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Crônicas
Normalmente as traduções da Bíblia apresentam apenas uma introdução para os dois livros das Crónicas, porque na Bíblia hebraica eles constituíam um todo, num único livro chamado “Dibrê hayyamîm” (Anais). A Bíblia grega dos Setenta chamou-lhes “Paralipómenos”, isto é, coisas transmitidas paralelamente, porque boa parte do seu conteúdo constava já dos livros de Samuel e Reis.
CONTEXTO HISTÓRICO
Deve tratar-se de uma obra da segunda metade do séc. IV, entre 350-250 a.C.; no entanto, reflecte a restauração religiosa do reino de Judá, depois do exílio da Babilónia, nos fins do séc. VI a.C..
Nesta História têm lugar de relevo a tribo de Judá (que é a tribo de David), a tribo de Levi (por causa de Aarão, o protagonista do sacerdócio e do culto divino) e a tribo de Benjamim (à qual pertence a família de Saul, e em cujo território está implantado o templo).
Isto explica o silêncio acerca do reino do Norte, ou Israel, e a omissão de muitas coisas – sobretudo as negativas referentes a David – que se encontram noutros livros históricos, especialmente nos de Samuel. David e Jerusalém, com o seu templo, estão no centro das Crónicas, tal como Moisés e o Sinai estão no centro do Pentateuco e da História Deuteronomista.
DIVISÃO E CONTEÚDO
As Crónicas visam apresentar a grande Histó-ria do povo de Israel. Por isso, no seguimento do Pentateuco, estão na linha dos livros de Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis (História Deutero-nomista) e de Esdras e Neemias. Constituem, com Esdras e Neemias, um conjunto chamado “Obra do Cronista”. Além de terem o mesmo estilo e pensamento, os últimos versículos de 2 Cr (36,22-23) repetem-se no início de Esdras (Esd 1,1-3).
Como dissemos, no centro destes livros está David e o seu reinado, para o qual converge toda a História precedente, e radicam, não só a organização do povo como, sobretudo, as estruturas cultuais do templo. O seu conteúdo pode resumir-se deste modo:
FONTES LITERÁRIAS E OBJECTIVO
Aonde foi o Cronista buscar todo este material? As genealogias (sobretudo 1 Cr 1-9) estavam nos livros do Génesis, Êxodo, Números, Josué e Rute; Samuel e Reis – por vezes transcritos textualmente – forneceram-lhe grande parte do restante material histórico.
Mas o autor tem ainda as suas próprias fontes literárias, às quais acrescenta a reflexão pessoal, colocando-a, por vezes, na boca de grandes personagens sob forma de discursos. É o caso da organização davídica do culto em Jerusalém (1 Cr 22-26) e das reformas religiosas dos reis Asa e Joás (2 Cr 15 e 24). Quanto aos discursos, ver, por exemplo: 1 Cr 28,2-10; 29,1-5.10-19; 2 Cr 12,5-8; 13,4-12; 15,2-7; 21,12-15; 30,6-9.
Tudo foi utilizado nesta perspectiva: pôr em relevo Judá, sobretudo o rei David e a cidade de Jerusalém. Para isso, o Cronista engrandece os aspectos positivos e elimina os negativos; retoca e adapta este e outro material, a fim de fazer sobressair as preocupações teológicas.
TEOLOGIA
O lugar central da dinastia davídica na História de Israel é a ideia teológica mais importante do Cronista. As genealogias de 1 Cr 1-9 preparam-na; o resto do 1.° livro (11-29) está inteiramente consagrado a David e à sua actividade, tanto profana como litúrgica; o 2.° livro é a História dos descendentes de David, que devem ver nele o rei modelo e o ponto de referência da fidelidade a Deus e ao povo. Seu filho Salomão é idealizado por ter construído o templo de Jerusalém e ter cumprido, assim, o testamento de David seu pai.
O relevo dado ao culto e ao templo é complementar daquela ideia teológica. Por isso, o Cronista dá maior atenção aos reis que se preocuparam com o culto do templo ou o reformaram: além de David e Salomão, os reis Asa(2 Cr 14-16), Josafat (2 Cr 17-20) e, sobretudo, Ezequias (2 Cr 29-32) e Josias (2 Cr 34-35). Esta mesma atenção é dada pelos livros de Esdras e Neemias aos ministros do culto: Aarão e os sacerdotes e levitas (1 Cr 9; 15-16; 23-26; 2 Cr 29-31; 35; Ne 12); mas só o Cronista atribui aos levitas o título e a função de profetas (1 Cr 25,1-8).
Por isso, poderá pensar-se num levita ou num grupo de levitas como autores desta obra.
O facto de o Cronista se cingir ao reino do Sul, aos seus reis e ao seu culto, poderá indiciar uma certa atitude polémica em relação ao Norte: a Samaria, que há muito se havia afastado do culto ao Deus verdadeiro. Mais um sinal de que a fidelidade a Deus, manifestada no cumprimento da Lei e no ritual do culto de Jerusalém, constitui o propósito fundamental desta obra.
Patriarcas de Adão até Abraão (Gn 5,1-32; 10,1-29; 11,10-26) – 1Adão, Set, Enós, 2Quenan, Maalaleel, Jared, 3Henoc, Matusalém, Lamec,4Noé, Sem, Cam e Jafet.
5Filhos de Jafet: Gómer, Magog, Madai, Javan, Tubal, Méchec e Tirás.
6Filhos de Gomer: Asquenaz, Rifat e Togarma. 7Filhos de Javan: Elicha, Társis, Kitim e Rodanim.
8Filhos de Cam: Cuche, Misraim, Put e Canaã.
9Filhos de Cuche: Seba, Havilá, Sabta, Rama e Sabteca. Filhos de Rama: Sabá e Dedan. 10Cuche gerou Nimerod, que foi o primeiro herói sobre a terra.
11Misraim foi o antepassado dos povos de Lud, de Aném, de Leab, de Naftú, 12de Patros, de Caslú, dos quais saíram os filisteus e os povos de Caftor. 13Canaã gerou Sídon, seu primogénito, e Het, 14assim como os jebuseus, os amorreus, os guirgaseus, 15os heveus, os araqueus, os sineus, 16os arvadeus, os cemareus e os hamateus.
17Filhos de Sem: Elam, Assur, Arfaxad, Lud, Aram, Uce, Hul, Guéter e Méchec. 18Arfaxad gerou Chela, o qual gerou Éber. 19Dois filhos nasceram a Éber: um chamou-se Péleg, porque se fez no seu tempo a divisão da terra, e o seu irmão chamou-se Joctan.
20Joctan gerou Almodad, Chélef, Haçarmávet, Jara, 21Hadoram, Uzal, Dicla, 22Obal, Abimael, Sabá, 23Ofir, Havilá e Jobab. Todos estes são filhos de Joctan.
24Descendentes de Sem: Arfaxad, Chela, 25Éber, Péleg, Reú, 26Serug, Naor, Tera, 27Abrão, o mesmo que Abraão.
Descendentes de Abraão (Gn 25,1-6.12-18; 36,1-43) – 28Filhos de Abraão: Isaac e Ismael. 29Estes são os seus descendentes de Ismael: Nebaiot seu primogénito, a seguir Quedar, Adbiel, Mibsam, 30Michemá, Dumá, Massá, Hadad, Tema, 31Jetur, Nafis, Quedma. São estes os filhos de Ismael. 32Filhos de Quetura, concubina de Abraão: ela deu à luz Zimeran, Jocsan, Medan, Madian, Jisbac e Chua. Filhos de Jocsan: Sabá e Dedan33. Filhos de Madian: Efá, Éfer, Henoc, Abidá e Eldaá. Todos estes são filhos de Quetura.
34Abraão gerou Isaac. Filhos de Isaac: Esaú e Jacob. 35Filhos de Esaú: Elifaz, Reuel, Jeús, Jalam e Corá. 36Filhos de Elifaz: Teman, Omar, Cefo, Gatam, Quenaz, Timna, Amalec.
37Filhos de Reuel: Naat, Zera, Chamá e Miza.
38Filhos de Seir: Lotan, Chobal, Cibeon, Aná, Dichon, Écer e Dichan.
39Filhos de Lotan: Hori e Heman. Irmã de Lotan: Timna. 40Filhos de Chobal: Alvan, Manaat, Ebal, Chefi e Onam. Filhos de Cibeon: Aiá e Aná.
42Filhos de Écer: Bilan, Zaavan e Jacan. Filhos de Dichan: Uce e Aran.
Reis e chefes de Edom – 43Estes são os reis que reinaram no país de Edom antes de os filhos de Israel terem rei: Bela, filho de Beor, cuja cidade se chamava Dinaba. 44Depois da morte de Bela, Jobab, filho de Zera, de Bosra, reinou em seu lugar. 45Jobab morreu e sucedeu-lhe Hucham, do país de Teman. 46Morto Hucham, subiu ao trono Hadad, filho de Bedad, que derrotou os madianitas no país de Moab. A sua cidade chamava-se Avit. 47Hadad morreu e Sámela, de Massereca, sucedeu-lhe. 48Sámela morreu e sucedeu-lhe Saul, de Reobot, que está junto do rio. 49Saul morreu e sucedeu-lhe Baal-Hanan, filho de Acbor. 50Baal-Hanan morreu e sucedeu-lhe Hadad. A sua cidade chamava-se Paí e sua mulher Meetabiel, filha de Matred, filha de Mê-Zaab. 51Hadad morreu. Os governadores de Edom foram: o governador Timna, o governador Alva, o governador Jetet, 52o governador Oolibama, o governador Elá, o governador Pinon, 53o governador Quenaz, o governador Teman, o governador Mibçar, 54o governador Magdiel, o governador Iram. Estes foram os governadores de Edom.
Filhos de Jacob e descendentes de Judá (Gn 35,23-26) – 1Estes foram os filhos de Israel: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zabulão,2Dan, José, Benjamim, Neftali, Gad e Aser.
3Filhos de Judá: Er, Onan e Chelá, três filhos que lhe nasceram da filha de Chua, a cananeia. Er, primogénito de Judá, que foi mau aos olhos do Senhor, e o Senhor tirou-lhe a vida. 4Tamar, sua nora, deu-lhe Peres e Zera. Ao todo, Judá teve cinco filhos. 5Filhos de Peres: Hesron e Hamul. 6Filhos de Zera: Zimeri, Etan, Heman, Calcol e Darda, ao todo cinco. 7Filho de Carmi: Acar, que perturbou Israel por ter violado o anátema. 8Filho de Etan: Azarias.
Origens de David (Rt 4,19-22) – 9Filhos que nasceram de Hesron: Jeramiel, Rame e Caleb. 10Rame gerou Aminadab, Aminadab gerou Nachon, príncipe dos filhos de Judá. 11Nachon gerou Salma, Salma gerou Booz. 12Booz gerou Obed, Obed gerou Jessé.
13Jessé gerou Eliab, seu primogénito, Abinadab o segundo, Chimeá o terceiro, 14Natanael o quarto, Radai o quinto, 15Ócem o sexto, e David o sétimo. 16As suas irmãs foram: Seruia e Abigaíl. Os filhos de Seruia foram três: Abisai, Joab e Asael. 17Abigaíl deu à luz Amassá, cujo pai foi Jéter, o ismaelita.
Clã de Caleb – 18Caleb, filho de Hesron, teve filhos de Azuba, sua mulher, como também de Jeriot. Os filhos de Azuba foram: Jésser, Chobab e Ardon. 19Pela morte de Azuba, Caleb desposou Efrata, que lhe deu à luz Hur. 20Hur gerou Uri, Uri gerou Beçalel. 21Depois, Hesron uniu-se à filha de Maquir, pai de Guilead, e desposou-a quando tinha sessenta anos; ela deu-lhe à luz Segub. 22Segub gerou Jair, que teve vinte e três cidades no país de Guilead.
23Os guechureus e os arameus apossaram-se das cidades de Jair, Quenat e suas aldeias, ou seja, sessenta localidades. Todos estes eram filhos de Maquir, pai de Guilead. 24Depois da morte de Hesron, em Caleb-Efrata, sua mulher Abias deu-lhe à luz Achiur, pai de Técua.
25Os filhos de Jeramiel, primogénito de Hesron, foram: Rame, o primogénito, Buná, Óren, Ócem e Aías. 26Jeramiel teve outra mulher chamada Atara, que foi mãe de Onam. 27Os filhos de Rame, primogénito de Jeramiel, foram: Maás, Jamin e Équer. 28Os filhos de Onam foram: Chamai e Jada. Filhos de Chamai: Nadab e Abisur. 29O nome da mulher de Abisur era Abiaíl, que lhe deu à luz Aban e Molid. 30Os filhos de Nadab: Séled e Apaim; Séled morreu sem filhos. 31Filho de Apaim: Jisi. Filho de Jisi: Chechan. Filho de Chechan: Alai. 32Filhos de Jada, irmão de Chamai: Jéter e Jónatas; Jéter morreu sem filhos. 33Filhos de Jónatas: Pélet e Zaza. Estes foram os filhos de Jeramiel.
34Chechan não teve filhos, mas muitas filhas. Ele tinha um escravo egípcio de nome Jará. 35Chechan deu-lhe sua filha por mulher, e ela deu à luz Atai. 36Atai gerou Natan, Natan gerou Zabad, 37Zabad gerou Eflal, Eflal gerou Obed, 38Obed gerou Jeú, Jeú gerou Azarias, 39Azarias gerou Heles, Heles gerou Elassá, 40Elassá gerou Sismai, Sismai gerou Chalum, 41Chalum gerou Jecamias, Jecamias gerou Elichamá.
42Filhos de Caleb, irmão de Jeramiel: Mecha, o primogénito, que foi o pai de Zif, e Marecha, que foi pai de Hebron.
43Filhos de Hebron: Corá, Tapua, Réquem e Chema. 44Chema gerou Raam, pai de Jorcoam, e Réquem gerou Chamai. 45Filho de Chamai: Maon. E Maon foi pai de Bet-Sur. 46Efá, concubina de Caleb, deu à luz Haran, Moçá e Gazez. Haran gerou Gazez. 47Filhos de Jadai: Reguem, Jotam, Guechan, Pélet, Efá e Chaaf. 48Maaca, concubina de Caleb, deu à luz Chéber e Tireana. 49Deu também à luz Chaaf, pai de Madmaná e Cheva, pai de Macbena e pai de Guibeá. A filha de Caleb era Acsa.
50Estes foram também os filhos de Caleb: Hur, filho mais velho de sua esposa Efrata, Chobal, pai de Quiriat-Iarim, 51Salma, pai de Belém, Harif, pai de Bet-Guéder. 52Chobal, pai de Quiriat-Iarim, teve por filhos Haroé e metade dos habitantes de Menuot. 53As famílias de Quiriat-Iarim foram: os jetereus, os futeus, os chumateus e os micheraítas, dos quais procederam os soraítas e os estaolitas.
54Filhos de Salma: os habitantes de Belém, de Netofa, de Atarot-Bet-Joab, metade dos habitantes de Manaat, os de Sorá 55e as famílias dos escribas que viviam em Jabés: os tiriateus, os chimeatitas e os sucateus. Estes são os quenitas, descendentes de Hamat, antepassado da família de Recab.
Filhos de David (14,3-7; 2 Sm 3,2-5; 5,13-16; Mt 1,6-16) – 1Estes são os filhos que nasceram a David no tempo em que estava em Hebron: o primogénito Amnon, filho de Aínoam de Jezrael; o segundo Daniel, de Abigaíl, de Carmel; 2o terceiro Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Guechur; o quarto Adonias, filho de Haguite; 3o quinto Chefatias, de Abital; o sexto Jitram, de Egla, mulher de David. 4São estes os seis filhos que lhe nasceram em Hebron, onde reinou sete anos e seis meses. David reinou trinta e três anos em Jerusalém.
5Em Jerusalém, nasceram-lhe: Chimeá, Chobab, Natan, Salomão; estes quatro são filhos de Betsabé, filha de Amiel; 6a seguir, Jibear, Elichamá, Elifélet, 7Noga, Néfeg, Jafia, 8Elichamá, Eliadá, Elifélet, ou seja, nove filhos. 9Estes são todos os filhos de David, sem contar os filhos das suas concubinas. Tamar era irmã deles.
Reis de Judá – 10Descendentes de Salomão: Roboão, pai de Abias, pai de Asa, pai de Josafat, 11pai de Jorão, pai de Acazias, pai de Joás,12pai de Amacias, pai de Azarias, pai de Jotam, 13pai de Acaz, pai de Ezequias, pai de Manassés, 14pai de Amon, pai de Josias.
15Filhos de Josias: o mais velho Joanan, o segundo Joaquim, o terceiro Sedecias, o quarto Chalum. 16Filhos de Joaquim: Jeconias, pai de Sedecias.
Descendentes de David depois do Exílio – 17Filhos de Jeconias, o cativo: Salatiel seu filho, 18Malquiram, Pedaías, Chenaçar, Jecamias, Hochamá e Nedabias.
19Filhos de Pedaías: Zorobabel e Chimei. Filhos de Zorobabel: Mechulam, Hananías e Chelomite sua irmã. 20Filhos de Mechulam: Hachuba, Oel, Baraquias, Hasadias, Juchab-Héssed, cinco filhos. 21Os descendentes de Hananías foram: Pelatias e Jesaías, os filhos de Refaías, os filhos de Arnan, os filhos de Abdias, os filhos de Checanias.
22Filho de Checanias: Chemaías. Filhos de Chemaías: Hatus, Jigal, Baria, Nearias, Chafat, seis filhos. 23Filhos de Nearias: Elioenai, Ezequias e Azericam, três filhos. 24Filhos de Elioenai: Hodavias, Eliachib, Pelaías, Acub, Joanan, Delaías e Anani; são sete filhos.
Descendentes de Judá (2,18-24. 42-50; Nm 26,5-60) – 1Filhos de Judá: Peres, Hesron, Carmi, Hur e Chobal. 2Reaías, filho de Chobal, gerou Jaat, Jaat gerou Aumai e Laad. Estas são as famílias dos soraítas.
3Eis os filhos de Hur: o pai de Etam, Jezrael, Jisma e Jidbás; sua irmã chamava-se Hacelelponi. 4Penuel era pai de Guedor, e Ézer pai de Hucha. Estes são os filhos de Hur, primogénito de Efrata, pai de Belém.
5Achiur, pai de Técua, teve duas mulheres: Helá e Naará. 6Naará deu-lhe à luz Auzam, Héfer, Temeni e Aastari; estes são os filhos de Naará.7Filhos de Helá: Séret, Soar e Etnan.
8Cós gerou Anub e Sobeba e a família de Aarel, filho de Harum. 9Jabés foi mais ilustre que seus irmãos; sua mãe deu-lhe o nome de Jabés, porque dizia: «Dei-o à luz com dor.» 10Jabés invocou o Deus de Israel, dizendo: «Oh, se Tu me abençoares, alargarás o meu território, a tua mão estará comigo para me preservar da desgraça e me poupar da aflição!» E Deus concedeu-lhe o que pedira.
11Calub, irmão de Chuá, gerou Meír, pai de Eston. 12Eston gerou Bet-Rafa, Passea e Teiná, pai da cidade de Naás. Foram estes os habitantes de Reca.
13Filhos de Quenaz: Oteniel e Seraías. Filhos de Oteniel: Hatat 14e Meonotai, que gerou Ofra. Seraías gerou Joab, pai dos habitantes do vale dos Carpinteiros; pois eram carpinteiros.
15Filhos de Caleb, filho de Jefuné: Irú, Elá e Naam. Filho de Elá: Quenaz.
16Filhos de Jalelel: Zif, Zifa, Tíria e Assarel.
17Filhos de Ezra: Jéter, Méred, Éfer. Jéter gerou Míriam, Chamai e Jisba, que foi pai de Estemoa. 18A sua mulher judia deu à luz Jared, pai de Guedor; Héber, pai de Socó, e Jecutiel, pai de Zanoa, são os filhos de Bítia, filha de Faraó, que Méred desposara.
19Filhos da mulher de Hodaías, irmão de Naam: o pai de Queila, o gueremita, e Estemoa, que era maacateu. 20Os filhos de Chimon: Amnon, Rina, Ben-Hanan e Tilon. Filhos de Jisi: Zoet e Ben-Zoet. 21Filhos de Chelá, filho de Judá: Er, pai de Lecá, Lada, pai de Marecha, e as famílias da casa onde se fabricava linho fino, em Bet-Achebea; 22Joquim e os homens de Cozeba, Joás e Saraf, que dominaram sobre Moab e voltaram a Belém. Estas são memórias antigas. 23Estes eram oleiros e habitavam Netaim e Guedera; habitavam perto do rei para trabalhar ao seu serviço.
Descendentes de Simeão (Js 19,1-9) 24Filhos de Simeão: Nemuel, Jamin, Jarib, Zera, Saul, 25Chalum seu filho, Mibsam seu filho, Michemá seu filho. 26Filhos de Michemá: Hamuel seu filho, Zacur seu filho, Chimei seu filho. 27Chimei teve dezasseis filhos e seis filhas; seus irmãos não tiveram muitos filhos e suas famílias não foram tão numerosas como as dos filhos de Judá.
