 29,1-5.10-19; 2 Cr 12,5-8; 13,4-12; 15,2-7; 21,12-15; 30,6-9.

Tudo foi utilizado nesta perspectiva: pôr em relevo Judá, sobretudo o rei David e a cidade de Jerusalém. Para isso, o Cronista engrandece os aspec­tos positivos e elimina os negativos; retoca e adapta este e outro material, a fim de fazer sobressair as preocupações teológicas.


TEOLOGIA

O lugar central da dinastia davídica na História de Israel é a ideia teológica mais importante do Cronista. As genealogias de 1 Cr 1-9 pre­pa­ram-na; o resto do 1.° livro (11-29) está inteira­mente consagrado a David e à sua actividade, tanto profana como litúrgica; o 2.° livro é a História dos descendentes de David, que devem ver nele o rei modelo e o ponto de referência da fidelidade a Deus e ao povo. Seu filho Salomão é idealizado por ter cons­truído o templo de Jerusalém e ter cumprido, assim, o testamento de David seu pai.

O relevo dado ao culto e ao templo é complementar daquela ideia teoló­gica. Por isso, o Cronista dá maior atenção aos reis que se preocuparam com o culto do templo ou o reformaram: além de David e Salomão, os reis Asa(2 Cr 14-16), Josafat (2 Cr 17-20) e, sobretudo, Ezequias (2 Cr 29-32) e Josias (2 Cr 34-35). Esta mesma atenção é dada pelos livros de Esdras e Neemias aos ministros do culto: Aarão e os sacer­dotes e levitas (1 Cr 9; 15-16; 23-26; 2 Cr 29-31; 35; Ne 12); mas só o Cronista atribui aos levitas o título e a função de profetas (1 Cr 25,1-8).

Por isso, po­derá pensar-se num levita ou num grupo de levitas como autores desta obra.

O facto de o Cronista se cingir ao reino do Sul, aos seus reis e ao seu culto, poderá indiciar uma certa atitude polémica em relação ao Norte: a Samaria, que há muito se havia afastado do culto ao Deus verdadeiro. Mais um sinal de que a fidelidade a Deus, manifestada no cumprimento da Lei e no ritual do culto de Jerusalém, constitui o propósito fundamental desta obra.

1 Cr 1

I. HISTÓRIA DO POVO DESDE ADÃO ATÉ DAVID (1,1-10,14)


Patriarcas de Adão até Abraão (Gn 5,1-32; 10,1-29; 11,10-26) – 1Adão, Set, Enós, 2Quenan, Maala­leel, Jared, 3Henoc, Matusalém, La­mec,4Noé, Sem, Cam e Jafet.

5Filhos de Jafet: Gómer, Magog, Ma­­dai, Javan, Tubal, Méchec e Ti­rás.

6Filhos de Gomer: Asquenaz, Ri­fat e Togarma. 7Filhos de Javan: Eli­cha, Társis, Kitim e Rodanim.

8Filhos de Cam: Cuche, Misraim, Put e Canaã.

9Filhos de Cuche: Seba, Havilá, Sabta, Rama e Sabteca. Filhos de Rama: Sabá e Dedan. 10Cuche gerou Nimerod, que foi o primeiro herói so­bre a terra.

11Misraim foi o antepassado dos povos de Lud, de Aném, de Leab, de Naftú, 12de Patros, de Caslú, dos quais saíram os filisteus e os povos de Caftor. 13Canaã gerou Sídon, seu primogénito, e Het, 14assim como os jebuseus, os amorreus, os guirga­seus, 15os heveus, os araqueus, os sineus, 16os arvadeus, os cemareus e os ha­ma­teus.

17Filhos de Sem: Elam, Assur, Ar­­faxad, Lud, Aram, Uce, Hul, Guéter e Méchec. 18Arfaxad gerou Chela, o qual gerou Éber. 19Dois filhos nasce­ram a Éber: um chamou-se Péleg, porque se fez no seu tempo a divisão da terra, e o seu irmão chamou-se Joctan.

20Joctan gerou Almodad, Chélef, Haçarmávet, Jara, 21Hadoram, Uzal, Dicla, 22Obal, Abimael, Sabá, 23Ofir, Havilá e Jobab. Todos estes são fi­lhos de Joctan.

24Descendentes de Sem: Arfa­xad, Chela, 25Éber, Péleg, Reú, 26Se­rug, Naor, Tera, 27Abrão, o mesmo que Abraão.


Descendentes de Abraão (Gn 25,1-6.12-18; 36,1-43) – 28Filhos de Abraão: Isaac e Ismael. 29Estes são os seus descendentes de Ismael: Ne­baiot seu primogénito, a seguir Que­dar, Adbiel, Mibsam, 30Miche­má, Du­má, Massá, Hadad, Tema, 31Jetur, Nafis, Quedma. São estes os filhos de Ismael. 32Fi­lhos de Quetura, con­cubina de Abraão: ela deu à luz Zi­me­ran, Jocsan, Me­dan, Madian, Jis­bac e Chua. Filhos de Jocsan: Sabá e Dedan33. Filhos de Madian: Efá, Éfer, Henoc, Abidá e El­daá. Todos es­tes são filhos de Quetura.

34Abraão gerou Isaac. Filhos de Isaac: Esaú e Jacob. 35Filhos de Esaú: Elifaz, Reuel, Jeús, Jalam e Co­rá. 36Fi­lhos de Elifaz: Teman, Omar, Cefo, Gatam, Quenaz, Timna, Amalec.

37Filhos de Reuel: Naat, Zera, Cha­má e Miza.

38Filhos de Seir: Lotan, Chobal, Ci­beon, Aná, Dichon, Écer e Di­chan.

39Filhos de Lotan: Hori e Heman. Irmã de Lotan: Timna. 40Filhos de Chobal: Alvan, Manaat, Ebal, Chefi e Onam. Filhos de Cibeon: Aiá e Aná. Filho de Aná: Dichon. Filhos de Di­chon: Hemedan, Echeban, Ji­tran e Cran.

42Filhos de Écer: Bilan, Zaavan e Jacan. Filhos de Dichan: Uce e Aran.


Reis e chefes de Edom – 43Estes são os reis que reinaram no país de Edom antes de os filhos de Israel terem rei: Bela, filho de Beor, cuja cidade se chamava Dinaba. 44Depois da morte de Bela, Jobab, filho de Zera, de Bosra, reinou em seu lugar. 45Jo­bab morreu e sucedeu-lhe Hu­cham, do país de Teman. 46Morto Hu­cham, subiu ao trono Hadad, filho de Be­dad, que derrotou os ma­dianitas no país de Moab. A sua cidade cha­mava-se Avit. 47Hadad morreu e Sá­mela, de Massereca, sucedeu-lhe. 48Sámela morreu e sucedeu-lhe Saul, de Reo­bot, que está junto do rio. 49Saul mor­reu e sucedeu-lhe Baal-Hanan, filho de Acbor. 50Baal-Hanan morreu e sucedeu-lhe Hadad. A sua cidade cha­­mava-se Paí e sua mu­lher Meeta­biel, filha de Matred, filha de Mê-Zaab. 51Hadad morreu. Os go­ver­nadores de Edom foram: o go­ver­nador Timna, o governador Alva, o governador Jetet, 52o governador Oolibama, o gover­na­dor Elá, o gover­nador Pinon, 53o gover­nador Que­naz, o governador Teman, o gover­na­dor Mibçar, 54o governador Magdiel, o governador Iram. Estes foram os governadores de Edom.

1 Cr 2

Filhos de Jacob e descen­den­­­tes de Judá (Gn 35,23-26) – 1Es­tes foram os filhos de Israel: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zabu­lão,2Dan, José, Benjamim, Nefta­li, Gad e Aser.

3Filhos de Judá: Er, Onan e Che­lá, três filhos que lhe nasceram da filha de Chua, a cananeia. Er, pri­mo­­génito de Judá, que foi mau aos olhos do Senhor, e o Senhor tirou-lhe a vida. 4Tamar, sua nora, deu-lhe Pe­res e Zera. Ao todo, Judá teve cinco filhos. 5Filhos de Peres: Hes­ron e Ha­mul. 6Filhos de Zera: Zi­meri, Etan, Heman, Calcol e Dar­da, ao todo cinco. 7Filho de Carmi: Acar, que perturbou Israel por ter violado o aná­tema. 8Filho de Etan: Azarias.


Origens de David (Rt 4,19-22) – 9Fi­lhos que nasceram de Hesron: Jera­miel, Rame e Caleb. 10Rame ge­rou Aminadab, Aminadab gerou Nachon, príncipe dos filhos de Judá. 11Na­chon gerou Salma, Salma gerou Booz. 12Booz gerou Obed, Obed gerou Jessé.

13Jessé gerou Eliab, seu pri­mo­gé­nito, Abinadab o segundo, Chi­meá o ter­ceiro, 14Natanael o quarto, Radai o quinto, 15Ócem o sexto, e David o sé­timo. 16As suas irmãs foram: Seruia e Abigaíl. Os filhos de Seruia foram três: Abisai, Joab e Asael. 17Abigaíl deu à luz Amassá, cujo pai foi Jéter, o ismaelita.


Clã de Caleb – 18Caleb, filho de Hesron, teve filhos de Azuba, sua mulher, como também de Jeriot. Os filhos de Azuba foram: Jésser, Cho­bab e Ardon. 19Pela morte de Azuba, Caleb desposou Efrata, que lhe deu à luz Hur. 20Hur gerou Uri, Uri ge­rou Beçalel. 21Depois, Hesron uniu-se à filha de Maquir, pai de Guilead, e desposou-a quando tinha sessenta anos; ela deu-lhe à luz Segub. 22Se­gub gerou Jair, que teve vinte e três cidades no país de Guilead.

23Os guechureus e os arameus apos­saram-se das cidades de Jair, Quenat e suas aldeias, ou seja, ses­senta localidades. Todos estes eram filhos de Maquir, pai de Guilead. 24De­­­pois da morte de Hesron, em Caleb-Efrata, sua mulher Abias deu-lhe à luz Achiur, pai de Técua.

25Os filhos de Jeramiel, primo­gé­nito de Hesron, foram: Rame, o pri­mo­génito, Buná, Óren, Ócem e Aías. 26Jeramiel teve outra mulher cha­mada Atara, que foi mãe de Onam. 27Os filhos de Rame, primogénito de Jeramiel, foram: Maás, Jamin e Équer. 28Os filhos de Onam foram: Chamai e Jada. Filhos de Chamai: Nadab e Abisur. 29O nome da mu­lher de Abi­sur era Abiaíl, que lhe deu à luz Aban e Molid. 30Os filhos de Nadab: Séled e Apaim; Séled mor­­reu sem filhos. 31Filho de Apaim: Jisi. Filho de Jisi: Chechan. Filho de Chechan: Alai. 32Filhos de Jada, irmão de Cha­mai: Jéter e Jónatas; Jéter morreu sem fi­lhos. 33Filhos de Jónatas: Pélet e Zaza. Estes foram os filhos de Jera­miel.

34Chechan não teve filhos, mas muitas filhas. Ele tinha um escravo egípcio de nome Jará. 35Chechan deu-lhe sua filha por mulher, e ela deu à luz Atai. 36Atai gerou Natan, Natan gerou Zabad, 37Zabad gerou Eflal, Eflal gerou Obed, 38Obed gerou Jeú, Jeú gerou Azarias, 39Azarias ge­rou Heles, Heles gerou Elassá, 40Elassá gerou Sismai, Sismai gerou Cha­lum, 41Chalum gerou Jecamias, Jecamias gerou Elichamá.

42Filhos de Caleb, irmão de Jera­miel: Mecha, o primogénito, que foi o pai de Zif, e Marecha, que foi pai de Hebron.

43Filhos de Hebron: Corá, Tapua, Réquem e Chema. 44Chema gerou Raam, pai de Jorcoam, e Réquem ge­rou Chamai. 45Filho de Chamai: Maon. E Maon foi pai de Bet-Sur. 46Efá, con­cubina de Caleb, deu à luz Haran, Moçá e Gazez. Haran gerou Gazez. 47Filhos de Jadai: Reguem, Jo­tam, Guechan, Pélet, Efá e Chaaf. 48Maaca, concubina de Caleb, deu à luz Ché­ber e Tireana. 49Deu tam­bém à luz Chaaf, pai de Madmaná e Cheva, pai de Macbena e pai de Guibeá. A filha de Caleb era Acsa.

50Estes foram também os filhos de Caleb: Hur, filho mais velho de sua esposa Efrata, Chobal, pai de Quiriat-Iarim, 51Salma, pai de Be­lém, Harif, pai de Bet-Guéder. 52Cho­bal, pai de Quiriat-Iarim, teve por filhos Haroé e metade dos habitan­tes de Menuot. 53As famílias de Quiriat-Iarim foram: os jetereus, os futeus, os chumateus e os miche­raí­tas, dos quais proce­de­ram os soraí­tas e os estaolitas.

54Filhos de Salma: os habitantes de Belém, de Netofa, de Atarot-Bet-Joab, metade dos habitantes de Ma­naat, os de Sorá 55e as famílias dos escribas que viviam em Jabés: os ti­riateus, os chimeatitas e os su­ca­teus. Estes são os quenitas, des­cendentes de Hamat, antepas­sado da família de Recab.

1 Cr 3

Filhos de David (14,3-7; 2 Sm 3,2-5; 5,13-16; Mt 1,6-16) – 1Estes são os filhos que nasceram a David no tempo em que estava em Hebron: o primo­génito Amnon, filho de Aínoam de Jezrael; o segundo Daniel, de Abi­gaíl, de Carmel; 2o terceiro Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Guechur; o quarto Adonias, filho de Haguite; 3o quinto Chefatias, de Abital; o sexto Jitram, de Egla, mu­lher de David. 4São estes os seis filhos que lhe nasceram em Hebron, onde reinou sete anos e seis meses. David reinou trinta e três anos em Jerusalém.

5Em Jerusalém, nasceram-lhe: Chi­­­meá, Chobab, Natan, Salomão; es­tes quatro são filhos de Betsabé, filha de Amiel; 6a seguir, Jibear, Eli­­cha­má, Elifélet, 7Noga, Néfeg, Jafia, 8Eli­cha­má, Eliadá, Elifélet, ou seja, nove fi­lhos. 9Estes são todos os fi­lhos de David, sem contar os filhos das suas concubinas. Tamar era irmã deles.


Reis de Judá – 10Descendentes de Salomão: Roboão, pai de Abias, pai de Asa, pai de Josafat, 11pai de Jo­rão, pai de Acazias, pai de Joás,12pai de Amacias, pai de Azarias, pai de Jo­tam, 13pai de Acaz, pai de Ezequias, pai de Manassés, 14pai de Amon, pai de Josias.

15Filhos de Josias: o mais velho Joanan, o segundo Joaquim, o ter­ceiro Sedecias, o quarto Chalum. 16Fi­­lhos de Joaquim: Jeconias, pai de Se­decias.


Descendentes de David depois do Exílio – 17Filhos de Jeconias, o cativo: Salatiel seu filho, 18Malqui­ram, Pedaías, Chenaçar, Jecamias, Hochamá e Nedabias.

19Filhos de Pedaías: Zorobabel e Chimei. Filhos de Zorobabel: Mechu­­lam, Hananías e Chelomite sua ir­mã. 20Filhos de Mechulam: Hachuba, Oel, Baraquias, Hasadias, Juchab-Héssed, cinco filhos. 21Os descen­den­tes de Hananías foram: Pelatias e Jesaías, os filhos de Refaías, os fi­lhos de Arnan, os filhos de Abdias, os filhos de Checanias.

22Filho de Checanias: Che­maías. Filhos de Chemaías: Hatus, Jigal, Ba­­ria, Nearias, Chafat, seis filhos. 23Fi­­lhos de Nearias: Elioenai, Eze­quias e Azericam, três filhos. 24Fi­lhos de Elioenai: Hodavias, Elia­chib, Pe­laías, Acub, Joanan, Delaías e Ana­ni; são sete filhos.

 

1 Cr 4

Descendentes de Judá (2,18-24. 42-50; Nm 26,5-60) – 1Fi­lhos de Judá: Peres, Hes­ron, Carmi, Hur e Chobal. 2Reaías, filho de Cho­bal, gerou Jaat, Jaat ge­rou Aumai e Laad. Estas são as famílias dos so­raítas.

3Eis os filhos de Hur: o pai de Etam, Jezrael, Jisma e Jidbás; sua irmã chamava-se Hacelelponi. 4Pe­nuel era pai de Guedor, e Ézer pai de Hucha. Estes são os filhos de Hur, primogénito de Efrata, pai de Belém.

5Achiur, pai de Técua, teve duas mulheres: Helá e Naará. 6Naará deu-lhe à luz Auzam, Héfer, Temeni e Aastari; estes são os filhos de Naa­rá.7Filhos de Helá: Séret, Soar e Etnan.

8Cós gerou Anub e Sobeba e a família de Aarel, filho de Harum. 9Ja­bés foi mais ilustre que seus ir­mãos; sua mãe deu-lhe o nome de Jabés, porque dizia: «Dei-o à luz com dor.» 10Jabés invocou o Deus de Israel, dizendo: «Oh, se Tu me aben­çoares, alargarás o meu território, a tua mão estará comigo para me pre­servar da desgraça e me poupar da aflição!» E Deus concedeu-lhe o que pedira.

11Calub, irmão de Chuá, gerou Meír, pai de Eston. 12Eston gerou Bet-Rafa, Passea e Teiná, pai da ci­dade de Naás. Foram estes os habi­tantes de Reca.

13Filhos de Quenaz: Oteniel e Seraías. Filhos de Oteniel: Hatat 14e Meonotai, que gerou Ofra. Seraías gerou Joab, pai dos habitantes do vale dos Carpinteiros; pois eram carpin­teiros.

15Filhos de Caleb, filho de Jefu­né: Irú, Elá e Naam. Filho de Elá: Que­naz.

16Filhos de Jalelel: Zif, Zifa, Tíria e Assarel.

17Filhos de Ezra: Jéter, Méred, Éfer. Jéter gerou Míriam, Chamai e Jisba, que foi pai de Estemoa. 18A sua mulher judia deu à luz Jared, pai de Guedor; Héber, pai de Socó, e Jecu­tiel, pai de Zanoa, são os filhos de Bítia, filha de Faraó, que Méred des­posara.

19Filhos da mulher de Hodaías, irmão de Naam: o pai de Queila, o gueremita, e Estemoa, que era maa­ca­teu. 20Os filhos de Chimon: Amnon, Rina, Ben-Hanan e Tilon. Filhos de Jisi: Zoet e Ben-Zoet. 21Filhos de Chelá, filho de Judá: Er, pai de Lecá, Lada, pai de Marecha, e as famílias da casa onde se fabricava linho fino, em Bet-Achebea; 22Joquim e os ho­mens de Cozeba, Joás e Saraf, que dominaram sobre Moab e voltaram a Belém. Estas são memórias anti­gas. 23Estes eram oleiros e habita­vam Netaim e Guedera; habitavam perto do rei para trabalhar ao seu serviço.


Descendentes de Simeão (Js 19,1-9) 24Filhos de Simeão: Nemuel, Jamin, Jarib, Zera, Saul, 25Chalum seu fi­lho, Mibsam seu filho, Miche­má seu filho. 26Filhos de Michemá: Hamuel seu filho, Zacur seu filho, Chimei seu filho. 27Chimei teve dezasseis filhos e seis filhas; seus irmãos não tive­ram muitos filhos e suas famílias não foram tão nume­rosas como as dos filhos de Judá.

28Habitavam em Bercheba, em Mo­lada, em Haçar-Saul, 29em Balá, em Écem, em Tolad, 30em Betuel, em Hor­ma, em Ciclag, em Bet-Marca­bot, 31em Haçar-Sussim, em Bet-Biri e em Chaaraim. Foram estas as suas cidades até ao reinado de David. 32Pos­suíam ainda Etam, Ain, Rimon, Toquen e Asan, cinco cidades, 33e to­das as aldeias das suas redondezas até Baalat. Foram estas as suas resi­dências e seus registos genealó­gicos.

34Mechobab, Jamelec, Josa, filho de Amacias, 35Joel, Jeú, filho de Jo­si­­­bias, filho de Seraías, filho de As­siel, 36Elioenai, Jacoba, Jessoaías, Asaías, Adiel, Jessimiel, Benaías, 37Ziza, fi­lho de Chifeí, filho de Alon, filho de Jedaías, filho de Chimeri, filho de Chemaías. 38Estes homens indica­dos por seus nomes eram príncipes nas suas famílias. As suas casas pa­triar­­cais cresceram muito. 39Foram da costa de Guedor, até ao oriente do vale, à procura de pas­ta­gens para os seus rebanhos. 40En­contraram pastos abun­dantes e bons num ter­ritório amplo, tran­quilo e cheio de paz, outrora habitado pelos des­cen­dentes de Cam. 41Estes ho­mens in­dicados por seus nomes, no tempo de Ezequias, rei de Judá, vieram e destruíram as tendas dos habi­tan­tes deste país, assim como os moabitas que lá se encontravam, extermi­nando-os até ao dia de hoje. Estabelece­ram-se em seu lugar, porque havia ali pastagens para os rebanhos.

42Quinhentos homens da família de Simeão dirigiram-se também para as montanhas de Seir, chefia­dos pelos filhos de Jisi: Pelatias, Naa­rias, Re­faías e Uziel. 43Destro­çaram os ama­lecitas sobrevi­ventes e lá se estabe­leceram até ao dia de hoje.

1 Cr 5

Descendentes de Rúben (Gn 35,22; 46,8-9; 49,3-4; Nm 26,5-11; 32,1-42; Dt 3,12-17) – 1Filhos de Rúben, pri­mo­génito de Israel. Ele era o mais ve­lho mas, como manchara o leito de seu pai, o seu direito de pri­mogenitura foi dado aos filhos de José, filho de Is­rael. Mas José não foi ins­crito como pri­mogénito no livro das genealo­gias. 2Judá foi, na verdade, o mais pode­roso entre seus irmãos, e dele nas­ceu aquele que se tornou príncipe. Mas o direito de primo­ge­nitura perten­ceu a José. 3Filhos de Rúben, primogénito de Israel: He­noc, Palú, Hesron e Carmi.

4Filhos de Joel: Chemaías seu fi­lho, Gog seu filho, Chimei seu filho, 5Miqueias seu filho, Reaías seu filho, Baal seu filho, 6Beerá seu filho, que Tiglat-Falasar, rei da Assíria, levou cativo. Ele era príncipe dos filhos de Rúben.

7Irmãos de Beerá, segundo suas famílias, conforme estão escritas nas suas genealogias: o primeiro, Jeiel; Zacarias, 8Bela, filho de Azaz, filho de Chema, filho de Joel. Bela habi­tava em Aroer e ia até Nebo e Baal-Meon. 9Ao oriente, ocupava o país até à entrada do deserto que vai até ao Eufrates, porque os seus reba­nhos eram numerosos no país de Guilead. 10 No tempo de Saul, fize­ram guerra aos agarenos, que caíram nas suas mãos. Habitaram nas suas ten­das em toda a costa oriental de Gui­lead.


Descendentes de Gad (Dt 3,12-17; Js 13,24-28) – 11Os filhos de Gad habi­tavam em frente deles, no país de Basan, até Salca. 12Joel o primeiro, Chafam o segundo, Janai e Chafat, em Basan. 13Os seus ir­mãos, se­gundo as suas casas pa­triarcais, eram sete: Micael, Mechu­lam, Cheba, Jorai, Ja­can, Zia e Éber. 14Estes são os filhos de Abiaíl, filho de Huri, fi­lho de Ja­roa, filho de Guilead, filho de Mi­cael, filho de Je­chichai, filho de Jado, fi­lho de Buz. 15Aí, filho de Abdiel, fi­lho de Guni, era o chefe da sua casa patriarcal. 16Habitavam em Guilead, em Ba­san e nas suas aldeias, até às pro­ximidades das pastagens de Sa­ron. 17Todos foram recenseados no tem­po de Jotam, rei de Judá, e no tem­po de Jeroboão, rei de Israel.

18Os filhos de Rúben, de Gad e da meia tribo de Manassés eram ho­mens valorosos, que traziam escudo e espada, manejavam o arco e eram aguerridos, em número de quarenta e quatro mil setecentos e sessenta homens aptos para a guerra.

19Fize­ram guerra aos agarenos em Jetur, em Nafis e em Nodab. 20Fo­ram aju­dados contra os agarenos que lhes foram entregues com todos os seus aliados. Durante o combate eles in­vocaram Deus, que os ouviu por­que puseram nele a sua confiança. 21Apo­­deraram-se dos rebanhos deles: cin­quenta mil camelos, duzentas e cin­­quenta mil ovelhas, dois mil ju­men­tos e cem mil pessoas. 22Muitos caíram mortos, porque Deus tomara esta guer­ra por sua conta. Esta­be­le­ce­ram-se no lugar dos vencidos, até ao cati­veiro.


Descendentes de Manassés na Transjordânia (Js 17,1-13) – 23Os fi­lhos da meia tribo de Manassés mora­vam no país, desde Basan até Baal-Her­mon e Senir e a montanha do Her­mon. Eram numerosos. 24Eis os che­fes das suas famílias patriar­cais: Éfer, Jisi, Eliel, Azeriel, Jere­mias, Hoda­vias e Jadiel, homens valentes, pode­rosos, célebres, chefes das suas casas patriarcais. 25Mas foram infiéis ao Deus de seus pais e prostituíram-se, adorando os deuses dos povos que Deus tinha destruído dian­te deles.

26O Deus de Israel suscitou o espí­rito de Pul, rei da Assíria, e o espí­rito de Tiglat-Falasar, rei da Assí­ria, que levou cativos os filhos de Rúben, os filhos de Gad e a meia tribo de Ma­nassés; deportou-os para Hala, Habor, Hara e rio de Gozan onde perma­ne­ceram até ao dia de hoje.


Ascendência dos sacerdotes (Nm 3,17-20; Js 21,4-40) – 27Filhos de Levi: Gérson, Queat e Merari. 28Fi­lhos de Queat: Ameram, Jiçar, He­bron e Uziel. 29Filhos de Ameram: Aarão, Moisés e Míriam.

Filhos de Aarão: Nadab, Abiú, Eleázar e Itamar. 30Eleázar gerou Fi­­­­neias e Fineias gerou Abisua, 31Abi­sua gerou Buqui, Buqui gerou Uzi,32Uzi gerou Zeraías, Zeraías gerou Meraiot, 33Meraiot gerou Amarias, Amarias gerou Aitub, 34Aitub gerou Sadoc, Sadoc gerou Aimaás, 35Ai­maás gerou Azarias, Azarias gerou Joanan, 36Joanan gerou Azarias, que exer­ceu o sacerdócio no templo que Salomão construiu em Jerusa­lém. 37Azarias gerou Amarias, Ama­rias gerou Aitub, 38Aitub gerou Sa­doc, Sadoc gerou Chalum, 39Chalum gerou Hilquias, Hilquias gerou Aza­rias, 40Azarias ge­rou Seraías, Se­raías gerou Jocédec. 41Jocédec par­tiu quando o Senhor, pelas mãos de Nabucodonosor, levou Judá e Jeru­salém para o cativeiro.

1 Cr 6

Outra lista de levitas (Nm 3,14-39; 26,57-65) – 1Filhos de Levi: Gér­son, Queat e Merari. 2Eis os nomes dos filhos de Gérson: Libni e Chi­mei.3Filhos de Queat: Ame­ram, Jiçar, He­bron e Uziel. 4Filhos de Merari: Maali e Muchi. Estas são as famí­lias de Levi, segundo as suas casas patriar­cais.

5De Gérson: Libni seu filho, Jaat seu filho, Zima seu filho, 6Joá seu filho, Ido seu filho, Zera seu filho, Jatrai seu filho.

7Filhos de Queat: Aminadab seu filho, Coré seu filho, Assir seu filho, 8Elcana seu filho, Abiasaf seu filho, Assir seu filho, 9Taat seu filho, Uriel seu filho, Uzias seu filho, Saul seu filho. 10Filhos de Elcana: Amassai e Aimot. 11Filhos de Aimot: Elcana seu filho, Sofai seu filho, Naat seu filho, 12Eliab seu filho, Jeroam seu fi­lho, Elcana seu filho. 13Filhos de Sa­muel: o primogénito, Joel, e o se­gundo, Abias. 14Filhos de Merari: Maali, Li­bni seu filho, Chimei seu filho, Uzá seu filho, 15Chimeá seu filho, Ha­guias seu filho, Asaías seu filho.


Cantores do templo – 16Eis os que David escolheu para dirigir o canto na casa do Senhor, depois que a Arca da aliança foi colocada no seu lugar. 17Cumpriram as suas funções de can­tores diante da mo­rada, a tenda da reunião, até que Sa­lomão construiu o templo do Se­nhor, em Jerusalém. Serviam con­­forme as regras pres­critas.

18Eis os que cumpriram este ofí­cio juntamente com os seus filhos; de entre os filhos de Queat: Heman, cantor, filho de Joel, filho de Sa­muel,19filho de Elcana, filho de Jeroam, filho de Eliel, filho de Toa, 20filho de Suf, filho de Elcana, filho de Maat, filho de Amassai, 21filho de Elcana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Sofonias, 22filho de Taat, filho de Assir, filho de Abiasaf, filho de Coré, 23filho de Jiçar, filho de Queat, filho de Levi, filho de Israel.

24Seu irmão Asaf, que estava à sua direita: Asaf, filho de Baraquias, filho de Chimeá, 25filho de Micael, fi­lho de Basseias, filho de Malquias,26filho de Etni, filho de Zera, filho de Adaías, 27filho de Etan, filho de Zi­ma, filho de Chimei, 28filho de Jaat, filho de Gérson, filho de Levi.

29Além disso, os filhos de Merari que estavam à sua esquerda: Etan, filho de Cuchi, filho de Abdi, filho de Maluc, 30filho de Hasabias, filho de Amacias, filho de Hilquias, 31filho de Ameci, filho de Bani, filho de Ché­mer, 32filho de Maali, filho de Mu­chi, filho de Merari, filho de Levi.

33Seus irmãos, os levitas, esta­vam encarregados de todo o serviço do tabernáculo da casa do Senhor. 34Aarão e seus filhos queimavam as oferendas sobre o altar dos holo­caus­tos e o altar dos perfumes. Eles toma­vam sobre si todos os serviços do Santo dos Santos e faziam a expia­ção por Israel, conforme man­dara Moisés, servo de Deus.

35Eis os filhos de Aarão: Eleázar seu filho, Fineias seu filho, Abisua seu filho, 36Buqui seu filho, Uzi seu filho, Zeraías seu filho, 37Meraiot seu filho, Amarias seu filho, Aitub seu filho, 38Sadoc seu filho, Aimaás seu filho.


Cidades levíticas (Nm 35,1-8; Js 21,1-8) 39Estabeleceram-se nos territó­rios das seguintes cidades: aos filhos de Aarão, da família dos queatitas, 40que primeiro foram de­signados pela sorte, foi dado Hebron e suas redondezas, no país de Judá. 41Mas o território da cidade e suas aldeias foi dado a Ca­leb, filho de Jefuné. 42Foi, por­tanto, dada aos filhos de Aarão a cidade de refúgio, Hebron, Libna e seus arre­dores, Jé­ter, Estemoa e seus arredo­res, 43Hi­len e seus arredores, Debir e seus arredores, 44Asan e seus arre­dores, Bet-Chémes e seus arredo­res.45Da tribo de Benjamim, Gueba e seus arredo­res, Alémet e seus arredo­res, Anatot e seus arredores. O número total de cidades foi de treze, con­for­me as suas famílias.

46Os outros filhos de Queat rece­be­ram em sorte dez cidades das fa­mílias da tribo de Efraim, da tribo de Dan e da meia tribo de Manas­sés.47Os filhos de Gérson, segundo as suas famílias, tiveram treze cida­des da tribo de Issacar, da tribo de Aser, da tribo de Neftali e da meia tribo de Manassés, em Basan. 48Os filhos de Merari, segundo as suas fa­mílias, receberam em sorte doze cidades das tribos de Rúben, de Gad e de Zabulão.

49Os israelitas deram aos levitas estas cidades e as suas pastagens. 50Da tribo de Judá, de Simeão e de Benjamim deram-lhes, por sorteio, as cidades designadas pelos seus nomes.

51Quanto às famílias dos filhos de Queat, as cidades em que domina­ram eram da tribo de Efraim. 52De­ram-lhes as cidades de refúgio, Si­quém e seus arredores, na mon­ta­nha de Efraim, Guézer e seus arre­dores, 53Joquemoam e seus arredo­res, Bet-Horon e seus arredores,54Aia­lon e seus arredores, Gat-Rimon e seus arredores. 55Da meia tribo de Manas­sés deram-lhes Aner e seus arredo­res, Bileam e seus arredores. Isto foi dado às famílias dos res­tantes filhos de Queat.

56Aos filhos de Gérson deram, da meia tribo de Manassés, Golan, em Basan, e seus arredores, Astarot e seus arredores. 57Da tribo de Issa­car, Quedes e seus arredores, Da­be­rat e seus arredores, 58Ramot e seus arredores, Aném e seus arredores; 59da tribo de Aser, Machal e seus arredores, Abdon e seus arredores, 60Hucoc e seus arredores, Reob e seus arredores; 61da tribo de Neftali, Que­­des, na Galileia, e seus arredo­res, Hamon e seus arredores e Qui­ria­taim e seus arredores.

62Aos outros filhos de Merari fo­ram dadas, da tribo de Zabulão, Ri­mon e seus arredores, Tabor e seus arredores; 63e, do outro lado do Jor­dão, frente a Jericó, ao oriente do Jordão: da tribo de Rúben, Bécer, no deserto, e seus arredores, Jaça e seus arredores, 64Quedemot e seus arre­do­res, Mefaat e seus arredores; 65da tribo de Gad, Ramot, em Gui­lead, e seus arredores, Maanaim e seus 

1 Cr 7

Descendentes de Issacar (Gn 46,13; Nm 26,23-25) – 1Filhos de Issacar: To­la, Puá, Jas­sub e Chi­me­ron, quatro. 2Filhos de Tola: Uzi, Re­faías, Jeriel, Jamai, Jibsam e Sa­muel, chefes das casas patriar­cais pro­vin­das de Tola, todos homens va­lentes, recenseados segundo as suas genea­logias, cujo número era, no tempo de David, de vinte e dois mil e seis­cen­tos homens. 3Filho de Uzi: Jizraías. Filhos de Jizraías: Micael, Abdias, Joel e Ji­sias, ao todo cinco chefes. 4Tinham, segundo as suas genealo­gias e as suas casas patriar­cais, trin­ta e seis mil homens arma­dos para a guerra, pois possuíam mui­tas mu­lheres e filhos. 5Os seus irmãos, de entre to­das as famílias de Issacar, forma­vam um total de oitenta e sete mil homens valorosos, registados nas suas genealogias.


Descendentes de Benjamim (Js 18,11-28) – 6Filhos de Benjamim: Bela e Bécer e Jediael, três. 7Filhos de Bela: Ecebon, Uzi, Uziel, Jerimot e Iri, cinco chefes de famílias pa­triarcais. Registados nas suas genea­logias, con­tavam vinte e dois mil e quatro­cen­tos homens aptos para a guerra. Fi­lhos de Bécer: Zemira, Joás, Eliézer, Elioenai, Omeri, Jeri­mot, Abias, Ana­tot e Alémet, 9todos filhos de Bécer, registados segundo as suas genea­lo­gias, como chefes das casas patriar­cais, em número de vinte mil e du­zen­tos guerreiros. 10Filho de Jediael: Bilan. Filhos de Bilan: Jeús, Ben­ja­mim, Eúde, Ca­naana, Zetan, Társis e Aichar, 11to­dos filhos de Jediael, che­fes das casas patriarcais, em nú­mero de dezassete mil e duzentos guerrei­ros capazes de pegar em ar­mas e ir para a guerra.

12Chupim e Hupim, filhos de Ir; Huchim, filho de Aer. 13Filhos de Neftali: Jaciel, Guni, Jécer e Cha­lum; estes eram filhos de Bila.


Descendentes da outra meia tribo de Manassés (Js 17,1-13) – 14Filhos de Manassés: Asseriel, que foi dado à luz pela sua concubina arameia, a qual também deu à luz Maquir, pai de Guilead. 15Maquir casou com uma mulher de Hupim e Chupim.

O nome de sua irmã era Maaca. O nome do segundo filho era Se­lo­fad, o qual só teve filhas. 16Maaca, mulher de Maquir, deu à luz um filho, ao qual deu o nome de Peres; o nome de seu irmão era Cheres, e seus filhos eram Ulam e Réquem. 17Filho de Ulam: Bedan. São estes os filhos de Guilead, filho de Ma­quir, filho de Manassés. 18A sua ir­mã Hamolé­quet deu à luz Ichod, Abiézer e Maalá. 19Os filhos de Che­midá foram Aian, Sequém, Liqui e Aniam.


Descendentes de Efraim (Js 16, 5-10) 20Filhos de Efraim: Chutela, Bered seu filho, Taat seu filho, Eladá seu filho, 21Zabad seu filho, Chutela seu filho, Ézer e Elad, mor­tos pelos ho­mens de Gat, originários do país, por terem vindo roubar os seus reba­nhos.

22Efraim, pai deles, pôs luto du­rante muito tempo, e seus irmãos vieram consolá-lo. 23Depois, uniu-se à sua mulher, que concebeu e deu à luz um filho, ao qual deu o nome de Beria, porque a sua casa estava na desgraça. 24A sua filha era Cheerá, que construiu Bet-Horon de Cima e Bet-Horon de Baixo, e Uzen-Cheerá.

25Teve ainda Rafa, seu filho de Rechef, Tela seu filho, Taan seu filho, 26Ladan seu filho, Amiud seu filho, Elichamá seu filho, 27Nun seu filho, Josué seu filho.

28As suas possessões e moradias eram: Betel e seus arredores, ao orien­te Naaran, a oeste Guézer e seus arredores, Siquém e seus arredores até Aia e seus arredores. 29Os filhos de Manassés possuíam ainda Bet-Chan e seus arredores, Taanac e seus arredores, Meguido e seus arre­dores, Dor e seus arredores. Foram estas as cidades que habitaram os filhos de José, filhos de Israel.


Descendentes de Aser (Js 19,24-31) 30Filhos de Aser: Jimna, Jis­va, Jisvi, Beria e sua irmã Sera. 31Filhos de Beria: Héber e Malquiel, pai de Bir­zait. 32Héber gerou Jaflet, Chomer, Hotam e a irmã dele, Chuá. 33Filhos de Jaflet: Passac, Bimeal e Achevat. Estes são os fi­lhos de Jaflet.34Filhos de Chamer: Aí, Roga, Jeú­­ba e Aram. 35Filhos de Helem, seu irmão: Sofa, Jimna, Cheles e Amal. 36Filhos de Sofa: Sua, Harné­fer, Chual, Beri, Jímera, 37Bécer, Hod, Chama, Chilcha, Jitran e Bera. 38Fi­lhos de Jéter: Jefuné, Pispá e Ará. 39Filhos de Ulá: Ara, Haniel e Rícias.

40Todos estes eram filhos de Aser, chefes das casas patriarcais, homens valorosos e selectos, chefes de prín­ci­pes. Estavam registados vinte e seis mil homens capazes de pegar em ar­mas para a guerra.

1 Cr 8

Outra lista de descendentes de Benjamim (9,39-44; Gn 46,21; Nm 26,38-41) – 1Benjamim gerou Bela seu primogénito, Asbel o segundo, Ara o terceiro, 2Noa o quarto, e Rafa o quinto. 3Filhos de Bela: Adar, Guera, Abiud, 4Abisua, Naaman, Aoa, 5Guera, Chefufan e Huram.

6Eis os filhos de Eúde, que eram chefes das famílias que habitavam Gueba e foram obrigados a emigrar para Manaat: 7Naaman, Aías e Guera, que os obrigou a emigrar e gerou Uzá e Aiud. 8Chaaraim teve filhos nos campos de Moab, depois de ter repudiado suas mulheres Hu­chim e Baara. 9Nasceram de Ho­des, sua mulher: Jobab, Síbias, Mecha, Malcam, 10Jeús, Saquias e Mirma, que foram seus filhos, chefes de fa­mílias. 11De Huchim teve Abitub e Elpaal. 12Filhos de Elpaal: Éber, Mi­cham e Chémed, que construiu Ono e Lod e as cidades que dela depen­dem.

13Beria e Chema, chefes das fa­mí­­lias que habitavam Aialon, puse­ram em fuga os habitantes de Gat. 14Seus irmãos eram: Aío, Chachac, Jerimot. 15Zebadias, Arad, Éder, 16Mi­­cael, Jispa e Joa eram filhos de Be­ria. 17Zeba­dias, Mechulam, Hize­qui, Héber, 18Jis­­me­rai, Jizelias e Jo­bab, filhos de El­paal. 19Jaquim, Zicri, Zabdi, 20Elie­nai, Sil­tai, Eliel, 21Adaías, Beraías e Chi­me­­rat, filhos de Chimei. 22Jispan, Éber, Eliel,23Abdon, Zicri, Hanan, 24Hana­nías, Elam, Anatotias, 25Jifdaías e Pe­nuel, filhos de Chachac. 26Chame­charai, Chearias, Atalias, 27Jares­sias, Elias e Zicri, filhos de Jeroam. 28Es­tes são os chefes de famílias segundo as suas genealogias. Habitavam em Jeru­­salém.


Origens e descendentes de Saul (9,35-44) - 29O pai de Guibeon morava em Guibeon; sua mulher chamava-se Maaca, 30seu filho primogénito Abdon, e depois Sur, Quis, Baal, Nadab, 31Guedor, Aío e Zéquer. 32Miquelot gerou Chimeá. Habitaram também em Jerusalém com seus irmãos.

33Ner gerou Quis, Quis gerou Saul, Saul gerou Jónatas, Malquichua, Abi­­nadab e Isbaal. 34Filho de Jónatas: Meribaal. Meribaal gerou Mica.35Fi­lhos de Mica: Piton, Mélec, Taré e Acaz. 36Acaz gerou Joadá; Joadá ge­rou Alémet, Azemávet e Zimeri; Zi­meri gerou Moçá. 37Moçá gerou Bineá, Rafa seu filho, Elassá seu filho, 38Acel seu filho. Acel teve seis filhos, cujos nomes são: Azericam, Bocru, Ismael, Chearias, Abdias e Hanan. Estes foram os filhos de Acel. 39Fi­lhos de Échec, seu irmão: Ulam, seu primogénito, Jeús o segundo, e Eli­félet o terceiro. 40Os filhos de Ulam eram homens valen­tes, bons arquei­ros. Tiveram nume­ro­sos filhos e ne­tos: cento e cin­quenta.

Todos estes foram descendentes de Benjamim.

 

1 Cr 9

Habitantes de Jerusalém depois do Exílio (Ne 11,1-24) - 1Todo o Israel está registado nas genealogias e inscrito no livro dos reis de Israel. Judá foi deportado para a Babilónia por causa das suas infidelidades.

2Os primeiros habi­tan­tes que en­tra­ram nas suas pos­sessões e nas suas cidades foram os israeli­tas, os sacer­dotes, os levitas e os nati­neus.

3Em Jerusalém habitaram alguns dos filhos de Judá, de Benjamim, de Efraim, de Manassés. 4Dos filhos de Peres, filho de Judá: Utai, filho de Amiud, filho de Omeri, filho de Ime­ri, filho de Bani. 5Dos silonitas: Asaías, o primogénito, e seus filhos. 6Dos filhos de Zera: Jeuel e seus ir­mãos. Ao todo, seiscentos e no­venta. 7Dos filhos de Benjamim: Salú, filho de Mechulam, filho de Hodavias, filho de Hassenua; 8Jibnias, filho de Je­roam; Elá, filho de Uzi, filho de Mi­cri, e Mechulam, filho de Che­fa­tias, filho de Reuel, filho de Jibnias, 9e seus irmãos, segundo as suas gera­ções, em número de novecentos e cinquenta e seis. Todos eram che­fes de famílias nas casas patriar­cais.

10Sacerdotes: Jedaías, Joiarib, Joa­­­quim, 11Azarias, filho de Hil­quias, filho de Mechulam, filho de Sadoc, fi­lho de Meraiot, filho de Aitub, che­fe da casa de Deus; 12Adaías, filho de Jeroam, filho de Pachiur, filho de Malquias; Massai, filho de Adiel, fi­lho de Jazera, filho de Mechulam, filho de Mechilemit, filho de Imer, 13e seus chefes das suas casas pa­triarcais, num total de mil setecen­tos e sessenta homens valorosos, ocu­pados no serviço da casa de Deus.

14Levitas: Chemaías, filho de Ha­chub, filho de Azericam, filho de Ha­sa­bias, descendentes de Merari; 15Ba­c­ba­car, Heres, Galal, e Mata­nias, filho de Mica, filho de Zicri, filho de Asaf; 16Abdias, filho de Che­maías, fi­lho de Galal, filho de Jedu­tun; Bara­quias, filho de Asa, filho de Elcana, que mo­rava nas cidades dos netofa­teus.

17Porteiros: Chalum, Acub, Tal­mon, Aiman e seus irmãos. Chalum era o chefe dos porteiros 18e ainda agora é o guarda da porta do rei, ao oriente. De entre os levitas, estes são os porteiros: 19Chalum, filho de Coré, filho de Abiasaf, filho de Coré, e seus irmãos, os coreítas, da casa de seu pai, desempenhavam as funções de guardas das portas do taber­ná­culo. Seus pais fizeram a guarda da entrada do acampamento do Se­nhor.

20Fineias, filho de Eleázar, tinha sido antes chefe deles. E o Senhor es­tava com ele. 21Zacarias, filho de Me­chalemias, era porteiro da en­trada da tenda da reunião.

22Estes guardas das portas foram escolhidos em número de duzentos e doze, e registados nas genealogias segundo as suas cidades. David e o profeta Samuel investiram-nos em suas funções. 23Eles e seus filhos guar­davam as portas da casa do Senhor e da casa do tabernáculo.24Havia porteiros nos quatro pon­tos cardeais, a leste, a oeste, ao norte e ao sul.

25Os seus irmãos, que moravam nas aldeias, vinham para junto de­les to­das as semanas, cada um segundo o seu turno. 26Mas os quatro chefes dos porteiros, que eram levitas, esta­vam constante­mente em funções, de­vendo ainda vigiar os depósitos e os te­sou­ros da casa de Deus. 27Mora­vam ao redor da casa de Deus, de cuja guarda estavam encarregados, de­vendo abri-la todas as manhãs.

28Alguns porteiros encarrega­vam-se da vigilância dos objectos de culto que inventariavam, à entrada e à saída; 29outros, ainda, cuidavam dos utensílios do santuário, da flor de fa­rinha, do vinho, do azeite, do in­censo e dos aromas. 30Os filhos dos sacer­dotes compunham as essên­cias aro­máticas.

31Matatias, levita, primogénito de Chalum, o coreíta, tinha a seu cui­dado as tortas que se coziam na sertã. 32Alguns dos seus irmãos, fi­lhos dos queatitas, estavam encar­regados de preparar, para cada sá­bado, os pães da oferenda. 33Eram estes os prin­ci­pais cantores, chefes das famílias levíticas, e moravam nos aparta­men­tos do templo, isen­tos de outras fun­ções para exerce­rem a sua, dia e noite.

34Estes são os chefes das famílias dos levitas, segundo as suas genea­logias. Habitavam em Jerusalém.


Família de Saul (8,29-40) - 35O pai dos guibeonitas, Jeiel, habitava em Guibeon; sua mulher chamava-se Maaca. 36Seu filho primogénito, Abdon, depois Sur e Quis, Baal, Ner, Nadab, 37Guedor, Aío, Zacarias e Miquelot. 38Miquelot gerou Chimeam. Habitavam também com seus irmãos em Jerusalém. Família de Saul (8,29-40) – 35*O pai dos guibeonitas, Jeiel, habitava em Guibeon; sua mulher chamava-se Maa­ca. 36Seu filho primogénito, Abdon, depois Sur e Quis, Baal, Ner, Nadab, 37Guedor, Aío, Zacarias e Mi­quelot. 38Miquelot gerou Chi­meam. Habitavam também com seus ir­mãos em Jerusalém.

39Ner gerou Quis, Quis gerou Saul, Saul gerou Jónatas, Malqui­chua, Abi­­­nadab e Isbaal. 40Filho de Jónatas: Meribaal. Meribaal gerou Mica.41Fi­­lhos de Mica: Piton, Mélec, Taré 42e Acaz, pai de Jara. Jara gerou Alé­met, Azemávet e Zimeri. Zimeri ge­rou Moçá. 43Moçá gerou Bineá, cujo filho Refaías gerou Elassá, do qual nasceu Acel. 44Acel teve seis filhos, cujos nomes são: Azericam, Bocru, Ismael, Chearias, Abdias e Hanan. São estes os filhos de Acel.

1 Cr 10

Saul, derrotado, morre em Guilgal (1 Sm 31,1-13) - 1Os filisteus atacaram Israel e os israelitas fugiram diante deles. Muitos caíram feridos de morte, na montanha de Guilboa. 2Os filisteus perseguiram Saul e seus filhos e mataram Jónatas, Abinadab e Malquichua, filhos de Saul.3O peso da luta incidiu sobre Saul; os arqueiros alcançaram-no e feriram-no no ventre. 4Saul disse, então, ao seu escudeiro: «Desembainha a tua espada e trespassa-me, para que os incircuncisos não venham ultrajar-me.» Mas o escudeiro não quis, pelo medo que se apossara dele. Então Saul tirou a sua espada e atirou-se sobre ela. 5Vendo-o morto, o escudeiro atirou-se também sobre a sua espada e morreu.

6Assim morreram Saul e os seus três filhos, perecendo com eles toda a sua casa. 7Todos os israelitas que estavam na planície, vendo que os filhos de Israel recuavam e que Saul e os seus filhos estavam mortos, abandonaram as suas cidades e fu­giram; os filisteus apoderaram-se delas.

8No dia seguinte, os filisteus vie­ram para despojar os mortos e en­con­traram Saul e os seus filhos es­tendidos na montanha de Guilboa.9Despojaram Saul, levaram-lhe a ca­beça e as armas e apregoaram a boa nova por todo o país dos filis­teus, diante dos seus ídolos e do povo.10Puseram as armas de Saul no tem­plo dos seus deuses e sus­penderam a sua cabeça no templo de Dagon.

11Os habitantes de Jabés, de Gui­lead, souberam tudo o que os filis­teus tinham feito a Saul. 12Então, levantaram-se todos os homens for­tes, tomaram o corpo de Saul e os cor­pos de seus filhos e transpor­taram-nos para Jabés. Enterraram-nos sob o terebinto de Jabés e jejuaram du­rante sete dias.

13Saul morreu por causa da sua infidelidade, da qual se tornara cul­pado diante do Senhor, cujas pala­vras não observou, e por ter con­sul­tado o espírito de um morto. 14Não obedeceu ao Se­nhor, e o Senhor deu-lhe a mor­te, transferindo assim a realeza para David, filho de Jessé.

 

1 Cr 11

II. HISTÓRIA DE DAVID (11,1-29,30)


Sagração de David em He­bron (2 Sm 5,1-5) – 1Reuniu-se todo o Israel ao redor de David, em Hebron, dizendo-lhe: «Somos teus ossos e tua carne. 2Já antes, quando Saul era rei, eras tu que conduzias os destinos de Israel. O Senhor, teu Deus, disse-te: ‘Tu apas­centarás Is­rael, meu povo, e serás o chefe de Israel.’»

3Todos os anciãos de Israel vie­ram, pois, ter com o rei em Hebron, e David concluiu um pacto com eles, diante do Senhor; ungiram-no rei de Israel, segundo a palavra do Se­nhor, pronunciada por Samuel.


David conquista Jerusalém (2 Sm 5,6-10) – 4David marchou com todo o Israel sobre Jerusalém, quer dizer Je­bús, onde estavam os jebu­seus, ha­bi­­tantes do país. 5Os jebu­seus dis­­seram a David: «Não entra­rás aqui.» Mas David apoderou-se da fortaleza de Sião, que é a cidade de David. 6David dissera: «O pri­meiro, seja quem for, que vencer os jebu­seus, tornar-se-á chefe e prín­cipe.»

O pri­meiro que subiu foi Joab, fi­lho de Seruia, e tornou-se chefe. 7Da­vid ins­talou-se na fortaleza que, por isso, foi chamada cidade de David.8For­ti­ficou a cidade ao redor, desde Milo até aos arredores, e Joab res­tau­rou o resto da cidade. 9David tornou-se cada vez maior, e o Deus do uni­verso estava com ele.


Os heróis de David (2 Sm 23,8-39) – 10Eis os heróis principais que esta­vam ao serviço de David e o ajuda­ram, com todo o Israel, a assegurar o seu domínio, a fim de o proclamar rei de Israel, segundo a palavra do Senhor. 11Eis o número dos heróis que estavam ao serviço de David: Jachobam, chefe dos três, filho de Hacmoni, brandiu a sua lança con­tra trezentos homens e abateu-os de uma só vez. 12Depois deste, Eleázar, filho de Dodo, o aoíta, um dos três heróis. 13Estava com David, em Pas-Damim, onde os filisteus se reuni­ram para o com­bate. Havia ali um campo de cevada e, quando o povo fugia diante dos filisteus, 14ele e os seus colocaram-se no meio do campo, defenderam-no e destroçaram os filis­teus. E o Senhor operou uma grande vitória.

15Três dos trinta capitães desce­ram à rocha da caverna de Adulam, onde estava David; os filisteus acam­param no vale dos refaítas. 16Ora Da­vid estava na caverna, e os filisteus tinham uma guarnição em Belém. 17David exprimiu este desejo: «Quem me dará de beber da água da cis­terna que está às portas de Belém?»

18Os três homens atra­vessaram o acam­pamento dos filis­teus e tira­ram a água da cisterna que está à porta de Belém. Leva­ram-na a David, mas David não a quis beber e fez dela uma oferta ao Senhor, dizendo: 19«Deus me livre de fazer tal coisa! Beberia eu o san­gue desses homens? Pois trou­xe­ram-ma com risco das suas vidas.» E não a quis beber. Eis o que fize­ram es­ses três valentes.

20Abisai, irmão de Joab, era o che­fe dos trinta; brandiu a sua lança contra trezentos homens, matou-os, mas não teve o nome entre os três.21Era duplamente considerado entre os trinta e foi seu chefe, mas não se igualou aos três primeiros.

22Benaías, filho de Joiadá, homem valente e rico em façanhas, natural de Cabe­ciel, derrotou os dois heróis de Moab e desceu a matar um leão dentro da cisterna, num dia de neve. 23Ven­ceu também um egípcio de cinco côva­dos de altura, que tinha na mão uma lança semelhante a um rolo de tear. Atirou-se a ele com o cajado, ar­­ran­cou-lhe a lança das mãos e matou-o com a sua própria lança. 24Tudo isto fez Benaías, filho de Joiadá, e cele­brizou-se entre os trinta valen­tes. 25Era dos mais con­siderados entre eles, mas não se igua­lou aos três. Da­vid colocou-o à frente da sua guarda.

26No exército, os mais valentes eram: Asael, irmão de Joab; El-Ha­nan, filho de Dodo, de Belém; 27Cha­mot de Harod; Heles de Pélet; 28Ira, filho de Iqués, de Técua; Abié­zer de Anatot; 29Sibecai o huchaíta; Ilai o aoíta; 30Maarai de Netofa; Hé­led, fi­lho de Baana, de Netofa; 31Itai, filho de Ribai de Guibeá, dos filhos de Ben­jamim; Benaías o piratonita; 32Hu­rai dos vales de Gaás; Abiel de Arabá; 33Azemávet de Baurim; Elia­ba o chaal­­bonita; 34Jassen o gunita; Jóna­tas, filho de Chagué, o hara­ri­ta; 35Aiam, filho de Sacar, o hara­rita; Elifal, filho de Ur; 36Héfer de Me­quera; Aías o pelonita; 37Hesron de Carmel; Naarai, filho de Ezbai; 38Joel, irmão de Natan; Mibear, filho de Hagri; 39Sélec o amonita; Naarai de Beerot, escudeiro de Joab, filho de Seruia; 40Ira, de Jéter; Gareb, de Jéter; 41Urias o hitita; Zabad, filho de Alai; 42Adina, filho de Chiza, filho de Rúben, chefe dos rubenitas e, com ele, outros trinta; 43Hanan, filho de Maacá; Josafat, de Matan; 44Uzias, de Astarot; Chama e Jeiel, filhos de Hotam, de Aroer; 45Jediael, filho de Chimeri; Joa seu irmão, o ticita; 46Eliel, o maavita; Jeribai e Josavias, filhos de Elnaam; Jitma o moabita; 47Eliel, Obed e Jaassiel, de Soba.

 

1 Cr 12

Apoiantes de David antes de ser rei – 1Estes são os que se juntaram a David, em Ci­clag, quando ainda estava afastado de Saul, filho de Quis; estão con­tados entre os valentes que lhe prestaram ajuda durante a guerra.

2Eram ar­quei­ros exercitados em lançar pe­dras, tanto com a mão es­querda como com a mão direita, e dis­pa­ra­vam flechas com o arco.

Eram irmãos de Saul, de Ben­ja­mim: 3o chefe Aiézer e Joás, filhos de Chemaá, de Guibeá; Jeziel e Pélet, filhos de Azemávet; Beracá e Jeú de Anatot; 4Jismaías de Gui­beon, o mais valente dos trinta e chefe dos trinta; 5Jeremias, Jaziel, Joanan e Joza­bad de Guedera; 6Elu­zai, Jeri­mot, Baa­lias, Chemarias, Chefatias de Haruf; 7Elcana, Jisias, Azarel, Joé­zer e Ja­chobam, filhos de Coré; 8Joela e Zeba­­dias, filhos de Jeroam de Guedor.

9Os homens valentes dos gaditas uniram-se a David nas cavernas do deserto, guerreiros exercitados no com­bate, que conheciam o manejo do escudo e da lança: tinham o as­pecto de leões e a agilidade das ga­zelas das montanhas. 10Ézer era o seu chefe; Abdias o segundo; Eliab o terceiro; 11Mismana o quarto; Jere­mias o quinto; 12Atai o sexto; Eliel o sétimo; 13Joanan o oitavo; Elzabad o nono; 14 Jeremias o décimo; Macba­nai o décimo primeiro.

15Eram estes os filhos de Gad, che­fes do exército; o menor de todos eles podia vencer cem, e o mais for­te, mil. 16Foram eles que atra­ves­saram o Jordão, no primeiro mês, quando o rio costumava trans­bor­dar em todo o seu curso, e puseram em fuga to­dos os habitantes do vale, a leste e a oeste.

17Também alguns filhos de Ben­ja­mim e de Judá vieram aliar-se a David nas cavernas. 18David saiu ao encontro deles e disse-lhes: «Se é como amigos que vindes, para me prestar auxílio, o meu coração está unido ao vosso; mas se é para me atraiçoar e entregar aos inimigos – pois as minhas mãos estão limpas de toda a violência – que o Deus de nossos pais seja testemunha e juiz.»

19Então o espírito entrou em Amas­sai, chefe dos trinta, que disse: «A ti e ao teu povo, filho de Jessé, paz!

Paz a ti e paz a quantos te pro­te­gem, pois o teu Deus presta-te auxí­lio.»

David recebeu-os e deu-lhes um lugar entre os chefes do exército.

20Também os filhos de Manassés se juntaram a David quando ele, com os filisteus, foi fazer guerra a Saul. Contudo, não socorreram os fi­lis­teus porque, depois de se reu­nirem em conselho, os príncipes dos filisteus despediram David, dizen­do: «Ele pas­sará para o lado de Saul, com perigo das nossas cabeças.»

21Quando voltou a Ciclag, foram estes os homens de Manassés que se lhe juntaram: Adna, Jozabad, Je­diael, Micael, Jozabad, Eliú e Siltai, comandantes de mi­lha­res de Ma­nas­­sés. 22Uniram-se a David contra os bandos de saltea­do­res, porque todos eles eram homens valentes e foram chefes do exército. 23Todos os dias chegavam homens a David para o au­xiliar e, assim, veio a ter um gran­de exército, como um exército de Deus.


Guerreiros proclamam David rei de Israel 24Este é o número dos homens armados para a guerra, que foram ter com David, em Hebron, para transferir para ele o reino de Saul, segundo a ordem do Senhor. 25Filhos de Judá, portadores de escudo e lança: seis mil e oitocentos, armados para a guerra.

26Dos filhos de Simeão, sete mil e cem valentes guerreiros. 27Dos fi­lhos de Levi, qua­tro mil e seiscentos. 28Joia­dá, chefe da casa de Aarão, com três mil e setecentos homens. 29Sa­doc, jovem e valente guerreiro, com vinte e dois chefes da casa de seu pai. 30Dos fi­lhos de Benjamim, ir­mãos de Saul, três mil, pois até então a maior parte deles guardava fideli­dade à casa de Saul. 31Dos fi­lhos de Efraim, vinte mil e oito­cen­tos guer­reiros, conhe­ci­dos nas suas famílias pela sua va­len­tia. 32Da meia tribo de Manassés, dezoito mil, que foram nomina­tiva­mente designados para ir proclamar David como rei. 3

3Dos filhos de Issa­car, que tinham o sen­tido da oportu­ni­dade e sabiam o que Israel devia fazer, du


39
Todos estes homens de guerra pron­tos para o combate, de coração sincero, vieram a Hebron, para pro­clamar David rei de todo o Israel. E o resto de Israel estava igualmente unânime em proclamar rei a David. 40Permaneceram ali com David três dias, comendo e bebendo, porque seus irmãos lhes prepararam a comida. 41Além disso, os que mora­vam perto deles, até Issacar, Zabu­lão e Neftali, traziam-lhes víveres transportados em jumentos, came­los, mulas e bois; provisões de farinha, figos, pas­sas de uva, vinho, azeite, va­cas e ove­lhas em abundância, por­que havia alegria em Israel.zentos chefes e todos os seus irmãos sob as suas or­dens. 34De Zabu­lão, cinquenta mil em estado de pegar em armas, pre­parados para o com­bate, equipados com toda a classe de armas, prontos a socor­rer David de coração reso­luto. 35De Neftali, mil chefes, e com eles trinta e sete mil homens que levavam escudo e lança. 36Dos dani­tas, vinte e oito mil e seis­centos ho­mens pron­tos para se pôr em ordem de bata­lha.37De Aser, homens pre­pa­ra­dos para o combate: quarenta mil. 38E, do outro lado do Jordão, dos rube­nitas, dos gaditas e da meia tribo de Manassés, cento e vinte mil, equi­pa­dos com todas as armas.

1 Cr 13

Decisão de levar a Arca para Jerusalém (15,1-29; 2 Sm 6,1-11) - 1David tomou conselho com os chefes de milhares e de centenas, com todos os príncipes, 2e disse a toda a assembleia de Israel: «Se achais bem, e isto parece inspirado pelo Senhor nosso Deus, enviemos sem demora mensageiros aos nossos irmãos de todas as regiões de Israel, aos sacerdotes e levitas que vivem nas suas cidades, para que venham juntar-se a nós. 3Translademos para a nossa morada a Arca do nosso Deus, pois não cuidámos dela no tempo de Saul.»

4Toda a assembleia resolveu pro­ce­­der deste modo, pois assim pare­ceu conve­nien­te a todo o povo. 5Da­vid con­vocou todo o Israel, desde a tor­rente do Egipto até à entrada de Hamat, a fim de trazer de Quiriat-Iarim a Arca de Deus. 6David, com todo o Israel, subiu a Baalá, em Qui­riat-Iarim de Judá, para trazer de lá a Arca de Deus, do Senhor que tem o seu trono sobre os querubins, diante da qual é invocado o seu nome.

7A Arca de Deus foi colocada so­bre um carro novo e levaram-na da casa de Abinadab; Uzá e Aío con­du­ziam o carro. 8David e todo o Israel dançavam diante de Deus com to­das as suas forças, cantavam e toca­vam cítaras, harpas, tamborins, cím­balos e trombetas. 9Ao chegar à eira de Quidon, Uzá estendeu a mão para segurar a Arca de Deus, pois os bois, tropeçando, inclinaram-na. 10A ira do Senhor inflamou-se contra Uzá e Ele feriu-o por estender a mão para a Arca. Uzá morreu ali, diante de Deus. 11David contristou-se porque o Senhor aniquilara Uzá. E deu a este lugar o nome de Peres-Uzá, que conserva ainda hoje.

12Nesse dia David temeu a Deus e disse: «Como posso eu introduzir a Arca de Deus na minha casa?» 13E David não levou a Arca para a sua casa, na cidade de David. Mandou-a levar para casa de Obededom, de Gat. 14A Arca de Deus ficou na casa dele durante três meses; e o Senhor abençoou a família de Obededom, com tudo o que lhe pertencia.

1 Cr 14

Casa de David em Jerusalém (3,4-9; 2 Sm 5,1-25) - 1Hiram, rei de Tiro, enviou mensageiros a David com madeiras de cedro, pedreiros e carpinteiros, para lhe construírem um palácio. 2Então, David reconheceu que o Senhor o confirmara rei de Israel e que o seu reino era exaltado por causa de Israel, seu povo.

3 David teve tam­bém mulheres em Jerusalém e ge­rou filhos e fi­lhas. 4Es­tes são os nomes dos filhos que lhe nasceram em Jerusalém: Cha­mua, Chobab, Na­­tan, Salomão, 5Ji­bear, Elichua, Elifélet, 6Noga, Né­feg, Jafia, 7Eli­cha­má, Baaliadá e Eli­félet.


Vitória sobre os filisteus (2 Sm 5,17-25) - 8Quando os filisteus souberam que David havia sido ungido rei de todo o Israel, partiram todos para o prender. Mas David soube-o e saiu ao seu encontro. 9Os filisteus em marcha espalharam-se pelo vale de Refaim.

10David consultou Deus, per­gun­­­tando: «Avançarei contra os filis­teus? Entregá-los-ás nas minhas mãos?» E o Senhor respondeu-lhe: «Sobe e entregá-los-ei nas tuas mãos.» 11Avan­­çou portanto até Baal-Pera­sim, e Da­vid derrotou-os. Disse en­tão: «Deus dispersou os meus ini­mi­gos por mi­nha mão, como se dis­pers­am as águas.» Por isso este lugar rece­beu o nome de Baal-Perasim. 12E os filis­teus aban­dona­ram ali os seus deu­ses, que Da­vid mandou quei­mar. 13Os filisteus espa­lharam-se nova­mente pelo vale.

14David consultou outra vez Deus, que lhe respondeu: «Não os persi­gas, rodeia-os e atira-te so­bre eles diante das amoreiras. 15Quando ouvi­res um rumor de pas­sos nas copas das amoreiras, então começarás o combate, pois Deus irá diante de ti para derrotar o exército dos filis­teus.» 16David fez como Deus lhe ordenara e derrotou o exér­cito dos filisteus, de Guibeon até Guézer.

17A fama de David espalhou-se por todas aquelas terras, e o Senhor tornou-o temível perante todas as nações.

1 Cr 15

Trasladação da Arca para Jerusalém (2 Sm 6,1-23) – 1Da­vid construiu casas para si na ci­dade de David, preparou um lugar para a Arca de Deus e levantou-lhe uma tenda. 2Disse então David: «A Arca de Deus não pode ser levada senão pelos levitas, pois foi a eles que o Senhor escolheu para a con­duzirem e para o servirem perpe­tua­mente.» 3David convocou todo o Israel em Jerusalém, para trasla­dar a Arca do Senhor para o lugar que lhe tinha preparado. 4Reuniu também os fi­lhos de Aarão e os levitas. 5Dos filhos de Queat: o chefe Uriel e seus irmãos, cento e vinte; 6dos filhos de Merari: o chefe Asaías e seus irmãos, duzen­tos e vinte; 7dos filhos de Gérson: o chefe Joel e seus irmãos, cento e trinta; 8dos filhos de Elisafan: o chefe Chemaías e seus irmãos, duzentos; 9dos filhos de Hebron: o chefe Eliel e seus ir­mãos, oitenta; 10dos filhos de Uziel: o chefe Aminadab e seus ir­mãos, cento e doze.

11David chamou Sadoc e Abiatar e os levitas Uriel, Asaías, Joel, Che­maías, Eliel e Aminadab, 12e disse-lhes: «Vós sois os chefes das fa­mí­lias levíticas; santificai-vos, jun­ta­mente com os vossos irmãos, e levai a Arca do Senhor, Deus de Israel, ao lugar que lhe preparei. 13Por não estar­des presentes da primeira vez, o Senhor nosso Deus feriu-nos, pois não a fo­mos buscar consoante man­da a Lei.»

14Os sacer­dotes e os levi­tas san­tifi­­ca­ram-se, portanto, para trans­por­tar a Arca do Senhor, Deus de Israel. 15E os filhos de Levi, como Moisés orde­nara, segundo a palavra do Se­nhor, conduziram a Arca de Deus aos om­bros, por meio de varais. 16David disse aos chefes dos levitas que esco­lhes­sem, entre os seus irmãos, can­tores com ins­tru­mentos de mú­sica – cíta­ras, harpas e címbalos – em sinal de regozijo. 17Os levitas escolheram He­man, filho de Joel, e entre os seus irmãos Asaf, filho de Baraquias, e en­tre os filhos de Merari, seus ir­mãos, Etan, filho de Cuchaías, 18e, com eles, os seus irmãos da segunda ordem, Zacarias, Aziel, Chemira­mot, Jeiel, Uno, Eliab, Benaías, Mas­saías, Ma­ta­­tias, Elifeleu, Miqueneias, Obe­de­dom e Jeiel, porteiros. 19Os can­to­res He­man, Asaf e Etan tocavam címbalos de bronze. 20Zacarias, Aziel, Che­mi­ra­mot, Jaiel, Uni, Eliab, Mas­­saías e Benaías tocavam cítaras para vozes altas. 21Matatias, Elife­leu, Mi­­­queneias, Obededom, Jeiel e Aza­zias tocavam harpas na oitava in­ferior, para con­duzir o canto. 22Cana­nias, chefe dos levitas, dirigia o canto, pois em tal era entendido. 23Bara­quias e Elcana faziam de porteiros junto da Arca. 24Os sacerdotes Che­banias, Josafat, Natanael, Amassai, Zaca­rias, Benaías e Eliézer tocavam trom­be­tas diante da Arca de Deus. Obe­de­dom e Jeías eram porteiros junto da Arca.


A Arca é levada para Jerusalém 25David, os anciãos de Israel e os che­fes de milhares foram buscar a Arca da aliança do Senhor a casa de Obe­dedom, com grande júbilo. 26E, como Deus assistia os levitas que trans­portavam a Arca da aliança do Se­nhor, foram sacrificados sete tou­ros e sete carneiros.

27David estava revestido de uma tú­nica de linho fino, assim como todos os levitas que transportavam a Arca, os cantores e Cananias, que dirigia a música entre os cantores. David estava também revestido de uma faixa votiva de linho. 28Todo o Israel, ao transportar a Arca da aliança do Senhor, soltava brados de júbilo ao som das trombetas, trompas, címba­los, cítaras e harpas.

29Quando a Arca da aliança do Senhor entrou na ci­dade de David, Mical, filha de Saul, que olhava pela janela, viu o rei que dançava e ria, e desprezou-o no seu coração.

 

1 Cr 16

A Arca no tabernáculo (2 Sm 6,17-19) – 1Conduziram, pois, a Arca de Deus e colocaram-na no meio da tenda que David tinha levan­tado, e ofereceram na pre­sen­ça de Deus holocaustos e sacrifícios de comu­nhão. 2Depois da oferta dos holocaustos e sacrifícios de comu­nhão, David aben­çoou o povo em nome do Senhor. 3De­pois distribuiu a todos os israe­li­tas, homens e mu­lheres, um pão, um pe­daço de carne e um bolo de pas­sas de uvas a cada um.

4David colocou diante da Arca do Senhor levitas encarre­gados do ser­viço, a fim de invoca­rem, celebra­rem e louvarem o Senhor, Deus de Is­rael. 5Eram eles: Asaf, o chefe; Zacarias, o segundo depois dele; logo a seguir, Aziel, Che­mi­ramot, Jeiel, Matatias, Eliab, Be­naías, Obe­de­­dom; Jaiel es­tava encar­­regado das har­pas e das cítaras, enquanto Asaf fa­zia vibrar os címbalos. 6Os sacer­do­tes Benaías e Jaziel tocavam con­ti­nua­mente a trombeta diante da Arca da aliança de Deus.


Cântico de David (Sl 96; 105; 106) – 7Naquele dia, David encarregou Asaf e os seus irmãos de cantarem este cântico em louvor do Senhor:

8«Louvai o Senhor, aclamai o seu nome,

anunciai entre os povos as suas obras.

9Cantai-lhe hinos e salmos,

proclamai todas as suas maravi­lhas.

10Gloriai-vos no seu nome santo,

alegre-se o coração dos que pro­curam o Senhor!

11Recorrei ao Senhor e ao seu po­der,

buscai sempre a sua face.

12Recordai as maravilhas que Ele fez,

os seus prodígios e as sentenças da sua boca,

13ó descendentes de Israel, seu servo,

filhos de Jacob, seu escolhido!

14É Ele o Senhor nosso Deus,

e governa sobre toda a terra.

15Recordai sempre a sua aliança,

e a promessa que jurou manter por mil gerações,

16o pacto que estabeleceu com Abraão,

o juramento que fez a Isaac.

17Confirmou-o como um preceito para Jacob,

como aliança eterna para Israel,

18dizendo: ‘Eu te darei a terra de Ca­naã,

como a parte que vos cabe em he­rança.’

19Vós éreis, então, um pequeno nú­mero,

uma minoria de estrangeiros no país,

20emigrando de nação em nação,

e passando de um reino a outro.

21Ele não permitiu que ninguém os oprimisse

e castigou reis por causa deles:

22 ‘Não toqueis nos meus ungidos,

não maltrateis os meus profetas!’

23Cantai ao Senhor, terra inteira,

proclamai, dia após dia, a sua sal­­­vação.

24Anunciai aos pagãos a sua glória

e as suas maravilhas a todos os povos.

25Pois o Senhor é grande, digno de todo o louvor,

e mais temível que todos os deu­ses.

26Todos os deuses dos pagãos são ape­nas ídolos,

mas o Senhor criou os céus.

27Na sua presença há majestade e esplendor,

poder e magnificência no seu san­­tuário.

28Ó famílias dos povos, dai ao Se­nhor,

dai ao Senhor glória e honra,

29dai ao Senhor a glória do seu nome.

Trazei oferendas, vinde à sua pre­­­sença,

prostrai-vos perante o Senhor com vestes sagradas.

30Trema diante dele a terra in­teira!

Pois a terra está firme, não va­cila.

31Alegrem-se os céus e rejubile a terra;

proclamai entre as nações: ‘O Se­nhor é rei!’

32Ressoe o mar e tudo o que ele con­tém,

alegrem-se os campos e tudo o que neles existe.

33Exultem as árvores da floresta

diante do Senhor que vem,

que vem para governar a terra.

34Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,

pois é eterno o seu amor!

35Dizei: ‘Salva-nos, ó Deus nosso salvador!

Reúne-nos e liberta-nos de entre os pagãos,

para darmos graças ao teu santo nome,

e celebrarmos os teus louvores.’

36Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,

pelos séculos dos séculos.»


E todo o povo disse: «Ámen!»

E lou­vou o Senhor.


Organização do culto – 37David deixou ali, diante da Arca da alian­ça do Senhor, Asaf e os seus irmãos para continuamente servirem dian­te da Arca, segundo o seu dever de cada dia, 38e também Obededom, fi­lho de Jedutun, Hossa e seus ir­mãos, em número de sessenta e oito, como por­teiros. 39David deixou igual­men­te o sacerdote Sadoc e os sacerdotes seus irmãos diante do tabernáculo do Se­nhor, no lugar alto de Gui­beon, 40para oferecerem holocaustos ao Se­nhor no altar dos holocaustos, continua­mente, de manhã e à tarde, e cum­prir tudo o que está escrito na Lei que o Senhor deu a Israel. 41Com eles estavam Heman, Jedutun e os outros que foram escolhidos e desig­nados pelos seus nomes para louvar o Se­nhor, pois o seu amor é eterno. 42Ti­nham consigo trombetas e cím­ba­los para tocar, e instrumentos para en­toar os cânticos de Deus. Os fi­lhos de Jedutun estavam encarre­gados da guarda da porta. 43Depois, todo o povo regressou às suas casas e Da­vid voltou para abençoar a sua casa.

1 Cr 17

A promessa de Deus (2 Sm 7,1-29) – 1Quando David se ins­talou no seu palácio disse ao profeta Natan: «Eis que habito num palácio de cedro, e a Arca da aliança do Se­nhor está debaixo de uma tenda.» 2Natan respondeu: «Faz o que o teu coração te inspirar, por­que Deus está contigo.» 3Mas na noite seguinte a pa­lavra de Deus foi dirigida a Natan nestes termos: 4Vai e diz a David, meu servo: Isto diz o Senhor:

‘Não és tu que me construirás a casa em que habita­rei. 5Nunca habi­tei em casa fixa, desde o dia em que tirei Israel do Egipto até hoje, mas tenho andado de tenda em tenda, de morada em morada. 6Durante todo o tempo em que viajei com todo o Israel, jamais pus esta questão a qual­quer dos juí­zes de Israel, aos quais encarre­gara de apascentar o meu povo, dizendo: Porque não me edifi­cais uma casa de cedro?’7Agora dirás ao meu ser­vo David: Isto diz o Se­nhor do uni­verso: ‘Tirei-te dos cam­pos de pasta­gens e do pastoreio das ovelhas para seres o chefe do meu povo de Israel; 8andei contigo em todos os teus cami­nhos, exterminei diante de ti os teus inimigos e dei-te um nome igual ao dos grandes da terra. 9Dei um lugar de habitação ao meu povo de Israel; fixei-o. Ele está estabelecido, jamais será remo­vido e os iníquos jamais o oprimirão como outrora, 10como no dia em que estabeleci juízes sobre Israel, meu povo. Humi­lhei todos os teus inimi­gos, e anun­cio-te que o Senhor edi­ficará para ti uma casa.

11Quan­do se acabarem os teus dias e te tiveres juntado aos teus pais, eleva­rei um teu descen­dente, depois de ti, de en­tre os teus filhos, e tornarei firme a sua rea­leza. 12Será ele quem me cons­truirá uma casa e firmarei o seu trono para sempre. 13Serei para ele um pai e ele será para mim um filho, e jamais retira­rei o meu favor como o retirei àquele que te pre­ce­deu. 14Eu o estabelece­rei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu tro­no será firme por todos os séculos.’» 15Natan trans­mi­tiu a Da­vid todas estas palavras e toda esta visão.


Oração de David (2 Sm 7,18-29) – 16En­­­tão David apresentou-se diante do Senhor e disse:

«Quem sou eu, Senhor Deus, e que é a minha casa, para que me faças chegar aonde estou? 17E toda­via, ó Deus, isto é pouco aos teus olhos! Falaste da casa do teu servo para os tempos longínquos, e olhas­te para mim, ó Senhor Deus, como para um homem de alta dignidade!18Que mais te poderia dizer David so­­­bre a honra que fazes ao teu ser­vo? Tu conheces o teu servo. 19Se­nhor, é por causa do teu servo e segundo o im­pulso do teu coração que execu­taste todas estas grandes coisas para lhas revelar.

20Senhor, ninguém é semelhante a ti, não há outro deus como Tu, con­forme ouvimos dizer com os nos­sos ouvidos. 21Haverá sobre a terra uma só nação comparável ao teu povo de Israel, cujo deus a tenha res­gatado para fazer dela o seu povo, como o fizeste, ao impores a glória do teu nome à força de prodígios es­panto­sos, e ao expulsares as nações diante do teu povo, que libertaste do Egipto? 22Fizeste de Israel o teu povo para sempre e Tu, Senhor, tornaste-te o seu Deus.

23E agora, Senhor, possa subsis­tir eternamente a palavra que pro­nunciaste acerca do teu servo e da sua casa! Faz como disseste. 24Que ela se realize para sempre, e então o teu nome será eternamente exal­tado, e dir-se-á: ‘O Senhor do uni­verso, Deus de Israel, é na verdade um Deus para Israel.’ E que seja firme, diante de ti, a casa do teu servo David, 25por­que Tu mesmo, ó meu Deus, reve­laste ao teu servo que lhe construirás uma casa. Por isso o teu servo ousou diri­gir-te esta prece. 26Agora, Senhor, Tu és Deus e prometeste esta graça ao teu ser­vo.27Digna-te, portanto, aben­çoar a casa do teu servo para que subsis­ta para sempre diante de ti; porque Tu, Senhor, a abençoaste e bendita será para sempre.»

1 Cr 18

Campanhas militares de Da­vid (2 Sm 8,1-14) – 1De­pois disto, David derrotou os filis­teus e submeteu-os, arrebatando das suas mãos Gat e as cidades anexas. 2Der­rotou também os moabitas, que se tornaram seus vassalos e lhe paga­ram tributo. 3David derrotou tam­bém a Hadad-Ézer, rei de Soba, em Hamat, quando ele se encami­nhava para estabelecer o seu domí­nio sobre as margens do Eufrates. 4David apreen­deu-lhe mil carros, sete mil cavaleiros e vinte mil sol­dados de in­fantaria. Cortou os jar­retes de to­dos os cavalos de tiro, e conservando apenas cem.5Os arameus de Da­masco vieram em auxílio de Hadad-Ézer, rei de Soba, mas David matou-lhes vinte e dois mil homens. 6E pôs guarnições em Aram de Damasco, e os arameus tor­naram-se seus vassa­los e paga­ram-lhe tributo. O Senhor protegia-o em todas as suas empre­sas.7Da­vid apoderou-se dos escudos de ouro pertencentes aos servos de Hadad-Ézer e transportou-os para Jeru­sa­lém. 8Também se apoderou de grande quantidade de bronze, em Tibeat e em Cun, cidades de Hadad-Ézer. Com ele fez Salomão o mar de bronze, as colunas e os utensílios de bronze. 9Toú, rei de Hamat, sou­be que David desbaratara todo o exér­cito de Hadad-Ézer, rei de Soba, 10e enviou-lhe Hadoram, seu filho, para o saudar e felicitar por ter atacado e vencido Hadad-Ézer, pois Toú estava em contínua guerra com Hadad-Ézer. Enviou-lhe também toda a espécie de objectos de ouro, de prata e de bronze. 11O rei David consagrou-os ao Senhor com o ouro e a prata que tomara a todos os povos, a Edom, a Moab, aos amo­nitas, aos filisteus e a Amalec. 12Abisai, filho de Seruia, derrotou dezoito mil idumeus no vale do Sal. 13Pôs guarnições em Edom, e todo o Edom ficou sujeito a David. O Senhor protegia David em todas as suas empresas.


Administração do reino (27,32-34) – 14David reinou sobre todo o Israel, julgando e fazendo justiça a todo o povo. 15Joab, filho de Seruia, coman­dava o exército; Josafat, filho de Ai­lud, era arquivista; 16Sadoc, filho de Aitub, e Abimélec, filho de Abiatar, eram sacerdotes; Chá­vecha era es­criba; 17Benaías, filho de Joiadá, era chefe dos cretenses e dos pele­teus, e os filhos de David eram os primeiros ao lado do rei.

1 Cr 19

Guerra contra os amonitas e seus aliados (2 Sm 10,1-19) – 1Depois disto, Naás, rei dos amo­ni­tas, morreu e sucedeu-lhe seu filho. 2David disse: «Vou mostrar a minha benevolência a Hanun, filho de Naás, porque o seu pai foi benévolo co­migo.»

David enviou-lhe mensagei­ros para o consolarem pela morte de seu pai. Mas quando os servos de David che­garam à terra dos amo­ni­tas para con­solarem Ha­nun, 3os che­­fes dos amo­nitas disse­ram: «Pen­sas que é para honrar a morte de teu pai que David te en­viou consolado­res? Não será antes para reconhecer o teu país, ex­plorá-lo e destruí-lo que os seus ser­vos vieram à tua casa?»

4Hanun, então, prendeu os ser­vos de David, rapou-lhes a barba, e cor­tou-lhes as vestes até à altura das coxas; depois, despediu-os. 5David, infor­mado do que acontecera a estes homens, enviou gente ao seu encon­tro, pois estavam sumamente enver­gonha­dos, e orde­nou-lhes: «Ficai em Je­ricó até que a vossa barba cresça; depois vol­tai.»

6Os amonitas notaram que se ti­nham tornado odiosos a David. Então Hanun e os filhos de Amon envia­ram mil talentos de prata para contratar carros e cavaleiros ara­meus da Meso­potâmia, de Maa­cá e de Soba. 7Con­trataram trinta e dois mil carros, assim como o rei de Maacá com o seu exército, que acampou perto de Ma­dabá. Os amonitas reuniram-se nas suas cidades e saíram para comba­ter. 8David soube-o e man­dou sair Joab com todo o exército de homens valentes. 9Os amonitas saí­ram em ordem de batalha, à porta da cidade. Os reis que tinham che­gado toma­ram posição à parte, no campo. 10Vendo Joab que o ataque contra ele havia sido disposto pela frente e pela reta­guarda, escolheu os mais valentes de Israel e mar­chou contra os ara­meus. 11Colocou o resto do povo sob o comando do seu irmão Abisai, para fazer frente aos amonitas. 12E disse: «Se os arameus prevalecerem contra mim, tu virás em meu socorro; se os amonitas te levarem de vencida, eu irei socor­rer-te. 13Sê forte e combate valorosa­mente pelo nosso povo e pe­las cida­des do nosso Deus, e que o Senhor faça o que lhe parecer bem.»14Joab avançou, pois, com o exército que o acompanhava, ao encontro dos ara­meus para travar combate, e estes fugiram diante deles. 15Os amoni­tas, vendo os arameus fugir, fugiram também diante de Abisai, irmão de Joab, e entraram na sua cidade. En­tão, Joab voltou para Jerusalém.

16Vendo-se derrotados por Israel, os arameus enviaram mensageiros para fazer vir os arameus que esta­vam do outro lado do rio; Chofac, comandante do exército de Hadad-Ézer, estava à frente deles.

17Logo que David o soube, reuniu todo o Is­rael, atravessou o Jordão, mar­chou contra eles e preparou-se para os ata­car. Colocou o seu exér­cito em ordem de batalha contra os ara­meus. 18Estes começaram o com­bate con­tra ele, mas fugiram diante de Israel, e David matou-lhes sete mil homens dos car­ros e quarenta mil soldados de infan­taria. Matou tam­bém Cho­fac, coman­dante do exér­cito. 19Os ho­mens de Hadad-Ézer, vendo-se ven­cidos por Israel, fize­ram a paz com David e submeteram-se.

E os arameus não voltaram mais a prestar auxílio aos amonitas.

1 Cr 20

David conquista Rabá (2 Sm 12,26-31) – 1No ano seguinte, no tempo em que os reis costuma­vam sair para a guerra, Joab, à frente de um poderoso exér­cito, devastou o país dos amonitas e sitiou Rabá. Mas David permane­ceu em Jerusalém. Joab conquistou Rabá e destruiu-a.2David retirou a coroa da cabeça de Milcom; ela pesava um talento de ouro e tinha uma pedra preciosa. Da­vid colocou-a na sua cabeça. Levou também mui­tos despojos da cidade. 3Quanto ao povo que lá se encon­trava, depor­tou-o e pô-lo a traba­lhar com serras, picaretas de ferro e ma­chados. Fez o mesmo com todas as cidades dos amonitas e regressou a Jerusalém com todo o seu exército.


Vitória final sobre os filisteus(2 Sm 21,18-22) – 4Depois disto, hou­ve uma guerra em Guézer contra os filisteus. Então Sibecai, o huchaíta, matou Sipai, descendente de Rafa, e os filisteus foram submetidos. 5Hou­­ve também outra guerra com os filis­teus e El-Hanan, filho de Jair, ma­tou Lami, irmão de Golias, de Gat, o qual tinha uma lança cujo cabo pare­cia um rolo de tear.

6Hou­ve, além disso, outra guerra em Gat, na qual se encontrou um ho­mem de grande estatura, que tinha seis dedos em cada mão e em cada pé, ao todo vinte e quatro, também des­cendente de Rafa. 7Provocou Israel; e Jónatas, filho de Chimeá, irmão de David, matou-o. 8Estes homens eram filhos de Rafa, em Gat, e pere­ceram pe­las mãos de David e dos seus servos.

1 Cr 21

Recenseamento do povo (2 Sm 24,1-9) – 1Satan levantou-se contra Israel e incitou David a fazer o recenseamento de Israel. 2Da­vid disse a Joab e aos chefes do povo: «Ide fazer o recenseamento de Is­rael desde Bercheba até Dan, e trazei-mo para que eu saiba o seu número.»3Joab respondeu: «O Se­nhor multi­plique o seu povo cem vezes mais! Não são todos eles, ó rei meu se­nhor, os servos do meu se­nhor? Para que exige agora isto o meu senhor? Por­que pretende uma coisa que será im­putada como pe­cado a Israel?» 4Mas o rei persistiu na ordem que dera a Joab. Joab partiu e, depois de percor­rer todo o Israel, regressou a Jeru­sa­lém. 5E entregou a David a lista do recen­seamento do povo. Havia em todo o Israel um milhão e cem mil homens aptos para a guerra e, em Judá, quatrocentos e setenta mil. 6Não fez o recenseamento da tribo de Levi nem da de Benjamim, por­que Joab abominava a ordem do rei.


Deus castiga David (2 Sm 24,10-17) – 7Deus não viu isto com bons olhos e feriu Israel. 8David disse a Deus: «Pe­quei gravemente, ao agir desta ma­neira. Agora digna-te per­doar a ini­quidade do teu servo, pois agi como um insensato.» 9Então o Senhor diri­giu-se a Gad, vidente de David, nes­tes termos: 10«Vai dizer a David: Isto diz o Senhor: ‘Propo­nho-te três coi­sas; escolhe uma delas, aquela que quiseres que Eu te faça’.»

11Gad foi ao encontro de Da­vid e dis­se-lhe: «Isto diz o Senhor: 12 ‘Esco­­lhe ou três anos de fome, ou três me­ses du­rante os quais fugirás dos teus ini­mi­gos e serás atingido pela sua es­pa­da, ou, durante três dias, a espada do Se­nhor e a peste, e o anjo do Se­nhor de­vas­tando todo o ter­ri­tório de Is­rael.’ Vê, pois, que res­pos­ta devo dar à­quele que me enviou.» 13David res­pon­deu: «Estou numa cruel an­gús­tia; mas é melhor cair nas mãos do Se­nhor, pois é imensa a sua mise­ri­cór­dia, do que cair nas mãos dos homens!»

14E o Se­nhor man­dou a peste a Is­rael, e mor­re­ram setenta mil ho­mens. 15Deus enviou um anjo a Jerusa­lém para a destruir. Quando ele a des­truía, o Senhor olhou e compadeceu-se des­te mal e disse ao anjo des­trui­dor: «Basta! Retira a tua mão.»

Ora o anjo do Senhor achava-se perto da eira de Ornan, o jebuseu. 16David levantou os olhos e viu o anjo do Senhor que estava entre o céu e a terra, com uma espada de­sembai­nhada na mão, dirigida con­tra Jeru­salém. Então, David e os an­ciãos, vestidos de saco, prostra­ram-se com o rosto por terra.


David constrói um altar ao Se­nhor (2 Sm 24,18-25; 2 Cr 7,1-11) – 17E David disse a Deus: «Não fui eu que man­dei fazer o recenseamento do povo? Fui eu que pequei e fiz esse mal. Mas essas ove­lhas, que fize­ram elas? Senhor, meu Deus, que a tua mão caia, pois, sobre mim e a casa do meu pai, mas não sobre o teu povo.» 18O anjo do Senhor man­dou Gad dizer a David que subisse para levantar um altar ao Senhor na eira de Ornan, o jebuseu. 19David subiu, de acordo com a ordem dada por Gad em nome do Senhor. 20Or­nan voltou-se e viu o anjo, e escon­deu-se com os seus quatro filhos. Estava nesse momento a debulhar o trigo. 21Quando David chegou perto de Ornan, este olhou e viu David e, saindo da eira, prostrou-se diante de David com o rosto por terra.

22David disse-lhe: «Cede-me o ter­­­reno da tua eira para eu erigir nela um altar ao Senhor; cede-mo pelo seu valor em dinheiro, para que o flagelo se retire de cima do povo.» 23Ornan respondeu: «Toma-o, e que o meu senhor, o rei, faça o que lhe parecer melhor. Vê: dou-te os bois para o holocausto, as grades para a lenha e o trigo para a obla­ção; dou-te tudo!» 24Mas David respondeu-lhe: «Quero comprá-lo a dinheiro pelo seu justo valor; não tomarei o que te pertence para dar ao Senhor e não oferecerei um holocausto que nada me custe.»

25David deu a Ornan seis­centos ciclos de ouro pelo terreno. 26E edi­fi­cou ali um altar ao Senhor. Ofere­ceu holocaustos e sacrifícios de comu­nhão. Invocou o Senhor e o Senhor res­pon­deu-lhe por meio do fogo que desceu do céu sobre o altar do holocausto.

27Então, o Senhor ordenou ao anjo que metesse a espada na bai­nha. 28Imediatamente, David, vendo que o Senhor ouvira a sua oração na eira de Ornan, o jebuseu, ofere­ceu ali sa­crifícios. 29O tabernáculo do Senhor, que Moisés construíra no deserto, e o altar dos holocaustos en­contravam-se nesse tempo no lugar alto de Gui­beon. 30Mas David não pôde dirigir-se a esse altar para rogar a Deus, por­que ficara ater­rado ao ver a es­pada do anjo do Senhor.

 

1 Cr 22

1E David disse: «Esta será a casa do Senhor Deus e aqui estará o altar dos holocaustos para Israel.»


Preparativos para a constru­ção do templo (29,1-9; 1 Rs 5,27-32) – 2Da­vid mandou juntar os estran­geiros que viviam no país de Israel, e en­carregou os canteiros de traba­lha­rem as pedras que deviam servir para a construção da casa de Deus. 3Preparou também ferro em abun­dância, tanto para os pregos dos ba­tentes das portas como para travar as juntas, uma enorme quantidade de bronze 4e de madeira de cedro sem conta, que os habitantes de Sídon e de Tiro tinham trazido a David.

5Da­vid dizia: «Meu filho Salo­mão é ainda jovem e fraco, e a casa que há-de construir ao Senhor deve ser, pela grandeza, pela magni­ficência e pela beleza, célebre em todas as na­ções. Eu próprio vou fazer os prepa­ra­ti­vos.» Por isso, an­tes de morrer, fez grandes prepara­tivos.


David encarrega Salomão de construir o templo – 6Depois, cha­­mou Salomão, seu filho, e ordenou-lhe que construísse um templo ao Senhor, Deus de Israel. 7Disse-lhe:

«Meu filho, eu estava decidido a construir uma casa ao nome do Se­nhor, meu Deus. 8Mas a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes ter­mos: ‘Tu derramaste muito san­gue e fizeste grandes guerras. Não cons­truirás uma casa ao meu nome, pois derramaste, diante de mim, mui­­­to sangue sobre a terra. 9Nas­cer-te-á um filho que será um ho­mem pací­fico; dar-lhe-ei paz com todos os seus inimigos ao redor. O seu nome será Salomão e, nos seus dias, darei paz e calma a Israel. 10Ele edificará uma casa ao meu nome, será para mim um filho e Eu serei para ele um pai. Firmarei para sempre o trono da sua realeza sobre Israel.’ 11Portanto, que o Se­nhor esteja contigo, meu filho, para que prosperes e cons­truas o templo do Senhor, teu Deus, se­gundo o que Ele disse de ti. 12Que o Senhor se digne conceder-te sabe­doria e inteli­gência, quando te fizer reinar sobre Israel, para que obser­ves a Lei do Senhor, teu Deus. 13En­tão, prospe­ra­rás, se te aplicares à observância das leis e dos manda­mentos que o Senhor prescreveu a Moisés, para Is­rael. Sê forte e cora­joso, não te­mas nem te amedrontes.

14Eu, com os meus esforços, pre­pa­rei para a casa do Senhor cem mil ta­len­tos de ouro, um milhão de ta­len­tos de pra­ta, e bronze e ferro em tal quan­ti­­dade que não se poderia pesar; pre­­parei também madeira e pedra; e tu ain­da acrescentarás mais. 15Tens ao teu dispor uma multidão de operá­rios: pedreiros, carpinteiros e artífi­ces hábeis em toda a espécie de ofí­cios. 16O ouro, a prata, o bronze e o ferro existem em número incal­culá­vel. Vamos ao trabalho, e que o Se­nhor esteja contigo!»

17Ao mesmo tempo, David orde­nou a todos os chefes de Israel que ajudassem seu filho Salomão. 18Dis­se-lhes ele: «Não está convosco o Se­nhor, vosso Deus, e não vos asse­gu­rou Ele a paz em todas as vossas fronteiras? Com efeito, Ele entregou nas minhas mãos os habitantes do país, actualmente sujeitos ao Se­nhor e ao seu povo. 19Aplicai-vos, pois, com todo o vosso coração e toda a vossa alma a buscar o Senhor vosso Deus. Construí o santuário do Se­nhor Deus, para trazer a Arca da aliança do Senhor e os utensílios consagra­dos a Deus para o templo que será edificado ao nome do Senhor.»

1 Cr 23

Funções dos levitas (24,20-31; Nm 1,50; 3,5-39) – 1Da­vid, já velho e de idade muito avan­çada, constituiu Salomão, seu filho, rei de Israel.2Reuniu todos os che­fes de Israel, os sacerdotes e os le­vi­tas.

3Fo­ram contados os levitas de trinta anos para cima, e o seu nú­me­ro, por cabeça, era de trinta e oito mil ho­mens. 4Destes, vinte e qua­tro mil fo­ram colocados à frente dos tra­ba­lhos do templo do Senhor, seis mil como escribas e juízes, 5qua­tro mil como porteiros e quatro mil dedi­ca­dos a louvar o Senhor com os seus instru­mentos musicais, que Da­vid tinha mandado fazer para esse fim.

6David distribuiu-os por classes, segundo as linhagens de Levi: Gér­son, Queat e Merari.

7Dos gersonitas: Ladan e Chimei. 8Filhos de Ladan, três: o chefe Jaiel, Zetam e Joel. 9Filhos de Chimei, três: Chelomite, Haziel e Haran; estes fo­ram os chefes das famílias de La­dan. 10Filhos de Chimei: Jaat, Zina, Jeús e Beria. Estes quatro são os filhos de Chimei: 11Jaat era o chefe, e Ziza o segundo; mas Jeús e Beria, por não terem muitos filhos, foram contados numa só classe paterna. 12Filhos de Queat, quatro: Ameram, Jiçar, Hebron e Uziel.

13Filhos de Ameram: Aarão e Moisés. Aarão foi destinado para o serviço do Santo dos Santos, com os seus filhos, perpetuamente, para quei­­­mar perfumes diante do Senhor, para o servir e para dar a benção, perpetuamente, em seu nome.

14Os filhos de Moisés, homem de Deus, foram contados na tribo de Levi. 15Filhos de Moisés: Gérson e Elié­­­zer. 16Filho de Gérson: o chefe Chebuel. 17Os filhos de Eliézer foram: o chefe Reabias; Eliézer não teve outro fi­lho, mas os filhos de Reabias foram muito numerosos.

18Filho de Jiçar: o chefe Chelo­mite. 19Filhos de Hebron: o chefe Je­rias o primeiro, Amarias o segundo, Jaziel o terceiro, e Jecameam o quarto.20Filhos de Uziel: o chefe Mica e Jisias o segundo.

21Filhos de Merari: Maali e Mu­chi. Filhos de Maali: Eleázar e Quis. 22Eleázar morreu sem filhos; teve so­mente filhas, que desposaram os filhos de Quis, seus irmãos. 23Filhos de Muchi, três: Maali, Éder e Jeri­mot. 24Estes são os filhos de Levi, classificados por famílias, cabeças das casas paternas, segundo o censo feito por cabeças. Estavam encarre­gados do ser­viço do templo do Se­nhor, da idade de vinte anos para cima. 25Pois David dizia: «O Senhor, Deus de Israel, deu a paz ao seu povo; Ele habitará para sempre em Jerusalém. 26Os levitas não terão mais de transportar o tabernáculo e os utensílios do seu serviço.»

27Fez-se o recenseamento dos fi­lhos de Levi da idade de vinte anos para cima, segundo as últimas or­dens de Da­vid. 28Colocados junto dos fi­lhos de Aarão para o serviço da casa do Se­nhor, tinham ao seu cuidado os átrios, as salas e a purificação de to­das as coisas santas e todo o ser­viço do templo de Deus: 29os pães da ofe­renda, a flor de farinha para as obla­­ções, os pães finos sem leve­dura, as tortas cozidas sobre a chapa e as tortas fritas, e todas as medidas de capacidade e de com­pri­mento. 30De­­­­­viam apresentar-se, cada manhã e cada tarde, para louvar e celebrar o Senhor, 31e oferecer todos os holo­caustos ao Senhor, nos sábados, nas festas da Lua-nova e nas sole­nida­des, segundo o número e os ritos pres­­critos, diante do Senhor. 32Tinham a seu cargo a guarda da tenda da reunião, o ritual das coisas santas e o ritual dos filhos de Aarão, seus ir­mãos, no serviço da casa do Senhor.

1 Cr 24

As vinte e quatro classes de sacerdotes (Nm 3,2-4) – 1Eis as classes dos filhos de Aarão: Na­dab, Abiú, Eleázar e Itamar. 2Na­dab e Abiú morreram antes de seu pai, sem filhos; e Eleázar e Itamar exer­ce­ram as funções do sacerdócio. 3Da­vid, bem como Sadoc, da linha­gem de Eleázar, e Aimélec, da linha­gem de Itamar, dividiram os filhos de Aarão por classes, segundo os tur­nos de serviço. 4Entre os filhos de Eleá­zar havia mais chefes do que entre os filhos de Itamar. Foram assim dis­tribuídos: para os filhos de Eleá­zar, dezasseis chefes de famí­lia, e para os filhos de Itamar oito chefes de família. 5Uns e outros foram divi­didos, por sortes, porque havia príncipes do santuário e prín­cipes de Deus, tanto entre os filhos de Eleázar como entre os filhos de Ita­mar. 6O escriba Chemaías, filho de Natanael, da tribo de Levi, ins­cre­­­veu-os na presença do rei, dos che­fes, do sacerdote Sadoc e de Aimé­lec, filho de Abiatar, e dos chefes de famílias sacerdotais e levíticas: sendo duas famílias sorteadas para Eleázar e, depois, uma família para Itamar.

7A primeira sorte caiu a Joiarib, a segunda a Jedaías, 8a terceira a Harim, a quarta a Seorim, 9a quinta a Malquias, a sexta a Miamin, 10a sé­t­ima a Hacós, a oitava a Abias, 11a nona a Jesua, a décima a Checa­nias, 12a décima primeira a Eliachib, a dé­­ci­ma segunda a Jaquim, 13a décima terceira a Hupa, a décima quarta a Jesbab, 14a décima quinta a Bilga, a décima sex­ta a Imer, 15a décima sé­tima a Hezir, a décima oitava a Ha­pi­cés, 16a dé­cima nona a Petaías, a vigésima a Eze­quiel, 17a vi­gésima pri­meira a Ja­quin, a vigé­sima segunda a Gamul, 18a vigésima ter­ceira a De­laías, a vigésima quarta a Maazias. 19As­sim foram classifi­ca­dos para os seus serviços no templo do Senhor, se­gundo as regras esta­be­lecidas por Aarão, seu pai, con­soante as ordens do Senhor, Deus de Is­rael.


Outros levitas (23,6-24) – 20Os che­fes dos restantes levitas foram: para os filhos de Ameram, Chubael; dos filhos de Chubael, Jedias; 21dos fi­lhos de Reabias, o chefe Jisias; 22pa­ra os descendentes de Jiçar, Che­­lomot; para os filhos de Chelomot, Jaat; 23para os filhos de Hebron, Je­rias o primogénito, Amarias o se­gun­do, Ja­­ziel o terceiro, Jecameam o quarto; 24filhos de Uziel, Mica; filhos de Mica, Chamir; 25ir­mão de Mica, Jisias; fi­lhos de Jisias, Zacarias; 26fi­lhos de Me­rari, Maali e Muchi, filhos de Jaa­zias, seu filho; 27filhos de Merari, por Jaazias, Choa­me, Zacur e Ibri; 28fi­lho de Maali, Eleázar, que não teve filhos; 29filho de Quis, Jeramiel; 30fi­lhos de Muchi, Maali, Éder e Jeri­mot. Estes são os filhos dos levitas, segundo as suas casas patriarcais.

31Também eles, como os seus ir­mãos, os filhos de Aarão, foram tira­dos por sorteio, na presença do rei David, de Sadoc e Aimélec, e dos chefes da família dos sacerdotes e dos levitas, estando os mais velhos em igual­dade com os mais novos.

1 Cr 25

Os vinte e quatro grupos de cantores (16,37-42) – 1Da­vid e os chefes do exército sepa­raram, para o serviço litúrgico, os filhos de Asaf, de Heman e de Je­dutun, que profetizavam ao som da harpa, da cítara e dos címbalos. Eis a lista dos homens encarregados deste serviço:

2Dos filhos de Asaf: Zacur, José, Natanias e Assarela, filhos de Asaf, sob a direcção de Asaf, que profeti­zava sob a orientação do rei.

3De Jedutun, os seis filhos de Je­dutun: Godolias, Seri, Jesaías, Ha­sa­­bias, Matatias, e Chimei, sob as or­dens de seu pai Jedutun, que pro­fetizava ao som da cítara para can­tar e louvar o Senhor.

4De Heman, os filhos de Heman: Buquias, Matanias, Uziel, Chebuel, Jerimot, Hananías, Hanani, Eliatá, Guidalti, Romameti-Ézer, Josbe­cas­sá, Malóti, Hotir e Maaziot. 5Eram todos filhos de Heman, vidente do rei, para cantar os louvores de Deus e exaltar o seu poder, pois Deus ti­nha dado a Heman catorze filhos e três filhas. 6Todos estes estavam, sob a direcção de seu pai, encarre­ga­­dos do canto no templo do Senhor. Tinham címbalos, cítaras e harpas para o serviço da casa de Deus, sob as ordens do rei, de Asaf, de Jedu­tun e de Heman. 7O seu número, juntamente com os seus irmãos, há­beis na arte de cantar ao Senhor, foi de duzentos e oitenta e oito.

8Tiraram, por sorteio, a ordem de serviço, sem acepção de pessoas, pe­que­nos e grandes, mestres e discí­pulos.

9E a primeira sorte saiu a José, que era da casa de Asaf.

A segunda a Godolias, a ele, aos seus filhos e irmãos, ao todo doze.

10A terceira a Zacur, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

11A quarta a Jiceri, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

12A quinta a Natanias, a seus fi­lhos e irmãos, ao todo doze.

13A sexta a Buquias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

14A sétima a Jessarela, a seus fi­lhos e irmãos, ao todo doze.

15A oitava a Jesaías, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

16A nona a Matanias, a seus fi­lhos e irmãos, ao todo doze.

17A décima a Chemaías, a seus fi­lhos e irmãos, ao todo doze.

18A décima primeira a Azarel, a seus fi­lhos e irmãos, ao todo doze.

19A décima segunda a Hasabias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

20A décima terceira a Chubael, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

21A décima quarta a Matatias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

22A décima quinta a Jerimot,

 a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

23A décima sexta a Hananias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

24A décima sétima a Josbecassá, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

25A décima oitava a Hanani, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.


27
A vigésima a Eliatá, a seus fi­lhos e irmãos, ao todo doze.26A décima nona a Malóti, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

28A vigésima primeira a Hotir, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

29A vigésima segunda a Guidalti, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

30A vigésima terceira a Maaziot, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

31A vigésima quarta a Romameti-Ézer, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.

1 Cr 26

Os porteiros (9,17-30) – 1Eis as classes de porteiros: dos coreítas: Meselemias, filho de Coré, dos filhos de Asaf. 2Filhos de Mese­le­mias: Zacarias o primogé­nito, Je­diael o segundo, Zebadias o terceiro, Jatniel o quarto, 3Elam o quinto, Joanan o sexto, Elioenai o sétimo.

4Filhos de Obededom: Chemaías o primogénito, Jozabad o segundo, Joá o terceiro, Sacar o quarto, Na­tanael o quinto, 5Amiel o sexto, Issacar o sétimo, Peuletai o oitavo, pois Deus tinha-o abençoado. 6Che­maías, seu filho, teve filhos que se tornaram chefes de família, pois eram homens valorosos. 7Os filhos de Che­maías foram: Oteni, Rafael, Obed, Elzabad e seus irmãos, ho­mens va­lentes, Eliú e Semaquias.

8Todos eram descendentes de Obe­dedom; os seus filhos e os seus irmãos foram homens vigorosos e qualificados para o serviço; eram ao todo sessenta e dois.

9Os filhos e irmãos de Mesele­mias, homens valentes, eram em nú­mero de dezoito. 10Hossa, dos fi­lhos de Me­rari, tinha por filhos Chi­meri, o chefe; não era o mais velho, mas seu pai fizera dele o chefe; 11Hilquias o se­gundo, Tebalias o ter­ceiro, Zacarias o quarto. Os filhos e irmãos de Hossa eram treze ao todo.

12A estas classes de porteiros, aos chefes destes homens e a seus ir­mãos foi-lhes confiada a guarda para o ser­viço do templo do Senhor.13Dei­taram sortes para todas as por­tas, pequenas e grandes, segundo as suas famílias. 14Do lado do oriente, a sorte tocou a Chelemias. Deita­ram sorte a Zacarias, seu filho, sábio conse­lheiro, e a sorte atribuiu-lhe o lado norte. 15A Obededom e a seus filhos tocou o lado sul, onde esta­vam tam­bém os armazéns. 16A Chupim e Hossa coube o lado oeste com a porta Chaléquet, sobre o caminho que sobe. Estes corpos de guarda correspondiam-se uns aos outros: 17a porta do oriente estava guar­dada por seis levitas; a do norte por quatro, que se revezavam todos os dias; a do sul por quatro, igual­mente reveza­dos todos os dias; e quatro serviam, de dois em dois, nos armazéns. 18No Par­bar, a oeste, qua­tro no caminho e dois nas depen­dên­cias.

19Deste modo fo­ram distribuí­dos os porteiros, que eram todos filhos de Coré e de Me­rari.


Outras funções dos levitas – 20Os levitas, seus irmãos, guardavam os tesouros do templo e os tesouros das coisas sagradas. 21Os filhos de La­dan, filhos de Gérson, descendentes de Ladan, tinham os jaielitas por chefes das famílias de Ladan, o ger­sonita. 22E os filhos de Jaiel, Zetam e Joel, seu irmão, guardavam os te­souros da casa do Senhor. 23De entre os ameramitas, jiçaritas, he­bro­nitas e uzielitas, 24Chebuel, filho de Gér­son, filho de Moisés, era o inten­dente-mor dos tesouros. 25De entre os seus ir­mãos, descendentes de Eliézer, cujo filho foi Reabias, seu fi­lho Jesaías, Jorão filho deste, Zicri, filho de Jo­rão, e Chelomite, filho de Zicri.

26Che­lomite, pois, e seus ir­mãos eram os adminis­tra­dores de todos os tesou­ros consa­gra­dos pelo rei Da­vid, pe­los chefes das famílias, pelos chefes de milhares e de centenas e pelos chefes do exér­cito. 27Eram des­pojos de guerra consagrados aos gas­­tos do templo do Senhor. 28Ali estavam também todos os objectos consa­gra­dos por Samuel, o vidente, por Saul, filho de Quis, por Abner, filho de Ner e por Joab, filho de Se­ruia. Todas estas coisas estavam sob a guarda de Chelomite e seus irmãos. 29De entre os jiçaritas, estavam à frente dos serviços exteriores de Is­rael, como escribas e magistrados, Ca­­na­nias e os seus filhos. 30Ha­sa­bias, da famí­lia de Hebron, e os seus irmãos, ho­mens valorosos, em número de mil e sete­centos, governavam o ter­­­ritório de Israel, a oeste do Jor­dão, em todos os negócios religiosos e civis.

31Quanto aos hebronitas, cujo chefe era Je­rias, no quadragésimo ano do reinado de David, fizeram-se pesquisas sobre as suas genealogias e as suas famí­lias e encontraram-se, entre eles, ho­mens de valor, em Ja­zer de Gui­lead. 32Jerias e os seus irmãos, homens valorosos, eram em número de dois mil e setecentos che­­fes de fa­mí­lia. O rei David deu-lhes autori­dade sobre os rubenitas, os gadi­tas e a meia tribo de Manassés em to­dos os negócios religiosos e civis.

1 Cr 27

Organização militar – 1Os filhos de Israel que, sob as ordens dos seus chefes de famílias, chefes de milhares e de centenas e seus oficiais, serviam o rei, che­gan­do e partindo mensalmente, forma­vam divisões de vinte e quatro mil homens cada uma.

2À frente da primeira divisão, durante o primeiro mês, achava-se Jachobam, filho de Zabdiel, e a sua divisão tinha vinte e quatro mil ho­mens.3Era da linhagem de Peres e comandava todos os chefes de tropa durante o primeiro mês.

4À frente da divisão do segundo mês estava Dodai, o aoíta; Miquelot era um dos chefes desta divisão que contava vinte e quatro mil homens.

5O chefe da terceira divisão, du­rante o terceiro mês, era Benaías, filho do sacerdote Joiadá, e tinha a seu mando vinte e quatro mil ho­mens.6Este Benaías era o mais valo­roso dos trinta e superava-os a todos. Amizabad, seu filho, era um dos che­fes desta divisão.

7Para o quarto mês, o chefe era Asael, irmão de Joab, ao qual suce­deu seu filho Zebadias. A divisão con­tava vinte e quatro mil homens.

8O quinto chefe, durante o quinto mês, era Chamut, o zeraíta; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.

9O sexto, para o sexto mês, era Ira, filho de Iqués de Técua; tinha uma divisão de vinte e quatro mil homens.

10O sétimo, para o sétimo mês, era Heles, o pelonita, dos filhos de Efraim; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.

11O oitavo, para o oitavo mês, era Sibecai, o huchaíta, da família dos zeraítas; a sua divisão contava vin­te e quatro mil homens.

12O nono, para o nono mês, era Abié­zer de Anatot, dos filhos de Ben­­jamim; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.

13O décimo, para o décimo mês, era Marai de Netofa, da família dos zeraítas; a sua divisão contava vin­te e quatro mil homens.

14O décimo primeiro, para o déci­mo pri­meiro mês, era Benaías de Pira­ton, dos fi­lhos de Efraim; a sua divi­são con­tava vinte e quatro mil homens.

15O décimo segundo, para o dé­ci­mo segundo mês, era Heldai de Netofa, da fa­mília de Oteniel; a sua divisão con­tava vinte e quatro mil homens.


Os chefes das tribos – 16Para as tribos de Israel, o chefe dos rube­ni­tas era Eliézer, filho de Zicri; dos si­meonitas, Chefatias, filho de Maacá;17dos levitas, Hasabias, filho de Que­muel; da família de Aarão, Sadoc; 18da família de Judá, Eliú, irmão de David; da família de Issacar, Omeri, filho de Micael; 19da família de Za­bulão, Jismaías, filho de Abdias; da família de Neftali, Jerimot, filho de Azeriel; 20dos filhos de Efraim, Ho­saías, filho de Aza­zias; da meia tribo de Manassés, Joel, filho de Pedaías; 21da meia tribo de Manassés em Gui­lead, Jido, filho de Zacarias; de Ben­jamim, Jaassiel, filho de Abner; 22de Dan, Azarel, fi­lho de Jeroam. Estes eram os chefes das tribos de Israel.

23David não fez a relação da­que­les que tinham menos de vinte anos, porque o Se­nhor prometera multi­pli­­car Israel como as estrelas do céu.24Joab, filho de Seruia, come­çara a fazer este re­censeamento, mas não o termi­nara porque isso atraiu a ira de Deus sobre Israel e, portanto, o número dos que foram contados não foi escrito nas Crónicas do rei Da­vid.


Administração do património real – 25Azemávet, filho de Adiel, estava encarregado dos tesouros do rei; Jónatas, filho de Uzias, dos te­sou­­ros que havia nos campos, nas ci­­­dades, nas vilas e nas torres. 26Ezri, filho de Calub, era superin­tendente dos camponeses que cultivavam a terra; 27Chimei de Ramá, das vi­nhas; Zebadias, o chefamita, das adegas; 28Baal-Hanan de Guéder, das olivei­ras e sicómoros de Chefela; Joás, das provisões de azeite; 29Chirtai de Sa­­ron, dos bois que pastavam em Saron; Chafat, filho de Adlai, dos bois dos vales; 30Obil, o ismaelita, dos ca­me­los; Jedias de Meronot, das jumen­tas; 31Jaziz, o agareno, das ovelhas.

Eram estes os intendentes dos bens do rei David. 32Jónatas, tio de Da­vid, homem prudente e ins­truído, exer­cia a função de escriba. Jaiel, filho de Hacmoni, era educa­dor dos filhos do rei. 33Aitofel era também conselheiro do rei, e Hu­chai, o ere­quita, era amigo do rei; 34vieram depois de Aitofel: Joiadá, filho de Be­naías, e Abiatar. Joab era gene­ral do exército real.

1 Cr 28

A grande assembleia. Tes­ta­mento de David (22,6-19; 1 Rs 8,16-21; 2 Cr 6,7-11) – 1David reuniu em Jerusalém todos os chefes de Israel: os chefes de tribos, os chefes de divisões ao serviço do rei, os che­fes de milhares e os chefes de cen­tenas, os intendentes de todos os bens e dos rebanhos do rei e dos seus fi­lhos, assim como os corte­sãos, os heróis e todos os soldados va­lentes. 2O rei David, de pé, disse-lhes:

«Escutai-me, meus irmãos e meu povo: Eu tinha intenção de cons­truir uma casa para a Arca da aliança do Senhor e para estrado dos pés do nosso Deus, e fiz os preparativos para esta construção. 3Mas Deus disse-me: ‘Não edificarás uma casa ao meu nome, porque és guerreiro e derra­maste sangue.’ 4O Senhor, Deus de Israel, escolheu-me do meio de toda a minha família para ser rei de Is­rael para sempre. Pois Ele escolheu Judá como chefe e, na casa de Judá, a família de meu pai e, entre os fi­lhos de meu pai, escolheu-me a mim para reinar so­bre todo o Israel. 5De entre todos os meus filhos – pois o Senhor deu-me muitos – escolheu o meu filho Salo­mão, para se sentar sobre o trono da realeza do Senhor e reinar sobre Israel. 6Ele disse-me: ‘É teu filho Salomão quem cons­truirá a minha casa e os meus átrios, por­que Eu escolhi-o por filho e serei para ele um pai. 7Firmarei para sem­pre o seu reino, se ele continuar como hoje a cumprir os meus man­da­men­tos e as minhas ordens.’

8Agora, diante de todo o Israel, assem­bleia do Se­nhor, e na pre­sença do nosso Deus, guardai e observai co­migo todos os mandamentos do Se­nhor, nosso Deus, a fim de pos­suir­des este exce­lente país, deixando-o aos vos­sos fi­lhos, que vos seguirão para sem­pre. 9E tu, Salomão, meu filho, conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração leal e alma gene­rosa, pois Ele perscruta todos os cora­ções e penetra todos os desígnios e todos os pensamentos. Se tu o pro­curas, Ele deixar-se-á encontrar por ti, mas se o abandonas, Ele rejeitar-te-á para sempre.10Considera, por­tanto, que o Senhor te escolheu para cons­truíres uma casa que será o seu santuário. Esforça-te e leva-a a bom termo.»


David confia a Salomão os pla­nos do templo – 11David deu a Salomão, seu filho, os planos do pór­tico e das construções, das salas do tesouro, dos aposentos superiores e interiores e da sala do propiciatório; 12o plano de tudo quanto queria fa­zer referente aos átrios do templo do Senhor e a todas as salas ao redor; o plano para os tesouros da casa de Deus e das coisas sagradas, 13para as classes de sacerdotes e levi­­tas, assim como para toda a organi­zação da casa do Senhor e todos os objec­tos do serviço do templo do Senhor; 14o modelo dos utensílios de ouro, com o peso que cada um devia ter, e dos utensílios de prata, com o peso que cada um devia ter para cada ser­viço; 15os candelabros de ouro e suas lâm­padas, com a indi­ca­ção do peso de cada candeeiro e de cada lâm­pada; do mesmo modo para os can­de­la­bros e lâmpadas de prata, com a indi­ca­ção do peso de cada can­deeiro; 16o peso de ouro para as mesas dos pães da oferenda, para cada mesa, e o peso de prata para as mesas de prata; 17o modelo dos gar­fos, das ba­cias e copos de ouro puro; dos vasos de prata com o peso de cada vaso; 18o modelo do al­tar dos perfumes, de ouro fino, com o seu peso, e o mo­delo do carro dos que­rubins de ouro que esten­dem as asas para cobrir a Arca da aliança do Se­nhor.

19«Tudo isto – disse David – foi o Senhor que mo mostrou pela sua mão, dando-me o modelo de todas as suas obras.» 20David disse a Salo­mão seu filho: «Sê forte e corajoso, mete mãos à obra! Não temas nem te ame­dron­tes, pois o Senhor Deus, meu Deus, está contigo, e não te há-de de­sam­parar, nem te abandonará, até que acabes toda a obra para o ser­viço do templo do Senhor. 21Aqui tens as classes dos sacerdotes e levitas para todo o serviço do templo de Deus, e todos os homens devo­tados e há­beis para toda a espécie de traba­lho; e os chefes e todo o povo estarão con­tigo para executarem as tuas ordens.»

1 Cr 29

Ofertas voluntárias para o templo – 1O rei David disse a toda a assembleia:

«Meu filho Salomão, o único que Deus escolheu, é ainda jovem e fra­co e a obra é considerável, pois este palácio não se destina a um homem, mas ao Senhor Deus. 2Empenhei to­­dos os meus esforços para a casa do meu Deus: ouro para os objectos de ouro, prata para os objectos de pra­ta, bronze para os objectos de bron­ze, ferro para os objectos de ferro, ma­deira para os objectos de ma­deira, pedra e ónix e pedras polidas, pedras preciosas de diversas cores, e már­mo­res em grande quantidade.

3Além disso, o ouro e a prata que possuo como minha propriedade, dou-os por amor à casa do meu Deus, além de tudo o que preparei para o san­tuário: 4três mil talentos de ouro, ouro de Ofir e sete mil talentos de prata fina para revestir as paredes das salas; 5ouro para os objectos de ouro, prata para os objec­tos de prata e para todo o trabalho dos artífices. Quem quer hoje ofere­cer esponta­nea­mente dona­ti­vos ao Senhor?»

6Os chefes das famílias, os chefes das tribos de Israel, os chefes de mi­lhares e de centenas e os inten­den­tes do rei fizeram donativos vo­lun­tários. 7Deram para o serviço do templo de Deus: cinco mil talen­tos de ouro, dez mil dáricos, dez mil talen­tos de prata, dezoito mil talen­tos de bronze e cem mil talentos de ferro. 8Aqueles que possuíam pedras preciosas deram-nas para o tesouro da casa de Deus, depositando-as nas mãos de Jaiel, o gersonita. 9O povo alegrava-se com as suas oferendas voluntárias, pois era de coração ge­ne­roso que as faziam ao Senhor. O próprio rei David sentiu alegria.


Oração de David – 10David ben­disse o Senhor na presença de toda a assembleia, dizendo:

«Sê bendito para todo o sempre, Senhor, Deus do nosso pai Israel! 11A ti, Senhor, a grandeza, o poder, a honra, a majestade e a glória, por­que tudo te pertence no céu e na terra. A ti, Senhor, a realeza, pois estás soberanamente elevado acima de todos os seres. 12É de ti que vêm a riqueza e a glória, és Tu o Senhor de todas as coisas, na tua mão resi­dem a força e o poder. Ela tem o po­der de dar grandeza e solidez a todas as coisas. 13Por isso, ó nosso Deus, nós louvamos e celebramos o teu nome glorioso. 14Quem sou eu e quem é o meu povo para que pos­samos fazer-te voluntariamente es­tas oferendas? Tudo vem de ti e não oferecemos se­não o que temos rece­bido da tua mão. 15Diante de ti, não passamos de es­tran­geiros e pere­gri­nos como todos os nossos pais; os nos­sos dias sobre a terra são como a sombra, sem espe­rança.16Ó Senhor, nosso Deus, todas estas riquezas que preparámos para construir uma casa ao teu santo nome, recebemo-las da tua mão, a ti pertencem. 17Eu sei, meu Deus, que perscrutas os cora­ções e amas a recti­dão; por isso, é na rectidão e na es­pontaneidade do meu coração que te ofereço tudo isto, e é com alegria que vejo agora o teu povo aqui pre­sente trazer-te, voluntaria­mente, as suas oferen­das.

18Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, nossos pais, guar­da para sempre no coração do teu povo estas disposições e estes senti­mentos, e dirige para ti o seu cora­ção. 19A meu filho Salomão dá um coração íntegro, para que observe os teus mandamentos, os teus precei­tos e as tuas leis, e os ponha em prática e te construa esta casa da qual fiz os preparativos.»

20David disse a toda a assem­bleia: «Bendizei o Senhor, nosso Deus!» E toda a assembleia bendisse o Se­nhor, Deus de seus pais, incli­nando-se e prostrando-se diante do Se­nhor e diante do rei.


Salomão é sagrado rei (1 Rs 1,38-40) 21No dia seguinte, imolaram vítimas ao Senhor e ofereceram em holo­causto mil touros, mil carneiros e mil cordeiros, com libações e sacrifícios em grande quantidade, por todo o Is­rael. 22Nesse dia, come­ram e bebe­ram diante do Senhor com grande alegria. Pela segunda vez proclama­ram rei a Salomão, fi­lho de David, e ungiram-no rei diante do Senhor. Ungiram também Sadoc como Sumo-sacerdote.

23Salomão tomou posse do trono do Senhor como rei, no lugar de David seu pai; prosperou e todo o Israel lhe obe­deceu. 24Todos os che­fes e heróis e todos os filhos do rei David pres­taram homenagem ao rei Salomão.

25O Senhor elevou Salo­mão ao mais alto grau de grandeza, à vista de todo o Israel, dando-lhe um rei­nado glorioso como nenhum rei de Israel teve antes dele.


Morte de David (1 Rs 2,10-12) – 26As­sim reinou David, filho de Jessé, sobre todo o Israel. 27A duração do seu reinado sobre Israel foi de qua­renta anos: sete anos em Hebron e trinta e três anos em Jeru­salém.

28Morreu após uma velhice feliz, em idade muito avançada, cheio de riquezas e de glória. O seu filho Sa­lo­­mão sucedeu-lhe no trono.

29Os feitos do rei David, dos pri­meiros aos últimos, estão relatados nos Actos de Samuel, o vidente, nos Actos do profeta Natan e nos Actos do vi­dente Gad. 30Aí se conta o que foi o seu reinado, as suas proezas, os su­ces­sos de que foram prota­go­nis­tas ele, Israel e todos os outros rei­nos daquelas terras.

 CRÓNICAS

2 Cr 1

III. HISTÓRIA DE SALOMÃO (1,1-9,31)


Sabedoria de Salomão (1 Rs 3,5-15) – 1Salomão, filho de David, consolidou o seu reinado. O Senhor, seu Deus, estava com ele e engran­deceu-o cada vez mais. 2Sa­lomão con­vocou todo o Israel, os chefes de milhares e de centenas, os juízes e todos os príncipes de todo o Israel, que eram os principais che­fes de família. 3E foi com toda a assem­bleia ao lugar alto que havia em Guibeon, onde se encontrava a tenda da reu­nião com Deus, que Moisés, servo do Senhor, construíra no deserto. 4A Arca de Deus tinha já sido trans­por­tada por David de Quiriat-Iarim para o lugar que lhe tinha sido fixado, uma tenda que lhe erigira em Jerusalém. 5Aí se en­contrava também, diante da mo­rada do Senhor, o altar de bronze feito por Beçalel, filho de Uri, filho de Hur, e Salomão e a comunidade procura­vam honrá-lo.

6Salomão, na pre­sen­ça do Se­nhor, subiu ao altar de bronze que está junto da tenda da reunião e ofe­re­ceu mil holo­caus­tos. 7Nessa mesma noite, Deus apa­receu a Salo­mão e disse-lhe: «Pede! Que posso Eu dar-te?» 8Salomão res­pondeu a Deus:

«Tu procedeste com grande bene­vo­lência

para com meu pai David

e fizeste-me rei em lugar dele.

9Senhor Deus, ratifica, portanto,

a promessa que fizeste a meu pai David,

porque me fizeste rei de um povo

numeroso como o pó da terra.

10Concede-me, pois, a sabedoria e o conhecimento,

a fim de que eu saiba conduzir este povo;

quem, na verdade, poderá gover­nar um povo

tão grande como o teu?»

11Deus disse a Salomão:

«Já que é esse o desejo do teu co­ração

e não pediste riquezas, nem te­souros,

nem glória, nem a morte dos teus inimigos,

nem uma vida longa,

antes pediste sabedoria e conhe­ci­mento,

a fim de governar o meu povo, do qual te fiz rei,

12concedo-te sabedoria e conheci­mento;

além disso, dar-te-ei também ri­que­zas,

tesouros e glórias tais

como jamais tiveram os reis an­tes ou depois de ti.»

13Então, descendo do lugar alto de Guibeon, da presença da tenda da reu­nião, Salomão regressou a Je­ru­sa­lém. E reinou sobre Israel.


Riquezas de Salomão (1 Rs 10,14-29) 14Salomão acumulou carros e cava­leiros: tinha mil e quatrocentos car­ros e doze mil cavaleiros, que aquar­telou nas cidades onde esta­vam os carros e em Jerusalém, jun­to de si.

15O rei fez com que, em Jeru­sa­lém, a prata e o ouro fossem tão comuns como as pedras, e os cedros, tão nu­merosos como os sicó­moros da pla­ní­cie da Chefela. 16Salo­mão impor­tava os seus próprios cavalos do Egipto e de Qué. Uma caravana de fornece­do­res reais ia buscá-los a Qué, pelo preço ajus­tado; 17traziam do Egipto um carro por seiscentos siclos de pra­ta, e um cavalo, por cento e cinquenta. Salo­mão, por sua vez, vendia-os aos reis dos hititas e dos arameus, por inter­médio daqueles.


Preparativos para a construção do templo (1 Rs 5,15-32; 7,14) – 18Sa­­­lo­mão decidiu edificar um templo ao nome do Senhor e cons­truir um pa­lácio para a sua rea­leza.

2 Cr 2

1Destinou, para isso, setenta mil carregadores, oitenta mil cor­­ta­do­­res de pedra, na montanha, e três mil e seiscentos capatazes. 2Man­dou, também, dizer a Hiram, rei de Tiro: «Faz comigo o mesmo que fizeste com meu pai David, a quem enviaste ce­dros para ele cons­truir um palácio para sua habita­ção. 3Eis que quero edificar um tem­plo ao no­me do Se­nhor, meu Deus, e consa­grar-lho, para queimar in­cen­so e aromas diante dele, apresentar-lhe conti­nua­­mente os pães da oferenda e oferecer-lhe holocaustos de manhã e à tarde, aos sábados, nas luas-novas e nas festas do Senhor, nosso Deus; isto será uma lei para sempre em Israel. 4O tem­plo que vou cons­truir deve ser grande, pois o nosso Deus é maior que todos os deuses. 5Mas quem será capaz de lhe cons­truir uma casa digna dele, se o céu e os céus dos céus não o podem con­ter? E quem sou eu para lhe cons­truir uma casa, se não posso fazer outra coisa senão queimar in­censo diante dele?

6Envia-me, pois, um homem expe­riente no trabalho do ouro, da prata, do bronze, do ferro, da púrpura, do carmim e do violeta; um homem que entenda suficiente­mente de escul­tura para dirigir os artífices de Judá e de Jerusalém que estão junto de mim e que meu pai David reuniu. 7Manda-me, tam­bém, do Líbano madeira de cedro, cipreste e sândalo, pois sei que os teus ser­vos são peritos no corte da madeira do Líbano. Os meus ser­vos traba­lha­rão com os teus, 8a fim de me prepa­rar madeira em grande quan­tidade, pois o templo que vou construir será grande e magnífico. 9E eis que darei aos teus servos que vão cortar as madeiras, vinte mil co­ros de trigo, vinte mil coros de cevada, vinte mil batos de vinho e vinte mil batos de azeite.»

10Hiram, rei de Tiro, respondeu a Salomão por escrito: «É porque ama o seu povo que o Senhor te cons­ti­tuiu rei sobre ele.» 11Hiram disse ainda: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que fez os céus e a terra, pois deu ao rei David um filho sábio, inteligente e prudente, que vai cons­truir um templo ao Senhor e um palá­cio para a sua realeza. 12Envio-te, por­tanto, um homem há­bil e entendido, Huram-Abi, 13filho de uma mulher da tribo de Dan e de um pai de Tiro. Sabe trabalhar o ou­ro, a prata, o bronze, o ferro, a pedra, a madeira, a púrpura escarlate e violeta, o li­nho fino e o carmim; sabe fazer toda a es­pécie de esculturas e elaborar qual­quer plano que se lhe confie. Traba­lhará com os teus artí­fices e com os do meu senhor David, teu pai. 14Otrigo, a cevada, o azeite e o vinho de que falou o meu senhor, mande-os aos seus servos. 15Nós cortaremos a madeira do Líbano, tanta quanta pre­cisares, e enviar-ta-emos por mar, em jangadas até Jafa; tu a levarás para Jerusalém.»

16Salomão fez o re­censeamento de todos os estran­gei­ros que habita­vam no território de Israel, depois da con­tagem feita antes por seu pai David; e contaram-se cento e cin­quenta e três mil e seis­centos. 17De entre eles, designou setenta mil car­regadores, oi­tenta mil cortadores de pedra na montanha e três mil e seis­centos ca­patazes para vigiarem os traba­lha­dores.

 

2 Cr 3

Construção do templo (1 Rs 6; 7,15-22) – 1Salomão come­çou, pois, a construção do templo do Senhor, em Jerusalém, no monte Mo­riá, onde o Senhor tinha apare­cido a David, seu pai, no lugar por este preparado na eira de Ornan, o jebuseu. 2Come­çou a edificá-lo no segundo mês, no quarto ano do seu reinado. 3Os ali­cerces feitos por Sa­lomão para a cons­trução do tem­plo de Deus tinham ses­senta côva­dos de comprimento, segundo a antiga medida, e vinte côvados de largura. 4comprimento do pórtico, que se achava no frontis­pício, e que correspondia à largura do templo, tinha vinte côvados e uma altura de cento e vinte côvados. Salo­mão revestiu-o por dentro de ouro puro. 5A sala grande foi forrada com ma­deira de cipreste, guarnecida de ouro puro, e com palmeiras e peque­nas correntes esculpidas. 6Adornou esta sala com pedras preciosas. O ouro era ouro de Parvaim.