28Habitavam em Bercheba, em Molada, em Haçar-Saul, 29em Balá, em Écem, em Tolad, 30em Betuel, em Horma, em Ciclag, em Bet-Marcabot, 31em Haçar-Sussim, em Bet-Biri e em Chaaraim. Foram estas as suas cidades até ao reinado de David. 32Possuíam ainda Etam, Ain, Rimon, Toquen e Asan, cinco cidades, 33e todas as aldeias das suas redondezas até Baalat. Foram estas as suas residências e seus registos genealógicos.
34Mechobab, Jamelec, Josa, filho de Amacias, 35Joel, Jeú, filho de Josibias, filho de Seraías, filho de Assiel, 36Elioenai, Jacoba, Jessoaías, Asaías, Adiel, Jessimiel, Benaías, 37Ziza, filho de Chifeí, filho de Alon, filho de Jedaías, filho de Chimeri, filho de Chemaías. 38Estes homens indicados por seus nomes eram príncipes nas suas famílias. As suas casas patriarcais cresceram muito. 39Foram da costa de Guedor, até ao oriente do vale, à procura de pastagens para os seus rebanhos. 40Encontraram pastos abundantes e bons num território amplo, tranquilo e cheio de paz, outrora habitado pelos descendentes de Cam. 41Estes homens indicados por seus nomes, no tempo de Ezequias, rei de Judá, vieram e destruíram as tendas dos habitantes deste país, assim como os moabitas que lá se encontravam, exterminando-os até ao dia de hoje. Estabeleceram-se em seu lugar, porque havia ali pastagens para os rebanhos.
42Quinhentos homens da família de Simeão dirigiram-se também para as montanhas de Seir, chefiados pelos filhos de Jisi: Pelatias, Naarias, Refaías e Uziel. 43Destroçaram os amalecitas sobreviventes e lá se estabeleceram até ao dia de hoje.
Descendentes de Rúben (Gn 35,22; 46,8-9; 49,3-4; Nm 26,5-11; 32,1-42; Dt 3,12-17) – 1Filhos de Rúben, primogénito de Israel. Ele era o mais velho mas, como manchara o leito de seu pai, o seu direito de primogenitura foi dado aos filhos de José, filho de Israel. Mas José não foi inscrito como primogénito no livro das genealogias. 2Judá foi, na verdade, o mais poderoso entre seus irmãos, e dele nasceu aquele que se tornou príncipe. Mas o direito de primogenitura pertenceu a José. 3Filhos de Rúben, primogénito de Israel: Henoc, Palú, Hesron e Carmi.
4Filhos de Joel: Chemaías seu filho, Gog seu filho, Chimei seu filho, 5Miqueias seu filho, Reaías seu filho, Baal seu filho, 6Beerá seu filho, que Tiglat-Falasar, rei da Assíria, levou cativo. Ele era príncipe dos filhos de Rúben.
7Irmãos de Beerá, segundo suas famílias, conforme estão escritas nas suas genealogias: o primeiro, Jeiel; Zacarias, 8Bela, filho de Azaz, filho de Chema, filho de Joel. Bela habitava em Aroer e ia até Nebo e Baal-Meon. 9Ao oriente, ocupava o país até à entrada do deserto que vai até ao Eufrates, porque os seus rebanhos eram numerosos no país de Guilead. 10 No tempo de Saul, fizeram guerra aos agarenos, que caíram nas suas mãos. Habitaram nas suas tendas em toda a costa oriental de Guilead.
Descendentes de Gad (Dt 3,12-17; Js 13,24-28) – 11Os filhos de Gad habitavam em frente deles, no país de Basan, até Salca. 12Joel o primeiro, Chafam o segundo, Janai e Chafat, em Basan. 13Os seus irmãos, segundo as suas casas patriarcais, eram sete: Micael, Mechulam, Cheba, Jorai, Jacan, Zia e Éber. 14Estes são os filhos de Abiaíl, filho de Huri, filho de Jaroa, filho de Guilead, filho de Micael, filho de Jechichai, filho de Jado, filho de Buz. 15Aí, filho de Abdiel, filho de Guni, era o chefe da sua casa patriarcal. 16Habitavam em Guilead, em Basan e nas suas aldeias, até às proximidades das pastagens de Saron. 17Todos foram recenseados no tempo de Jotam, rei de Judá, e no tempo de Jeroboão, rei de Israel.
18Os filhos de Rúben, de Gad e da meia tribo de Manassés eram homens valorosos, que traziam escudo e espada, manejavam o arco e eram aguerridos, em número de quarenta e quatro mil setecentos e sessenta homens aptos para a guerra.
19Fizeram guerra aos agarenos em Jetur, em Nafis e em Nodab. 20Foram ajudados contra os agarenos que lhes foram entregues com todos os seus aliados. Durante o combate eles invocaram Deus, que os ouviu porque puseram nele a sua confiança. 21Apoderaram-se dos rebanhos deles: cinquenta mil camelos, duzentas e cinquenta mil ovelhas, dois mil jumentos e cem mil pessoas. 22Muitos caíram mortos, porque Deus tomara esta guerra por sua conta. Estabeleceram-se no lugar dos vencidos, até ao cativeiro.
Descendentes de Manassés na Transjordânia (Js 17,1-13) – 23Os filhos da meia tribo de Manassés moravam no país, desde Basan até Baal-Hermon e Senir e a montanha do Hermon. Eram numerosos. 24Eis os chefes das suas famílias patriarcais: Éfer, Jisi, Eliel, Azeriel, Jeremias, Hodavias e Jadiel, homens valentes, poderosos, célebres, chefes das suas casas patriarcais. 25Mas foram infiéis ao Deus de seus pais e prostituíram-se, adorando os deuses dos povos que Deus tinha destruído diante deles.
26O Deus de Israel suscitou o espírito de Pul, rei da Assíria, e o espírito de Tiglat-Falasar, rei da Assíria, que levou cativos os filhos de Rúben, os filhos de Gad e a meia tribo de Manassés; deportou-os para Hala, Habor, Hara e rio de Gozan onde permaneceram até ao dia de hoje.
Ascendência dos sacerdotes (Nm 3,17-20; Js 21,4-40) – 27Filhos de Levi: Gérson, Queat e Merari. 28Filhos de Queat: Ameram, Jiçar, Hebron e Uziel. 29Filhos de Ameram: Aarão, Moisés e Míriam.
Filhos de Aarão: Nadab, Abiú, Eleázar e Itamar. 30Eleázar gerou Fineias e Fineias gerou Abisua, 31Abisua gerou Buqui, Buqui gerou Uzi,32Uzi gerou Zeraías, Zeraías gerou Meraiot, 33Meraiot gerou Amarias, Amarias gerou Aitub, 34Aitub gerou Sadoc, Sadoc gerou Aimaás, 35Aimaás gerou Azarias, Azarias gerou Joanan, 36Joanan gerou Azarias, que exerceu o sacerdócio no templo que Salomão construiu em Jerusalém. 37Azarias gerou Amarias, Amarias gerou Aitub, 38Aitub gerou Sadoc, Sadoc gerou Chalum, 39Chalum gerou Hilquias, Hilquias gerou Azarias, 40Azarias gerou Seraías, Seraías gerou Jocédec. 41Jocédec partiu quando o Senhor, pelas mãos de Nabucodonosor, levou Judá e Jerusalém para o cativeiro.
Outra lista de levitas (Nm 3,14-39; 26,57-65) – 1Filhos de Levi: Gérson, Queat e Merari. 2Eis os nomes dos filhos de Gérson: Libni e Chimei.3Filhos de Queat: Ameram, Jiçar, Hebron e Uziel. 4Filhos de Merari: Maali e Muchi. Estas são as famílias de Levi, segundo as suas casas patriarcais.
5De Gérson: Libni seu filho, Jaat seu filho, Zima seu filho, 6Joá seu filho, Ido seu filho, Zera seu filho, Jatrai seu filho.
7Filhos de Queat: Aminadab seu filho, Coré seu filho, Assir seu filho, 8Elcana seu filho, Abiasaf seu filho, Assir seu filho, 9Taat seu filho, Uriel seu filho, Uzias seu filho, Saul seu filho. 10Filhos de Elcana: Amassai e Aimot. 11Filhos de Aimot: Elcana seu filho, Sofai seu filho, Naat seu filho, 12Eliab seu filho, Jeroam seu filho, Elcana seu filho. 13Filhos de Samuel: o primogénito, Joel, e o segundo, Abias. 14Filhos de Merari: Maali, Libni seu filho, Chimei seu filho, Uzá seu filho, 15Chimeá seu filho, Haguias seu filho, Asaías seu filho.
Cantores do templo – 16Eis os que David escolheu para dirigir o canto na casa do Senhor, depois que a Arca da aliança foi colocada no seu lugar. 17Cumpriram as suas funções de cantores diante da morada, a tenda da reunião, até que Salomão construiu o templo do Senhor, em Jerusalém. Serviam conforme as regras prescritas.
18Eis os que cumpriram este ofício juntamente com os seus filhos; de entre os filhos de Queat: Heman, cantor, filho de Joel, filho de Samuel,19filho de Elcana, filho de Jeroam, filho de Eliel, filho de Toa, 20filho de Suf, filho de Elcana, filho de Maat, filho de Amassai, 21filho de Elcana, filho de Joel, filho de Azarias, filho de Sofonias, 22filho de Taat, filho de Assir, filho de Abiasaf, filho de Coré, 23filho de Jiçar, filho de Queat, filho de Levi, filho de Israel.
24Seu irmão Asaf, que estava à sua direita: Asaf, filho de Baraquias, filho de Chimeá, 25filho de Micael, filho de Basseias, filho de Malquias,26filho de Etni, filho de Zera, filho de Adaías, 27filho de Etan, filho de Zima, filho de Chimei, 28filho de Jaat, filho de Gérson, filho de Levi.
29Além disso, os filhos de Merari que estavam à sua esquerda: Etan, filho de Cuchi, filho de Abdi, filho de Maluc, 30filho de Hasabias, filho de Amacias, filho de Hilquias, 31filho de Ameci, filho de Bani, filho de Chémer, 32filho de Maali, filho de Muchi, filho de Merari, filho de Levi.
33Seus irmãos, os levitas, estavam encarregados de todo o serviço do tabernáculo da casa do Senhor. 34Aarão e seus filhos queimavam as oferendas sobre o altar dos holocaustos e o altar dos perfumes. Eles tomavam sobre si todos os serviços do Santo dos Santos e faziam a expiação por Israel, conforme mandara Moisés, servo de Deus.
35Eis os filhos de Aarão: Eleázar seu filho, Fineias seu filho, Abisua seu filho, 36Buqui seu filho, Uzi seu filho, Zeraías seu filho, 37Meraiot seu filho, Amarias seu filho, Aitub seu filho, 38Sadoc seu filho, Aimaás seu filho.
Cidades levíticas (Nm 35,1-8; Js 21,1-8) 39Estabeleceram-se nos territórios das seguintes cidades: aos filhos de Aarão, da família dos queatitas, 40que primeiro foram designados pela sorte, foi dado Hebron e suas redondezas, no país de Judá. 41Mas o território da cidade e suas aldeias foi dado a Caleb, filho de Jefuné. 42Foi, portanto, dada aos filhos de Aarão a cidade de refúgio, Hebron, Libna e seus arredores, Jéter, Estemoa e seus arredores, 43Hilen e seus arredores, Debir e seus arredores, 44Asan e seus arredores, Bet-Chémes e seus arredores.45Da tribo de Benjamim, Gueba e seus arredores, Alémet e seus arredores, Anatot e seus arredores. O número total de cidades foi de treze, conforme as suas famílias.
46Os outros filhos de Queat receberam em sorte dez cidades das famílias da tribo de Efraim, da tribo de Dan e da meia tribo de Manassés.47Os filhos de Gérson, segundo as suas famílias, tiveram treze cidades da tribo de Issacar, da tribo de Aser, da tribo de Neftali e da meia tribo de Manassés, em Basan. 48Os filhos de Merari, segundo as suas famílias, receberam em sorte doze cidades das tribos de Rúben, de Gad e de Zabulão.
49Os israelitas deram aos levitas estas cidades e as suas pastagens. 50Da tribo de Judá, de Simeão e de Benjamim deram-lhes, por sorteio, as cidades designadas pelos seus nomes.
51Quanto às famílias dos filhos de Queat, as cidades em que dominaram eram da tribo de Efraim. 52Deram-lhes as cidades de refúgio, Siquém e seus arredores, na montanha de Efraim, Guézer e seus arredores, 53Joquemoam e seus arredores, Bet-Horon e seus arredores,54Aialon e seus arredores, Gat-Rimon e seus arredores. 55Da meia tribo de Manassés deram-lhes Aner e seus arredores, Bileam e seus arredores. Isto foi dado às famílias dos restantes filhos de Queat.
56Aos filhos de Gérson deram, da meia tribo de Manassés, Golan, em Basan, e seus arredores, Astarot e seus arredores. 57Da tribo de Issacar, Quedes e seus arredores, Daberat e seus arredores, 58Ramot e seus arredores, Aném e seus arredores; 59da tribo de Aser, Machal e seus arredores, Abdon e seus arredores, 60Hucoc e seus arredores, Reob e seus arredores; 61da tribo de Neftali, Quedes, na Galileia, e seus arredores, Hamon e seus arredores e Quiriataim e seus arredores.
62Aos outros filhos de Merari foram dadas, da tribo de Zabulão, Rimon e seus arredores, Tabor e seus arredores; 63e, do outro lado do Jordão, frente a Jericó, ao oriente do Jordão: da tribo de Rúben, Bécer, no deserto, e seus arredores, Jaça e seus arredores, 64Quedemot e seus arredores, Mefaat e seus arredores; 65da tribo de Gad, Ramot, em Guilead, e seus arredores, Maanaim e seus
Descendentes de Issacar (Gn 46,13; Nm 26,23-25) – 1Filhos de Issacar: Tola, Puá, Jassub e Chimeron, quatro. 2Filhos de Tola: Uzi, Refaías, Jeriel, Jamai, Jibsam e Samuel, chefes das casas patriarcais provindas de Tola, todos homens valentes, recenseados segundo as suas genealogias, cujo número era, no tempo de David, de vinte e dois mil e seiscentos homens. 3Filho de Uzi: Jizraías. Filhos de Jizraías: Micael, Abdias, Joel e Jisias, ao todo cinco chefes. 4Tinham, segundo as suas genealogias e as suas casas patriarcais, trinta e seis mil homens armados para a guerra, pois possuíam muitas mulheres e filhos. 5Os seus irmãos, de entre todas as famílias de Issacar, formavam um total de oitenta e sete mil homens valorosos, registados nas suas genealogias.
Descendentes de Benjamim (Js 18,11-28) – 6Filhos de Benjamim: Bela e Bécer e Jediael, três. 7Filhos de Bela: Ecebon, Uzi, Uziel, Jerimot e Iri, cinco chefes de famílias patriarcais. Registados nas suas genealogias, contavam vinte e dois mil e quatrocentos homens aptos para a guerra.
12Chupim e Hupim, filhos de Ir; Huchim, filho de Aer. 13Filhos de Neftali: Jaciel, Guni, Jécer e Chalum; estes eram filhos de Bila.
Descendentes da outra meia tribo de Manassés (Js 17,1-13) – 14Filhos de Manassés: Asseriel, que foi dado à luz pela sua concubina arameia, a qual também deu à luz Maquir, pai de Guilead. 15Maquir casou com uma mulher de Hupim e Chupim.
O nome de sua irmã era Maaca. O nome do segundo filho era Selofad, o qual só teve filhas. 16Maaca, mulher de Maquir, deu à luz um filho, ao qual deu o nome de Peres; o nome de seu irmão era Cheres, e seus filhos eram Ulam e Réquem. 17Filho de Ulam: Bedan. São estes os filhos de Guilead, filho de Maquir, filho de Manassés. 18A sua irmã Hamoléquet deu à luz Ichod, Abiézer e Maalá. 19Os filhos de Chemidá foram Aian, Sequém, Liqui e Aniam.
Descendentes de Efraim (Js 16, 5-10) 20Filhos de Efraim: Chutela, Bered seu filho, Taat seu filho, Eladá seu filho, 21Zabad seu filho, Chutela seu filho, Ézer e Elad, mortos pelos homens de Gat, originários do país, por terem vindo roubar os seus rebanhos.
22Efraim, pai deles, pôs luto durante muito tempo, e seus irmãos vieram consolá-lo. 23Depois, uniu-se à sua mulher, que concebeu e deu à luz um filho, ao qual deu o nome de Beria, porque a sua casa estava na desgraça. 24A sua filha era Cheerá, que construiu Bet-Horon de Cima e Bet-Horon de Baixo, e Uzen-Cheerá.
25Teve ainda Rafa, seu filho de Rechef, Tela seu filho, Taan seu filho, 26Ladan seu filho, Amiud seu filho, Elichamá seu filho, 27Nun seu filho, Josué seu filho.
28As suas possessões e moradias eram: Betel e seus arredores, ao oriente Naaran, a oeste Guézer e seus arredores, Siquém e seus arredores até Aia e seus arredores. 29Os filhos de Manassés possuíam ainda Bet-Chan e seus arredores, Taanac e seus arredores, Meguido e seus arredores, Dor e seus arredores. Foram estas as cidades que habitaram os filhos de José, filhos de Israel.
Descendentes de Aser (Js 19,24-31) 30Filhos de Aser: Jimna, Jisva, Jisvi, Beria e sua irmã Sera. 31Filhos de Beria: Héber e Malquiel, pai de Birzait. 32Héber gerou Jaflet, Chomer, Hotam e a irmã dele, Chuá. 33Filhos de Jaflet: Passac, Bimeal e Achevat. Estes são os filhos de Jaflet.34Filhos de Chamer: Aí, Roga, Jeúba e Aram. 35Filhos de Helem, seu irmão: Sofa, Jimna, Cheles e Amal. 36Filhos de Sofa: Sua, Harnéfer, Chual, Beri, Jímera, 37Bécer, Hod, Chama, Chilcha, Jitran e Bera. 38Filhos de Jéter: Jefuné, Pispá e Ará. 39Filhos de Ulá: Ara, Haniel e Rícias.
40Todos estes eram filhos de Aser, chefes das casas patriarcais, homens valorosos e selectos, chefes de príncipes. Estavam registados vinte e seis mil homens capazes de pegar em armas para a guerra.
Outra lista de descendentes de Benjamim (9,39-44; Gn 46,21; Nm 26,38-41) – 1Benjamim gerou Bela seu primogénito, Asbel o segundo, Ara o terceiro, 2Noa o quarto, e Rafa o quinto. 3Filhos de Bela: Adar, Guera, Abiud, 4Abisua, Naaman, Aoa, 5Guera, Chefufan e Huram.
6Eis os filhos de Eúde, que eram chefes das famílias que habitavam Gueba e foram obrigados a emigrar para Manaat: 7Naaman, Aías e Guera, que os obrigou a emigrar e gerou Uzá e Aiud. 8Chaaraim teve filhos nos campos de Moab, depois de ter repudiado suas mulheres Huchim e Baara. 9Nasceram de Hodes, sua mulher: Jobab, Síbias, Mecha, Malcam, 10Jeús, Saquias e Mirma, que foram seus filhos, chefes de famílias. 11De Huchim teve Abitub e Elpaal. 12Filhos de Elpaal: Éber, Micham e Chémed, que construiu Ono e Lod e as cidades que dela dependem.
13Beria e Chema, chefes das famílias que habitavam Aialon, puseram em fuga os habitantes de Gat. 14Seus irmãos eram: Aío, Chachac, Jerimot. 15Zebadias, Arad, Éder, 16Micael, Jispa e Joa eram filhos de Beria. 17Zebadias, Mechulam, Hizequi, Héber, 18Jismerai, Jizelias e Jobab, filhos de Elpaal. 19Jaquim, Zicri, Zabdi, 20Elienai, Siltai, Eliel, 21Adaías, Beraías e Chimerat, filhos de Chimei. 22Jispan, Éber, Eliel,23Abdon, Zicri, Hanan, 24Hananías, Elam, Anatotias, 25Jifdaías e Penuel, filhos de Chachac. 26Chamecharai, Chearias, Atalias, 27Jaressias, Elias e Zicri, filhos de Jeroam. 28Estes são os chefes de famílias segundo as suas genealogias. Habitavam em Jerusalém.
Origens e descendentes de Saul (9,35-44) - 29O pai de Guibeon morava em Guibeon; sua mulher chamava-se Maaca, 30seu filho primogénito Abdon, e depois Sur, Quis, Baal, Nadab, 31Guedor, Aío e Zéquer. 32Miquelot gerou Chimeá. Habitaram também em Jerusalém com seus irmãos.
33Ner gerou Quis, Quis gerou Saul, Saul gerou Jónatas, Malquichua, Abinadab e Isbaal. 34Filho de Jónatas: Meribaal. Meribaal gerou Mica.35Filhos de Mica: Piton, Mélec, Taré e Acaz. 36Acaz gerou Joadá; Joadá gerou Alémet, Azemávet e Zimeri; Zimeri gerou Moçá. 37Moçá gerou Bineá, Rafa seu filho, Elassá seu filho, 38Acel seu filho. Acel teve seis filhos, cujos nomes são: Azericam, Bocru, Ismael, Chearias, Abdias e Hanan. Estes foram os filhos de Acel. 39Filhos de Échec, seu irmão: Ulam, seu primogénito, Jeús o segundo, e Elifélet o terceiro. 40Os filhos de Ulam eram homens valentes, bons arqueiros. Tiveram numerosos filhos e netos: cento e cinquenta.