7O rei revestiu a sala de ouro: as traves, os umbrais, as paredes e as portas. Man­dou tam­bém esculpir que­­rubins nas pare­des.8Cons­truiu, igualmente, a sala do Santo dos San­tos cujo com­pri­mento, no sentido da largura do tem­plo, era de vinte cô­va­dos e a lar­gura de vinte côvados. O valor do ouro fino de que o reves­tiu era de seiscentos talentos. 9Até os pregos eram de ouro e pesavam cin­quenta siclos cada um. Revestiu igua­l­­mente os tectos de ouro.


Os querubins (Ex 25,18-22; 37,7-9; 1 Rs 6,23-38) – 10Mandou esculpir dois que­ru­bins, revestidos de ouro, para o inte­rior do Santo dos Santos. 11O compri­mento das suas asas era de vinte côvados: uma asa, com cinco cô­va­dos, tocava a parede do templo; a outra asa, com cinco côvados, tocava a asa do outro querubim. 12Da mes­ma forma, a asa do segundo queru­bim, com cinco côva­dos, tocava na pa­rede, e a outra asa, com cinco côva­dos, tocava na asa do primeiro. 13As­sim, as asas dos queru­bins esten­diam-se por vinte côva­dos: estavam de pé, com o rosto voltado para o interior do templo.

14O rei mandou fazer um véu de púrpura, violeta, carmim e linho fino, bordado com querubins.

15Diante do templo, levantou duas colunas: tinham trinta e cinco côva­dos de altura, cada uma com um ca­pi­tel de cinco côvados no alto. 16Fez pe­quenas correntes, como as do san­tuário, colocadas nos capitéis das colu­nas, nas quais estavam en­tre­la­çadas cem romãs. 17Levantou as colu­nas, uma à direita e outra à esquerda da fachada do templo: cha­­mou Ja­quin à da direita e Booz à da esquerda.

 

2 Cr 4

1Construiu, também, um altar de bronze com vinte côvados de comprimento, vinte de largura e dez de altura.

2Também fez um mar de bron­ze, completamente redondo, com dez cô­vados de diâmetro; tinha cinco côva­dos de altura; e um cordão de trinta côvados em toda a volta. 3Havia figu­ras de bois, a toda a vol­ta, abaixo do bordo, dez por côvado; elas rodea­vam completamente o mar. Estes bois, em duas fileiras, tinham sido fundidos numa só peça com o mar. 4O mar assentava sobre doze bois: três olha­vam para norte, três para ocidente, três para sul, três para oriente. O mar assentava sobre eles, e as suas partes trasei­ras ficavam voltadas para dentro. 5A espessura do mar era de uma mão e o seu rebordo era traba­lhado como o de uma taça em forma de flor de lis; a sua capaci­dade era de três mil batos.

6Salomão fez também dez bacias, cinco das quais foram colocadas à direita e cinco à esquerda, para as abluções. Nelas se lavava tudo o que se utilizava para os holocaus­tos; e o mar de bronze servia para as abluções dos sacerdotes.

7Fez igualmente dez candela­bros de ouro, de acordo com o modelo pres­­­crito, e colocou-os no templo, cinco à direita e cinco à esquerda.

8Além disso, fez dez mesas que foram colocadas no templo, cinco à direita e cinco à esquerda; fez tam­bém cem vasos de ouro.

9Fez o átrio dos sacerdotes e a grande esplanada com portas reco­bertas de bronze. 10Colocou o mar de bronze do lado direito, a sudeste.

11Huram fabricou as caldeiras, as pás e as bacias da aspersão, ter­minando desta maneira todos os tra­­balhos que o rei Salomão lhe man­dara fazer no templo de Deus, 12a saber: duas colunas, as corren­tes, os dois capitéis no alto das colunas, os dois frisos que cobriam os capitéis, com as correntes sobre­postas às co­lunas, 13as quatrocentas romãs para os dois frisos, duas filei­ras para cada friso, para cobrirem as correntes dos capitéis no alto das colunas. 14Fez também pedestais e as bacias assen­­tes sobre eles; 15o mar de bronze com os doze bois que o sustentavam; 16as caldeiras, as pás e as forquilhas e to­dos os seus acessórios. Huram-Abi fez isto em bronze polido, para o tem­plo do Se­nhor, por ordem do rei Sa­lomão.

17O rei mandou-os fundir na pla­­nície do Jordão, numa terra argi­losa, entre Sucot e Sereda. 18Todos os objec­tos foram fabricados em tal quan­ti­dade que o peso do bronze não se podia avaliar.

19Salomão fez ainda todos estes utensílios para a casa de Deus: o altar de ouro, as mesas sobre as quais se poisavam os pães da ofe­renda, 20os candelabros, em ouro fino, com as suas lâmpadas, que de­viam estar acesas diante do lugar santíssimo, como es­tava determi­nado; 21as flores, as lâm­padas, as tenazes, em ouro fino; 22as facas, as bacias de aspersão, as colhe­res e os cinzeiros, em ouro fino. A entrada do templo, as portas inte­rio­res que dão para o Santo dos Santos e as portas que abrem para a sala grande eram também em ouro fino.

2 Cr 5

Trasladação da Arca (2 Sm 6,12-19; 1 Rs 8,1-9) – 1Desta forma, Sa­lomão ter­mi­­nou as obras que man­dara rea­lizar no templo do Senhor. Fez, então, transportar para o tem­plo tudo o que seu pai David tinha con­sa­grado: a prata, o ouro e todos os uten­sílios, guardando tudo nos tesouros da casa de Deus. 2Salomão convocou para Jerusalém os anciãos de Israel, os chefes das tribos e os chefes das famílias israelitas para se trasladar da cidade de David, que é Sião, a Arca da aliança do Senhor. 3Todos os israelitas se reuni­ram junto do rei, no dia da festa. Era o sétimo mês.

4Chegados todos os anciãos de Israel, os levitas levaram a Arca, 5jun­tamente com a tenda da reu­nião e todos os utensílios sagrados que nela se encontravam. Os sacer­dotes e os levitas é que os transpor­taram. 6O rei Salomão, todo o Israel e quan­tos se tinham reunido diante da Arca imolaram ovelhas e bois em número que não se podia avaliar. 7Os sacer­dotes colocaram a Arca da aliança do Senhor no seu lugar, isto é, no santuário do templo, no Santo dos Santos, sob as asas dos que­rubins.

8Os querubins estendiam as asas sobre o lugar da Arca e co­briam-na, assim como aos seus varais. 9Estes eram muito compridos, de tal modo que as suas extremidades se viam diante do santuário; mas não se po­diam ver de fora. A Arca perma­neceu ali até ao dia de hoje.

10Não havia nada na Arca senão as duas tábuas dadas por Moisés no monte Horeb, quando o Senhor con­cluiu a aliança com os filhos de Is­rael, depois da saída do Egipto.

11Quando os sacerdotes saíram do santuário – porque os sacerdotes ali presentes se tinham santificado sem observar a ordem das classes –12todos os levitas cantores, isto é, Asaf, Heman, Jedutun, os seus fi­lhos e ir­mãos, vestidos de linho fino, coloca­dos a oriente do altar, toca­vam cím­balos, harpas e cítaras, acom­­pa­nhados por cento e vinte sacerdotes, que toca­vam trombetas; 13os toca­do­­res de trombeta e os cantores, uni­­dos, entoa­vam em coro o louvor do Senhor. Quando as trom­betas, os címbalos e os outros ins­tru­mentos de música tocavam, eles cantavam: «Louvai ao Senhor por­que Ele é bom, e é eter­no o seu amor!» Então, o templo do Se­nhor encheu-se de uma espes­sa nu­vem, 14de tal modo que os sacer­do­tes não podiam permane­cer dentro dele para exer­cer as suas funções, por causa da nuvem, por­que a glória do Senhor enchia a casa de Deus.

2 Cr 6

Salomão fala ao povo (1 Rs 8,12-21) – 1Então, Salomão disse: «O Senhor desejou habitar na obscu­ri­dade. 2Por isso, eu construí-te uma casa principesca e uma morada onde habitarás eternamente.» 3O rei vol­tou-se, depois, para toda a assem­bleia de Israel, que estava de pé, e abençoou-a.4E disse: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que falou em pessoa a David, meu pai, e cum­priu, com o seu poder, a pro­mes­sa que lhe fizera, dizendo: 5‘Desde o dia em que fiz sair o meu povo da terra do Egipto, não escolhi outra cidade entre todas as tribos de Israel para nela construir um tem­plo onde o meu nome fosse invocado nem escolhi ou­tro homem para que fosse chefe do meu povo de Israel. 6Mas escolhi Jerusalém para aí resi­dir o meu nome, e elegi David para governar o meu povo de Israel.’ 7Ora meu pai David projectou edificar um templo em honra do Senhor, Deus de Israel, 8mas o Senhor disse-lhe: ‘Tiveste feliz inspiração em edificar um tem­plo em honra do meu nome. 9Porém, não serás tu quem há-de construir o templo, será o teu filho, nascido de ti, quem o há-de edificar em honra do meu nome.’ 10O Senhor realizou o que predissera. Sucedi a meu pai David e ocupo o trono de Israel, como disse o Senhor, e cons­truí este templo ao nome do Senhor, Deus de Israel. 11Coloquei nele a Arca, na qual está o documento da aliança que o Senhor fez com os filhos de Israel.»


Oração de Salomão (1 Rs 8,22-53; Sl 132,8-10; Sb 9,1-18) – 12Depois disto, Sa­lomão pôs-se de pé diante do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, e es­tendeu as mãos. 13Com efeito, Salo­mão man­dara construir uma tri­buna de bronze, erguida no meio do átrio. Tinha cinco côvados de com­primento, cinco de largura e três de altura; subiu para ela, ajoelhou-se diante da multidão dos filhos de Israel, com os braços levantados ao céu, 14e disse:


«Senhor, Deus de Israel,

não há no céu nem na terra um Deus comparável a ti,

que seja fiel à aliança e à bene­vo­lência para com os teus servos,

se eles caminham na tua pre­sen­ça de todo o coração.

15Cumpriste as promessas que fi­zeste

a meu pai David, teu servo:

neste dia, realizaste pela tua mão

o que anunciaste com a tua boca.

16Agora, Senhor, Deus de Israel,

digna-te cumprir também a pro­messa

que fizeste a meu pai David, di­zendo:

‘Jamais faltará diante de mim um dos teus descendentes

que ocupe o trono de Israel,

desde que os teus filhos se com­portem rectamente

e observem a minha Lei,

como tu próprio a tens obser­vado.’

17 Agora, pois, Senhor, Deus de Is­rael,

digna-te ratificar a promessa fei­ta ao teu servo David!

18Mas será verdade

que Deus habita com os homens sobre a terra?

Se o céu, em toda a sua imen­si­dade, não te pode conter,

muito menos este templo que eu construí!

19Contudo, Senhor, meu Deus,

atende a súplica do teu servo,

acolhe o clamor e a oração que ele te dirige.

20Que os teus olhos estejam aber­tos,

dia e noite, sobre esta casa,

sobre o lugar do qual declaraste

que aí residiria o teu nome.

Escuta a súplica que o teu servo te faz.

21Escuta as súplicas do teu servo

e de Israel, teu povo,

quando aqui vier orar neste lugar.

Escuta-as desde a tua morada ce­­leste, escuta e perdoa!

22Se alguém pecar contra o seu próximo

e, obrigado a pronunciar um ju­ra­mento imprecatório,

vier jurar diante do teu altar, nes­te templo,

23Tu, escuta-o desde o céu,

actua e faz justiça aos teus ser­vos,

fazendo recair sobre o malvado

o peso da sua maldade,

e faz justiça ao inocente,

retribuindo-lhe de acordo com a sua inocência.

24Se o teu povo Israel for subju­gado pelos inimigos

por ter pecado contra ti,

e, arrependido, confessar o teu nome

e te pedir perdão neste templo,

25Tu, escuta-o desde o céu,

perdoa o pecado do teu povo Is­rael,

reconduzindo-o ao país que lhe deste,

a ele e a seus pais.

26 Se o céu se fechar e não chover mais,

por eles terem pecado contra ti,

se orarem neste lugar,

prestando glória ao teu nome,

e arrependendo-se do seu pecado

por causa do teu castigo,

27 escuta-os, desde o céu,

perdoa o pecado dos teus servos

e do teu povo Israel.

Mostra-lhes o caminho recto que devem seguir,

envia chuva à terra que deste como herança ao teu povo.

28Se vier a fome sobre o país,

a peste, a ferrugem, a mangra,

o gafanhoto e o pulgão,

ou se os inimigos cercarem as ci­dades do país,

ou se houver uma calamidade,

ou qualquer epidemia,

29se um homem, ou todo o teu povo Israel

te dirigir uma súplica

e, reconhecendo a sua chaga do­lorosa,

estender as mãos para este tem­plo,

30escuta-o desde o céu, da tua mo­rada,

perdoa e concede a cada um o que ele merecer,

segundo o seu coração,

pois só Tu conheces o coração dos homens.

31Assim te hão-de temer

e andarão nos teus caminhos

du­rante toda a vida,

no país que deste a nossos pais.

32 Se o estrangeiro, que não é do teu povo Israel,

vindo de um país longínquo,

atraído pela fama do teu nome

e pelo grande poder do teu braço,

vier rezar neste templo,

33 escuta-o também desde o céu onde habitas,

e concede-lhe tudo o que te pedir.

Todos os povos da terra,

conhecerão, então, o teu nome

e te temerão,

como o teu povo Israel,

cientes de que o teu nome é invo­cado

no templo que construí.

34Quando o teu povo fizer guerra

contra os seus inimigos,

nos caminhos por onde o envia­res,

e te invocar, voltado para a ci­dade que escolheste

e para o templo que construí em honra do teu nome,

35escuta, desde o céu, as suas ora­ções e súplicas

e faz-lhe justiça.

36Poderá acontecer que pequem con­tra ti

– pois não há homens sem pe­cado –

e, irado contra eles, os entregues aos inimigos

para os levarem cativos para uma terra estrangeira,

próxima ou longínqua;

37se, na terra do seu exílio, arre­pen­didos,

se voltarem para ti e suplicarem, dizendo:

‘Pecámos, cometemos a iniqui­dade, fizemos o mal’,

38se se converterem a ti, de todo o seu coração

e de toda a sua alma, na terra do exílio

ou no lugar do seu cativeiro,

e te dirigirem a sua oração

voltados para a terra que deste a seus pais,

para a cidade da tua predilecção

e para este templo, que construí

em honra do teu nome,

39escuta, desde o céu, onde habi­tas,

as suas preces suplicantes;

faz-lhes justiça e perdoa ao teu povo

os pecados cometidos contra ti.

40Agora, pois, ó meu Deus,

que os teus olhos estejam abertos

e os teus ouvidos atentos

às preces feitas neste lugar!

41Senhor Deus, vem, pois, habi­tar nesta morada,

Tu e a Arca onde reside o teu po­der.

Senhor Deus,

que os teus sacerdotes se revis­tam de força salutar

e os teus santos gozem dos teus benefícios!

42Senhor Deus,

não afastes o rosto do teu ungido;

lembra-te da fidelidade do teu servo David.»

2 Cr 7

Sacrifícios na consagração do templo (1 Rs 8,62-66; 1 Cr 21,26) 1Logo que Salomão ter­minou esta prece, o fogo desceu do céu e consu­miu o holocausto e as vítimas, e a glória do Senhor encheu o templo. 2Por isso, os sacerdotes não podiam entrar no templo do Senhor, porque a sua glória o enchia com­ple­ta­mente. 3À vista do fogo que descia e da gló­ria do Senhor que enchia o templo, todos os filhos de Israel se inclina­ram até ao chão e, prostra­dos, ado­raram e cantaram: «Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.»

4Então, o rei e todo o povo ofe­re­ceram sacrifícios na presença do Se­nhor. 5O rei Salomão imolou vinte e dois mil touros e cento e vinte mil ovelhas. Foi assim que o rei e todo o povo fizeram a consa­gração do tem­plo de Deus. 6Ao mesmo tempo que os sacerdotes exerciam o seu minis­tério, os levitas tocavam os instru­men­tos de música sagra­dos, manda­dos fazer por David para louvar o Senhor, «porque é eterna a sua mise­ricórdia.» En­quan­to David louvava a Deus por intermédio de­les, os sacer­dotes tocavam as trom­be­tas, e todo o Israel se mantinha de pé.

7Salomão consagrou o átrio inte­rior, que está à entrada do templo do Senhor; ali ofereceu holocaustos e a gordura dos sacrifícios de comu­nhão, porque o altar de bronze por ele construído não era suficiente para os holocaustos, para as obla­ções e a gordura das vítimas. 8A celebração desta festa, presidida por Salomão, com todo o povo de Israel, durou sete dias, reunindo-se grande multidão, vinda desde a entrada de Hamat até à torrente do Egipto. 9No oitavo dia, realizou-se a assembleia solene, pois fizeram a consagração do altar e a celebração da festa durante sete dias. 10No vigésimo terceiro dia do sé­timo mês, Salomão mandou o povo regres­­­sar às suas tendas, alegre e cheio de júbilo pelos benefícios que o Senhor outorgara a David, a Salo­mão e a Israel, seu povo .

11Salomão acabou, pois, o templo do Senhor e o palácio real. Levara a bom termo tudo o que se propusera fazer no templo do Senhor e na sua própria casa.


Resposta do Senhor à oração de Salomão (1 Rs 9,1-9) – 12Durante a noite, o Senhor apareceu a Salo­mão e disse: «Ouvi a tua oração e escolhi este lugar para ser o templo em que se oferecerão sacrifícios. 13Se Eu fechar os céus e não chover mais; se enviar gafanhotos a devorar o país ou se man­­dar a peste contra o meu povo, 14e o meu povo, sobre o qual foi in­vocado o meu nome, se humilhar e procurar a minha face para orar e renunciar à sua má conduta, hei-de escutá-lo desde o céu, perdoarei os seus peca­dos e curarei dos males o seu país. 15Doravante os meus olhos estarão abertos e os meus ouvidos estarão atentos às preces feitas nes­te lugar, 16pois escolhi e consagrei este tem­plo para que o meu nome resida nele para sempre. Nele esta­rão sempre os meus olhos e o meu coração. 17E tu, se anda­res na mi­nha presença, como fez o teu pai David, e puseres em prática tudo o que Eu prescrevi, e observares as minhas leis e os meus preceitos, 18con­solidarei o trono da tua rea­leza, como prometi a teu pai David, di­zendo-lhe: ‘Jamais faltará um des­cendente teu para go­vernar Israel.’

19Mas se vos desviardes de mim e negligenciardes os preceitos e os man­damentos que vos dei, adorando ou­tros deu­ses e prestando-lhes culto,20então, tirar-vos-ei do país que vos dei e desprezarei este templo que consagrei ao meu nome, o qual será objecto de riso e escárnio para todas as nações.

21Este templo, que era tão glo­rioso, será, para quantos pas­sa­rem por ele, ocasião de espan­to, pois dirão: ‘Por que razão o Se­nhor tra­tou desta ma­neira este país e este templo?’ 22E ouvirão como resposta: ‘Porque aban­donaram o Senhor, o Deus de seus pais, que os fizera sair do Egipto, e se apegaram a outros deuses, pros­trando-se em adoração diante deles. Foi por isso que Ele fez cair sobre eles todas estas calami­dades.’»

2 Cr 8

Outras actividades de Salo­mão (1 Rs 9,10-28) – 1Em vinte anos, Salomão concluiu a cons­tru­ção do templo do Senhor e do seu pró­prio palácio;2reconstruiu, tam­bém, as cidades que Huram lhe tinha dado e estabeleceu nelas os filhos de Is­rael. 3Em seguida, mar­chou contra Ha­mat de Soba e apo­derou-se dela.

4Construiu Tadmor, no deserto, e todas as cidades que lhe serviam de entreposto, na região de Hamat. 5Edi­ficou Bet-Horon de Cima e Bet-Horon de Baixo, cidades fortificadas com muralhas, portas e ferrolhos. 6Cons­truiu igualmente Baalat e todas as cidades que serviam de en­treposto a Salomão, as cidades onde guardava os carros de combate e a cavalaria. Tudo isto, Salo­mão construiu em Jerusalém, no Líbano e em todo o território do seu domínio. 7Havia no país uma população que não per­tencia a Israel: hititas, amor­­reus, pe­rizeus, heveus e jebu­seus.

8Eram descendentes dos povos que tinham ficado no país e que Israel não exterminou. Salomão recrutou-os para trabalhos força­dos, o que acontece ainda hoje.

9Nenhum filho de Israel foi redu­zido ao trabalho de escravo ou a tra­balhos servis em favor de Salomão, porque eles eram guerreiros, chefes das suas tropas, comandantes dos car­ros e da cavalaria. 10O número dos capatazes, colocados pelo rei à frente dos operários, era de duzen­tos e cinquenta.

11Salomão mandou vir a filha do Faraó da cidade de David para a casa que lhe construiu; pois disse: «A minha mulher não deve habitar na casa de David, rei de Israel. Esta habitação, na qual entrou a Arca do Senhor, é um lugar sagrado.» 12En­­tão, Salomão ofereceu ao Senhor holocaustos sobre o altar que cons­truíra diante do pórtico. 13Todos os dias oferecia os sacrifícios prescritos por Moisés: nos sábados, nas festas da Lua-nova e nas três festas do ano, isto é, na festa dos Ázimos, na festa das Semanas e na festa das Tendas.

14Conforme as disposições toma­das por seu pai David, distribuiu as di­versas classes de sacerdotes se­gundo as suas funções, e os levitas segundo o seu encargo de cantores e o seu ministério quotidiano, como aju­dan­tes dos sacerdotes; e, da mes­ma for­ma, distribuiu os portei­ros para cada porta, de acordo com a sua cate­­­go­ria. Assim David, o ho­mem de Deus, havia ordenado. 15Tan­to os sacerdo­tes como os levitas cumpri­ram pon­tualmente todas as ordens do rei e todas as suas dis­posições, relaciona­das com a guarda dos tesouros.

16Desta forma foi ter­mi­­nada toda a obra de Salomão, des­de as funda­ções do tem­plo do Senhor até ao seu pleno acaba­mento. 17Então Salomão partiu para Ecion-Guéber e Elat, nas praias do mar, no país de Edom. 18Hu­ram en­viou-lhe, por meio dos seus ser­vos, na­vios e marinheiros experi­menta­dos. Foram a Ofir, com os ser­vos de Salomão, e de lá trou­xeram quatro­centos e cinquenta talentos de ouro para o rei Salomão.

 

2 Cr 9

A rainha de Sabá em Jeru­sa­lém (1 Rs 10,1-13) – 1A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salo­mão. A fim de o provar por meio de enigmas, veio a Jerusalém, acom­pa­nhada de numeroso séquito, de came­los carregados com aromas e grande quantidade de ouro e pedras pre­cio­sas. Quando chegou à presença de Salo­mão, expôs tudo o que ten­cio­nava dizer-lhe. 2Mas Salo­mão res­pondeu a todas as pergun­tas, sem haver nenhuma questão difícil que ele não lhe soubesse explicar. 3A rai­nha de Sabá encheu-se de admira­ção ao ver a sabedoria do rei, a casa real que ele construíra para si, 4os manjares da sua mesa, os aposentos dos seus servos, a habitação e ves­tes dos seus lacaios, os seus copeiros e os seus trajes, e os holocaustos que oferecia no templo do Senhor.

Impressionada com tudo isto, 5disse ao rei: «É verdade tudo quanto eu ouvi dizer no meu país a respeito das tuas obras e da tua sa­bedoria. 6Não queria acredi­tar antes de ter chegado e de ver com os meus pró­prios olhos. Pois bem, o que me tinham dito era apenas metade da tua imensa sabedoria; tu superas a fama que de ti chegou aos meus ou­vidos. 7Felizes os teus ho­mens! Feli­zes os teus servos! Feli­zes quantos estão ao teu serviço, sempre diante de ti, e ouvem a tua sabedoria! 8Ben­dito seja o Senhor, teu Deus, que te escolheu e colocou no seu trono, como rei ao serviço do Senhor, teu Deus! Foi por causa do seu amor a Israel, que Ele quer conservar para sempre, que te fez rei, para que cumpras a justiça e o direito.»9Depois, presen­teou o rei com cento e vinte talentos de ouro, grande quantidade de aro­mas e pedras preciosas. Jamais se viram tantos aromas como os que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.

10Os servos de Huram e os de Sa­lomão que tinham trazido o ouro de Ofir, trouxeram também madeira de sândalo e pedras preciosas. 11Com a madeira de sândalo, o rei fez o soa­lho do templo do Senhor e do palá­cio real, bem como as harpas e as liras dos cantores. Jamais se vira seme­lhante madeira no país de Judá.

12O rei Salomão presenteou a rai­nha de Sabá com tudo o que ela pediu e dese­jou, mais do que ela tinha tra­zido ao rei. Depois, ela regressou à sua terra, com os seus servos.


Riquezas de Salomão (1 Rs 10,14-29) 13O peso do ouro que era trazido a Salomão, cada ano, era de seiscen­tos e sessenta e seis talentos, 14além do que recebia dos impostos cobra­dos aos viajantes e comercian­tes. Todos os reis da Arábia e os go­vernadores das províncias tra­ziam ouro e prata a Salomão. 15O rei Salomão mandou fazer duzentos escudos de ouro batido, cada um dos quais tinha seiscentos siclos de ouro; 16e man­dou fazer igual­mente trezentos pequenos escu­dos de ouro batido, cada um dos quais tinha tre­zentos siclos de ouro. O rei colocou-os no palácio do Bos­que do Líbano.

17Mandou também construir um gran­de trono de mar­fim, revestido de ouro puro. 18Este trono tinha seis degraus, com um estrado de ouro, fixado no trono. Dos dois lados do assento havia apoios, flanqueados por leões. 19Outros doze leões esta­vam colocados, de um lado e de outro, so­bre os seis degraus. Para nenhum rei se fez coisa seme­lhante.

20Todas as taças do rei Salomão eram feitas de ouro, e todo o vasi­lhame do palácio do Bosque do Lí­bano era de ouro fino. A prata, nem se fazia caso dela, no tempo de Salo­mão. 21Com efeito, o rei tinha navios que iam a Társis com os ser­vos de Huram e, uma vez cada três anos, a frota regressava de Társis carregada de ouro, prata, marfim, macacos e pavões.

22Desta forma, pela sua riqueza e sabedoria, o rei Salomão avanta­java-se a todos os reis da terra. 23Todos eles procuravam vir à presença de Salomão, a fim de escutar a sabe­do­ria que Deus infundira em seu cora­ção. 24Cada um lhe trazia, todos os anos, a sua oferenda: objectos de prata e ouro, vestes, armas, perfu­mes, cava­los e mulas. 25Salomão pos­­suía qua­tro mil cavalariças para cavalos e carros, e doze mil cava­lei­ros, que des­tacou para as cidades onde esta­vam os seus carros, e em Jerusalém, junto de si. 26Dominava sobre todos os reis, desde o rio Eu­fra­tes até ao país dos filisteus e à fronteira do Egipto.

27Graças a ele, a prata tornou-se, em Jerusalém, tão comum como as pedras, e os cedros tão numerosos como os sicómoros da região da Che­fela.28Traziam a Salomão cavalos do Egipto e de todos os países.


Morte de Salomão (1 Rs 11,41-43) – 29O resto dos feitos de Salomão, dos pri­meiros aos últimos, está es­cri­to nas Palavras do profeta Natan, na Pro­fe­cia de Aías de Silo e na Visão do vi­dente Jedo acerca de Jero­boão, filho de Nabat. 30Salomão rei­nou em Jeru­salém, sobre todo o Is­rael, durante quarenta anos. 31Depois disto, Salo­mão adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David, seu pai. Seu filho Roboão sucedeu-lhe no trono.

 

2 Cr 10

IV. HISTÓRIA DOS REIS DE JUDÁ (10,1-36,23)


Divisão do reino de Salo­mão (1 Rs 12,1-19) – 1Roboão par­­tiu para Siquém, onde todo o Israel se reunira para o proclamar rei. 2Mas Jeroboão, filho de Nabat – que estava nesse momento no Egipto, para onde fugira por causa do rei Salo­­mão – quando soube disto, re­gres­sou do Egipto. 3Mandaram chamar Jero­boão e ele veio com todo o Israel.

Falaram assim a Roboão: 4«O teu pai impôs-nos um jugo pe­sado. Ali­via, pois, esta dura ser­vi­dão do teu pai e o pesado jugo que ele nos im­pôs, e seremos teus ser­vos.» 5Ele res­pondeu-lhes: «Voltai à minha pre­sença den­tro de três dias.» E a multidão reti­rou-se.

6Então, o rei Roboão aconselhou-se com os anciãos que haviam es­tado ao serviço de seu pai Salomão enquanto viveu: «Que me aconse­lhais que responda a este povo?» 7Disse­ram-lhe: «Se te mostrares bom para com este povo e lhe deres ouvidos e lhe falares com benevo­lência, ele será teu servo para sempre.» 8Mas Ro­boão negligenciou o conselho dos anciãos e foi con­sultar os jovens, seus com­panheiros de infância, que tinham crescido com ele e estavam ao seu serviço. E disse-lhes: 9«E vós, que me aconse­lhais? Que devemos res­ponder ao pedido deste povo, que me pede para aliviar o jugo imposto por meu pai?» 10Os jovens, seus compa­nhei­ros de infância, responderam-lhe:

«Eis as palavras que dirás ao povo, que te disse: ‘Teu pai colocou sobre nós um jugo pesado, alivia-nos dele.’ Dir-lhe-ás: ‘O meu dedo mínimo é maior do que o tronco do meu pai. 11Meu pai impôs-vos um jugo pesado? Eu vo-lo tornarei ainda mais pesa­do. Ele castigou-vos com açoites? Eu vos castigarei com azorragues.’»

12Três dias depois, Jeroboão, com toda a multidão, apresentou-se dian­te de Roboão, pois o rei dissera: «Vol­tai à minha presença dentro de três dias.» 13O rei respondeu-lhes com du­reza. Desprezou o conselho dos an­ciãos 14e seguiu o conselho dos jovens, dizendo:

«Meu pai impôs-vos um jugo pe­sado?
Eu hei-de torná-lo ainda mais pe­­sado.
Meu pai castigou-vos com açoi­tes?
Eu hei-de castigar-vos com azor­ra­gues.»

15Assim, pois, o rei não escutou o povo, porque isso era uma dispo­si­ção divina para a realização da pro­messa que Deus fizera a Jeroboão, filho de Nabat, por meio de Aías de Silo. 16Ao ver que o rei não o escu­tava, o povo de Israel declarou-lhe:

«Que temos a ver com David?
Nada temos de comum com o filho de Jessé.
Todos para as suas tendas, ó Is­rael!
E tu, David, cuida da tua casa!»

E todo o Israel voltou para as suas casas. 17Roboão reinou somen­te sobre os filhos de Israel que habi­tavam nas cidades de Judá. 18O rei Roboão enviou depois, como media­dor, Hado­ram, encarregado dos trabalhos for­çados, mas os filhos de Israel ape­dre­jaram-no e ele morreu. Então, o rei conseguiu subir para o seu carro e fugir para Jerusalém.

19Assim se separou Israel da casa de David, até ao dia de hoje.

2 Cr 11

Actividades de Roboão em Judá (931-914) (12,5-8; 13,9; 1 Rs 12,21-24) –_1Roboão regressou a Jeru­salém e mobilizou as tribos de Judá e Benjamim, em número de cento e oitenta mil guerreiros esco­lhidos, para atacar Israel e reduzi-lo ao seu do­mínio. 2Mas a palavra do Senhor foi dirigida ao homem de Deus Che­maías, dizendo-lhe: 3«Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todos os de Israel que habitam em Judá e Benjamim: 4Isto diz o Se­nhor: Não entreis em com­bate contra os vossos irmãos; re­gres­se cada um a sua casa, pois tudo isto acontece por minha vontade.» Dó­ceis à palavra do Senhor, não foram combater Je­roboão e regressaram.

5Roboão permaneceu, portanto, em Jerusalém. Construiu cidades for­­tificadas no território de Judá. 6For­tificou Belém, Etam, Técua, 7Bet-Sur, Socó, Adulam, 8Gat, Marecha, Zif, 9Adoraim, Láquis, Azeca, 10Sorá, Aia­lon e Hebron; eram todas as ci­da­des fortificadas, situadas em Judá e Ben­jamim. 11E tendo-as fortificado com muralhas, nomeou-lhes gover­na­dores e dotou-as de depósitos de víveres, azeite e vinho. 12Fez, em cada uma delas, um arsenal de es­cu­dos e lanças, convertendo-as em pra­ças fortes. As tribos de Judá e Benjamim ficaram, portanto, sujei­tas ao seu domínio. 13Os sacerdotes e levitas que habi­tavam no terri­tório de Israel vieram de todas as partes e juntaram-se a Roboão. 14Os levitas abandonaram as suas terras e propriedades para virem habitar em Judá e em Jeru­salém, pois Jero­boão e seus filhos tinham-nos ex­­cluído do sacerdócio do Senhor.15Jeroboão, com efeito, nomeara sa­cer­dotes para os lugares altos, para o culto dos bodes e dos touros que tinha fabricado. 16E, de todas as tribos de Israel, os homens que pro­curavam de coração o Senhor, Deus de Israel, vie­ram a Jerusalém ofe­recer sacrifícios ao Senhor, Deus de seus pais.17Vie­ram assim refor­çar o reino de Judá e reafirmar o poder de Roboão, filho de Salomão, por três anos, pois somente durante três anos ele seguiu os cami­nhos tra­çados por David e Salomão.

18Roboão tomou por esposa Maa­­lat, filha de Jerimot, filho de David e, também, Abiaíl, filha de Eliab, fi­lho de Jessé. 19Dela teve três fi­lhos: Jeús, Chemarias e Zaam. 20De­pois dela, tomou por esposa Maaca, filha de Absalão, que lhe deu Abias, Atai, Ziza e Chelomite. 21De todas as suas mulheres e concubinas, Ro­boão amou com predilecção Maaca, filha de Absa­lão; teve dezoito mu­lheres e sessenta concubinas e gerou vinte e oito fi­lhos e sessenta filhas. 22 Deu o primeiro lugar a Abias, filho de Maaca, na qualidade de chefe de seus irmãos, pois queria fazê-lo rei. 23 Com muita prudência, espalhou os outros filhos pelas di­versas regiões de Judá e de Ben­jamim e por todas as cidades fortes; assegurou-lhes uma pensão copiosa e deu-lhes muitas mulheres.

2 Cr 12

Castigo da idolatria. Chi­chac invade Judá (1 Rs 14-25-31) – 1Consolidado e assegu­rado o seu reino, Roboão abandonou a Lei do Senhor, e todo o Israel seguiu o seu exemplo. 2 No quinto ano do seu reinado, por causa dos pecados de Jerusalém contra o Senhor, Chi­chac, rei do Egipto, veio atacar a cidade3 com mil e duzentos carros e ses­senta mil cavaleiros. Um inumerá­vel exército de líbios, suqui­tas e etíopes acompanhavam-no desde o Egipto. 4Apoderou-se das cidades fortifica­das de Judá e che­gou a Jerusalém.

5O profeta Che­maías dirigiu-se a Roboão e aos chefes de Judá que, com a aproxi­mação de Chichac, se tinham reunido em Jerusalém. E disse-lhes: «Assim fala o Senhor: Vós abando­nastes-me; Eu vos abandono nas mãos de Chichac.»

6Então, os chefes israelitas e o rei humilharam-se e disseram: «Jus­to é o Senhor.» 7O Senhor, vendo que se tinham humilhado, dirigiu a pala­vra a Chemaías nestes termos: «Eles hu­mi­lharam-se; não os extermina­rei. Dar-lhes-ei em breve a liber­ta­ção. A minha ira não se desenca­deará sobre Jerusalém pela mão de Chi­chac. 8Con­tudo, ficar-lhe-ão su­jei­tos, para que saibam distinguir entre servir-me a mim e servir os reis de outras na­ções.»

9Chichac, rei do Egipto, atacou, pois, Jerusalém. Levou os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, sem nada deixar. Levou, espe­cialmente, os escudos de ouro que Salomão tinha fabricado. 10 Para os substituir, Roboão mandou fazer es­cudos de bronze, entregando-os aos chefes da escolta que guardava a porta do palácio real. 11De cada vez que o rei ia ao templo do Se­nhor, os guardas levavam-nos e tra­ziam-nos, depois, para a sala da guarda. 12Por­tanto, em virtude da sua hu­mil­dade, a ira do Senhor afas­tou-se dele, e a sua ruína não foi total, pois ainda ha­via coisas boas em Judá.


Fim do reinado de Roboão – 13Con­solidou-se, pois, Roboão como rei e rei­nou em Jerusalém. Contava qua­renta e um anos quando come­çou a reinar. Reinou dezassete anos em Jerusalém, a cidade escolhida pelo Senhor, de entre todas as tribos de Israel, para nela estabele­cer o seu nome. Sua mãe chamava-se Naamá, a amonita. 14Ele fez o mal, pois não aplicou o seu coração a buscar o Senhor. 15Os feitos de Roboão, dos primeiros aos últimos, estão escritos nas Palavras do pro­feta Chemaías e do vidente Ido, com os registos das famílias. A guerra entre Roboão e Jeroboão foi contí­nua. 16Por fim, Ro­boão adormeceu com seus pais e foi sepultado na cidade de David, e seu filho Abias sucedeu-lhe no trono.

2 Cr 13

Reinado de Abias (914-911). Guerra com Jeroboão (11,14; 1 Rs 15,1-3.7-8) – 1No décimo oi­tavo ano do reinado de Jeroboão, Abias come­çou a reinar em Judá. 2 Reinou três anos em Jerusalém. Sua mãe cha­­mava-se Maaca, filha de Uriel de Guibeá.

3Abias e Jeroboão fizeram guerra entre si. Foi Abias quem iniciou a guer­ra, com um exér­­­­cito de qua­tro­cen­tos mil homens va­lentes e guer­rei­ros escolhidos. Jero­boão alinhou con­­tra ele oitocentos mil ho­mens, tam­bém eles valentes e guer­reiros de escolhidos.


Discurso do rei Abias – 4De pé, no alto de Semaraim, que está na mon­ta­­nha de Efraim, Abias gritou: «Escutai-me, Jeroboão e todo o Is­rael! 5Por­ven­tura não sabeis que o Senhor, Deus de Israel, deu para sempre o rei­no de Israel a David e seus filhos, em virtude de uma alian­ça perpétua? 6 Mas Jeroboão, filho de Nabat, servo de Salomão, filho de David, insurgiu-se e revol­tou-se con­tra o seu senhor. _7Homens vadios e perversos junta­ram-se a ele e opu­se­ram-se a Roboão, filho de Salo­mão. Roboão, que era jovem e tímido, não pôde resistir-lhes. 8E agora pensais em oferecer resis­tência ao reino do Senhor, que está nas mãos do filho de David! Vós sois uma grande mul­tidão e tendes con­vosco os bezerros de ouro que Jero­boão vos fez, à maneira de deuses. 9Afastastes os sacerdotes do Senhor, os filhos de Aarão e os levitas, e instituístes, para vós, sacerdotes à maneira dos povos estrangeiros. Todo aquele que veio com um novilho e sete carnei­ros para se fazer consa­grar, tornou-se sacerdote dos falsos deuses. 10Mas, quanto a nós, o Se­nhor é o nosso Deus e não o abandoná­mos; os sacerdotes que servem o Senhor são os filhos de Aarão, e os levitas desempenham as suas próprias fun­ções. 11Cada manhã e cada tarde, queimam os holocaustos e o incenso aromático em honra do Senhor. Os pães da oferenda são dispostos sobre a mesa pura, e cada tarde são acen­didas as lâmpadas do candelabro de ouro. Porque nós observamos a Lei do Senhor, nosso Deus, enquanto vós o abandonastes. 12Deus está à nossa frente como comandante, bem como os seus sacerdotes, com as trombe­tas de guerra para as fazer ressoar con­tra vós. Filhos de Israel, não luteis contra o Senhor, Deus dos vossos pais, pois não sereis bem sucedidos.»

13Então, Jeroboão executou uma manobra com as tropas, colocadas em emboscada, para surpreender o inimigo pelas costas, de modo que o seu exército atacava Judá de frente, e a emboscada encontrava-se à reta­guarda. 14As tropas de Judá, voltan­do-se, viram-se atacadas pela frente e pela retaguarda. Invocaram o Se­nhor, enquanto os sacerdotes toca­vam as trombetas. 15Judá soltou o grito de guerra, e Deus derrotou Jero­boão e todo o Israel diante de Abias e Judá. 16Os filhos de Israel fugiram diante dos homens de Judá, e Deus entregou-os nas suas mãos. 17Abias e o seu exército fizeram grande mor­ticínio, caindo feridos qui­nhentos mil guerreiros escolhidos do campo de Israel. 18Assim foram humilhados, na­quele tempo, os fi­lhos de Israel, enquanto os filhos de Judá se con­solidaram porque se apoiaram no Senhor, Deus de seus pais.

19Abias perseguiu Jeroboão e arre­batou-lhe várias cidades: Betel, Jes­sana e Efron, assim como os lu­ga­res delas depen­dentes. 20No tem­po de Abias, Jero­boão não se resta­bele­ceu. O Senhor feriu-o, e ele morreu. 21Abias, pelo contrário, tornou-se po­de­­roso. Teve catorze mulheres e gerou vinte e dois filhos e dezasseis filhas. 22O resto dos actos de Abias, os seus feitos e palavras estão es­critos no Comentá­rio do profeta Ido. 23Abias adorme­ceu com os seus pais e foi se­pultado na cidade de David. Suce­deu-lhe no trono seu filho Asa. Durante a sua vida, o país teve dez anos de paz.

2 Cr 14

Reinado de Asa (911-870) (1 Rs 15,9-15) – 1Asa fez o que era recto e justo aos olhos do Se­nhor, seu Deus. 2Destruiu os alta­res dos deuses estrangeiros e os lugares altos, quebrou as estelas e cor­­tou os tron­cos sagrados. 3Orde­nou aos filhos de Judá que seguis­sem o Senhor, Deus de seus pais, e pusessem em prática a Lei e os mandamentos. 4Suprimiu os luga­res altos e os altares portá­teis em todas as cidades de Judá. Sob o seu reinado, o reino viveu em paz.

5Durante este tempo de paz, cons­­truiu cidades fortificadas em Ju­dá, pois não houve guerra durante esses anos porque o Senhor lhe concedeu a tranquilidade. 6Disse, então, a Judá: «Construamos essas cidades, cer­que­mo-las de muralhas com tor­res, por­tas e ferrolhos, enquanto o país está em nosso poder; porque seguimos o Senhor, nosso Deus, o qual nos con­ce­deu a paz com todos os nossos vizi­nhos.» Empreenderam a construção e levaram-na a bom termo.

7Asa possuía um exército de tre­zentos mil homens de Judá, que leva­vam escudo e lança, e outro de du­zen­tos e oitenta mil de Benja­mim, que levavam escudo e arco, todos eles ho­mens valorosos.


Invasão de Zera – 8Zera, o etíope, marchou contra eles com um exér­cito de um milhão de homens e trezen­tos carros e avançou até Marecha. 9Asa saiu-lhe ao encontro e deu-lhe batalha no Vale de Cefat, perto de Marecha. 10Asa invocou o Senhor, seu Deus, nestes termos:

«Senhor, para ti não há dife­rença entre ajudar o fraco e o forte. Vem, pois, em meu socorro, Senhor, nosso Deus! Pois em ti nos apoia­mos e em teu nome viemos comba­ter contra esta multidão. Senhor, Tu és o nosso Deus; que não haja um só homem que possa resistir-te.»

11O Senhor feriu os etíopes dian­te de Asa e dos homens de Judá, e os etíopes fugiram. 12Asa e o seu exér­cito perseguiram-nos até Gue­rar, e os etíopes foram dizimados de tal forma que não ficou ninguém com vida, exterminados pelo Senhor e pelo seu exército. Judá trouxe um grande espólio.13E derrotaram to­das as cidades dos arredores de Guerar, pois o terror do Senhor apoderou-se deles. Saquearam todas as cidades, porque havia nelas importantes des­pojos. 14Destruíram também os redis dos reba­nhos e capturaram grande número de ovelhas e came­los. De­pois, regres­saram a Jerusa­lém.

2 Cr 15

REFORMAS RELIGIOSAS (15,1-20,37)


Profecia de Azarias (1 Rs 15,9-15) – 1Azarias, filho de Oded, movido pelo espírito de Deus, 2saiu ao encontro de Asa e disse-lhe:

«Es­cutai-me, Asa e todo o Judá e Benja­mim! O Senhor está con­vosco, se vós estiverdes com Ele. Se vós o pro­curardes, haveis de encon­trá-lo; mas se vós o abandonardes, Ele vos aban­donará a vós. 3Du­rante muito tempo, Israel viveu sem o ver­da­deiro Deus, sem sacerdotes para o ensi­nar, sem a Lei; 4mas quando, na sua an­gús­tia, se voltaram para o Senhor, Deus de Israel, e o pro­cura­ram, en­con­tra­ram-no sempre. 5Na­queles tem­pos, não havia segurança para os que viajavam; pelo con­trário, graves per­­turbações ater­ravam a população das diferentes regiões. 6Uma nação des­truía outra nação, e uma cidade des­truía outra cidade porque Deus as perturbava com toda a espécie de tri­bulações. 7.Quanto a vós, sede for­tes, não des­faleçais, pois o vosso es­forço será recompensado.»

8Ao ouvir o oráculo do profeta Oded, Asa cobrou ânimo e fez desa­parecer os ídolos de todo o território de Judá e de Benjamim, e de todas as cidades que conquistara na mon­tanha de Efraim. Restaurou o altar do Senhor que se encontrava diante do pórtico do santuário do Senhor. 9Convocou toda a população de Judá, de Benjamim, bem como os refu­gia­dos de Efraim, Manassés e Simeão que habitavam entre eles, pois grande número de israelitas se aliara a Asa, vendo que o Senhor, seu Deus, estava com ele. 10Reuni­ram-se em Jerusa­lém, no terceiro mês do ano quinze do reinado de Asa.

11Nesse dia, sacri­ficaram ao Se­nhor, do espólio que tinham tra­zido, setecentos bois e sete mil ovelhas. 12Obrigaram-se, por uma aliança, a seguir o Senhor, Deus dos seus ante­passados, com todo o seu cora­ção e com toda a sua alma. 13E todos aque­les que faltassem a este com­pro­misso com o Senhor, Deus de Israel, pe­queno ou grande, homem ou mu­lher, seria morto. 14Ao som de trombetas e clarins, em grande jú­bilo e acla­mação, fizeram esse jura­mento ao Senhor. 15Todos os de Judá se ale­gra­ram por causa do jura­mento, pois fi­zeram-no com o seu coração e com toda a sua boa von­tade. Procu­ra­ram o Senhor e Ele se lhes mani­fes­tou e lhes assegurou a paz com todos os seus vizinhos. 16O rei Asa também destituiu Maaca, sua mãe, da dignidade de rai­nha, por ela ter feito um ídolo infame em honra de Achera. Asa destruiu aquela imagem, despeda­çou-a e quei­mou-a na torrente do Cédron.

17Os lugares altos não desa­pa­re­ce­ram de Israel, mas o coração de Asa per­ma­neceu íntegro durante toda a sua vida. 18Transportou para o tem­plo de Deus todos os objectos consa­grados por ele e pelo seu pai: a prata, o ouro e os utensílios.

19Não houve guerra até ao trigé­simo quinto ano do reinado de Asa.

2 Cr 16

Guerra contra o reino de Is­­rael (14,8-14; 1 Rs 15,16-24) – 1Mas, no trigésimo sexto ano do reinado de Asa, Basa, rei de Israel, fez guerra a Judá e fortificou Ramá, a fim de bloquear todas as comuni­cações com Asa, rei de Judá. 2Mas Asa mandou ti­rar a prata e o ouro dos tesouros do templo do Se­nhor e do palácio real, e enviou-os, com uma delega­ção, a Ben-Ha­dad, rei dos ara­meus, que residia em Damasco, para lhe dizer: 3«Alie­mo-nos, como se aliaram o teu pai e o meu. Envio-te prata e ouro. Rompe a tua alian­ça com Basa, rei de Is­rael, para ele deixar de me ata­car.»

4Ben-Hadad escutou o rei Asa e en­viou os seus generais contra as cida­des de Israel. Eles apoderaram-se de Ion, Dan, Abel-Maim e de to­dos os entrepostos das cidades de Neftali. 5Ao ter notí­cia disto, Basa interrom­peu os traba­lhos de fortifi­ca­ção de Ramá. 6Então, o rei Asa levou con­sigo o povo de Judá e or­denou-lhe que trouxesse todas as pedras e ma­deiras de que Basa se servira para fortificar Ramá; com elas fortificou Guibeá e Mispá.

7Por esse tempo, o vidente Ha­na­ni apresentou-se a Asa, rei de Judá, e disse-lhe: «Já que te apoias­te no rei dos arameus e não te apoias­te no Senhor, o exército do rei dos ara­meus escapou das tuas mãos. 8Não forma­vam os etíopes e os líbios um exér­cito inumerável, com uma multidão de carros e de cavaleiros? E, con­tudo, o Senhor entregou-os nas tuas mãos porque te apoiaste nele. 9Os olhos do Se­nhor percorrem toda a terra para fortalecer aqueles cujo coração lhe é totalmente fiel. Procedeste como um insensato e, por isso, doravante te­rás guerras.» 10Asa irritou-se con­tra o vidente e, encolerizado por causa das suas palavras, mandou-o fechar na prisão. E, nesse tempo, opri­miu também alguns dos seus súbditos.


Fim do reinado de Asa (1 Rs 15,23-24) 11Os fei­­­tos de Asa, dos primeiros aos últi­mos, estão escritos no Livro dos Reis de Judá e de Israel. 12No tri­gé­simo nono ano do seu reinado, Asa adoeceu gra­vemente dos pés. Du­rante a sua doença, não procurou o Senhor, mas os médicos.

13Asa ador­meceu com os seus pais e morreu no quadragé­simo primeiro ano de rei­nado. 14Foi sepul­tado no tú­mulo que mandara fazer na cidade de David. Estenderam-no num leito cheio de per­fumes aromáti­cos, pre­pa­­rados se­gun­do a arte do perfu­mista. E quei­ma­ram na sua casa grande quan­tidade de aromas, em sua honra.

 

2 Cr 17

Reinado de Josafat (870-848) (1 Rs 15,24; 22,41-51) – 1Josafat, filho de Asa, sucedeu-lhe no trono e fortificou-se contra Is­rael. 2Colocou tropas em todas as cidades fortifi­ca­das de Judá, guarnições em todo o país e nas cidades de Efraim con­quis­­tadas por seu pai Asa. 3O Senhor estava com Josafat porque seguiu o exemplo que, a princípio, dera David, seu pai, e não procurou os ídolos de Baal. 4Procurou o Deus de seus pais, observando os seus man­damentos, sem seguir o exem­plo de Israel. 5Por isso, o Senhor consolidou o poder real em suas mãos. Todos os de Judá lhe traziam presentes; teve muitas rique­zas e gló­ria. 6Cheio de confiança nos cami­nhos do Senhor, fez também desa­parecer de Judá os lugares altos e os troncos sagrados.

7No terceiro ano do seu reinado, enviou os seus altos funcionários Ben-Hail, Abdias, Zacarias, Nata­niel e Miqueias, para ensinarem nas cida­des de Judá. 8Enviou com eles os levitas Chemaías, Natanias, Zeba­dias, Asael, Chemiramot, Jóna­tas, Adonias, Tobias e Tob-Adonias, assim como os sacerdotes Elichamá e Jo­rão. 9Ensinaram em Judá, levando consigo o livro da Lei do Senhor e percorreram todas as cidades de Judá, instruindo o povo.

10O terror inspirado pelo Senhor difundiu-se por todos os reinos cir­cunvizinhos de Judá, os quais não se atreveram a fazer guerra a Josa­fat.11Também os filisteus trouxe­ram a Josafat presentes e um tributo de prata, e os árabes trouxeram-lhe ga­­do miúdo: sete mil e setecentos car­neiros e sete mil e setecentos bodes. 12Jo­safat aumentava cada vez mais o seu poder. Construiu em Judá for­ta­lezas e cidades-armazém. 13Possuía grandes empreendimentos nas cida­des de Judá e tinha, também, em Jerusalém guerreiros cheios de valen­tia. 14Eis a sua enumeração, segundo as suas famílias. Chefes de milha­res: em Judá, o chefe Adná, com trezen­tos mil guerreiros; 15de­pois, o chefe Joanan, com duzentos e oitenta mil homens;16seguia-se-lhe Amassias, filho de Zicri, voluntaria­mente con­sagrado ao Senhor, com duzentos mil valentes guerreiros. 17De Benja­mim: o valoroso Eliadá, com duzen­tos mil homens armados de arcos e escudos; 18depois dele, Joza­bad, com cento e oitenta mil homens equipa­dos para a guerra.

19Estes eram os soldados que esta­­vam ao serviço do rei, além das guar­­nições por ele colo­cadas nas forta­lezas do território de Judá.

2 Cr 18

Aliança de Josafat com Acab, Rei de Israel (1 Rs 22,1-35) – 1Quando Josafat atingiu o cume da riqueza e da glória, tornou-se pa­rente de Acab. 2Ao fim de alguns anos, dirigiu-se à Sama­ria, à casa de Acab. Acab matou, para ele e para o seu séquito, nume­rosos carneiros e bois. E persuadiu-o a fazer guerra contra Ramot, de Guilead. 3Acab, rei de Israel, disse a Josafat, rei de Judá: «Queres vir comigo atacar Ramot de Guilead?» Josafat respondeu: «Farei o que fizeres, assim como o meu exér­­cito. Iremos à guerra contigo.» 4E Josafat disse ao rei de Israel: «Peço-te que consultes primeiro o oráculo do Senhor.»

5O rei de Israel reuniu os pro­fetas, em número de quatro­cen­tos, e perguntou-lhes: «Devemos atacar Ra­mot de Guilead ou não?» Eles res­pon­deram: «Vai, porque Deus a entre­gará nas mãos do rei.» 6Mas Josafat re­pli­cou: «Não há aqui nenhum outro pro­feta do Senhor, me­diante o qual o possamos consul­tar?» 7O rei de Is­rael respondeu a Josafat: «Sim, há mais um, por meio do qual pode­mos con­sultar o Se­nhor; mas eu de­testo-o porque nunca me anuncia coisa boa, mas sempre a desgraça. É Mi­queias, fi­lho de Jímela.» Josa­fat disse: «Não fales, ó rei, dessa ma­neira.»

8Então, o rei de Israel chamou um funcionário e deu-lhe esta ordem: «Faz vir aqui depressa Miqueias, filho de Jímela.» 9O rei de Israel e Josa­fat, rei de Judá, sentaram-se cada um em seu trono, revestidos das suas insígnias reais, na praça que está à entrada da porta da Sa­maria, e todos os profetas profeti­zavam na sua pre­sença. 10Sedecias, filho de Canaana, fizera para si uns chifres de ferro e disse: «Isto diz o Senhor: Com estes chifres ferirás os arameus até os exterminar.» 11E todos os profetas pro­fetizavam da mesma maneira di­zendo: «Sobe a Ramot de Guilead e vencerás, por­que o Senhor entre­gará a cidade nas mãos do rei.»


Miqueias anuncia a derrota – 12En­­tretanto, o mensageiro que fora pro­curar Miqueias dizia-lhe: «Os profe­tas são unânimes em predizer a vitória do rei. Que o teu oráculo seja conforme com o deles: anuncia coisas boas.» 13Miqueias respondeu: «Juro pelo Deus vivo que não anun­ciarei senão o que o meu Senhor me dis­ser.» 14Quando chegou perto do rei, este disse-lhe: «Miqueias, deve­mos atacar Ramot de Guilead ou não?» Miqueias respondeu: «Ide e ven­ce­­reis, porque a cidade será en­tre­gue nas vossas mãos.» 15Então, o rei disse-lhe: «Quantas vezes terei de conju­rar-te a que não digas se­não a verdade em nome do Se­nhor?» 16Res­­pondeu:

«Vejo todo o Israel disperso pela montanha
como rebanho sem pastor.
O Senhor disse:
‘Estes não têm chefes;
volte tranquilamente cada um
para a sua casa’.»

17O rei de Israel disse a Josafat: «Não te dizia eu que, a meu res­peito, ele jamais havia de anunciar coisa boa? Pelo contrário, prediz sem­pre a desgraça.» 18Miqueias repli­cou: «Es­cu­tai o oráculo do Senhor: Eu vi o Senhor sentado no seu trono e todo o exército celeste de pé, à sua di­reita e à sua esquerda. 19Disse o Senhor: ‘Quem seduzirá Acab, rei de Israel, para que suba a Ramot de Guilead e lá encontre a sua ruína?’ Um respon­dia de um modo e outro de outro. 20Então, um espírito avan­çou, colo­cou-se na presença do Se­nhor e disse: ‘Eu irei seduzi-lo.’ O Senhor pergun­tou: ‘De que ma­nei­ra?’ 21Ele respon­deu: ‘Vou ser como um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas.’ Replicou o Senhor: ‘Conse­guirás seduzi-lo. Tens esse po­der. Vai e faz como disseste.’ 22Portanto, se o Senhor, infundiu um espí­rito de men­­­tira na boca de todos os teus profetas, é porque o Senhor decre­tou a ruína contra ti.»

23Nesse momento, Sedecias, filho de Canaana, aproximou-se de Mi­queias e deu-lhe uma bofetada, di­zendo: «Por que caminho saiu de mim o espírito do Senhor para te falar?»

24Miqueias respondeu: «Vê-lo-ás, no dia em que fugires de aposento em aposento, a fim de te esconde­res.»

25Então, o rei de Israel ordenou: «Prendei Miqueias e conduzi-o a Amon, governador da cidade, e a Joás, filho do rei. 26Dizei-lhe: ‘Esta é a ordem do rei: Metei este homem na prisão; dai-lhe alimentação redu­zida, a pão e água, até que eu re­gresse são e salvo’.» 27Ao que Mi­queias res­pondeu: «Se voltares são e salvo é sinal de que o Senhor não falou por mim.» E acrescentou: «Es­cutai, povos todos...!»


Derrota e morte de Acab (1 Rs 22, 29-38) – 28O rei de Israel subiu, pois, a Ramot de Guilead com Jo­safat, rei de Judá. 29E disse a Josa­fat: «Vou dis­farçar-me para entrar no combate; tu, porém, veste as tuas próprias ves­tes.» O rei de Israel disfarçou-se, por con­se­­guinte, antes de entrar no com­bate.

30Ora o rei dos arameus dera aos che­fes dos seus carros esta ordem: «Pequeno ou gran­de, a ninguém ata­careis, a não ser somente o rei de Israel.» 31Quan­do viram Josafat, os chefes dos car­ros disseram entre si: «É certa­mente o rei de Israel.» E avançaram sobre ele. Mas Josafat soltou o seu grito de guerra, e o Se­nhor socorreu-o e afastou dele os arameus.

32Então, os chefes dos car­ros, per­cebendo que não era o rei de Israel, deixaram de o perseguir. 33Nesse momento, um homem, que lançara o arco ao acaso, feriu o rei de Israel através das junturas da couraça. O rei disse ao condutor do seu carro: «Volta as rédeas e conduz-me para fora do campo de batalha, pois estou ferido.» 34Mas nesse dia o combate foi tão violento que o rei de Israel teve de ficar no seu carro, diante dos arameus, até à tarde. E morreu ao pôr-do-sol.

2 Cr 19

Reformas de Josafat (14,4; 22,9; Dt 1,16-17; 17,8-13) – 1Josafat, rei de Judá, regressou são e salvo ao seu palácio em Jerusa­lém. 2Jeú, filho do vidente Hanani, saiu ao seu encon­tro e disse-lhe:

«Auxilias o ímpio e amas os que odeiam o Senhor? Por isso, o Se­nhor está irritado contra ti. 3Mas tens obras boas, pois supri­miste no país os troncos sagrados e aplicaste o teu coração na busca de Deus.»

4Depois do seu regresso a Jeru­salém, Josafat foi de novo visitar o seu povo, desde Bercheba até à mon­tanha de Efraim, para o condu­zir ao Senhor, Deus de seus pais. 5Estabe­leceu juízes no seu país, em cada uma das cidades fortificadas de Judá. 6E disse-lhes: «Vede o que fazeis. Não é em nome de um ho­mem que admi­nistrais a justiça, mas em nome do Senhor, que vos assistirá nos vossos julgamentos. 7Que o temor do Senhor esteja con­vosco. Vigiai a vossa con­duta, pois junto do Senhor, nosso Deus, não há injustiça, nem acepção de pes­soas, nem corrupção com pre­sen­tes.»

8Josafat estabeleceu, tam­bém, em Jerusalém, levitas, sacer­do­­tes e che­fes de família de Israel para adminis­trarem a justiça em nome do Senhor e serem árbitros nos lití­gios; resi­diam em Jerusalém. 9Deu-lhes as seguin­tes instruções: «Pro­ce­dei em tudo com temor do Se­nhor, lealdade e inte­gri­­dade de cora­ção. 10Em qualquer lití­gio tra­zido à vossa presença pelos vossos irmãos resi­den­­tes nas suas cidades, quer se trate de crimes de sangue, da Lei, dos man­damentos, dos pre­ceitos ou de ceri­mó­nias, esclarecei-os, para que não se tornem culpa­dos diante do Senhor, a fim de que a sua ira não se infla­me contra vós e os vossos ir­mãos. Agi desta ma­neira para não vos tor­nardes culpados. 11Ten­des à vossa frente o Sumo Sa­cerdote Ama­rias para todas as coisas do Senhor, Ze­badias, filho de Ismael, chefe da casa de Judá, para todos os negócios do rei. Tendes tam­bém à vossa dis­posi­ção os levitas, na qualidade de escri­bas. Tende cora­­gem, por­tanto! Mãos à obra e que o Senhor esteja com o homem de bem!»

 

2 Cr 20

Vitória de Josafat sobre amo­­nitas e moabitas – 1De­pois disto, os moabi­tas e os amoni­tas e alguns meonitas declararam guerra a Josafat. 2Al­guém informou Josafat, dizendo: «Uma enorme mul­tidão vem de Edom, do outro lado do Mar Morto, e avança contra ti! Já estão acam­pados em Haceçon-Ta­mar, isto é, En-Guédi.»

3Pertur­bado, Josafat decidiu con­sul­tar o Senhor e pro­mulgou um je­jum para todo o ter­ritório de Judá. 4O povo de Judá reuniu-se para invo­car o Senhor, e todos acorriam das cida­des de Judá para invocar o Senhor.


Oração de Josafat – 5No átrio novo do templo do Senhor, Josafat ergueu-se, na presença da grande assem­bleia dos homens de Judá e de Jerusalém, 6e disse:

«Senhor, Deus de nossos pais,
não és Tu o Deus do céu
e o soberano de todos os reinos das nações?
Tens na tua mão a força e o po­der
e ninguém pode resistir-te.
7Não foste Tu, nosso Deus,
que expulsaste, diante do teu povo Israel,
os habitantes deste país
e o deste, para sempre,
à descendência de Abraão, teu amigo?
8Nele habitaram e construíram um santuário
para a glória do teu nome e disseram:
9‘Se nos sobrevier alguma des­graça
– espada, castigo, peste ou fome –
apresentar-nos-emos diante de ti neste templo,
pois o teu nome é nele invocado,
e clamaremos a ti do fundo da nossa angústia.
Tu nos ouvirás e nos salvarás.’
10Pois bem, os amonitas e os moa­bitas
e os povos da montanha de Seir,
por cujas terras não permitiste
que passassem os israelitas
ao saírem do Egipto,
antes se desviaram sem as des­truir,
11eis como eles nos recompensam agora
ao quererem expulsar-nos desta herança que nos deste.
12Ó nosso Deus!
Não exercerás sobre eles a tua justiça?
Pois não temos força contra esta multidão
que avança sobre nós;
não sabemos o que fazer
e os nossos olhos voltam-se para ti.»

13Toda a população de Judá es­tava de pé, diante do Senhor, com as suas famílias, mulheres e filhos. 14En­tão, no meio desta multidão, o espírito do Senhor apoderou-se de Jaziel, filho de Zacarias, filho de Be­naías, filho de Jeiel, filho de Mata­nias, le­vita da linhagem de Asaf. 15E disse:

«Prestai atenção, homens de Judá e habitantes de Jerusalém, e tu, rei Jo­safat! Assim vos fala o Senhor: Não temais nem vos ate­mo­rizeis dian­te desta imensa multi­dão, pois a guerra não é vossa, mas de Deus. 16Ama­nhã marchareis con­tra eles, quando subi­rem pela en­costa de Ha­cis, e haveis de encon­trá-los na extremidade do desfila­deiro frente ao deserto de Je­ruel. 17Não tereis necessidade de com­bater, nessa al­tura. Mas não arre­deis pé, a fim de contemplardes a vitória que o Se­nhor vos concederá. Não te­mais, ó habitantes de Judá e Jeru­salém, nem vos apavoreis. Amanhã saireis ao seu encontro e o Senhor estará convosco.»

18Josafat prostrou-se com o rosto por terra, e o povo de Judá e os ha­bitantes de Jerusalém prostra­ram-se diante do Senhor e adoraram-no. 19Os levitas da linhagem de Queat e de Coré levantaram-se para louvar, com voz potente, o Senhor, Deus de Israel.

20No dia seguinte de manhã, pu­se­ram-se a caminho do deserto de Té­cua. À medida que iam saindo, Jo­sa­fat, no meio deles, dizia-lhes: «Es­­cutai-me, homens de Judá e de Jerusalém. Ponde a vossa confiança no Senhor, vosso Deus, e estareis em segurança. Confiai nos seus pro­fetas, e tudo vos correrá bem.»

21E, depois de se haver aconse­lhado com o povo, designou os can­tores que, revestidos de ornamentos sagrados, deviam marchar à frente do exér­cito, cantando:

«Louvai o Senhor
porque é eterna a sua misericór­dia!»

22Logo que começaram a entoar este cântico de louvor, o Senhor se­meou a discórdia entre os filhos de Amon, de Moab e os que tinham vindo da montanha de Seir atacar Judá, e arremeteram uns contra os outros. 23Os filhos de Amon e os filhos de Moab atiraram-se sobre os povos das montanhas de Seir para os des­truir e exterminar; e, depois de os exterminarem, mataram-se uns aos outros.

24Quando os homens de Judá che­­garam ao lugar mais alto que do­mina o deserto, dirigiram o olhar sobre a multidão, e não viram senão cadá­veres estendidos por terra; ninguém escapara. 25Então, Josafat avançou com o seu exército para os despojar, achando gado em abun­dân­­cia, rique­zas, vestes e muitos objectos precio­sos; apanharam tan­tas coisas que não puderam levá-las todas. A pilha­gem durou três dias, pois eram abun­dantes os despojos. 26No quarto dia, reuniram-se no vale de Beracá, onde louvaram o Senhor. Por isso, deram a este lugar o nome de «Vale de Lou­vor», nome que conserva ainda hoje.

27Os homens de Judá e de Je­ru­sa­lém, tendo à frente deles Josafat, retomaram alegres o caminho da ci­dade, pois o Senhor os tinha cumu­lado de ale­gria à custa dos seus ini­migos. 28En­tra­ram em Jerusa­lém, no templo do Senhor, ao som das harpas, das cíta­ras e das trombetas.

29O terror do Senhor apoderou-se de todos os reinos estrangeiros, ao saberem que o Senhor combatia os inimigos de Israel. 30Assim o rei­no de Josafat gozou de tranquili­dade, e Deus deu-lhe a paz com todas as na­ções vizinhas.


Resumo e fim do reinado de Jo­sa­fat (17,1-6; 1 Rs 22,41-51) – 31Josafat rei­­nou, pois, sobre Judá. Tinha trinta e cinco anos quando começou a rei­nar, e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Azu­ba, filha de Chili. 32Tomou como norma o procedimento de seu pai Asa, sem dele se afastar. Fez o que é recto aos olhos do Senhor. 33Toda­via, os luga­res altos não desapare­ce­­ram, e o povo ainda não tinha o coração firme­mente inclinado para o Deus de seus pais.

34O resto das acções de Josafat, do princípio ao fim, estão escritas nas Palavras de Jeú, filho de Hanani, as quais foram inseridas no Livro dos Reis de Israel. 35Depois disto, Josa­fat, rei de Judá, fez aliança com Aca­­zias, rei de Israel, cujas obras eram ím­pias. 36Aliou-se com ele para cons­­truir na­vios destinados a irem a Tár­­­sis, cons­truindo os navios em Ecion-Guéber.

37Então, Eliézer, filho de Doda­vau, de Marecha, profeti­zou contra Josa­fat, nestes termos: «Porque fizeste aliança com Aca­zias, o Senhor des­truiu o teu empreen­dimento!» Com efeito, os navios des­pedaçaram-se e não pude­ram ir a Társis.

2 Cr 21

Reinado de Jorão em Judá (848-841) (1 Rs 22,51; 2 Rs 8,16-24) – 1Josafat adormeceu e foi sepul­tado com seus pais na cidade de David. Seu filho Jorão sucedeu-lhe no trono.

2Jorão tinha seis irmãos, filhos de Josafat: Azarias, Jaiel, Zacarias, Aza­riau, Micael e Chefatias, todos eles filhos de Josafat, rei de Judá.

3Seu pai dera-lhes avultada soma de prata, ouro, objectos preciosos, as­sim como cidades fortificadas em Judá; mas entregou o reino a Jorão, porque era o primogénito.


Crimes de Jorão – 4Uma vez con­solidada a posse do reino de seu pai, Jorão passou a fio de espada todos os seus irmãos, assim como alguns chefes de Israel. 5Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em Jeru­salém. 6Seguiu as pegadas dos reis de Is­rael, como fizera a casa de Acab, pois tinha uma filha de Acab por esposa. Praticou o mal aos olhos do Senhor. 7Contudo, o Senhor não quis destruir a casa de David, por causa da aliança feita com ele e da promessa que lhe fizera de manter perpetuamente no trono um dos seus descendentes.

8No tempo de Jorão, o povo de Edom revoltou-se contra o domínio de Judá e pro­cla­mou um rei para si próprio. 9Jorão pôs-se a caminho, com os seus ofi­ciais e os seus carros, e derrotou, a meio da noite, os edo­mi­tas que o tinham cercado, a ele e aos chefes dos seus carros. 10Contudo, os edo­mi­tas revoltaram-se contra o do­mí­nio de Judá até ao dia de hoje. Pela mesma época, Libna libertou-se, tam­­bém, do seu domínio, porque Jo­rão abandonara o Senhor, Deus dos seus pais.

11Jorão erigiu igualmente luga­res altos nas montanhas de Judá; induziu os habitantes de Jerusalém à idolatria e arrastou Judá ao mal.


Mensagem de Elias – 12Então recebeu do profeta Elias uma men­sa­gem escrita nos seguintes termos: «Assim fala o Senhor, Deus de Da­vid, teu pai: ‘Não andaste pelos cami­nhos de teu pai Josafat, nem pelos de Asa, rei de Judá; 13imitaste os reis de Israel e induziste à idolatria os habitantes de Judá e de Jerusalém, como fez a casa de Acab; assassi­naste os teus irmãos, a famí­lia de teu pai, que eram melhores do que tu.’ 14Por isso o Senhor ferirá com grande fla­gelo o teu povo e, da mesma forma, os teus filhos, as tuas mulheres e todos os teus bens; 15e tu serás cas­tigado com uma grave doen­ça, uma enfermidade nas entra­nhas que, dia após dia, fará sair do corpo as tuas próprias entranhas.» 16O Senhor excitou contra Jorão o espírito dos filisteus e dos árabes, vizinhos dos etíopes. 17Atacaram Judá, devasta­ram-na, pilharam to­das as riquezas que estavam no palácio real e leva­ram os seus filhos com as suas mu­lheres, de modo que só lhe ficou Joa­caz, o filho mais novo. 18Depois de tudo isto, o Senhor feriu-o com uma doença incurável no ventre. 19Pas­sado certo tempo, no fim do segundo ano, a violência do mal fez com que lhe saíssem as entranhas. Morreu no meio de dores violentas. O povo não queimou perfumes em sua honra, como fizera a seu pai. 20Tinha trinta e dois anos quando começou a rei­nar e reinou oito anos em Jerusalém. Morreu sem deixar saudade. Sepul­taram-no na cidade de David, mas não no sepulcro dos reis.

 

2 Cr 22

Reinado de Acazias em Ju­dá (841) (2 Rs 8,25-29; 9,16-29) 1Para suceder a Jorão, os habitan­tes de Jerusalém procla­maram rei a Acazias, seu filho mais novo, porque bandos de salteadores, que vieram com os árabes, tinham invadido o acampamento e assassi­nado os mais velhos. Assim, Aca­zias, filho de Jo­rão, tornou-se rei de Judá. 2Tinha qua­­­renta e dois anos quando começou a reinar e reinou um ano em Jerusa­lém. Sua mãe chamava-se Atália, filha de Omeri. 3Trilhou, também, os caminhos da família de Acab, pois era aconse­lhado ao mal por sua mãe. 4Praticou o mal diante do Senhor, como a família de Acab, porque ela, após a morte de seu pai, lhe serviu de con­selheira, para perdição dele.

5Seguindo os seus conselhos, diri­­giu-se a Ramot de Guilead com Jo­rão, filho de Acab, rei de Israel, para atacar Hazael, rei dos ara­meus, que estava em Ramot de Guilead. Mas os arameus feriram Jorão. 6Jo­rão regressou a Jezrael para cuidar das feridas recebidas em Ramá, na bata­lha contra Hazael, rei dos ara­meus.

Acazias, filho de Jorão, rei de Judá, desceu a Jezrael para visitar Jorão, filho de Acab, que estava doente. 7Ora a perda de Acazias, por dispo­si­ção divina, foi ter ido visitar Jorão. Com efeito, à sua chegada, saiu com Jorão ao encontro de Jeú, filho de Nimechi, a quem o Senhor tinha dado a unção real para exter­minar a casa de Acab; 8e, enquanto Jeú des­truía a família de Acab, encon­trou-se com os chefes de Judá e os sobri­nhos de Acazias, que esta­vam ao serviço do seu tio, e matou-os.

9De­pois, procurou Acazias, que foi encon­trado na Samaria, onde se escon­dera. Levaram-no a Jeú, que o mandou matar. Deram-lhe sepul­tura, porque se dizia: «É o filho de Josa­fat, que seguiu o Senhor de todo o seu cora­ção.» Não ficou nin­guém da família de Acazias que tivesse idade para reinar.


Atália, rainha de Judá (841-835) (2 Rs 11,1-3) – 10Quando Atá­lia, mãe de Acazias, viu que o filho morrera, mandou exter­minar toda a estirpe real da casa de Judá. 11Josa­bat, po­rém, filha do rei, raptou Joás, filho de Acazias, tirando-o de entre os jovens príncipes que estavam a ser massacrados, e escon­deu-o, com a sua ama, no dormitó­rio. Josabat, filha de Jorão, irmã de Acazias e mu­lher do sacerdote Joia­dá, escondeu-o, assim, do furor de Atália, evi­tando a sua morte. 12Seis anos esteve es­condido com elas no templo de Deus, enquanto Atália reinava no país.

 

2 Cr 23

Morte de Atália. Coroação de Joás (2 Rs 11,1-20) – 1No sé­timo ano, Joiadá encheu-se de cora­gem e convocou os seguintes chefes de centenas: Aza­rias, filho de Jeroam, Ismael, filho de Joanan, Aza­rias, fi­lho de Obed, Massaías, filho de Adaías, e Eli­sa­fat, filho de Zicri. E fez com eles um pacto.2Percorre­ram Judá e reuni­ram os levitas de todas as cida­des de Judá e os chefes de família de Israel, e regressaram a Jerusalém. 3Todo este grupo fez uma aliança com o rei, no templo de Deus. Joia­dá disse-lhes:

«Eis o filho do rei, que deve rei­nar segundo a declaração do Senhor a respeito dos filhos de David. 4Eis o que deveis fazer: uma terça parte de vós, dos sacerdotes e dos levitas que fazem o serviço do sábado, estará de guarda às portas do templo; 5outra terça parte vigiará o palácio real; e uma outra guardará a porta do Fun­da­mento. E o resto do povo ocupará o átrio do templo do Senhor. 6Nin­guém en­trará no templo do Senhor, a não ser os sacerdotes e os levitas de serviço: só podem entrar estes, por estarem consagrados. E todo o povo observará o que foi ordenado pelo Senhor. 7Os levitas, cada um com as suas armas na mão, rodea­rão o rei. E todo aquele que tentar entrar no templo será morto. Segui­reis o rei para onde quer que ele vá.»

8Os levitas e todo Judá seguiram à risca as ordens do sacerdote Joia­dá. Cada um deles reuniu os seus ho­mens, tanto os que começa­vam o seu serviço do sábado como os que o terminavam, pois o sacerdote Joia­dá não dispensara nenhum grupo. 9Ele próprio entregou aos chefes de centenas lanças e escudos de di­ver­sas espécies, conservados no templo de Deus, e que haviam pertencido ao rei David. 10Seguidamente, colo­cou toda a tropa, com as armas na mão, ao longo do altar e do edifício, desde o ângulo sul até ao ângulo norte do templo, à volta do rei. 11De­pois, mandaram avançar o filho do rei, colocaram-lhe o diadema e en­trega­ram-lhe as insígnias reais. E procla­maram-no rei. Joiadá e seus filhos ungiram-no, clamando: «Viva o rei.»

12Mas Atália, ao ouvir os gritos do povo que acorria a aclamar o rei, dirigiu-se à multidão que estava no templo do Senhor. 13Olhou e viu o rei de pé, sobre um estrado, à en­trada do templo; os chefes e os tocadores de trombeta estavam ao lado do rei; e todo o povo festejava e tocava trom­betas, enquanto os can­tores, ao som de vários instrumen­tos, lhe dirigiam aclamações. Então, Atália rasgou as vestes e gritou: «Traição, traição!»

14Mas o sacerdote Joiadá man­dou sair os chefes de cen­tenas que co­man­­da­vam as tropas e ordenou-lhes: «Ar­ras­tai-a para fora do templo, por entre as vossas fileiras. Se alguém a qui­ser seguir, passai-o ao fio de espada.» O sacer­dote impediu que a matassem den­tro do templo do Senhor.15Agar­­­raram-na e, quando chegaram ao pa­lá­cio real pelo portão dos cavalos, aí a mataram.


Reforma de Joiadá – 16Joiadá fez uma aliança entre ele, o rei e o povo, segundo a qual o povo se obrigava a ser o povo do Senhor. 17Então, todo o povo entrou no templo de Baal e destruiu-o. Despedaçaram os seus al­­­­tares e as suas imagens e mata­ram Matan, sacerdote de Baal, diante dos altares. 18Joiadá colocou sentinelas no templo do Senhor, a cargo dos sacerdotes e levitas. David dividira-os em categorias no templo, para oferecerem holocaus­tos ao Senhor, conforme está es­crito na Lei de Moi­sés, com cânticos de alegria, segundo as ordens de David. 19Colocou, tam­bém, porteiros às portas do templo para não dei­xarem entrar ninguém que tivesse qualquer impureza.

20E levando con­sigo os chefes de cente­nas, os no­tá­veis, aqueles que exer­­ciam algu­ma função entre o povo e toda a população do país, fez sair o rei do templo do Senhor: entra­ram no palácio do rei pela porta superior e instalaram-no no trono real. 21Toda a população do país estava jubilosa, e a cidade tranquila. Quanto a Atá­lia, foi morta à espada.

2 Cr 24

Reinado de Joás em Judá (835-796) (2 Rs 12,1-22) – 1Joás tinha sete anos quando come­çou a reinar, e reinou quarenta anos em Je­rusalém. Sua mãe chamava-se Síbia, natural de Bercheba. 2Joás fez o que é recto diante do Senhor durante toda a vida do sacerdote Joiadá,3que lhe deu duas mulheres por esposas, das quais teve filhos e filhas.


Restauração do templo – 4Depois disto, Joás resolveu restaurar o tem­­plo do Senhor. 5Convocou os sacer­dotes e levitas e disse-lhes: «Ide e percorrei as cidades de Judá, reco­lhei nelas o dinheiro dos israelitas para se fazerem todos os anos as repara­ções do templo do vosso Deus. Exe­cutai isto com presteza.» Mas os levitas não se apressaram.

6Então, o rei chamou o Sumo Sa­cerdote Joia­dá e disse-lhe: «Porque não cui­daste de obrigar os levitas a trazerem, de Judá e de Jerusalém, a contribuição imposta ao povo de Is­rael por Moi­sés, servo do Senhor, e pela assembleia de Israel, para a tenda do testemu­nho? 7Pois a ímpia Atália e seus filhos arruinaram a casa de Deus, e até se serviram de todos os objectos sagrados do templo do Senhor para o culto de Baal.»8En­tão o rei orde­nou que se fizesse um cofre e fosse colocado na parte exte­rior da porta do templo. 9Por Judá e por Jerusa­lém foi apregoado que se trouxesse ao Senhor a contribuição imposta, no deserto, a Israel por Moi­sés, servo de Deus. 10Todos os chefes e todo o povo, cheios de alegria, vie­ram colo­car dinheiro no cofre até o enche­rem. 11Sempre que, por meio dos levitas, o cofre era levado para a inspecção do rei – o que acontecia quando o di­nheiro se acumulava – o secretário real e um comissário do Sumo Sa­cerdote esva­ziavam-no, e os levitas iam colocá-lo no seu lugar. Assim faziam todos os dias, reco­lhendo di­nheiro em abun­dância. 12O rei e Joiadá entrega­vam-no aos en­car­­re­gados das obras do templo. Es­tes contratavam os ca­rpin­teiros e os can­­teiros, os trabalha­dores que mo­de­lavam o ferro e o bronze, a fim de se restaurar e reparar o templo do Se­nhor. 13Os tra­balhadores fizeram com que as reparações fossem aca­ba­­das com esmero, restituindo o templo de Deus ao seu primitivo estado, e aca­bando-o com perfeição.

14Terminado o trabalho, entrega­ram ao rei e a Joiadá o resto do di­nheiro, com o qual se fabricaram os utensílios para o serviço do templo: objectos para os holocaus­tos, vasos e outros objectos de ouro e prata. Enquanto Joiadá viveu, ofere­ceram-se regularmente holo­caus­tos no tem­plo do Senhor. 15Joiadá, saciado de dias, enve­lhe­ceu e depois morreu, aos cento e trinta anos. 16Sepulta­ram-no na cidade de Da­vid, com os reis, pelo bem que fi­zera a Israel, por Deus e pelo seu templo.


Castigo da idolatria – 17Mas, de­pois da morte de Joiadá, os chefes de Judá vieram e prostraram-se diante do rei, que os ouviu. 18Aban­donaram o templo do Senhor, Deus de seus pais, e prestaram culto aos troncos sagrados e aos ídolos. E essas faltas atraíram a ira

 divina sobre Judá e Jerusalém. 19O Senhor enviou-lhes profetas para que eles se conver­tes­sem ao Senhor com as suas exor­ta­ções. Mas eles não lhes deram ouvi­dos. 20Então, o espírito de Deus des­­ceu sobre Zacarias, filho do sacer­­dote Joiadá, que se apre­sen­tou diante do povo e disse: «As­sim fala Deus: ‘Porque transgredis os manda­men­tos do Senhor? Nada conseguireis. Já que abandonastes o Senhor, o Senhor há-de abandonar-vos’.» 21Mas eles revoltaram-se con­tra ele e ape­drejaram-no, por ordem do rei, no átrio do templo do Se­nhor. 22O rei Joás esquecera a lealdade de Joiadá, pai de Zacarias, e mandou matar o filho. Zacarias, ao morrer, disse: «Que o Senhor veja e faça justiça.»


Fim do reinado de Joás – 23No fim do ano, o exército dos arameus marchou contra Joás; invadiu Judá e Jerusalém, massacrou os chefes do povo e enviou todos os seus despojos ao rei de Damasco.

24Embora os arameus fossem em pequeno número, o Senhor entre­gou-lhes um enorme exército, porque Judá abandonara o Senhor, Deus de seus pais. Assim, os arameus fi­ze­­ram justiça a Joás. 25Mal os ara­meus se afastaram, deixando-o em grandes sofrimentos, os seus homens revoltaram-se contra ele, por causa da morte do filho do sacerdote Joiadá, e mataram-no na sua cama. Morreu e foi sepultado na cidade de David, mas não no sepulcro dos reis. 26Eis os que conspiraram contra ele: Zabad, filho de Chimeat, a amo­nita, e Jozabad, filho de Chimerit, a moabita.

27Tudo o que se refere aos seus filhos, aos seus cargos e à restaura­ção do templo de Deus, tudo isso está escrito no Comentário do Livro dos Reis. Sucedeu-lhe no trono seu filho Amacias.

 

2 Cr 25

Reinado de Amacias (796-767) (2 Rs 14,1-22) – 1Amacias tinha vinte e cinco anos quando come­çou a reinar, e reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadan, e era natural de Jerusalém. 2Ele praticou o que é recto aos olhos do Senhor, mas não com um coração íntegro. 3Desde que se sentiu seguro no po­der real, man­dou matar os servos que tinham assas­sinado o rei, seu pai. 4Mas não mandou matar os filhos deles, con­formando-se com o que está escrito no livro da Lei de Moisés, como o Senhor ordena: «Os pais não serão mortos em lugar dos seus filhos, nem os filhos morrerão em lugar dos seus pais; cada um morrerá pelo seu pró­prio pecado.» 5Amacias reuniu os homens de Judá e dividiu-os por famílias, e pôs che­fes de milhares e de centenas em todo o território de Judá e de Ben­jamim. Recenseou-os, a partir da idade de vinte anos para cima, e encontrou trezentos mil ho­mens aptos para a guerra e capazes de carregar lança e escudo.6Depois, assalariou, por cem talentos de pra­ta, cem mil valentes guerreiros de Israel. 7Mas um homem de Deus veio ao seu encontro e disse-lhe:

«Ó rei, não é preciso que o exér­cito de Israel te acompanhe, porque o Senhor não está com Israel, nem com todos estes filhos de Efraim. 8Se fores com eles, mesmo que dês mostras de valor no combate, Deus deixar-te-á cair diante do inimigo, pois Deus tem poder de socorrer ou de abater.» 9Amacias disse ao ho­mem de Deus: «Que farei, então, a respeito dos cem talentos que dei às tropas israelitas?» O homem de Deus respondeu-lhe: «O Senhor tem mais do que isso para te dar.» 10Amacias licenciou, pois, a tropa de Efraim que se lhe tinha juntado, e mandou-a re­gressar à sua terra. Mas eles irri­taram-se contra Judá e regressa­ram furiosos à sua terra.

11Amacias, cheio de confiança, pôs-se em marcha para conduzir o seu exército ao Vale do Sal, onde matou dez mil habitantes de Seir. 12Os filhos de Judá prenderam dez mil homens vivos e conduziram-nos ao alto de um rochedo, de onde os precipitaram, ficando despedaça­dos.13Entretanto, os homens da tropa que Amacias licenciara e não levara consigo à guerra, saquearam as ci­dades de Judá, desde a Sama­ria até Bet-Horon. Mataram três mil homens e levaram consideráveis des­pojos.

14Ao regressar a casa, de­pois da der­­rota dos edomitas, Ama­cias, que trou­­xera os deuses dos habitantes de Seir, fez deles os seus próprios deuses: prostrou-se diante deles e queimou-lhes incenso.

15En­tão, a ira do Senhor inflamou-se con­tra ele. Enviou-lhe um pro­feta, que lhe disse: «Porque adoraste esses deuses estrangeiros, que não foram capazes de salvar o seu povo da tua mão?» 16Amacias respondeu ao pro­feta: «Foste, acaso, nomeado conse­lheiro do rei? Vai-te embora, se não queres que te mate!» O pro­feta reti­rou-se, dizendo: «Sei que Deus deci­diu a tua perda por­que fizeste isto e não quiseste ouvir o meu conselho.»


Amacias vencido pelo rei de Is­rael (2 Rs 14,1-20) – 17Amacias, rei de Judá, depois de ter tomado conse­lho, mandou dizer a Joás, filho de Joa­caz, filho de Jeú, rei de Israel: «Vem, para que nos vejamos de frente.»

18Joás, rei de Israel, man­dou res­pon­der a Amacias, rei de Judá: «O cardo do Líbano mandou dizer ao cedro do Líbano: ‘Dá a tua filha, por esposa, ao meu filho.’ Mas vieram as feras do Líbano, passa­ram e pisa­ram o cardo. 19Dizes que derrotaste os edo­­mitas, e o teu coração encheu-se de orgulho. Fica em tua casa. Porque corres ao encontro do perigo, arris­cando-te a uma empresa que te há-de arrui­nar, assim como a Judá?» 20Mas Amacias não o quis ouvir, pois era disposição divina que ele fosse entre­gue nas mãos dos seus inimi­gos, por ter venerado os deuses de Edom.

21Joás, rei de Israel, marchou con­tra Amacias, rei de Judá, e encon­tra­­ram-se os dois em Bet-Chémes, que está em Judá. 22Judá foi vencido por Israel, e cada um fugiu para sua casa. 23Joás, rei de Israel, prendeu Ama­cias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Joacaz em Bet-Chémes. Man­dou-o para Jerusalém e abriu na mu­ralha uma brecha de quatrocen­tos côva­dos, desde a porta de Efraim até à porta do Ângulo.24Apoderou-se de todo o ouro e prata, assim como dos uten­sílios que se encontravam no templo de Deus, à guarda de Obe­de­dom, e dos tesouros do palá­cio real; depois, regressou à Samaria, levando reféns.


Fim do reinado de Amacias (2 Rs 14,17-20) – 25Amacias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda quinze anos depois da morte de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel. 26O resto dos actos de Amacias, dos primeiros aos últimos, está escrito no Livro dos Reis de Judá e de Israel.

27De­pois que Amacias se desviou do Senhor, ar­mou-se em Jerusalém uma cons­pi­­­ração contra ele. Fugiu para Lá­quis, mas perseguiram-no e ali o mata­ram. 28Transportaram o seu corpo sobre cavalos, e sepulta­ram-no com seus pais na cidade de David.

2 Cr 26

Reinado de Uzias em Ju­dá (781-740) (2 Rs 14,21-22; 15,1-7) 1Todo o povo de Judá proclamou rei a Uzias, que tinha então dezasseis anos, e colocou-o no trono, em lugar de seu pai Amacias. 2Foi ele quem reedificou Elat e fez voltar esta ci­dade ao domínio de Judá, depois de o rei adormecer com seus pais. 3Uzias tinha dezasseis anos quando come­çou a reinar e rei­­nou cinquenta e dois anos em Jerusalém. Sua mãe cha­mava-se Jeco­lias e era natural de Jeru­­­salém. 4Pra­ticou o que é recto aos olhos do Senhor, como seu pai Ama­cias. 5Aplicou-se a honrar a Deus du­­rante a vida de Zacarias, que o instruiu no temor de Deus.

En­quanto honrou o Senhor, Deus deu-lhe pros­peridade. 6Fez uma ex­pe­dição contra os filisteus, derrubou as muralhas de Gat, de Jabne e de Asdod; cons­truiu cidades no terri­tó­rio de Asdod e na terra dos filis­teus. 7Deus aju­dou­-o contra os filis­teus, contra os ára­bes que habitavam em Gur-Baal e con­tra os meonitas. 8Os meonitas pagaram tributo a Uzias, e a sua fama esten­deu-se até aos confins do Egipto, por­que se tornara muito po­deroso. 9Levantou torres fortificadas em Jerusalém, sobre a porta do Ângulo, sobre a porta do Vale e sobre a es­quina da muralha.10Tam­bém construiu torres no de-serto, onde cavou numerosos poços, pois aí possuía nu­me­­rosos reba­nhos, tanto na pla­nície como no planalto. Tinha lavra­dores e vinhateiros nas monta­nhas e nas vinhas, pois era apaixonado pela terra.

11Uzias tinha um exér­cito de guer­reiros que par­tiam para a guerra or­ganizados em esqua­drões, segundo o alistamento feito pelo escriba Jeiel e pelo administrador Massaías, sob a direcção de Hana­nías, um dos ofi­ciais do rei. 12O nú­mero total dos che­fes de família, guerreiros valen­tes, era de dois mil e seiscentos. 13O exér­cito que coman­­davam era de tre­zentos e sete mil e quinhentos homens aptos para a guerra, que combatiam forte­men­te contra os inimigos do rei. 14A todo este exército, Uzias forne­cia, para cada campanha militar, escu­dos, lan­­ças, capacetes, couraças, arcos e fun­das para atirar pedras.

15Man­dou construir em Jerusa­lém máqui­nas destinadas a serem colo­ca­­das sobre as torres e sobre os ân­gulos das mu­ralhas, para atirar fle­chas e gran­des pedras. A sua fama esten­deu-se até muito longe, pois Deus fez mara­vi­lhas para o ajudar a adquirir grande poder.


Orgulho e castigo de Uzias16Mas, ao ver-se tão poderoso, o seu coração encheu-se de orgulho, para sua des­graça. Cometeu uma falta contra o Senhor, seu Deus: entrou no templo do Senhor a fim de quei­mar incenso no altar dos perfumes. 17O sacerdote Azarias, com oitenta corajosos sacer­dotes do Senhor, en­traram atrás dele. 18Fizeram frente ao rei Uzias e disseram-lhe: «Não te compete a ti, Uzias, queimar incenso ao Senhor, mas aos sacerdotes da estirpe de Aarão, que foram consa­grados para este fim. Sai do santuá­rio, porque prevaricaste e não tens direito à gló­ria que vem do Senhor Deus.» 19En­tão, Uzias, tendo na mão um turí­bulo, enfureceu-se; mas, durante este acesso de furor contra os sacerdotes, apareceu-lhe lepra na fronte, ali, no templo do Senhor, na presença dos sacerdotes, diante do altar dos per­fumes.20O Sumo Sacerdote Azarias e todos os outros sacerdotes olharam-no e viram a lepra que tinha na fronte. Precipita­da­mente, fizeram-no sair; aliás, ele próprio se apres­sou a sair, sentindo-se ferido pelo Senhor.


Fim do reinado de Uzias21O rei Uzias ficou leproso até à sua morte e viveu numa casa isolada, coberto de lepra. Por este motivo, foi ex­cluído do templo do Senhor. Seu filho Jo­tam administrava o palácio real e governava o povo do país. 22Os res­tantes actos de Uzias, des­de os pri­meiros aos últimos, foram descri­tos por Isaías, filho do profeta Amós.

23Uzias adormeceu com seus pais e foi sepultado perto deles no campo das sepulturas reais, pois era lepro­so. Seu filho Jotam sucedeu-lhe no trono.

2 Cr 27

Reinado de Jotam em Ju­dá (740-736) (2 Rs 15,32-38) – 1Jo­tam tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e reinou dezas­seis anos em Jerusalém. Sua mãe cha­mava-se Jerusa, filha de Sa­doc. 2Pra­ti­cou o que é recto aos olhos do Senhor, exactamente como ha­via procedido seu pai Uzias, mas não se intrometeu, como ele, no tem­plo do Senhor. No entanto, o povo conti­nuava a corromper-se. 3Foi Jotam que construiu a porta <supe­rior do templo do Senhor, e fez mui­tas obras nas muralhas de Ofel. 4Cons­truiu igualmente cidades for­ti­fica­das na montanha de Judá, for­tale­zas e tor­res nas regiões culti­vadas.

5Fez guerra ao rei dos amonitas e venceu-o. Este pagou naquele ano um tributo de cem talentos de pra­ta, dez mil coros de trigo e dez mil de cevada; isto mesmo lhe trouxe­ram os amonitas no segundo e ter­ceiro ano. 6Jotam tornou-se assim muito poderoso, porque andava fir­memente nos caminhos do Senhor, seu Deus.


Fim do reinado de Jotam7Os outros actos de Jotam, as suas ac­ções, os seus feitos e as suas guer­ras, tudo isso está escrito no Livro dos Reis de Israel e de Judá. 8Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e rei­nou dezasseis anos em Jerusalém. 9Jotam adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David. Seu filho Acaz suce­deu-lhe no trono. 

2 Cr 28

Reinado de Acaz em Judá (735-716) (2 Rs 16,2-20) – 1Acaz tinha vinte anos quando começou a reinar. Reinou dezasseis anos em Jerusalém. Não praticou o que é recto aos olhos do Senhor, como David, seu pai, 2mas seguiu as pegadas dos reis de Israel. Fez mesmo imagens de metal em honra de Baal. 3Quei­mou perfumes no vale de Ben-Hinom e fez passar os seus filhos pelo fogo, segundo o abominável costume das nações que o Senhor havia expul­sado diante dos israelitas. 4Oferecia sacrifícios e perfumes sobre os luga­res altos, sobre as colinas e debaixo de toda a árvore verdejante.


Guerra siro-efraimita5O Se­nhor, seu Deus, entregou-o nas mãos do rei dos arameus. Estes derrota­ram-no, fizeram grande número de pri­sioneiros e deportaram-nos para Da­­masco. Também ele caiu nas mãos do rei de Israel, que lhe infligiu uma grande derrota. 6Pecá, filho de Re­malias, matou, num só dia, cento e vinte mil homens de Judá, todos guer­­reiros valorosos, porque tinham aban­donado o Senhor, Deus de seus pais. 7Zicri, um guerreiro de Efraim, matou Massaías, filho do rei, Azeri­cam, chefe do palácio, e Elcana, o segundo de­pois do rei. 8Os filhos de Israel fize­ram, entre os seus irmãos, duzentos mil prisio­neiros, incluindo mulheres, jovens e donzelas. Reco­lhe­ram tam­bém grandes despojos, que levaram para a Samaria.


O profeta Oded9Havia ali um profeta do Senhor, chamado Oded, que saiu ao encontro do exército que entrava na Samaria, e disse-lhes: «Vede: na sua ira contra os filhos de Judá, o Senhor, Deus dos vossos pais, entregou-os nas vossas mãos, mas vós tirastes-lhes a vida com tal fúria que a vossa crueldade subiu até ao céu. 10E agora pretendeis opri­mir os homens de Judá e Jerusalém até fa­zer deles vossos escravos e escra­vas. Porventura, entre vós não há tam­bém prevaricações contra o Se­nhor, vosso Deus? 11Escutai-me: Man­dai regressar os cativos que fizestes entre os vossos irmãos, pois ameaça-vos o ardor da ira do Se­nhor.»

12Levanta­ram-se, então, con­tra os que volta­vam da guerra, alguns dos chefes dos efrai­mitas. Eram eles Aza­rias, filho de Joanan, Baraquias, fi­lho de Mechi­le­mot, Eze­­quias, filho de Chalum, e Amassá, filho de Hadlai. 13E diziam-lhes: «Não introduzireis aqui esses cativos. Quereis que nos tornemos culpados diante do Se­nhor, e que aumente­mos, assim, as nos­sas faltas, já sufi­cientemente numero­sas? O ardor da ira do Senhor já ameaça Israel.»

14Então, na presença dos che­fes e da assembleia do povo, os sol­dados soltaram os presos e aban­do­na­ram os despojos. 15A seguir, os ho­mens, cu­­jos nomes acabaram de ser cita­dos, levantaram-se para recon­for­tar os cativos: revestiram com as ves­tes tiradas dos despojos aqueles que esta­vam nus, calçaram-nos, de­ram-lhes de comer e beber, trataram-lhes as feridas e conduziram-nos a Jericó, ci­dade das palmeiras, para junto dos seus irmãos, montando nos jumentos aqueles que se encon­tra­vam extenua­dos. Depois, regres­sa­ram à Samaria.


Pecado de Acaz16Naquele tem­po, o rei Acaz mandou pedir socorro aos reis da Assíria, 17pois os edomi­tas voltaram a combater Judá e a fazer prisioneiros. 18Os filisteus inva­­diram também as cidades da planí­cie e do Négueb que perten­ciam a Judá; to­maram Bet-Chémes, Aialon, Guede­rot, Socó e os seus arrabal­des, Timna e os seus arra­bal­des, Gui­mezô e os seus arrabal­des. E nelas se esta­be­le­ceram. 19Com efeito, o Senhor hu­mi­lhava Judá por causa do rei Acaz, que levara a dissolução a Judá e come­­tera graves delitos contra o Senhor.

20Tiglat-Falasar, rei da Assíria, em vez de lhe dar o seu apoio, mar­chou contra ele e cercou-o. 21Em vão Acaz despojara o templo do Se­nhor, o palá­cio real e os dignitários para enviar presentes ao rei da Assíria. De nada lhe valeu. 22Em­bora estivesse em afli­ções, o rei Acaz continuou a cometer os seus crimes contra o Se­nhor. 23O fe­receu mesmo sacrifícios aos deuses de Damasco, que o ha­viam derro­tado.

Dizia ele: «São os deuses dos reis dos arameus que os protegem; ofe­re­cer-lhes-ei, portanto, sacrifícios para que igual­mente me ajudem.» Eles, po­rém, foram a causa da sua queda e da ruína de todo o Israel. 24Acaz jun­tou todos os uten­sílios do templo de Deus e despeda­çou-os. Fechou as por­­tas do templo do Senhor, fabri­cou al­tares em todos os cruzamen­tos de Jeru­salém. 25Construiu luga­res altos em todas as cidades de Judá, para neles ofe­recer incenso aos deuses es­tran­gei­ros, provo­cando, assim, a ira do Senhor, Deus de seus pais.


Fim do reinado de Acaz26O resto dos seus actos, todos os seus feitos, dos primeiros aos últimos, tudo isso está escrito no Livro dos Reis de Judá e de Israel.

27Acaz ador­meceu com seus pais e foi sepultado na cidade de Jeru­salém, pois não o quiseram enterrar nos sepulcros dos reis de Is­rael. Seu filho Eze­quias sucedeu-lhe no trono. 

2 Cr 29

Reinado de Ezequias em Judá (716-687) (2 Rs 18,1-3) – 1Eze­quias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e rei­nou vinte e nove anos em Jerusa­lém. Sua mãe chamava-se Abias, filha de Zacarias. 2Praticou o bem aos olhos do Senhor, como David, seu pai.


Purificação do templo3No pri­meiro mês do primeiro ano do seu reinado, reabriu as portas do tem­plo do Senhor, depois de as ter re­parado. 4Convocou os sacerdotes e os levitas e reuniu-os na praça orien­tal. 5Disse-lhes: «Escutai-me, levitas. Santificai-vos, agora, e puri­ficai o tem­plo do Senhor, Deus de vossos pais, de toda a imundície, 6porque os nossos pais prevarica­ram, fizeram o mal diante do Senhor, nosso Deus; abandonaram-no, des­via­ram os olhos da sua morada, voltaram-lhe as cos­tas. 7Trancaram mesmo as portas do vestíbulo, extinguiram as lâmpa­das, não mais queimaram incenso e suprimiram os holocaustos no santuá­rio do Deus de Israel. 8Por isso, a ira do Senhor inflamou-se contra Judá e Jerusa­lém, entregou-os à deso­la­ção e fez deles objecto de espanto e zombaria, como estais a ver com os vossos próprios olhos. 9que os nossos pais pereceram ao fio da es­pada, e as nossas filhas, os nossos filhos e as nossas mulheres estão no c Eis ati­vei­ro por causa disso. 10Agora, resolvi fazer uma aliança com o Se­nhor, Deus de Israel, para que nos poupe do ardor da sua ira. 11Ora, meus fi­lhos, não sejais negligentes, por­que foi a vós que o Senhor escolheu para que estivésseis diante dele, o ser­vís­seis e lhe oferecêsseis incenso.»


Reforma religiosa12Levanta­ram-se, então, os seguintes levitas: da linhagem de Queat, Maat, filho de Amassai, Joel, filho de Azarias; da linhagem de Merari, Quis, filho de Abdi, Azarias, filho de Jalelel; da linhagem dos gersonitas, Joá, filho de Zima, Éden, filho de Joá; 13da li­nhagem de Elisafan, Chimeri e Jeiel; da linhagem de Asaf, Zacarias e Matanias; 14da linhagem de He­man, Jaiel e Chimei; da linhagem de Jedu­tun, Chemaías e Uziel. 15Reu­niram os seus irmãos e, depois de se te­rem santificado, vieram, por ordem do rei e conforme as pala­vras do Se­nhor, purificar o templo. 16Os sacer­do­tes entraram no inte­rior do tem­plo do Senhor para o purificar, e varreram, do átrio do templo, toda a imundície que encon­traram; depois, os levitas juntaram-na e levaram-na para fora, para a torrente do Cé­dron.

17Foi no pri­mei­ro dia do primeiro mês que come­ça­ram esta purifica­ção; no oitavo dia desse mês chegaram ao pórtico. Em oito dias, o templo foi purificado. No décimo sexto dia do mês, acabaram a obra começada.

18Dirigiram-se, então, à presença do rei Ezequias e disseram-lhe: «Pu­rificámos todo o templo do Senhor, o altar dos holocaustos com todos os seus utensílios, a mesa dos pães da oferenda com todos os seus utensí­lios. 19Todos os objectos que Acaz, tinha profa­nado, durante o seu rei­nado, purificámo-los e pusemo-los diante do altar do Senhor.»


Restabelecimento do culto20No dia seguinte, de manhã, o rei Eze­quias reuniu os dignitários da ci­dade e subiu ao templo. 21Leva­ram sete touros, sete carneiros, sete cor­dei­ros e sete bodes para um sacri­fício ex­piatório pelo reino, pelo san­tuário e por Judá. O rei disse aos sacerdotes da linhagem de Aarão que os ofere­cessem sobre o altar do Senhor.

22Os sacerdotes imolaram os tou­ros, cujo sangue recolheram e der­ra­maram so­bre o altar. Depois, imola­ram os car­nei­ros e espalha­ram o seu san­gue sobre o altar; e fizeram o mes­mo com os cordeiros. 23Trouxeram então os bodes, para um sacrifício expia­tório, à presença do rei e da mul­ti­dão, e todos esten­deram as mãos sobre eles.

24Os sacerdotes imolaram-nos e ofereceram o seu sangue sobre o altar, em expiação pelos pecados de todo o Israel, pois o rei ordenara que se oferecesse o holocausto e o sacri­fício expiatório por todo o Israel. 25Colocou, depois, os levitas no tem­plo do Senhor, com címbalos, har­pas e cítaras, segundo a ordem de Da­vid, de Gad, o vidente do rei, e do pro­feta Natan, porque era uma or­dem do Senhor, dada pelos seus profe­tas.

26Os levitas ocuparam o seu lugar com os instrumentos de David, e os sacerdotes, com as trom­betas. 27Eze­quias mandou oferecer o holocausto sobre o altar; e, no mo­mento em que começava o holo­causto, o canto do Senhor fez-se ouvir, ao som das trom­betas e dos instrumentos musi­cais de David, rei de Israel.

28Toda a assembleia estava pros­trada, enquanto os cantores entoa­vam o cântico e faziam ressoar as trombetas até ao fim do holocausto.29Terminado o holocausto, o rei e todos os que o cercavam dobraram os joe­lhos e prostraram-se. 30A se­guir, o rei Ezequias e os chefes orde­naram aos levitas que cantassem um cân­tico ao Senhor, com as pala­vras de David e do vidente Asaf. Can­taram esse hino cheios de ale­gria, e depois prostraram-se em ado­ra­ção. 31En­tão, Eze­quias tomou a palavra e disse: «Agora que ten­des as vossas mãos cheias de ofertas para o Senhor, apro­ximai-vos e oferecei os sacrifícios de acção de graças no templo do Se­nhor.» E toda a multidão ofereceu os seus sacri­fícios de acção de gra­ças, e os de coração generoso ofere­ciam holo­caustos voluntários.

32Este foi o número dos holo­caus­tos ofere­cidos pela multidão: setenta touros, cem carneiros, duzentos cor­deiros; tudo isto oferecido em holo­causto ao Senhor. 33Consagraram, além disso, seiscentos bois e três mil ovelhas. 34Mas, como os sacerdotes eram pou­­cos e não bastavam para preparar as vítimas destinadas ao holo­caus­to, os seus irmãos levitas aju­daram-nos até ao fim, até que os ou­tros sacer­dotes se purificassem; por­que os levi­tas tinham mostrado mais solici­tude que os sacerdotes em se purificar. 35Ofereceram, além disso, holocaus­tos em abundância, com a gordura dos sacrifícios de comunhão e as liba­ções para os holocaustos.

Foi assim restabelecido o culto no templo do Senhor. 36Ezequias e o povo regozi­ja­ram-se por o Senhor ter disposto todo o povo a fazer tudo isto tão rapi­damente. 

2 Cr 30

Convocação para a Pás­coa (35,1-19; Ex 12,1-20; Nm 9,1-14) – 1Eze­quias enviou mensa­gei­ros por todo o Israel e Judá e escre­veu car­tas a Efraim e a Ma­nassés, para os convidar a virem ao templo do Se­nhor, que está em Jerusalém, cele­brar a Páscoa em honra do Senhor, Deus de Israel. 2O rei, os seus che­fes e toda a assembleia do povo em Jerusalém resolveram cele­brar a Pás­coa no segundo mês, 3pois não pude­ram fazê-lo no devido tem­po porque os sacerdotes não se tinham santi­fi­cado em número sufi­ciente, e o povo ainda não se tinha reunido em Je­rusalém. 4Esta reso­lu­­ção agradou ao rei e a toda a assem­bleia. 5Deci­diram, por isso, apre­goar por todo o Israel, desde Bercheba até Dan, o convite para virem a Je­ru­salém cele­brar a Pás­coa em hon­ra do Senhor, Deus de Israel. Por­que muitos não a cele­bravam como estava prescrito.

6Partiram, então, os pregoeiros, com as cartas do rei e dos chefes, por todo o Israel e Judá. Por ordem do rei, diziam: «Israelitas, voltai ao Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, e Ele há-de voltar-se para aqueles que, de entre vós, escapa­ram das mãos dos reis da Assíria.7Não sejais como os vossos pais e os vossos irmãos, que prevaricaram diante do Senhor, Deus de seus pais, que os entregou à desolação, como estais a ver. 8Não endureçais a vossa cerviz, como fizeram os vos­sos pais. Esten­dei as mãos para o Senhor, vinde ao santuário que Ele consagrou para sempre, e servi o Senhor, vosso Deus, a fim de que Ele afaste de vós o ar­dor da sua cólera. 9Se vos conver­ter­des ao Senhor, os vossos irmãos e os vossos filhos acharão misericórdia diante daqueles que os levaram cati­vos e voltarão a este país; pois o Se­nhor, vosso Deus, é misericor­dioso e compassivo e não mais desviará os olhos de vós, se a Ele vos conver­ter­des.» 10Deste modo, os pregoeiros pas­saram de cidade em cidade no terri­tório de Efraim e de Manassés, até Zabulão. Mas riam-se deles e escar­ne­­ceram-nos. 11Con­tudo, alguns ho­mens de Aser, de Manassés e de Zabulão mostraram-se humildes e dirigiram-se a Jeru­salém. 12Também em Judá, a mão de Deus tocou os habitantes para lhes dar o desejo unânime de escu­tar as ordens do rei e dos che­fes, conforme a palavra do Senhor.


Festa dos Ázimos (Ex 12,15-20) – 13Gran­­­des multidões acorreram a Jerusa­lém para celebrar a festa dos Ázi­­mos, no segundo mês. Era uma enor­me assembleia. 14Começaram por des­truir os altares pagãos que se en­con­travam em Jerusalém, as­sim como todos os altares dos perfumes, e lan­çaram-nos à torren­te do Cédron.

15Imolaram o cordeiro pascal no décimo quarto dia do segundo mês. Os sacerdotes e os levitas, arre­pen­di­dos, tinham-se santificado e ofe­re­­ce­­ram holocaustos no templo do Se­­nhor. 16Ocupavam o seu lugar, como prescreve a Lei de Moisés, ho­mem de Deus. Os sacerdotes der­rama­vam o sangue recebido das mãos dos le­vi­­tas. 17 Como houvesse na assis­tên­cia muitos que não se tinham purifi­cado, os levitas encar­re­ga­ram-se de imo­lar o cordeiro pascal por todos os que não estavam puros, a fim de os con­sagrar ao Senhor.

18Uma grande parte do povo de Efraim, de Manassés, de Issacar e de Zabulão comeu o cordeiro pascal sem se ter purificado, contraria­men­te ao que estava prescrito. Mas Ezequias intercedeu por eles, di­zendo: «O Se­nhor, que é bom, usará de miseri­cór­dia 19com os que bus­cam de todo o coração o Senhor, Deus de seus pais, e não lhes impu­tará a falta de purificação exigida para o santuá­rio!» 20O Senhor escu­tou Ezequias e perdoou ao povo.

21Os filhos de Israel que se en­con­­travam em Jerusalém celebra­ram com muita alegria a festa dos Ázimos durante sete dias. Cada dia, os levitas e os sacerdotes louvavam o Senhor com potentes instru­men­tos musicais. 22Ezequias dirigiu pala­vras cordiais a todos os levitas que se tinham distinguido no culto do Senhor. Passaram os sete dias da festa oferecendo sacrifícios de comu­nhão e de acção de graças ao Senhor, Deus de seus pais. 23E toda a assem­bleia concordou em prolon­gar a festa por mais sete dias, cele­brando-a com grande alegria.

24Eze­quias, rei de Judá, dera à as­sem­bleia mil touros e sete mil ove­lhas; também os altos funcionários a presentearam com mil touros e dez mil ovelhas; os sacer­do­tes tinham-se purificado em grande número. 25A alegria reinava em toda a assem­bleia de Judá, nos sacerdo­tes e levitas, na assembleia vinda de Israel e nos es­trangeiros vindos da terra de Israel ou estabelecidos em Judá. 26Em Jeru­salém houve grande júbilo, pois nunca se vira coisa se­me­lhante na cidade, desde o tempo de Salomão, filho de David, rei de Israel. 27Finalmente, os sacerdotes e os levitas levanta­ram-se para aben­çoar a multidão. A sua voz foi ou­vida e a sua prece chegou ao céu, até à santa morada de Deus. 

2 Cr 31

Reforma do culto1 Quan­do tudo isto terminou, os israe­litas presentes saíram para as cida­des de Judá e despedaçaram as este­las, derrubaram os troncos sa­gra­dos, destruíram os lugares altos e os altares em toda a região de Judá, Ben­jamim, Efraim e Manas­sés. Foi uma destruição total. De­pois, os is­rae­litas regressaram cada qual à sua cidade e à sua casa.


Os sacerdotes2Ezequias resta­beleceu as classes dos sacerdotes e dos levitas, segundo os seus turnos, cada um com a sua função própria, tanto para os holocaustos e sacrifí­cios de comunhão como para o ser­viço do culto, da acção de graças e dos louvores e na guarda das portas da morada do Senhor. 3O rei tam­bém reser­vou uma parte dos seus bens para os holocaustos da manhã e da tarde, dos sábados, da festa da Lua-nova e das solenidades, conforme a prescrição da Lei do Se­nhor. 4Or­denou ao povo que habi­tava em Jeru­salém que entregas­se aos sacerdo­tes e levitas o que lhes era devido, a fim de se consa­grarem totalmente à Lei do Senhor. 5Logo que esta or­dem foi promul­gada, os israelitas multiplicaram as oferendas das pri­mícias do trigo, do vinho, do azeite, do mel e de todos os produtos do campo, e ofereceram generosa­mente o dízimo de tudo o que produz a terra. 6Os israelitas e os que habi­ta­vam nas cidades de Judá também trou­xe­ram o dízimo dos bois e das ove­­lhas, assim como o dízimo das coi­sas santas consagra­das ao Senhor, seu Deus. De tudo isso deram grandes quantidades. 7Esta acumulação co­me­çou no ter­ceiro mês e só acabou no sétimo. 8Então, Ezequias e os seus fun­cio­nários, vendo essas quan­ti­dades, louvaram o Senhor e o seu povo de Israel. 9Ezequias fez per­gun­tas aos sacerdotes e levitas acerca dessas quantidades. 10O Sumo Sa­cer­dote Azarias, da linhagem de Sadoc, respondeu-lhe: «Desde que começa­ram a trazer estas oferendas ao tem­plo do Senhor, temos matado a nossa fome e ainda sobra muito. O Se­nhor abençoou o seu povo. Esta grande quantidade é o que sobra.»

11Ezequias deu ordem de se pre­pa­rarem celeiros no templo do Se­nhor, e a ordem foi cumprida. 12Ne­les foram fielmente guardadas as ofe­rendas, os dízimos e as coisas con­­sagradas. Para esta tarefa, foi no­meado intendente o levita Cana­nias, auxiliado por seu irmão Chi­mei.13Sob a sua direcção, Jaiel, Aza­rias, Naat, Asael, Jerimot, Joza­bad, Eliel, Jismaquias, Maat e Benaías exer­ciam o ofício de vigilantes, por man­dato do rei Ezequias e de Aza­rias, intendente do templo de Deus.

14O levita Coré, filho do levita Jimna, guarda da porta oriental, es­tava en­carregado dos dons voluntá­rios feitos a Deus, da distribuição da par­te re­ser­vada do Senhor, e das coi­sas mais sagradas. 15Estavam às suas ordens nas cidades sacerdo­tais: Éden, Mi­nia­min, Jesua, Che­maías, Amarias e Che­­­­canias que ti­nham a missão de distribuir a cada um, equi­tati­va­mente, a sua parte, segundo as suas clas­ses, sem dife­rença entre gran­­des e pequenos. 16Fa­ziam a dis­tri­buição a todos os que vinham ao templo do Senhor para o serviço quo­­tidiano, conforme as suas funções e classes, desde que estivessem ins­cri­tos nos registos, da idade de três anos para cima. 17A inscrição dos sacer­do­tes era feita segundo as suas famí­lias, e a dos levitas desde a idade de vinte anos para cima, segundo as suas funções e classes. 18A inscrição valia para toda a família: mulheres, fi­lhos e fi­lhas, e para toda a assem­bleia, des­de que estivessem fiel­mente san­tifi­cados. 19Quanto aos sacerdo­tes da linhagem de Aarão que moravam no campo, nos arredores das cida­des sacerdotais, havia em cada locali­dade homens nomeados para distri­buir as porções a todo o varão da estirpe sa­cerdotal e dos levitas devi­damente inscritos.

20Foram estas as medidas toma­das por Ezequias em todo o territó­rio de Judá. Praticou o que era bom, recto e fiel diante do Senhor, seu Deus. 21Em tudo o que empreendeu para o serviço do templo de Deus, da Lei e das prescrições, não procu­rou senão a vontade de Deus, pondo na sua acção todo o seu coração. E foi bem sucedido. 

2 Cr 32

Invasão de Senaquerib, rei da Assíria (2 Rs 18,13-37; Is 36-37) – 1Depois destas coi­sas, que eram prova de fideli­dade, Senaque­rib, rei da Assíria, invadiu Judá e sitiou as cidades fortificadas para se apoderar delas. 2Ezequias, ao ver que Senaquerib vinha atacar Jerusa­lém,3resolveu, com o conse­lho dos seus funcionários e oficiais, obstruir as águas das nascentes que se encon­tra­vam fora das cidades. Eles ajuda­ram-no. 4Reuniram gran­de número de gente e obstruíram todas as fon­tes e a torrente que cor­ria no meio do território, dizendo: «Porque hão-de os reis da Assíria, ao chegar aqui, encontrar água em abundân­cia?»

5Para se fortificar, Eze­quias repa­rou a muralha em ruí­nas, levantou as torres, construiu um segundo muro exterior, restaurou Milo, na cidade de David, e mandou fabricar lanças e escudos em grande quantidade. 6Colocou à frente do exército chefes militares, reuniu-os junto de si na praça da porta da cidade e exortou-os com estas pala­vras: 7«Sede va­lentes e corajosos. Não temais nem tenhais medo do rei da Assíria e de toda essa multi­dão que o segue, por­que há mais força do nosso lado do que do lado dele. 8Com ele, está ape­nas a força humana; connosco, está o Senhor, nosso Deus, para nos auxi­liar e combater ao nosso lado.» A estas palavras de Ezequias, rei de Judá, o povo encheu-se de confiança.

Palavras de Senaquerib (2 Rs 20, 12-19) – 9Depois disto, Senaquerib, rei da Assíria, que se encontrava em Láquis com todo o seu exército, en­viou alguns oficiais a Jerusalém para dizer ao rei Ezequias e a todo o povo de Judá que se encontrava em Jeru­salém:

10«Assim fala Senaque­rib, rei da Assíria: “Em que confiais vós, para vos encerrardes dessa ma­neira em Jerusalém? 11Não vedes que Eze­quias vos engana para vos fazer perecer de fome e de sede, ao dizer-vos: ‘O Se­nhor, nosso Deus, há-de salvar-nos das mãos do rei da Assíria’? 12Não foi ele, Ezequias, quem suprimiu os lugares altos e os seus altares, or­denando aos habi­tan­tes de Judá e Jerusalém que não adorassem nem oferecessem incenso senão diante de um só altar? 13Não sabeis o que fizemos, eu e meus pais, a todos os povos dos outros países? Porventura os deuses dessas nações puderam sal­var os seus países da minha mão? 14Entre todos os deuses dessas nações que os meus pais ex­ter­minaram, qual deles pôde salvar o seu povo do meu poder, para que o vosso Deus vos possa livrar do meu braço?15Não vos deixeis, portanto, enganar nem seduzir dessa manei­ra por Ezequias. Não confieis nele. Se nenhum deus de qualquer nação ou reino pôde livrar o seu povo da minha mão nem da mão dos meus pais, também o vosso Deus não vos poderá livrar de cair na minha mão”.»

16Os mensageiros de Senaquerib disseram ainda outras palavras con­­tra o Senhor Deus e contra Eze­quias, seu servo. 17Senaquerib escre­­veu uma carta cheia de ultrajes con­tra o Se­nhor, Deus de Israel, na qual dizia: «Assim como os deuses das nações não os puderam livrar das minhas mãos, assim também o Deus de Eze­quias não poderá livrar o seu povo do meu poder.» 18Tudo isto foi pro­cla­mado em voz alta, na língua da Judeia, a fim de intimidar e assus­tar o povo de Jerusalém que se en­contrava sobre a muralha, e de se apoderar da cidade.19Falavam do Deus de Jerusalém como dos deuses das nações pagãs, que não passam de obras feitas pela mão do homem.


Oração de Ezequias (2 Rs 19,14-19;_Is 37,14-20) – 20Mas o rei Ezequias e o pro­feta Isaías, filho de Amós, puse­ram-se em oração para implorar o au­­xílio do céu a este respeito. 21O Senhor enviou então um anjo que exter­minou todos os guerreiros valen­tes, coman­dantes e oficiais do exér­cito no pró­prio acam­pamento do rei da Assíria. Este vol­tou para o seu país coberto de igno­mínia. E, ao entrar no templo do seu deus, alguns dos seus filhos as­sas­si­naram-no ali mesmo, à espada.

22Deste modo, o Senhor livrou Eze­quias e os habitantes de Jerusa­lém da mão de Senaquerib, rei dos As­sírios, e de todos os seus inimi­gos, e concedeu-lhes a paz em todas as fronteiras. 23Muitos levaram a Je­ru­salém oferendas para o Senhor e ricos presentes para Ezequias, rei de Judá, que, desde então, conquis­tou grande prestígio aos olhos de todos os povos estrangeiros.


Doença e cura de Ezequias (2 Rs 20,1-11; Is 38,1-22) – 24Por aqueles dias, Ezequias contraiu uma doença mor­tal. Orou ao Senhor, que lhe res­pon­deu e o curou milagrosa­men­te. 25Mas Ezequias não correspon­deu ao benefício recebido do Senhor, por­que se orgulhou em seu coração; por isso, a ira do Senhor inflamou-se con­tra ele e contra Judá e Jeru­sa­lém. 26Contudo, apesar deste or­gu­lho do seu coração, humilhou-se, depois, com os habitantes de Jeru­salém, e o Se­nhor não descarregou sobre eles a sua ira enquanto Eze­quias viveu.

27Ezequias teve muitas riquezas e glória, e juntou tesouros de prata, ouro, pedras preciosas, aromas, es­cu­dos e objectos de valor. 28Mandou fazer depósitos para armazenar o trigo, o vinho e o azeite, estábulos para toda a espécie de gado e apris­cos para os rebanhos. 29Construiu ci­­da­des para si, porque tinha ove­lhas e bois em grande abundância, pois Deus dera-lhe imensas rique­zas.


Resumo e fim do reinado de Eze­­­quias (2 Rs 20,20-21) – 30Foi Ezequias quem fechou a saída superior das águas da fonte de Guion, e as diri­giu, por um canal subterrâneo para a parte ocidental da cidade de David. Ezequias teve êxito em todos os seus empreendi­men­tos.31Todavia, quando os chefes da Babilónia lhe enviaram mensa­gens para se informar do pro­dígio que acontecera no país, Deus aban­donou-o para provar e conhe­cer o interior do seu coração.

32Os outros actos de Ezequias, as suas obras de misericórdia, tudo isso está escrito na visão do profeta Isaías, filho de Amós, e no Livro dos Reis de Judá e de Israel. 33Ezequias adormeceu com os seus pais e foi sepultado na subida que conduz aos sepulcros dos descendentes de Da­vid. Todo o Judá e os habitantes de Jerusalém celebraram com grande pompa as suas exéquias. Seu filho Manassés sucedeu-lhe no trono. 

2 Cr 33

Reinado de Manassés em Judá (698-643) (2 Rs 20,21-21,18) 1Manassés tinha doze anos quando começou a reinar. Reinou cin­quenta e cinco anos em Jerusa­lém.


Impiedade de Manassés2Pra­ticou o mal aos olhos do Senhor, imi­tando as abomináveis práticas das nações que o Senhor expulsava dian­te dos israelitas. 3Reconstruiu os lu­gares altos, que seu pai Eze­quias destruíra, erigiu altares ao deus Baal, mandou fazer troncos sagra­dos e pros­trou-se em adoração diante dos as­tros do céu, prestando-lhes culto. 4Edi­fi­cou mesmo altares no templo do Se­nhor, do qual Ele próprio dis­sera: «O meu nome resi­dirá para sem­pre em Jerusalém.» 5Erigiu alta­res para todo o exército celeste nos dois átrios do templo.6Fez pas­sar pelo fogo os seus pró­prios filhos no vale de Ben-Hinom. Entregou-se à astrologia, à adivi­nha­­ção e à magia, praticou a invocação dos mortos e a bruxaria e cometeu acções que desa­gradavam ao Se­nhor, provocando a sua indig­nação. 7Colocou também um ídolo escul­pido no templo de Deus, do qual Ele dissera a David e ao seu filho Salo­mão: «Neste templo e em Jeru­sa­­lém, que escolhi entre todas as tri­bos de Israel, farei residir o meu nome para sempre. 8E não mais con­duzirei os passos de Israel para longe da terra que dei a seus pais, desde que guardem e cumpram tudo quanto lhes ordenei por inter­mé­dio do meu servo Moisés: a Lei, os preceitos e os decretos que lhes prescrevi.»9Mas Manassés desen­ca­minhou Judá e os habitantes de Jerusalém a ponto de fazerem maio­res males que todas as nações que o Senhor aniquilara diante dos israe­litas. 10O Senhor falou a Manassés e ao seu povo, mas eles não lhe prestaram atenção.


Cativeiro e conversão11O Se­nhor mandou então vir contra ele os generais do exército do rei da As­síria. Prenderam Manassés com arpões, ataram-no com grilhões e conduzi­ram-no para a Babilónia. 12Na sua angústia, orou ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se profunda­mente diante do Deus de seus pais. 13O rei dirigiu-lhe uma prece e Ele ouviu a sua oração, reconduzindo-o a Jeru­salém e ao seu trono. Manassés reconhe­ceu, desse modo, que só o Senhor é o ver­dadeiro Deus. 14De­pois disto, cons­truiu um muro exte­rior à cidade de David, a oeste de Guion, no vale que ia até à entrada da porta dos Peixes e rodeava Ofel. Era muito alto. Co­locou, também, chefes militares em todas as cidades fortificadas de Judá. 15Fez desapa­re­cer do templo do Se­­nhor os deu­ses estrangeiros, o ídolo e todos os altares que construíra so­bre a mon­tanha do templo e em Jeru­sa­lém. Lançou-os para fora da cidade. 16Re­cons­truiu o altar do Senhor e ofere­ceu sobre ele vítimas e sacri­fícios de comunhão e de louvor. Or­de­­nou a Judá que servisse ao Se­nhor, Deus de Israel. 17No entanto, o povo conti­nuava ainda a sacrificar nos lu­ga­res altos, mas somente em hon­ra do Senhor, seu Deus.


Fim do reinado de Manassés (2 Rs 21,17) – 18O resto dos actos de Ma­nassés, a oração que dirigiu ao seu Deus e as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do Se­nhor, Deus de Israel, tudo isto está escrito nas Crónicas dos Reis de Israel 19A sua oração, a maneira como foi aten­dido, as suas faltas, a sua infideli­dade, os sítios onde edifi­cou os luga­res altos e onde erigiu os troncos sagrados assim como os ídolos, antes de se ter arrependido, tudo isto está escrito nas Actas dos Videntes. 20Ma­nassés adormeceu com os seus pais e foi sepultado na sua casa. Seu fi­lho Amon sucedeu-lhe no trono.


Reinado de Amon (642-640) (2 Rs 21,19-26) – 21Amon tinha a idade de vinte e dois anos quando come­çou a reinar. Reinou dois anos em Jeru­sa­lém. 22Praticou o mal aos olhos do Senhor, como seu pai Manassés.

Amon ofereceu sacrifícios e pres­tou culto a todos os ídolos que seu pai Manassés tinha feito. 23Mas não se humilhou diante do Senhor como seu pai Manassés; pelo contrário, cometeu delitos muito maiores. 24Os seus servos conjuraram-se contra ele e mataram-no na sua própria casa. 25Mas o povo castigou, com a morte, todos os que tinham conspi­rado con­tra o rei Amon e, em lugar dele, pro­clamou rei seu filho Jo­sias. 

2 Cr 34

Reinado de Josias (640-609) (2 Rs 22,1-20; 23,1-30) – 1Josias ti­nha oito anos quando começou a rei­nar e reinou trinta e um anos em Je­ru­salém. 2Praticou o que é recto aos olhos do Senhor, seguiu as pega­das de David, seu pai, sem se afas­tar nem para a di­reita nem para a esquerda.


Reformas em Judá3No oitavo ano do seu reinado, sendo ainda muito jovem, começou a seguir o Deus de David, seu pai, e, no dé­cimo se­gundo ano, começou a purificar Judá e Jerusalém dos lugares altos, dos troncos sagrados e dos ídolos de ma­deira ou de metal. 4Demoliram, na sua presença, os altares portá­teis de Baal; ele próprio despedaçou os altares de incenso que estavam so­bre os altares. Destruiu os troncos sagrados, os ídolos de madeira ou de metal, reduzindo-os a pó, que espa­lhou sobre os túmulos dos que lhes tinham oferecido sacrifícios; 5quei­mou os ossos dos sacerdotes sobre os seus altares.

Assim, purificou Judá e Jerusa­lém. 6Fez o mesmo nas cida­des de Manassés, de Efraim e Si­meão e até mesmo de Neftali e nos territórios vi­zinhos; 7demoliu os alta­res, os tron­cos sagrados e os ídolos, reduzindo-os a pó, e destruiu todos os altares por­táteis de incenso por todo o país de Israel. Depois regres­sou a Jerusalém.


Reconstrução do templo – 8No décimo oitavo ano do seu reinado, após ter purificado o país e o tem­plo, o rei enviou Chafan, filho de Asa­lias, Massaías, governador da cidade, e o arquivista Joá, filho de Joacaz, para cuidarem da restaura­ção do templo do Senhor, seu Deus.9Apresenta­ram-se ao Sumo Sacer­dote Hilquias e entregaram o di­nheiro trazido ao templo de Deus, que os levitas por­teiros haviam recolhido de Manas­sés, de Efraim e de todo o resto de Israel, assim como de Judá, de Ben­ja­mim e dos habi­tan­tes de Jerusa­lém. 10Entregaram este dinheiro aos empreiteiros e en­car­regados dos tra­balhos do templo do Senhor. Entre­ga­ram-no para todas as obras de reparação e de restauração do tem­plo. 11Estes en­tre­garam-no aos car­pin­teiros e aos pedreiros para a com­­pra de pedras de cantaria, ma­deiras de carpinta­ria e traves destinadas às constru­ções que os reis de Judá deixaram cair em ruínas. 12Esses homens cum­priram fielmente a sua tarefa. Como inspectores, e para os dirigir, tinham Jaat e Abdias, levi­tas da linhagem de Merari, Zacarias e Mechulam, da linhagem de Queat, todos eles levitas hábeis em tocar instrumentos de música. 13Vigia­vam os carregadores e diri­giam todos os trabalhadores, segundo a sua profis­são. Havia ainda levitas que eram secretários, comissários e porteiros.


Descoberta do livro da Lei (2 Rs 22,3-13) – 14No momento em que se retirava o di­nheiro que tinha sido levado ao tem­plo do Senhor, o sa­cer­dote Hil­quias descobriu o livro da Lei do Senhor, dada por Moisés. 15Disse então Hil­quias ao escriba Chafan: «Encontrei o livro da Lei no templo do Senhor.» E entregou-o a Chafan. 16O escriba Chafan levou-o ao rei e fez-lhe o se­guinte relato: «Os teus ser­vos fize­ram tudo o que lhes con­fiaste: 17fundi­ram a prata encon­trada no templo do Senhor e entrega­ram-na aos en­carregados e aos em­preiteiros dos trabalhos.» 18O escri­ba Chafan disse ainda ao rei: «O sacerdote Hil­quias entregou-me este livro.» E co­me­çou a ler o livro na presença do rei.

19Ao escutar as palavras da Lei, o rei rasgou as suas vestes. 20Em se­guida, deu esta ordem a Hilquias, a Aicam, filho de Chafan, a Abdon, fi­lho de Mica, ao escriba Chafan e ao funcionário real Asaías:

21«Ide e consultai o Senhor em meu nome e em nome do resto de Israel e de Judá, a respeito das pala­vras deste livro acabado de encon­trar, porque grande é a ira do Se­nhor que se irá desencadear sobre nós, pois os nos­sos pais não observaram a pa­lavra do Senhor nem cumpriram tudo o que está escrito neste livro.»


A profetisa Hulda (2 Rs 22,14-20) – 22Hil­quias e aqueles que o rei desi­g­nara foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Chalum, filho de Toqueat, filho de Harsa, guarda do vestiário, a qual habitava em Jeru­sa­lém, na cidade nova. Disseram-lhe o que tinha acon­­tecido. 23Ela res­pon­deu-lhes: «Isto diz o Senhor, Deus de Israel: Dizei àquele que vos enviou a mim: 24‘Isto diz o Senhor: Vou en­viar sobre este lugar e sobre os seus habitantes todas as calamida­des, to­das as mal­dições escritas neste livro, que foi lido na presença do rei de Judá. 25Já que eles me abandona­ram e ofere­ceram incenso a outros deu­ses, irri­tando-me com todas as obras das suas mãos, o meu furor vai infla­mar-se con­tra este lugar e jamais cessará.

26Mas ao rei de Judá que vos enviou a consultar o Se­nhor, direis: Isto diz o Senhor, Deus de Israel, a res­peito das palavras que ouviste: 27Por­­que o teu coração se comoveu e te humilhaste diante de Deus ao ou­vi­res o que está escrito contra este lugar e os seus habi­tantes e, tre­mendo diante de mim, rasgaste as tuas ves­­tes e choraste na minha presença, também Eu te ouvirei, diz o Se­nhor. 28Vou reunir-te aos teus pais: serás depositado em paz no teu sepulcro; os teus olhos nada verão da catás­trofe que vou enviar sobre este lugar e sobre os seus habi­tantes.’»