Todos estes foram descendentes de Benjamim.
Habitantes de Jerusalém depois do Exílio (Ne 11,1-24) - 1Todo o Israel está registado nas genealogias e inscrito no livro dos reis de Israel. Judá foi deportado para a Babilónia por causa das suas infidelidades.
2Os primeiros habitantes que entraram nas suas possessões e nas suas cidades foram os israelitas, os sacerdotes, os levitas e os natineus.
3Em Jerusalém habitaram alguns dos filhos de Judá, de Benjamim, de Efraim, de Manassés. 4Dos filhos de Peres, filho de Judá: Utai, filho de Amiud, filho de Omeri, filho de Imeri, filho de Bani. 5Dos silonitas: Asaías, o primogénito, e seus filhos. 6Dos filhos de Zera: Jeuel e seus irmãos. Ao todo, seiscentos e noventa. 7Dos filhos de Benjamim: Salú, filho de Mechulam, filho de Hodavias, filho de Hassenua; 8Jibnias, filho de Jeroam; Elá, filho de Uzi, filho de Micri, e Mechulam, filho de Chefatias, filho de Reuel, filho de Jibnias, 9e seus irmãos, segundo as suas gerações, em número de novecentos e cinquenta e seis. Todos eram chefes de famílias nas casas patriarcais.
10Sacerdotes: Jedaías, Joiarib, Joaquim, 11Azarias, filho de Hilquias, filho de Mechulam, filho de Sadoc, filho de Meraiot, filho de Aitub, chefe da casa de Deus; 12Adaías, filho de Jeroam, filho de Pachiur, filho de Malquias; Massai, filho de Adiel, filho de Jazera, filho de Mechulam, filho de Mechilemit, filho de Imer, 13e seus chefes das suas casas patriarcais, num total de mil setecentos e sessenta homens valorosos, ocupados no serviço da casa de Deus.
14Levitas: Chemaías, filho de Hachub, filho de Azericam, filho de Hasabias, descendentes de Merari; 15Bacbacar, Heres, Galal, e Matanias, filho de Mica, filho de Zicri, filho de Asaf; 16Abdias, filho de Chemaías, filho de Galal, filho de Jedutun; Baraquias, filho de Asa, filho de Elcana, que morava nas cidades dos netofateus.
17Porteiros: Chalum, Acub, Talmon, Aiman e seus irmãos. Chalum era o chefe dos porteiros 18e ainda agora é o guarda da porta do rei, ao oriente. De entre os levitas, estes são os porteiros: 19Chalum, filho de Coré, filho de Abiasaf, filho de Coré, e seus irmãos, os coreítas, da casa de seu pai, desempenhavam as funções de guardas das portas do tabernáculo. Seus pais fizeram a guarda da entrada do acampamento do Senhor.
20Fineias, filho de Eleázar, tinha sido antes chefe deles. E o Senhor estava com ele. 21Zacarias, filho de Mechalemias, era porteiro da entrada da tenda da reunião.
22Estes guardas das portas foram escolhidos em número de duzentos e doze, e registados nas genealogias segundo as suas cidades. David e o profeta Samuel investiram-nos em suas funções. 23Eles e seus filhos guardavam as portas da casa do Senhor e da casa do tabernáculo.24Havia porteiros nos quatro pontos cardeais, a leste, a oeste, ao norte e ao sul.
25Os seus irmãos, que moravam nas aldeias, vinham para junto deles todas as semanas, cada um segundo o seu turno. 26Mas os quatro chefes dos porteiros, que eram levitas, estavam constantemente em funções, devendo ainda vigiar os depósitos e os tesouros da casa de Deus. 27Moravam ao redor da casa de Deus, de cuja guarda estavam encarregados, devendo abri-la todas as manhãs.
28Alguns porteiros encarregavam-se da vigilância dos objectos de culto que inventariavam, à entrada e à saída; 29outros, ainda, cuidavam dos utensílios do santuário, da flor de farinha, do vinho, do azeite, do incenso e dos aromas. 30Os filhos dos sacerdotes compunham as essências aromáticas.
31Matatias, levita, primogénito de Chalum, o coreíta, tinha a seu cuidado as tortas que se coziam na sertã. 32Alguns dos seus irmãos, filhos dos queatitas, estavam encarregados de preparar, para cada sábado, os pães da oferenda. 33Eram estes os principais cantores, chefes das famílias levíticas, e moravam nos apartamentos do templo, isentos de outras funções para exercerem a sua, dia e noite.
34Estes são os chefes das famílias dos levitas, segundo as suas genealogias. Habitavam em Jerusalém.
Família de Saul (8,29-40) - 35O pai dos guibeonitas, Jeiel, habitava em Guibeon; sua mulher chamava-se Maaca. 36Seu filho primogénito, Abdon, depois Sur e Quis, Baal, Ner, Nadab, 37Guedor, Aío, Zacarias e Miquelot. 38Miquelot gerou Chimeam. Habitavam também com seus irmãos em Jerusalém. Família de Saul (8,29-40) – 35*O pai dos guibeonitas, Jeiel, habitava em Guibeon; sua mulher chamava-se Maaca. 36Seu filho primogénito, Abdon, depois Sur e Quis, Baal, Ner, Nadab, 37Guedor, Aío, Zacarias e Miquelot. 38Miquelot gerou Chimeam. Habitavam também com seus irmãos em Jerusalém.
39Ner gerou Quis, Quis gerou Saul, Saul gerou Jónatas, Malquichua, Abinadab e Isbaal. 40Filho de Jónatas: Meribaal. Meribaal gerou Mica.41Filhos de Mica: Piton, Mélec, Taré 42e Acaz, pai de Jara. Jara gerou Alémet, Azemávet e Zimeri. Zimeri gerou Moçá. 43Moçá gerou Bineá, cujo filho Refaías gerou Elassá, do qual nasceu Acel. 44Acel teve seis filhos, cujos nomes são: Azericam, Bocru, Ismael, Chearias, Abdias e Hanan. São estes os filhos de Acel.
Saul, derrotado, morre em Guilgal (1 Sm 31,1-13) - 1Os filisteus atacaram Israel e os israelitas fugiram diante deles. Muitos caíram feridos de morte, na montanha de Guilboa. 2Os filisteus perseguiram Saul e seus filhos e mataram Jónatas, Abinadab e Malquichua, filhos de Saul.3O peso da luta incidiu sobre Saul; os arqueiros alcançaram-no e feriram-no no ventre. 4Saul disse, então, ao seu escudeiro: «Desembainha a tua espada e trespassa-me, para que os incircuncisos não venham ultrajar-me.» Mas o escudeiro não quis, pelo medo que se apossara dele. Então Saul tirou a sua espada e atirou-se sobre ela. 5Vendo-o morto, o escudeiro atirou-se também sobre a sua espada e morreu.
6Assim morreram Saul e os seus três filhos, perecendo com eles toda a sua casa. 7Todos os israelitas que estavam na planície, vendo que os filhos de Israel recuavam e que Saul e os seus filhos estavam mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram; os filisteus apoderaram-se delas.
8No dia seguinte, os filisteus vieram para despojar os mortos e encontraram Saul e os seus filhos estendidos na montanha de Guilboa.9Despojaram Saul, levaram-lhe a cabeça e as armas e apregoaram a boa nova por todo o país dos filisteus, diante dos seus ídolos e do povo.10Puseram as armas de Saul no templo dos seus deuses e suspenderam a sua cabeça no templo de Dagon.
11Os habitantes de Jabés, de Guilead, souberam tudo o que os filisteus tinham feito a Saul. 12Então, levantaram-se todos os homens fortes, tomaram o corpo de Saul e os corpos de seus filhos e transportaram-nos para Jabés. Enterraram-nos sob o terebinto de Jabés e jejuaram durante sete dias.
13Saul morreu por causa da sua infidelidade, da qual se tornara culpado diante do Senhor, cujas palavras não observou, e por ter consultado o espírito de um morto. 14Não obedeceu ao Senhor, e o Senhor deu-lhe a morte, transferindo assim a realeza para David, filho de Jessé.
Sagração de David em Hebron (2 Sm 5,1-5) – 1Reuniu-se todo o Israel ao redor de David, em Hebron, dizendo-lhe: «Somos teus ossos e tua carne. 2Já antes, quando Saul era rei, eras tu que conduzias os destinos de Israel. O Senhor, teu Deus, disse-te: ‘Tu apascentarás Israel, meu povo, e serás o chefe de Israel.’»
3Todos os anciãos de Israel vieram, pois, ter com o rei em Hebron, e David concluiu um pacto com eles, diante do Senhor; ungiram-no rei de Israel, segundo a palavra do Senhor, pronunciada por Samuel.
David conquista Jerusalém (2 Sm 5,6-10) – 4David marchou com todo o Israel sobre Jerusalém, quer dizer Jebús, onde estavam os jebuseus, habitantes do país. 5Os jebuseus disseram a David: «Não entrarás aqui.» Mas David apoderou-se da fortaleza de Sião, que é a cidade de David. 6David dissera: «O primeiro, seja quem for, que vencer os jebuseus, tornar-se-á chefe e príncipe.»
O primeiro que subiu foi Joab, filho de Seruia, e tornou-se chefe. 7David instalou-se na fortaleza que, por isso, foi chamada cidade de David.8Fortificou a cidade ao redor, desde Milo até aos arredores, e Joab restaurou o resto da cidade. 9David tornou-se cada vez maior, e o Deus do universo estava com ele.
Os heróis de David (2 Sm 23,8-39) – 10Eis os heróis principais que estavam ao serviço de David e o ajudaram, com todo o Israel, a assegurar o seu domínio, a fim de o proclamar rei de Israel, segundo a palavra do Senhor. 11Eis o número dos heróis que estavam ao serviço de David: Jachobam, chefe dos três, filho de Hacmoni, brandiu a sua lança contra trezentos homens e abateu-os de uma só vez. 12Depois deste, Eleázar, filho de Dodo, o aoíta, um dos três heróis. 13Estava com David, em Pas-Damim, onde os filisteus se reuniram para o combate. Havia ali um campo de cevada e, quando o povo fugia diante dos filisteus, 14ele e os seus colocaram-se no meio do campo, defenderam-no e destroçaram os filisteus. E o Senhor operou uma grande vitória.
15Três dos trinta capitães desceram à rocha da caverna de Adulam, onde estava David; os filisteus acamparam no vale dos refaítas. 16Ora David estava na caverna, e os filisteus tinham uma guarnição em Belém. 17David exprimiu este desejo: «Quem me dará de beber da água da cisterna que está às portas de Belém?»
18Os três homens atravessaram o acampamento dos filisteus e tiraram a água da cisterna que está à porta de Belém. Levaram-na a David, mas David não a quis beber e fez dela uma oferta ao Senhor, dizendo: 19«Deus me livre de fazer tal coisa! Beberia eu o sangue desses homens? Pois trouxeram-ma com risco das suas vidas.» E não a quis beber. Eis o que fizeram esses três valentes.
20Abisai, irmão de Joab, era o chefe dos trinta; brandiu a sua lança contra trezentos homens, matou-os, mas não teve o nome entre os três.21Era duplamente considerado entre os trinta e foi seu chefe, mas não se igualou aos três primeiros.
22Benaías, filho de Joiadá, homem valente e rico em façanhas, natural de Cabeciel, derrotou os dois heróis de Moab e desceu a matar um leão dentro da cisterna, num dia de neve. 23Venceu também um egípcio de cinco côvados de altura, que tinha na mão uma lança semelhante a um rolo de tear. Atirou-se a ele com o cajado, arrancou-lhe a lança das mãos e matou-o com a sua própria lança. 24Tudo isto fez Benaías, filho de Joiadá, e celebrizou-se entre os trinta valentes. 25Era dos mais considerados entre eles, mas não se igualou aos três. David colocou-o à frente da sua guarda.
26No exército, os mais valentes eram: Asael, irmão de Joab; El-Hanan, filho de Dodo, de Belém; 27Chamot de Harod; Heles de Pélet; 28Ira, filho de Iqués, de Técua; Abiézer de Anatot; 29Sibecai o huchaíta; Ilai o aoíta; 30Maarai de Netofa; Héled, filho de Baana, de Netofa; 31Itai, filho de Ribai de Guibeá, dos filhos de Benjamim; Benaías o piratonita; 32Hurai dos vales de Gaás; Abiel de Arabá; 33Azemávet de Baurim; Eliaba o chaalbonita; 34Jassen o gunita; Jónatas, filho de Chagué, o hararita; 35Aiam, filho de Sacar, o hararita; Elifal, filho de Ur; 36Héfer de Mequera; Aías o pelonita; 37Hesron de Carmel; Naarai, filho de Ezbai; 38Joel, irmão de Natan; Mibear, filho de Hagri; 39Sélec o amonita; Naarai de Beerot, escudeiro de Joab, filho de Seruia; 40Ira, de Jéter; Gareb, de Jéter; 41Urias o hitita; Zabad, filho de Alai; 42Adina, filho de Chiza, filho de Rúben, chefe dos rubenitas e, com ele, outros trinta; 43Hanan, filho de Maacá; Josafat, de Matan; 44Uzias, de Astarot; Chama e Jeiel, filhos de Hotam, de Aroer; 45Jediael, filho de Chimeri; Joa seu irmão, o ticita; 46Eliel, o maavita; Jeribai e Josavias, filhos de Elnaam; Jitma o moabita; 47Eliel, Obed e Jaassiel, de Soba.
Apoiantes de David antes de ser rei – 1Estes são os que se juntaram a David, em Ciclag, quando ainda estava afastado de Saul, filho de Quis; estão contados entre os valentes que lhe prestaram ajuda durante a guerra.
2Eram arqueiros exercitados em lançar pedras, tanto com a mão esquerda como com a mão direita, e disparavam flechas com o arco.
Eram irmãos de Saul, de Benjamim: 3o chefe Aiézer e Joás, filhos de Chemaá, de Guibeá; Jeziel e Pélet, filhos de Azemávet; Beracá e Jeú de Anatot; 4Jismaías de Guibeon, o mais valente dos trinta e chefe dos trinta; 5Jeremias, Jaziel, Joanan e Jozabad de Guedera; 6Eluzai, Jerimot, Baalias, Chemarias, Chefatias de Haruf; 7Elcana, Jisias, Azarel, Joézer e Jachobam, filhos de Coré; 8Joela e Zebadias, filhos de Jeroam de Guedor.
9Os homens valentes dos gaditas uniram-se a David nas cavernas do deserto, guerreiros exercitados no combate, que conheciam o manejo do escudo e da lança: tinham o aspecto de leões e a agilidade das gazelas das montanhas. 10Ézer era o seu chefe; Abdias o segundo; Eliab o terceiro; 11Mismana o quarto; Jeremias o quinto; 12Atai o sexto; Eliel o sétimo; 13Joanan o oitavo; Elzabad o nono; 14 Jeremias o décimo; Macbanai o décimo primeiro.
15Eram estes os filhos de Gad, chefes do exército; o menor de todos eles podia vencer cem, e o mais forte, mil. 16Foram eles que atravessaram o Jordão, no primeiro mês, quando o rio costumava transbordar em todo o seu curso, e puseram em fuga todos os habitantes do vale, a leste e a oeste.
17Também alguns filhos de Benjamim e de Judá vieram aliar-se a David nas cavernas. 18David saiu ao encontro deles e disse-lhes: «Se é como amigos que vindes, para me prestar auxílio, o meu coração está unido ao vosso; mas se é para me atraiçoar e entregar aos inimigos – pois as minhas mãos estão limpas de toda a violência – que o Deus de nossos pais seja testemunha e juiz.»
19Então o espírito entrou em Amassai, chefe dos trinta, que disse: «A ti e ao teu povo, filho de Jessé, paz!
Paz a ti e paz a quantos te protegem, pois o teu Deus presta-te auxílio.»
David recebeu-os e deu-lhes um lugar entre os chefes do exército.
20Também os filhos de Manassés se juntaram a David quando ele, com os filisteus, foi fazer guerra a Saul. Contudo, não socorreram os filisteus porque, depois de se reunirem em conselho, os príncipes dos filisteus despediram David, dizendo: «Ele passará para o lado de Saul, com perigo das nossas cabeças.»
21Quando voltou a Ciclag, foram estes os homens de Manassés que se lhe juntaram: Adna, Jozabad, Jediael, Micael, Jozabad, Eliú e Siltai, comandantes de milhares de Manassés. 22Uniram-se a David contra os bandos de salteadores, porque todos eles eram homens valentes e foram chefes do exército. 23Todos os dias chegavam homens a David para o auxiliar e, assim, veio a ter um grande exército, como um exército de Deus.
Guerreiros proclamam David rei de Israel 24Este é o número dos homens armados para a guerra, que foram ter com David, em Hebron, para transferir para ele o reino de Saul, segundo a ordem do Senhor. 25Filhos de Judá, portadores de escudo e lança: seis mil e oitocentos, armados para a guerra.
26Dos filhos de Simeão, sete mil e cem valentes guerreiros. 27Dos filhos de Levi, quatro mil e seiscentos. 28Joiadá, chefe da casa de Aarão, com três mil e setecentos homens. 29Sadoc, jovem e valente guerreiro, com vinte e dois chefes da casa de seu pai. 30Dos filhos de Benjamim, irmãos de Saul, três mil, pois até então a maior parte deles guardava fidelidade à casa de Saul. 31Dos filhos de Efraim, vinte mil e oitocentos guerreiros, conhecidos nas suas famílias pela sua valentia. 32Da meia tribo de Manassés, dezoito mil, que foram nominativamente designados para ir proclamar David como rei. 3
3Dos filhos de Issacar, que tinham o sentido da oportunidade e sabiam o que Israel devia fazer, du
39Todos estes homens de guerra prontos para o combate, de coração sincero, vieram a Hebron, para proclamar David rei de todo o Israel. E o resto de Israel estava igualmente unânime em proclamar rei a David. 40Permaneceram ali com David três dias, comendo e bebendo, porque seus irmãos lhes prepararam a comida. 41Além disso, os que moravam perto deles, até Issacar, Zabulão e Neftali, traziam-lhes víveres transportados em jumentos, camelos, mulas e bois; provisões de farinha, figos, passas de uva, vinho, azeite, vacas e ovelhas em abundância, porque havia alegria em Israel.zentos chefes e todos os seus irmãos sob as suas ordens. 34De Zabulão, cinquenta mil em estado de pegar em armas, preparados para o combate, equipados com toda a classe de armas, prontos a socorrer David de coração resoluto. 35De Neftali, mil chefes, e com eles trinta e sete mil homens que levavam escudo e lança. 36Dos danitas, vinte e oito mil e seiscentos homens prontos para se pôr em ordem de batalha.37De Aser, homens preparados para o combate: quarenta mil. 38E, do outro lado do Jordão, dos rubenitas, dos gaditas e da meia tribo de Manassés, cento e vinte mil, equipados com todas as armas.
Decisão de levar a Arca para Jerusalém (15,1-29; 2 Sm 6,1-11) - 1David tomou conselho com os chefes de milhares e de centenas, com todos os príncipes, 2e disse a toda a assembleia de Israel: «Se achais bem, e isto parece inspirado pelo Senhor nosso Deus, enviemos sem demora mensageiros aos nossos irmãos de todas as regiões de Israel, aos sacerdotes e levitas que vivem nas suas cidades, para que venham juntar-se a nós. 3Translademos para a nossa morada a Arca do nosso Deus, pois não cuidámos dela no tempo de Saul.»
4Toda a assembleia resolveu proceder deste modo, pois assim pareceu conveniente a todo o povo. 5David convocou todo o Israel, desde a torrente do Egipto até à entrada de Hamat, a fim de trazer de Quiriat-Iarim a Arca de Deus. 6David, com todo o Israel, subiu a Baalá, em Quiriat-Iarim de Judá, para trazer de lá a Arca de Deus, do Senhor que tem o seu trono sobre os querubins, diante da qual é invocado o seu nome.
7A Arca de Deus foi colocada sobre um carro novo e levaram-na da casa de Abinadab; Uzá e Aío conduziam o carro. 8David e todo o Israel dançavam diante de Deus com todas as suas forças, cantavam e tocavam cítaras, harpas, tamborins, címbalos e trombetas. 9Ao chegar à eira de Quidon, Uzá estendeu a mão para segurar a Arca de Deus, pois os bois, tropeçando, inclinaram-na. 10A ira do Senhor inflamou-se contra Uzá e Ele feriu-o por estender a mão para a Arca. Uzá morreu ali, diante de Deus. 11David contristou-se porque o Senhor aniquilara Uzá. E deu a este lugar o nome de Peres-Uzá, que conserva ainda hoje.
12Nesse dia David temeu a Deus e disse: «Como posso eu introduzir a Arca de Deus na minha casa?» 13E David não levou a Arca para a sua casa, na cidade de David. Mandou-a levar para casa de Obededom, de Gat. 14A Arca de Deus ficou na casa dele durante três meses; e o Senhor abençoou a família de Obededom, com tudo o que lhe pertencia.
Casa de David em Jerusalém (3,4-9; 2 Sm 5,1-25) - 1Hiram, rei de Tiro, enviou mensageiros a David com madeiras de cedro, pedreiros e carpinteiros, para lhe construírem um palácio. 2Então, David reconheceu que o Senhor o confirmara rei de Israel e que o seu reino era exaltado por causa de Israel, seu povo.
3 David teve também mulheres em Jerusalém e gerou filhos e filhas. 4Estes são os nomes dos filhos que lhe nasceram em Jerusalém: Chamua, Chobab, Natan, Salomão, 5Jibear, Elichua, Elifélet, 6Noga, Néfeg, Jafia, 7Elichamá, Baaliadá e Elifélet.
Vitória sobre os filisteus (2 Sm 5,17-25) - 8Quando os filisteus souberam que David havia sido ungido rei de todo o Israel, partiram todos para o prender. Mas David soube-o e saiu ao seu encontro. 9Os filisteus em marcha espalharam-se pelo vale de Refaim.
10David consultou Deus, perguntando: «Avançarei contra os filisteus? Entregá-los-ás nas minhas mãos?» E o Senhor respondeu-lhe: «Sobe e entregá-los-ei nas tuas mãos.» 11Avançou portanto até Baal-Perasim, e David derrotou-os. Disse então: «Deus dispersou os meus inimigos por minha mão, como se dispersam as águas.» Por isso este lugar recebeu o nome de Baal-Perasim. 12E os filisteus abandonaram ali os seus deuses, que David mandou queimar. 13Os filisteus espalharam-se novamente pelo vale.
14David consultou outra vez Deus, que lhe respondeu: «Não os persigas, rodeia-os e atira-te sobre eles diante das amoreiras. 15Quando ouvires um rumor de passos nas copas das amoreiras, então começarás o combate, pois Deus irá diante de ti para derrotar o exército dos filisteus.» 16David fez como Deus lhe ordenara e derrotou o exército dos filisteus, de Guibeon até Guézer.
17A fama de David espalhou-se por todas aquelas terras, e o Senhor tornou-o temível perante todas as nações.
Trasladação da Arca para Jerusalém (2 Sm 6,1-23) – 1David construiu casas para si na cidade de David, preparou um lugar para a Arca de Deus e levantou-lhe uma tenda. 2Disse então David: «A Arca de Deus não pode ser levada senão pelos levitas, pois foi a eles que o Senhor escolheu para a conduzirem e para o servirem perpetuamente.» 3David convocou todo o Israel em Jerusalém, para trasladar a Arca do Senhor para o lugar que lhe tinha preparado. 4Reuniu também os filhos de Aarão e os levitas. 5Dos filhos de Queat: o chefe Uriel e seus irmãos, cento e vinte; 6dos filhos de Merari: o chefe Asaías e seus irmãos, duzentos e vinte; 7dos filhos de Gérson: o chefe Joel e seus irmãos, cento e trinta; 8dos filhos de Elisafan: o chefe Chemaías e seus irmãos, duzentos; 9dos filhos de Hebron: o chefe Eliel e seus irmãos, oitenta; 10dos filhos de Uziel: o chefe Aminadab e seus irmãos, cento e doze.
11David chamou Sadoc e Abiatar e os levitas Uriel, Asaías, Joel, Chemaías, Eliel e Aminadab, 12e disse-lhes: «Vós sois os chefes das famílias levíticas; santificai-vos, juntamente com os vossos irmãos, e levai a Arca do Senhor, Deus de Israel, ao lugar que lhe preparei. 13Por não estardes presentes da primeira vez, o Senhor nosso Deus feriu-nos, pois não a fomos buscar consoante manda a Lei.»
14Os sacerdotes e os levitas santificaram-se, portanto, para transportar a Arca do Senhor, Deus de Israel. 15E os filhos de Levi, como Moisés ordenara, segundo a palavra do Senhor, conduziram a Arca de Deus aos ombros, por meio de varais. 16David disse aos chefes dos levitas que escolhessem, entre os seus irmãos, cantores com instrumentos de música – cítaras, harpas e címbalos – em sinal de regozijo. 17Os levitas escolheram Heman, filho de Joel, e entre os seus irmãos Asaf, filho de Baraquias, e entre os filhos de Merari, seus irmãos, Etan, filho de Cuchaías, 18e, com eles, os seus irmãos da segunda ordem, Zacarias, Aziel, Chemiramot, Jeiel, Uno, Eliab, Benaías, Massaías, Matatias, Elifeleu, Miqueneias, Obededom e Jeiel, porteiros. 19Os cantores Heman, Asaf e Etan tocavam címbalos de bronze. 20Zacarias, Aziel, Chemiramot, Jaiel, Uni, Eliab, Massaías e Benaías tocavam cítaras para vozes altas. 21Matatias, Elifeleu, Miqueneias, Obededom, Jeiel e Azazias tocavam harpas na oitava inferior, para conduzir o canto. 22Cananias, chefe dos levitas, dirigia o canto, pois em tal era entendido. 23Baraquias e Elcana faziam de porteiros junto da Arca. 24Os sacerdotes Chebanias, Josafat, Natanael, Amassai, Zacarias, Benaías e Eliézer tocavam trombetas diante da Arca de Deus. Obededom e Jeías eram porteiros junto da Arca.
A Arca é levada para Jerusalém 25David, os anciãos de Israel e os chefes de milhares foram buscar a Arca da aliança do Senhor a casa de Obededom, com grande júbilo. 26E, como Deus assistia os levitas que transportavam a Arca da aliança do Senhor, foram sacrificados sete touros e sete carneiros.
27David estava revestido de uma túnica de linho fino, assim como todos os levitas que transportavam a Arca, os cantores e Cananias, que dirigia a música entre os cantores. David estava também revestido de uma faixa votiva de linho. 28Todo o Israel, ao transportar a Arca da aliança do Senhor, soltava brados de júbilo ao som das trombetas, trompas, címbalos, cítaras e harpas.
29Quando a Arca da aliança do Senhor entrou na cidade de David, Mical, filha de Saul, que olhava pela janela, viu o rei que dançava e ria, e desprezou-o no seu coração.
A Arca no tabernáculo (2 Sm 6,17-19) – 1Conduziram, pois, a Arca de Deus e colocaram-na no meio da tenda que David tinha levantado, e ofereceram na presença de Deus holocaustos e sacrifícios de comunhão. 2Depois da oferta dos holocaustos e sacrifícios de comunhão, David abençoou o povo em nome do Senhor. 3Depois distribuiu a todos os israelitas, homens e mulheres, um pão, um pedaço de carne e um bolo de passas de uvas a cada um.
4David colocou diante da Arca do Senhor levitas encarregados do serviço, a fim de invocarem, celebrarem e louvarem o Senhor, Deus de Israel. 5Eram eles: Asaf, o chefe; Zacarias, o segundo depois dele; logo a seguir, Aziel, Chemiramot, Jeiel, Matatias, Eliab, Benaías, Obededom; Jaiel estava encarregado das harpas e das cítaras, enquanto Asaf fazia vibrar os címbalos. 6Os sacerdotes Benaías e Jaziel tocavam continuamente a trombeta diante da Arca da aliança de Deus.
Cântico de David (Sl 96; 105; 106) – 7Naquele dia, David encarregou Asaf e os seus irmãos de cantarem este cântico em louvor do Senhor:
8«Louvai o Senhor, aclamai o seu nome,
anunciai entre os povos as suas obras.
9Cantai-lhe hinos e salmos,
proclamai todas as suas maravilhas.
10Gloriai-vos no seu nome santo,
alegre-se o coração dos que procuram o Senhor!
11Recorrei ao Senhor e ao seu poder,
buscai sempre a sua face.
12Recordai as maravilhas que Ele fez,
os seus prodígios e as sentenças da sua boca,
13ó descendentes de Israel, seu servo,
filhos de Jacob, seu escolhido!
14É Ele o Senhor nosso Deus,
e governa sobre toda a terra.
15Recordai sempre a sua aliança,
e a promessa que jurou manter por mil gerações,
16o pacto que estabeleceu com Abraão,
o juramento que fez a Isaac.
17Confirmou-o como um preceito para Jacob,
como aliança eterna para Israel,
18dizendo: ‘Eu te darei a terra de Canaã,
como a parte que vos cabe em herança.’
19Vós éreis, então, um pequeno número,
uma minoria de estrangeiros no país,
20emigrando de nação em nação,
e passando de um reino a outro.
21Ele não permitiu que ninguém os oprimisse
e castigou reis por causa deles:
22 ‘Não toqueis nos meus ungidos,
não maltrateis os meus profetas!’
23Cantai ao Senhor, terra inteira,
proclamai, dia após dia, a sua salvação.
24Anunciai aos pagãos a sua glória
e as suas maravilhas a todos os povos.
25Pois o Senhor é grande, digno de todo o louvor,
e mais temível que todos os deuses.
26Todos os deuses dos pagãos são apenas ídolos,
mas o Senhor criou os céus.
27Na sua presença há majestade e esplendor,
poder e magnificência no seu santuário.
28Ó famílias dos povos, dai ao Senhor,
dai ao Senhor glória e honra,
29dai ao Senhor a glória do seu nome.
Trazei oferendas, vinde à sua presença,
prostrai-vos perante o Senhor com vestes sagradas.
30Trema diante dele a terra inteira!
Pois a terra está firme, não vacila.
31Alegrem-se os céus e rejubile a terra;
proclamai entre as nações: ‘O Senhor é rei!’
32Ressoe o mar e tudo o que ele contém,
alegrem-se os campos e tudo o que neles existe.
33Exultem as árvores da floresta
diante do Senhor que vem,
que vem para governar a terra.
34Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
pois é eterno o seu amor!
35Dizei: ‘Salva-nos, ó Deus nosso salvador!
Reúne-nos e liberta-nos de entre os pagãos,
para darmos graças ao teu santo nome,
e celebrarmos os teus louvores.’
36Bendito seja o Senhor, Deus de Israel,
pelos séculos dos séculos.»
E todo o povo disse: «Ámen!»
E louvou o Senhor.
Organização do culto – 37David deixou ali, diante da Arca da aliança do Senhor, Asaf e os seus irmãos para continuamente servirem diante da Arca, segundo o seu dever de cada dia, 38e também Obededom, filho de Jedutun, Hossa e seus irmãos, em número de sessenta e oito, como porteiros. 39David deixou igualmente o sacerdote Sadoc e os sacerdotes seus irmãos diante do tabernáculo do Senhor, no lugar alto de Guibeon, 40para oferecerem holocaustos ao Senhor no altar dos holocaustos, continuamente, de manhã e à tarde, e cumprir tudo o que está escrito na Lei que o Senhor deu a Israel. 41Com eles estavam Heman, Jedutun e os outros que foram escolhidos e designados pelos seus nomes para louvar o Senhor, pois o seu amor é eterno. 42Tinham consigo trombetas e címbalos para tocar, e instrumentos para entoar os cânticos de Deus. Os filhos de Jedutun estavam encarregados da guarda da porta. 43Depois, todo o povo regressou às suas casas e David voltou para abençoar a sua casa.
A promessa de Deus (2 Sm 7,1-29) – 1Quando David se instalou no seu palácio disse ao profeta Natan: «Eis que habito num palácio de cedro, e a Arca da aliança do Senhor está debaixo de uma tenda.» 2Natan respondeu: «Faz o que o teu coração te inspirar, porque Deus está contigo.» 3Mas na noite seguinte a palavra de Deus foi dirigida a Natan nestes termos: 4Vai e diz a David, meu servo: Isto diz o Senhor:
‘Não és tu que me construirás a casa em que habitarei. 5Nunca habitei em casa fixa, desde o dia em que tirei Israel do Egipto até hoje, mas tenho andado de tenda em tenda, de morada em morada. 6Durante todo o tempo em que viajei com todo o Israel, jamais pus esta questão a qualquer dos juízes de Israel, aos quais encarregara de apascentar o meu povo, dizendo: Porque não me edificais uma casa de cedro?’7Agora dirás ao meu servo David: Isto diz o Senhor do universo: ‘Tirei-te dos campos de pastagens e do pastoreio das ovelhas para seres o chefe do meu povo de Israel; 8andei contigo em todos os teus caminhos, exterminei diante de ti os teus inimigos e dei-te um nome igual ao dos grandes da terra. 9Dei um lugar de habitação ao meu povo de Israel; fixei-o. Ele está estabelecido, jamais será removido e os iníquos jamais o oprimirão como outrora, 10como no dia em que estabeleci juízes sobre Israel, meu povo. Humilhei todos os teus inimigos, e anuncio-te que o Senhor edificará para ti uma casa.
11Quando se acabarem os teus dias e te tiveres juntado aos teus pais, elevarei um teu descendente, depois de ti, de entre os teus filhos, e tornarei firme a sua realeza. 12Será ele quem me construirá uma casa e firmarei o seu trono para sempre. 13Serei para ele um pai e ele será para mim um filho, e jamais retirarei o meu favor como o retirei àquele que te precedeu. 14Eu o estabelecerei na minha casa e no meu reino para sempre, e o seu trono será firme por todos os séculos.’» 15Natan transmitiu a David todas estas palavras e toda esta visão.
Oração de David (2 Sm 7,18-29) – 16Então David apresentou-se diante do Senhor e disse:
«Quem sou eu, Senhor Deus, e que é a minha casa, para que me faças chegar aonde estou? 17E todavia, ó Deus, isto é pouco aos teus olhos! Falaste da casa do teu servo para os tempos longínquos, e olhaste para mim, ó Senhor Deus, como para um homem de alta dignidade!18Que mais te poderia dizer David sobre a honra que fazes ao teu servo? Tu conheces o teu servo. 19Senhor, é por causa do teu servo e segundo o impulso do teu coração que executaste todas estas grandes coisas para lhas revelar.
20Senhor, ninguém é semelhante a ti, não há outro deus como Tu, conforme ouvimos dizer com os nossos ouvidos. 21Haverá sobre a terra uma só nação comparável ao teu povo de Israel, cujo deus a tenha resgatado para fazer dela o seu povo, como o fizeste, ao impores a glória do teu nome à força de prodígios espantosos, e ao expulsares as nações diante do teu povo, que libertaste do Egipto? 22Fizeste de Israel o teu povo para sempre e Tu, Senhor, tornaste-te o seu Deus.
23E agora, Senhor, possa subsistir eternamente a palavra que pronunciaste acerca do teu servo e da sua casa! Faz como disseste. 24Que ela se realize para sempre, e então o teu nome será eternamente exaltado, e dir-se-á: ‘O Senhor do universo, Deus de Israel, é na verdade um Deus para Israel.’ E que seja firme, diante de ti, a casa do teu servo David, 25porque Tu mesmo, ó meu Deus, revelaste ao teu servo que lhe construirás uma casa. Por isso o teu servo ousou dirigir-te esta prece. 26Agora, Senhor, Tu és Deus e prometeste esta graça ao teu servo.27Digna-te, portanto, abençoar a casa do teu servo para que subsista para sempre diante de ti; porque Tu, Senhor, a abençoaste e bendita será para sempre.»
Campanhas militares de David (2 Sm 8,1-14) – 1Depois disto, David derrotou os filisteus e submeteu-os, arrebatando das suas mãos Gat e as cidades anexas. 2Derrotou também os moabitas, que se tornaram seus vassalos e lhe pagaram tributo. 3David derrotou também a Hadad-Ézer, rei de Soba, em Hamat, quando ele se encaminhava para estabelecer o seu domínio sobre as margens do Eufrates. 4David apreendeu-lhe mil carros, sete mil cavaleiros e vinte mil soldados de infantaria. Cortou os jarretes de todos os cavalos de tiro, e conservando apenas cem.5Os arameus de Damasco vieram em auxílio de Hadad-Ézer, rei de Soba, mas David matou-lhes vinte e dois mil homens. 6E pôs guarnições em Aram de Damasco, e os arameus tornaram-se seus vassalos e pagaram-lhe tributo. O Senhor protegia-o em todas as suas empresas.7David apoderou-se dos escudos de ouro pertencentes aos servos de Hadad-Ézer e transportou-os para Jerusalém. 8Também se apoderou de grande quantidade de bronze, em Tibeat e em Cun, cidades de Hadad-Ézer. Com ele fez Salomão o mar de bronze, as colunas e os utensílios de bronze. 9Toú, rei de Hamat, soube que David desbaratara todo o exército de Hadad-Ézer, rei de Soba, 10e enviou-lhe Hadoram, seu filho, para o saudar e felicitar por ter atacado e vencido Hadad-Ézer, pois Toú estava em contínua guerra com Hadad-Ézer. Enviou-lhe também toda a espécie de objectos de ouro, de prata e de bronze. 11O rei David consagrou-os ao Senhor com o ouro e a prata que tomara a todos os povos, a Edom, a Moab, aos amonitas, aos filisteus e a Amalec. 12Abisai, filho de Seruia, derrotou dezoito mil idumeus no vale do Sal. 13Pôs guarnições em Edom, e todo o Edom ficou sujeito a David. O Senhor protegia David em todas as suas empresas.
Administração do reino (27,32-34) – 14David reinou sobre todo o Israel, julgando e fazendo justiça a todo o povo. 15Joab, filho de Seruia, comandava o exército; Josafat, filho de Ailud, era arquivista; 16Sadoc, filho de Aitub, e Abimélec, filho de Abiatar, eram sacerdotes; Chávecha era escriba; 17Benaías, filho de Joiadá, era chefe dos cretenses e dos peleteus, e os filhos de David eram os primeiros ao lado do rei.
Guerra contra os amonitas e seus aliados (2 Sm 10,1-19) – 1Depois disto, Naás, rei dos amonitas, morreu e sucedeu-lhe seu filho. 2David disse: «Vou mostrar a minha benevolência a Hanun, filho de Naás, porque o seu pai foi benévolo comigo.»
David enviou-lhe mensageiros para o consolarem pela morte de seu pai. Mas quando os servos de David chegaram à terra dos amonitas para consolarem Hanun, 3os chefes dos amonitas disseram: «Pensas que é para honrar a morte de teu pai que David te enviou consoladores? Não será antes para reconhecer o teu país, explorá-lo e destruí-lo que os seus servos vieram à tua casa?»
4Hanun, então, prendeu os servos de David, rapou-lhes a barba, e cortou-lhes as vestes até à altura das coxas; depois, despediu-os. 5David, informado do que acontecera a estes homens, enviou gente ao seu encontro, pois estavam sumamente envergonhados, e ordenou-lhes: «Ficai em Jericó até que a vossa barba cresça; depois voltai.»
6Os amonitas notaram que se tinham tornado odiosos a David. Então Hanun e os filhos de Amon enviaram mil talentos de prata para contratar carros e cavaleiros arameus da Mesopotâmia, de Maacá e de Soba. 7Contrataram trinta e dois mil carros, assim como o rei de Maacá com o seu exército, que acampou perto de Madabá. Os amonitas reuniram-se nas suas cidades e saíram para combater. 8David soube-o e mandou sair Joab com todo o exército de homens valentes. 9Os amonitas saíram em ordem de batalha, à porta da cidade. Os reis que tinham chegado tomaram posição à parte, no campo. 10Vendo Joab que o ataque contra ele havia sido disposto pela frente e pela retaguarda, escolheu os mais valentes de Israel e marchou contra os arameus. 11Colocou o resto do povo sob o comando do seu irmão Abisai, para fazer frente aos amonitas. 12E disse: «Se os arameus prevalecerem contra mim, tu virás em meu socorro; se os amonitas te levarem de vencida, eu irei socorrer-te. 13Sê forte e combate valorosamente pelo nosso povo e pelas cidades do nosso Deus, e que o Senhor faça o que lhe parecer bem.»14Joab avançou, pois, com o exército que o acompanhava, ao encontro dos arameus para travar combate, e estes fugiram diante deles. 15Os amonitas, vendo os arameus fugir, fugiram também diante de Abisai, irmão de Joab, e entraram na sua cidade. Então, Joab voltou para Jerusalém.
16Vendo-se derrotados por Israel, os arameus enviaram mensageiros para fazer vir os arameus que estavam do outro lado do rio; Chofac, comandante do exército de Hadad-Ézer, estava à frente deles.
17Logo que David o soube, reuniu todo o Israel, atravessou o Jordão, marchou contra eles e preparou-se para os atacar. Colocou o seu exército em ordem de batalha contra os arameus. 18Estes começaram o combate contra ele, mas fugiram diante de Israel, e David matou-lhes sete mil homens dos carros e quarenta mil soldados de infantaria. Matou também Chofac, comandante do exército. 19Os homens de Hadad-Ézer, vendo-se vencidos por Israel, fizeram a paz com David e submeteram-se.
E os arameus não voltaram mais a prestar auxílio aos amonitas.
David conquista Rabá (2 Sm 12,26-31) – 1No ano seguinte, no tempo em que os reis costumavam sair para a guerra, Joab, à frente de um poderoso exército, devastou o país dos amonitas e sitiou Rabá. Mas David permaneceu em Jerusalém. Joab conquistou Rabá e destruiu-a.2David retirou a coroa da cabeça de Milcom; ela pesava um talento de ouro e tinha uma pedra preciosa. David colocou-a na sua cabeça. Levou também muitos despojos da cidade. 3Quanto ao povo que lá se encontrava, deportou-o e pô-lo a trabalhar com serras, picaretas de ferro e machados. Fez o mesmo com todas as cidades dos amonitas e regressou a Jerusalém com todo o seu exército.
Vitória final sobre os filisteus(2 Sm 21,18-22) – 4Depois disto, houve uma guerra em Guézer contra os filisteus. Então Sibecai, o huchaíta, matou Sipai, descendente de Rafa, e os filisteus foram submetidos. 5Houve também outra guerra com os filisteus e El-Hanan, filho de Jair, matou Lami, irmão de Golias, de Gat, o qual tinha uma lança cujo cabo parecia um rolo de tear.