E vieram referir ao rei tudo quan­­­to ouviram.


Renovação da aliança (2 Rs 23,1-2) – 29Então o rei Josias convocou todos os an­ciãos de Judá e de Jerusalém. 30De­pois, ele próprio subiu ao templo do Senhor seguido pelos homens de Judá e habi­tantes de Jerusalém, pelos sacerdo­tes, pelos levitas e por todo o povo, desde o maior ao me­nor. Pro­cla­mou-lhes integralmente as pa­lavras do livro da aliança, encontrado no tem­plo do Senhor. 31Pondo-se de pé so­bre um estrado, o rei fez uma alian­ça na presença do Senhor, se­gundo a qual se compro­metia a seguir o Se­nhor, a guardar os seus manda­men­tos, as suas or­dens e os seus pre­cei­tos, de todo o seu coração e com toda a sua alma, cumprindo todas as pala­vras da aliança escritas nesse livro. 32Fez com que entrassem nessa aliança todos os que se encontra­vam em Jeru­­salém e Benjamim; e os habi­­tantes de Jerusalém agiram segun­do a aliança de Deus, Deus de seus pais.

33Deste modo, Josias fez desa­pa­re­cer as abominações de todos os países dos filhos de Israel e obrigou todos os que se encontra­vam em Is­rael a servirem o Senhor, seu Deus. Enquanto viveu, não se afastaram do Senhor, Deus dos seus pais.

 

2 Cr 35

Celebração solene da Pás­coa (Ex 12,1-28; 2 Rs 23,21-23) – 1Jo­sias celebrou em Jerusalém a Pás­coa do Senhor. Imolaram esta Páscoa no décimo quarto dia do pri­meiro mês. 2Restabeleceu os sacer­dotes nas suas funções e animou-os a cumpri­rem o seu ministério no tem­plo do Se­nhor. 3Disse aos levitas que instruíam todo o Israel e que es­ta­vam consagrados ao Senhor:

«De­po­sitai a Arca santa no templo construído por Salomão, filho de Da­vid, rei de Israel. Não mais tereis de a transportar sobre os vos­sos ombros. Agora permanecereis ao serviço do Senhor, vosso Deus, e do seu povo de Israel. 4Organizai-vos segundo a or­dem das vossas famí­lias e das vossas classes, conforme as pres­crições de David, rei de Is­rael, e de Salomão, seu filho. 5Ocu­pai os vos­sos lugares no santuário, por tur­nos, ao serviço das famílias patriarcais e de vossos irmãos: um turno de levi­tas para cada família patriarcal. 6Imo­lareis a Pás­coa e san­tificar-vos-eis, a fim de a pre­parar para os vossos irmãos, con­forme a palavra do Se­nhor transmitida por Moisés.»

7Jo­sias deu ao povo, a todos quan­tos ali se encontravam, gado miúdo, cor­dei­ros e cabritos em número de trinta mil, tudo para a Páscoa, e acres­­­cen­tou três mil bois, tudo tirado do pa­trimónio real. 8Os funcionários do rei deram também, espon­tanea­mente, presentes ao povo, aos sacerdotes e aos levitas. Hil­quias, Zacarias e Jaiel, prefeitos do templo de Deus, deram aos sacer­do­tes, para a Páscoa, dois mil e seis­centos cordeiros e trezen­tos bois. 9Cananias, Chemaías e Nata­nael, seus irmãos, Hasabias, Jeiel e Joza­bad, chefes dos levitas, deram aos levitas, para a Páscoa, cinco mil cor­deiros e quinhentos bois.

10O serviço foi preparado do se­guinte modo: os sacerdotes toma­ram o seu lugar e os levitas as suas fun­ções, segundo a ordem que o rei deter­minara. 11Imolaram o cordeiro pascal: os sacerdotes derramavam o sangue que recebiam das mãos dos levitas, enquanto estes esfolavam as víti­mas. 12Puseram à parte os holocaustos para os dar aos grupos das famílias do povo, para que os oferecessem ao Senhor, como está prescrito no livro de Moisés. Fize­ram o mesmo com os bois. 13De acor­do com o rito pres­crito, assaram o cordeiro pascal no fogo. Cozeram as oferendas consagradas em panelas, caldeirões e sertãs e de­pois distri­buíram-nas a todo o povo. 14Em se­guida prepararam tudo para si e para os sacerdotes, pois os sacer­­do­tes, filhos de Aarão, estiveram ocu­pa­dos até à noite em oferecer os holo­­caustos e as gorduras; por isso, os levitas prepararam as carnes para si mesmos e para os sacerdotes, filhos de Aarão. 15Os cantores, filhos de Asaf, estavam no seu posto, segundo as disposições de David, de Asaf, de Heman e de Jedutun, vi­dente do rei. Os porteiros estavam cada um na sua porta; não preci­saram de aban­donar o seu posto, porque os seus irmãos, os levitas, prepararam tudo para eles. 16Assim se organizou na­quele dia todo o serviço do Senhor segundo a ordem do rei Josias, para celebrar a Páscoa e oferecer os holo­caustos no altar do Senhor.

17Os fi­lhos de Israel ali pre­sentes cele­bra­ram naquela data a Páscoa e a festa dos Ázimos, du­rante sete dias. 18Ne­nhuma Páscoa seme­lhante a esta fora celebrada em Israel, desde o tempo do profeta Samuel; nenhum rei de Israel cele­brara uma Páscoa semelhante àque­la que celebraram Josias, os sacer­dotes e os levitas, com todos os de Judá e Israel ali pre­sen­tes e os ha­bi­tantes de Jerusalém. 19Foi no dé­cimo oitavo ano do rei­nado de Josias que se celebrou esta Páscoa.


Fim do reinado de Josias (2 Rs 23,28-30) – 20Depois de tudo isto e da reparação do templo feita por Josias, Necao, rei do Egipto, mar­chou sobre Carquémis, pelo Eufrates, com uma expedição militar. Josias saiu-lhe ao encontro. 21Necao enviou-lhe mensa­­gei­ros para lhe dizer: «Não tenho nada a ver contigo, rei de Judá! Hoje não venho contra ti, mas contra uma dinastia com a qual estou em guerra. E Deus disse-me que me apres­sasse. Não te oponhas a Deus, que está co­migo, pois Ele deitar-te-á a perder.»

22Mas Josias não quis voltar atrás, porque pro­curava uma ocasião para o atacar. Longe de escutar as pala­vras de Ne­cao, vindas da boca de Deus, atacou-o na passagem de Me­guido. 23Os arqueiros dispararam sobre o rei Jo­sias, e o rei disse aos seus sol­da­dos: «Levai-me, porque estou gra­ve­­mente ferido.» 24Eles tiraram-no do seu carro, colocaram-no num outro que ali havia e levaram-no para Je­rusalém. Morreu e foi sepul­tado no sepulcro de seus pais. Jo­sias foi cho­rado por todos os habi­tantes de Judá e Jerusalém.

25Jeremias compôs uma lamen­ta­ção fúnebre sobre Josias. Todos os cantores e cantoras repetem ainda hoje as suas lamentações; isto tor­nou-se lei para Israel. Estes cantos fúnebres estão escritos nas Lamen­tações. 26Os outros actos de Josias, as suas boas obras, segundo o que está escrito na Lei do Senhor, 27os seus feitos e façanhas, dos primei­ros aos últimos, tudo isso está escri­to no Livro dos Reis de Israel e de Judá.

 

2 Cr 36

FIM DO REINO DE JUDÁ

Reis vassalos da Babilónia (2 Rs 23,31-25,30)


Reinado de Joacaz em Judá (609) (2 Rs 23,31-34) – 1Então o povo do país elegeu Joacaz, filho de Josias, e proclamou-o rei em Jeru­sa­lém, em lugar de seu pai. 2Joacaz tinha a idade de vinte e três anos quando começou a reinar, e reinou três meses em Jerusalém.

3O rei do Egipto destronou-o em Jerusalém e impôs ao país um tri­buto de cem talentos de prata e um talento de ouro. 4Em seu lugar, Necao pôs no trono de Judá e Jerusalém Elia­­quim, seu irmão, a quem mudou o nome para Joaquim. E levou con­sigo para o Egipto o seu irmão Joacaz.


Reinado de Joaquim (609-598) (2 Rs 23,34-24,6) – 5Joaquim tinha vin­te e cinco anos quando foi elevado ao trono; reinou onze anos em Jeru­sa­lém. Pra­ticou o mal aos olhos do Se­nhor, seu Deus.

6Nabucodo­no­sor, rei da Babiló­nia, atacou-o, prendeu-o com cadeias de bronze e levou-o para a Babi­ló­nia. 7Nabuco­do­nosor le­vou, junta­mente com ele, os objec­tos do templo do Se­nhor para o seu palácio da Babi­lónia.

8O resto da história de Joaquim, as suas abominações, tudo o que o tornou culpado, está escrito no Li­vro dos Reis de Judá e Israel. Seu filho Joiaquin sucedeu-lhe no trono.


Reinado de Joiaquin (598-597) (2 Rs 24,6-9) – 9Joiaquin tinha oito anos quando começou a reinar e rei­nou três meses e dez dias em Jeru­salém. Praticou o mal aos olhos do Senhor.

10No fim do ano, o rei Na­buco­do­no­sor enviou uma expedição a fim de o levar para a Babilónia com os objec­tos preciosos do templo do Senhor. E proclamou rei de Judá e de Jeru­salém Sede­cias, seu pa­rente.


Reinado de Sedecias (597-587) (2 Rs 24,17-20) – 11Sedecias tinha vinte e um anos quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jeru­salém. 12Pra­­ticou o mal aos olhos do Se­nhor, seu Deus, e não se humi­lhou diante do profeta Jeremias que lhe viera falar da parte do Senhor.13Re­voltou-se mesmo contra o rei Nabu­codonosor, ao qual jurara fide­lidade em nome de Deus. Endure­ceu a sua cerviz, tor­nou inflexível o seu coração e não se converteu ao Senhor, Deus de Israel.


Deportação para a Babilónia (Jr 52,28-30) – 14Todos os chefes dos sacer­dotes e o povo continuaram a multi­plicar as suas prevaricações, imi­tando as prá­ticas abomináveis das nações, e pro­fanaram o templo que o Senhor con­sagrara em Jerusalém.

15O Se­nhor, Deus de seus pais, en­viou-lhes cons­tantemente advertên­cias por meio de mensageiros, para os admoes­tar, pois queria perdoar ao seu povo e à sua própria casa. 16Eles, porém, escar­neceram dos seus conse­lhos e riram-se dos seus profetas, até que a ira do Senhor caiu sem remé­dio sobre o seu povo.

17Então, Deus enviou contra eles o rei dos caldeus, que mandou ma­tar os jovens no próprio san­tuário, não poupando adolescentes, nem don­­ze­las nem anciãos. O Se­nhor entre­gou tudo nas suas mãos. 18Nabuco­do­nosor tirou todo o mobi­liá­rio do templo de Deus, os objectos grandes e pequenos, os tesouros do templo do Senhor, do palácio real e dos chefes, e levou-os para a Babi­ló­nia. 19Incendiaram o templo de Deus, des­truíram as muralhas de Jerusa­lém, queimaram os seus palácios e todos os tesouros foram destruídos.

20Nabucodonosor levou cativos para a Babilónia todos os que esca­param à espada, e teve-os ali como escravos, dele e de seus filhos, até ao começo da dominação persa.

21Assim se cumpriu a profecia que o Senhor pronunciara pela boca de Jeremias: «Até que o país des­frute dos seus anos sabáticos – pois o país ficou inculto durante todo este período de desolação – até se com­ple­tarem os setenta anos.»


Édito de Ciro (538) (Esd 1,1-3) – 22No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cum­prisse a promessa do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor agiu sobre o espírito de Ciro, rei da Pér­sia, que mandou pu­blicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte pro­clamação:

23«Assim fala Ciro, rei da Pér­sia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra e encar­regou-me de lhe cons­truir um temp­lo em Jeru­salém, cidade de Judá. Quem de vós pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele e se ponha a caminho.» 

Esdras

Os livros de Esdras e de Neemias for­ma­vam um só “Livro de Es­dras”, na Bíblia He­­braica e na versão grega dos Setenta. Como esta ver­­são recolhia também o livro apócrifo grego de Esdras e lhe dava o pri­meiro lugar (1 Esdras), o livro de Esdras-Neemias era deno­mi­nado 2 Esdras. Na época cristã foi dividido em dois. A Vulgata latina adoptou essa divisão em 1 Esdras (=Esdras) e 2 Esdras (=Neemias), reser­vando ao apócrifo grego a designação de 3 Esdras. A designação dos dois livros a partir das respect­i­vas personagens principais, Esdras e Neemias, é mais recente, mas foi assi­mi­lada mesmo nas edições impressas da Bíblia mas­sorética.


AUTORIA E DATAÇÃO

Não é dada qualquer indicação sobre o autor destes livros, mas admite-se ser um só: o mesmo chamado Cronista, que redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crónicas, segui­dos de Esdras e Neemias. Um dos indícios mais significativos é a identi­dade entre os últimos versículos de 2 Crónicas (36,22-23) e os primeiros ver­sí­culos de Esdras (1,1-3), o que sugere a continuidade da narrativa. Pode, assim, situar-se esta obra nos finais do séc. IV ou início do séc. III a.C..


QUESTÃO CRONOLÓGICA

Discute-se qual dos dois deverá ser colocado em primeiro lugar. Muitos preferem a sucessão Neemias-Esdras; mas ainda não se encontrou uma solução satisfatória para estabel­e­cer a cronologia dos acontecimentos em questão. O texto fala da chegada de Esdras a Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes (Esd 7,7) e indica a sua actividade refor­ma­dora (Esd 8-10); depois, vem Neemias, no vigésimo ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e a sua preo­cupação pela reconstrução das muralhas (Ne 1-7); surge outra vez Esdras, para a leitura solene da Lei (Ne 8-9); e, finalmente, Neemias, por ocasião de uma segunda estadia em Jerusalém, no ano 32.° de Arta­xer­xes (Ne 13,6-7).

Teriam estado estes dois homens ao mesmo tempo em Jerusalém, a tra­ba­lhar independentemente? A resposta mais aceitável é a seguinte: a activi­dade de Neemias seria toda ela anterior a Esdras (Ne 1-7 e 10-13, onde aparece como construtor e reformador); mais tarde, talvez no ano 7.° de Artaxerxes II (e não Artaxerxes I), por volta de 398-397 a.C., veio Esdras a Jerusalém: empreendeu reformas (Esd 7-10), restaurou o culto e fez a solene leitura pública da Lei (Ne 8-9). Ao aplicar a sua perspectiva teológica a este emaranhado de dados, o redactor final é que terá desorganizado a crono­logia real dos acontecimentos.

No entanto, não se pode negar ou diminuir o valor histórico das infor­mações veiculadas por estes livros. Concordam perfeitamente com os dados das fontes bíblicas e profanas, como, por exemplo, os papiros das ilhas Ele­fantinas (Egipto).


DOCUMENTAÇÃO UTILIZADA

Na composição destes dois livros, o Cro­nista utilizou como fontes diversos documentos antigos (entre eles, as memó­rias pessoais das duas personagens em questão), que ele reproduziu e orga­nizou, relacionando-os uns com os outros, segundo a sua visão teológica, de forma a obter um conjunto harmonioso. Assim, podem encontrar-se:

a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas, como as de Esd 2 e Ne 7,6-68; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico (correspondência diplo­mática, decretos oficiais: Esd 4,6-6,18; 7,12-26;

b) memórias de Esdras (Esd 7-10), com partes redigidas na primeira pessoa (Esd 7,27-9,15) e outras na terceira: Esd 7,1-10; 10; Ne 8-9;

c) memórias de Neemias: Ne 1-7; 10; 12,27-13,31.


DIVISÕES E CONTEÚDO

O livro de Esdras divide-se em duas grandes partes:

I. Regresso do Exílio e reconstrução do templo: 1,1-6,22;
II. Organização da comunidade: 7,1-10,44.

O livro de Neemias consta também de duas partes:

I. Reconstrução das muralhas de Jerusalém: 1,1-7,72;
II. Proclamação da Lei e Reformas: 8,1-13,31.

Estas duas partes andam à volta de certos temas dominantes, que se apresentam por esta ordem:

1. Neemias passa da corte persa para governador de Jerusalém: 1-2;
2. Construção das muralhas, apesar de inúmeras dificuldades: 3-6;
3. Recenseamento do povo, celebração da Lei e renovação da aliança: 7-10;
4. Repovoamento de Jerusalém e das terras da Judeia: 11;
5. Medidas para garantir o culto e a pureza dos costumes: 12-13.


PERSPECTIVA TEOLÓGICA

Es­dras e Neemias narram aconteci­men­tos ocorridos logo após o édito de Ciro (538 a.C.), que permitia o re­gresso do cativeiro da Babilónia. Mos­trando a situação difícil dos re­patriados, fazem sobressair o es­forço pela restauração do povo, no aspecto mate­r­­ial e reli­gioso.

Contêm uma admirável mensa­gem doutrinal, centrada em três preo­­cupa­ções fundamentais: o templo, a cidade de Jerusalém e a comuni­dade do povo de Deus.

Após as pro­vas do Exílio, com as suas más consequências no aspecto religioso, o povo organiza-se numa grande unidade nacional e reli­giosa.

Meditando na Lei, compreende como o castigo lhe foi man­dado por Deus, devido à sua infidelidade, e co­mo, apesar de tudo, a miseri­cór­dia divina se mantém para com o resto de Israel, detentor das grandes pro­messas em relação ao Messias. A Palavra de Deus é, assim, a base da reconstrução do povo que volta do Exílio.

Esd 1

I. REGRESSO DO EXÍLIO E RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO (1,1-6,22)


Édito de Ciro (2 Cr 36,22-23; Jr 25,1-14; 29,10; Zc 1,12; Ag 1,14) – 1No pri­meiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cum­prisse a pa­lavra do Senhor pro­nun­ciada por Jeremias, o Senhor ins­pirou Ciro, rei da Pérsia, o qual mandou publi­car em todo o seu rei­no, de viva voz e por escrito, o seguin­te decreto:

2«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: ‘O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e encar­regou-me de lhe construir um tem­plo em Je­ru­­salém, cidade de Judá. 3Quem de vós pertence ao seu povo? Que o seu Deus esteja com ele. Suba a Jerusa­lém, que fica na terra de Ju­dá, e cons­­trua o templo do Senhor, Deus de Is­­rael, o Deus que reside em Jerusa­lém. 4Todos os sobrevi­ventes, onde quer que habitem, se­jam providos – pe­­los habitantes das localidades onde se encontram – de prata, ouro, cereais, gado e ofertas voluntárias para o tem­plo do Deus que reside em Jeru­sa­lém.’»


Regresso do exílio5Assim, os chefes das famílias de Judá e de Ben­jamim, os sacerdotes e levitas e todos aqueles a quem Deus movera os cora­ções, prepararam-se para ir reedi­fi­car o templo do Senhor que está em Jerusalém.

6Todos os que viviam nas redon­dezas ajudaram-nos, dando-lhes pra­­­ta, ouro, bens diversos, gado, ce­reais e coisas preciosas, além de outras ofer­­tas voluntárias. 7O rei Ciro en­tre­gou, também, os utensílios que Na­buco­donosor tinha retirado do templo do Senhor em Jerusalém e colocado no templo do seu deus. 8 Ciro, rei da Pér­sia, entregou-lhos por meio de Mitrí­dates, o tesou­reiro, que os deu a Ses­baçar, príncipe de Judá. 9Eis o seu número: trinta ba­cias de ouro, mil bacias de prata, vinte e nove facas, 10trinta taças de ouro, quatrocentas e dez taças de prata e mil outros uten­sílios. 11Os utensílios de ouro e prata eram ao todo em número de cinco mil e qua­trocentos. Sesbaçar levou tudo isso quando os exilados regres­sa­ram da Babilónia a Jerusalém. 

Esd 2

Lista dos repatriados (Ne 7,4-72) 1De entre os cativos que Nabu­co­­donosor, rei da Babilónia, de­por­tara para a Babilónia, são os seguintes os cidadãos da província que se pu­se­ram a caminho, para re­gressar a Jerusa­lém e à Judeia, cada um à sua ci­dade. 2Voltaram com Zorobabel, Jesua, Nee­­mias, Seraías, Raelaías, Mardo­queu, Bilchan, Mis­par, Bigvai, Reum e Baana.

Número dos homens do povo de Israel: 3filhos de Parós: dois mil cen­to e setenta e dois; 4filhos de Che­fatias: trezentos e setenta e dois; 5fi­lhos de Ara: setecentos e setenta e cinco; 6filhos de Paat-Moab, da des­cendência de Jesua e Joab: dois mil oitocentos e doze; 7filhos de Elam: mil duzentos e cinquenta e quatro; 8fi­lhos de Zatú: novecentos e qua­renta e cinco; 9filhos de Zacai: sete­centos e sessenta; 10filhos de Bani: seis­cen­tos e quarenta e dois; 11filhos de Bebai: seiscentos e vinte e três; 12filhos de Azegad: mil duzen­tos e vinte e dois; 13filhos de Adoni­cam: seiscentos e sessenta e seis; 14fi­lhos de Bigvai: dois mil e cin­quenta e seis; 15filhos de Adin: quatrocentos e cin­quenta e qua­tro;16filhos de Ater, da família de Eze­quias: noventa e oito; 17filhos de Beçai: trezentos e vinte e três; 18filhos de Jora: cento e doze; 19filhos de Ha­chum: duzentos e vinte e três; 20filhos de Gui­bar: noventa e cinco; 21filhos de Belém: cento e vinte e três; 22homens de Netofa: cinquenta e seis; 23ho­mens de Anatot: cento e vinte e oito; 24fi­lhos de Azemávet: quarenta e dois; 25filhos de Quiriat-Iarim, de Ca­fira e de Beerot: setecentos e qua­renta e três; 26filhos de Ramá e de Gaba: seis­centos e vinte e um; 27ho­mens de Mic­más: cento e vinte e dois; 28homens de Betel e de Ai: duzentos e vinte e três; 29filhos de Nebo: cin­quenta e dois; 30fi­lhos de Magbis: cento e cinquenta e seis; 31filhos do outro Elam: mil du­zentos e cin­quenta e quatro; 32filhos de Harim: trezen­tos e vinte; 33filhos de Lod, de Hadid e de Ono: setecen­tos e vinte e cinco; 34filhos de Jericó: tre­zentos e quarenta e cinco; 35filhos de Senaá: três mil seiscentos e trinta.


Sacerdotes, levitas e nati­neus (Ne 7,39-65; Js 9,14-18; 1 Cr 9,2) – 36Sa­cer­dotes, filhos de Jedaías, da casa de Jesua: nove­cen­tos e setenta e três; 37filhos de Imer: mil e cin­quen­­ta e dois; 38filhos de Pachiur: mil duzen­tos e quarenta e sete; 39fi­lhos de Harim: mil e dezas­sete.

40Levitas, filhos de Jesua e de Ca­­dmiel, descendentes de Hodavias: se­­tenta e quatro. 41Cantores, filhos de Asaf: cento e vinte e oito.

42Porteiros, filhos de Chalum, fi­lhos de Ater, filhos de Talmon, fi­lhos de Acub, filhos de Hatita, filhos de Cho­bai: ao todo, cento e trinta e nove.

43Natineus: filhos de Sia, filhos de Hassufa, filhos de Tabaot; 44fi­lhos de Querós, filhos de Siá, filhos de Pa­don; 45filhos de Lebana, filhos de Ha­gaba, filhos de Acub; 46filhos de Ha­gab, fi­lhos de Salmai, filhos de Hanan; 47filhos de Guidel, filhos de Gaar, filhos de Reaías; 48filhos de Re­cin, filhos de Necoda, filhos de Ga­zam; 49filhos de Uzá, filhos de Pas­sea, fi­lhos de Besai, 50filhos de Asená, fi­lhos de Meunim, filhos de Nefus­sim; 51filhos de Bacbuc, filhos de Ha­cufa, filhos de Harur, 52filhos de Bacelut, filhos de Maída, filhos de Harsa, 53fi­lhos de Bar­cos, filhos de Sísera, filhos de Te­ma; 54filhos de Necia, filhos de Hatifa.


Servos de Salomão e outros55Os filhos dos escravos de Salo­mão: filhos de Sotai, filhos de Sofé­ret, filhos de Perudá; 56filhos de Jaala, filhos de Darcon, filhos de Guidel, 57filhos de Chefatias, filhos de Hatil, filhos de Poquéret-Hacebaim, filhos de Ami. 58Total dos natineus e dos filhos dos escravos de Salomão: tre­zentos e noventa e dois.

59Estes são os que partiram de Tel-Mela, de Tel-Harcha, de Que­rub-Adon e de Imer, dos quais não se pode saber se pertenciam ao povo de Israel pela família ou raça de que des­cendiam: 60filhos de Delaías, fi­lhos de Tobias, filhos de Necoda: seis­cen­tos e cinquenta e dois. 61E entre os sacer­dotes: filhos de Ha­baías, filhos de Ha­cós, filhos de Bar­zilai, assim chamado por ter tomado por esposa uma das fi­lhas de Barzilai de Gui­lead. 62Eles procura­ram esclarecer a sua genea­lo­gia, mas não a puderam en­contrar, pelo que fo­ram excluídos do sacer­dó­cio. 63O governador proibiu-os de comer coi­sas sagradas, até en­con­tra­rem um sacerdote que consul­tasse a Deus, mediante os dados sagrados.

64O total do povo reunido era de quarenta e duas mil trezentas e ses­senta pessoas, 65sem contar os escra­­vos e as escravas, em número de sete mil trezentos e trinta e sete. Ti­nham consigo, também, duzentos can­tores e cantoras. 66Levavam sete­­centos e trinta e seis cavalos, duzentos e qua­renta e cinco mulas, 67quatro­centos e trinta e cinco camelos e seis mil setecentos e vinte jumentos.


Generosidade espontânea68Vá­­rios chefes de família, ao chegarem ao templo do Senhor, fizeram ofer­tas voluntárias para a restauração do templo de Deus. 69Contribuíram para os tesouros da construção, cada um segundo as suas posses, com ses­senta e um mil dáricos de ouro, cinco mil minas de prata e cem vestes sa­cerdotais. 70Os sacerdotes, os levitas, as pessoas do povo, os cantores, os porteiros e os natineus estabelece­ram-se nas suas respecti­vas cida­des. E todos os israelitas habitaram cada um na sua cidade.

 

Esd 3

Restauração do altar e do culto (Lv 23,23-43; Nm 28,3-8; 1Rs 5,20-25; 1 Cr 22,3-4) – 1Quando chegou o sétimo mês, todos os filhos de Israel, que estavam nas suas ci­dades, reuni­ram-se em Jerusalém, como se fossem um só homem. 2En­tão, Jesua, filho de Jocédec, e os seus irmãos sacer­dotes, bem como Zoro­ba­bel, filho de Salatiel, e os seus irmãos principia­ram a reconstrução do altar do Deus de Israel e ofere­ceram holocaustos, como prescrevia a lei de Moisés, ho­mem de Deus.

3Reconstruíram o altar sobre as an­ti­gas bases, apesar do medo que tinham dos povos cir­cun­vizinhos, e ofereceram holo­caus­tos ao Senhor de manhã e de tarde. 4Celebraram a festa das Tendas, como está pres­crito, e ofe­re­ce­ram holocaustos quo­tidiana­mente, con­forme o número pres­crito para cada dia. 5Depois, ofe­­re­ceram o holo­­causto perpétuo, o da Lua-nova e de todas as sole­ni­dades consa­gradas ao Senhor, as­sim como os daqueles que faziam ofertas vo­lun­tárias ao Senhor.


Reconstrução do templo6No primeiro dia do sétimo mês, come­­çaram a oferecer holocaustos ao Se­nhor, mas os fundamentos do tem­plo do Senhor não estavam ainda lan­çados. 7Foram, então, contrata­dos canteiros e carpinteiros, aos quais deram dinheiro; e aos habi­tantes de Sídon e de Tiro deram víveres, azeite e vinho, para que trou­xessem por mar a madeira dos cedros, desde o Lí­bano até Jope, segundo a autori­za­ção que lhes dera Ciro, rei da Pérsia.

8No segundo ano da sua che­gada ao templo de Deus em Jerusa­lém, no segundo mês, Zorobabel, filho de Salatiel, e Jesua, filho de Jocédec, com os seus irmãos, os sacer­dotes, os levitas e todos os que tinham re­gressado do cativeiro a Jerusa­lém, puseram-se a trabalhar e estabele­ce­ram os levitas, de vinte anos para cima, como encarregados da direc­ção dos trabalhos do templo do Senhor. 9Jesua, com os seus ir­mãos e filhos, Cadmiel, Binui e Ho­da­vias, como se fossem um só ho­mem, dirigiam os que trabalhavam na construção do templo de Deus; o mesmo fizeram os filhos de Hena­dad, com seus filhos e irmãos, que eram levitas. 10Logo que os pedrei­ros lançaram os funda­men­­tos do tem­plo do Senhor, apresen­ta­ram-se os sacerdotes ornamenta­dos, para assistir à cerimónia, com as trom­be­tas, e os levitas, filhos de Asaf, com os címbalos, para louvar o Se­nhor, segundo as ordens de David, rei de Israel. 11Entoaram ao Senhor este cântico de louvor: «Porque Ele é bom e o seu amor para com Israel é eterno!» E todo o povo soltou ex­cla­mações de alegria para cele­brar o Se­nhor, por ocasião do lança­mento dos alicerces do seu templo.

12E, enquanto muitos gritavam jubilosos de alegria, alguns sacer­do­­tes, levitas e chefes de família já ido­­sos, que tinham visto o primeiro tem­­plo, choravam em voz alta, ao presenciar o lançamento dos alicer­ces do novo edifício. 13Era impos­sí­vel distinguir os gritos de alegria dos cla­mores daqueles que chora­vam, pois todo o povo gritava em altos brados, e o eco das suas vozes podia ouvir-se de muito longe.

Esd 4

Interrupção das obras do tem­plo (2 Rs 17,24-41; Ag 1,2-4; Zc 8,9-10) – 1Os inimigos de Judá e de Benja­mim, ao saber que os repa­tria­dos es­ta­vam a construir um templo ao Se­nhor, Deus de Is­rael, 2foram pro­curar Zoro­babel e os chefes de famí­lia e disse­ram-lhes: «Deixai-nos cons­truir con­vosco, por­que, como vós, hon­ramos também o vosso Deus e oferecemos-lhe sacrifí­cios, desde que Assara­don, rei de Assíria, nos trouxe para aqui.» 3Mas Zorobabel, Jesua e os outros chefes das famílias de Israel res­pon­­deram-lhes: «Não é conveniente que nós e vós construamos em conjunto a morada do nosso Deus: somente nós havemos de construí-la ao Se­nhor, Deus de Israel, como nos or­denou Ciro, rei da Pérsia.» 4Disto resul­tou que os homens daquela terra intimidavam e inquietavam o povo de Judá para que não trabalhasse. 5Subornaram contra eles alguns con­selheiros para que frustrassem a sua obra. Isto durou desde o reinado de Ciro até ao de Dario, reis da Pérsia.


Acusação à corte6No reinado de Assuero, logo no início do seu governo, escreveram uma carta de acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém. 7Depois, no tempo de Artaxerxes, Bislam, Mitrí­dates, Tabiel e os seus colegas es­cre­veram ao mesmo Artaxerxes, rei da Pérsia. A carta foi escrita em carac­­­teres ara­maicos e traduzida em aramaico. 8Reum, governador, e o secretá­rio Chimechai escreve­ram a Artaxer­xes, a respeito de Jeru­sa­lém, uma carta que continha o se­guinte: 9«Reum, governador, Chime­chai, secretário, e os seus colegas de Din, de Afar­sa­tac, de Terfal, de Afarsa, de Ercua, de Babilónia, de Susa, de Dea, do Elam 10e os outros povos que o grande e ilustre Asna­par trouxe consigo e ins­talou em paz na localidade de Sa­ma­­ria e nas outras regiões da outra margem do rio.»

11Eis a cópia da carta que envia­ram a Artaxerxes: «Os teus servos, os povos da outra margem do rio, saú­dam-te. 12Saiba o rei que os ju­deus que partiram do teu país para vir para o meio de nós, para Jeru­sa­lém, reconstroem esta cidade má e rebelde, levantando os muros e res­taurando-lhe os fundamentos. 13Saiba também o rei que, se esta cidade for recons­truída e os seus muros levan­tados, os seus habitan­tes não paga­rão mais impostos nem tributos nem rendas, o que será causa de prejuízo para os reis. 14Nós, porém, tendo em vista o sal que comemos no teu pa­lácio e não achando conveniente ver menospre­zado o rei, transmitimos-te estas in­formações, 15para que man­­des con­sultar os livros de re­gisto dos teus pais. Aí verás como esta ci­dade é uma cidade rebelde, funesta aos reis e às suas pro­vín­cias, e como já nos anti­gos tempos se deram nela rebeliões. Por isso foi destruída. 16Nós fazemos saber ao rei que, se esta ci­dade for recons­truída e levantados os seus mu­ros, não poderás mais con­servar as tuas possessões do outro lado do rio.»


Resposta da corte (Ne 1,3) – 17Eis a resposta que o rei mandou:

«Ao governador Reum e ao secre­tário Chimechai e aos seus outros colegas, habitantes da Samaria e das outras regiões, na outra mar­gem do rio: Saúde e paz. 18A carta que nos enviastes foi lida com exactidão na minha presença. 19Por minha ordem, fizeram-se investigações e consta­tou-se que, desde os tempos mais anti­gos, aquela cidade se sublevou con­tra os reis e que nela se deram sedições e revoltas. 20Houve em Jerusalém reis poderosos, senhores de todo o país da outra margem do rio, aos quais se pagavam impostos, tribu­tos e ren­das.21Consequente­mente, or­deno que ces­sem os traba­lhos dessa gente, a fim de que não se recons­trua essa cidade, até que eu dê ordens em contrário. 22Não negligencieis o cum­primento desta ordem, para que o mal não au­mente, em prejuízo dos reis.»


Interrupção dos trabalhos23Quan­do leram a carta do rei Arta­xerxes na presença de Reum, gover­nador, de Chimechai, secretário, e dos seus colegas, eles foram a toda a pressa a Jerusalém, junto dos ju­deus, e obrigaram-nos, pela força e pela violência, a cessarem os traba­lhos.

24A restauração do templo de Deus em Jerusalém foi interrom­pida até ao segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia. 

Esd 5

Reconstrução do templo (520-515) (Ag 1,1-15; Zc 4,9-10) – 1O pro­feta Ageu e o profeta Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em Jeru­salém, em nome do Deus de Israel. 2Então, Zorobabel, filho de Salatiel, e Jesua, filho de Jocédec, retoma­ram a recons­trução do tem­plo de Deus em Jeru­salém, com a ajuda e assis­tência dos profetas de Deus.

3Naquele tempo, Tatenai, gover­­na­­­dor da outra margem do rio, Chetar-Bozenai e os seus colegas vieram pro­curá-los e falaram-lhes assim: «Quem vos autorizou a re­cons­truir o templo e a levantar as suas paredes?» 4E acrescentaram: «Quais são os nomes dos homens que trabalham neste edifício?»

5Mas Deus tinha os olhos sobre os anciãos dos judeus, e nin­guém lhes impediu a continuação dos tra­ba­lhos, espe­rando que che­gasse a resposta escrita de Dario sobre este assunto.


Relatório enviado ao rei6Cópia da carta que enviaram ao rei Dario o governador Tatenai, da outra mar­­gem do rio, Chetar-Bozenai e os seus colegas de Afarsac, que tam­bém vi­viam na outra margem do rio. 7En­viaram-lhe um relatório nestes termos:

«Ao rei Dario, saúde e pros­pe­ri­dade perfeita! 8Saiba o rei que fo­mos à província de Judá, ao tem­plo do grande Deus. Ele está a ser re­construído com pedras enormes, e o madeiramento está colocado sobre as paredes. Este trabalho está a ser executado com cuidado e cresce gra­ças às suas mãos. 9Por isso, interro­gámos os anciãos: ‘Quem vos autori­zou a reconstruir este templo e a levantar-lhe os muros?’10Perguntá­mos-lhes, também, os seus nomes para os escrever aqui, a fim de te dar conhecimento, pelo menos dos que estão à frente deles.

11Responde­ram-nos: “Nós somos servos do Deus do céu e da terra; estamos a recons­truir o templo que há muitos anos fora construído e con­cluído por um grande rei de Israel. 12Mas os nossos pais atraíram a ira do Deus do céu, que os entregou nas mãos do caldeu Na­bucodonosor, rei da Babi­lónia, que destruiu o templo e levou o povo ca­tivo para Babi­ló­nia. 13En­tretanto, no primeiro ano de Ciro, rei da Ba­bi­lónia, o rei Ciro ordenou a recons­trução deste tem­plo de Deus. 14E o próprio rei Ciro reti­rou do templo da Babilónia os uten­sílios de ouro e prata perten­cen­tes ao tem­­plo de Deus, que Nabuco­dono­­sor rou­bara no santuário de Jerusa­lém e trans­ferira para o templo da Babiló­nia, e entregou-os a Sesbaçar, que ele no­meou governador. 15E disse-lhe: ‘Toma estes utensílios, leva-os para o tem­plo de Jerusalém, e que o templo de Deus seja reconstruído sobre os seus alicerces.’ 16Então, Ses­­­baçar veio para aqui e lançou os fundamentos do templo de Deus em Jerusalém; desde esse tempo até agora, nós te­mos continuado a cons­trução, que ainda não está termi­nada.”

17Por­tanto, se o rei acha con­ve­niente que se façam investigações nos arquivos do rei, na Babilónia, para ver se é verdade que a ordem de reconstru­ção do templo de Deus, em Jerusa­lém, foi dada pelo rei Ciro, que o faça e, depois, comunique-nos a sua real decisão a tal respeito.» 

Esd 6

Decreto de Dario (1,2-4) – 1En­tão, o rei Dario emitiu um de­creto com ordens para que se fizes­sem investigações na Babilónia, na casa dos arquivos onde estavam deposi­ta­dos os tesouros. 2E encon­trou-se em Ecbátana, fortaleza si­tuada na província da Média, um volume, no qual se lia a seguinte memória:

3«No primeiro ano do reinado de Ciro, o rei Ciro deu esta ordem rela­tiva ao templo de Deus, que está situado em Jerusalém: Este templo deve ser reconstruído, a fim de que ali se ofereçam sacrifícios; os seus fun­damentos devem ser restau­rados.

A sua altura será de sessenta côva­dos. 4Terá três ordens de pedra ta­lhada e uma de madeira. A des­pesa será paga pela casa do rei. 5Além disso, devolveremos os uten­sílios de ouro e prata do templo de Deus, que Nabucodonosor trouxe do templo de Jerusalém para a Babilónia; serão repostos no templo de Jerusalém, no mesmo lugar em que estavam, e depositados no templo de Deus.

6Agora, pois, Tatenai, governa­dor do território da outra margem do rio, Chetar-Bozenai e os vossos colegas de Afarsac, que estais na outra mar­gem do rio, afastai-vos. 7Deixai con­ti­­nuar os trabalhos do templo de Deus e que o governador dos judeus e seus anciãos o recons­truam no seu lugar. 8Também or­deno como se deve proce­der para com esses anciãos dos ju­deus a fim de que seja reconstruído o templo de Deus: das receitas reais, prove­nien­tes dos impostos, pagos na outra mar­gem do rio, pague-se inte­gralmente a esses homens, para que a obra não sofra interrupção; 9tudo aquilo que for necessário para os holo­caustos do Deus do céu, novilhos, car­neiros e cordeiros, trigo, sal, azeite e vinho, ser-lhes-á dado cada dia, sem falta, segundo a ordem dos sacerdo­tes que estão em Jerusalém, 10a fim de poderem oferecer sacrifícios de odor agradável ao Deus do céu e de reza­rem pela vida do rei e dos seus filhos. 11Eu, pois, ordeno que, se al­guém mo­di­ficar, seja no que for, este de­creto, seja arrancada uma viga da sua casa e seja erguida ao alto e ele seja pregado nela, reduzindo-se a sua casa a um montão de ruínas.12E Deus, que ali faz habitar o seu nome, destrua todo o rei e todo o povo que levantar a mão para mudar este de­creto e destruir a morada de Deus que está em Jerusalém! Eu, Dario, dei esta ordem. Que ela seja pontual­mente executada.»


Conclusão e dedicação do tem­plo (1,2; 5,1-2; 1 Rs 8,62-65) –_13Assim, Ta­te­­­nai, governador da outra mar­gem do rio, Chetar-Bozenai e os seus cole­gas executaram fielmente a ordem do rei Dario. 14Os anciãos dos ju­deus pros­­­se­guiram com êxito a recons­tru­ção do templo, segundo as profecias de Ageu, o profeta, e de Zacarias, fi­lho de Ido. Terminaram a constru­ção, se­gundo a ordem do Deus de Israel e segundo a ordem de Ciro, de Dario e de Arta­xerxes, reis da Pér­sia. 15Con­cluiu-se o edi­fício no ter­ceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do rei­nado de Da­­rio. 16Os filhos de Israel, os sa­cer­do­­tes, os levitas e os demais repa­­tria­dos celebraram com júbilo a de­dicação do templo de Deus. 17Ofe­­re­ceram, para esta dedi­ca­ção, cem tou­­ros, du­zentos carnei­ros, quatrocen­tos cor­dei­­­ros e doze bo­des, como vítimas expia­­tórias pelos pecados de todo o Israel. 18Dis­tri­buí­ram os sacerdo­tes segundo as suas classes e os levitas segundo as suas divisões, para celebrarem o culto de Deus em Jerusalém, con­for­me as pres­crições do livro de Moisés.


Celebração da Páscoa (Ex 12,1-6; Lv 23,5-14) – 19Os repatriados cele­bra­ram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês. 20Os sacerdotes e os levitas, sem excepção, purificaram-se e, assim, to­dos estavam puros. Imo­la­ram a Pás­coa por todos os re­pa­tria­dos, pelos seus irmãos sacer­dotes e por eles mesmos.

21Os filhos de Is­rael, regressados do cativeiro, come­ram a sua Páscoa com todos aqueles que, afastando-se das práti­cas impu­ras dos povos da re­gião, se uniram a eles para segui­rem o Se­nhor, Deus de Israel. 22Ce­lebra­ram com júbilo a festa dos Ázi­mos durante sete dias, porque o Se­nhor os consolara, ao fazer com que o cora­­ção do rei da Assíria se incli­nasse para eles e os favorecesse nos tra­balhos da recons­trução do templo de Deus, do Deus de Israel. 

Esd 7

II. ORGANIZAÇÃO DA COMUNI­DADE (7,1-10,44)


Missão de Esdras (v.28; Ne 2,7-8.18) 1Após estes aconteci­men­tos, no reinado de Artaxerxes, rei da Pér­sia, chegou Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, 2filho de Chalum, filho de Sadoc, fi­lho de Aitub, 3filho de Ama­rias, filho de Aza­rias, filho de Me­raiot, 4filho de Ze­raías, filho de Uzi, filho de Buqui, 5filho de Abisua, filho de Fineias, fi­lho de Eleázar, filho de Aarão, o Sumo Sacerdote. 6Este Esdras che­gava da Babilónia e era um escriba versado na lei de Moisés, dada pelo Senhor, Deus de Israel. Como a mão do Se­nhor, seu Deus, o protegia, o rei tinha-lhe con­cedido tudo o que ele pedira. 7Com ele voltaram para Jerusalém, no sétimo ano do rei Arta­xerxes, vá­rios filhos de Israel, sacer­dotes e levi­tas, cantores, porteiros e natineus.

8Es­dras chegou a Jerusa­lém no quinto mês do sétimo ano do rei. 9 Partiu da Babilónia no pri­meiro dia do pri­meiro mês e chegou a Jeru­sa­lém no primeiro dia do quinto mês, porque a mão benevolente do seu Deus es­tava com ele. 10Esdras, com efeito, aplicara o seu coração ao es­tudo da Lei do Senhor, praticando e ensi­nando em Israel as leis e as pres­­crições.


Carta de Artaxerxes (6,3-12; 8,28-­34) 11Esta é a cópia da carta que o rei Artaxerxes enviou a Esdras, sacer­dote e escriba, versado no co­nhe­ci­mento do texto da Lei do Senhor e das suas prescrições, a respeito de Israel:

12«Artaxerxes, rei dos reis, a Es­dras, sacerdote e escriba, versado na Lei do Deus do céu, saúde! 13Or­denei que deixassem partir contigo todos os do povo de Israel, os seus sacer­dotes e os seus levitas, resi­den­tes no meu reino, que desejem ir a Jerusa­lém, 14porque foste enviado pelo rei e os seus sete conselheiros para fazer uma inspecção em Judá e em Jeru­salém e ver como está a ser obser­vada a Lei do teu Deus, que tens nas tuas mãos. 15Levarás a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros oferece­ram esponta­nea­mente ao Deus de Israel, cuja morada está em Jerusa­lém. 16Além disso, levarás todo o ouro e prata que encontrares na provín­cia da Babilónia, com as ofertas vo­luntá­rias feitas generosamente pelo povo e pelos sacerdotes, para o tem­plo de Deus em Jerusalém.

17Por conseguinte, cuidarás de com­­­prar, com esse dinheiro, novi­lhos, carneiros, cordeiros, as ofertas e as libações: oferecê-las-ás em Jeru­salém sobre o altar do templo do vosso Deus. 18Com o resto do dinheiro e do ouro, farás o que te pare­cer melhor, a ti e aos teus ir­mãos, conforme a von­tade do vosso Deus. 19Os utensílios que te forem entregues para o serviço do templo do teu Deus depositá-los-ás diante do Deus de Jerusalém. 20Quan­to às outras despesas necessárias para o templo do teu Deus, hás-de provi­denciar a elas por meio dos re­cursos que o tesouro real te forne­cer. 21Eu mesmo, o rei Artaxerxes, ordeno a todos os tesoureiros da outra mar­gem do rio, que entreguem pon­tual­mente a Esdras, sacerdote, es­criba versado na Lei do Deus do céu, tudo o que ele solicitar, 22até à soma de cem talentos de prata, cem coros de trigo, cem batos de vinho, cem batos de azeite, além de sal à dis­cri­ção. 23Tudo o que prescreveu o Deus do céu para o seu templo seja obser­vado a fim de que a cólera di­vina não se desencadeie sobre o nosso reino, sobre o rei e sobre os seus filhos.»


Isenção de impostos24«Por fim, notificamo-vos de que não é permi­tido impor tributo nem imposto nem encargos sobre nenhum dos sacer­do­­tes, levitas, cantores, porteiros, na­ti­­­neus e servos deste templo de Deus.

25E tu, Esdras, segundo a sabe­do­­ria do teu Deus na qual és versado, estabelecerás juízes e ma­gis­trados para fazerem justiça a todo o povo da outra margem do rio e a todos aque­les que conhecem as leis do teu Deus; e hás-de ensiná-las aos que as igno­ram. 26Todo aquele que não obser­var a Lei do teu Deus e a lei do rei será castigado rigoro­samente, ou com a morte, ou com o desterro, ou com uma multa ou, ao menos, com a prisão.»

27Bendito seja o Senhor, Deus dos nossos pais, que pôs no coração do rei o desejo de honrar o templo do Senhor, que está em Jerusalém,28e que me fez obter o favor do rei, dos seus conselheiros e de todos os ou­tros poderosos oficiais do reino! For­ta­le­cido pela mão do Senhor, meu Deus, que me assistia, reuni os che­fes de Israel para que partissem co­migo. 

Esd 8

Os companheiros de Esdras1Eis, pois, com as suas genea­lo­gias, os chefes de família que parti­ram comigo da Babilónia, no rei­nado de Artaxerxes: 2dos filhos de Fi­neias: Gérson; dos filhos de Itamar: Daniel; dos filhos de David: Hatus 3que des­cendia de Checanias; dos filhos de Parós: Zacarias e, com ele, cento e cinquenta homens; 4dos filhos de Paat-Moab: Elioenai, filho de Zeraías e, com ele, duzentos ho­mens;5dos fi­lhos de Zatú: Checa­nias, o filho de Jaziel, e, com ele, trezen­tos homens; 6dos filhos de Adin: Ébed, filho de Jonatan, e, com ele, cinquenta ho­mens; 7filhos de Elam: Jesaías, filho de Atália, e, com ele, setenta homens; 8dos filhos de Che­fatias: Zebadias, filho de Miguel, e, com ele, oitenta homens; 9filhos de Joab: Abdias, filho de Jaiel, e, com ele, duzentos e de­zoito homens; 10dos filhos de Chelo­mite: o filho de Josifias e, com ele, cento e sessenta homens; 11dos fi­lhos de Bebai: Zaca­rias, filho de Bebai, e, com ele, vinte e oito homens; 12dos filhos de Aze­gad: Joanan, filho de Hacatan, e, com ele, cento e dez ho­mens; 13dos filhos de Adonicam, que foram os últi­mos, são estes os seus nomes: Elifélet, Jeiel e Semeias, e, com eles, ses­sen­ta homens; 14dos fi­lhos de Begvai: Utai e Zabud e, com eles, setenta homens.


Ministros sagrados15Eu reuni-os junto do rio que corre para Aavá e ali acampámos três dias. Tendo observado o povo e os sacerdotes, não encontrei entre eles nenhum dos filhos de Levi. 16Então, mandei pro­curar os chefes Eliézer, Ariel, Se­meias, Elnatan, Jarib, um outro Elnatan, Natan, Zacarias e Mechu­lam, bem como Joiarib e Elnatan, doutores da Lei. 17Enviei-os ao chefe Ido, que residia em Cassífia. Ditei-lhes as pala­vras que deviam dizer a Ido e aos seus irmãos, os natineus, residentes em Cassífia, a fim de que nos trou­xessem minis­tros para o templo do nosso Deus. 18E, como estava connosco a mão bendita do nosso Deus, eles trou­xe­ram Cherebias, homem inteli­gente de entre os filhos de Maali, filho de Levi, filho de Israel, e com ele os seus filhos e irmãos, em número de de­zoito; 19Hasabias e com ele Je­saías, dos filhos de Merari, seus ir­mãos e seus filhos, em número de vinte; 20dos natineus, entregues por Da­vid e pelos chefes para o ser­viço dos levitas, duzentos e vinte nati­neus, todos designados pelo seu nome.


Viagem de Esdras para Jerusa­lém21Ali, junto do rio Aavá, pro­clamei um jejum a fim de nos humi­lharmos diante do nosso Deus e de lhe implorarmos uma feliz viagem para nós e para os nossos filhos, com todos os nossos haveres. 22Envergo­nhei-me, com efeito, de pe­dir ao rei uma escolta de cavalei­ros para nos proteger contra os inimigos, durante o trajecto, porque tínhamos dito ao rei: «A mão do nosso Deus protege, com a sua bon­dade, todos aqueles que o procuram; mas a sua força e a sua cólera fazem-se sentir sobre todos aqueles que o abandonam.» 23Por isso, jejuá­mos e fizemos oração ao nosso Deus, e Ele ouviu-nos.

24Escolhi doze chefes dos sacer­dotes, Cherebias, Hasabias e dez dos seus irmãos. 25Diante deles pesei a prata, o ouro e os utensílios ofere­cidos para o templo do nosso Deus pelo rei, pelos seus conselheiros, pelos seus príncipes e por todos os israe­li­tas que ali se encontravam.26En­treguei-lhes o peso de seiscen­tos e cinquenta talentos de prata, uten­sí­lios de prata com o peso de cem ta­lentos, cem talentos de ouro,27vinte taças de ouro no valor de mil dáricos e dois vasos de bronze muito claro e brilhante, tão precioso como o ouro.

28E disse-lhes: «Vós sois consa­gra­­dos ao Senhor; estes utensílios são con­sagrados; esta prata e este ouro são uma oferta espontânea feita ao Se­­nhor, Deus dos vossos pais. 29Guar­­­dai-os com cuidado, até que vós os peseis dian­te dos chefes dos sacer­do­tes e dos levitas e diante dos chefes de famí­lia de Israel, em Jeru­salém, nas sa­las do templo do Se­nhor.» 30Os sacer­dotes e os levitas rece­be­­ram, pois, o ouro, a prata e os uten­­sí­­lios assim pesados, a fim de os levar para Jeru­salém, para o tem­­plo do nosso Deus. 31Partimos do rio de Aavá, no décimo segundo dia do pri­meiro mês, em di­rec­ção a Je­­ru­salém. A mão do nosso Deus pro­tegeu-nos e defen­deu-nos durante o trajecto, das mãos dos inimigos e das suas embos­ca­das.


Chegada a Jerusalém32Chega­dos a Jerusalém, repousámos du­rante três dias. 33No quarto dia, a prata, o ouro e os utensílios foram pesados no templo do nosso Deus e entregues a Meremot, filho de Urias, sacerdote. Tinha consigo Eleázar, fi­lho de Fineias, e com ele os levitas Jozabad, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui. 34Tudo foi contado e pesado. Ao mesmo tempo, o peso total foi consignado por escrito. 35Os que vinham do exílio, homens nas­cidos no cativeiro, ofereceram em holo­causto, ao Deus de Israel, doze touros por todo o Israel, noventa e seis carnei­ros, setenta e sete cor­dei­ros e doze bodes como vítimas expia­tórias, tudo em holocausto ao Se­nhor. 36Trans­mitiram o decreto do rei aos sátra­pas do rei e aos gover­nadores da outra margem do rio, os quais apoia­ram o povo e o templo de Deus. 

Esd 9

Casamentos mistos (Dt 7,1-4; Ne 13,23-28; Ml 2,10-12) – 1De­pois des­tes acontecimentos, os che­fes vieram ter comigo e disseram-me: «O povo de Israel, os sacerdotes e os levitas não se afastaram dos habitantes des­te país. Imitaram as abomi­na­ções dos cananeus, dos hiti­tas, dos peri­zeus, dos jebuseus, dos amoni­tas, dos moa­bitas, dos egíp­cios e dos amor­reus. 2Toma­ram, entre as filhas de­les, mu­lheres para si e para os seus filhos. Assim, a raça santificada misturou-se com a dos habitantes do país. Os chefes e ma­gis­trados foram os pri­meiros a come­ter este pecado.» 3Ao ouvir estas palavras, rasguei a mi­nha túnica e a capa, arranquei cabelos da cabeça e da barba e sentei-me desolado. 4Ao redor de mim reuni­ram-se todos aqueles que temiam a palavra do Deus de Israel, por causa das prevaricações dos sobreviventes do cativeiro. Quanto a mim, estive desolado até ao sacrifício da tarde.


Oração de Esdras (Lv 18,24-27; Ne 1,6-9) – 5Na hora da oblação da tarde, levantei-me da minha aflição, com as minhas vestes e o meu manto ras­gados; e, então, caindo de joe­lhos, estendi as mãos para o Senhor, meu Deus, 6e disse: «Meu Deus, estou envergonhado e con­fuso, ao levan­tar a minha face para ti, meu Deus; porque as nossas iniqui­dades acu­mu­lam-se sobre as nossas cabeças, e os nossos pecados che­gam até ao céu. 7Desde o tempo dos nossos pais até ao dia de hoje, temos sido gra­vemente culpados; e, por cau­sa das nossas iniquidades, fomos escravi­zados, nós, os nossos reis e os nossos sacerdotes, entregues à mercê dos reis dos outros países, à espada, ao cativeiro, à pilhagem e à ver­go­nha que nos cobre ainda o rosto nos dias de hoje. 8Entretanto, o Senhor, nosso Deus, testemunhou-nos a sua mise­ricórdia, deixando subsistir um resto do nosso povo e concedeu-nos refú­gio no seu lugar santo. O nosso Deus quis, assim, fazer brilhar aos nossos olhos a sua luz e dar-nos um pouco de vida no meio da nossa ser­vidão. 9Porque nós somos escravos, mas o nosso Deus não nos abando­nou no nosso cati­veiro. Ele conce­deu-nos a benevo­lên­­­cia dos reis da Pérsia, con­servando-nos a vida para recons­truir­mos a morada do nosso Deus e reer­guermos as suas ruínas, e prometeu-nos um refúgio seguro em Judá e em Jerusalém.

10Agora, ó nosso Deus, que mais po­de­remos di­zer, depois disto? 11Nós abandoná­mos os mandamentos que Tu nos deste por meio dos teus ser­vos, os profetas, que diziam: ‘O país que ides possuir é um país de im­pu­reza, contaminado pelas imundícies dos povos dessa região, pelas abomi­na­ções e impurezas com que o en­che­­ram, de uma extremidade à outra. 12Não lhes deis, pois, as vossas fi­lhas, e os vossos filhos não tomem as filhas deles; não vos preocupeis mais com a sua prosperidade e o seu bem-estar, para que vos torneis for­tes e comais os bons produtos deste país, o qual transmitireis, para sem­­pre, como herança, aos vossos des­cen­dentes.’

13Ora, depois de tudo o que nos aconteceu, por causa das nos­­sas más acções e dos nossos peca­dos, Tu nos conservaste, ó nosso Deus, mais do que mereciam as nos­sas ini­quida­des, e deixaste subsistir um res­to do nosso povo. 14Podería­mos reco­meçar a vio­lar os teus man­da­mentos, aliando-nos por casa­mento a estes povos abo­mináveis? Não te irritarias contra nós até nos exter­mi­nar, sem deixar escapar um só sobrevivente? 15Se­nhor, Deus de Is­rael, Tu és justo, porque presente­mente nada mais somos do que um resto de sobre­vi­ventes. Eis-nos aqui, diante de ti, como culpados, sem podermos, por isso, subsistir na tua presença.» 

Esd 10

Expulsão das mulheres es­tran­geiras (Ne 13,23-29) – 1En­quanto Esdras cho­rava pros­trado diante do templo de Deus e fazia esta prece e esta con­fissão, foi-se reu­­nindo ao redor dele uma multidão numerosa de israe­litas, homens, mu­­lheres e crianças, e todos derrama­vam abundantes lágrimas.

2Então, Checanias, filho de Jaiel, dos filhos de Elam, tomou a palavra e disse a Esdras: «Pecá­mos contra o nosso Deus, tomando por esposas mu­lhe­res estrangeiras, pertencentes ao povo deste país. Entretanto, resta ainda uma espe­rança para Israel. 3Fa­ça­mos, agora, uma aliança com o nosso Deus e mandemos embora todas essas mu­lheres e seus filhos, con­forme o conselho do meu senhor e daqueles que temem os manda­men­tos do nosso Deus. E que se cum­pra o que manda a Lei. 4Levanta-te, pois é tua a responsabilidade deste tra­ba­lho; nós estamos contigo. Cora­­gem, e mãos à obra!»

5Então, Esdras levantou-se e fez com que os chefes dos sacerdotes, dos levitas e de todos os de Israel jurassem que agiriam como acabava de ser dito. E eles juraram. 6De­pois, Esdras retirou-se do templo de Deus e foi ao quarto de Joanan, filho de Eliachib, permanecendo ali, sem comer nem beber, porque cho­rava os pecados dos sobreviventes do cativeiro.

7Fez-se, então, uma pro­­clamação em Judá e em Jerusalém, para to­dos os sobreviventes do cati­veiro, a fim de que se reunissem em Jeru­salém. 8Quem não compa­re­cesse den­tro de três dias, conforme as or­dens dos anciãos e dos chefes, veria confiscados os seus bens e seria ex­cluído da assembleia dos repa­triados.

9Todos os homens de Judá e de Benjamim se reuniram, pois, em Je­ru­salém, no prazo dos três dias. Era o vigésimo dia do nono mês. Todo o povo que se encontrava na presença do templo de Deus, tre­mia, não só pela gravidade da circuns­tância mas também porque estava a chover.10Es­dras, o sacerdote, levan­tou-se e disse-lhes: «Vós pecastes, tomando por esposas mulheres es­tran­geiras, agra­vando assim a ini­quidade de Is­rael. 11Agora, dai glória ao Senhor, Deus dos nossos pais, e fazei a sua von­tade. Separai-vos do povo deste país e das mu­lheres estrangeiras.»


Comissão executiva12Toda a assem­bleia respondeu em alta voz: «Sim, faremos como disseste. 13Mas o povo é numeroso, e é a estação das chuvas; não se pode, pois, perma­ne­cer cá fora; além disso, isto não é assunto para um dia ou dois, pois são muitos os que, entre nós, peca­ram a este respeito. 14Que os nos­sos che­fes fiquem aqui a fim de representar toda a assembleia, e que todos aque­les que, nas nossas cida­des, recebe­ram em suas casas uma ou mais mulheres estrangeiras, se apresen­tem nas datas que serão fixa­das, com os anciãos de cada cidade e os seus juízes, até que consigamos afas­tar de nós o fogo da cólera do nosso Deus, por causa des­ta ques­tão.»

15Jo­natan, filho de Asael, e Ja­zias, filho de Ticvá, foram os únicos que se opu­seram a essa ordem, apoia­dos por Mechulam e Chabetai, o levita. 16Os repatriados, porém, confor­ma­ram-se. Esdras, o sacer­dote, e alguns homens, chefes das famí­lias, segundo as suas casas, todos designados pelos seus nomes, senta­ram-se a exami­nar este assunto, no primeiro dia do décimo mês.

17No pri­meiro dia do primeiro mês, a questão dos homens que tinham desposado mulheres estran­gei­ras já estava resolvida.


Lista dos transgressores18En­tre os filhos dos sacerdotes encon­tra­ram-se alguns que tinham des­po­sado mulheres estrangeiras, a saber: entre os filhos de Jesua, filho de Jocédec, e seus irmãos, havia Maazias, Elié­zer, Jarib e Godolias; 19estes jura­ram repudiar as suas mulheres e ofere­ce­ram um carneiro pela expiação da sua falta; 20entre os filhos de Imer: Hanani e Zeba­dias; 21entre os filhos de Harim: Mas­saías, Elias, Semeias, Jaiel e Uzias; 22entre os filhos de Pachiur: Elioe­nai, Massaías, Ismael, Natanael, Jozabad e Elassá; 23entre os levitas: Jozabad, Chimei, Que­laías também chamado Quelitá, Petaías, Judá e Elié­zer; 24entre os cantores: Elia­chib; entre os porteiros: Chalum, Telem e Uri.

25Quanto aos filhos de Israel: entre os filhos de Parós: Ramias, Jizias, Malquias, Miamin, Eleázar, Malquias e Benaías; 26entre os fi­lhos de Elam: Matanias, Zacarias, Jaiel, Abdi, Jerimot e Elias; 27entre os filhos de Zatú: Elioenai, Eliachib, Mata­nias, Jerimot, Zabad e Aziza; 28entre os filhos de Bebai: Joanan, Hana­nías, Zabai, Atlai; 29entre os filhos de Bani: Mechulam, Maluc, Adaías, Jassub, Cheal e Ramot; 30en­tre os filhos de Paat-Moab: Adná, Calal, Benaías, Mas­saías, Mata­nias, Beçalel, Binui e Manassés; 31entre os filhos de Ha­rim: Eliézer, Jisias, Malquias, Che­maías, Simeão, 32Benjamim, Maluc, Chemarias; 33en­tre os filhos de Ha­chum: Matenai, Matatá, Zabad, Eli­félet, Jeremai, Ma­nassés, Chimei; 34entre os filhos de Bani: Maadai, Ameram, Uel, 35Benaías, Bedias e Quelú, 36Vanias, Meremot, Eliachib, 37Matanias, Ma­te­nai, Jaasai; 38dos fi­lhos de Binui, Chimei, 39Chele­mias, Natan, Adaías, 40Macnadebai, Cha­chai, Charai, 41Aza­rel, Chelemias, Che­­marias,42Cha­lum, Amarias, José; 43en­tre os filhos de Nebo: Jeiel, Ma­ta­tias, Zabad, Zebina, Jadai, Joel e Benaías.

44Todos estes homens casaram com mulheres estrangeiras, e mui­tas delas tiveram filhos.

Neemias

Os livros de Esdras e de Neemias for­ma­vam um só “Livro de Esdras”, na Bíblia He­­braica e na versão grega dos Setenta. Como esta ver­­são recolhia também o livro apócrifo grego de Esdras e lhe dava o pri­meiro lugar (1 Esdras), o livro de Esdras-Neemias era deno­mi­nado 2 Esdras. Na época cristã foi dividido em dois. A Vulgata latina adoptou essa divisão em 1 Esdras (=Esdras) e 2 Esdras (=Neemias), reser­vando ao apócrifo grego a designação de 3 Esdras. A designação dos dois livros a partir das respect­i­vas personagens principais, Esdras e Neemias, é mais recente, mas foi assi­mi­lada mesmo nas edições impressas da Bíblia mas­sorética.


AUTORIA E DATAÇÃO

Não é dada qualquer indicação sobre o autor destes livros, mas admite-se ser um só: o mesmo chamado Cronista, que redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crónicas, segui­dos de Esdras e Neemias. Um dos indícios mais significativos é a identi­dade entre os últimos versículos de 2 Crónicas (36,22-23) e os primeiros ver­sí­culos de Esdras (1,1-3), o que sugere a continuidade da narrativa. Pode, assim, situar-se esta obra nos finais do séc. IV ou início do séc. III a.C..


QUESTÃO CRONOLÓGICA

Discute-se qual dos dois deverá ser colocado em primeiro lugar. Muitos preferem a sucessão Neemias-Esdras; mas ainda não se encontrou uma solução satisfatória para estabel­e­cer a cronologia dos acontecimentos em questão. O texto fala da chegada de Esdras a Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes (Esd 7,7) e indica a sua actividade refor­ma­dora (Esd 8-10); depois, vem Neemias, no vigésimo ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e a sua preo­cupação pela reconstrução das muralhas (Ne 1-7); surge outra vez Esdras, para a leitura solene da Lei (Ne 8-9); e, finalmente, Neemias, por ocasião de uma segunda estadia em Jerusalém, no ano 32.° de Arta­xer­xes (Ne 13,6-7).

Teriam estado estes dois homens ao mesmo tempo em Jerusalém, a tra­ba­lhar independentemente? A resposta mais aceitável é a seguinte: a activi­dade de Neemias seria toda ela anterior a Esdras (Ne 1-7 e 10-13, onde aparece como construtor e reformador); mais tarde, talvez no ano 7.° de Artaxerxes II (e não Artaxerxes I), por volta de 398-397 a.C., veio Esdras a Jerusalém: empreendeu reformas (Esd 7-10), restaurou o culto e fez a solene leitura pública da Lei (Ne 8-9). Ao aplicar a sua perspectiva teológica a este emaranhado de dados, o redactor final é que terá desorganizado a crono­logia real dos acontecimentos.

No entanto, não se pode negar ou diminuir o valor histórico das infor­mações veiculadas por estes livros. Concordam perfeitamente com os dados das fontes bíblicas e profanas, como, por exemplo, os papiros das ilhas Ele­fantinas (Egipto).


DOCUMENTAÇÃO UTILIZADA

Na composição destes dois livros, o Cro­nista utilizou como fontes diversos documentos antigos (entre eles, as memó­rias pessoais das duas personagens em questão), que ele reproduziu e orga­nizou, relacionando-os uns com os outros, segundo a sua visão teológica, de forma a obter um conjunto harmonioso. Assim, podem encontrar-se:

a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas, como as de Esd 2 e Ne 7,6-68; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico (correspondência diplo­mática, decretos oficiais: Esd 4,6-6,18; 7,12-26;

b) memórias de Esdras (Esd 7-10), com partes redigidas na primeira pessoa (Esd 7,27-9,15) e outras na terceira: Esd 7,1-10; 10; Ne 8-9;

c) memórias de Neemias: Ne 1-7; 10; 12,27-13,31.


DIVISÕES E CONTEÚDO

O livro de Esdras divide-se em duas grandes partes:

I. Regresso do Exílio e reconstrução do templo: 1,1-6,22;
II. Organização da comunidade: 7,1-10,44.

O livro de Neemias consta também de duas partes:

I. Reconstrução das muralhas de Jerusalém: 1,1-7,72;
II. Proclamação da Lei e Reformas: 8,1-13,31.

Estas duas partes andam à volta de certos temas dominantes, que se apresentam por esta ordem:

1. Neemias passa da corte persa para governador de Jerusalém: 1-2;
2. Construção das muralhas, apesar de inúmeras dificuldades: 3-6;
3. Recenseamento do povo, celebração da Lei e renovação da aliança: 7-10;
4. Repovoamento de Jerusalém e das terras da Judeia: 11;
5. Medidas para garantir o culto e a pureza dos costumes: 12-13.


PERSPECTIVA TEOLÓGICA

Es­dras e Neemias narram aconteci­men­tos ocorridos logo após o édito de Ciro (538 a.C.), que permitia o re­gresso do cativeiro da Babilónia. Mos­trando a situação difícil dos re­patriados, fazem sobressair o es­forço pela restauração do povo, no aspecto mate­r­­ial e reli­gioso.

Contêm uma admirável mensa­gem doutrinal, centrada em três preo­­cupa­ções fundamentais: o templo, a cidade de Jerusalém e a comuni­dade do povo de Deus.

Após as pro­vas do Exílio, com as suas más consequências no aspecto religioso, o povo organiza-se numa grande unidade nacional e reli­giosa.

Meditando na Lei, compreende como o castigo lhe foi man­dado por Deus, devido à sua infidelidade, e co­mo, apesar de tudo, a miseri­cór­dia divina se mantém para com o resto de Israel, detentor das grandes pro­messas em relação ao Messias. A Palavra de Deus é, assim, a base da reconstrução do povo que volta do Exílio. 

Ne 1

I. RECONSTRUÇÃO DAS MURALHAS DE JERUSALÉM (1,1-7,72)


Notícias de Jerusalém1Pa­lavras de Neemias, filho de Haca­­lias: «No mês de Quisleu do vigésimo ano, encontrando-me em Susa, no pa­lácio, 2eis que Hanani, um dos meus irmãos, chegou de Judá com alguns companheiros. Perguntei-lhes pelos judeus libertados que sobrevi­veram do cativeiro e por Jerusalém. 3Res­ponderam-me: «Os sobrevi­ven­­tes do cativeiro estão lá na Província, vi­vem em grande mi­séria e numa situação humilhante. As muralhas de Jeru­sa­lém estão ainda em ruínas, e as suas portas foram incendiadas.»


Oração de Neemias (Dt 4,28-31; 30,1-5) 4Ao ouvir tais palavras, sentei-me e chorei; e fiquei vários dias conster­nado. Jejuei e orei na presença do Deus do céu, 5dizendo:

«Peço-te, Senhor, Deus do céu, Deus grande e terrível, que per­ma­neces fiel à tua aliança e exerces a misericórdia para com aqueles que te amam e observam os teus man­damen­tos!

6Que os teus ouvidos estejam aten­­­tos e os teus olhos se abram, para ouvires a prece que eu, teu servo, estou a fazer na tua presença, noite e dia, pelos filhos de Israel, teus servos, confessando os pecados com que os filhos de Israel te ofen­­deram.

Pois eu e a casa do meu pai pecá­mos; 7ofendemos-te gravemente e não observámos as leis, os manda­men­tos e os preceitos que deste a Moi­sés, teu servo.

8Lembra-te da palavra que dis­seste a teu servo Moisés: ‘Se trans­gredirdes os meus pre­ceitos, Eu dis­persar-vos-ei entre as na­ções.

9Mas, se vos converterdes a mim, se observardes os meus man­da­men­tos e os praticardes, mesmo que os vossos exilados estejam nos confins da terra, dali os reunirei e os farei regres­sar ao lugar que es­colhi, para aí fazer habitar o meu nome.’

10Eles são teus servos, o teu povo, que libertaste com o teu grande po­der e a força da tua mão.

11Ó Senhor, presta ouvidos à ora­­ção do teu servo e à oração dos teus servos que te­mem o teu nome. Digna-te, hoje, dar um bom êxito ao teu servo, e faz que mereça a estima deste homem.» Eu era, então, copeiro do rei.

Ne 2

Neemias parte para Jerusa­lém (6,1-7) – 1No mês de Nisan, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, como o vinho esti­ves­se diante do rei, tomei-o e ofereci-lho. Ora, jamais eu estivera triste na sua presença.

2O rei disse-me: «Porque tens o semblante tão sombrio? Não estás doente. Portanto, isso só pode ser tris­teza do coração.» Eu fiquei muito conturbado, 3e respondi ao rei: «Viva o rei para sempre! Como não hei-de estar triste quando a ci­dade onde se encontram os túmulos dos meus pais está em ruínas, e as suas portas con­sumidas pelo fogo?» 4E o rei disse-me: «Que queres?» Então, fiz uma oração ao Deus do céu 5e disse ao rei: «Se aprouver ao rei, e se o teu servo achar graça diante de ti, deixa-me ir ao país de Judá, à cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais, a fim de a reconstruir.» 6O rei, junto de quem a rainha se sentara, perguntou-me: «Quanto tempo du­rará essa via­gem? Quando será o regresso?»

Aprouve ao rei deixar-me partir, e eu indi­quei-lhe a data do regresso. 7Prossegui: «Se o rei achar bem, dêem-me car­tas para os gover­na­do­res da outra margem do rio, de modo que me deixem passar para Judá; 8e tam­bém outra carta para Asaf, o intendente da floresta real, a fim de que me forneça madeira para cons­truir as portas da cidadela do tem­plo, para as muralhas da ci­dade e para a casa que eu habitar.» O rei concordou com o meu pedido porque me favorecia a bondosa mão de Deus.

9Fui ter com os governadores da outra margem do rio e entreguei-lhes as cartas do rei. O rei fizera-me escol­tar por alguns chefes militares e cava­leiros. 10Mas quando Sanebalat, o horo­nita, e Tobias, o servo amonita, fo­ram informados disto, ficaram pe­sa­­rosos por ter chegado alguém que procurava a prosperidade dos filhos de Israel.


Inspecção das muralhas11Che­guei, finalmente, a Jerusalém e des­cansei ali três dias. 12Levantei-me durante a noite com um pequeno grupo de homens, sem dizer a nin­guém o que o meu Deus me inspi­rava fazer em favor de Jerusalém. Não tinha comigo outro animal se­não aquele em que montava.

13Saí à noite pela porta do Vale e dirigi-me à fonte do Dragão e à porta da Estrumeira; e contemplei as mura­lhas de Jerusalém arrui­na­das e as portas consumidas pelo fogo. 14Pas­sei, depois, pela porta da Fonte e pela piscina do rei, mas não havia ali caminho para passar com a mi­nha montada. 15Subi então, à noite, pela torrente e examinei a mu­ralha. Dei a volta, voltei a entrar pela por­ta do Vale e regressei.

16Os magistrados ignoravam aon­de tinha ido e o que queria fazer. Até àquele momento nada deixara transparecer aos judeus, nem aos sa­cerdotes, nem aos magistrados, nem aos chefes, nem às outras pes­soas do povo que se ocupavam dos trabalhos. 17Disse-lhes então: «Vede a miséria em que nos encontramos: Jerusalém destruída, as suas portas consumidas pelo fogo! Vinde, e re­construamos as muralhas da cidade, e ponhamos termo a tanta igno­mí­nia.» 18Ao mesmo tempo, contei-lhes como a bondosa mão de Deus me fa­vo­­recera e narrei-lhes todas as pa­la­vras que me dissera o rei. Gri­ta­ram todos: «Ergamo-nos e recons­truamo-la!» Com isto, cobraram âni­mo e puseram-se a executar esta obra.


Oposições19Sanebalat, o horo­ni­­ta, Tobias, o servo amonita, e Gué­­­­chem, o árabe, souberam isto e zombaram de nós, dizendo em tom escarninho: «Que estais a fazer? Que­­reis revoltar-vos contra o rei?» 20Mas eu respondi-lhes nestes termos: «O próprio Deus do céu é quem nos fará triunfar. Nós somos os seus servos e vamos continuar a obra, pois vós não tendes parte, nem direito, nem lem­brança em Jerusalém.»

Ne 3

Reconstrução das muralhas (Jr 31,38; Zc 14,10) – 1Sumo Sacer­dote Eliachib e os sacerdotes, seus irmãos, puseram-se a traba­lhar e reconstruíram a porta das Ovelhas; consagraram-na e assentaram-lhe os batentes. Construíram e consa­gra­­ram a muralha, desde a torre dos Cem até à torre de Hananiel. 2Ao lado de Eliachib, trabalhavam os ho­­­mens de Jericó e, mais longe, Zacur, filho de Imeri.

3Os filhos de Senaá construíram a porta dos Peixes, cobriram-na e assen­taram os batentes, as fecha­du­­ras e as trancas. 4A seu lado, tra­ba­lhava nas reparações Meremot, filho de Urias, filho de Hacós, e, ao lado deste, Mechulam, filho de Bara­quias, filho de Mechezabel, e depois Sadoc, filho de Baana. 5Ao lado des­tes, trabalharam os tecuítas, mas os seus notáveis recusaram-se a servir os seus senhores.


Junto da porta Antiga6Joiadá, filho de Passea, e Mechulam, filho de Besodias, repararam a porta An­tiga, cobriram-na e colocaram os baten­tes, as fechaduras e as tran­cas. 7Ao lado destes, trabalharam Melatias, o guibeonita, Jadon, o mero­notita, e os homens de Guibeon e de Mispá, que eram súbditos do governador.

8Ao lado, trabalharam Uziel, fi­lho de Haraías, que era ou­ri­ves; de­pois, Hananias, perfu­mis­ta. Recons­truí­ram Jerusalém até à grande mura­lha.9A seu lado, traba­lhou Re­faías, filho de Hur, chefe de metade do distrito de Jerusalém. 10De­­pois, em frente da sua casa, Idaia, filho de Harumaf; logo a seguir, Hatus, filho de Hasa­benias. 11Malquias, fi­lho de Harim, e Ha­chub, filho de Paat-Moab, repa­ra­ram a outra parte da muralha e a torre dos Fornos. 12A seu lado, tra­ba­­lhou, com suas filhas, Chalum, filho de Loés, chefe da outra metade do distrito de Jerusalém.


A sudoeste13Hanun e os habi­tantes de Zanoa repararam a porta do Vale; reconstruíram-na e coloca­ram os batentes, as fechaduras e as tran­cas; e reedificaram mil côvados da muralha até à porta da Estru­meira. 14Malquias, filho de Recab, chefe do distrito de Bet-Cárem, recons­truiu a porta da Estrumeira, con­cluiu-a e colocou também os baten­tes, as fe­chaduras e as trancas.

15Chalum, filho de Col-Hozé, che­fe do distrito de Mispá, reparou a porta da Fonte, concluiu-a, cobriu-a e assentou-lhe os batentes, as fecha­duras e as trancas; reedificou, além disso, as muralhas, desde a pis­cina de Siloé, ao lado do jardim do rei, até à escada pela qual se desce da cidade de David.

16Ao lado dele, Neemias, filho de Azebuc, chefe de metade do distrito de Bet-Sur, reconstruiu a muralha até à frente dos túmulos de David, e desde a piscina magnificamente cons­truída até à Casa dos Heróis.


Sector oriental17Depois dele, tra­­balharam nas reparações os levi­tas: Reum, filho de Bani; ao lado, traba­lhou Hasabias, chefe de metade do distrito de Queila. 18Ao lado deste, trabalharam os seus irmãos sob a direcção de Bavai, filho de Hena­dad, chefe da outra metade de Queila. 19Ézer, filho de Jesua, chefe de Mis­pá, reparou o outro sector da mura­lha, em frente do arsenal, até à es­quina.

20A seguir a ele, Baruc, filho de Zabai, reparou o outro sector, desde o ângulo até à entrada da casa do Sumo Sacerdote Eliachib. 21A seguir a ele, Meremot, filho de Urias, filho de Hacós, reparou o sector seguinte, desde a porta da casa de Eliachib até à extremidade desta casa. 22A seguir a este, trabalharam os sacer­dotes, homens das redondezas. 23A seguir a eles, Benjamim e Hachub traba­lharam em frente das suas casas e, junto destes, Azarias, filho de Mas­saías, filho de Ananias, diante da sua casa. 24Depois, Binui, filho de Hena­dad, reparou outro sector, desde a casa de Azarias até ao ângulo.

25Palal, filho de Uzai, trabalhou em frente do ângulo e da torre alta que se eleva por cima do palácio real, perto do átrio da prisão. A seguir a ele, trabalhou Pedaías, filho de Pa­rós. 26Os natineus, que habitavam em Ofel, trabalharam até à frente da porta das Águas, a oriente, e da torre saliente das muralhas. 27A seguir a eles, os tecuítas repararam o sector seguinte, em frente da torre saliente, até ao muro de Ofel.


Para noroeste28A partir da porta dos Cavalos, trabalharam os sacer­dotes, cada um diante da sua casa. 29A seguir a eles, Sadoc, filho de Imer, em frente da sua casa; de­pois, Chemaías, filho de Checanias, guarda da porta oriental do templo. 30A se­guir a ele, Hananias, filho de Chele­mias, e Hanun, o sexto filho de Salaf, repararam um outro sec­tor. A seguir a ele, Mechulam, filho de Bara­quias, trabalhou diante da sua residência. 31A seguir a ele, tra­balhou Malquias, filho de um ouri­ves, até à casa dos natineus e dos negociantes, diante da porta de Mif­cad até à sala do ân­gulo. 32Enfim, entre a sala alta do ângulo e a porta das Ovelhas, traba­lharam os ouri­ves e os negociantes.


Os trabalhos, apesar da oposi­ção33Sanebalat, quando soube que nós reconstruíamos a muralha, encolerizou-se sobremaneira. Enfu­re­cido, escarneceu dos judeus 34e disse, diante dos seus irmãos e do exército da Samaria: «Que preten­dem fazer estes miseráveis judeus? Porventura vão permitir-lhes que o façam? Querem oferecer sacrifícios? Levarão a cabo a sua empresa? De­sen­terrarão as pedras destes mon­tes de areia calcinada?» 35E Tobias, o amonita, que estava a seu lado, acrescentou: «Deixai-os reconstruir! Se vier uma raposa, saltará por cima dessa muralha de pedras e há-de derrubá-la.»

36«Ouve, ó nosso Deus, como nos desprezam. Faz recair sobre as suas cabeças todos os seus insultos. Faz que sejam presa dos outros, numa terra de exílio. 37Não perdoes a sua iniquidade, e que o seu pecado ja­mais se apague diante da tua face, pois é grande a injúria que fizeram aos construtores!»

38Reconstruímos, pois, a muralha e reparámo-la inteiramente, até me­­­tade da sua altura. O povo co­brou ânimo para prosseguir o tra­balho. 

Ne 4

Novas ameaças1Mas Sane­ba­lat, Tobias, os árabes, os amo­ni­tas e as gentes de Asdod soube­ram que prosseguíamos na repara­ção da muralha de Jerusalém e que as fen­das começavam a desaparecer; e en­fu­receram-se. 2Coligaram-se todos para vir atacar Jerusalém e fazer o maior dano possível. 3Fizemos ora­ção ao nosso Deus e montámos uma guarda, dia e noite, para nos prote­ger contra eles.

4Mas os judeus co­me­ça­vam a dizer: «Os carregadores estão quase sem forças, e há ainda uma grande quantidade de escom­bros. Não con­seguiremos recons­truir a muralha.» 5E os nossos inimigos diziam: «Nada saberão e nada ve­rão, até que che­guemos ao meio deles e os matemos. Deste modo, poremos fim a estes tra­balhos.»


Trabalho armado6Os judeus que habitavam entre eles vieram dez vezes advertir-nos sobre os lugares por onde, possivelmente, os nossos inimigos nos atacariam. 7Co­loquei, pois, por detrás das mura­lhas, nos pontos vulneráveis, o povo divi­dido por famílias, com espadas, lan­ças e arcos. 8Depois de tudo ins­peccionar, achei que era meu dever exortar os chefes, os magistrados e o restante povo: «Não os temais! Lembrai-vos de que o Senhor é grande e temível. Combatei pelos vossos irmãos, pelos vossos filhos e filhas, pelas vossas mu­lheres e pe­las vossas casas!»

9Quan­do os nos­sos inimigos sou­be­ram que estávamos alertados, Deus frustrou os seus projectos; e regres­sámos todos à muralha, cada um ao seu traba­lho. 10Desde então, a meta­de que estava comigo traba­lhava, e a outra metade estava ar­mada de lanças, escudos, arcos e cou­raças. Os chefes estavam atrás deles, velando sobre toda a gente de Judá. 11Entre os que esta­vam ocu­pados na muralha, os carre­gadores trabalha­vam com uma das mãos e, com a outra, seguravam a arma; 12os pe­dreiros traziam à cinta cada um a sua espada. E assim cons­truíam.

Um homem, tocador de trom­beta, estava junto de mim. 13En­tão, eu disse aos chefes, aos magis­trados e ao resto do povo: «O tra­balho é grande e muito extenso, e nós encon­­tramo-nos dispersos pe­las mura­lhas, a grande distância uns dos outros. 14Quando ouvirdes a trom­­beta, onde quer que seja, reuni-vos a nós. O nosso Deus combaterá por nós.» 15Continuámos, assim, a tra­balhar na obra, ficando metade dos nossos de lança na mão, desde o raiar da aurora até aparecerem as estrelas. 16Ao mesmo tempo, disse também ao povo: «Cada um de vós, com o seu servo, passe a noite em Jerusalém, para fazer de sentinela durante a noite e trabalhar durante o dia.» 17Nem eu, nem os meus ir­mãos, nem a minha gente, nem os guardas da minha escolta nos des­pía­mos, a não ser para as abluções.

 

Ne 5

Injustiças sociais1Aconte­ceu que os homens do povo e as mulheres fizeram ouvir um grande clamor contra os seus irmãos ju­deus.2Alguns diziam: «Os nossos filhos, as nossas filhas e nós somos numero­sos; precisamos de trigo, para que possamos comer e viver.»3Outros di­ziam: «Somos obrigados a empenhar as nossas terras, as nos­sas vinhas e as nossas casas para termos trigo para matar a fome.»4Outros diziam: «Tivemos que pedir dinheiro empres­tado para pagar o tributo ao rei e empenhámos as nos­sas vinhas e os nossos campos.5E, no entanto, so­mos da mesma raça que os nossos irmãos, os nossos fi­lhos não são dife­rentes dos deles; mas temos que ven­der os nossos fi­lhos e as nossas filhas, e algumas delas já são escravas. E nada temos para as resgatar, pois os nossos cam­pos e as nossas vinhas passaram já para as mãos de outros.»

6Estes lamentos e estas queixas irritaram-me profundamente. 7Após ter reflectido, censurei os chefes e os magistrados e disse-lhes: «Porque cobrais juros dos nossos irmãos?» Con­­­voquei, então, por causa deles, uma grande assembleia. 8E disse-lhes: «Os nossos irmãos judeus, ven­didos às nações, foram resgatados por nós, segundo as nossas posses. E vós ven­deis os vossos irmãos, para que nós os resgatemos?» Calaram-se e nada responderam. 9Eu conti­nuei: «O que vós estais a fazer não está certo! Não deveis caminhar no temor do nosso Deus, para evitar os insultos das na­ções nossas inimi­gas? 10Eu mesmo, com os meus ir­mãos e os meus ser­vos, emprestá­mos prata e trigo. Pois bem, perdoemos o que nos devem. 11Devolvei-lhes, desde já, os seus cam­­pos, as suas vinhas, as suas oli­vei­ras e as suas casas; e restituí-lhes a percentagem da pra­ta, do trigo, do vinho novo e do azeite que lhes exi­gistes como juros.» 12Eles respon­de­­ram: «Devol­ve­re­mos tudo e nada mais lhes pediremos; faremos como dizes.» Chamei, en­tão, os sacer­dotes e obri­guei-os a jurar que agiriam assim.

13E sacudi o pó do meu manto, dizendo: «Que Deus sacuda assim, da sua casa e dos seus bens, todo aquele que não cumprir com a sua palavra. Que seja expulso e espo­liado!» E toda a assembleia respon­deu: «Ámen»; e louvaram o Senhor. E o povo cumpriu a promessa.

14Desde o dia em que o rei me esta­beleceu como governador da re­gião de Judá, do vigésimo até ao tri­gésimo segundo ano do reinado do rei Artaxerxes, durante doze anos, nem eu nem os meus irmãos come­mos o pão do governador. 15An­tes de mim, os governadores, meus pre­de­cessores, cobravam o pão e o vinho, à razão de quarenta siclos por dia, oprimindo o povo que tam­bém so­fria os vexames dos servos deles. Mas eu, pelo temor de Deus, não agi assim. 16Antes trabalhei na repa­ra­­­ção das muralhas; não com­prá­mos nenhum campo, e os meus servos trabalha­ram todos. 17Tinha a meu cargo a alimentação de cento e cinquenta ho­mens, judeus e ma­gis­trados, além dos que nos vinham pro­curar das re­giões vizinhas. 18Pre­pa­rá­vamos cada dia um boi, seis car­neiros escolhidos e aves, tudo à minha custa, e cada dez dias servia-se vinho em abundân­cia. Apesar disso, não reclamei os direi­tos de governador, porque o traba­lho ser­vil já oprimia muito este povo.

19«Lembra-te, ó meu Deus, de tudo o que fiz por este povo e recom­pensa-me.»

 

Ne 6

Ciladas dos inimigos e termo da muralha1Sanebalat, To­bias, Guéchem, o árabe, e outros ini­migos nossos souberam que eu re­cons­truíra a muralha e tapara as brechas, embora até àquele momento não houvesse ainda colocado os ba­tentes nas portas. 2Então, Sane­balat e Guéchem mandaram-me dizer: «Vem, para termos uma entre­­vista em Cafirim, no Vale de Ono.»

Pro­jectavam fazer-me mal. 3En­viei mensageiros a dize­r-lhes: «Es­tou ocupado num trabalho impor­tante; não posso descer, por­que teria de interromper o meu traba­lho, e não posso deixar a obra para ir ter con­vosco.» 4Por quatro ve­zes, me ende­re­çaram a mesma mensa­gem, mas eu dava-lhes sem­pre a mesma res­posta.

5À quinta vez, Sa­ne­balat en­viou-me a mesma men­sagem por um seu servo que agora trazia na mão uma carta aberta. 6Nela se di­zia o se­guinte: «Foi di­vul­gado entre as gentes – e Gué­chem afirma – que tu e os judeus reconstruís a mura­lha porque estais a projectar uma re­volta. E, ao que se diz, tu serias o seu rei, 7tendo até enviado profetas para te procla­marem rei de Judá em Jeru­salém. Todos estes boatos che­garão aos ouvidos do rei. Vem, pois, e en­ten­damo-nos.» 8Eu respondi-lhe: «Nada do que dizes é verdade; foste tu que inventaste tudo isso.»9Todos nos pro­curavam intimidar, dizendo: «Fati­­gar-se-ão de tal modo que aban­­­donarão o trabalho e jamais o aca­ba­rão.» Mas eu entreguei-me ao traba­lho ainda com mais ardor.


Falsos profetas contra Neemias10Fui depois à casa de Chemaías, filho de Delaías, filho de Meetabiel, que se fechara na sua residência. Disse-me ele: «Vamos juntos ao tem­plo de Deus, ao interior do tem­plo, e fechemos as portas do santuá­rio pois devem vir matar-te; virão tirar-te a vida esta noite.» 11Respondi-lhe: «Como? Então um homem como eu há-de fugir? Por outro lado, como pode um homem como eu entrar no san­tuário sem perder a vida? Não entra­rei.» 12Então, compreendi que não fora Deus quem o enviara, mas que predi­zia, sim, estas coisas por­que Tobias e Sanebalat o tinham subornado. 13Jul­gavam que, deste mo­do, me atemori­zavam e me fa­riam pecar, segundo o seu desejo. Aproveitariam isto para me cobrir de opróbrios e difamar-me.

14«Lembra-te, ó meu Deus, das maldades de Tobias e de Sanebalat. Lembra-te, também, da profetisa Noa­­­dias e dos outros profetas que procuravam atemorizar-me.»


Conclusão das obras15A mura­lha foi terminada no vigésimo quin­to dia do mês de Elul, em cinquenta e dois dias. 16Quando os nossos ini­migos o souberam, encheram-se de temor todas as nações vizinhas e fica­­ram humilhadas, porque reco­nhe­­­ce­ram que aquela empresa fora le­vada a bom termo pela vontade do nosso Deus. 17Naquele tempo, To­bias cor­res­pondia-se frequentemente com de­terminados chefes de Judá.18Mui­tos, com efeito, conjuraram-se com ele, por ser genro de Checanias, filho de Ara, e por Joanan, seu filho, ter ca­sado com a filha de Mechu­lam, filho de Baraquias. 19Falaram bem dele na minha presença e referi­ram-lhe as minhas palavras. Tobias escrevia as suas cartas para me atemorizar. 

Ne 7

Defesa da cidade1Logo que foi concluída a restauração da muralha e se colocaram os batentes das portas e ficaram estabelecidos nas suas funções os porteiros, os can­­tores e os levitas, 2confiei a defesa da cidade a Hanani, meu irmão, e a Hananias, o comandante da cida­dela, porque era um homem sério e cheio de temor de Deus. 3Ordenei-lhes que não abrissem as portas de Jerusa­lém enquanto não se sentisse o calor do sol. À tarde, com os guar­das ainda nos seus postos, fecha­vam as portas e punham as trancas. Durante a noite, os habitantes de Jerusalém, cada um no seu posto, montariam a guarda diante do seu templo.


Recenseamento do povo (Esd 2,1-70) 4A cidade era grande e espa­çosa mas estava pouco povoada, e as mora­dias não estavam todas recons­truídas. 5O meu Deus inspirou-me, então, que reunisse os notáveis, os magis­tra­dos e o povo para fazer o recen­sea­mento. Encontrei um registo genealógico dos primeiros que tinham voltado do exí­lio, no qual es­tava escrito o seguinte:

6Entre os exilados que Nabuco­do­no­sor, rei da Babilónia, levara ca­tivos, estes são os cidadãos da pro­víncia que se puseram a caminho para regressar a Jerusalém e à Ju­deia, cada um à sua cidade. 7Re­gres­saram com Zorobabel, Jesua, Nee­mias, Aza­rias, Raamias, Naamani, Mar­doqueu, Bilchan, Misperet, Big­vai, Naum, Baana.

Este é o número de homens de Israel: 8filhos de Pa­rós, dois mil cento e setenta e dois; 9filhos de Che­fatias, trezentos e setenta e dois; 10fi­lhos de Ara, seis­centos e cinquenta e dois; 11filhos de Paat-Moab, des­cen­­dentes de Jesua e de Joab, dois mil oito­cen­tos e de­zoito; 12filhos de Elam, mil duzentos e cinquenta e quatro; 13fi­lhos de Zatú, oitocentos e qua­renta e cinco; 14filhos de Zacai, sete­centos e ses­senta; 15filhos de Binui, seis­cen­tos e quarenta e oito; 16filhos de Be­bai, seiscentos e vinte e oito; 17filhos de Azegad, dois mil trezen­tos e vinte e dois;18filhos de Ado­ni­cam, seis­cen­­tos e sessenta e sete; 19filhos de Big­vai, dois mil e sessenta e sete; 20fi­lhos de Adin, seiscentos e cinquenta e cinco; 21filhos de Ater, filho de Eze­quias, noventa e oito; 22fi­lhos de Ha­chum, trezentos e vinte e oito; 23fi­lhos de Beçai, trezentos e vinte e quatro; 24fi­lhos de Harif, cento e doze; 25fi­lhos de Guibeon, noventa e cinco; 26habi­tantes de Belém e de Netofa, cento e oitenta e oito; 27ha­bi­tantes de Ana­tot, cento e vinte e oito; 28habi­tantes de Bet-Azemávet, qua­renta e dois; 29habitantes de Quiriat-Iarim, de Ca­fira e de Beerot, sete­cen­­tos e qua­renta e três; 30habitan­tes de Ramá e de Gueba, seiscentos e vinte e um; 31habitantes de Micmás, cento e vinte e dois;32habitantes de Betel e de Ai, cento e vinte e três; 33homens de Nebo, cinquenta e dois; 34filhos de outro Elam, mil duzentos e cin­quenta e quatro; 35filhos de Ha­rim, trezen­tos e vinte; 36habitantes de Jericó, trezentos e quarenta e cinco; 37filhos de Lod, de Hadid e de Ono, sete­cen­tos e vinte e um; 38fi­lhos de Senaá, três mil novecentos e trinta.

39Sacerdotes: filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e seten­ta e três; 40filhos de Imer, mil e cin­quen­ta e dois; 41filhos de Pachiur, mil du­zentos e quarenta e sete; 42filhos de Harim, mil e dezassete.

43Levitas: filhos de Jesua, de Cad­miel, de Hodavias, setenta e quatro.

44Cantores: filhos de Asaf, cento e quarenta e oito.

45Porteiros: filhos de Chalum, fi­lhos de Ater, filhos de Talmon, filhos de Acub, filhos de Hatita, filhos de Sobai, cento e trinta e oito.

46Natineus: filhos de Sia, filhos de Hassupa, filhos de Tabaot, 47fi­lhos de Querós, filhos de Siá, filhos de Padon, 48filhos de Lebana, filhos de Hagaba, filhos de Salmai, 49filhos de Hanan, filhos de Gadiel, filhos de Gaar, 50filhos de Reaías, filhos de Re­cin, filhos de Necoda, 51filhos de Ga­zam, filhos de Uzá, filhos de Pas­sea, 52filhos de Besai, filhos de Meu­nim, filhos de Nefichessim, 53filhos de Ba­c­buc, filhos de Hacufa, filhos de Ha­rur, 54filhos de Bacelut, filhos de Maída, filhos de Harsa, 55filhos de Barcos, filhos de Sísera, filhos de Tema, 56fi­lhos de Necia, filhos de Ha­tifa. 57Filhos dos servos de Salomão: filhos de Sotai, filhos de Soferet, fi­lhos de Perudá, 58filhos de Jaala, filhos de Darcon, filhos de Gadiel,59filhos de Chefatias, filhos de Hatil, filhos de Poquéret-Hacebaim, filhos de Amon.

60Total dos natineus e dos filhos dos servos de Salomão: trezentos e noventa e dois.

61Estes são os que partiram de Tel-Mela, Tel-Harcha, Querub-Adon e Imer, e não conseguiram provar a sua ascendência, a família dos seus pais e a sua origem israelita: 62filhos de Delaías, filhos de Tobias, filhos de Ne­coda, seiscentos e quarenta e dois; 63entre os sacerdotes: filhos de Ha­baías, filhos de Hacós, filhos de Bar­zi­lai, que se casou com uma das filhas de Barzilai, o guileadita, e to­mou o seu nome. 64Estes procura­ram a sua genealogia, mas não a conse­guiram descobrir. Por isso foram excluídos do sacerdócio. 65O gover­nador proi­biu-os de comer das ofe­rendas sagradas, até que se pu­desse encontrar um sacer­dote qua­lificado, para consultar Deus por meio dos dados sagrados.

66Toda a assembleia perfazia um total de quarenta e duas mil tre­zen­tas e sessenta pessoas, 67sem contar os seus servos e as suas servas, que eram em número de sete mil tre­zen­tos e trinta e sete. Havia, entre eles, duzentos e quarenta e cinco canto­res e cantoras. 68Tinham quatro­cen­tos e trinta e cinco camelos e seis mil setecentos e vinte jumentos.


Donativos para o templo69Al­guns chefes de família fizeram dona­­tivos para os trabalhos. O governa­dor doou ao tesouro mil dracmas de ouro, cinquenta taças e quinhentas e trinta túnicas sacerdotais. 70E vários chefes de família doaram ao tesouro para os trabalhos vinte mil dracmas de ouro e duas mil e du­zentas minas de prata. 71O resto do povo doou vinte mil dáricos de ouro, duas mil minas de prata e sessenta e sete túnicas sacerdotais. 72Os sacer­dotes, os levi­tas, os cantores, os por­tei­ros, as pes­soas do povo, os natineus e todos os filhos de Israel estabe­le­ce­ram-se nas suas respecti­vas cidades. 

Ne 8

II. Proclamação da Lei e Reformas (8,1-13,31)


Leitura solene da Lei1Ao chegar o sétimo mês, os filhos de Israel já estavam instalados nas suas cidades. Então todo o povo se reu­niu, como um só homem, na pra­ça que fica diante da porta das Águas e pediu a Esdras, o escriba, que trou­xesse o livro da Lei de Moi­sés, que o Senhor prescrevera a Is­rael. 2O sa­cer­dote Esdras apresen­tou, pois, a Lei diante da assembleia de homens e mulheres e de todos quantos eram capazes de a compreender. Foi no primeiro dia do sétimo mês. 3Esdras leu o livro, desde a manhã até à tarde, na praça que fica diante da porta das Águas, e todo o povo es­cutava com atenção a leitura do livro da Lei. 4O escriba Esdras su­biu para um estrado de madeira, mandado levantar para a ocasião. A seu lado encontravam-se à direita, Matatias, Chema, Anaías, Urias, Hil­­quias e Massaías; à es­querda, Pe­daías, Michael, Malquias, Hachum, Hasbadana, Zacarias e Me­chulam. 5Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, pois achava-se num lugar elevado acima da multidão. Quando o escriba abriu o livro, todo o povo se levantou. 6Então, Esdras ben­disse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: «Ámen! Ámen!» Depois, in­cli­naram-se e prostraram-se diante do Se­nhor, com a face por terra.

7Je­sua, Bani, Cherebias, Jamin, Acub, Chabetai, Hodaías, Massaías, Que­litá, Azarias, Jozabad, Hanan, Pe­­laías e os outros levitas explica­vam a Lei ao povo, e cada um ficou no seu lugar. 8E liam, clara e dis­tin­ta­mente, o livro da Lei de Deus e expli­cavam o seu sentido, de modo que se pudesse compreender a lei­tura.

9O governador Neemias, Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que instruíam o povo disseram a toda a multidão: «Este é um dia consa­gra­do ao Senhor, vosso Deus; não vos entristeçais nem choreis.» Pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. 10ntão, Neemias disse-lhes:

«Ide para as vossas casas, fazei um bom jantar, bebei vinho doce e re­parti com aqueles que nada têm prepa­rado; este é um dia grande, con­sagrado a Deus; não vos entris­te­çais, porque a alegria do Senhor é que é a vossa força.»

11Os levitas exortaram o povo ao silêncio: «Calai-vos! – diziam eles. Este é um dia santo; não vos la­menteis.»

12E todo o povo se retirou para comer e beber, repartir porções pelos pobres e entregar-se a gran­des ale­grias, porque tinham enten­dido o sen­tido das palavras que lhes tinham sido explicadas.


Festa das Tendas (Lv 23,33-36) – 13No segundo dia, os chefes das fa­mílias de todo o povo, os sacerdotes e os levitas reuniram-se na presença do escriba Esdras, para ouvir a explica­ção da Lei. 14Encontraram escrito no livro da Lei, que o Senhor orde­nara, por intermédio de Moisés, que os fi­lhos de Israel habitassem em ten­das, na festa do sétimo mês. 15Fizeram, então, proclamar e publi­car em todas as cidades, e também em Jerusa­lém, o seguinte aviso: «Ide à montanha e trazei ramos de oli­vei­ra e de zambu­jeiro, ramos de murta, ramos de pal­meira e de árvo­res fron­dosas, para fazer cabanas, como está prescrito.»

16Foi, pois, o povo e trou­xe ramos. E construíram as cabanas nos ter­ra­­ços das suas casas, nos átrios do tem­­plo, nos pátios, na pra­ça da porta das Águas e na praça da porta de Efraim. 17Deste modo, toda a assembleia da­­­­queles que re­gres­saram do cati­veiro fizeram as cabanas e habita­ram ne­las. Desde o tempo de Josué, filho de Nun, até àquele dia, nunca os filhos de Israel fizeram coisa se­melhante. E a alegria foi grande.

18Esdras fez, cada dia, uma lei­tu­ra da Lei de Deus, desde o pri­meiro dia da festa até ao último. Celebra­ram a festa durante sete dias e, no oitavo dia, houve uma assembleia so­lene, segundo o costume. 

Ne 9

A expiação dos pecados1No vigésimo quarto dia do mesmo mês, os filhos de Israel, vestidos de saco e com a cabeça coberta de pó, reuniram-se para o jejum. 2Os que eram da linhagem de Israel esta­vam separados de todos os estran­geiros, e apresentaram-se para con­fessar os seus pecados e as iniqui­dades dos seus pais. 3De pé, cada um no seu lugar, todos escutavam a leitura da Lei do Senhor, seu Deus, durante um quarto do dia; e, durante outro quarto do dia, confessavam os seus pecados e adoravam o Senhor, seu Deus.

4Jesua, Benui, Cadmiel, Cheba­nias, Buni, Cherebias, Bani e Cana­ni, que tomaram lugar no estrado dos levitas, invocaram em alta voz o Se­nhor, seu Deus. 5E os levitas Je­sua, Cadmiel, Bani, Hasabenias, Che­­re­bias, Hodaías, Chebanias e Pe­taías disseram: «Levantai-vos, bendizei o Senhor, vosso Deus, des­de sempre e para sempre!» Bendito seja o teu nome glorioso, que está acima de toda a bênção e louvor.


Oração dos levitas

6«Tu, Senhor, és o único,

Tu fizeste os altos céus

e todo o exército dos seus astros,

a terra e tudo o que ela contém,

o mar e tudo o que nele se en­contra;

Tu dás a vida a todos os seres,

e o exército dos céus te adora.

7Foste Tu, Senhor Deus,

quem escolheu Abrão,

quem o tirou da terra de Ur, na Caldeia,

e quem lhe deu o nome de Abraão.

8Encontraste nele um coração fiel

e fizeste com ele uma aliança,

prometendo dar à sua posteri­dade

a terra dos cananeus, dos hititas,

dos amorreus, dos perizeus,

dos jebuseus e dos guirgaseus

e cumpriste a tua palavra,

porque Tu és justo.

9Viste a aflição dos nossos pais no Egipto,

e ouviste o seu clamor no Mar dos Juncos.

10Realizaste sinais e prodígios con­tra o faraó,

contra todos os seus servos

e todo o povo do seu país,

porque sabias que trataram

com crueldade os nossos pais,

e alcançaste um nome grande

como nestes nossos dias.

11Dividiste o mar diante deles,

e passaram pelo meio a pé en­xuto;

mas precipitaste no abismo

todos os que os perseguiam,

como uma pedra é atirada

às profundezas das águas.

12Tu os guiaste, durante o dia,

por uma coluna de nuvens

e, de noite, por uma coluna de fogo

para iluminar o caminho que de­viam seguir.

13Desceste sobre o monte Sinai,

falaste-lhes do alto do céu

e deste-lhes ordens justas,

leis de verdade, preceitos

e mandamentos excelentes.

14Deste-lhes a conhecer o teu santo sábado

e, por meio de Moisés, teu servo,

prescreveste-lhes os mandamen­tos,

os preceitos e a Lei.

15Deste-lhes o pão do céu,

para saciar a sua fome,

fizeste brotar água do rochedo

para lhes matar a sede.

Deste-lhes a posse da terra

que a tua mão jurou dar-lhes.

16Mas eles e os nossos pais

encheram-se de orgulho,

endureceram a cerviz

e não observaram os teus man­damentos.

17Recusaram ouvir

e não se recordaram mais

das maravilhas que operaste em seu favor.

Endureceram a cerviz

e, na sua rebelião, puseram os pés a caminho

para voltar à sua escravidão no Egipto.

Mas Tu és um Deus de perdão,

clemente e compassivo,

lento na ira e rico em miseri­cór­dia

e, por isso, não os abandonaste,

18mesmo quando fabricaram para si

um bezerro de metal fundido

e disseram: ‘Eis o teu Deus

que te fez subir do Egipto’,

e cometeram grandes abomina­ções.

19Tu usaste de muita misericór­dia

e não os abandonaste no deserto;

e não se afastou deles

a coluna de nuvem que os guiava

durante o dia, no seu caminho,

e a coluna de fogo

que, durante a noite, lhes ilumi­nava o caminho

que deviam seguir.

20Deste-lhes o teu bom espírito

para os instruir,

não recusaste o teu maná

para os alimentar

e deste-lhes água para matar a sua sede.

21Tu os alimentaste no deserto

durante quarenta anos,

sem que nada lhes faltasse.

As suas vestes não envelheceram

e os seus pés não incharam.

22Tu lhes entregaste os reinos e os povos,

cujas terras sorteaste entre eles.

Possuíram a terra de Seon,

a terra do rei de Hesbon

e a terra de Og, rei de Basan.

23Multiplicaste os seus filhos

como as estrelas do céu,

e introduziste-os na terra

cuja posse prometeste dar a seus pais.

24Vieram os seus filhos e ocupa­ram-na.

Diante deles, humilhaste os cana­­neus

que a habitavam,

e entregaste-a nas suas mãos,

com os seus reis e as populações

que ficaram à sua mercê.

25E tomaram as suas cidades for­ti­ficadas

e as terras férteis;

herdaram casas repletas

de toda a espécie de bens,

cisternas já feitas, vinhas e oli­vais

e muitas árvores frutíferas.

E comeram até se saciarem,

engordaram e deleitaram-se

com a tua grande bondade.

26Mas foram rebeldes

e revoltaram-se contra ti.

Rejeitaram a tua Lei,

mataram os teus profetas,

que os repreendiam

para se converterem a ti.

Cometeram grandes abomina­ções.

27E Tu os entregaste

nas mãos dos seus inimigos,

que os oprimiram.

Mas quando, no tempo da sua aflição,

clamaram a ti, Tu os ouviste do alto do céu

e, segundo a tua grande miseri­córdia,

enviaste-lhes salvadores

que os livraram das mãos dos seus inimigos.

28 Mas assim que voltou a paz,

voltaram a fazer o mal diante de ti,

e Tu os abandonaste nas mãos dos seus inimigos,

que os dominaram.

Mas converteram-se de novo e clamaram a ti,

e Tu, do alto do céu, os atendeste,

segundo a tua grande miseri­cór­dia,

libertando-os muitas vezes.

29Tu os exortaste a voltar à tua Lei,

mas eles, na sua arrogância,

não escutaram os teus manda­mentos,

transgrediram as tuas ordens,

que dão a vida ao homem que as observa,

e só mostraram ombros rebeldes,

cerviz altiva e ouvidos surdos.

30A tua paciência suportou-os

durante muitos anos;

fazias-lhes admoestações

pela inspiração do teu espírito,

que animava os teus profetas,

mas não te deram ouvidos.

Então, entregaste-os nas mãos dos povos estrangeiros.

31Mas, na tua grande misericór­dia,

não os aniquilaste nem os aban­donaste,

porque Tu és um Deus clemente e compassivo.

32Agora, pois, ó nosso Deus,

Deus grande, poderoso e temível,

que guardas fielmente

a tua aliança misericordiosa,

não sejas indiferente

a todos os sofrimentos que nos têm afligido,

a nós, aos nossos reis,

aos nossos chefes, aos nossos sa­cerdotes,

aos nossos profetas, aos nossos pais

e a todo o povo,

desde o tempo dos reis da Assíria

até ao dia de hoje.

33Em tudo aquilo que nos acon­te­ceu,

Tu foste justo porque agiste com fidelidade,

enquanto nós praticámos o mal.

34Os nossos reis, os nossos chefes,

os nossos sacerdotes e os nossos pais

negligenciaram a prática da tua Lei

e não obedeceram aos teus man­damentos

nem às admoestações que lhes fi­zeste.

35No seu reino, apesar dos muitos bens

que lhes concedeste

nesta terra espaçosa e fértil que lhes entregaste,

eles não te serviram

nem renunciaram às suas más obras.

36Por isso, hoje somos escravos

nesta mesma terra que deste aos nossos pais

para que comessem dos seus fru­tos

e dos seus produtos.

37Esta terra multiplica os seus pro­­dutos

para os reis estrangeiros,

que puseste a mandar em nós,

por causa dos nossos pecados,

e que dispõem das nossas pes­soas

e dos nossos animais, conforme a sua vontade.

Estamos, de facto, numa grande aflição.»

Ne 10

Renovação da aliança1Por tudo isto, fazemos hoje um pac­to consignado por escrito e assinado pelos nossos chefes, pelos nossos levi­tas e pelos nossos sa­cer­dotes. 2Fo­ram estes os que assi­na­ram: Neemias, o governador, filho de Hacalias, e Se­decias; 3Seraías, Azarias, Jeremias, 4Pachiur, Ama­rias, Malquias, 5Hatus, Chebanias, Maluc, 6Harim, Meremot, Abdias, 7Da­niel, Guineton, Baruc, 8Me­­­­chu­lam, Abias, Miamin, 9Maa­zias, Bil­gai, Chemaías. Estes são os sa­cer­dotes. 10E os levitas: Jesua, fi­lho de Azanias, Binui, dos filhos de He­nadad, Cadmiel11e os seus ir­mãos, Che­banias, Hodaías, Quelitá, Pelaías, Hanan, 12Mica, Reob, Hasabias, 13Za­­cur, Cherebias, Chebanias, 14Ho­daías, Bani, Beninu. 15Chefes do po­vo: Pa­rós, Paat-Moab, Elam, Zatú, Bani, 16Buni, Azegad, Bebai, 17Ado­nias, Bigvai, Adin, 18Ater, Ezequias, Azur,19Ho­daías, Ha­chum, Beçai, 20Harif, Ana­tot, Nebai, 21Magpias, Me­chulam, He­­­zir, 22Meche­zabel, Sa­­doc, Jadua, 23Pe­latias, Ha­nan, Anaías,24Oseias, Hana­nias, Ha­­chub, 25Loés, Pileá, Cho­­bec, 26Reum, Hasabna, Mas­saías, 27Aías, Ha­nan, Anan, 28Maluc, Ha­rim e Baana.


Compromissos da comunidade29O resto do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os natineus e todos os que estavam se­parados dos povos estrangeiros e abra­­çaram a Lei de Deus, as suas mulhe­res, os seus filhos e as suas filhas, todos os que estavam em idade de co­nhecer e compreender, 30junta­ram-se aos irmãos, aos seus chefes, e jura­ram caminhar segun­do a Lei de Deus, dada por intermédio de Moi­sés, seu servo, e observar e praticar todos os mandamentos do Senhor, nosso Deus, os seus juízos e os seus preceitos.

31Prometemos não dar as nossas filhas aos povos desta terra e, tam­bém, não tomar as suas filhas para os nossos filhos; 32nada comprar em dia de sábado ou em dia de festa, mercadorias ou quaisquer géneros ali­mentícios trazidos para vender, naqueles dias, pelos povos da terra; deixar repousar a terra no sétimo ano e remir toda a dívida.

33Impu­se­mo-nos como obrigação pagar, cada ano, o terço de um siclo, para o serviço do templo, 34para os pães da oferenda, a oblação perpé­tua e o holocausto perpétuo, para os sa­cri­fícios dos sába­dos, das festas da Lua-nova e das fes­tas consagradas, para os sacrifí­cios expiatórios em fa­vor de Israel e para todo o serviço do templo do nosso Deus. 35Deitámos sortes, entre os sa­cerdotes, os levi­tas e o povo, quanto à oferta da le­nha que cada família, por sua vez, em cada ano, nas épo­cas determi­nadas, deve trazer ao tem­plo, para manter aceso o fogo do altar do Senhor, nosso Deus, con­forme está escrito na Lei.

36Comprometemo-nos a trazer ao templo, cada ano, as primícias da nossa terra e de todas as nossas ár­vores, 37a apresentar, igual­mente, aos sacerdotes que fazem o serviço do templo de Deus, como está pres­crito na Lei, os primogénitos dos nos­sos filhos e dos nossos animais, as­sim como os primo­génitos das nos­sas vacas e ovelhas. 38Do mesmo modo, comprometemo-nos a trazer aos sacerdotes, nas depen­dên­cias do templo do nosso Deus, as pri­mícias dos nossos ali­men­tos, das nos­sas ofertas e dos frutos de todas as árvores, do vinho e do azeite, e a en­tregar o dízimo da nossa terra aos levitas, encar­re­gados de receberem o dízimo dos nos­sos trabalhos em todas as cida­des.

39Um sacerdote da linhagem de Aa­rão acompa­nhará os levitas quando receberem o dízimo; e os levitas tra­rão o dízimo ao tem­plo do nosso Deus, para as salas que ser­vem de depó­sito. 40Porque os fi­lhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer, para estas salas, as primí­cias do trigo, do vinho e do azeite; nelas se encon­tram os uten­sílios do san­tuá­rio e é ali que se encontram os sacerdotes em ser­viço, bem como os porteiros e os cantores. Assim, não mais negli­genciaremos o templo do nosso Deus.»

 

Ne 11

Repovoamento de Jerusa­lém (1 Cr 9,1-34) – 1Os chefes do povo residiam em Jerusalém. Mas o resto dos filhos de Israel tirou sor­tes, a fim de que um, entre dez, fosse ha­bitar em Jerusalém, na ci­dade santa, ficando os outros nove nas cidades.

2O povo abençoou todos aqueles que decidiram voluntaria­mente ha­bitar em Jerusalém.


Habitantes em Jerusalém3Es­­tes são os chefes da província que se estabeleceram em Jerusalém e nas cidades de Judá. Cada um habitava na sua propriedade e na sua cidade, tanto os israelitas como os sacer­do­tes, os levitas, os natineus e os filhos dos escravos de Salomão. 4Fixa­ram-se em Jerusalém tanto filhos de Ju­dá como filhos de Benjamim. Entre os filhos de Judá: Ataías, filho de Uzias, filho de Zacarias, filho de Ama­rias, filho de Chefatias, filho de Maala­leel, dos filhos de Peres; 5Mas­saías, filho de Baruc, filho de Col-Hozé, fi­lho de Hazaías, filho de Adaías, filho de Joiarib, filho de Za­carias, filho de Chelá. 6Total dos filhos de Peres que residiam em Jerusalém: quatrocen­tos e sessenta e oito homens valen­tes.

7Filhos de Benjamim: Salú, filho de Mechu­lam, filho de Joed, filho de Pedaías, filho de Colaías, filho de Massaías, filho de Itiel, filho de Je­saías, 8e, depois dele, Gabai-Salai; ao todo, novecen­tos e vinte e oito. 9Joel, filho de Zicri, era o seu chefe, e Judá, fi­lho de Hassenua, ocupava o segun­do posto na cidade. 10Entre os sacer­dotes: Jedaías, filho de Joia­rib, Ja­quin, 11Seraías, filho de Hil­quias, filho de Mechulam, filho de Sadoc, filho de Meraiot, filho de Aitub, inten­dente do templo de Deus, 12com os seus irmãos que trabalhavam tam­bém no serviço do templo; ao todo, oito­cen­tos e vinte e dois. Adaías, filho de Je­roam, filho de Pelalias, filho de Amci, filho de Zacarias, filho de Pa­chiur, filho de Malquias,13com os seus irmãos, chefes de famílias, em número de duzentos e quarenta e dois. Amachessai, filho de Azarel, filho de Azai, filho de Mechilemot, filho de Imer, 14com os seus irmãos, fortes e valentes, em número de cento e vinte e oito. Zabdiel, filho de Haguedolim, era o seu chefe.

15En­tre os levitas: Chemaías, fi­lho de Hachub, filho de Azericam, filho de Hasabias, filho de Buni, 16Cha­be­tai e Jozabad, superintendentes dos trabalhos exteriores do templo de Deus, entre os chefes dos levitas; 17Matanias, filho de Mica, filho de Zabdi, filho de Asaf, primeiro cantor dos salmos e hinos, no tempo da ora­­ção; Bacbuquias, o segundo en­tre os seus irmãos, e Abda, filho de Cha­mua, filho de Galal, filho de Je­du­tun.18Total dos levitas residentes em Jerusalém, na cidade santa: duzen­tos e oitenta e quatro.

19Os porteiros Acub, Talmon e os seus irmãos, guardas das portas, eram cento e setenta e dois. 20O resto dos filhos de Israel, sacerdotes e levitas, estabeleceram-se em todas as cidades de Judá, cada um na sua propriedade.

21Os natineus residiam no quar­teirão de Ofel, tendo à sua frente Sia e Guispa. 22O chefe dos levitas de Je­rusalém era Uzi, filho de Bani, filho de Hasabias, filho de Mata­nias, fi­lho de Mica, dos cantores, fi­lhos de Asaf, encarregados do ser­viço do templo de Deus.

23A respeito deles havia uma or­dem especial do rei, e um regula­men­to determinava aos cantores o seu turno, dia a dia. 24Petaías, filho de Me­chezabel, da linhagem de Ze­ra, fi­lho de Judá, era comissário do rei para todos os assuntos refe­ren­tes ao povo.


Habitantes da província25Quan­­­­to às cidades e seus arre­do­res, os filhos de Judá estabele­ce­ram-se em Quiriat-Arbá e nas suas aldeias, em Dibon e nas suas al­deias, em Cabe­ciel e nas suas al­deias, 26em Jesua, Molada, Bet-Pélet, 27Haçar-Chual, Ber­­­­cheba e nas suas aldeias;28em Ciclag e Meconá e nas suas aldeias; 29em En-Rimon, Sorá, Jar­mut, 30Za­noa, Adulam e nas suas aldeias, em Láquis e nos seus terri­tórios, em Azeca e nas suas aldeias. Estabele­ce­ram-se desde Bercheba até ao vale de Hinom.

31Os filhos de Benjamim estabe­le­­ceram-se desde Gueba até Micmás, Ai, Betel, e nas suas aldeias, 32em Anatot, em Nob, em Ananias,33em Haçor, Ramá, Guitaim, 34Hadid, Se­boim, Nebalat, 35Lod e Ono, no vale dos Operários. 36Houve alguns levi­tas oriundos de Judá que se uniram à tribo de Benjamim. 

Ne 12

Lista dos ministros sagra­dos1Estes são os sacerdo­tes e levitas que voltaram com Zoro­babel, filho de Salatiel, e com Jesua: Seraías, Jeremias, Ezra, 2Ama­rias, Ma­luc, Hatus, 3Checa­nias, Reum, Me­remot, 4Ido, Guineton, Abias, 5Mia­min, Moadias, Bilga, 6Che­maías, Joia­rib, Jedaías, 7Salú, Amoc, Hilquias, Jedaías. Estes eram os chefes dos sacerdotes e dos seus irmãos no tem­po de Jesua.

8Os levitas: Jesua, Binui, Ca­dmiel, Cherebias, Judá e Matanias que, com os seus irmãos, dirigia o canto dos louvores; 9Bacbuquias e Uni, seus ir­mãos, alternavam com eles.

10Jesua gerou Joaquim, Joaquim gerou Eliachib, Eliachib gerou Joia­dá, 11Joiadá gerou Jonatan, Jona­tan gerou Jadua.

12No tempo de Joaquim os chefes das famílias sacerdotais eram: para a de Seraías, Meraías; para a de Je­re­mias, Hananias; 13para Esdras, Me­chu­lam; para Amarias, Joanan; 14para Maluc, Jonatan; para Che­ba­­nias, José; 15para Harim, Adná; para Meraiot, Helcai; 16para Ido, Za­ca­rias; para Guineton, Mechulam; 17para Abias, Zicri; para Miniamin e Moa­dias, Piltai; 18para Bilga, Cha­mua; para Chemaías, Jonatan; 19pa­ra Joia­rib, Matenai; para Je­daías, Uzi; 20para Salú, Calai; para Amoc, Éber; 21para Hilquias, Hasa­bias; para Jedaías, Nataniel.

22Sob o reinado de Dario, rei da Pérsia, fez-se uma lista de todos os chefes das famílias dos filhos de Levi e dos sacerdotes no tempo de Elia­chib, de Joiadá, de Joanan e de Ja­dua. 23Os chefes de família dos filhos de Levi inscreveram-se no Livro das Crónicas até ao tempo de Joanan, filho de Eliachib. 24Os chefes dos levitas foram: Hasabias, Cherebias e Jesua, filho de Cadmiel, encarre­gados, alternadamente com os seus irmãos, de cantar os lou­vo­res a Deus, segundo o rito instituído por David, homem de Deus, um coro respon­dendo ao outro.25Matanias, Bacbu­quias, Abdias, Mechulam, Tal­mon e Acub eram os porteiros e guardas das portas. 26Estes eram os que estavam em funções no tem­po de Joaquim, filho de Jesua, filho de Jocédec, e no tempo do gover­na­dor Neemias e de Esdras, sacerdote e escriba.


Dedicação das muralhas de Je­ru­salém (1 Cr 15,16-24) – 27Para a dedicação das muralhas de Jeru­sa­lém, convocaram-se os levitas de todos os lugares onde residiam, a fim de virem a Jerusalém celebrar alegre­mente essa dedicação com hinos e cânticos, ao som de cím­balos, de cíta­ras e de harpas. 28Os filhos dos can­tores reuniram-se dos campos vizi­nhos de Jerusalém e das cidades da região de Netofa, 29de Bet-Guilgal e dos campos de Gueba e de Azemá­vet, pois os cantores ti­nham cons­truído aldeias nos arre­dores de Jeru­salém. 30Os sacerdotes e os levitas purificaram-se e, depois, purifica­ram o povo, as portas e a muralha.

31Fiz então subir à muralha os chefes de Judá e dividi-os em dois grandes coros para o cortejo. Um ia pela mão direita sobre a muralha em direcção à porta da Estrumeira. 32Atrás deste, caminhavam Hosaías e metade dos chefes de Judá: 33Aza­­rias, Ezra, Mechulam, 34Judá, Benja­mim, Chemaías e Jeremias. 35De­pois, os filhos dos sacerdotes com trom­be­tas, Zacarias, filho de Jonatan, filho de Chemaías, filho de Matanias, fi­lho de Miqueias, filho de Zacur, filho de Asaf, 36com os seus irmãos, Che­maías, Azarel, Mi­la­lai, Guilalai, Maai, Nataniel, Judá e Hanani, com os ins­trumentos musicais de David, homem de Deus. O escriba Esdras ia à frente deles. 37Chegando à porta da Fonte, subi­ram, de frente, as esca­das da ci­dade de David, pela subida da mura­lha que protege o palácio de David, até atingir a porta das Águas, a oriente.

38O segundo coro ia pela es­quer­da, e eu seguia-o com a outra meta­de da multidão, sobre a muralha, por cima da torre dos Fornos, 39até à mu­ralha larga; depois, pela porta de Efraim, pela porta Nova, pela porta dos Peixes; pela torre de Hananiel, pela torre dos Cem, até à porta das Ovelhas, interrompendo a marcha na porta da Prisão.

40Os dois coros detiveram-se no templo de Deus, bem como eu com a metade dos ma­gistrados que me acom­pa­nha­vam, 41e os sacerdotes Elia­­­quim, Mas­saías, Miniamin, Mi­queias, Elioenai, Zaca­­rias, Hananias, com trombetas, 42e Massaías, Chemaías, Eleázar, Uzi, Joanan, Malquias, Elam e Ézer. Os cantores fizeram-se ouvir, dirigidos por Jizraías.

43Ofereceram-se, naquele dia, gran­­des sacrifícios e houve regozijo, por­que Deus dera ao povo motivo de grande alegria. As mulheres e as crian­ças tomaram também parte nas festividades e, de muito longe, ou­viam-se os gritos de alegria que ecoa­­vam em Jerusalém.


Restabelecimento do culto44Na­­­quele tempo, estabeleceram-se ho­mens para guardar as salas que ser­viam de depósito para as ofe­ren­das, as ofertas reservadas, as primí­cias e os dízimos, onde foram reco­lhi­das, dos campos e das cidades, nas suas diversas divisões, as partes pres­cri­tas pela Lei para os sacer­do­tes e levitas. O povo de Judá ale­grou-se, ao ver nos seus postos os sacer­dotes e levitas 45que, do mesmo modo que os cantores e porteiros, assegura­vam o serviço do seu Deus e os ritos das purificações, segundo as ordens de David e de Salomão, seu filho.

46Com efeito, já no tempo de Da­vid e Asaf, havia chefes de cantores, que cantavam cânticos de louvor e de acções de graças a Deus. 47Todo o Israel, no tempo de Zoro­babel e de Neemias, dava quotidia­namente as porções destinadas aos cantores e aos porteiros; e dava as ofertas sa­gra­das aos levitas, os quais entre­gavam aos filhos de Aarão a parte das coisas con­sagradas. 

Ne 13

Reformas de Neemias1Ao ler-se, certo dia, ao povo, o livro de Moisés, descobriu-se um texto que ordenava que o amonita e o moabita jamais deviam ingressar na assem­bleia de Deus, 2por não terem ido receber os filhos de Israel com pão e água; antes, contrataram Balaão para os amaldiçoar, maldi­ção que o nosso Deus mudou em bênção. 3Logo que ouviram a lei­tura desta Lei afas­ta­ram de Israel todos os estrangeiros.

4Antes disso, o sacerdote Elia­chib, superintendente dos depósitos do tem­plo do nosso Deus e parente de To­bias, 5colocara à disposição deste último uma grande sala, onde se de­positavam, até então, as ofe­ren­das, os perfumes, os utensílios, o dízimo do trigo, do vinho e do azeite, para os levitas, os porteiros e os cantores, e as ofertas devidas aos sacerdotes.


Segunda missão de Neemias6En­quanto se fazia tudo isto, eu não estava em Jerusalém, pois no trigé­simo segundo ano do reinado de Ar­taxerxes, rei da Babilónia, fui ter com o rei. Passado algum tempo, obtive permissão do rei 7e regressei a Jeru­salém.

Tive conhecimento do mal que pra­ticara Eliachib em favor de Tobias, colocando à sua dispo­sição uma sala nos átrios do templo de Deus. 8Fi­quei grandemente in­dignado. Mandei tirar para fora da sala tudo quanto per­tencia a To­bias, 9ordenei que a puri­ficassem e voltas­sem a colocar nela os uten­sí­lios do templo de Deus, as oferendas e os perfumes.


Os dízimos para os levitas10Soube também que não se deram aos levitas as dádivas que lhes eram devidas e que os levitas e os canto­res se retiraram cada um para a sua região. 11Censurei os magis­tra­dos e disse-lhes: «Porque se abandonou o templo de Deus?» Reu­ni os levitas e cantores e reconduzi-os, cada um, ao seu posto.

12Então, todo o Judá trouxe os dízi­mos do trigo, do vinho e do azeite para os depósitos. 13Con­fiei a inten­dência dos armazéns ao sacerdote Chele­mias, ao escriba Sa­doc e a Pe­daías, um dos levitas, e, como adjunto, a Hanan, filho de Za­cur, filho de Ma­tanias, porque tinham fama de ínte­gros. Foram eles os en­carre­ga­dos de fazer a distribuição aos seus irmãos.

14«Recorda-te de mim, ó Deus, por tudo isto, e não esqueças os actos de piedade que fiz pelo templo do meu Deus e pelo seu culto.»


Observância do sábado15Na­quela época, encontrei em Judá ho­mens que pisavam uvas ao sábado, carregavam molhos e transporta­vam em jumentos vinho, uvas, figos e toda a espécie de fardos, que leva­vam para Jerusalém em dia de sá­bado. Admoes­tei-os a respeito do dia em que ven­diam os seus pro­du­tos. 16Ha­via tam­bém alguns habi­tantes de Tiro esta­belecidos na cidade, que tra­ziam peixe e toda a espécie de mer­cado­rias, que vendiam em dia de sá­bado aos judeus, em Jerusalém. 17Re­preen­­di os notáveis de Judá e disse-lhes: «Pro­cedeis muito mal, pro­fa­nando o dia de sábado. 18Os vossos pais faziam o mesmo e, por isso, Deus fez cair todas essas des­graças sobre vós e esta cidade. E vós ireis inflamar a sua cólera contra Israel, profanando o sá­bado?»

19Por isso, logo que as por­tas de Jerusa­lém ficaram cobertas pela som­bra, antes do sábado, orde­nei que fe­chas­sem as portas e não as abris­sem senão depois do sábado. Coloquei às portas alguns dos meus homens a fim de impedirem que qual­quer merca­do­ria ali entrasse em dia de sábado. 20Então, os negociantes que vendiam toda a espécie de produ­tos passaram uma ou duas vezes a noite fora de Jerusalém.21Ameacei-os, dizendo: «Porque passais a noite diante das muralhas? Se o voltardes a fazer, mando prender-vos.» Desde então, não tornaram a vir em dia de sá­bado. 22E ordenei aos levitas que se purificassem e viessem guardar as portas, para santificar o dia de sá­bado.

«Recorda-te, pois, de mim, ó meu Deus, por causa disto também, e per­­doa-me, pela tua grande miseri­cór­dia.»


Os casamentos mistos – (Dt 7,1-4; Esd 9,1-4; Ml 2,10-12) – 23Naqueles dias encontrei mais alguns judeus que tinham desposado mulheres de As­dod, de Amon e de Moab. 24Me­tade dos seus filhos falavam a lín­gua de Asdod e a língua de outros povos e já não sabiam falar o he­braico.

25Admoestei-os e amaldi­çoei-os, até bati em alguns, arranquei-lhes os cabelos e ordenei-lhes, em nome de Deus: «Não dareis as vos­sas fi­lhas aos filhos dos estran­gei­ros e não to­ma­reis filhas estrangei­ras para os vossos filhos nem para vós mesmos. 26Não foi este o pecado de Salomão, rei de Israel? Não existia rei seme­lhante a ele entre a multidão das nações. Era amado do seu Deus e foi posto por Ele como rei de todo o Is­rael; en­tretanto, foram as mulhe­res estran­geiras que o induziram a pecar. 27Podemos, pois, ouvir dizer que vós estais a cometer este grande mal e que sois infiéis ao nosso Deus, des­posando mulheres estrangei­ras?»

28Um dos filhos de Joiadá, filho do Sumo Sacerdote Eliachib, era gen­ro de Sanebalat e, por isso, lancei-o para longe de mim.

29«Recorda-te, meu Deus, daque­les que profanam, assim, o sacerdó­cio e a aliança dos sacerdotes e dos levitas.» 30Purifiquei, pois, o povo de todo o elemento estrangeiro e estabeleci as classes dos sacerdotes e levitas, cada um na sua função, 31para que cuidassem da oferenda da lenha e das primícias, nas épocas determi­na­das.

«Lembra-te de mim, ó meu Deus, para o meu bem!» 

 

Tobite

Escrito sob a forma de um romance de cariz sapiencial, este livro narra-nos a história de Tobite, de Sara, mulher de seu filho Tobias, e das respectivas famílias. Apresentados como israelitas piedosos, que sempre permaneceram fiéis ao Senhor seu Deus, mesmo no meio das piores tribulações, constituem, por isso mesmo, um paradigma de comportamento nas circunstâncias normais da vida. Dentro desta pers­pectiva, toda a trama se desenrola em torno de questões práticas que vão sendo resolvidas sempre com uma fé inabalável em Deus e dentro da fideli­dade absoluta à sua vontade. Atribuindo-lhe uma linguagem dos nossos dias, poderíamos dizer que se trata de um tema de amor. Amor de dois jovens esposos; amor das diversas personagens dentro do quadro das respectivas famílias; amor dos fiéis pelo seu Deus que, através dos séculos e do suceder-se aparentemente inocente dos acontecimentos, guia o seu povo em direcção ao cumprimento do seu destino de realização plena.