6Houve, além disso, outra guerra em Gat, na qual se encontrou um homem de grande estatura, que tinha seis dedos em cada mão e em cada pé, ao todo vinte e quatro, também descendente de Rafa. 7Provocou Israel; e Jónatas, filho de Chimeá, irmão de David, matou-o. 8Estes homens eram filhos de Rafa, em Gat, e pereceram pelas mãos de David e dos seus servos.
Recenseamento do povo (2 Sm 24,1-9) – 1Satan levantou-se contra Israel e incitou David a fazer o recenseamento de Israel. 2David disse a Joab e aos chefes do povo: «Ide fazer o recenseamento de Israel desde Bercheba até Dan, e trazei-mo para que eu saiba o seu número.»3Joab respondeu: «O Senhor multiplique o seu povo cem vezes mais! Não são todos eles, ó rei meu senhor, os servos do meu senhor? Para que exige agora isto o meu senhor? Porque pretende uma coisa que será imputada como pecado a Israel?» 4Mas o rei persistiu na ordem que dera a Joab. Joab partiu e, depois de percorrer todo o Israel, regressou a Jerusalém. 5E entregou a David a lista do recenseamento do povo. Havia em todo o Israel um milhão e cem mil homens aptos para a guerra e, em Judá, quatrocentos e setenta mil. 6Não fez o recenseamento da tribo de Levi nem da de Benjamim, porque Joab abominava a ordem do rei.
Deus castiga David (2 Sm 24,10-17) – 7Deus não viu isto com bons olhos e feriu Israel. 8David disse a Deus: «Pequei gravemente, ao agir desta maneira. Agora digna-te perdoar a iniquidade do teu servo, pois agi como um insensato.» 9Então o Senhor dirigiu-se a Gad, vidente de David, nestes termos: 10«Vai dizer a David: Isto diz o Senhor: ‘Proponho-te três coisas; escolhe uma delas, aquela que quiseres que Eu te faça’.»
11Gad foi ao encontro de David e disse-lhe: «Isto diz o Senhor: 12 ‘Escolhe ou três anos de fome, ou três meses durante os quais fugirás dos teus inimigos e serás atingido pela sua espada, ou, durante três dias, a espada do Senhor e a peste, e o anjo do Senhor devastando todo o território de Israel.’ Vê, pois, que resposta devo dar àquele que me enviou.» 13David respondeu: «Estou numa cruel angústia; mas é melhor cair nas mãos do Senhor, pois é imensa a sua misericórdia, do que cair nas mãos dos homens!»
14E o Senhor mandou a peste a Israel, e morreram setenta mil homens. 15Deus enviou um anjo a Jerusalém para a destruir. Quando ele a destruía, o Senhor olhou e compadeceu-se deste mal e disse ao anjo destruidor: «Basta! Retira a tua mão.»
Ora o anjo do Senhor achava-se perto da eira de Ornan, o jebuseu. 16David levantou os olhos e viu o anjo do Senhor que estava entre o céu e a terra, com uma espada desembainhada na mão, dirigida contra Jerusalém. Então, David e os anciãos, vestidos de saco, prostraram-se com o rosto por terra.
David constrói um altar ao Senhor (2 Sm 24,18-25; 2 Cr 7,1-11) – 17E David disse a Deus: «Não fui eu que mandei fazer o recenseamento do povo? Fui eu que pequei e fiz esse mal. Mas essas ovelhas, que fizeram elas? Senhor, meu Deus, que a tua mão caia, pois, sobre mim e a casa do meu pai, mas não sobre o teu povo.» 18O anjo do Senhor mandou Gad dizer a David que subisse para levantar um altar ao Senhor na eira de Ornan, o jebuseu. 19David subiu, de acordo com a ordem dada por Gad em nome do Senhor. 20Ornan voltou-se e viu o anjo, e escondeu-se com os seus quatro filhos. Estava nesse momento a debulhar o trigo. 21Quando David chegou perto de Ornan, este olhou e viu David e, saindo da eira, prostrou-se diante de David com o rosto por terra.
22David disse-lhe: «Cede-me o terreno da tua eira para eu erigir nela um altar ao Senhor; cede-mo pelo seu valor em dinheiro, para que o flagelo se retire de cima do povo.» 23Ornan respondeu: «Toma-o, e que o meu senhor, o rei, faça o que lhe parecer melhor. Vê: dou-te os bois para o holocausto, as grades para a lenha e o trigo para a oblação; dou-te tudo!» 24Mas David respondeu-lhe: «Quero comprá-lo a dinheiro pelo seu justo valor; não tomarei o que te pertence para dar ao Senhor e não oferecerei um holocausto que nada me custe.»
25David deu a Ornan seiscentos ciclos de ouro pelo terreno. 26E edificou ali um altar ao Senhor. Ofereceu holocaustos e sacrifícios de comunhão. Invocou o Senhor e o Senhor respondeu-lhe por meio do fogo que desceu do céu sobre o altar do holocausto.
27Então, o Senhor ordenou ao anjo que metesse a espada na bainha. 28Imediatamente, David, vendo que o Senhor ouvira a sua oração na eira de Ornan, o jebuseu, ofereceu ali sacrifícios. 29O tabernáculo do Senhor, que Moisés construíra no deserto, e o altar dos holocaustos encontravam-se nesse tempo no lugar alto de Guibeon. 30Mas David não pôde dirigir-se a esse altar para rogar a Deus, porque ficara aterrado ao ver a espada do anjo do Senhor.
1E David disse: «Esta será a casa do Senhor Deus e aqui estará o altar dos holocaustos para Israel.»
Preparativos para a construção do templo (29,1-9; 1 Rs 5,27-32) – 2David mandou juntar os estrangeiros que viviam no país de Israel, e encarregou os canteiros de trabalharem as pedras que deviam servir para a construção da casa de Deus. 3Preparou também ferro em abundância, tanto para os pregos dos batentes das portas como para travar as juntas, uma enorme quantidade de bronze 4e de madeira de cedro sem conta, que os habitantes de Sídon e de Tiro tinham trazido a David.
5David dizia: «Meu filho Salomão é ainda jovem e fraco, e a casa que há-de construir ao Senhor deve ser, pela grandeza, pela magnificência e pela beleza, célebre em todas as nações. Eu próprio vou fazer os preparativos.» Por isso, antes de morrer, fez grandes preparativos.
David encarrega Salomão de construir o templo – 6Depois, chamou Salomão, seu filho, e ordenou-lhe que construísse um templo ao Senhor, Deus de Israel. 7Disse-lhe:
«Meu filho, eu estava decidido a construir uma casa ao nome do Senhor, meu Deus. 8Mas a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: ‘Tu derramaste muito sangue e fizeste grandes guerras. Não construirás uma casa ao meu nome, pois derramaste, diante de mim, muito sangue sobre a terra. 9Nascer-te-á um filho que será um homem pacífico; dar-lhe-ei paz com todos os seus inimigos ao redor. O seu nome será Salomão e, nos seus dias, darei paz e calma a Israel. 10Ele edificará uma casa ao meu nome, será para mim um filho e Eu serei para ele um pai. Firmarei para sempre o trono da sua realeza sobre Israel.’ 11Portanto, que o Senhor esteja contigo, meu filho, para que prosperes e construas o templo do Senhor, teu Deus, segundo o que Ele disse de ti. 12Que o Senhor se digne conceder-te sabedoria e inteligência, quando te fizer reinar sobre Israel, para que observes a Lei do Senhor, teu Deus. 13Então, prosperarás, se te aplicares à observância das leis e dos mandamentos que o Senhor prescreveu a Moisés, para Israel. Sê forte e corajoso, não temas nem te amedrontes.
14Eu, com os meus esforços, preparei para a casa do Senhor cem mil talentos de ouro, um milhão de talentos de prata, e bronze e ferro em tal quantidade que não se poderia pesar; preparei também madeira e pedra; e tu ainda acrescentarás mais. 15Tens ao teu dispor uma multidão de operários: pedreiros, carpinteiros e artífices hábeis em toda a espécie de ofícios. 16O ouro, a prata, o bronze e o ferro existem em número incalculável. Vamos ao trabalho, e que o Senhor esteja contigo!»
17Ao mesmo tempo, David ordenou a todos os chefes de Israel que ajudassem seu filho Salomão. 18Disse-lhes ele: «Não está convosco o Senhor, vosso Deus, e não vos assegurou Ele a paz em todas as vossas fronteiras? Com efeito, Ele entregou nas minhas mãos os habitantes do país, actualmente sujeitos ao Senhor e ao seu povo. 19Aplicai-vos, pois, com todo o vosso coração e toda a vossa alma a buscar o Senhor vosso Deus. Construí o santuário do Senhor Deus, para trazer a Arca da aliança do Senhor e os utensílios consagrados a Deus para o templo que será edificado ao nome do Senhor.»
Funções dos levitas (24,20-31; Nm 1,50; 3,5-39) – 1David, já velho e de idade muito avançada, constituiu Salomão, seu filho, rei de Israel.2Reuniu todos os chefes de Israel, os sacerdotes e os levitas.
3Foram contados os levitas de trinta anos para cima, e o seu número, por cabeça, era de trinta e oito mil homens. 4Destes, vinte e quatro mil foram colocados à frente dos trabalhos do templo do Senhor, seis mil como escribas e juízes, 5quatro mil como porteiros e quatro mil dedicados a louvar o Senhor com os seus instrumentos musicais, que David tinha mandado fazer para esse fim.
6David distribuiu-os por classes, segundo as linhagens de Levi: Gérson, Queat e Merari.
7Dos gersonitas: Ladan e Chimei. 8Filhos de Ladan, três: o chefe Jaiel, Zetam e Joel. 9Filhos de Chimei, três: Chelomite, Haziel e Haran; estes foram os chefes das famílias de Ladan. 10Filhos de Chimei: Jaat, Zina, Jeús e Beria. Estes quatro são os filhos de Chimei: 11Jaat era o chefe, e Ziza o segundo; mas Jeús e Beria, por não terem muitos filhos, foram contados numa só classe paterna. 12Filhos de Queat, quatro: Ameram, Jiçar, Hebron e Uziel.
13Filhos de Ameram: Aarão e Moisés. Aarão foi destinado para o serviço do Santo dos Santos, com os seus filhos, perpetuamente, para queimar perfumes diante do Senhor, para o servir e para dar a benção, perpetuamente, em seu nome.
14Os filhos de Moisés, homem de Deus, foram contados na tribo de Levi. 15Filhos de Moisés: Gérson e Eliézer. 16Filho de Gérson: o chefe Chebuel. 17Os filhos de Eliézer foram: o chefe Reabias; Eliézer não teve outro filho, mas os filhos de Reabias foram muito numerosos.
18Filho de Jiçar: o chefe Chelomite. 19Filhos de Hebron: o chefe Jerias o primeiro, Amarias o segundo, Jaziel o terceiro, e Jecameam o quarto.20Filhos de Uziel: o chefe Mica e Jisias o segundo.
21Filhos de Merari: Maali e Muchi. Filhos de Maali: Eleázar e Quis. 22Eleázar morreu sem filhos; teve somente filhas, que desposaram os filhos de Quis, seus irmãos. 23Filhos de Muchi, três: Maali, Éder e Jerimot. 24Estes são os filhos de Levi, classificados por famílias, cabeças das casas paternas, segundo o censo feito por cabeças. Estavam encarregados do serviço do templo do Senhor, da idade de vinte anos para cima. 25Pois David dizia: «O Senhor, Deus de Israel, deu a paz ao seu povo; Ele habitará para sempre em Jerusalém. 26Os levitas não terão mais de transportar o tabernáculo e os utensílios do seu serviço.»
27Fez-se o recenseamento dos filhos de Levi da idade de vinte anos para cima, segundo as últimas ordens de David. 28Colocados junto dos filhos de Aarão para o serviço da casa do Senhor, tinham ao seu cuidado os átrios, as salas e a purificação de todas as coisas santas e todo o serviço do templo de Deus: 29os pães da oferenda, a flor de farinha para as oblações, os pães finos sem levedura, as tortas cozidas sobre a chapa e as tortas fritas, e todas as medidas de capacidade e de comprimento. 30Deviam apresentar-se, cada manhã e cada tarde, para louvar e celebrar o Senhor, 31e oferecer todos os holocaustos ao Senhor, nos sábados, nas festas da Lua-nova e nas solenidades, segundo o número e os ritos prescritos, diante do Senhor. 32Tinham a seu cargo a guarda da tenda da reunião, o ritual das coisas santas e o ritual dos filhos de Aarão, seus irmãos, no serviço da casa do Senhor.
As vinte e quatro classes de sacerdotes (Nm 3,2-4) – 1Eis as classes dos filhos de Aarão: Nadab, Abiú, Eleázar e Itamar. 2Nadab e Abiú morreram antes de seu pai, sem filhos; e Eleázar e Itamar exerceram as funções do sacerdócio. 3David, bem como Sadoc, da linhagem de Eleázar, e Aimélec, da linhagem de Itamar, dividiram os filhos de Aarão por classes, segundo os turnos de serviço. 4Entre os filhos de Eleázar havia mais chefes do que entre os filhos de Itamar. Foram assim distribuídos: para os filhos de Eleázar, dezasseis chefes de família, e para os filhos de Itamar oito chefes de família. 5Uns e outros foram divididos, por sortes, porque havia príncipes do santuário e príncipes de Deus, tanto entre os filhos de Eleázar como entre os filhos de Itamar. 6O escriba Chemaías, filho de Natanael, da tribo de Levi, inscreveu-os na presença do rei, dos chefes, do sacerdote Sadoc e de Aimélec, filho de Abiatar, e dos chefes de famílias sacerdotais e levíticas: sendo duas famílias sorteadas para Eleázar e, depois, uma família para Itamar.
7A primeira sorte caiu a Joiarib, a segunda a Jedaías, 8a terceira a Harim, a quarta a Seorim, 9a quinta a Malquias, a sexta a Miamin, 10a sétima a Hacós, a oitava a Abias, 11a nona a Jesua, a décima a Checanias, 12a décima primeira a Eliachib, a décima segunda a Jaquim, 13a décima terceira a Hupa, a décima quarta a Jesbab, 14a décima quinta a Bilga, a décima sexta a Imer, 15a décima sétima a Hezir, a décima oitava a Hapicés, 16a décima nona a Petaías, a vigésima a Ezequiel, 17a vigésima primeira a Jaquin, a vigésima segunda a Gamul, 18a vigésima terceira a Delaías, a vigésima quarta a Maazias. 19Assim foram classificados para os seus serviços no templo do Senhor, segundo as regras estabelecidas por Aarão, seu pai, consoante as ordens do Senhor, Deus de Israel.
Outros levitas (23,6-24) – 20Os chefes dos restantes levitas foram: para os filhos de Ameram, Chubael; dos filhos de Chubael, Jedias; 21dos filhos de Reabias, o chefe Jisias; 22para os descendentes de Jiçar, Chelomot; para os filhos de Chelomot, Jaat; 23para os filhos de Hebron, Jerias o primogénito, Amarias o segundo, Jaziel o terceiro, Jecameam o quarto; 24filhos de Uziel, Mica; filhos de Mica, Chamir; 25irmão de Mica, Jisias; filhos de Jisias, Zacarias; 26filhos de Merari, Maali e Muchi, filhos de Jaazias, seu filho; 27filhos de Merari, por Jaazias, Choame, Zacur e Ibri; 28filho de Maali, Eleázar, que não teve filhos; 29filho de Quis, Jeramiel; 30filhos de Muchi, Maali, Éder e Jerimot. Estes são os filhos dos levitas, segundo as suas casas patriarcais.
31Também eles, como os seus irmãos, os filhos de Aarão, foram tirados por sorteio, na presença do rei David, de Sadoc e Aimélec, e dos chefes da família dos sacerdotes e dos levitas, estando os mais velhos em igualdade com os mais novos.
Os vinte e quatro grupos de cantores (16,37-42) – 1David e os chefes do exército separaram, para o serviço litúrgico, os filhos de Asaf, de Heman e de Jedutun, que profetizavam ao som da harpa, da cítara e dos címbalos. Eis a lista dos homens encarregados deste serviço:
2Dos filhos de Asaf: Zacur, José, Natanias e Assarela, filhos de Asaf, sob a direcção de Asaf, que profetizava sob a orientação do rei.
3De Jedutun, os seis filhos de Jedutun: Godolias, Seri, Jesaías, Hasabias, Matatias, e Chimei, sob as ordens de seu pai Jedutun, que profetizava ao som da cítara para cantar e louvar o Senhor.
4De Heman, os filhos de Heman: Buquias, Matanias, Uziel, Chebuel, Jerimot, Hananías, Hanani, Eliatá, Guidalti, Romameti-Ézer, Josbecassá, Malóti, Hotir e Maaziot. 5Eram todos filhos de Heman, vidente do rei, para cantar os louvores de Deus e exaltar o seu poder, pois Deus tinha dado a Heman catorze filhos e três filhas. 6Todos estes estavam, sob a direcção de seu pai, encarregados do canto no templo do Senhor. Tinham címbalos, cítaras e harpas para o serviço da casa de Deus, sob as ordens do rei, de Asaf, de Jedutun e de Heman. 7O seu número, juntamente com os seus irmãos, hábeis na arte de cantar ao Senhor, foi de duzentos e oitenta e oito.
8Tiraram, por sorteio, a ordem de serviço, sem acepção de pessoas, pequenos e grandes, mestres e discípulos.
9E a primeira sorte saiu a José, que era da casa de Asaf.
A segunda a Godolias, a ele, aos seus filhos e irmãos, ao todo doze.
10A terceira a Zacur, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
11A quarta a Jiceri, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
12A quinta a Natanias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
13A sexta a Buquias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
14A sétima a Jessarela, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
15A oitava a Jesaías, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
16A nona a Matanias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
17A décima a Chemaías, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
18A décima primeira a Azarel, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
19A décima segunda a Hasabias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
20A décima terceira a Chubael, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
21A décima quarta a Matatias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
22A décima quinta a Jerimot,
a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
23A décima sexta a Hananias, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
24A décima sétima a Josbecassá, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
25A décima oitava a Hanani, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
27A vigésima a Eliatá, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.26A décima nona a Malóti, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
28A vigésima primeira a Hotir, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
29A vigésima segunda a Guidalti, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
30A vigésima terceira a Maaziot, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
31A vigésima quarta a Romameti-Ézer, a seus filhos e irmãos, ao todo doze.
Os porteiros (9,17-30) – 1Eis as classes de porteiros: dos coreítas: Meselemias, filho de Coré, dos filhos de Asaf. 2Filhos de Meselemias: Zacarias o primogénito, Jediael o segundo, Zebadias o terceiro, Jatniel o quarto, 3Elam o quinto, Joanan o sexto, Elioenai o sétimo.
4Filhos de Obededom: Chemaías o primogénito, Jozabad o segundo, Joá o terceiro, Sacar o quarto, Natanael o quinto, 5Amiel o sexto, Issacar o sétimo, Peuletai o oitavo, pois Deus tinha-o abençoado. 6Chemaías, seu filho, teve filhos que se tornaram chefes de família, pois eram homens valorosos. 7Os filhos de Chemaías foram: Oteni, Rafael, Obed, Elzabad e seus irmãos, homens valentes, Eliú e Semaquias.
8Todos eram descendentes de Obededom; os seus filhos e os seus irmãos foram homens vigorosos e qualificados para o serviço; eram ao todo sessenta e dois.
9Os filhos e irmãos de Meselemias, homens valentes, eram em número de dezoito. 10Hossa, dos filhos de Merari, tinha por filhos Chimeri, o chefe; não era o mais velho, mas seu pai fizera dele o chefe; 11Hilquias o segundo, Tebalias o terceiro, Zacarias o quarto. Os filhos e irmãos de Hossa eram treze ao todo.
12A estas classes de porteiros, aos chefes destes homens e a seus irmãos foi-lhes confiada a guarda para o serviço do templo do Senhor.13Deitaram sortes para todas as portas, pequenas e grandes, segundo as suas famílias. 14Do lado do oriente, a sorte tocou a Chelemias. Deitaram sorte a Zacarias, seu filho, sábio conselheiro, e a sorte atribuiu-lhe o lado norte. 15A Obededom e a seus filhos tocou o lado sul, onde estavam também os armazéns. 16A Chupim e Hossa coube o lado oeste com a porta Chaléquet, sobre o caminho que sobe. Estes corpos de guarda correspondiam-se uns aos outros: 17a porta do oriente estava guardada por seis levitas; a do norte por quatro, que se revezavam todos os dias; a do sul por quatro, igualmente revezados todos os dias; e quatro serviam, de dois em dois, nos armazéns. 18No Parbar, a oeste, quatro no caminho e dois nas dependências.
19Deste modo foram distribuídos os porteiros, que eram todos filhos de Coré e de Merari.
Outras funções dos levitas – 20Os levitas, seus irmãos, guardavam os tesouros do templo e os tesouros das coisas sagradas. 21Os filhos de Ladan, filhos de Gérson, descendentes de Ladan, tinham os jaielitas por chefes das famílias de Ladan, o gersonita. 22E os filhos de Jaiel, Zetam e Joel, seu irmão, guardavam os tesouros da casa do Senhor. 23De entre os ameramitas, jiçaritas, hebronitas e uzielitas, 24Chebuel, filho de Gérson, filho de Moisés, era o intendente-mor dos tesouros. 25De entre os seus irmãos, descendentes de Eliézer, cujo filho foi Reabias, seu filho Jesaías, Jorão filho deste, Zicri, filho de Jorão, e Chelomite, filho de Zicri.
26Chelomite, pois, e seus irmãos eram os administradores de todos os tesouros consagrados pelo rei David, pelos chefes das famílias, pelos chefes de milhares e de centenas e pelos chefes do exército. 27Eram despojos de guerra consagrados aos gastos do templo do Senhor. 28Ali estavam também todos os objectos consagrados por Samuel, o vidente, por Saul, filho de Quis, por Abner, filho de Ner e por Joab, filho de Seruia. Todas estas coisas estavam sob a guarda de Chelomite e seus irmãos. 29De entre os jiçaritas, estavam à frente dos serviços exteriores de Israel, como escribas e magistrados, Cananias e os seus filhos. 30Hasabias, da família de Hebron, e os seus irmãos, homens valorosos, em número de mil e setecentos, governavam o território de Israel, a oeste do Jordão, em todos os negócios religiosos e civis.
31Quanto aos hebronitas, cujo chefe era Jerias, no quadragésimo ano do reinado de David, fizeram-se pesquisas sobre as suas genealogias e as suas famílias e encontraram-se, entre eles, homens de valor, em Jazer de Guilead. 32Jerias e os seus irmãos, homens valorosos, eram em número de dois mil e setecentos chefes de família. O rei David deu-lhes autoridade sobre os rubenitas, os gaditas e a meia tribo de Manassés em todos os negócios religiosos e civis.
Organização militar – 1Os filhos de Israel que, sob as ordens dos seus chefes de famílias, chefes de milhares e de centenas e seus oficiais, serviam o rei, chegando e partindo mensalmente, formavam divisões de vinte e quatro mil homens cada uma.
2À frente da primeira divisão, durante o primeiro mês, achava-se Jachobam, filho de Zabdiel, e a sua divisão tinha vinte e quatro mil homens.3Era da linhagem de Peres e comandava todos os chefes de tropa durante o primeiro mês.
4À frente da divisão do segundo mês estava Dodai, o aoíta; Miquelot era um dos chefes desta divisão que contava vinte e quatro mil homens.
5O chefe da terceira divisão, durante o terceiro mês, era Benaías, filho do sacerdote Joiadá, e tinha a seu mando vinte e quatro mil homens.6Este Benaías era o mais valoroso dos trinta e superava-os a todos. Amizabad, seu filho, era um dos chefes desta divisão.
7Para o quarto mês, o chefe era Asael, irmão de Joab, ao qual sucedeu seu filho Zebadias. A divisão contava vinte e quatro mil homens.
8O quinto chefe, durante o quinto mês, era Chamut, o zeraíta; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
9O sexto, para o sexto mês, era Ira, filho de Iqués de Técua; tinha uma divisão de vinte e quatro mil homens.
10O sétimo, para o sétimo mês, era Heles, o pelonita, dos filhos de Efraim; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
11O oitavo, para o oitavo mês, era Sibecai, o huchaíta, da família dos zeraítas; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
12O nono, para o nono mês, era Abiézer de Anatot, dos filhos de Benjamim; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
13O décimo, para o décimo mês, era Marai de Netofa, da família dos zeraítas; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
14O décimo primeiro, para o décimo primeiro mês, era Benaías de Piraton, dos filhos de Efraim; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
15O décimo segundo, para o décimo segundo mês, era Heldai de Netofa, da família de Oteniel; a sua divisão contava vinte e quatro mil homens.
Os chefes das tribos – 16Para as tribos de Israel, o chefe dos rubenitas era Eliézer, filho de Zicri; dos simeonitas, Chefatias, filho de Maacá;17dos levitas, Hasabias, filho de Quemuel; da família de Aarão, Sadoc; 18da família de Judá, Eliú, irmão de David; da família de Issacar, Omeri, filho de Micael; 19da família de Zabulão, Jismaías, filho de Abdias; da família de Neftali, Jerimot, filho de Azeriel; 20dos filhos de Efraim, Hosaías, filho de Azazias; da meia tribo de Manassés, Joel, filho de Pedaías; 21da meia tribo de Manassés em Guilead, Jido, filho de Zacarias; de Benjamim, Jaassiel, filho de Abner; 22de Dan, Azarel, filho de Jeroam. Estes eram os chefes das tribos de Israel.
23David não fez a relação daqueles que tinham menos de vinte anos, porque o Senhor prometera multiplicar Israel como as estrelas do céu.24Joab, filho de Seruia, começara a fazer este recenseamento, mas não o terminara porque isso atraiu a ira de Deus sobre Israel e, portanto, o número dos que foram contados não foi escrito nas Crónicas do rei David.
Administração do património real – 25Azemávet, filho de Adiel, estava encarregado dos tesouros do rei; Jónatas, filho de Uzias, dos tesouros que havia nos campos, nas cidades, nas vilas e nas torres. 26Ezri, filho de Calub, era superintendente dos camponeses que cultivavam a terra; 27Chimei de Ramá, das vinhas; Zebadias, o chefamita, das adegas; 28Baal-Hanan de Guéder, das oliveiras e sicómoros de Chefela; Joás, das provisões de azeite; 29Chirtai de Saron, dos bois que pastavam em Saron; Chafat, filho de Adlai, dos bois dos vales; 30Obil, o ismaelita, dos camelos; Jedias de Meronot, das jumentas; 31Jaziz, o agareno, das ovelhas.
Eram estes os intendentes dos bens do rei David. 32Jónatas, tio de David, homem prudente e instruído, exercia a função de escriba. Jaiel, filho de Hacmoni, era educador dos filhos do rei. 33Aitofel era também conselheiro do rei, e Huchai, o erequita, era amigo do rei; 34vieram depois de Aitofel: Joiadá, filho de Benaías, e Abiatar. Joab era general do exército real.
A grande assembleia. Testamento de David (22,6-19; 1 Rs 8,16-21; 2 Cr 6,7-11) – 1David reuniu em Jerusalém todos os chefes de Israel: os chefes de tribos, os chefes de divisões ao serviço do rei, os chefes de milhares e os chefes de centenas, os intendentes de todos os bens e dos rebanhos do rei e dos seus filhos, assim como os cortesãos, os heróis e todos os soldados valentes. 2O rei David, de pé, disse-lhes:
«Escutai-me, meus irmãos e meu povo: Eu tinha intenção de construir uma casa para a Arca da aliança do Senhor e para estrado dos pés do nosso Deus, e fiz os preparativos para esta construção. 3Mas Deus disse-me: ‘Não edificarás uma casa ao meu nome, porque és guerreiro e derramaste sangue.’ 4O Senhor, Deus de Israel, escolheu-me do meio de toda a minha família para ser rei de Israel para sempre. Pois Ele escolheu Judá como chefe e, na casa de Judá, a família de meu pai e, entre os filhos de meu pai, escolheu-me a mim para reinar sobre todo o Israel. 5De entre todos os meus filhos – pois o Senhor deu-me muitos – escolheu o meu filho Salomão, para se sentar sobre o trono da realeza do Senhor e reinar sobre Israel. 6Ele disse-me: ‘É teu filho Salomão quem construirá a minha casa e os meus átrios, porque Eu escolhi-o por filho e serei para ele um pai. 7Firmarei para sempre o seu reino, se ele continuar como hoje a cumprir os meus mandamentos e as minhas ordens.’
8Agora, diante de todo o Israel, assembleia do Senhor, e na presença do nosso Deus, guardai e observai comigo todos os mandamentos do Senhor, nosso Deus, a fim de possuirdes este excelente país, deixando-o aos vossos filhos, que vos seguirão para sempre. 9E tu, Salomão, meu filho, conhece o Deus de teu pai e serve-o com um coração leal e alma generosa, pois Ele perscruta todos os corações e penetra todos os desígnios e todos os pensamentos. Se tu o procuras, Ele deixar-se-á encontrar por ti, mas se o abandonas, Ele rejeitar-te-á para sempre.10Considera, portanto, que o Senhor te escolheu para construíres uma casa que será o seu santuário. Esforça-te e leva-a a bom termo.»
David confia a Salomão os planos do templo – 11David deu a Salomão, seu filho, os planos do pórtico e das construções, das salas do tesouro, dos aposentos superiores e interiores e da sala do propiciatório; 12o plano de tudo quanto queria fazer referente aos átrios do templo do Senhor e a todas as salas ao redor; o plano para os tesouros da casa de Deus e das coisas sagradas, 13para as classes de sacerdotes e levitas, assim como para toda a organização da casa do Senhor e todos os objectos do serviço do templo do Senhor; 14o modelo dos utensílios de ouro, com o peso que cada um devia ter, e dos utensílios de prata, com o peso que cada um devia ter para cada serviço; 15os candelabros de ouro e suas lâmpadas, com a indicação do peso de cada candeeiro e de cada lâmpada; do mesmo modo para os candelabros e lâmpadas de prata, com a indicação do peso de cada candeeiro; 16o peso de ouro para as mesas dos pães da oferenda, para cada mesa, e o peso de prata para as mesas de prata; 17o modelo dos garfos, das bacias e copos de ouro puro; dos vasos de prata com o peso de cada vaso; 18o modelo do altar dos perfumes, de ouro fino, com o seu peso, e o modelo do carro dos querubins de ouro que estendem as asas para cobrir a Arca da aliança do Senhor.
19«Tudo isto – disse David – foi o Senhor que mo mostrou pela sua mão, dando-me o modelo de todas as suas obras.» 20David disse a Salomão seu filho: «Sê forte e corajoso, mete mãos à obra! Não temas nem te amedrontes, pois o Senhor Deus, meu Deus, está contigo, e não te há-de desamparar, nem te abandonará, até que acabes toda a obra para o serviço do templo do Senhor. 21Aqui tens as classes dos sacerdotes e levitas para todo o serviço do templo de Deus, e todos os homens devotados e hábeis para toda a espécie de trabalho; e os chefes e todo o povo estarão contigo para executarem as tuas ordens.»
Ofertas voluntárias para o templo – 1O rei David disse a toda a assembleia:
«Meu filho Salomão, o único que Deus escolheu, é ainda jovem e fraco e a obra é considerável, pois este palácio não se destina a um homem, mas ao Senhor Deus. 2Empenhei todos os meus esforços para a casa do meu Deus: ouro para os objectos de ouro, prata para os objectos de prata, bronze para os objectos de bronze, ferro para os objectos de ferro, madeira para os objectos de madeira, pedra e ónix e pedras polidas, pedras preciosas de diversas cores, e mármores em grande quantidade.
3Além disso, o ouro e a prata que possuo como minha propriedade, dou-os por amor à casa do meu Deus, além de tudo o que preparei para o santuário: 4três mil talentos de ouro, ouro de Ofir e sete mil talentos de prata fina para revestir as paredes das salas; 5ouro para os objectos de ouro, prata para os objectos de prata e para todo o trabalho dos artífices. Quem quer hoje oferecer espontaneamente donativos ao Senhor?»
6Os chefes das famílias, os chefes das tribos de Israel, os chefes de milhares e de centenas e os intendentes do rei fizeram donativos voluntários. 7Deram para o serviço do templo de Deus: cinco mil talentos de ouro, dez mil dáricos, dez mil talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem mil talentos de ferro. 8Aqueles que possuíam pedras preciosas deram-nas para o tesouro da casa de Deus, depositando-as nas mãos de Jaiel, o gersonita. 9O povo alegrava-se com as suas oferendas voluntárias, pois era de coração generoso que as faziam ao Senhor. O próprio rei David sentiu alegria.
Oração de David – 10David bendisse o Senhor na presença de toda a assembleia, dizendo:
«Sê bendito para todo o sempre, Senhor, Deus do nosso pai Israel! 11A ti, Senhor, a grandeza, o poder, a honra, a majestade e a glória, porque tudo te pertence no céu e na terra. A ti, Senhor, a realeza, pois estás soberanamente elevado acima de todos os seres. 12É de ti que vêm a riqueza e a glória, és Tu o Senhor de todas as coisas, na tua mão residem a força e o poder. Ela tem o poder de dar grandeza e solidez a todas as coisas. 13Por isso, ó nosso Deus, nós louvamos e celebramos o teu nome glorioso. 14Quem sou eu e quem é o meu povo para que possamos fazer-te voluntariamente estas oferendas? Tudo vem de ti e não oferecemos senão o que temos recebido da tua mão. 15Diante de ti, não passamos de estrangeiros e peregrinos como todos os nossos pais; os nossos dias sobre a terra são como a sombra, sem esperança.16Ó Senhor, nosso Deus, todas estas riquezas que preparámos para construir uma casa ao teu santo nome, recebemo-las da tua mão, a ti pertencem. 17Eu sei, meu Deus, que perscrutas os corações e amas a rectidão; por isso, é na rectidão e na espontaneidade do meu coração que te ofereço tudo isto, e é com alegria que vejo agora o teu povo aqui presente trazer-te, voluntariamente, as suas oferendas.
18Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, nossos pais, guarda para sempre no coração do teu povo estas disposições e estes sentimentos, e dirige para ti o seu coração. 19A meu filho Salomão dá um coração íntegro, para que observe os teus mandamentos, os teus preceitos e as tuas leis, e os ponha em prática e te construa esta casa da qual fiz os preparativos.»
20David disse a toda a assembleia: «Bendizei o Senhor, nosso Deus!» E toda a assembleia bendisse o Senhor, Deus de seus pais, inclinando-se e prostrando-se diante do Senhor e diante do rei.
Salomão é sagrado rei (1 Rs 1,38-40) 21No dia seguinte, imolaram vítimas ao Senhor e ofereceram em holocausto mil touros, mil carneiros e mil cordeiros, com libações e sacrifícios em grande quantidade, por todo o Israel. 22Nesse dia, comeram e beberam diante do Senhor com grande alegria. Pela segunda vez proclamaram rei a Salomão, filho de David, e ungiram-no rei diante do Senhor. Ungiram também Sadoc como Sumo-sacerdote.
23Salomão tomou posse do trono do Senhor como rei, no lugar de David seu pai; prosperou e todo o Israel lhe obedeceu. 24Todos os chefes e heróis e todos os filhos do rei David prestaram homenagem ao rei Salomão.
25O Senhor elevou Salomão ao mais alto grau de grandeza, à vista de todo o Israel, dando-lhe um reinado glorioso como nenhum rei de Israel teve antes dele.
Morte de David (1 Rs 2,10-12) – 26Assim reinou David, filho de Jessé, sobre todo o Israel. 27A duração do seu reinado sobre Israel foi de quarenta anos: sete anos em Hebron e trinta e três anos em Jerusalém.
28Morreu após uma velhice feliz, em idade muito avançada, cheio de riquezas e de glória. O seu filho Salomão sucedeu-lhe no trono.
29Os feitos do rei David, dos primeiros aos últimos, estão relatados nos Actos de Samuel, o vidente, nos Actos do profeta Natan e nos Actos do vidente Gad. 30Aí se conta o que foi o seu reinado, as suas proezas, os sucessos de que foram protagonistas ele, Israel e todos os outros reinos daquelas terras.
CRÓNICAS
Sabedoria de Salomão (1 Rs 3,5-15) – 1Salomão, filho de David, consolidou o seu reinado. O Senhor, seu Deus, estava com ele e engrandeceu-o cada vez mais. 2Salomão convocou todo o Israel, os chefes de milhares e de centenas, os juízes e todos os príncipes de todo o Israel, que eram os principais chefes de família. 3E foi com toda a assembleia ao lugar alto que havia em Guibeon, onde se encontrava a tenda da reunião com Deus, que Moisés, servo do Senhor, construíra no deserto. 4A Arca de Deus tinha já sido transportada por David de Quiriat-Iarim para o lugar que lhe tinha sido fixado, uma tenda que lhe erigira em Jerusalém. 5Aí se encontrava também, diante da morada do Senhor, o altar de bronze feito por Beçalel, filho de Uri, filho de Hur, e Salomão e a comunidade procuravam honrá-lo.
6Salomão, na presença do Senhor, subiu ao altar de bronze que está junto da tenda da reunião e ofereceu mil holocaustos. 7Nessa mesma noite, Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: «Pede! Que posso Eu dar-te?» 8Salomão respondeu a Deus:
«Tu procedeste com grande benevolência
para com meu pai David
e fizeste-me rei em lugar dele.
9Senhor Deus, ratifica, portanto,
a promessa que fizeste a meu pai David,
porque me fizeste rei de um povo
numeroso como o pó da terra.
10Concede-me, pois, a sabedoria e o conhecimento,
a fim de que eu saiba conduzir este povo;
quem, na verdade, poderá governar um povo
tão grande como o teu?»
11Deus disse a Salomão:
«Já que é esse o desejo do teu coração
e não pediste riquezas, nem tesouros,
nem glória, nem a morte dos teus inimigos,
nem uma vida longa,
antes pediste sabedoria e conhecimento,
a fim de governar o meu povo, do qual te fiz rei,
12concedo-te sabedoria e conhecimento;
além disso, dar-te-ei também riquezas,
tesouros e glórias tais
como jamais tiveram os reis antes ou depois de ti.»
13Então, descendo do lugar alto de Guibeon, da presença da tenda da reunião, Salomão regressou a Jerusalém. E reinou sobre Israel.
Riquezas de Salomão (1 Rs 10,14-29) 14Salomão acumulou carros e cavaleiros: tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, que aquartelou nas cidades onde estavam os carros e em Jerusalém, junto de si.
15O rei fez com que, em Jerusalém, a prata e o ouro fossem tão comuns como as pedras, e os cedros, tão numerosos como os sicómoros da planície da Chefela. 16Salomão importava os seus próprios cavalos do Egipto e de Qué. Uma caravana de fornecedores reais ia buscá-los a Qué, pelo preço ajustado; 17traziam do Egipto um carro por seiscentos siclos de prata, e um cavalo, por cento e cinquenta. Salomão, por sua vez, vendia-os aos reis dos hititas e dos arameus, por intermédio daqueles.
Preparativos para a construção do templo (1 Rs 5,15-32; 7,14) – 18Salomão decidiu edificar um templo ao nome do Senhor e construir um palácio para a sua realeza.
1Destinou, para isso, setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra, na montanha, e três mil e seiscentos capatazes. 2Mandou, também, dizer a Hiram, rei de Tiro: «Faz comigo o mesmo que fizeste com meu pai David, a quem enviaste cedros para ele construir um palácio para sua habitação. 3Eis que quero edificar um templo ao nome do Senhor, meu Deus, e consagrar-lho, para queimar incenso e aromas diante dele, apresentar-lhe continuamente os pães da oferenda e oferecer-lhe holocaustos de manhã e à tarde, aos sábados, nas luas-novas e nas festas do Senhor, nosso Deus; isto será uma lei para sempre em Israel. 4O templo que vou construir deve ser grande, pois o nosso Deus é maior que todos os deuses. 5Mas quem será capaz de lhe construir uma casa digna dele, se o céu e os céus dos céus não o podem conter? E quem sou eu para lhe construir uma casa, se não posso fazer outra coisa senão queimar incenso diante dele?
6Envia-me, pois, um homem experiente no trabalho do ouro, da prata, do bronze, do ferro, da púrpura, do carmim e do violeta; um homem que entenda suficientemente de escultura para dirigir os artífices de Judá e de Jerusalém que estão junto de mim e que meu pai David reuniu. 7Manda-me, também, do Líbano madeira de cedro, cipreste e sândalo, pois sei que os teus servos são peritos no corte da madeira do Líbano. Os meus servos trabalharão com os teus, 8a fim de me preparar madeira em grande quantidade, pois o templo que vou construir será grande e magnífico. 9E eis que darei aos teus servos que vão cortar as madeiras, vinte mil coros de trigo, vinte mil coros de cevada, vinte mil batos de vinho e vinte mil batos de azeite.»
10Hiram, rei de Tiro, respondeu a Salomão por escrito: «É porque ama o seu povo que o Senhor te constituiu rei sobre ele.» 11Hiram disse ainda: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que fez os céus e a terra, pois deu ao rei David um filho sábio, inteligente e prudente, que vai construir um templo ao Senhor e um palácio para a sua realeza. 12Envio-te, portanto, um homem hábil e entendido, Huram-Abi, 13filho de uma mulher da tribo de Dan e de um pai de Tiro. Sabe trabalhar o ouro, a prata, o bronze, o ferro, a pedra, a madeira, a púrpura escarlate e violeta, o linho fino e o carmim; sabe fazer toda a espécie de esculturas e elaborar qualquer plano que se lhe confie. Trabalhará com os teus artífices e com os do meu senhor David, teu pai. 14Otrigo, a cevada, o azeite e o vinho de que falou o meu senhor, mande-os aos seus servos. 15Nós cortaremos a madeira do Líbano, tanta quanta precisares, e enviar-ta-emos por mar, em jangadas até Jafa; tu a levarás para Jerusalém.»
16Salomão fez o recenseamento de todos os estrangeiros que habitavam no território de Israel, depois da contagem feita antes por seu pai David; e contaram-se cento e cinquenta e três mil e seiscentos. 17De entre eles, designou setenta mil carregadores, oitenta mil cortadores de pedra na montanha e três mil e seiscentos capatazes para vigiarem os trabalhadores.