O TEXTO

A história da sua transmissão é algo atribulada e só com alguma dificuldade entrou no conjunto dos livros canónicos. Com efeito, é considerado apócrifo pelas Igrejas Evangélicas, não faz parte do cânone hebraico e só o Concílio de Hipona, em 393, o admitiu como inspirado. O li­vro foi redigido em aramaico, língua esta que, sendo próxima do hebraico, rapidamente se tornou também veículo de comunicação em toda a zona do Crescente Fértil e das suas zonas circundantes. Não chegou até nós nenhuma versão do texto nesta língua. Assim, o conhecimento que temos desta obra, é através das suas traduções em grego e latim. Para a tradução que se segue, usamos quase exclusivamente o chamado texto longo da versão dos LXX.


AMBIENTE E CRONOLOGIA

Não há unanimidade acerca da data de composição do livro. Para uns, teria sido escrito provavelmente entre os anos 200 e 180 a.C. e para outros numa data muito posterior. Como quer que seja, todo o texto deixa perceber um ambiente ligado à diáspora, em torno à época do exílio persa. Contudo, e independentemente das consi­de­rações cronológicas, é um texto com uma intencionalidade didáctica e edifi­cante evidente, visível não só a partir da sua forma narrativa, em jeito de saga, mas também a partir da constatação do pouco cuidado que o autor colocou nas referências cronológicas, históricas e geográficas, que resultam, na sua maioria, incoerentes.


CONTEÚDO

O esquema geral da obra é a sequência da sua história: Ori­gens de Tobite e a sua piedade (cap. 1). Tobite no cativeiro (2,1-9). A sua resigna­ção nas provas (2,10-3,6). Sara, no meio da sua afli­ção, ora ao Senhor (3,7-17). Discurso de Tobite a seu filho (cap. 4). O filho de Tobite empreende a viagem, acompanhado por um anjo (5,1-6,9). Bodas do filho de Tobite com Sara (6,10-8,9). Gabael assiste às bodas (cap. 9). Regresso de Tobias para junto de seus pais (10-11). Reve­la­ção do anjo (cap. 12). Cântico de Tobite (cap. 13). Mortes de To­bite e de Tobias (cap. 14).


DIVISÃO E CONTEÚDO

O livro pode dividir-se nas seguintes secções:

I. História de Tobite: 1,1-3,6;
II. História de Sara: 3,7-4,21;
III. Preparação da viagem: 5,1-23;
IV. Viagem à Média: 6,1-19;
V. Casamento de Tobias e Sara: 7,1-14,15.


MENSAGEM TEOLÓGICA

Depois do Exílio, enquanto uma parte do povo judeu se reuniu à volta de Jerusalém, um grande número perma­neceu na Babilónia e nos outros territórios em redor de Israel: no Egipto, na Assí­ria e nos territórios que actualmente constituem a zona norte do Irão. Muito provavelmente, o livro de Tobite nasce dentro deste ambiente linguístico e geográfico. Ao ser um texto narrativo de carácter “roman­ceado”, a atenção do leitor é levada a centrar-se nas personagens, nas suas genealogias escru­pu­losamente israelitas e na forma fiel e piedosa segundo a qual orientam as suas vidas. Estas carac­te­rísticas, típicas dos inter­­ve­nien­tes, são ainda pos­tas em relevo graças ao re­curso sistemático a com­­pa­ra­ções, quer com os ou­tros membros do povo de Israel, quer com as perso­na­gens reais com as quais cada um deles se vai rela­­cionando.

Assim, o texto avança claramente em dois ní­veis paralelos e con­cên­tri­cos de desenvolvi­men­to: por um lado, o nível da fidelidade e piedade de Tobite e dos seus fami­lia­res directos; por outro, a infidelidade do povo e a impiedade dos governan­tes. Todo o enredo, na sua forma simplista, está im­pre­gnado de um incon­fun­dível sabor sapiencial e de referências indis­far­çá­veis, por exemplo, à His­tó­ria de José e à persona­gem de Job.

Nesta simplicidade li­near, o texto não é capaz de criar qualquer tensão dramática. Desde o iní­cio, o leitor tem a sensa­ção de já saber o que vem a seguir. Seguindo as re­gras típicas deste género, o texto avança num cres­cendo de complicação com sucessivos momentos de resolução, atin­gindo o cli­max ou ponto de viragem quando ficam resolvidas as duas dificul­dades prin­­­cipais ligadas à questão da herança: o aspecto fi­nanceiro e a descen­dên­cia, que se supõe venha a seguir-se à conclusão fel­­iz do casamento de Sara e Tobias.

Apesar disto, e na sua ingenuidade, o livro de To­­­bite respira um am­biente de fé incon­dicional em Deus. Para além das tribula­ções e dificulda­des sofri­das, as persona­gens centrais vivem com a cer­te­za inabalável da pre­sen­ça de Deus, como condu­tor da História, e da re­com­­pensa que hão-de ter pela sua fidelidade.

O próprio nome de To­bite (abreviatura he­brai­­­ca de “Tôbiyyâh”, que quer dizer “Deus é bom”, ou “o meu bem está em Deus”) confirma a acção da divi­na Providência, que vela por aqueles cuja fé é ina­balável e os ajuda a ven­cer as provações, acaban­do por lhes dar uma re­compensa muito acima de toda a expectativa, como no caso do próprio Tobite.

Tb 1

I. História de Tobite (1,1-3,6)


Prólogo1Livro da história de Tobite, filho de Tobiel, filho de Ana­niel, filho de Aduel, filho de Ga­bael, filho de Rafael, filho de Ra­guel da descendência de Assiel, da tribo de Neftali, 2o qual, no tempo de Sal­manasar, rei da Assíria, foi levado cativo de Tisbé, que fica à direita de Cadés de Neftali, na Ga­lileia Seten­trional, acima de Haçor, do outro lado do caminho do Poente, à esquerda de Fogor.


Piedade de Tobite3Eu, Tobite, andei sempre pelos caminhos da verdade e da justiça, durante todos os dias da minha vida, dando mui­tas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive. 4Quando ainda vivia na minha pátria, na terra de Israel, no tempo da minha juven­tude, toda a tribo de Neftali se afas­tou da casa de David, meu pai, e de Jeru­sa­lém, a única cidade escolhida entre todas as tribos de Israel para se ofe­recer sacrifícios por todas elas. Nela foi edificado o templo, onde Deus habita, o qual foi consagrado para todas as gerações futuras. 5To­­dos os meus irmãos, assim como a casa de Neftali, meu pai, ofereciam sacri­fícios sobre todas as montanhas da Galileia, ao bezerro, que Jeroboão, rei de Israel, mandara fazer em Dan.

6Eu, porém, era o único que ia mui­tas vezes a Jerusalém, durante as fes­tas, conforme está ordenado a Israel por preceito eterno. Eu ia a Jerusalém levando as primícias, os dízimos das colheitas e as primeiras lãs das ovelhas 7e entregava tudo aos sacerdotes, filhos de Aarão, diante do altar. Eu entregava o dí­zimo do trigo, do vinho, do azeite, das romãs, dos figos e dos demais frutos, aos fi­lhos de Levi em função em Jerusa­lém. Durante seis anos, eu converti o segundo dízimo em di­nhei­ro, e ia gastá-lo cada ano em Jerusa­lém. 8O terceiro dízimo, eu desti­nava-o aos órfãos, às viúvas e aos prosélitos que se tinham jun­tado aos filhos de Israel. Dava-o de três em três anos, e consumíamo-lo con­forme o pre­ceito da lei de Moisés e as reco­men­dações de Débora, mãe de Ananiel nosso pai, pois que meu pai, mor­rendo, me tinha deixado órfão.

9Já homem, tomei por esposa Ana, da tribo de meu pai e dela tive um filho, a quem dei o nome de To­bias. 10Quando fomos levados ca­ti­vos para Nínive, todos os meus ir­mãos e os da minha linhagem co­miam dos alimentos dos gentios. 11Eu, porém, abstinha-me de os co­mer,12porque, com toda a minha al­ma, me lem­brava de Deus.

13Por isso, o Altís­simo con­cedeu-me favor e graça pe­rante Sal­ma­na­sar, que me fez seu provedor. 14Via­jando pela Média, onde fazia com­pras para o rei, até à sua morte, depo­si­tei junto de Gabael, irmão de Gabri, em Ra­gués da Média, dez ta­lentos de pra­ta, guardados em saqui­nhos.

15Por morte de Salmanasar, su­ce­deu-lhe seu filho, Senaquerib. Os caminhos para a Média tornaram-se pouco seguros, de modo que não pude lá voltar. 16Durante o reinado de Sal­manasar, eu dava muitas es­molas aos meus irmãos, 17forne­cen­do pão aos esfomeados e vestindo os nus, e se encontrava morto al­guém da mi­nha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepul­tura. 18Enterrei também aque­­­les que Senaquerib mandara matar, quando regressou, fugindo da Ju­deia, du­rante o tempo do castigo que o rei do céu mandou sobre os que blas­fe­ma­vam. De facto, na sua ira, o rei man­dou matar a muitos. Eu, então, rou­bava os corpos para os sepultar. Depois, quando o rei procurava os corpos, não os conseguia encontrar.

19Um habitante de Nínive foi in­for­mar o rei de que era eu quem en­ter­rava os mortos secretamente e, en­tão, tive de me ocultar. Sabendo que ele estava informado e me pro­cu­­ra­va, para me matar, fugi com medo. 20Assim, fui despojado de tudo o que possuía. Tudo passou para o tesouro do rei e só fiquei com Ana, minha mu­­lher, e com Tobias, meu filho. 21Ain­da não tinham passado qua­ren­ta dias quando os seus dois fi­lhos o mataram e fugiram para os montes de Ararat. Sucedeu-lhe seu filho, Saquer­dão, o qual colocou Ai­car, filho de meu ir­mão Anael, à frente de toda a con­tabilidade admi­nistrativa do reino e este ficou com o poder sobre toda a sua casa. 22Nessa altura, Aicar inter­­cedeu por mim e eu pude voltar para Nínive. No tempo de Senaquerib, rei da As­síria, Aicar era copeiro-mor, mi­nis­tro da justiça, administrador e superintendente, e Saquerdão recon­­­duziu-o em todos os seus cargos. Ele era meu sobrinho, um membro da mi­nha família.

 

Tb 2

Cegueira e resignação de Tobite1No reinado do rei Saquerdão, voltei para a minha casa e foi-me restituída a companhia da minha mulher Ana e do meu filho Tobias. Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. 2Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: «Filho, vai pro­­curar, entre os nossos irmãos cati­vos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que par­ticipe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho.» 3Tobias saiu à pro­cura de um pobre entre os nossos irmãos. Ao regressar disse: «Pai.» Eu respondi: «Eis-me aqui, meu filho.» Tobias continuou: «Pai, alguém da nossa linhagem está morto na praça pública, onde o estrangularam.»

4Le­vantei-me, então, sem nada ter co­mido e levei o cadáver da praça para um casebre, esperando o pôr-do-sol para o poder sepultar. 5A se­guir, vol­­tei, lavei-me e almocei com tristeza, 6recordando-me das pala­vras do pro­­feta Amós, ditas sobre Betel: «As vos­­sas festas converter-se-ão em luto e os vossos cantos, em lamenta­ções.» E eu chorei. 7Quando mais tarde o sol se pôs, saí, cavei uma cova e sepul­tei-o. 8Os meus vizi­nhos, porém, zom­ba­vam de mim, dizendo: «Ainda agora não tem me­do. Já o procuraram para o matar por causa disso e teve de fu­gir; con­tudo, ei-lo de novo a sepultar os mor­tos.»

9Naquela mesma noite, depois de ter enterrado o cadáver, lavei-me, entrei no pátio da casa e deitei-me junto do muro, deixando a face des­coberta por causa do calor. 10Não sabia que havia pássaros no muro por cima de mim e, tendo os olhos abertos, os pássaros deixaram cair nos meus olhos excremento quente, dando ori­gem a umas manchas brancas. Pro­curei os médicos para me tratarem. Contudo, quanto mais me aplica­vam medicamentos, mais se me cegavam os olhos por causa das escamas, até que perdi total­men­te a vista. Fiquei cego quatro anos. Todos os meus ir­mãos se afli­giam por minha causa e Aicar sus­tentou-me por dois anos, antes de partir para Elimaida.

11Nessa época, Ana, minha mu­lher, trabalhava em labores femininos, tecendo a lã 12que depois mandava aos patrões, recebendo em seguida o pagamento. Ora, no sétimo dia do mês de Distro, cortou o tecido que confeccionara e mandou-o aos que o tinham enco­men­dado; estes paga­ram-lhe o pre­ço devido pelo tecido e ainda lhe ofereceram um cabrito. 13Quando o ca­brito chegou a casa, começou a balir. Chamei, então, Ana e disse-lhe: «De onde veio este ca­brito? Não terá sido furtado? Devolve-o aos seus do­nos, porque não nos é lícito comer coisa alguma furtada.» 14Disse-me ela: «Foi-me dado de pre­sente, além do meu salário.» Con­tudo, não acre­ditando nela, mandei que o devol­vesse aos donos, enver­gonhando-me do seu procedimento. Porém, ela respondeu: «Onde estão as tuas esmo­las? Onde estão as tuas boas obras? Aí tens, agora, o resul­tado.» 

Tb 3

Oração de Tobite1Entris­teci-me, chorei, e com aflição orei, di­zendo:

2«Tu és justo, Senhor! Todas as tuas obras são justas e todos os teus caminhos são misericórdia e ver­dade; Tu és o juiz do mundo. 3Agora, Se­nhor, recorda-te de mim, olha para mim. Não me castigues, por causa dos meus pecados e dos meus erros, nem pelos pecados que os meus pais cometeram contra ti. 4Violando os teus mandamentos, nós pecámos diante de ti. Por isso, Tu permitiste que nos roubassem os nossos bens e abandonaste-nos ao cativeiro e à morte. Fizeste de nós objecto de es­cárnio e injúria de to­dos os gentios, entre os quais nos dispersaste. 5Agora, trata-me segun­do as minhas culpas e as culpas dos meus pais, porque todos os teus juí­zos são verdadeiros e porque nós não observámos os teus manda­mentos, e não caminhámos diante de ti na verdade. 6Assim, faz comigo o que quiseres. Dá ordem para que a minha vida me seja tirada, de forma que eu desapareça da face da terra e me converta em pó; porque para mim é melhor morrer do que viver, pois tive de ouvir ultrajes e mentiras, e uma grande tristeza me acabrunha. Senhor, permite que eu seja libertado desta angústia, faz-me chegar à morada eterna e não afastes de mim, Senhor, a tua face, pois para mim é melhor morrer do que ter sempre diante de mim esta angústia e ter de ouvir os insultos!»

 

II. História de Sara (3,7-4,21)


7Naquele mesmo dia, aconteceu que Sara, filha de Raguel, estando em Ecbátana, na Média, teve de ou­vir também ela, injúrias de uma das escravas de seu pai. 8Ela fora dada como esposa a sete maridos. Mas As­modeu, um demónio maligno, matara-os, antes que se pudessem aproxi­mar dela como esposa. Disse-lhe, pois, a serva: «És tu que matas os teus ma­ridos! Já foste dada a sete homens e com nenhum até agora ficaste ca­sada. 9Porque nos espancas por terem mor­rido os teus maridos? Vai-te embora com eles, e não vejamos de ti nem filho nem fi­lha, por toda a eterni­dade!» 10Na­quele dia, a alma de Sara encheu-se de tristeza e ela pôs-se a chorar. Subiu, então, ao quarto de seu pai, com intenção de se enforcar. Toda­­via, reflectiu de novo e disse para consigo: «Não posso fazer tal coisa. Poderiam escarnecer de meu pai e dizer-lhe: ‘Tiveste uma filha única, muito querida, e ela enforcou-se, por causa das suas desgraças’. Assim, levaria eu para a região dos mortos a velhice de meu pai, consu­mida pelo luto. É melhor, então, que não me enforque, mas peça ao Se­nhor a morte, para que nunca mais ouça insultos em toda a minha vida.»


Oração de Sara11Naquele ins­tante, Sara estendeu os braços para a janela e orou nestes termos:

«Bendito és Tu, Deus misericor­dioso! E bendito é o teu nome por todos os séculos! Louvem-te todas as tuas obras, pela eternidade! 12Eis que agora ergo para ti a minha face e os meus olhos. 13Manda que eu seja retirada da terra, para que ja­mais ouça tais opróbrios.

14Tu sabes, Senhor, que estou pura de toda a mácula contraída com al­gum ho­mem, 15e que nunca man­chei o meu nome nem o de meu pai nesta terra do meu cativeiro. Sou filha única de meu pai. Ele não tem outro des­cen­dente que possa constituir her­deiro, nem tem parente próximo ou com­panheiro da mesma tribo, para o qual eu me deva guardar como es­posa. Morreram-me já sete maridos; para quê, pois, me serve a vida? Se, porém, não ma quiseres tirar, Se­nhor, escuta-me, na minha angús­tia.»


Deus ouve as orações de Tobite e de Sara16Na mesma hora, foi ouvida a oração de ambos na pre­sença da glória de Deus. 17Por isso, foi enviado Rafael para os curar: tirar as escamas brancas dos olhos de To­bite, a fim de que com os seus pró­prios olhos pudesse ver a luz de Deus; e dar Sara, filha de Raguel, como es­posa a Tobias, filho de Tobite, expul­­sando dela Asmodeu, o demónio ma­ligno, pois a Tobias, de preferência aos demais preten­den­tes, competia tomá-la para si. No mesmo instante, Tobite voltou para sua casa e Sara, filha de Raguel, desceu do quarto.

 

Tb4

Conselhos de Tobite a seu fi­lho1Naquele dia, Tobite re­cordou-se do dinheiro que depo­si­tara junto de Gabael, em Ragués na Mé­dia, 2e disse para consigo: «Eu pedi para mim a morte. Assim, porque não hei-de chamar meu filho To­bias, a fim de o informar a res­peito desse dinheiro, antes de mor­rer?» 3Chamou, então, Tobias e disse-lhe: «Se eu morrer, meu filho, sepul­­tar-me-ás e não desprezarás a tua mãe; honra-a sempre, todos os dias da tua vida, age de acordo com a sua von­tade e não a entristeças. 4Lem­bra-te, filho, dos muitos trabalhos e peri­gos que ela passou por ti, quando te tra­­zia no seio. Quando morrer, se­pulta-a ao meu lado, no mesmo túmulo.»


Exortação à solidariedade5«Lem­­bra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus man­damentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida, e não andes pe­los caminhos da injustiça. 6Para os que praticam a verdade, todas as suas obras serão bem sucedidas, como as de todos aqueles que pra­ticam a justiça. 7Dá esmolas, con­forme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus.

 

 

8Filho, procede conforme as tuas posses: se possuíres muita riqueza, dá esmola em proporção da mesma; se, porém, dispuseres de pouco, dá em proporção desse pouco. Nunca tenhas receio de dar esmola. 9As­sim, acumularás em teu favor, um bom depósito para o dia da neces­sidade. 10De facto, a esmola liberta da morte e não permite que a alma desça para as trevas. 11A esmola é, aos olhos do Altíssimo, uma dádiva sagrada de grande valor, que apro­veita a todos os que a oferecem.»


Endogamia e amor fraterno12«Filho, guarda-te de toda a impu­reza e, antes de mais nada, escolhe mulher da linhagem de teus pais. Não escolhas mulher estran­geira, que não seja da estirpe de teu pai, pois somos filhos de profetas. Recorda-te de Noé, de Abraão, de Isaac e de Ja­cob, nossos antepas­sados de tem­pos antigos. Todos eles escolheram como mulher, alguém da sua linha­gem e foram aben­çoa­dos nos seus filhos e a sua des­cen­dência terá a herança na terra. 13Por isso, meu filho, ama os teus irmãos. No teu coração, não haja desprezo pelos teus irmãos, fi­lhos e filhas do teu povo. Entre eles esco­lhe a tua mulher. Com efeito, na soberba está contida muita corrup­ção e discórdia, e na maldade está encerrada grande penúria e indi­gên­­cia, pois a maldade é a mãe da fome.»


A verdadeira educação14«Não fiques, nem por uma só noite, com o salário de um operário que trabalhe para ti; entrega-lho imediatamente. Se servires a Deus, Ele te recom­pen­sará. Presta atenção, filho, a todas as tuas obras e mostra-te prudente e bem educado em todas as tuas acções. 15Aquilo que não que­res para ti, não o faças aos outros. Não bebas vinho até à embriaguez, e que esta nunca te acompanhe no teu cami­nho.

16Reparte o teu pão com os famin­tos e as tuas vestes com os nus. Tudo quanto te sobejar, dá-o de esmola, e não fiques com os olhos postos no que tiveres dado. 17Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo e não comas nem bebas com os pecadores. 18Se­gue o conselho de todo o homem sensato e não des­pre­zes nenhuma recomendação útil.

19Bendiz o Se­nhor Deus, em todo o tempo, e pede-lhe para que os teus caminhos sejam rectos, e para que todos os teus pro­jectos e conselhos sejam bem enca­minhados; porque o conselho não pertence ao homem. Só o Senhor é que dá todos os bens e humilha a quem quer, conforme a sua vontade. Lembra-te, pois, meu filho, destes preceitos, que eles não se apaguem do teu coração.»


A herança de Tobias20«Agora, meu filho, comunico-te que deposi­tei dez talentos de prata em poder de Gabael, filho de Gabri, em Ra­gués, na Média. 21Não temas, filho, pelo facto de termos empobrecido. Possuirás, na verdade, muitas rique­­zas, se temeres a Deus, se evitares o pecado e se praticares o bem na pre­sença do Senhor, teu Deus.»

Tb 5

III. Preparação da viagem (5,1-23)


Primeira cena1Tobias res­pon­­deu a seu pai, Tobite, dizendo-lhe: «Tudo o que me mandaste, pai, eu o farei. 2Mas, como poderei cobrar o di­nheiro de Gabael, se não o co­nheço? Que sinal lhe hei-de dar para que me reco­nheça, creia em mim e me entregue o dinheiro? Também não conheço os caminhos para a Média, para lá che­gar.»

3Tobite replicou a seu filho To­bias: «Ele entregou-me um docu­mento assinado por ele, e eu entreguei-lhe outro assinado por mim. Dividi-o em dois pedaços, dos quais cada qual to­mou um, e meti o meu junto do di­nheiro. Faz agora vinte anos que dei­xei essa quantia em depó­sito. Por­­­tan­to, filho, pro­cura um homem de confiança, que possa viajar contigo, e dar-lhe-emos uma remuneração, pelo tempo da viagem. Vai lá cobrar esse dinheiro, enquanto eu estou vivo.»


Segunda cena4Tobias saiu à procura de um homem que viajasse com ele para a Média e conhecesse o caminho. Tendo saído, deparou-se-lhe o anjo Rafael, sem que ele sou­besse que era um anjo de Deus. 5Per­gun­tou-lhe, então, Tobias: «Quem és tu, jovem?» Ele respondeu: «Sou dos fi­lhos de Israel, teus irmãos. Vim aqui procurar trabalho.»

Interrogou-o de novo Tobias, di­zendo-lhe: «Conhe­ces o caminho para a Mé­dia?» 6O anjo respondeu: «Sem dúvida, já muitas vezes estive lá, e conheço todos os caminhos. Viajei mui­tas vezes para a Média e per­noi­tei em casa de Ga­bael, nosso irmão, que mora em Ra­gués, na Média. Esta cidade fica exacta­mente a dois dias de viagem de Ecbá­tana. Pois Ra­gués está si­tuada nas monta­nhas.»

7Disse-lhe então Tobias: «Espera-me um pouco; vou dizê-lo ao meu pai, pois preciso de ti como compa­nheiro; pagar-te-ei o teu salá­rio.» 8Ao que o anjo respondeu: «Es­perarei, mas não te demores muito.»


Terceira cena9Tobias, entrando, disse ao pai: «Encontrei um dos nos­sos irmãos, um dos filhos de Israel.» Tobite respondeu-lhe: «Chama-o, porque quero saber a que tribo per­tence e se é pessoa de confiança para te acompanhar.» 10Saiu, então, To­bias e chamou o anjo, dizendo: «Jo­­vem, o meu pai chama-te.» Quan­­do Rafael entrou, Tobite saudou-o em primeiro lugar. O anjo res­pon­deu-lhe: «A alegria esteja sempre contigo!» Replicou Tobite: «Que alegria poderá ainda haver para mim? Sou um homem que não pode fazer uso dos olhos, não vejo a luz do céu. Pelo contrário, moro nas trevas como os mortos, que não distinguem a luz. Em plena vida, encontro-me entre os mortos; ouço a voz dos homens, mas não os vejo.» Disse-lhe o anjo: «Coragem! Deus não tardará em te curar; tem coragem!» Disse então Tobite: «Meu filho Tobias quer via­jar para a Média; poderás partir com ele e guiá-lo? Pagar-te-ei o teu salá­rio, irmão.» Respondeu o anjo: «Eu posso acompanhá-lo. Co­nheço todos os caminhos; já fui muitas vezes à Média e percorri to­das as suas pla­nícies e mon­tanhas; conheço bem todos os seus cami­nhos.»

11Tobite interrogou-o: «Ir­mão, de que família e de que tribo és?» 12Ra­fael replicou: «Que neces­si­dade tens de saber a minha família e tribo? Não procuras um merce­nário?» Conti­nuou Tobite: «Quero saber tudo conforme a verdade; qual a tua família e qual o teu nome, irmão?»13Respondeu o anjo: «Sou Azarias, filho de Ana­nias, o grande, um dos teus irmãos.» 14Ao ouvir isto, Tobite exclamou: «Sê bem-vindo, ir­mão, salvé! Não leves a mal, irmão, que eu tenha desejado conhe­cer a verdade, a respeito da tua ver­da­dei­ra família. És real­men­te um dos meus irmãos descen­den­tes de famí­lia honesta e distinta. Conheci Ana­nias e Natan, filhos de Chimeias, o grande, quando íamos a Jerusalém para adorar; e eles não se desen­ca­minharam. Os teus ir­mãos são gente de bem. És de boa raiz, irmão. Sejas bem-vindo!»


Quarta cena15E continuou: «Pagar-te-ei uma dracma por dia, e o sustento para ti, tal como para o meu filho. 16Quando regressares com o meu filho, então, dar-te-ei mais alguma coisa.» 17O anjo disse: «Eu vou com ele. Não tenhas medo! Par­tiremos e regressaremos com saúde, pois o caminho é seguro.»

Tobite disse-lhe: «Bendito sejas, irmão!» E chamou o filho e disse: «Prepara-te para a partida e parte com este teu irmão. Deus, que re­side nos céus, vos conceda uma via­gem feliz e vos traga de volta com saúde e que o seu anjo vos acom­panhe sãos e salvos.»

Puseram-se, pois, a caminho, de­pois de ter dado um beijo ao pai e à mãe. Tobite disse-lhe: «Vai com saúde!»


Quinta cena18Ao presenciar isto, Ana, sua mãe, pôs-se a chorar, di­zendo a Tobite: «Porque foi que man­daste o meu filho? Ele era o arrimo da nossa velhice; era ele que ia e vinha por nós. 19Oxalá nunca tivesse existido esse dinheiro, por causa do qual ficamos sem o nosso filho. 20O Senhor deu-nos o necessário para viver­mos até ao presente, e sempre vive­mos contentes.»

21Res­pondeu-lhe To­bite: «Não te preo­cupes. Ele voltará são, e hás-de vê-lo com os teus olhos, no dia em que voltar, salvo, para ti. 22Não te preocupes; não tenhas receio por ele, irmã! Um anjo bom acompanhá-lo-á; a sua viagem será feliz e re­gressará são e salvo.»

23Ela, então, deixou de chorar.

 

Tb 6

IV. Viagem à Média (6,1-19)


Primeira etapa1O jovem partiu juntamente com o anjo, e também o cão os seguiu. Cami­nha­ram juntos até que veio a primeira noite. Então, pararam para passar a noite junto do rio Tigre. 2O jovem desceu até ao rio, a fim de lavar os pés, e eis que um grande peixe emer­giu da água, tentando devorar-lhe o pé. Tobias deu um grande gri­to.

3Disse-lhe então o anjo: «Agarra o peixe e domina-o!» O jovem apo­de­rou-se do peixe e levou-o para terra. 4Continuou o anjo: «Abre-o, tira-lhe o fel, o coração e o fígado e guarda-os contigo. As vísceras, po­rém, deita-as fora. O fel, o coração e o fígado desse peixe são um óptimo remé­dio.» 5O jovem abriu o peixe, tirou-lhe o fel, o coração e o fígado. Assou uma parte do peixe e comeu-a. O resto, guardou-o depois de o ter sal­gado.

6Em seguida, continuaram juntos a viagem até às proximi­da­des da Mé­dia. 7Então, Tobias per­gun­tou ao anjo: «Irmão Azarias, que poder me­dicinal há no coração, no fígado e no fel do peixe?» 8Ele res­pondeu: «O cora­ção e o fígado quei­mados sobre as brasas afugentarão com o seu fumo toda a espécie de maus espíritos ou demónios, de um homem ou mulher. Desaparecerão de­fi­nitivamente, sem deixar nenhum rasto.9Quanto ao fel, serve para un­gir quem sofra de cata­ratas, pois com ele ficará curado.»


Segunda etapa10Ora, tendo eles chegado à Média, quando se apro­xi­mavam de Ecbátana, 11Rafael disse ao jovem: «Tobias, irmão!» Este res­pondeu: «Eis-me aqui.» Ele, então, disse-lhe: «Esta noite devemos ficar em casa de Raguel. Este homem é teu parente e tem uma filha cha­mada Sara. 12Além de Sara, não tem filho nem filha. Tu és, entre todos os homens, o parente mais próximo da jovem, de modo que a deves tomar por esposa, e tudo o que pertence a seu pai te caberá a ti como he­ran­ça. A donzela é prudente, de ânimo forte e muito bela; e o seu pai é um homem bom.» 13E acrescentou: «É, portanto, direito teu tomá-la por es­posa. Ouve, então, o que vou fazer, irmão.

Eu falarei com o seu pai, esta noite, a respeito da donzela, para que te seja dada como esposa. Depois, quando deixarmos Ragués, celebra­remos as núpcias. Sei que Raguel não ta pode recusar nem prometê-la a outro, porque ele sabe que seria réu de morte, se procurasse casá-la com outro homem, conforme a sen­tença do livro de Moisés; e também sabe que é a ti, mais do que a qual­quer outro, que cabe receber a sua filha como herança. Por conse­guin­te, ouve-me ainda, irmão: Esta noite falaremos a respeito da jovem e con­cluiremos o seu noivado contigo. De­pois, quando voltarmos de Ra­gués, tomá-la-emos e levá-la-emos para tua casa.»

14Tobias, então, respondeu a Ra­fael: «Irmão Azarias, ouvi dizer que essa donzela já foi dada a sete ma­ri­dos, que morreram todos no apo­sento nupcial na mesma noite em que se aproximaram dela. Tam­bém ouvi di­zer a alguns que um demónio os ma­tou. 15Por isso, tenho medo. O demó­nio tem ciúmes dela. A ela não lhe faz mal, mas quando alguém se apro­xima dela, ele mata-o. Eu sou filho único de meu pai e receio mor­rer. Com a minha morte, levaria meu pai e minha mãe ao sepulcro, por causa do desgosto pela minha perda e eles não têm outro filho para os sepultar.»

16Respon­deu-lhe o anjo: «Não te recordas das palavras de teu pai, quando te acon­selhou a esco­lher uma mulher da tua própria família? Escuta-me, ir­mão, não te preocupes com o demó­nio e casa com ela. Tenho a certeza que esta mesma noite ela te será dada como esposa.17Mas tu, quando entrares no aposento nupcial, pega no queima­dor de incenso e põe sobre as brasas bocados do coração e do fígado do peixe. Quando o de­mónio sentir o chei­ro, fugirá e nunca mais apare­cerá junto dela. 18Depois, quan­do quiseres aproximar-te dela, primei­ramente levantai-vos ambos, orai e invocai o Senhor do céu, para que sobre vós desçam a sua mise­ri­córdia e a sua salvação. Não temas, pois ela foi-te destinada desde a eter­ni­dade e tu a salvarás. Irá contigo e estou certo que dela terás filhos, os quais deverão ser como teus irmãos. Portanto, não estejas em cuidados!» 19Tobias, ao ouvir Rafael dizer que Sara era sua irmã, da linhagem do seu pai, concebeu grande amor pela jovem, e o seu coração afeiçoou-se-lhe.

Tb 7

V. Casamento de Tobias e Sara (7,1-14,15)


Terceira etapa1Quando che­garam a Ecbátana, Tobias disse ao anjo: «Irmão Azarias, leva-me já a Raguel, nosso irmão.» O anjo con­duziu-o à casa de Raguel. Encon­tra­ram-no sentado à porta do pátio e cumprimentaram-no. Raguel res­pon­deu-lhes: «Eu vos saúdo, irmãos! De todo o coração, sede bem-vindos com saúde.» E introduziu-os em casa.

2Disse então a Edna, sua mulher: «Como este jovem se parece com o meu irmão Tobite!» 3Ela perguntou-lhes: «De onde sois, irmãos?» Res­pon­deram-lhe: «Somos da tribo de Nef­tali, de­portados cativos para Ní­nive.» 4Con­tinuou Raguel: «Conhe­ceis Tobite, nosso irmão?» Respon­de­­ram: «Sim, nós o conhecemos.» 5Per­­­guntou ainda: «Como está?» Disse­ram-lhe: «Vive e está bem.» E Tobias acrescentou: «Ele é meu pai.»

6Então, Raguel, levantando-se de um salto, beijou-o e pôs-se a cho­rar; depois falou e disse-lhe: «Ben­dito sejas tu, ó filho de tão digno e bom pai! Oh lamentável sorte, ter ficado ele cego, homem justo, que fa­zia tanto bem!» Agarrou-se ao pes­­coço de seu irmão Tobias e con­ti­nuou a chorar. 7Também Edna, sua esposa, chorava a sorte de To­bite; e da mes­ma forma Sara, sua filha. 8A seguir mataram um carneiro do rebanho e ofereceram-lhes cordial hospedagem.


Contrato matrimonial9Ora, tendo-se eles lavado e sentado para comer, Tobias disse a Rafael: «Ir­mão Azarias, pede a Raguel que me dê por esposa, Sara, minha irmã.» 10Raguel ouviu estas palavras, e respondeu a Tobias: «Come e bebe e passa a noite tranquilo, pois não há ninguém a quem toque tomar por esposa minha filha Sara, a não ser tu, irmão, pois nem mesmo eu tenho o direito de a entregar a outro ho­mem senão a ti, porque és o meu parente mais pró­ximo. Devo con­tudo, dizer-te a ver­dade, filho: 11Já a dei a sete maridos, escolhidos entre os nossos irmãos, e todos morreram na mesma noite em que dela se aproximaram. Contudo, meu filho, come e bebe agora, o Se­nhor pro­vi­denciará em vosso favor.»

12Tobias, porém, replicou: «Não co­me­rei nem beberei antes que resol­vas a minha situação.» Respondeu Ra­guel: «As­sim o farei. Ela te é dada segundo a Lei de Moisés, e já que o Céu assim o determinou, então, que ela te seja dada. Toma-a desde este momento, segundo a Lei. Doravante serás seu irmão e ela tua irmã; é-te dada a par­tir de hoje, por toda a eter­­ni­dade. E o Senhor do céu vos faça fe­lizes, esta noite, meu filho, e derrame so­bre vós misericórdia e paz!»

13A se­­guir, Raguel chamou Sara, sua filha. Quando ela se apro­ximou, tomou-lhe a mão e entregou-a a To­bias, dizendo: «Leva-a con­for­me a Lei de Moisés, a qual manda que te seja dada por esposa. Toma-a, pois, e leva-a alegremente, para a casa de teu pai. Que o Deus do céu vos guie em paz!» 14Chamou depois a mãe, man­­dou trazer uma tabui­nha e es­cre­­veu o contrato matrimonial, decla­­rando que dava Sara por es­posa a Tobias, con­forme a sentença da Lei de Moi­sés, e selou-o. Foi então que come­ça­ram a comer e a beber. 15Mais tarde, Raguel chamou Edna, sua es­posa, e disse-lhe: «Ir­mã, pre­para outro quar­to, e leva para lá Sara.» 16Edna entrou no outro apo­sento e prepa­rou-o, como o marido lhe dissera, e levou sua filha para o aposento nup­cial e cho­rava por ela. Mas, enxu­gando as lá­gri­mas, dizia-lhe: 17«Co­ragem, filha! O Senhor do céu te dê alegria em lugar da tua tristeza! Co­ragem, fi­lha!» E saiu.

 

Tb 8

A noite do matrimónio1Ten­­do acabado de comer e de beber, decidiram ir dormir. Acom­panha­ram, então, o jovem ao aposento nupcial.2Lembrando-se das pala­vras de Ra­fael, Tobias tirou do seu saco o fí­gado e o coração do peixe e colocou-os sobre as brasas do in­censo. 3O cheiro do peixe afastou o demónio que fugiu para o Alto Egipto. Rafael seguiu-o e prendeu-o.

4Entretanto, os pais de Sara ti­nham saído e fechado a porta do quarto. Tobias, então, ergueu-se do leito e disse à esposa: «Irmã, levanta-te; vamos orar para que o Senhor nos conceda a sua mi­sericórdia e sal­va­ção.» 5Levanta­ram-se ambos e puse­ram-se a orar e a implorar que lhes fosse enviada a salvação, di­zen­do:

«Bendito sejas, Deus dos nossos pais, e bendito seja o teu nome, por todas as gerações; louvem-te os céus e todas as tuas criaturas, por todos os séculos. 6Tu criaste Adão e deste-lhe Eva, sua esposa, como amparo va­lioso, e de ambos procedeu a linha­gem dos ho­mens. Com efeito, dis­seste: Não é bom que o homem esteja só; faça­mos-lhe uma auxiliar semelhante a ele. 7Agora, Senhor, Tu bem sabes que não é com paixão depravada que agora tomo por es­posa a minha irmã, mas é com in­ten­ção pura. Permite, pois, que eu e ela encontremos mise­ricórdia e cheguemos juntos à ve­lhice.» 8E am­bos responderam ao mesmo tem­po: «Ámen! Ámen!» 9De­pois, deita­ram-se para passar a noite.


A alegria de Raguel10Raguel levantou-se, chamou os seus servos, e, tendo saído juntos, abriram uma sepultura, porque dizia: «Não acon­teça que ele venha a morrer e nos tornemos objecto de escárnio e opró­brio!» 11Quando acabaram de abrir a sepultura, Raguel entrou em casa, cha­mou a esposa 12e disse-lhe: «Man­da uma das nossas servas ver se está vivo; se não, enterrá-lo-ei e nin­guém o saberá.»13Mandaram a serva dian­te deles, acenderam a lâmpada e abri­ram a porta. Ela entrou e viu que ambos dormiam juntos um sono profundo. 14A serva voltou e anun­ciou-lhes que Tobias vivia e nada de doloroso acontecera. 15Louvaram então o Deus do céu, dizendo:

«Ben­dito sejas, ó Deus, por toda a bênção pura; que te bendi­gam para sempre! 16Louvado sejas, pois deste-me ale­gria, não permi­tindo que acon­­te­ces­se o que eu es­perava, mas trataste-nos confor­me a tua grande misericórdia. 17Lou­vado sejas, Se­nhor, porque te compade­ceste de dois filhos únicos. Derrama sobre eles, Se­nhor, mise­ri­córdia e salvação, fazendo com que cheguem ao fim da sua vida em ale­gria e graça.»18A seguir, mandou que os servos fechassem a sepultura antes do raiar do dia. 19Raguel disse à es­posa que preparasse pão em abun­­­­­­dância e ele foi ao curral, trou­xe dois bois e quatro carneiros, e assim co­me­­çaram a preparar o banquete. 20De­pois, chamou Tobias, e disse-lhe: «Du­­rante catorze dias não sai­rás da­qui, mas comerás e bebe­rás na mi­nha casa, alegrando, assim, a alma da mi­nha filha aba­tida pela dor. 21Do que possuo, toma metade e volta são e salvo com ela para a casa do teu pai. A outra me­tade será vossa, quan­do mor­­rermos, eu e mi­nha esposa. Cora­gem, filho! Sou teu pai e Edna é tua mãe; per­tencemos-te a ti e a esta tua irmã, desde agora e para sempre. Cora­gem, filho!»

Tb 9

Rafael vai procurar Gabael 1Tobias chamou Rafael e disse-lhe: 2«Irmão Azarias, toma contigo quatro servos e dois camelos e vai a Ragués, na Média, a casa de Ga­bael; entrega-lhe o talão, cobra o dinheiro e convida-o para a minha boda, 3pois Raguel pediu-me insis­tente­mente para não partir. 4E tu sabes que meu pai conta os dias e aca­bará por mor­rer de pena, se demoro mais um dia. E tu viste o juramento que me fez Raguel e que não posso deixar de o cumprir.»

5Partiu, pois, Rafael com os qua­tro servos e os dois camelos, para Ragués, na Mé­dia, e hospeda­ram-se em casa de Ga­bael. O anjo entre­gou-lhe o recibo e anunciou-lhe, a res­peito de Tobias, filho de Tobite, que se tinha casado e o convidara para a boda. Ao ouvir isto, Gabael levantou-se, pôs diante dele os sacos selados com os talen­tos, e ambos os carre­ga­ram sobre os camelos. 6Na madru­gada seguinte, iniciaram jun­tos a via­gem e ainda chegaram a casa de Raguel para a boda. Gabael encontrou To­bias sentado à mesa; este, levantou-se e sau­dou-o. Ga­bael, porém, pôs-se a cho­rar e, aben­çoando-o, disse-lhe: «Bendito seja o Senhor, que te sal­vou, a ti, bom e digno! És filho de um homem de bem, justo, piedoso e esmoler. O Senhor te aben­çoe do céu, a ti e à tua mulher, assim como ao pai e à mãe da tua esposa. Lou­vado seja Deus, pois acabo de ver o meu primo To­bite, com quem muito te pareces!»

 

Tb 10

Regresso de Tobias1En­tre­tanto, todos os dias, Tobite contava os dias necessários para a ida e para o regresso. Quando estes passaram sem que o filho apa­re­cesse, 2começou a dizer: «Talvez te­nham ficado retidos por lá ou, quem sabe, talvez Gabael tenha mor­­­rido e ninguém lhes entregue o dinheiro.» 3E começou a entristecer-se. 4Ana, sua esposa, dizia-lhe: «Não há dú­vida que o meu filho morreu; já não é dos vivos.» E começou tam­bém a chorar e a lamentar-se por causa do filho, dizendo: 5«Infeliz de mim, filho, que te deixei partir, tu, que eras a luz dos meus olhos!» 6Tobite, con­tudo repli­­cava-lhe: «Cala-te, não te preo­cupes, minha irmã; ele está bem. De­certo muitos afaze­res os solici­ta­ram por lá. Todavia, o homem que o acompa­nha é de con­fiança, um dos nossos irmãos. Não te entristeças, pois, por causa dele, minha irmã! Em breve es­tará aqui.» 7Ela, porém, res­pondia: «Deixa-me em paz e não me queiras enganar: o meu filho mor­reu.» E todos os dias ia ao caminho por onde ele partira, passava o dia sem comer e chorava a noite inteira, por To­bias, seu filho, sem poder dor­mir.

8Ao completarem-se os catorze dias das núpcias que Raguel tinha estabelecido com juramento, em favor da própria filha, Tobias foi ter com Raguel, e disse-lhe: «Deixa-me partir, pois sei que meu pai e minha mãe já perderam a esperança de me ver de novo. Rogo-te, pois, ó pai, que me deixes ir, a fim de voltar à casa de meu pai; já te contei em que con­dições o deixei.» 9Raguel respondeu a Tobias: «Fica aqui, comigo, filho; mandarei emissários a Tobite, teu pai, que lhe darão notícias tuas.» Replicou Tobias: «Não, de modo ne­nhum! Peço-te que me deixes voltar para casa do meu pai.»

10Levantou-se, então, Raguel e entregou a To­bias a sua esposa Sara e metade de tudo o que possuía: ser­vos e ser­vas, bois e ovelhas, asnos e camelos, roupas, pratas e utensí­lios. 11A se­guir, despediu-os em paz. Saudou Tobias, dizendo-lhe: «Sê feliz, filho: que o Deus do céu vos dê feliz via­gem e vos guie, a ti e a Sara, tua es­posa, e que eu veja os vossos fi­lhos, antes de morrer!» 12E abra­çando Sara, sua filha, disse-lhe: «Filha, vai para o teu sogro e a tua sogra, pois dora­vante, serão os teus pais, como aque­les que te deram a vida. Vai em paz, filha. Possa eu, enquanto viver, ouvir falar sempre bem de ti.» E, abra­çando-os a am­bos, deixou-os par­tir.

13Por sua vez, Edna disse a To­bias: «Filho, irmão querido, o Se­nhor te conduza de vol­ta a casa! Possa eu ver os teus filhos e de Sara, minha filha, antes de mor­rer, para que eu me ale­gre na presença do Senhor. Entrego a minha filha à tua guarda; nunca a entristeças, du­rante os dias da tua existência. Vai, pois, em paz, fi­lho. Da­qui em diante, serei tua mãe e Sara será tua irmã. O Senhor vos guie, a fim de que juntos vivais em paz e prosperidade, todos os dias da vossa vida.» Beijou-os a ambos e dei­­xou-os partir sãos e salvos.

14To­bias, de ânimo bom e alegre, deixou Ra­guel, bendizendo o Senhor do céu e da terra, Rei de todas as coisas, por lhe ter dirigido os passos de ma­neira tão feliz, e bendisse Ra­guel e Edna, nestes termos: «Dê-me o Senhor a graça de vos honrar todos os dias da minha vida.»

 

Tb 11

Cura do pai de Tobias1Ao aproximarem-se de Caserim, que fica defronte de Nínive, Rafael disse: 2«Bem sabes em que estado deixaste o teu pai. 3Passemos à frente da tua esposa e preparemos a casa antes da sua chegada.» 4Puse­ram-se, portanto, a caminhar jun­tos, na frente. Rafael, então, disse de novo: «Leva contigo o fel do pei­xe.» Atrás do anjo e de Tobias, se­guia o cão.

5Entretanto, Ana estava sentada e olhava para o caminho, pro­cu­rando descobrir o filho. 6Quando o viu, ao longe, disse ao marido: «Re­para, aí vem o nosso filho, e com ele o seu companheiro.» 7Antes, porém, que To­bias chegasse junto do pai, disse-lhe Rafael: «Sei, com certeza, que os seus olhos se abrirão de novo. 8Unge-lhos com o fel do peixe: ao sentir ardor, esfregá-los-á, as cata­ra­tas desprender-se-ão e ele verá.»

9Ana deitou a correr e lançou-se ao pescoço do filho, dizendo: «Volto a ver-te, meu filho. Agora, já posso morrer!» E pôs-se a chorar. 10Tobite, tropeçando, encaminhou-se para a porta do pátio. 11Então o filho correu ao seu encontro, agarrou-o e derra­mou-lhe o fel nos seus olhos, dizen­do: «Coragem, pai!» 12Enquanto lhe ar­diam os olhos, esfregou-os, e as esca­mas desprenderam-se. 13Ao ver o filho, Tobite lançou-se-lhe ao pes­coço e, chorando, disse: «Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!» 14E continuou:

«Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome!
Benditos os seus santos anjos!
Que seu nome esteja sobre nós
e benditos sejam todos os seus anjos,
pelos séculos sem fim!
Ele puniu-me,
mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho.»

15Tobias entrou, cheio de alegria, e glorificou a Deus. Contou ao pai todas as maravilhas que tinham acon­­tecido na sua viagem; disse-lhe que trazia o dinheiro e que tomara Sara, filha de Raguel, por esposa: «Ela já aí vem, está muito perto das portas de Nínive.»


Tobite acolhe Sara16Ao ouvir isto, Tobite, cheio de alegria e lou­vando a Deus, foi às portas de Ní­nive, ao encontro da nora. Vendo-o andar assim, com toda a segu­rança e sem ninguém o guiar pela mão, os habitantes de Nínive admi­raram-se. Tobite, então, anunciava-lhes em alta voz que Deus fora misericordioso para com ele e lhe abrira os olhos.

17As­sim que Tobite se encontrou com Sara, esposa do seu filho To­bias, aben­çoou-a e disse-lhe: «Sê bem-vinda, minha filha! Bendito seja Deus, que te trouxe para junto de nós e ben­dito seja o teu pai! Bendito seja To­bias, meu filho, e bendita sejas tu, filha! En­tra e sê bem-vinda à tua casa; entra em bênção e alegria, filha!» 18Foi um dia de júbilo para todos os judeus que habitavam em Nínive. 19Aicar e Nadab, seus sobri­nhos, fo­ram tam­bém ter com Tobite cheios de ale­gria e, durante sete dias, cele­bra­ram-se, com regozijo, as bodas de Tobias.

 

Tb 11

Cura do pai de Tobias1Ao aproximarem-se de Caserim, que fica defronte de Nínive, Rafael disse: 2«Bem sabes em que estado deixaste o teu pai. 3Passemos à frente da tua esposa e preparemos a casa antes da sua chegada.» 4Puse­ram-se, portanto, a caminhar jun­tos, na frente. Rafael, então, disse de novo: «Leva contigo o fel do pei­xe.» Atrás do anjo e de Tobias, se­guia o cão.

5Entretanto, Ana estava sentada e olhava para o caminho, pro­cu­rando descobrir o filho. 6Quando o viu, ao longe, disse ao marido: «Re­para, aí vem o nosso filho, e com ele o seu companheiro.» 7Antes, porém, que To­bias chegasse junto do pai, disse-lhe Rafael: «Sei, com certeza, que os seus olhos se abrirão de novo. 8Unge-lhos com o fel do peixe: ao sentir ardor, esfregá-los-á, as cata­ra­tas desprender-se-ão e ele verá.»

9Ana deitou a correr e lançou-se ao pescoço do filho, dizendo: «Volto a ver-te, meu filho. Agora, já posso morrer!» E pôs-se a chorar. 10Tobite, tropeçando, encaminhou-se para a porta do pátio. 11Então o filho correu ao seu encontro, agarrou-o e derra­mou-lhe o fel nos seus olhos, dizen­do: «Coragem, pai!» 12Enquanto lhe ar­diam os olhos, esfregou-os, e as esca­mas desprenderam-se. 13Ao ver o filho, Tobite lançou-se-lhe ao pes­coço e, chorando, disse: «Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!» 14E continuou:

«Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome!
Benditos os seus santos anjos!
Que seu nome esteja sobre nós
e benditos sejam todos os seus anjos,
pelos séculos sem fim!
Ele puniu-me,
mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho.»

15Tobias entrou, cheio de alegria, e glorificou a Deus. Contou ao pai todas as maravilhas que tinham acon­­tecido na sua viagem; disse-lhe que trazia o dinheiro e que tomara Sara, filha de Raguel, por esposa: «Ela já aí vem, está muito perto das portas de Nínive.»


Tobite acolhe Sara16Ao ouvir isto, Tobite, cheio de alegria e lou­vando a Deus, foi às portas de Ní­nive, ao encontro da nora. Vendo-o andar assim, com toda a segu­rança e sem ninguém o guiar pela mão, os habitantes de Nínive admi­raram-se. Tobite, então, anunciava-lhes em alta voz que Deus fora misericordioso para com ele e lhe abrira os olhos.

17As­sim que Tobite se encontrou com Sara, esposa do seu filho To­bias, aben­çoou-a e disse-lhe: «Sê bem-vinda, minha filha! Bendito seja Deus, que te trouxe para junto de nós e ben­dito seja o teu pai! Bendito seja To­bias, meu filho, e bendita sejas tu, filha! En­tra e sê bem-vinda à tua casa; entra em bênção e alegria, filha!» 18Foi um dia de júbilo para todos os judeus que habitavam em Nínive. 19Aicar e Nadab, seus sobri­nhos, fo­ram tam­bém ter com Tobite cheios de ale­gria e, durante sete dias, cele­bra­ram-se, com regozijo, as bodas de Tobias.

Tb 13

Cântico de Tobite1Então, Tobite, com grande exaltação e alegria, disse:

2«Bendito seja Deus, que vive eter­namente!

Bendito seja o seu reino!

Porque Ele castiga, mas usa de misericórdia,

conduz aos abis­mos, nas profun­dezas da terra,

e faz sair da grande perdição;

nada existe que escape à sua mão.

3Louvai-o, filhos de Israel, diante dos povos;

porque Ele dispersou-vos no meio deles

4para vos mostrar ali a sua gran­deza.

Exaltai-o diante de todos os vi­ven­tes,

porque Ele é o nosso Senhor e o nosso Deus,

é o nosso Pai e é Deus por todos os séculos dos séculos.

5Castiga-vos por causa das vos­sas iniquidades,

mas, a seguir, compadece-se de vós

congregando-vos do meio de todos os povos,

entre os quais estais agora dis­persos.

6Quando vos converterdes a Ele,

com todo o vosso coração

e com toda a vossa alma,

para pra­ti­car a verdade na sua pre­sença,

Ele voltar-se-á para vós

e não vos ocultará a sua face.

7Contemplai, agora, o que fez por vós,

dai-lhe graças com a vossa voz,

bendizei o Senhor da justiça

e exaltai o Rei dos séculos.

8Por mim, glorificá-lo-ei na terra do meu cativeiro

e anunciarei a um povo pecador

o seu poder e a sua grandeza.

Convertei-vos, pecadores,

e pra­ti­cai a justiça diante dele;

talvez tenha misericórdia de to­dos vós.

9Com toda a minha alma louva­rei o meu Deus, Rei do céu.

Sim, a minha alma rejubilará da sua grandeza.

10Que todos o proclamem e lou­vem em Jerusalém.

Jerusalém, ci­dade santa,

Ele castiga-te pelas obras dos teus filhos,

mas de novo terá misericórdia dos filhos dos justos.

11Bendiz o Senhor, como convém,

e louva o Rei dos séculos.

Pois o seu tabernáculo será re­cons­truído com júbilo.

12Que Ele te dê alegria e, em ti, a todos os cativos,

e mostre o seu amor para com todos os aflitos,

por todas as gerações, sem fim!

13Qual luz brilhante, hás-de re­ful­gir

até às extremidades da terra.

Numerosos povos virão de longe,

e os habitantes dos confins da terra

adorarão o nome do teu santo Deus,

trazendo nas mãos ofe­rendas para o Rei do céu.

As gerações das gerações exulta­rão em ti,

o nome da escolhida perma­ne­cerá para sempre.

14Malditos sejam todos os que di­zem mal de ti;

malditos, os que te derrubam os muros,

abatem as torres e incendeiam as casas.

Benditos sejam eternamente to­dos os que te respeitam.

15Alegra-te, porque os filhos dos justos serão congregados

e louvarão o Senhor dos séculos.

Ditosos aqueles que te amam,

e ditosos os que se alegram pela tua prosperidade.

16Ditosos os que se entristecem a teu respeito,

por causa dos teus castigos,

pois alegrar-se-ão em ti;

contemplarão a tua glória

e rego­zijar-se-ão para sempre.

A minha alma bendiz o Senhor, o grande Rei!

17Pois Jerusalém será recons­truída

e na cidade, a sua casa per­ma­ne­cerá para sem­pre.

Feliz serei, se os descendentes da minha gente

virem a tua glória

e louvarem o Rei do céu.

As portas de Jerusalém serão ree­di­ficadas

com safira e com esme­ralda,

e os seus muros com pedras pre­ciosas.

Com ouro serão construídas as suas torres,

com ouro puro, as suas ameias.

18As portas de Jerusalém canta­rão de alegria

e todas as casas dirão: ‘Aleluia!

Bendito o Senhor, Deus de Is­rael!’

E os abençoados bendirão o nome santo, para sempre.»

Tb 14

Conclusão da história de Tobite1Aqui terminam as palavras do canto de louvor de To­bite. 2Tobite morreu em paz com cento e doze anos de idade e foi sepultado com todas as honras em Nínive. Ti­nha sessenta e dois anos quanto ficou cego. Depois da sua cura, viveu feliz, distribuiu muitas esmolas e conti­nuou a louvar a Deus e a cantar a sua grandeza. 3Quan­do estava para morrer, Tobite cha­mou o seu filho Tobias e disse-lhe:

«Meu filho, toma os teus filhos 4e refugia-te na Média, porque es­tou persuadido de que tudo o que disse o profeta Naum sobre Nínive vai cumprir-se. Tudo se cumprirá e deverá acontecer sobre a Assíria e sobre Nínive, tal como disseram os profetas de Israel, enviados por Deus. Nenhuma das suas palavras se perderá. Tudo há-de acontecer no seu devido tempo.

Vai! Na Média, estarás mais se­guro do que na Assí­ria ou na Babi­lónia. Eu sei e acre­dito que tudo aquilo que Deus disse se cumprirá e não cairá uma só pala­vra das suas profecias. Os nos­sos irmãos que mo­ram na terra de Israel serão dis­per­sos e depor­tados para longe do seu belo país e toda a terra de Israel será reduzida a um deserto. Mesmo a Sa­maria e Jeru­salém ficarão desola­das e a casa de Deus será queimada e fi­cará em de­so­lação, por certo tempo. 5Mas de novo, Deus compadecer-se-á deles e os reinstalará na terra de Israel. Eles reedificarão o tem­plo, em­bora diferente do primeiro, até que sejam cumpridos e completados os tempos.

Depois disto, voltarão do cati­veiro e edificarão Jerusalém com magni­fi­cên­cia, e nela a casa de Deus, tão gloriosa como os profetas anuncia­ram. 6E todas as nações que se en­contram em toda a terra se conver­terão e temerão Deus na verdade. Todos abandonarão os seus ídolos, que os fizeram andar errantes na mentira, e louvarão o Deus dos sé­culos na justiça. 7Todos os habi­tan­tes de Israel que escaparem, na­que­les dias, e que se recordarem de Deus com sinceridade, reunir-se-ão e verão Jerusalém e para sempre habitarão tranquilos na terra de Abraão, que lhes será dada como herança. Aque­les que amam a Deus na verdade, alegrar-se-ão; mas aqueles que come­­tem o pecado e a injustiça desapare­cerão de toda a terra.

8Agora, meus filhos, ordeno-vos: servi a Deus na verdade e fazei o que lhe agrada. Ensinai também aos vos­sos filhos a obrigação de fazer jus­tiça e de dar esmola e de se lembra­rem de Deus, de bendizer o seu nome para sem­pre, na verdade e com todas as forças. 9Por isso, tu, meu filho, parte de Ní­nive, não fi­ques aqui mais tem­po. De­pois de teres dado sepultura a tua mãe jun­to de mim, nesse mesmo dia aban­dona as fronteiras de Ní­nive. De facto, vejo triunfar nela muita in­justiça e uma grande perfídia, e nem sequer se envergonham. 10Vê, meu fi­lho, quanto Nadab fez a seu pai adop­­tivo, Aicar. Acaso não foi obrigado a descer vivo à terra? Con­tudo, Deus revelou a infâmia diante da face do culpado. Aicar regressou à luz do dia, enquanto que Nadab entrou nas tre­vas eternas, por ter tentado matar Aicar. Por ter dado esmolas, Aicar escapou ao laço da morte que Nadab lhe tinha prepa­rado; Nadab, con­tudo, caiu nesse mesmo laço que o fez pe­recer. 11Vede, filhos, onde conduz a esmola e onde conduz a iniquidade: esta conduz à morte. Agora, eis que me falta o alento!» Eles, colocaram-no sobre o leito, onde morreu e deram-lhe sepul­tura honrosa. 12Quando a mãe morreu, Tobias sepultou-a junto do seu pai, Tobite, e partiu com a sua mulher e com todos os seus filhos para a Média, morando em Ecbátana, em casa de Raguel, seu sogro. 13Cuidou dos seus sogros com todas as atenções na sua ve­lhice e depois sepultou-os em Ecbá­­tana da Média. Tobias herdou o pa­tri­­mó­nio de Raguel tal como her­dara o de seu pai.

14Tobias morreu, gozando da con­si­­deração de todos, com cento e de­zassete anos de idade. 15Antes de mor­rer, soube da ruína de Nínive, e viu os seus habi­tantes serem leva­dos cativos para a Média, às mãos de Aicar, rei da Média. Louvou então a Deus por tudo quanto tinha feito pe­los habitantes de Nínive e da As­síria. Antes de morrer, pôde assim alegrar-se com a sorte de Nínive e louvou o Senhor Deus pelos séculos dos sé­culos.

Judite

Este livro, cujo nome é o da sua figura prin­cipal, mostra-nos como Israel domina todas as dificuldades quando obedece ao Senhor. As pessoas e os lugares nele descritos fazem crer que o autor pre­tendeu dar-lhes nomes fictícios, embora não se saiba exactamente porquê. O significado de alguns deles enquadra-se bem no próprio conteúdo do livro. O nome da heroína, Judite, que lhe serve de título, simboliza “a judia”, ex­pressão frágil e desamparada do próprio Israel, sob a ameaça dos inimigos. O importante, contudo, é a lição que nos é dada pelo seu cântico: só os que temem o Senhor podem ser grandes em todas as coisas.


TEXTO

Aquele que terá sido o texto original hebraico ou aramaico do Livro de Judite há muito que desapareceu. O testemunho escrito que chegou até nós era constituído por três recensões gregas, uma versão siríaca, a antiga versão latina e a tradução latina feita por São Jerónimo. As poucas recen­sões hebraicas que se conhecem são consideradas pouco fidedignas para nos darem a conhecer o texto original, uma vez que se apresentam como elabo­ra­ções livres feitas sobre o mesmo texto.

Segundo Orígenes e São Jerónimo, este livro não era considerado canó­nico pelos judeus da Palestina. Entretanto, foi traduzido pelo Targum, e o Talmude atribuiu-lhe um grau inferior de inspiração. Contudo, no séc. I d.C. o livro fazia parte do cânone dos judeus de Alexandria. Tudo isto contribuiu para o facto de alguns Padres da Igreja terem posto em causa, e mesmo ne­gado, a sua inspiração.

O texto desta Bíblia foi traduzido a partir da edição crítica dos Setenta de A. Rahlfs, Septuaginta, elaborada com os textos gregos recolhidos dos códi­ces Vaticano, Sinaítico e Alexandrino.


CONTEXTO HISTÓRICO

Estamos, muito provavelmente, diante de um texto parenético e didáctico, composto a partir de um núcleo original. Com efeito, o texto que chegou até nós apresenta dados históricos e geográficos que põem muitos problemas, quer de situação, quer de identificação. Por exem­plo: Nabucodonosor é posto a lutar contra um Medo, de nome Arfa­xad, que não se sabe exactamente quem é. Diz-se, igualmente, que conquis­tou Ecbá­tana, quando se sabe que ele nunca conquistou esta cidade nem combateu os Medos. A cidade de Betúlia, o Sumo Sacerdote Joaquim e a pró­pria Judite, excep­tuando a filha de Jacob e Lia, não aparecem referidos em nenhum outro texto do Antigo Testamento.


DIVISÃO E CONTEÚDO

O livro de Judite divide-se em duas partes:

I. Antecedentes do cerco a Betúlia (1,1-6,21): o poder de Nabuco­dono­sor (1); expedição de Holofernes (2); procedimento das nações gentias (3); os judeus preparam-se para a guerra (4); discurso de Aquior a Holofernes (5); resposta de Holofernes (6).
II. Vitória dos judeus (7,1-16,25): a situação torna-se difícil em Betúlia (7); Judite diante dos chefes do povo (8); a oração de Judite (9); a caminho do acampamento assírio (10); na presença de Holofernes (11); Judite na ceia de Holofernes (12); regresso triunfante à cidade (13); ataque contra os assírios (14); vitória completa dos Judeus (15); cântico de Judite (16,1-17); con­clusão da história de Judite (16,18-25).


TEOLOGIA

Quando Holofernes e os assírios sitiaram Betúlia, esgotou-se a água na cidade, e os seus habitantes estavam na iminência de perecer. Foi então que uma viúva, chamada Judite, traçou e pôs em prática um plano, que levou os sitiantes à debandada e deu a vitória final aos israelitas.

Como quer que seja, e para além dos pormenores históricos e geográficos, a doutrina do livro merece a nossa atenção. Estamos diante da afirmação de verdades que em nada põem em causa o conjunto da teologia do AT: proclama-se a providência de Deus para com o seu povo; a omnipotência, realeza e sabe­doria universal de Deus; a ideia da dor e do sofrimento como prova; a centralidade, reverência e valor do templo; o valor do jejum, da oração e dos actos de penitência.

Este livro manifesta, sobretudo o amor de Deus pelos pequenos, servindo-se de todos os meios para os defender. Neste caso, de uma mulher, que nunca tinha participado numa guerra.

 

Jdt 1

I. ANTECEDENTES DO CERCO A BETÚLIA (1,1-6,21)


Guerra entre Nabucodonosor e Arfaxad1Decorria o décimo segundo ano do reinado de Nabu­co­donosor, que reinou sobre os Assí­rios em Nínive, a grande cidade, nos dias de Arfaxad, que reinou sobre os Medos em Ecbátana, 2quando este construiu à volta da cidade uma mu­­ralha de pedra lavrada, com pedras de três côvados de espessura e seis côvados de largura e as muralhas com setenta côvados de altura e cin­quenta côvados de espessura; 3cons­truiu, às portas da cidade, mura­lhas de cem côvados de altura e sessenta côvados de largura ao nível das fun­dações. 4Fez também as portas da cidade, com setenta côvados de al­tura e quarenta côvados de largura, para que os seus exércitos pudessem sair em força e a sua infantaria pudesse avançar com suas fileiras.

5Naqueles dias, o rei Nabucodo­no­­sor combateu contra o rei Arfa­xad, na grande planície que fica nos arre­­dores de Ragau. 6A ele junta­ram-se todos os habitantes das coli­nas e todos os que habitavam ao longo do Eufrates, do Tigre e do Hi­daspes e na planície de Arioc, rei de Eli­mai­da. Muitas outras nações se junta­ram às forças dos Caldeus.

7En­tão, Nabu­codonosor, rei dos Assírios, en­viou instruções a todos os que viviam na Pérsia e a todos os que viviam no Ocidente, aos que viviam na Cilícia, em Damasco, no Líbano e no Anti-Líbano e a todos os que vi­viam nas regiões costeiras; 8aos que viviam entre as nações do Carmelo, de Gui­lead, da alta Galileia e da gran­de planície de Esdrelon, 9e a todos os que estavam na Samaria e nas suas cidades, e para lá do Jor­dão até Je­ru­salém, Batane, Quelus, Cadés e ao rio do Egipto, Tapanés e Rame­sés e toda a terra de Góchen, 10mes­mo para além de Tânis e Mên­fis e todos os que viviam no Egipto até às fronteiras da Etiópia.

11Contudo, todos aqueles que vi­viam em toda aquela região desobe­deceram às ordens de Nabucodono­sor, rei dos Assírios, e recusaram jun­tar-se a ele na guerra, porque não ti­nham medo dele e o viam como um simples homem. Por isso, reenvia­ram os seus mensa­geiros com as mãos vazias e enver­gonhados. 12Então, Na­bucodonosor ficou cheio de cólera con­tra toda esta região e jurou vingar-se, pelo seu tro­no e pelo seu reino, de todo o terri­tó­rio da Cilícia, de Da­masco e da Sí­ria, matando-os à es­pada, bem como a todos os habi­tan­tes da terra de Moab, o povo de Amon, da Judeia e de todos os do Egipto até à região costeira dos dois mares.

13No décimo sétimo ano, levou o seu exército contra o rei Arfaxad, venceu-o na ba­talha e derrotou todo o seu exército, bem como toda a sua cava­laria e os seus carros de com­bate. 14Assim se apoderou de todas as suas cidades e chegou até Ecbá­tana, cap­tu­rou as suas torres, sa­queou os seus mercados e transfor­mou a sua beleza em vergonha. 15Cap­turou Arfa­xad nas montanhas de Ragau, feriu-o com as armas da caça e destruiu-o, até aos dias de hoje. 16Depois, re­gres­­sou a Nínive, ele e todas as suas for­ças, um grande cor­po de tropas, e aí des­cansaram e celebraram a vitó­ria du­rante cento e vinte dias.