Construção do templo (1 Rs 6; 7,15-22) – 1Salomão começou, pois, a construção do templo do Senhor, em Jerusalém, no monte Moriá, onde o Senhor tinha aparecido a David, seu pai, no lugar por este preparado na eira de Ornan, o jebuseu. 2Começou a edificá-lo no segundo mês, no quarto ano do seu reinado. 3Os alicerces feitos por Salomão para a construção do templo de Deus tinham sessenta côvados de comprimento, segundo a antiga medida, e vinte côvados de largura. 4comprimento do pórtico, que se achava no frontispício, e que correspondia à largura do templo, tinha vinte côvados e uma altura de cento e vinte côvados. Salomão revestiu-o por dentro de ouro puro. 5A sala grande foi forrada com madeira de cipreste, guarnecida de ouro puro, e com palmeiras e pequenas correntes esculpidas. 6Adornou esta sala com pedras preciosas. O ouro era ouro de Parvaim.
7O rei revestiu a sala de ouro: as traves, os umbrais, as paredes e as portas. Mandou também esculpir querubins nas paredes.8Construiu, igualmente, a sala do Santo dos Santos cujo comprimento, no sentido da largura do templo, era de vinte côvados e a largura de vinte côvados. O valor do ouro fino de que o revestiu era de seiscentos talentos. 9Até os pregos eram de ouro e pesavam cinquenta siclos cada um. Revestiu igualmente os tectos de ouro.
Os querubins (Ex 25,18-22; 37,7-9; 1 Rs 6,23-38) – 10Mandou esculpir dois querubins, revestidos de ouro, para o interior do Santo dos Santos. 11O comprimento das suas asas era de vinte côvados: uma asa, com cinco côvados, tocava a parede do templo; a outra asa, com cinco côvados, tocava a asa do outro querubim. 12Da mesma forma, a asa do segundo querubim, com cinco côvados, tocava na parede, e a outra asa, com cinco côvados, tocava na asa do primeiro. 13Assim, as asas dos querubins estendiam-se por vinte côvados: estavam de pé, com o rosto voltado para o interior do templo.
14O rei mandou fazer um véu de púrpura, violeta, carmim e linho fino, bordado com querubins.
15Diante do templo, levantou duas colunas: tinham trinta e cinco côvados de altura, cada uma com um capitel de cinco côvados no alto. 16Fez pequenas correntes, como as do santuário, colocadas nos capitéis das colunas, nas quais estavam entrelaçadas cem romãs. 17Levantou as colunas, uma à direita e outra à esquerda da fachada do templo: chamou Jaquin à da direita e Booz à da esquerda.
1Construiu, também, um altar de bronze com vinte côvados de comprimento, vinte de largura e dez de altura.
2Também fez um mar de bronze, completamente redondo, com dez côvados de diâmetro; tinha cinco côvados de altura; e um cordão de trinta côvados em toda a volta. 3Havia figuras de bois, a toda a volta, abaixo do bordo, dez por côvado; elas rodeavam completamente o mar. Estes bois, em duas fileiras, tinham sido fundidos numa só peça com o mar. 4O mar assentava sobre doze bois: três olhavam para norte, três para ocidente, três para sul, três para oriente. O mar assentava sobre eles, e as suas partes traseiras ficavam voltadas para dentro. 5A espessura do mar era de uma mão e o seu rebordo era trabalhado como o de uma taça em forma de flor de lis; a sua capacidade era de três mil batos.
6Salomão fez também dez bacias, cinco das quais foram colocadas à direita e cinco à esquerda, para as abluções. Nelas se lavava tudo o que se utilizava para os holocaustos; e o mar de bronze servia para as abluções dos sacerdotes.
7Fez igualmente dez candelabros de ouro, de acordo com o modelo prescrito, e colocou-os no templo, cinco à direita e cinco à esquerda.
8Além disso, fez dez mesas que foram colocadas no templo, cinco à direita e cinco à esquerda; fez também cem vasos de ouro.
9Fez o átrio dos sacerdotes e a grande esplanada com portas recobertas de bronze. 10Colocou o mar de bronze do lado direito, a sudeste.
11Huram fabricou as caldeiras, as pás e as bacias da aspersão, terminando desta maneira todos os trabalhos que o rei Salomão lhe mandara fazer no templo de Deus, 12a saber: duas colunas, as correntes, os dois capitéis no alto das colunas, os dois frisos que cobriam os capitéis, com as correntes sobrepostas às colunas, 13as quatrocentas romãs para os dois frisos, duas fileiras para cada friso, para cobrirem as correntes dos capitéis no alto das colunas. 14Fez também pedestais e as bacias assentes sobre eles; 15o mar de bronze com os doze bois que o sustentavam; 16as caldeiras, as pás e as forquilhas e todos os seus acessórios. Huram-Abi fez isto em bronze polido, para o templo do Senhor, por ordem do rei Salomão.
17O rei mandou-os fundir na planície do Jordão, numa terra argilosa, entre Sucot e Sereda. 18Todos os objectos foram fabricados em tal quantidade que o peso do bronze não se podia avaliar.
19Salomão fez ainda todos estes utensílios para a casa de Deus: o altar de ouro, as mesas sobre as quais se poisavam os pães da oferenda, 20os candelabros, em ouro fino, com as suas lâmpadas, que deviam estar acesas diante do lugar santíssimo, como estava determinado; 21as flores, as lâmpadas, as tenazes, em ouro fino; 22as facas, as bacias de aspersão, as colheres e os cinzeiros, em ouro fino. A entrada do templo, as portas interiores que dão para o Santo dos Santos e as portas que abrem para a sala grande eram também em ouro fino.
Trasladação da Arca (2 Sm 6,12-19; 1 Rs 8,1-9) – 1Desta forma, Salomão terminou as obras que mandara realizar no templo do Senhor. Fez, então, transportar para o templo tudo o que seu pai David tinha consagrado: a prata, o ouro e todos os utensílios, guardando tudo nos tesouros da casa de Deus. 2Salomão convocou para Jerusalém os anciãos de Israel, os chefes das tribos e os chefes das famílias israelitas para se trasladar da cidade de David, que é Sião, a Arca da aliança do Senhor. 3Todos os israelitas se reuniram junto do rei, no dia da festa. Era o sétimo mês.
4Chegados todos os anciãos de Israel, os levitas levaram a Arca, 5juntamente com a tenda da reunião e todos os utensílios sagrados que nela se encontravam. Os sacerdotes e os levitas é que os transportaram. 6O rei Salomão, todo o Israel e quantos se tinham reunido diante da Arca imolaram ovelhas e bois em número que não se podia avaliar. 7Os sacerdotes colocaram a Arca da aliança do Senhor no seu lugar, isto é, no santuário do templo, no Santo dos Santos, sob as asas dos querubins.
8Os querubins estendiam as asas sobre o lugar da Arca e cobriam-na, assim como aos seus varais. 9Estes eram muito compridos, de tal modo que as suas extremidades se viam diante do santuário; mas não se podiam ver de fora. A Arca permaneceu ali até ao dia de hoje.
10Não havia nada na Arca senão as duas tábuas dadas por Moisés no monte Horeb, quando o Senhor concluiu a aliança com os filhos de Israel, depois da saída do Egipto.
11Quando os sacerdotes saíram do santuário – porque os sacerdotes ali presentes se tinham santificado sem observar a ordem das classes –12todos os levitas cantores, isto é, Asaf, Heman, Jedutun, os seus filhos e irmãos, vestidos de linho fino, colocados a oriente do altar, tocavam címbalos, harpas e cítaras, acompanhados por cento e vinte sacerdotes, que tocavam trombetas; 13os tocadores de trombeta e os cantores, unidos, entoavam em coro o louvor do Senhor. Quando as trombetas, os címbalos e os outros instrumentos de música tocavam, eles cantavam: «Louvai ao Senhor porque Ele é bom, e é eterno o seu amor!» Então, o templo do Senhor encheu-se de uma espessa nuvem, 14de tal modo que os sacerdotes não podiam permanecer dentro dele para exercer as suas funções, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchia a casa de Deus.
Salomão fala ao povo (1 Rs 8,12-21) – 1Então, Salomão disse: «O Senhor desejou habitar na obscuridade. 2Por isso, eu construí-te uma casa principesca e uma morada onde habitarás eternamente.» 3O rei voltou-se, depois, para toda a assembleia de Israel, que estava de pé, e abençoou-a.4E disse: «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que falou em pessoa a David, meu pai, e cumpriu, com o seu poder, a promessa que lhe fizera, dizendo: 5‘Desde o dia em que fiz sair o meu povo da terra do Egipto, não escolhi outra cidade entre todas as tribos de Israel para nela construir um templo onde o meu nome fosse invocado nem escolhi outro homem para que fosse chefe do meu povo de Israel. 6Mas escolhi Jerusalém para aí residir o meu nome, e elegi David para governar o meu povo de Israel.’ 7Ora meu pai David projectou edificar um templo em honra do Senhor, Deus de Israel, 8mas o Senhor disse-lhe: ‘Tiveste feliz inspiração em edificar um templo em honra do meu nome. 9Porém, não serás tu quem há-de construir o templo, será o teu filho, nascido de ti, quem o há-de edificar em honra do meu nome.’ 10O Senhor realizou o que predissera. Sucedi a meu pai David e ocupo o trono de Israel, como disse o Senhor, e construí este templo ao nome do Senhor, Deus de Israel. 11Coloquei nele a Arca, na qual está o documento da aliança que o Senhor fez com os filhos de Israel.»
Oração de Salomão (1 Rs 8,22-53; Sl 132,8-10; Sb 9,1-18) – 12Depois disto, Salomão pôs-se de pé diante do altar do Senhor, na presença de toda a assembleia de Israel, e estendeu as mãos. 13Com efeito, Salomão mandara construir uma tribuna de bronze, erguida no meio do átrio. Tinha cinco côvados de comprimento, cinco de largura e três de altura; subiu para ela, ajoelhou-se diante da multidão dos filhos de Israel, com os braços levantados ao céu, 14e disse:
«Senhor, Deus de Israel,
não há no céu nem na terra um Deus comparável a ti,
que seja fiel à aliança e à benevolência para com os teus servos,
se eles caminham na tua presença de todo o coração.
15Cumpriste as promessas que fizeste
a meu pai David, teu servo:
neste dia, realizaste pela tua mão
o que anunciaste com a tua boca.
16Agora, Senhor, Deus de Israel,
digna-te cumprir também a promessa
que fizeste a meu pai David, dizendo:
‘Jamais faltará diante de mim um dos teus descendentes
que ocupe o trono de Israel,
desde que os teus filhos se comportem rectamente
e observem a minha Lei,
como tu próprio a tens observado.’
17 Agora, pois, Senhor, Deus de Israel,
digna-te ratificar a promessa feita ao teu servo David!
18Mas será verdade
que Deus habita com os homens sobre a terra?
Se o céu, em toda a sua imensidade, não te pode conter,
muito menos este templo que eu construí!
19Contudo, Senhor, meu Deus,
atende a súplica do teu servo,
acolhe o clamor e a oração que ele te dirige.
20Que os teus olhos estejam abertos,
dia e noite, sobre esta casa,
sobre o lugar do qual declaraste
que aí residiria o teu nome.
Escuta a súplica que o teu servo te faz.
21Escuta as súplicas do teu servo
e de Israel, teu povo,
quando aqui vier orar neste lugar.
Escuta-as desde a tua morada celeste, escuta e perdoa!
22Se alguém pecar contra o seu próximo
e, obrigado a pronunciar um juramento imprecatório,
vier jurar diante do teu altar, neste templo,
23Tu, escuta-o desde o céu,
actua e faz justiça aos teus servos,
fazendo recair sobre o malvado
o peso da sua maldade,
e faz justiça ao inocente,
retribuindo-lhe de acordo com a sua inocência.
24Se o teu povo Israel for subjugado pelos inimigos
por ter pecado contra ti,
e, arrependido, confessar o teu nome
e te pedir perdão neste templo,
25Tu, escuta-o desde o céu,
perdoa o pecado do teu povo Israel,
reconduzindo-o ao país que lhe deste,
a ele e a seus pais.
26 Se o céu se fechar e não chover mais,
por eles terem pecado contra ti,
se orarem neste lugar,
prestando glória ao teu nome,
e arrependendo-se do seu pecado
por causa do teu castigo,
27 escuta-os, desde o céu,
perdoa o pecado dos teus servos
e do teu povo Israel.
Mostra-lhes o caminho recto que devem seguir,
envia chuva à terra que deste como herança ao teu povo.
28Se vier a fome sobre o país,
a peste, a ferrugem, a mangra,
o gafanhoto e o pulgão,
ou se os inimigos cercarem as cidades do país,
ou se houver uma calamidade,
ou qualquer epidemia,
29se um homem, ou todo o teu povo Israel
te dirigir uma súplica
e, reconhecendo a sua chaga dolorosa,
estender as mãos para este templo,
30escuta-o desde o céu, da tua morada,
perdoa e concede a cada um o que ele merecer,
segundo o seu coração,
pois só Tu conheces o coração dos homens.
31Assim te hão-de temer
e andarão nos teus caminhos
durante toda a vida,
no país que deste a nossos pais.
32 Se o estrangeiro, que não é do teu povo Israel,
vindo de um país longínquo,
atraído pela fama do teu nome
e pelo grande poder do teu braço,
vier rezar neste templo,
33 escuta-o também desde o céu onde habitas,
e concede-lhe tudo o que te pedir.
Todos os povos da terra,
conhecerão, então, o teu nome
e te temerão,
como o teu povo Israel,
cientes de que o teu nome é invocado
no templo que construí.
34Quando o teu povo fizer guerra
contra os seus inimigos,
nos caminhos por onde o enviares,
e te invocar, voltado para a cidade que escolheste
e para o templo que construí em honra do teu nome,
35escuta, desde o céu, as suas orações e súplicas
e faz-lhe justiça.
36Poderá acontecer que pequem contra ti
– pois não há homens sem pecado –
e, irado contra eles, os entregues aos inimigos
para os levarem cativos para uma terra estrangeira,
próxima ou longínqua;
37se, na terra do seu exílio, arrependidos,
se voltarem para ti e suplicarem, dizendo:
‘Pecámos, cometemos a iniquidade, fizemos o mal’,
38se se converterem a ti, de todo o seu coração
e de toda a sua alma, na terra do exílio
ou no lugar do seu cativeiro,
e te dirigirem a sua oração
voltados para a terra que deste a seus pais,
para a cidade da tua predilecção
e para este templo, que construí
em honra do teu nome,
39escuta, desde o céu, onde habitas,
as suas preces suplicantes;
faz-lhes justiça e perdoa ao teu povo
os pecados cometidos contra ti.
40Agora, pois, ó meu Deus,
que os teus olhos estejam abertos
e os teus ouvidos atentos
às preces feitas neste lugar!
41Senhor Deus, vem, pois, habitar nesta morada,
Tu e a Arca onde reside o teu poder.
Senhor Deus,
que os teus sacerdotes se revistam de força salutar
e os teus santos gozem dos teus benefícios!
42Senhor Deus,
não afastes o rosto do teu ungido;
lembra-te da fidelidade do teu servo David.»
Sacrifícios na consagração do templo (1 Rs 8,62-66; 1 Cr 21,26) 1Logo que Salomão terminou esta prece, o fogo desceu do céu e consumiu o holocausto e as vítimas, e a glória do Senhor encheu o templo. 2Por isso, os sacerdotes não podiam entrar no templo do Senhor, porque a sua glória o enchia completamente. 3À vista do fogo que descia e da glória do Senhor que enchia o templo, todos os filhos de Israel se inclinaram até ao chão e, prostrados, adoraram e cantaram: «Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterna a sua misericórdia.»
4Então, o rei e todo o povo ofereceram sacrifícios na presença do Senhor. 5O rei Salomão imolou vinte e dois mil touros e cento e vinte mil ovelhas. Foi assim que o rei e todo o povo fizeram a consagração do templo de Deus. 6Ao mesmo tempo que os sacerdotes exerciam o seu ministério, os levitas tocavam os instrumentos de música sagrados, mandados fazer por David para louvar o Senhor, «porque é eterna a sua misericórdia.» Enquanto David louvava a Deus por intermédio deles, os sacerdotes tocavam as trombetas, e todo o Israel se mantinha de pé.
7Salomão consagrou o átrio interior, que está à entrada do templo do Senhor; ali ofereceu holocaustos e a gordura dos sacrifícios de comunhão, porque o altar de bronze por ele construído não era suficiente para os holocaustos, para as oblações e a gordura das vítimas. 8A celebração desta festa, presidida por Salomão, com todo o povo de Israel, durou sete dias, reunindo-se grande multidão, vinda desde a entrada de Hamat até à torrente do Egipto. 9No oitavo dia, realizou-se a assembleia solene, pois fizeram a consagração do altar e a celebração da festa durante sete dias. 10No vigésimo terceiro dia do sétimo mês, Salomão mandou o povo regressar às suas tendas, alegre e cheio de júbilo pelos benefícios que o Senhor outorgara a David, a Salomão e a Israel, seu povo .
11Salomão acabou, pois, o templo do Senhor e o palácio real. Levara a bom termo tudo o que se propusera fazer no templo do Senhor e na sua própria casa.
Resposta do Senhor à oração de Salomão (1 Rs 9,1-9) – 12Durante a noite, o Senhor apareceu a Salomão e disse: «Ouvi a tua oração e escolhi este lugar para ser o templo em que se oferecerão sacrifícios. 13Se Eu fechar os céus e não chover mais; se enviar gafanhotos a devorar o país ou se mandar a peste contra o meu povo, 14e o meu povo, sobre o qual foi invocado o meu nome, se humilhar e procurar a minha face para orar e renunciar à sua má conduta, hei-de escutá-lo desde o céu, perdoarei os seus pecados e curarei dos males o seu país. 15Doravante os meus olhos estarão abertos e os meus ouvidos estarão atentos às preces feitas neste lugar, 16pois escolhi e consagrei este templo para que o meu nome resida nele para sempre. Nele estarão sempre os meus olhos e o meu coração. 17E tu, se andares na minha presença, como fez o teu pai David, e puseres em prática tudo o que Eu prescrevi, e observares as minhas leis e os meus preceitos, 18consolidarei o trono da tua realeza, como prometi a teu pai David, dizendo-lhe: ‘Jamais faltará um descendente teu para governar Israel.’
19Mas se vos desviardes de mim e negligenciardes os preceitos e os mandamentos que vos dei, adorando outros deuses e prestando-lhes culto,20então, tirar-vos-ei do país que vos dei e desprezarei este templo que consagrei ao meu nome, o qual será objecto de riso e escárnio para todas as nações.
21Este templo, que era tão glorioso, será, para quantos passarem por ele, ocasião de espanto, pois dirão: ‘Por que razão o Senhor tratou desta maneira este país e este templo?’ 22E ouvirão como resposta: ‘Porque abandonaram o Senhor, o Deus de seus pais, que os fizera sair do Egipto, e se apegaram a outros deuses, prostrando-se em adoração diante deles. Foi por isso que Ele fez cair sobre eles todas estas calamidades.’»
Outras actividades de Salomão (1 Rs 9,10-28) – 1Em vinte anos, Salomão concluiu a construção do templo do Senhor e do seu próprio palácio;2reconstruiu, também, as cidades que Huram lhe tinha dado e estabeleceu nelas os filhos de Israel. 3Em seguida, marchou contra Hamat de Soba e apoderou-se dela.
4Construiu Tadmor, no deserto, e todas as cidades que lhe serviam de entreposto, na região de Hamat. 5Edificou Bet-Horon de Cima e Bet-Horon de Baixo, cidades fortificadas com muralhas, portas e ferrolhos. 6Construiu igualmente Baalat e todas as cidades que serviam de entreposto a Salomão, as cidades onde guardava os carros de combate e a cavalaria. Tudo isto, Salomão construiu em Jerusalém, no Líbano e em todo o território do seu domínio. 7Havia no país uma população que não pertencia a Israel: hititas, amorreus, perizeus, heveus e jebuseus.
8Eram descendentes dos povos que tinham ficado no país e que Israel não exterminou. Salomão recrutou-os para trabalhos forçados, o que acontece ainda hoje.
9Nenhum filho de Israel foi reduzido ao trabalho de escravo ou a trabalhos servis em favor de Salomão, porque eles eram guerreiros, chefes das suas tropas, comandantes dos carros e da cavalaria. 10O número dos capatazes, colocados pelo rei à frente dos operários, era de duzentos e cinquenta.
11Salomão mandou vir a filha do Faraó da cidade de David para a casa que lhe construiu; pois disse: «A minha mulher não deve habitar na casa de David, rei de Israel. Esta habitação, na qual entrou a Arca do Senhor, é um lugar sagrado.» 12Então, Salomão ofereceu ao Senhor holocaustos sobre o altar que construíra diante do pórtico. 13Todos os dias oferecia os sacrifícios prescritos por Moisés: nos sábados, nas festas da Lua-nova e nas três festas do ano, isto é, na festa dos Ázimos, na festa das Semanas e na festa das Tendas.
14Conforme as disposições tomadas por seu pai David, distribuiu as diversas classes de sacerdotes segundo as suas funções, e os levitas segundo o seu encargo de cantores e o seu ministério quotidiano, como ajudantes dos sacerdotes; e, da mesma forma, distribuiu os porteiros para cada porta, de acordo com a sua categoria. Assim David, o homem de Deus, havia ordenado. 15Tanto os sacerdotes como os levitas cumpriram pontualmente todas as ordens do rei e todas as suas disposições, relacionadas com a guarda dos tesouros.