Jdt 2

Guerra contra as nações oci­den­tais1No décimo oitavo ano, no vigésimo segundo dia do pri­mei­ro mês, falou-se no palácio de Nabu­co­donosor, rei dos Assírios, acerca da vingança sobre toda a região, tal como tinha sido dito. 2Chamou a si todos os seus oficiais e todos os seus no­bres, revelou-lhes o seu plano se­creto, e contou-lhes, com os seus pró­prios lábios, a maldade da região. 3En­tão, ficou decidido que todos aque­les que não tinham obedecido às suas or­dens deviam ser destruídos.

4Quando terminou de apresentar o seu plano, Nabucodonosor, rei dos Assírios, chamou Holofernes, o gene­­ral do seu exército, o segundo depois dele na linha de comando, e disse-lhe:

5«Assim fala o grande rei, o senhor de toda a terra: Ao saíres da minha presença, leva contigo homens con­fiantes na sua força, em número de cento e vinte mil soldados de infan­taria e doze mil de cavalaria. 6Vai e ataca todo o território do Ocidente, porque eles desobedeceram às mi­nhas ordens. 7Diz-lhes que prepa­rem terra e água, porque eu vou partir contra eles na minha cólera, e cobrirei toda a face da terra com os pés dos meus exércitos e entregá-los-ei para serem saqueados pelas minhas tropas, 8até que os seus feri­dos cubram os seus vales e até que cada curso de água e cada rio se en­cham com os seus mortos e trans­bor­dem. 9Então, levá-los-ei cativos até aos confins da terra.

10Tu irás à minha frente e con­quis­tarás para mim todo o território antes da mi­nha chega­da. Eles entregar-se-ão a ti e tu segurá-los-ás até ao dia do seu castigo. 11No entanto, se eles se recu­sarem, tu não fecharás os teus olhos e entregá-los-ás à chacina e à rapina por toda a região.12Pois eu juro, pela minha vida e pelo poder do meu exér­cito, que a minha mão exe­cutará aquilo que eu decidi. 13Quanto a ti, toma cuidado para não trans­gre­­di­res nenhuma das ordens do teu se­­nhor; cumpre-as tal como te orde­nei, e não sejas negli­gente no seu cumprimento.»

14Então Holofernes saiu da pre­sença do seu senhor, chamou todos os comandantes, generais e oficiais do exército da Assíria. 15Alinhou as tro­pas escolhidas em divisões, tal como o seu senhor lhe ordenara que fizes­se: cento e vinte mil homens, jun­ta­mente com doze mil arqueiros a ca­valo. 16Organizou-os como um grande exército preparado para uma cam­panha. 17Reuniu um grande nú­mero de camelos, burros e mulas de trans­porte, e ainda uma enorme quan­­­­­ti­dade de ovelhas, bois e cabras como provisões. 18Reuniu também mui­ta comida para os homens e uma imensa quantidade de ouro e prata do palá­cio real.

19Assim preparado, saiu com todo o seu exército, à frente do rei Nabu­co­donosor, para cobrir toda a face da terra em direcção ao Oeste com os seus carros, os seus cavaleiros e as suas tropas de elite de infan­taria. 20Juntamente com eles, partiu uma imensa multidão semelhante a uma nuvem de gafanhotos e a uma nu­vem de pó da terra, tão gran­de era o seu número. 21Marcharam durante três dias, desde Nínive até à planí­cie de Bectilet, e acamparam diante de Bectilet, junto da monta­nha que se encontra a norte da Cilí­cia seten­trional. 22Holofer­nes partiu daí com todo o seu exército, a sua infantaria, a sua cavalaria e os seus carros, e subiu até às monta­nhas. 23Aí des­truiu Pud e Lud, sa­queou todo o povo de Rássis bem como os filhos de Ismael que vivem ao longo do deserto, a sul do país de Queléon.

24Depois, conti­nuou ao longo do Eu­frates, passou através da Me­so­potâmia, destruiu todas as cida­des que se encontram no alto da mon­ta­nha ao longo da tor­rente de Abro­na, até chegar ao mar. 25Tomou também o território da Cilí­cia, ma­tou todos aqueles que lhe ofe­receram re­sis­tên­­cia e chegou à fronteira sul de Jafet que está em frente da Ará­bia. 26Cer­cou todos os Madiani­tas, queimou as suas tendas e saqueou os seus reba­nhos. 27De­pois, desceu até à pla­nície de Da­masco, no tempo da co­lheita do trigo, queimou todos os cam­pos, des­truiu os rebanhos e as manadas, sa­queou as cidades, des­truiu todas as terras e matou todos os jovens pas­sando-os ao fio da es­pada. 28Assim, o medo dele abateu-se sobre todo o povo que vivia ao longo das regiões costeiras, em Sídon e Tiro, bem como sobre to­dos os que viviam em Sur e Oquina e os que viviam em Jâmnia. Os que viviam em Asdod e em As­calon te­miam-no ainda mais.

Jdt 2

Guerra contra as nações oci­den­tais1No décimo oitavo ano, no vigésimo segundo dia do pri­mei­ro mês, falou-se no palácio de Nabu­co­donosor, rei dos Assírios, acerca da vingança sobre toda a região, tal como tinha sido dito. 2Chamou a si todos os seus oficiais e todos os seus no­bres, revelou-lhes o seu plano se­creto, e contou-lhes, com os seus pró­prios lábios, a maldade da região. 3En­tão, ficou decidido que todos aque­les que não tinham obedecido às suas or­dens deviam ser destruídos.

4Quando terminou de apresentar o seu plano, Nabucodonosor, rei dos Assírios, chamou Holofernes, o gene­­ral do seu exército, o segundo depois dele na linha de comando, e disse-lhe:

5«Assim fala o grande rei, o senhor de toda a terra: Ao saíres da minha presença, leva contigo homens con­fiantes na sua força, em número de cento e vinte mil soldados de infan­taria e doze mil de cavalaria. 6Vai e ataca todo o território do Ocidente, porque eles desobedeceram às mi­nhas ordens. 7Diz-lhes que prepa­rem terra e água, porque eu vou partir contra eles na minha cólera, e cobrirei toda a face da terra com os pés dos meus exércitos e entregá-los-ei para serem saqueados pelas minhas tropas, 8até que os seus feri­dos cubram os seus vales e até que cada curso de água e cada rio se en­cham com os seus mortos e trans­bor­dem. 9Então, levá-los-ei cativos até aos confins da terra.

10Tu irás à minha frente e con­quis­tarás para mim todo o território antes da mi­nha chega­da. Eles entregar-se-ão a ti e tu segurá-los-ás até ao dia do seu castigo. 11No entanto, se eles se recu­sarem, tu não fecharás os teus olhos e entregá-los-ás à chacina e à rapina por toda a região.12Pois eu juro, pela minha vida e pelo poder do meu exér­cito, que a minha mão exe­cutará aquilo que eu decidi. 13Quanto a ti, toma cuidado para não trans­gre­­di­res nenhuma das ordens do teu se­­nhor; cumpre-as tal como te orde­nei, e não sejas negli­gente no seu cumprimento.»

14Então Holofernes saiu da pre­sença do seu senhor, chamou todos os comandantes, generais e oficiais do exército da Assíria. 15Alinhou as tro­pas escolhidas em divisões, tal como o seu senhor lhe ordenara que fizes­se: cento e vinte mil homens, jun­ta­mente com doze mil arqueiros a ca­valo. 16Organizou-os como um grande exército preparado para uma cam­panha. 17Reuniu um grande nú­mero de camelos, burros e mulas de trans­porte, e ainda uma enorme quan­­­­­ti­dade de ovelhas, bois e cabras como provisões. 18Reuniu também mui­ta comida para os homens e uma imensa quantidade de ouro e prata do palá­cio real.

19Assim preparado, saiu com todo o seu exército, à frente do rei Nabu­co­donosor, para cobrir toda a face da terra em direcção ao Oeste com os seus carros, os seus cavaleiros e as suas tropas de elite de infan­taria. 20Juntamente com eles, partiu uma imensa multidão semelhante a uma nuvem de gafanhotos e a uma nu­vem de pó da terra, tão gran­de era o seu número. 21Marcharam durante três dias, desde Nínive até à planí­cie de Bectilet, e acamparam diante de Bectilet, junto da monta­nha que se encontra a norte da Cilí­cia seten­trional. 22Holofer­nes partiu daí com todo o seu exército, a sua infantaria, a sua cavalaria e os seus carros, e subiu até às monta­nhas. 23Aí des­truiu Pud e Lud, sa­queou todo o povo de Rássis bem como os filhos de Ismael que vivem ao longo do deserto, a sul do país de Queléon.

24Depois, conti­nuou ao longo do Eu­frates, passou através da Me­so­potâmia, destruiu todas as cida­des que se encontram no alto da mon­ta­nha ao longo da tor­rente de Abro­na, até chegar ao mar. 25Tomou também o território da Cilí­cia, ma­tou todos aqueles que lhe ofe­receram re­sis­tên­­cia e chegou à fronteira sul de Jafet que está em frente da Ará­bia. 26Cer­cou todos os Madiani­tas, queimou as suas tendas e saqueou os seus reba­nhos. 27De­pois, desceu até à pla­nície de Da­masco, no tempo da co­lheita do trigo, queimou todos os cam­pos, des­truiu os rebanhos e as manadas, sa­queou as cidades, des­truiu todas as terras e matou todos os jovens pas­sando-os ao fio da es­pada. 28Assim, o medo dele abateu-se sobre todo o povo que vivia ao longo das regiões costeiras, em Sídon e Tiro, bem como sobre to­dos os que viviam em Sur e Oquina e os que viviam em Jâmnia. Os que viviam em Asdod e em As­calon te­miam-no ainda mais.

Jdt 3

As nações ocidentais subme­tem-se a Holofernes1Então, enviaram-lhe mensageiros com pro­postas de paz, dizendo: 2«Olha para nós, servos de Nabucodonosor, o gran­­de rei, prostrados por terra diante de ti. Faz connosco o que te aprou­ver. 3Repara, as nossas construções, a nossa terra, todos os nossos cam­pos, os nossos rebanhos, as nossas mana­das e todos os nossos bens es­tão diante de ti, faz com eles o que te aprouver. 4Também as nossas cida­des e os seus habitantes são teus escravos; vem e trata-os como te pa­recer melhor.»

5Os homens vieram ter com Holo­­fernes e contaram-lhe tudo isto. 6En­­tão, ele desceu até à zona costeira com o seu exército e colocou sen­ti­ne­las nas cidades do alto das coli­nas e escolheu alguns homens des­sas cida­des para serem seus alia­dos. 7Todos estes povos, bem como todos aque­les que se encontravam nas ime­dia­ções, deram-lhe as boas vindas com grinaldas, danças e tam­borins. 8Ele demoliu todos os seus santuá­rios, des­truiu todos os seus bosques sagra­dos, já que lhe tinha sido orde­nado que destruísse todos os deuses da terra, para que todas as nações ado­rassem unicamente Nabucodo­no­­sor, e para que todas as línguas e tri­bos o proclamassem deus. 9Depois, foi até ao limite de Esdrelon, perto de Dotan, que está diante da grande serra da Judeia. 10Acamparam en­tre Gaibai e Citó­po­lis, onde perma­neceram durante todo o mês para juntarem provisões para o exército.

Jdt 4

A guerra aproxima-se de Is­rael1Por esta altura, os filhos de Israel que viviam na Judeia ou­viram falar de tudo aquilo que Ho­lofernes, general de Nabucodonosor, rei da Assíria, fizera às outras na­ções e como tinha pilhado os seus santuários, entregando-os à destrui­­ção.2Ficaram muitíssimo as­sus­tados, com medo dele, e preo­cupa­dos com a sorte de Jerusalém e do templo do Senhor, seu Deus, 3pois só muito re­centemente tinham re­gressado do cativeiro, e todo o povo da Judeia se encontrava reunido; as alfaias sagra­das, o altar e o templo tinham sido consagrados depois da profanação.

4Mandaram mensageiros a todos os distritos da Samaria, a Coná, a Bet-Horon, Abel-Maim, Je­ricó, Co­bá, Aisorá e ao Vale de Sa­lém, 5e ime­diatamente se apodera­ram do alto das colinas e das cidades for­tifi­cadas que neles se encontravam; armaze­na­ram comida e prepararam-se para a guerra, já que os seus campos tinham sido ceifados recen­temente.

6Então, Joaquim, o Sumo Sacer­dote que estava em Jerusalém por essa altura, escreveu ao povo de Betú­lia e Betomestaim, que está dian­te do Esdrelon do outro lado da pla­ní­cie perto de Dotain, 7dando-lhe ordens para que ocupasse as pas­sagens que davam acesso às co­linas, uma vez que a Judeia podia ser in­vadida atra­vés delas; assim seria fácil travar o cami­nho a quem quer que tentasse entrar, dado que a passagem era apertada, apenas com uma largura suficiente para dois ho­mens. 8Os israelitas fize­­ram tal como Joaquim e o senado de todo o povo de Israel, reunido em Jerusa­lém, lhes orde­nara.

9Seguidamente, cada um dos ho­mens de Israel invocou a Deus com grande fervor, ao mesmo tempo que se humilharam com muitos jejuns.10Eles, as suas mulheres, os seus fi­lhos, o seu gado e todos os estran­gei­ros residentes, bem como os tra­ba­lhadores contratados e os escra­vos, todos se vestiram de saco.

11Então, todos os homens e mu­lhe­res de Is­rael e as suas crianças, que viviam em Jerusalém, se prostra­ram diante do templo, espalharam cinza na ca­beça e estenderam as suas rou­pas de saco diante do Senhor. 12Ro­dea­ram mesmo o altar com saco e cla­maram em uníssono, pedindo in­sis­­ten­temente ao Deus de Israel para não entregar as suas crianças como presa e as suas mulheres como des­pojos de guerra, para que não dei­xas­se que as cidades que tinham her­­dado fossem destruídas, para que o santuário não fosse profanado e tor­nado impuro para alegria mali­ciosa dos gentios.

13O Senhor ouviu a sua oração e olhou com bondade para a sua afli­ção, porque o povo jejuara durante muitos dias, por toda a Judeia e em Jerusalém, diante do santuário do Deus todo poderoso.

14Então, Joa­quim, o Sumo Sacer­dote, e todos os sacerdotes que esta­vam diante do Senhor e o serviam, com os seus flan­cos cingidos de saco, ofereceram um holocausto, bem como os votos e as ofertas de todo o povo. 15Com cin­za sobre as cabeças, eles in­vocaram o Senhor com todas as suas forças, para que olhasse com bene­volência para toda a casa de Israel.

Jdt 5

Resistência de Israel1Quan­­do Holofernes, general do exér­cito da Assíria, ouviu dizer que o povo de Israel se tinha preparado para a guerra, tinha fechado as passagens para as colinas e tinha fortificado os altos de todas as colinas e colocado barricadas nas planícies, 2ficou fu­rio­so. Reuniu todos os príncipes de Moab, os comandantes de Amon e os governadores da zona costeira 3e disse-lhes: «Dizei-me, vós que sois de Canaã, que povo é este que vive na região das colinas? Em que cida­des habitam? Qual a grandeza do seu exército e qual a razão do seu poder e da sua força? Quem os governa como rei e conduz o seu exército? 4E por­que é que só eles, de todos os que vivem no ocidente, se recusa­ram a vir ter comigo?»

5Então Aquior, chefe de todos os amonitas, respondeu: «Que o rei ouça agora uma palavra da boca do seu ser­vo, e eu direi a verdade acerca des­te povo que vive na vizinha região das montanhas. Nenhuma falsidade sairá da boca do teu servo. 6Este povo é descendente dos caldeus.7Anti­ga­­mente viviam na Meso­potâmia, por­que não adoravam os deuses dos seus pais que estavam na Caldeia, 8pois tinham aban­do­­nado os costumes dos seus ante­passados e adoravam o Deus dos céus, Deus que eles, entre­tanto, conheceram. Quan­do os expul­saram de diante dos seus deuses, eles refu­giaram-se na Meso­potâmia e aí per­manece­ram durante muito tempo. 9Então, o seu Deus orde­nou-lhes que abandonassem o lugar onde tinham vivido como foras­teiros e que fossem para a terra de Canaã. Nela se ins­ta­­laram e pros­pe­raram, tendo possuído muito ouro, prata e animais.

10Quando a fome começou a alas­trar pela região de Canaã, desceram até ao Egipto e ali viveram como fo­rasteiros, enquanto tiveram que co­mer, e ali se tornaram numa gran­de multidão, tão grande que não podia ser contada. 11Nessa altura, o rei do Egipto tornou-se-lhes hostil, subju­gou-os e colocou-os na fabri­cação de tijolos, humilhando-os e fa­zendo de­les escravos. 12Eles invoca­ram o seu Deus, e Ele atingiu toda a terra do Egipto com pragas, para as quais não havia cura. Só então, os egíp­cios os expulsaram da sua vis­ta. 13Deus secou o Mar Vermelho diante deles, 14conduziu-os pelo caminho do Sinai e de Cadés-Barnea, e eles expulsa­ram todos os que habitavam no de­serto. 15De­pois, instalaram-se na terra dos amor­reus e, com o seu poder, derrotaram todos os habitan­tes de Hesbon. Em segui­da, atra­ves­sando o Jordão, tomaram posse de toda a região das monta­nhas. 16Ex­pulsaram todos os cana­neus, os peri­zeus, os jebuseus, os si­quemitas e todos os guirgaseus e per­manece­ram na sua terra durante muito tempo. 17E, até que pecaram contra o seu Deus, nunca o bem se afastou deles, porque o Deus que odeia a iniqui­dade estava no meio deles.

18Mas, quando se afastaram do ca­minho que Ele lhes indicara, vi­ram-se der­ro­tados em muitas guer­ras violen­tas e foram deportados para uma terra estrangeira. O tem­plo do seu Deus ficou transformado em ruí­nas e as suas cidades foram toma­das pelos inimigos. 19Mas, quan­do se vol­­­taram de novo para o seu Deus, re­gressaram da diáspora, dos luga­res por onde tinham sido dis­persos, re­con­­quistaram Jerusalém, onde se encontra o seu santuário, e instala­ram-se na região das monta­nhas, porque estava desabitada.

20Por isso, agora, meu amo e se­nhor, se existir algum erro neste povo, se eles pecarem contra o seu Deus, se soubermos que existe entre eles algum escândalo destes, pode­re­mos ir combatê-los e sairemos vito­­riosos. 21Mas, se não houver nenhum erro neste povo, o melhor é que o meu senhor lhes passe ao lado, não vá o seu Senhor defendê-los e o seu Deus colocar-se ao lado deles, e nós tornarmo-nos objecto de escárnio para toda a terra.»

22No momento em que Aquior aca­­­bou de falar, todo o povo que estava de pé ao redor da tenda murmurou; os oficiais de Holofer­nes, bem como todos os habitantes da zona costeira e de Moab, come­çaram a dizer que ele devia ser morto: 23«Nós não temos medo dos filhos de Israel. Eles são um povo sem força nem poder para travar uma batalha vio­lenta. 24Per­mite-nos que subamos e eles serão devorados pelos teus sol­dados, ó po­deroso Holofernes!»

Jdt 6

Aquior entregue a Israel1Quan­­do cessou o tumulto dos ho­mens que rodeavam o conselho, Ho­lo­­fernes, o comandante do exér­cito da Assíria, disse a Aquior e a todos os moabitas, diante dos contin­gen­tes estrangeiros: 2«Quem és tu, Aquior, e quem sois vós, vendidos de Efraim, para profetizardes no meio de nós como fizestes hoje, dizendo-nos para não combatermos os filhos de Israel, porque o seu Deus os de­fenderia? Quem é deus senão Nabu­codonosor? Este, há-de enviar o seu exército, para os fazer desaparecer da face da terra e o seu Deus não os poderá salvar. 3Nós, os seus servos, derrotá-los-emos como se fossem um homem só, e eles não poderão resis­tir à força dos nos­sos cavalos. 4Nós queimá-los-emos e as suas monta­nhas hão-de ficar em­briagadas com o seu sangue, e os seus campos hão-de ficar cobertos com os seus cadá­veres. Não poderão resistir-nos. Hão-de morrer todos de morte violenta. Assim falou o rei Na­­bucodonosor, se­nhor de toda a terra; as suas pala­vras não serão em vão.

5Por isso, tu, Aquior, mercenário de Amon, que te atreveste a proferir es­tas palavras no dia da tua iniqui­dade, não voltarás a ver a minha face a par­tir deste dia, até ao dia em que eu possa exercer a minha vingança so­bre essa raça eva­dida do Egipto. 6En­tão, se­rás tres­passado pela espada e pela lança dos meus soldados e cai­rás en­tre os feridos, quando eu regres­­sar. 7Os meus servos conduzir-te-ão à re­gião das monta­nhas e colocar-te-ão numa das cida­des das suas encostas, 8e tu não pere­cerás até morreres jun­­ta­men­te com eles. 9Desejarás arden­te­­mente em teu coração que eles não sejam captura­dos, mas eu falei e ne­nhuma das mi­nhas palavras se per­derá.»

10Então, Holofernes ordenou aos seus servos, que estavam na sua ten­da, que levassem Aquior, o condu­zis­­sem para Betúlia e o entregassem aos filhos de Israel. 11Os servos agar­­raram-no e conduziram-no para fora do campo em direcção à planície. Se­guidamente, afastaram-se da região da planície e dirigiram-se para a re­gião das montanhas, chegando até jun­to das fontes que estavam abaixo de Betúlia. 12Quando os homens da cidade, situada no alto do monte, os viram, pegaram nas armas, saíram da cidade e todos os homens, arma­dos de fisgas, os impediram de su­bir, atirando-lhes pedras. 13Contudo, estes, protegendo-se sob a mon­ta­nha, amarraram Aquior, abandonaram-no no sopé da montanha e voltaram para junto do seu senhor.

14Quando os filhos de Israel des­ce­­ram da montanha, encontraram-no, desataram-no, conduziram-no a Be­tú­lia e apresentaram-no aos che­fes da sua cidade. 15Por essa época, estes eram Uzias, filho de Mica da tribo de Simeão e Cabri filho de Gotoniel e Carmi, filho de Malquiel.16Convo­ca­ram todos os anciãos da ci­dade, e todos os seus filhos e as suas mu­lheres correram para a assem­bleia. Colocaram Aquior no meio de todo o povo e Uzias per­guntou-lhe o que acontecera. 17Ele respondeu, con­tan­do-lhes tudo o que o conselho de Holofernes tinha decidido, tudo o que ele próprio dissera no meio dos chefes dos filhos de Assur, bem como o discurso megalómano de Holofer­nes contra a casa de Israel.

18O povo prostrou-se, adorou o Se­nhor e, gritando, disse: 19«Senhor, Deus do Céu, vê a arrogância deles e tem piedade da humilhação do nosso povo. Olha, neste dia, para o rosto da­queles que te são consagrados!» 20Se­guidamente, consolaram Aquior e felicitaram-no efusivamente. 21Uzias levou-o da assembleia para sua casa, organizou um banquete para os an­ciãos e durante toda essa noite invo­caram a ajuda do Deus de Israel.

Jdt 7

II. VITÓRIA DOS JUDEUS (7,1-16,25)


Cerco a Betúlia1No dia se­guinte, Holofernes ordenou a todo o seu exército e a todo o povo que se tinha aliado a ele no combate que levantassem o acampamento, mar­chassem sobre Betúlia, ocupas­sem as vertentes das monta­nhas e com­ba­tessem contra os filhos de Is­rael.

2Nesse dia, todos os homens váli­dos para a guerra se puseram em marcha. O exército era composto por cento e setenta mil homens de in­fan­­­taria, doze mil cavaleiros, sem con­tar os que se ocupavam da inten­dên­cia, nem os que seguiam a pé e que eram uma grande multidão.3Acam­param no vale perto de Betúlia, ao lado da nascente, e espalharam-se em pro­fun­­­didade desde Dotan até Belbaim e, em largura, desde Betú­lia até Quia­­­mon, que está situada diante de Es­drelon.

4Quando os filhos de Israel viram toda aquela multidão, ficaram muito assustados e disseram uns para os outros: «Agora, estes homens vão var­rer a face da terra e nem as mon­ta­nhas mais elevadas, nem as ravi­nas, nem as colinas serão capa­zes de su­portar o seu peso.» 5Depois de cada um ter pegado no seu equi­pa­mento de combate e de terem acen­­dido fo­gos no alto das suas torres, ficaram de guarda durante toda essa noite.

6No segundo dia, Holofernes, fez sair todos os seus cavalos e colocou-os diante dos filhos de Israel que estavam em Betúlia. 7Inspeccionou os caminhos que subiam em direc­ção à cidade, deu a volta por todas as nascentes que lhes forneciam água, ocupou estes lugares, colocou neles soldados e ele próprio regres­sou para junto do seu povo.

8Então, todos os chefes dos filhos de Esaú, os comandantes dos moa­bi­­tas e os generais das zonas costei­ras se aproximaram dele e lhe dis­se­ram:

9«Possa o nosso senhor escu­tar uma palavra, para que o seu exér­cito não seja derrotado. 10De facto, este povo dos filhos de Israel não confia nas suas lanças, mas sobretudo na altura das montanhas onde habita, porque não é fácil chegar até aos cu­mes das suas montanhas. 11Por isso, agora, senhor, não combatas contra eles como é costume nas batalhas, e nenhum dos homens do teu povo cairá. 12Perma­nece no teu campo, faz com que to­dos os homens do teu exér­cito fi­quem contigo e manda que os teus servos controlem as nascentes de água na base da montanha. 13De facto, é dali que todos os habitantes de Betúlia se abastecem de água. A sede há-de vencê-los e eles entrega­rão a cidade. Nessa altura, nós e o nosso povo subiremos até aos mais próxi­mos cumes das montanhas, acam­pa­remos ali e assegurar-nos-emos de que nin­guém possa sair da cidade. 14Então, serão consumidos pela fome, eles, as suas mulheres e as suas crian­­­ças e, antes que a espada os atinja, cairão nas ruas onde habi­tam. 15Nessa al­tura, pagar-lhes-ás com o mal, já que eles recusaram receber-te paci­fi­­ca­mente.»

16Estas palavras agradaram a Ho­lo­fernes e a todos os seus oficiais, e ele ordenou que se fizesse tudo como tinham dito. 17Assim, o exér­cito dos amonitas avançou – acom­pa­nhado por cinco mil assírios – acam­pou no vale e tomou os reservatórios de água e as nascentes dos filhos de Israel.

18Os filhos de Esaú e os amonitas subiram, acamparam na região das montanhas em frente de Dotan e enviaram alguns de entre eles em direcção ao sul e ao leste, em frente de Egrebel, que está perto de Cuche na torrente de Mocmur. O resto do exército da Assíria acampou na pla­ní­cie e cobria toda a face da terra. As suas tendas e os seus equipa­mentos ficaram espalhados por toda a par­te, formando uma massa imensa; eram uma imensa multidão.

19Os filhos de Israel invocaram o Senhor, seu Deus, desencorajados, porque os seus inimigos os tinham cercado e eles não podiam escapar do meio deles. 20Todo o exército da Assí­ria, a infantaria, os carros de com­­bate e os cavaleiros mantiveram o cerco durante trinta e quatro dias, até que todos os recipientes de água dos habitantes de Betúlia ficaram vazios; 21as suas cisternas começa­ram a ficar esgotadas, sem água para poderem beber a sua porção diária, uma vez que a água era racionada.

22As crianças mais pequenas esta­vam abatidas e as mulheres e os jo­vens começaram a desfalecer de sede e a cair pelas ruas e às portas da cidade. Estavam no limite das suas forças. 23Todo o povo, os jovens, as mulheres e as crianças se reuniram a Uzias e aos chefes da cidade, su­plicando em altos gritos e dizendo diante dos anciãos: 24«Que Deus seja juiz entre nós e vós, pois que vós cometestes uma grande iniquidade ao não estabelecer conversações de paz com a Assíria! 25Agora, não há ninguém que nos possa socorrer e Deus vendeu-nos, pondo-nos nas mãos deles, de modo a cairmos des­fale­ci­dos pela sede diante deles, numa grande destruição. 26Por isso, chamai-os e entregai toda a cidade para ser pilhada pelo povo de Holofernes e todo o seu exército. 27Para nós, é me­lhor sermos sua pre­sa. Seremos seus escravos, mas as nossas vidas serão poupadas e não teremos de assistir à morte das nos­sas crianças diante dos nossos olhos, nem ver as nossas mulheres e os nossos jovens exalar o último sus­piro. 28Invocamos como tes­temu­nhas contra vós, o céu e a terra e o nosso Deus e Senhor dos nossos pais, que nos julga segundo os nos­sos pecados e segundo as culpas dos nossos pais, para que não permita que aconteça hoje o que dizeis!»

29Levantou-se então um grande clamor no meio da assembleia e, to­dos ao mesmo tempo, invocaram o Se­nhor com voz forte. 30Uzias disse-lhes: «Co­ra­gem, irmãos! Vamos aguen­­­­­­tar durante mais cinco dias, durante os quais o Senhor nosso Deus voltará para nós a sua mise­ricórdia e não nos abandonará até ao fim. 31Mas, se no decurso destes dias a sua ajuda não vier até nós, farei como dizeis.»

32Seguidamente, dispersou todo o povo pelos seus postos de combate, e eles partiram em direc­ção às forti­ficações e às tor­res da cidade, man­dando as mu­lhe­res e as crianças para as suas casas. Toda a cidade sentia uma conster­nação.

Jdt 8

Discurso de Judite aos che­fes da cidade1Por esses dias, todos estes acontecimentos chega­ram aos ouvidos de Judite, filha de Merari, filho de Ox, filho de José, fi­lho de Oziel, filho de Hilquias, filho de Hananias, filho de Gedeão, filho de Refaim, filho de Aitub, filho de Eliú, filho de Hilquias, filho de Eliab, filho de Natanael, filho de Salamiel, filho de Sarasadai, filho de Israel.

2O seu marido era Manassés, da sua tribo e da sua família, e tinha mor­rido durante a época da colheita da cevada. 3Como era o encarregado de vigiar os que amarravam os fei­xes no campo, foi atingido por um golpe de sol na cabeça, caiu à cama e mor­reu em Betúlia, a sua cidade. Foi en­terrado no campo que está entre Dotan e Balamon.

4Judite vivia em sua casa e era viúva havia já três anos e quatro me­ses. 5Tinha construído uma tenda sobre a açoteia da sua casa, cingia os rins de saco e vestia roupas de viúva. 6Jejuava todos os dias da sua viuvez, excepto ao Sábado e nas suas vésperas, nas festas da Lua-nova e suas vés­peras, nas festas e nos dias de alegria para a casa de Israel.

7Era muito bo­nita e de aspecto agradá­vel. Manas­sés, seu marido, dei­xara-lhe ouro e prata, servos e servas, animais e cam­pos e ela vivia das suas proprie­da­des. 8Ninguém se po­dia atrever a falar mal dela por­que era muito temente a Deus.

9Judite ouviu falar dos maus pro­pósitos do povo contra o seu chefe, pois estavam desencorajados por cau­sa da falta de água, e ouviu tam­bém falar de tudo o que Uzias lhes tinha dito quando jurara entregar a ci­dade aos assírios, ao fim de cinco dias. 10Enviando a sua criada que estava encarregada de administrar todos os seus bens, ela mandou con­vidar Cabri e Carmi, os anciãos da cidade.

11Quando chegaram junto dela, disse-lhes: «Peço-vos que me escu­teis, vós os chefes dos habitantes de Betúlia, porque não é justa a pala­vra que dirigistes ao povo, no dia em que fizestes o juramento entre Deus e vós e em que falastes em en­tregar a cidade aos nossos inimi­gos, se dentro de cinco dias o Senhor não vos tivesse enviado socorro. 12Quem sois vós, para tentardes o Senhor nes­te dia e vos colocardes no lugar de Deus no meio dos filhos dos ho­mens? 13Agora, colocais o Senhor todo poderoso à prova, mas não sa­be­reis nada até ao fim dos tempos,14já que nunca descobrireis a pro­fun­didade do coração do homem e não entendereis os raciocínios da sua inteligência.

Como quereis, en­tão, conhecer Deus, que criou tudo isto, saber o que vai na sua mente e com­preender o seu raciocínio? De forma alguma con­se­guireis isto, ir­mãos; não provoqueis a ira do Se­nhor, nosso Deus. 15Pois, mesmo que Ele não queira enviar-nos auxílio durante estes cinco dias, tem poder para nos proteger dos nos­­sos inimi­gos, em qual­quer outro mo­mento que seja do seu agrado.

16Vós, porém, não tenteis violen­tar a von­tade do Senhor nosso Deus, por­que Ele não é seme­lhante aos ho­mens, para ser amea­çado, nem como um filho de homem, para se discutir com Ele. 17Por isso, enquanto espe­ra­mos pela sua liber­tação, invo­quemo-lo para que nos ajude, e Ele ouvirá a nossa voz, se assim for do seu agrado. 18Por­que, nunca na nossa geração, nem no tempo presente, houve uma tribo, família ou cidade das nos­sas que adorasse deuses feitos pela mão do homem, tal como acontecia em tem­pos passados.

19Foi por causa disto que os nos­sos pais foram entregues ao fio da espada e à pilhagem e, por isso, tive­­­ram de suportar uma grande ca­tás­trofe diante dos nossos inimigos. 20As­sim, nós não reconhecemos ne­nhum outro deus para além dele. Por isso, esperamos que não nos aban­done nem a nós, nem a nenhum dos mem­­bros da nossa nação. 21Porque, se formos capturados, será captu­rada ao mesmo tempo toda a Judeia, o nosso santuário será saqueado e Ele pedir-nos-á contas deste sacrilégio. 22A matança dos nossos irmãos, o cativeiro da terra e a desolação da nossa herança, tudo isto Ele fará cair sobre as nossas cabeças diante dos gentios, se formos feitos escra­vos, e nós seremos uma ofensa e uma reprovação aos olhos daqueles que nos comprarem. 23A nossa es­cra­va­tura não nos será favorável; mas o Senhor, nosso Deus, há-de con­vertê-la em desonra.

24Por isso, agora, irmãos, tornemo-nos exemplo para os nos­sos irmãos, por­que as suas vidas depen­dem de nós, assim como o santuário, o tem­plo e o altar estão sob a nossa res­ponsa­bi­lidade. 25Apesar de tudo, dê­mos graças ao Senhor, nosso Deus, que nos está a pôr à prova, tal como fez com os nossos pais. 26Lembrai-vos de tudo o que Ele fez com Abraão, como tentou Isaac e o que aconteceu com Jacob na Mesopotâmia da Sí­ria, enquanto pastoreava os reba­nhos de Labão, irmão de sua mãe. 27Pois Ele não nos tentou pelo fogo como fez com eles, procurando tocar o seu coração, nem se vingou de nós, mas o Senhor estimula com o agui­lhão os que dele se aproximam, para os advertir.»

28Uzias disse-lhe: «Tudo o que disseste foi dito de coração sincero e não há ninguém que possa contra­dizer as tuas palavras. 29Não foi hoje a primeira vez que demonstraste a tua sabedoria; mas desde o início da tua vida, todo o povo a reconheceu, porque a disposição do teu coração é recta. 30Mas o povo estava a sofrer uma grande sede e obrigou-nos a fa­zer o que lhes tínhamos prometido, impelindo-nos a fazer um juramento que já não podemos quebrar. 31Por isso, agora, reza por nós, tu que és uma mulher piedosa e o Senhor há-de enviar-nos chuva para encher as nossas cisternas e não voltaremos a desfalecer.»

32Judite respondeu-lhes: «Ouvi-me, vou fazer algo que será lem­brado por todas as gerações. 33Vós ireis colocar-vos esta noite às portas da cidade. Eu sairei com a minha serva e, den­tro do prazo durante o qual vós pro­metestes entregar a ci­dade aos nossos inimigos, o Senhor, pela minha mão, libertará Israel. 34Vós, porém, não tenteis descobrir o meu plano, pois eu não vo-lo reve­larei até que tenha terminado tudo o que vou fazer.»

35Uzias e os an­ciãos disseram-lhe: «Vai em paz, e que o Senhor Deus vá à tua frente, para tirar vingança dos nossos ini­migos.» 36Seguida­mente, afastando-se da tenda, foram para os seus postos.

Jdt 9

Oração de Judite1Então, Judite prostrou-se por terra, co­briu a cabeça de cinza, despiu as vestes de saco que trazia vestidas e, no preciso momento daquela tarde em que estava a ser oferecido o in­censo na casa de Deus em Jerusa­lém, Judite invocou o Senhor em voz alta, dizendo: 2«Ó Senhor, Deus de meu pai Simeão, em cuja mão colo­caste a espada para tirar vingança dos estrangeiros que des­nudaram a cintura de uma virgem para a pro­fanar, pondo à vista a sua coxa, para a envergonhar e contamina­ram o seu ventre para a desonrar. Ape­sar de teres dito: ‘Isso não se deve fazer’, eles fizeram-no, mesmo assim. 3Por causa disso, entregaste os seus che­fes para que fossem massacra­dos e o seu leito, envergonhado por causa da ignomínia por eles pra­ti­ca­da, para que fosse manchado de san­gue. Tu abateste escravos ao lado de príncipes e os príncipes nos seus tro­­nos. 4Entregaste as suas mulheres como presa e as suas filhas para o cativeiro, todos os seus bens, para serem divididos pelos teus filhos bem amados, zelosamente amados por ti; abominaste a contaminação do seu sangue e eles invocaram o teu au­xí­lio.

Ó Deus, meu Deus, ouve-me tam­­bém a mim, uma viúva! 5Porque fi­zeste todas estas coisas, as passa­das e as que se seguiram; meditaste as coisas presentes e as que hão-de vir e o que tinhas no pensamento che­gou à existência. 6Os aconteci­men­­tos que tinhas decidido apre­sen­­ta­ram-se e disseram: ‘Eis-nos aqui.’ Porque todos os teus caminhos fo­ram preparados de antemão e todos os teus juízos com conhecimento prévio. 7Os assírios vieram com toda a sua força, orgulhosos do poder dos seus cavalos e cavaleiros. Vanglo­riando-se do poder dos seus solda­dos de infantaria, puseram a sua con­fiança no escudo e na espada, no arco e na funda e não sabem que Tu és o Senhor que esmaga as guerras.

8O teu nome é Senhor! Destrói o seu vigor com a tua força e abate a sua força com a tua ira. Eles pla­nea­ram espezinhar os teus lugares san­tos, profanar a tenda onde repousa o teu nome glorioso e destruir a has­te do teu altar com a espada. 9Obser­va o seu orgulho, envia a tua cólera so­bre as suas cabeças e dá-me a mim, uma viúva, a força para fazer o que planeei. 10Pela mentira dos meus lá­bios, abate ao mesmo tempo o es­cravo e o príncipe, e o príncipe com o seu servo; esmaga a sua arro­gân­cia pela mão de uma mulher. 11Pois a tua força não depende do número nem o teu poder depende de homens valorosos; Tu és o Deus dos humil­des, auxiliador dos oprimidos, sus­ten­­tador dos fracos, protector dos aban­donados, salvador dos desespe­rados.

12Sim! Ó Deus de meu pai e Deus da herança de Israel, Senhor do céu e da terra, criador das águas, rei de toda a tua criação, atende o meu pe­dido 13e faz com que a minha men­tira fira e esmague aqueles que fizeram esses projectos contra a tua santa aliança e a tua morada santa, o cume de Sião e a morada dos teus filhos. 14Faz com que todas as na­ções e todas as tribos reconheçam que Tu és o Deus detentor de todo o poder e que mais nenhum outro guarda Is­rael, senão Tu.»

Jdt 10

Judite sai contra Holo­fer­nes1Quando acabou de in­vocar o Deus de Israel e de pro­nun­ciar todas estas palavras, 2Judite levantou-se da sua prostração, cha­mou a sua serva, desceu para a casa onde passava os dias de Sábado e das festas, 3tirou as vestes de saco que trazia, trocou igualmente as suas roupas de viúva, lavou o seu corpo com água e ungiu-se com um óleo espesso e perfumado. Seguida­mente, penteou o cabelo da sua cabeça, colo­cou uma tiara e vestiu as suas rou­pas de festa, aquelas que costu­mava usar durante a vida de seu marido, Manassés. 4Calçou sandá­lias nos pés, enfeitou-se com cola­res, pul­­seiras, anéis, brincos e outros ador­nos, para seduzir os olhos dos homens que a iriam ver. 5Deu à sua serva um odre de vinho e uma ânfora de azeite; en­cheu um saco com farinha de cevada, um bolo de frutos secos, pães e queijo. Embalou todos os reci­pientes cuida­do­samente e entregou-os à sua serva.

6Em seguida, saíram ambas em direcção à porta da cidade de Betú­lia, encontrando ali Uzias e os an­ciãos da cidade, Cabri e Carmi. 7Quan­do estes a viram, com o rosto ungido e a roupa mudada, ficaram muitís­simo admirados com a sua beleza e disse­ram-lhe: 8«Que o Deus de nossos pais te conceda a graça de levar a bom termo o teu plano para glória dos fi­lhos de Israel e para a exaltação de Jerusalém.» 9Ela ado­rou a Deus e disse-lhes: «Dai ordens para que me abram a porta da ci­dade e eu sairei para cumprir tudo aquilo que fa­las­tes comigo.» Então, eles ordenaram aos jovens que lhe abrissem a porta tal como dissera. 10Eles assim fize­ram e Judite saiu, ela e a sua serva juntamente com ela. Os homens con­tinuaram a olhar para ela até que desceu a monta­nha, atravessou o vale e deixaram de a ver.

11Elas caminharam sempre a di­reito pelo vale, até que uma senti­nela dos assírios veio ao seu encon­tro. 12Prenderam-na e interro­garam-na: «A que povo pertences, de onde vens e para onde vais?» Ela res­pon­deu: «Sou uma filha dos hebreus e es­tou a fugir deles, porque estão pres­tes a entregarem-se a vós para serem de­vorados. 13Por isso, eu venho apre­sen­tar-me diante de Holofernes, o coman­dante do vosso exército, para lhe contar toda a verdade e para lhe mostrar o caminho por onde ele pode ir e dominar toda a região das coli­nas, sem perder a vida de nenhum dos seus homens.»

14Quando os homens ouviram as suas palavras e olharam para o seu rosto –_que se apresentava diante deles maravilhosamente belo – dis­se­­ram-lhe: 15«Salvaste a tua vida, apres­sando-te a descer e a apre­sen­tar-te diante do nosso senhor; vem até à sua tenda. Alguns dos nossos conduzir-te-ão até te entregarem nas suas mãos. 16Quando chegares junto dele, não tenhas medo no teu coração, repete-lhe as palavras que nos dis­seste e ele tratar-te-á bem.» 17Escolheram de entre os solda­dos cem homens que se juntaram a ela e à sua serva e que as condu­zi­ram até à tenda de Holofernes. 18Todo o acam­pamento entrou numa gran­de agita­ção, à medida que a notícia da sua chegada ia passando de tenda em tenda. Vieram e juntaram-se à volta de Judite, enquanto ela espe­rava fora da tenda que dessem a Holo­fernes informações a seu res­peito. 19Fica­ram admirados com a sua beleza e admi­rados com os filhos de Israel por causa dela e diziam uns para os outros: «Quem poderá menosprezar um povo como este, que tem no seu meio tais mulheres? Não podemos deixar que nenhum dos seus homens sobreviva porque, se os deixássemos partir, se­riam capa­zes de ludibriar o mundo inteiro.»

20Todos os companheiros de Holo­fernes e os seus servos saíram e con­duziram-na para a tenda. 21Holo­fer­­nes estava reclinado sobre a sua cama, rodeada por um cortinado de dossel feito de púrpura, ouro, esme­raldas e pedras preciosas. 22Quando o informaram acerca de Judite, ele veio até à entrada da tenda, prece­dido de lâmpadas de prata. 23Quan­do Ju­dite chegou à presença de Holo­­fer­nes e dos seus servos, estes fica­ram mara­vilhados com a beleza do seu rosto. Ela prostrou-se com o rosto por terra diante de Holofer­nes, e os seus ser­vos ajudaram-na a levantar-se.

 

Jdt 11

Holofernes acolhe Judite1Holofernes disse-lhe: «Tem con­­­fiança, mulher, e não temas, por­que eu nunca fiz mal algum a nin­guém que tenha escolhido servir a Nabu­codonosor, o rei de toda a terra. 2Se o teu povo, que habita a região das colinas, não me tivesse despre­zado, eu nunca teria levantado a minha lança contra ele. Mas, eles é que fi­ze­ram isto contra si mesmos. 3Agora, diz-me, porque é que fugiste deles e vieste até nós? Tem confian­ça, pois esta noite tu viverás e tam­bém daqui em diante. 4Ninguém te fará mal; pelo contrário, serás bem tratada, tal como acontece com os servidores do meu senhor, o rei Nabuco­dono­sor.»

5Judite respondeu-lhe: «Aceita as palavras da tua serva e permite que a tua serva fale diante de ti e eu não direi nenhuma mentira ao meu se­nhor esta noite. 6Se tu seguires as palavras da tua serva, o Senhor cum­prirá algo através de ti, e o meu senhor não conhecerá a derrota em nenhum dos seus planos. 7Pela vida de Nabucodonosor, o rei de toda a terra, e pelo seu poder, que te en­viou para governar todo o ser vivo, graças a ti, não só os homens o ser­vem, mas também os animais selva­gens e as aves do céu viverão pelo teu vigor ao serviço de Nabucodono­sor e de toda a sua casa. 8Nós ouvi­mos falar da tua sabedoria e habili­dade e diz-se por todo o mundo que só tu és bom em todo o reino, pode­roso pela sabedoria e admirável em estratégia militar. 9Quanto ao dis­curso que Aquior pronunciou no teu conselho, nós ouvimos falar dele, por­­que os homens de Betúlia o salva­ram e ele contou-lhes tudo o que tinha dito diante de ti. 10Por isso, senhor e mestre, não esqueças o seu discurso e guarda-o no teu coração, porque é verdadeiro. Porque a nossa raça nunca será punida nem a espada a atingirá, a não ser que eles pequem contra o seu Deus.

11Por isso, agora, para que o meu senhor não seja der­rotado e o seu pro­pósito frustrado, a morte cairá sobre eles, porque o pe­cado apode­rou-se de­les, já que eles provocaram a ira do seu Deus, fa­zendo o que não devia ser feito. 12Uma vez que lhes falta a comida e que a água se torna cada vez mais escassa, eles planearam matar todo o seu gado e comer tudo aquilo que Deus, pelas suas leis, lhes proibira de co­mer.13As primícias do trigo, os dízimos do vinho e do azeite, que eles tinham guardado cuidado­sa­mente, consa­grando-o aos sacer­do­­­tes que estão em Jerusalém diante do nosso Deus, tudo isto eles deci­di­ram comer, quando ninguém de entre o povo tem o direito de tocar em nada disto com as suas mãos. 14Eles enviaram homens a Jeru­sa­­lém, porque mesmo o povo que lá vive tem feito isto, para lhes trazer autorização do senado. 15Quando a mensagem chegar até eles e come­ça­­­rem a fazer isto, nesse mesmo dia, ser-te-ão entregues para serem des­truídos.16Por esta razão é que eu, tua serva, ao saber disto, fugi de junto deles. Deus enviou-me para levar a cumprimento, contigo, coisas que hão-de maravilhar todo o mundo, todos os que ouvirem falar delas. 17Porque a tua serva é piedosa e serve o Deus do céu dia e noite.

Por isso, meu se­nhor, eu ficarei contigo, e todas as noites a tua serva irá até ao vale para rezar a Deus, e Ele me dirá quando eles tiverem co­me­tido o seu pecado. 18Então, eu virei e dir-te-ei e tu pode­rás sair com todo o teu exército, e nenhum deles te ofe­­recerá resistên­cia.19Seguida­mente, eu te conduzi­rei através da Judeia, até chegares a Jerusalém e estabe­lecerei o teu trono no meio da ci­dade, e tu os con­duzirás como um rebanho sem pas­tor e nem sequer um cão se atreverá a abrir a boca para te ladrar. Tudo isto me foi revelado de ante­mão, foi-me anunciado e eu fui en­viada para te comunicar tudo isto.»

20As palavras de Judite agrada­ram a Holofernes e a todos os seus ser­vos e eles ficaram maravilhados com a sua sabedoria. Diziam: 21«De um extremo ao outro da terra, não há mais nenhuma mulher assim, quer em beleza, quer em sabedoria de dis­curso!» 22Holofernes disse-lhe: «Deus fez bem em enviar-te à frente do povo, para dar força às nos­sas mãos e para trazer a destruição sobre aque­­­les que desprezaram o meu senhor. 23Tu, não és só bela de aspecto, mas tam­bém sábia de dis­curso e, se fize­res tudo tal como dis­seste, o teu Deus será meu Deus e tu viverás na casa do rei Nabucodonosor e serás famosa em todo o mundo.»

Jdt 12

Judite no banquete de Ho­lo­fernes1Seguidamente, Holofernes ordenou que conduzis­sem Judite ao lugar onde se encontra­va a sua baixela de prata e man­dou que lhe pusessem a mesa e a servissem da sua própria comida e que lhe des­sem a beber do seu vinho. 2Judite replicou: «Não comerei nada disso, para não cair em pecado, mas servir-me-ei das coisas que trouxe.» 3Ho­lo­fernes repli­cou-lhe: «Quando termi­narem as tuas provisões, onde poderemos encon­trar outras iguais? Connosco não há mais ninguém do teu povo.» 4Judite disse-lhe: «Assim como o meu senhor vive, a tua serva não esgotará as coi­sas que trouxe, antes que o Senhor realize pela minha mão tudo o que determinou fazer.»

5Os servos de Holofernes condu­ziram-na até à tenda e ela dormiu até meio da noite. Pela vigília da au­rora, levantou-se 6e mandou dizer a Holofernes: «Manda, ó meu senhor, que a tua serva possa sair para fa­zer oração.» 7Holofernes ordenou aos seus guarda-costas que não a impedis­sem e ela permaneceu três dias no campo. Durante a noite, ia até ao vale de Betúlia e banhava-se na nascente de água que estava no campo. 8Quando se levantava, pedia ao Senhor, Deus de Israel, que lhe mostrasse o cami­nho para conse­guir a redenção do seu povo.9Entrava, purificada, na sua tenda e ali perma­necia até que, à tarde, tomava a sua refeição.

10No quarto dia, Holofernes ofere­ceu um banquete só para os seus servos e não convidou nenhum dos seus fun­cionários. 11Disse a Ba­goas, o eunuco encarregado dos seus as­suntos pes­soais: «Vai e tenta con­ven­cer essa mulher hebraica, que está em tua casa, para vir até junto de nós para comer e beber connosco. 12Para nós, seria uma vergonha dei­xar de lado uma mulher como ela, sem ter tido relações com ela. Se não a atraír­mos, ela rir-se-á de nós.»

13Bagoas saiu de junto de Holo­fernes, foi ter com ela e disse-lhe: «Que esta bela serva não hesite em vir até junto do meu senhor, para ser honrada diante dele, para beber connosco o vinho na alegria e para se tornar hoje como uma das filhas dos assírios que estão na casa de Nabucodonosor.» 14Judite disse-lhe: «Quem sou eu para contradizer o meu senhor? Farei imediatamente tudo o que lhe for agradável e isso será para mim uma alegria até ao dia da minha morte.» 15Então, levan­­­tou-se, vestiu-se e enfeitou-se com todos os seus adornos de mu­lher. A sua serva foi à sua frente e estendeu no chão, diante de Holo­fernes, os ta­pe­tes que ela tinha recebido de Ba­goas, para o seu uso quotidiano, para po­der comer reclinada sobre eles. 16En­tão, Judite entrou, reclinou-se, e o coração de Ho­lofernes ficou maravi­lhado com ela e a sua alma agitada. Foi tomado por um forte desejo de se unir a ela, uma vez que, desde o dia em que a vira, ele esperava o momento favo­rá­vel para a seduzir. 17Disse-lhe Holo­fernes: «Bebe, por favor, e alegra-te connosco.» 18Judite respondeu-lhe: «Beberei, senhor, já que hoje a minha vida tem mais valor do que jamais teve desde o dia em que nasci.»

19En­tão, pegando no que a sua serva lhe tinha prepa­rado, comeu e bebeu diante dele. 20Holofernes ficou muito feliz com ela e bebeu muito vinho, muito mais do que alguma vez be­bera em qual­quer outro dia, desde que nascera.

Jdt 13

Judite corta a cabeça de Holofernes1Quando se fez tarde, os seus servos apressaram-se a partir. Bagoas fechou as cortinas da tenda pela parte de fora, afastou todos os que estavam diante do seu senhor e eles foram-se deitar. Com efeito, estavam todos muito cansa­dos porque tinham bebido dema­sia­do. 2Judite ficou sozinha na tenda com Holofernes, estendido sobre a sua cama, vencido pelo vinho.

3Judite disse à sua serva que fi­casse fora do quarto e que obser­vasse o caminho de saída, como habi­tual­mente, já que ela teria de sair para rezar. Isto mesmo disse ela a Bagoas. 4Saíram todos da sua pre­sença e, desde o mais pequeno ao maior, não ficou ninguém no quarto. Judite, de pé, ao lado da sua cama, disse no seu coração: «Senhor, Deus de todo o poder, olha nesta hora para a obra das minhas mãos para a glorificação de Jerusalém. 5Este é o momento de cuidares da tua he­ran­ça e da reali­zação do meu plano, para esmagar os inimigos que se levan­ta­ram con­tra nós.» 6Então, avan­çan­do para a cabeceira da cama, junto à qual es­tava a cabeça de Holofer­nes, pegou na sua espada que estava ali pen­du­rada, 7aproximou-se do leito, agarrou-o pelos cabelos e disse: «Dá-me força, neste dia, ó Senhor, Deus de Israel.» 8De seguida, golpeou-o no pescoço duas vezes com toda a sua força e cortou-lhe a cabeça; 9fez rebolar o corpo na cama, retirou o cortinado de dossel das colunas e, passados alguns mo­mentos, saiu e entregou a cabeça de Holofernes à sua serva, 10que a colo­cou no seu saco de man­timentos.

Seguidamente, saíram ambas, co­mo era costume, para fazer oração. Atra­­­­vessaram o campo, deram a vol­ta à colina, subiram a montanha de Be­­tú­­­lia e chegaram às portas da ci­dade.

11Judite, disse de longe aos que guar­­davam as portas: «Abri, abri a porta! Deus, o nosso Deus, está con­nosco para manifestar o seu poder em Is­rael e a sua força contra os inimi­gos, tal como fez hoje.» 12Quando os homens da sua ci­dade ouviram a sua voz, apressaram-se a descer para a porta e convocaram os anciãos da cidade. 13To­­dos corriam, desde o mais pe­que­no ao maior, por­que a sua che­gada lhes parecia im­pos­sível. Abriram a porta, receberam-nas, acenderam uma fogueira para iluminar e juntaram-se à volta de­las. 14Ela disse-lhes com voz forte:

«Louvai o Senhor, louvai-o.
Louvai a Deus que não se esque­ceu da sua misericórdia
em favor da casa de Israel,
mas esmagou os nossos inimigos, esta noite, pela minha mão.»

15Então, tirou a cabeça do saco, mos­­trou-a e disse-lhes:

«Vede a cabeça de Holofernes, ge­ne­ral do exército da As­sí­ria, e vede a cortina sob a qual es­tava deitado du­­rante a sua embria­guez. O Senhor atingiu-o pela mão de uma mulher. 16Juro-vos pelo Deus vivo, que me protegeu no meu cami­nho, que foi o meu rosto que o sedu­ziu, para sua perdição, sem que ele tivesse come­tido pecado comigo, não me tendo contaminado nem enver­go­nhado.»

17Todo o povo ficou maravilhado, caiu de joelhos e adorou a Deus di­zendo numa só voz: «Bendito és Tu, nosso Deus, que esmagaste hoje os inimigos do teu povo.» 18Uzias disse:

«Bendita sejas tu, filha,
pelo Deus altíssimo,
mais do que todas as mulheres sobre a terra,
e bendito seja o Senhor Deus,
que criou os céus e a terra,
Ele que te conduziu
para cortares a cabeça do chefe dos nossos inimigos.
19A tua esperança não abando­nará o coração dos homens,
ao recordarem a força de Deus para sempre.
20Possa Deus fazer com que tu sejas exaltada para sempre
e cumulada dos seus bens,
porque não poupaste a tua vida
por causa da humilhação da nossa raça,
mas vingaste a nossa ruína,
caminhando pelo caminho direito diante do nosso Deus.»
E todo o povo acrescentou:
«Assim seja, assim seja!»

Jdt 14

Ataque dos israelitas1Ju­dite disse-lhes: «Ouvi-me, ir­mãos, pegai nesta cabeça e pen­durai-a no parapeito das vossas muralhas. 2Quando nascer o dia e o sol se le­van­tar, que todos os homens valorosos peguem nas suas espadas e saiam da cidade. Nomeai um chefe, como se fôsseis descer em direcção à planície contra a guarda avançada dos assí­rios, mas não desçais. 3En­tão, eles pe­garão nas suas armas, correrão para o campo, farão levan­tar os oficiais do exército da Assíria e, quando corre­rem para a tenda de Holofernes e não o encontrarem, o medo apoderar-se-á deles e fugirão à vossa frente. 4Vós e todos os que vivem dentro das fronteiras de Is­rael persegui-los-eis e cortar-lhes-eis o caminho de fuga.

5Mas, antes de fa­zerdes isto, tra­zei Aquior, o amo­nita, à minha pre­sença e deixai que ele veja e reco­nheça o homem que desprezou a casa de Is­rael e que o enviou até nós como se fosse para a sua morte.»

6Chamaram então Aquior da casa de Uzias. Quando entrou e viu a ca­beça de Holofernes na mão de um dos homens da assembleia do povo, caiu de rosto por terra e des­maiou. 7Quan­do o levantaram, caiu aos pés de Ju­dite, prostrou-se dian­te dela e disse:

«Bendita és tu em todo o ter­ri­tó­rio de Judá e entre todas as na­ções! Quando ouvirem proclamar o teu nome, ficarão perturbadas. 8Ago­ra, diz-me como fizeste tudo isto, nestes dias.» Judite, no meio do povo, con­tou-lhe tudo o que tinha feito, desde o dia da sua partida até ao momento em que falava com eles. 9Quando ter­minou de falar, o povo começou a aclamá-la em voz alta e a soltar gri­tos de júbilo por toda a cidade. 10Quan­do Aquior se aperce­beu de tudo o que o Deus de Israel fizera, acreditou fir­me­mente em Deus, fez-se circuncidar e aderiu à casa de Israel até aos dias de hoje.

11Ao nascer do dia, penduraram a cabeça de Holofernes nas muralhas, todos os homens pegaram nas suas armas e saíram, todos eles divididos por secções, pelas vertentes da mon­tanha. 12Quando os assírios os viram, mandaram avisar os seus oficiais. Es­tes foram prevenir os generais, os seus chefes de mil homens e todos os seus comandantes. 13De seguida, fo­ram à tenda de Holofernes e disse­ram ao que estava encarregado de tratar de todos os seus assuntos: «Acorda o nosso senhor, porque os escravos atre­veram-se a descer contra nós para nos combater e para serem exter­mi­na­dos até ao úl­timo.»

14Bagoas entrou e bateu no corti­nado da tenda, por­que supunha que Holofernes dormia ainda com Ju­dite. 15Como não ouvisse ninguém, afas­tou o cortinado, entrou no quarto e encontrou-o morto sobre a cama com a cabeça decepada. 16Gri­­tou com voz forte, com lamen­tos e gemidos e, dan­do gritos violentos, ras­gou as suas ves­tes. 17Seguida­mente, entrou na tenda onde Judite deve­ria estar, mas não a encontrou. Então, correu em direc­ção ao povo gritando: 18«Os escravos revoltaram-se! Uma única mulher dos hebreus enver­go­nhou a casa do rei Nabucodonosor. Vede! Holo­fer­nes está caído e já não tem cabeça!» 19Quan­do os oficiais do exér­cito dos assí­rios ou­viram isto, rasga­ram as suas vestes e os seus espí­ritos ficaram muito per­turbados e os seus clamo­res e gritos elevaram-se pelo campo.

 

 

 

Jdt 15

Fuga e derrota dos assí­rios 1Quando os que estavam nas tendas ouviram isto, ficaram fora de si com o que tinha acontecido, 2e so­bre eles abateu-se um grande medo, a ponto de começarem a tre­mer e de não quererem ficar uns ao lado dos outros. Dispersaram-se uns para cada lado, fugindo por todos os cami­nhos da planície e da região da mon­ta­nha. 3Também os que esta­vam acam­pa­dos na montanha ao redor de Betú­lia fugiram.

Então, os filhos de Israel e todos os combatentes se abateram sobre eles. 4Uzias man­dou mensa­gei­ros às cida­des de Beto­mestaim, Bebai, Co­bai e Cola, a todo o território de Is­rael, para anunciarem o que tinha acon­tecido e para pedirem a todos que se abatessem sobre os inimigos, para os destruir. 5Quando os filhos de Israel ouviram isto, precipi­taram-se todos ao mesmo tempo sobre eles e perseguiram-nos até Cobá. Vie­ram também os que estavam em Jerusa­lém e em toda a região montanhosa, porque lhes tinham contado o que acontecera no acampamento dos seus inimigos. Também os que estavam em Guilead e na Galileia vieram em seu auxílio e a chacina foi grande e estendeu-se para além de Damasco e das suas fronteiras. 6O resto dos ha­bi­tantes de Betúlia caiu sobre o acam­pamento dos assírios, saquean­do-o e recolhendo grandes riquezas.

7Os filhos de Israel, quando vol­ta­­ram da chacina, apoderaram-se de tudo o que tinha sido deixado, as ci­dades e aldeias da região monta­nhosa e da planície ficaram com uma grande quan­tidade de despojos.

8O Sumo Sacerdote, Joaquim, o con­selho dos anciãos dos filhos de Israel e os habitantes de Jerusalém, vieram para ver o bem que o Senhor fizera a Israel, para ver Judite, falar com ela e saudá-la. 9Quando chega­ram junto dela, todos a saudaram unanimemente, dizendo-lhe:

«Tu és a glorificação de Jerusa­lém,
a grande satisfação de Israel;
tu és o grande orgulho do nosso povo.
10Fizeste tudo isto pela tua mão,
fizeste o bem a Israel
e Deus compraz-se nisso.
Bendita sejas pelo Senhor,
Deus todo poderoso,
por todo o sempre.»
E todo o povo respondeu:
«Assim seja!»

11Todo o povo saqueou o campo durante trinta dias. Ofereceram a Judite a tenda de Holofernes, todas as suas pratas, os seus leitos, os seus recipientes e todas as suas coisas. Ela pegou em tudo, carregou uma mula, carregou os seus carros e em­pilhou tudo neles. 12Todas as mu­lhe­res de Israel se reuniram para a ver e para a bendizer. Algumas dan­ça­ram para ela. Ela fez grinaldas que ofereceu às mulheres que ali esta­vam. 13Coroa­ram-se a si pró­prias com folhas de oli­veira, ela própria e as que estavam com ela; e dançava diante de todo o povo, con­duzindo o coro das mulhe­res.

Todos os homens de Israel as se­guiam, carregando as suas armas, levando grinaldas e com uma can­ção nos lábios.

14Nesse momento, Judite entoou este hino de acção de graças no meio de todo o Israel e fez res­soar bem alto este louvor.

 

Jdt 16

Cântico de Judite (Jz 5,2-31) 1Disse Judite:

«Entoai um cântico ao meu Deus

com tamborins,

cantai ao meu Senhor com cím­balos,

cantai-lhe um salmo novo,

exaltai-o e invocai o seu nome,

2porque Deus é o Senhor que es­maga as guerras,

porque me reconduziu ao seu acam­­­pamento, no meio do povo,

e me arrancou às mãos dos meus perseguidores.

3Os assírios vieram das monta­nhas do Norte,

com miríades dos seus guerrei­ros;

a sua multidão cobria os vales,

e os seus cavalos cobriam as mon­­­tanhas.

4Ameaçou queimar o meu terri­tó­rio,

matar os meus jovens à espada,

deitar por terra as minhas crian­ças de peito,

fazer das minhas crianças presa sua

e raptar as minhas virgens.

5Mas, o Senhor todo poderoso

fez-lhes frente pela mão de uma mulher.

6O seu homem valente não mor­reu às mãos dos jovens,

nem foram os filhos dos Titãs que o derrotaram,

nem foram os gigantes que o ven­ceram,

mas sim Judite, filha de Merari,

que o derrotou com a beleza do seu rosto.

7Ela tirou o seu vestido de viúva,

para exaltar os oprimidos de Is­rael.

Ungiu o seu rosto com perfume,

8segurou o cabelo com uma tiara

e vestiu um vestido de linho para o seduzir.

9A sua sandália encantou os seus olhos,

a sua beleza cativou o seu espí­rito

e a espada cortou-lhe o pescoço.

10Os da Pérsia tremeram

por causa da sua audácia,

e os da Média ficaram pertur­ba­dos com a sua coragem.

11Então, os meus humildes solta­ram gritos de guerra,

o meu povo fraco gritou

e os ini­migos tremeram;

levantaram as suas vozes,

e o ini­migo retrocedeu.

12Os filhos das servas trespassa­ram-nos,

feriram-nos como filhos de fugi­tivos,

pereceram diante do exército do meu Senhor.

13Cantarei ao meu Deus um cân­tico novo.

Senhor, Tu és grande e glorioso,

maravilhoso em poder e inven­cí­vel.

14Que todas as tuas criaturas te sir­vam,

já que disseste e elas foram feitas.

Enviaste o teu espírito e as for­maste,

e ninguém pode resistir à tua voz.

15O tumulto das águas sacudirá

as montanhas nos seus alicerces

e os rochedos fundirão como cera diante de ti.

Mas Tu continuarás a mostrar

a tua misericórdia

àqueles que te temem.

16Pois é pouco todo o sacrifício

e oferta de odor agradável,

e toda a sua gordura é nada para o teu holocausto;

mas, aquele que teme o Senhor será grande para sempre.

17Ai das nações que se levanta­ram contra o meu povo!

O Senhor todo poderoso vingar-se-á delas no dia do juízo,

enviará o fogo e os vermes sobre a sua carne

e chorarão de dor para sempre.»


Conclusão da história de Judite 18Quando chegaram a Jerusalém ado­raram a Deus. E, logo que o povo ficou purificado, ofereceram os seus holocaustos, as suas oblações e os seus dons. 19Judite dedicou ao Senhor todos os objectos de Holofernes, que o povo lhe oferecera, e o cortinado do dossel que ela retirara para si do quarto; também isso ela dedicou ao Senhor como oferta votiva.

20Todo o povo se alegrou em Jeru­salém diante do santuário, durante três meses, e Judite per­maneceu com eles. 21Depois deste tempo, todos re­gres­saram a suas casas, para a sua herança e Judite regressou a Betú­lia, para a sua propriedade; e foi hon­­rada por todo o país em todos os seus dias.

22Muitos desejaram casar com ela, mas ela permaneceu viúva todos os dias da sua vida desde que Ma­nas­sés, seu marido morreu e foi levado para junto do seu povo. 23Ela foi fi­cando cada vez mais famosa e avan­çando em idade na casa de seu ma­rido, até chegar aos cento e cinco anos. Libertou a sua es­crava.

Morreu em Betúlia e foi enter­rada na sepul­tura do seu marido, Manassés. 24A casa de Israel cho­rou-a durante sete dias. Antes de mor­rer, distribuiu os seus bens pelos parentes de seu marido Manassés e pelos da sua própria família.

25Mais ninguém foi capaz de es­palhar o terror pelo povo de Israel durante a vida de Judite e, durante muito tem­po, depois da sua morte.