16Desta forma foi terminada toda a obra de Salomão, desde as fundações do templo do Senhor até ao seu pleno acabamento. 17Então Salomão partiu para Ecion-Guéber e Elat, nas praias do mar, no país de Edom. 18Huram enviou-lhe, por meio dos seus servos, navios e marinheiros experimentados. Foram a Ofir, com os servos de Salomão, e de lá trouxeram quatrocentos e cinquenta talentos de ouro para o rei Salomão.
A rainha de Sabá em Jerusalém (1 Rs 10,1-13) – 1A rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão. A fim de o provar por meio de enigmas, veio a Jerusalém, acompanhada de numeroso séquito, de camelos carregados com aromas e grande quantidade de ouro e pedras preciosas. Quando chegou à presença de Salomão, expôs tudo o que tencionava dizer-lhe. 2Mas Salomão respondeu a todas as perguntas, sem haver nenhuma questão difícil que ele não lhe soubesse explicar. 3A rainha de Sabá encheu-se de admiração ao ver a sabedoria do rei, a casa real que ele construíra para si, 4os manjares da sua mesa, os aposentos dos seus servos, a habitação e vestes dos seus lacaios, os seus copeiros e os seus trajes, e os holocaustos que oferecia no templo do Senhor.
Impressionada com tudo isto, 5disse ao rei: «É verdade tudo quanto eu ouvi dizer no meu país a respeito das tuas obras e da tua sabedoria. 6Não queria acreditar antes de ter chegado e de ver com os meus próprios olhos. Pois bem, o que me tinham dito era apenas metade da tua imensa sabedoria; tu superas a fama que de ti chegou aos meus ouvidos. 7Felizes os teus homens! Felizes os teus servos! Felizes quantos estão ao teu serviço, sempre diante de ti, e ouvem a tua sabedoria! 8Bendito seja o Senhor, teu Deus, que te escolheu e colocou no seu trono, como rei ao serviço do Senhor, teu Deus! Foi por causa do seu amor a Israel, que Ele quer conservar para sempre, que te fez rei, para que cumpras a justiça e o direito.»9Depois, presenteou o rei com cento e vinte talentos de ouro, grande quantidade de aromas e pedras preciosas. Jamais se viram tantos aromas como os que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.
10Os servos de Huram e os de Salomão que tinham trazido o ouro de Ofir, trouxeram também madeira de sândalo e pedras preciosas. 11Com a madeira de sândalo, o rei fez o soalho do templo do Senhor e do palácio real, bem como as harpas e as liras dos cantores. Jamais se vira semelhante madeira no país de Judá.
12O rei Salomão presenteou a rainha de Sabá com tudo o que ela pediu e desejou, mais do que ela tinha trazido ao rei. Depois, ela regressou à sua terra, com os seus servos.
Riquezas de Salomão (1 Rs 10,14-29) 13O peso do ouro que era trazido a Salomão, cada ano, era de seiscentos e sessenta e seis talentos, 14além do que recebia dos impostos cobrados aos viajantes e comerciantes. Todos os reis da Arábia e os governadores das províncias traziam ouro e prata a Salomão. 15O rei Salomão mandou fazer duzentos escudos de ouro batido, cada um dos quais tinha seiscentos siclos de ouro; 16e mandou fazer igualmente trezentos pequenos escudos de ouro batido, cada um dos quais tinha trezentos siclos de ouro. O rei colocou-os no palácio do Bosque do Líbano.
17Mandou também construir um grande trono de marfim, revestido de ouro puro. 18Este trono tinha seis degraus, com um estrado de ouro, fixado no trono. Dos dois lados do assento havia apoios, flanqueados por leões. 19Outros doze leões estavam colocados, de um lado e de outro, sobre os seis degraus. Para nenhum rei se fez coisa semelhante.
20Todas as taças do rei Salomão eram feitas de ouro, e todo o vasilhame do palácio do Bosque do Líbano era de ouro fino. A prata, nem se fazia caso dela, no tempo de Salomão. 21Com efeito, o rei tinha navios que iam a Társis com os servos de Huram e, uma vez cada três anos, a frota regressava de Társis carregada de ouro, prata, marfim, macacos e pavões.
22Desta forma, pela sua riqueza e sabedoria, o rei Salomão avantajava-se a todos os reis da terra. 23Todos eles procuravam vir à presença de Salomão, a fim de escutar a sabedoria que Deus infundira em seu coração. 24Cada um lhe trazia, todos os anos, a sua oferenda: objectos de prata e ouro, vestes, armas, perfumes, cavalos e mulas. 25Salomão possuía quatro mil cavalariças para cavalos e carros, e doze mil cavaleiros, que destacou para as cidades onde estavam os seus carros, e em Jerusalém, junto de si. 26Dominava sobre todos os reis, desde o rio Eufrates até ao país dos filisteus e à fronteira do Egipto.
27Graças a ele, a prata tornou-se, em Jerusalém, tão comum como as pedras, e os cedros tão numerosos como os sicómoros da região da Chefela.28Traziam a Salomão cavalos do Egipto e de todos os países.
Morte de Salomão (1 Rs 11,41-43) – 29O resto dos feitos de Salomão, dos primeiros aos últimos, está escrito nas Palavras do profeta Natan, na Profecia de Aías de Silo e na Visão do vidente Jedo acerca de Jeroboão, filho de Nabat. 30Salomão reinou em Jerusalém, sobre todo o Israel, durante quarenta anos. 31Depois disto, Salomão adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David, seu pai. Seu filho Roboão sucedeu-lhe no trono.
Divisão do reino de Salomão (1 Rs 12,1-19) – 1Roboão partiu para Siquém, onde todo o Israel se reunira para o proclamar rei. 2Mas Jeroboão, filho de Nabat – que estava nesse momento no Egipto, para onde fugira por causa do rei Salomão – quando soube disto, regressou do Egipto. 3Mandaram chamar Jeroboão e ele veio com todo o Israel.
Falaram assim a Roboão: 4«O teu pai impôs-nos um jugo pesado. Alivia, pois, esta dura servidão do teu pai e o pesado jugo que ele nos impôs, e seremos teus servos.» 5Ele respondeu-lhes: «Voltai à minha presença dentro de três dias.» E a multidão retirou-se.
6Então, o rei Roboão aconselhou-se com os anciãos que haviam estado ao serviço de seu pai Salomão enquanto viveu: «Que me aconselhais que responda a este povo?» 7Disseram-lhe: «Se te mostrares bom para com este povo e lhe deres ouvidos e lhe falares com benevolência, ele será teu servo para sempre.» 8Mas Roboão negligenciou o conselho dos anciãos e foi consultar os jovens, seus companheiros de infância, que tinham crescido com ele e estavam ao seu serviço. E disse-lhes: 9«E vós, que me aconselhais? Que devemos responder ao pedido deste povo, que me pede para aliviar o jugo imposto por meu pai?» 10Os jovens, seus companheiros de infância, responderam-lhe:
«Eis as palavras que dirás ao povo, que te disse: ‘Teu pai colocou sobre nós um jugo pesado, alivia-nos dele.’ Dir-lhe-ás: ‘O meu dedo mínimo é maior do que o tronco do meu pai. 11Meu pai impôs-vos um jugo pesado? Eu vo-lo tornarei ainda mais pesado. Ele castigou-vos com açoites? Eu vos castigarei com azorragues.’»
12Três dias depois, Jeroboão, com toda a multidão, apresentou-se diante de Roboão, pois o rei dissera: «Voltai à minha presença dentro de três dias.» 13O rei respondeu-lhes com dureza. Desprezou o conselho dos anciãos 14e seguiu o conselho dos jovens, dizendo:
15Assim, pois, o rei não escutou o povo, porque isso era uma disposição divina para a realização da promessa que Deus fizera a Jeroboão, filho de Nabat, por meio de Aías de Silo. 16Ao ver que o rei não o escutava, o povo de Israel declarou-lhe:
E todo o Israel voltou para as suas casas. 17Roboão reinou somente sobre os filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá. 18O rei Roboão enviou depois, como mediador, Hadoram, encarregado dos trabalhos forçados, mas os filhos de Israel apedrejaram-no e ele morreu. Então, o rei conseguiu subir para o seu carro e fugir para Jerusalém.
19Assim se separou Israel da casa de David, até ao dia de hoje.
Actividades de Roboão em Judá (931-914) (12,5-8; 13,9; 1 Rs 12,21-24) –_1Roboão regressou a Jerusalém e mobilizou as tribos de Judá e Benjamim, em número de cento e oitenta mil guerreiros escolhidos, para atacar Israel e reduzi-lo ao seu domínio. 2Mas a palavra do Senhor foi dirigida ao homem de Deus Chemaías, dizendo-lhe: 3«Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a todos os de Israel que habitam em Judá e Benjamim: 4Isto diz o Senhor: Não entreis em combate contra os vossos irmãos; regresse cada um a sua casa, pois tudo isto acontece por minha vontade.» Dóceis à palavra do Senhor, não foram combater Jeroboão e regressaram.
5Roboão permaneceu, portanto, em Jerusalém. Construiu cidades fortificadas no território de Judá. 6Fortificou Belém, Etam, Técua, 7Bet-Sur, Socó, Adulam, 8Gat, Marecha, Zif, 9Adoraim, Láquis, Azeca, 10Sorá, Aialon e Hebron; eram todas as cidades fortificadas, situadas em Judá e Benjamim. 11E tendo-as fortificado com muralhas, nomeou-lhes governadores e dotou-as de depósitos de víveres, azeite e vinho. 12Fez, em cada uma delas, um arsenal de escudos e lanças, convertendo-as em praças fortes. As tribos de Judá e Benjamim ficaram, portanto, sujeitas ao seu domínio. 13Os sacerdotes e levitas que habitavam no território de Israel vieram de todas as partes e juntaram-se a Roboão. 14Os levitas abandonaram as suas terras e propriedades para virem habitar em Judá e em Jerusalém, pois Jeroboão e seus filhos tinham-nos excluído do sacerdócio do Senhor.15Jeroboão, com efeito, nomeara sacerdotes para os lugares altos, para o culto dos bodes e dos touros que tinha fabricado. 16E, de todas as tribos de Israel, os homens que procuravam de coração o Senhor, Deus de Israel, vieram a Jerusalém oferecer sacrifícios ao Senhor, Deus de seus pais.17Vieram assim reforçar o reino de Judá e reafirmar o poder de Roboão, filho de Salomão, por três anos, pois somente durante três anos ele seguiu os caminhos traçados por David e Salomão.
18Roboão tomou por esposa Maalat, filha de Jerimot, filho de David e, também, Abiaíl, filha de Eliab, filho de Jessé. 19Dela teve três filhos: Jeús, Chemarias e Zaam. 20Depois dela, tomou por esposa Maaca, filha de Absalão, que lhe deu Abias, Atai, Ziza e Chelomite. 21De todas as suas mulheres e concubinas, Roboão amou com predilecção Maaca, filha de Absalão; teve dezoito mulheres e sessenta concubinas e gerou vinte e oito filhos e sessenta filhas. 22 Deu o primeiro lugar a Abias, filho de Maaca, na qualidade de chefe de seus irmãos, pois queria fazê-lo rei. 23 Com muita prudência, espalhou os outros filhos pelas diversas regiões de Judá e de Benjamim e por todas as cidades fortes; assegurou-lhes uma pensão copiosa e deu-lhes muitas mulheres.
Castigo da idolatria. Chichac invade Judá (1 Rs 14-25-31) – 1Consolidado e assegurado o seu reino, Roboão abandonou a Lei do Senhor, e todo o Israel seguiu o seu exemplo. 2 No quinto ano do seu reinado, por causa dos pecados de Jerusalém contra o Senhor, Chichac, rei do Egipto, veio atacar a cidade3 com mil e duzentos carros e sessenta mil cavaleiros. Um inumerável exército de líbios, suquitas e etíopes acompanhavam-no desde o Egipto. 4Apoderou-se das cidades fortificadas de Judá e chegou a Jerusalém.
5O profeta Chemaías dirigiu-se a Roboão e aos chefes de Judá que, com a aproximação de Chichac, se tinham reunido em Jerusalém. E disse-lhes: «Assim fala o Senhor: Vós abandonastes-me; Eu vos abandono nas mãos de Chichac.»
6Então, os chefes israelitas e o rei humilharam-se e disseram: «Justo é o Senhor.» 7O Senhor, vendo que se tinham humilhado, dirigiu a palavra a Chemaías nestes termos: «Eles humilharam-se; não os exterminarei. Dar-lhes-ei em breve a libertação. A minha ira não se desencadeará sobre Jerusalém pela mão de Chichac. 8Contudo, ficar-lhe-ão sujeitos, para que saibam distinguir entre servir-me a mim e servir os reis de outras nações.»
9Chichac, rei do Egipto, atacou, pois, Jerusalém. Levou os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, sem nada deixar. Levou, especialmente, os escudos de ouro que Salomão tinha fabricado. 10 Para os substituir, Roboão mandou fazer escudos de bronze, entregando-os aos chefes da escolta que guardava a porta do palácio real. 11De cada vez que o rei ia ao templo do Senhor, os guardas levavam-nos e traziam-nos, depois, para a sala da guarda. 12Portanto, em virtude da sua humildade, a ira do Senhor afastou-se dele, e a sua ruína não foi total, pois ainda havia coisas boas em Judá.
Fim do reinado de Roboão – 13Consolidou-se, pois, Roboão como rei e reinou em Jerusalém. Contava quarenta e um anos quando começou a reinar. Reinou dezassete anos em Jerusalém, a cidade escolhida pelo Senhor, de entre todas as tribos de Israel, para nela estabelecer o seu nome. Sua mãe chamava-se Naamá, a amonita. 14Ele fez o mal, pois não aplicou o seu coração a buscar o Senhor. 15Os feitos de Roboão, dos primeiros aos últimos, estão escritos nas Palavras do profeta Chemaías e do vidente Ido, com os registos das famílias. A guerra entre Roboão e Jeroboão foi contínua. 16Por fim, Roboão adormeceu com seus pais e foi sepultado na cidade de David, e seu filho Abias sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Abias (914-911). Guerra com Jeroboão (11,14; 1 Rs 15,1-3.7-8) – 1No décimo oitavo ano do reinado de Jeroboão, Abias começou a reinar em Judá. 2 Reinou três anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Maaca, filha de Uriel de Guibeá.
3Abias e Jeroboão fizeram guerra entre si. Foi Abias quem iniciou a guerra, com um exército de quatrocentos mil homens valentes e guerreiros escolhidos. Jeroboão alinhou contra ele oitocentos mil homens, também eles valentes e guerreiros de escolhidos.
Discurso do rei Abias – 4De pé, no alto de Semaraim, que está na montanha de Efraim, Abias gritou: «Escutai-me, Jeroboão e todo o Israel! 5Porventura não sabeis que o Senhor, Deus de Israel, deu para sempre o reino de Israel a David e seus filhos, em virtude de uma aliança perpétua? 6 Mas Jeroboão, filho de Nabat, servo de Salomão, filho de David, insurgiu-se e revoltou-se contra o seu senhor. _7Homens vadios e perversos juntaram-se a ele e opuseram-se a Roboão, filho de Salomão. Roboão, que era jovem e tímido, não pôde resistir-lhes. 8E agora pensais em oferecer resistência ao reino do Senhor, que está nas mãos do filho de David! Vós sois uma grande multidão e tendes convosco os bezerros de ouro que Jeroboão vos fez, à maneira de deuses. 9Afastastes os sacerdotes do Senhor, os filhos de Aarão e os levitas, e instituístes, para vós, sacerdotes à maneira dos povos estrangeiros. Todo aquele que veio com um novilho e sete carneiros para se fazer consagrar, tornou-se sacerdote dos falsos deuses. 10Mas, quanto a nós, o Senhor é o nosso Deus e não o abandonámos; os sacerdotes que servem o Senhor são os filhos de Aarão, e os levitas desempenham as suas próprias funções. 11Cada manhã e cada tarde, queimam os holocaustos e o incenso aromático em honra do Senhor. Os pães da oferenda são dispostos sobre a mesa pura, e cada tarde são acendidas as lâmpadas do candelabro de ouro. Porque nós observamos a Lei do Senhor, nosso Deus, enquanto vós o abandonastes. 12Deus está à nossa frente como comandante, bem como os seus sacerdotes, com as trombetas de guerra para as fazer ressoar contra vós. Filhos de Israel, não luteis contra o Senhor, Deus dos vossos pais, pois não sereis bem sucedidos.»
13Então, Jeroboão executou uma manobra com as tropas, colocadas em emboscada, para surpreender o inimigo pelas costas, de modo que o seu exército atacava Judá de frente, e a emboscada encontrava-se à retaguarda. 14As tropas de Judá, voltando-se, viram-se atacadas pela frente e pela retaguarda. Invocaram o Senhor, enquanto os sacerdotes tocavam as trombetas. 15Judá soltou o grito de guerra, e Deus derrotou Jeroboão e todo o Israel diante de Abias e Judá. 16Os filhos de Israel fugiram diante dos homens de Judá, e Deus entregou-os nas suas mãos. 17Abias e o seu exército fizeram grande morticínio, caindo feridos quinhentos mil guerreiros escolhidos do campo de Israel. 18Assim foram humilhados, naquele tempo, os filhos de Israel, enquanto os filhos de Judá se consolidaram porque se apoiaram no Senhor, Deus de seus pais.
19Abias perseguiu Jeroboão e arrebatou-lhe várias cidades: Betel, Jessana e Efron, assim como os lugares delas dependentes. 20No tempo de Abias, Jeroboão não se restabeleceu. O Senhor feriu-o, e ele morreu. 21Abias, pelo contrário, tornou-se poderoso. Teve catorze mulheres e gerou vinte e dois filhos e dezasseis filhas. 22O resto dos actos de Abias, os seus feitos e palavras estão escritos no Comentário do profeta Ido. 23Abias adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David. Sucedeu-lhe no trono seu filho Asa. Durante a sua vida, o país teve dez anos de paz.
Reinado de Asa (911-870) (1 Rs 15,9-15) – 1Asa fez o que era recto e justo aos olhos do Senhor, seu Deus. 2Destruiu os altares dos deuses estrangeiros e os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os troncos sagrados. 3Ordenou aos filhos de Judá que seguissem o Senhor, Deus de seus pais, e pusessem em prática a Lei e os mandamentos. 4Suprimiu os lugares altos e os altares portáteis em todas as cidades de Judá. Sob o seu reinado, o reino viveu em paz.
5Durante este tempo de paz, construiu cidades fortificadas em Judá, pois não houve guerra durante esses anos porque o Senhor lhe concedeu a tranquilidade. 6Disse, então, a Judá: «Construamos essas cidades, cerquemo-las de muralhas com torres, portas e ferrolhos, enquanto o país está em nosso poder; porque seguimos o Senhor, nosso Deus, o qual nos concedeu a paz com todos os nossos vizinhos.» Empreenderam a construção e levaram-na a bom termo.
7Asa possuía um exército de trezentos mil homens de Judá, que levavam escudo e lança, e outro de duzentos e oitenta mil de Benjamim, que levavam escudo e arco, todos eles homens valorosos.
Invasão de Zera – 8Zera, o etíope, marchou contra eles com um exército de um milhão de homens e trezentos carros e avançou até Marecha. 9Asa saiu-lhe ao encontro e deu-lhe batalha no Vale de Cefat, perto de Marecha. 10Asa invocou o Senhor, seu Deus, nestes termos:
«Senhor, para ti não há diferença entre ajudar o fraco e o forte. Vem, pois, em meu socorro, Senhor, nosso Deus! Pois em ti nos apoiamos e em teu nome viemos combater contra esta multidão. Senhor, Tu és o nosso Deus; que não haja um só homem que possa resistir-te.»
11O Senhor feriu os etíopes diante de Asa e dos homens de Judá, e os etíopes fugiram. 12Asa e o seu exército perseguiram-nos até Guerar, e os etíopes foram dizimados de tal forma que não ficou ninguém com vida, exterminados pelo Senhor e pelo seu exército. Judá trouxe um grande espólio.13E derrotaram todas as cidades dos arredores de Guerar, pois o terror do Senhor apoderou-se deles. Saquearam todas as cidades, porque havia nelas importantes despojos. 14Destruíram também os redis dos rebanhos e capturaram grande número de ovelhas e camelos. Depois, regressaram a Jerusalém.
Profecia de Azarias (1 Rs 15,9-15) – 1Azarias, filho de Oded, movido pelo espírito de Deus, 2saiu ao encontro de Asa e disse-lhe:
«Escutai-me, Asa e todo o Judá e Benjamim! O Senhor está convosco, se vós estiverdes com Ele. Se vós o procurardes, haveis de encontrá-lo; mas se vós o abandonardes, Ele vos abandonará a vós. 3Durante muito tempo, Israel viveu sem o verdadeiro Deus, sem sacerdotes para o ensinar, sem a Lei; 4mas quando, na sua angústia, se voltaram para o Senhor, Deus de Israel, e o procuraram, encontraram-no sempre. 5Naqueles tempos, não havia segurança para os que viajavam; pelo contrário, graves perturbações aterravam a população das diferentes regiões. 6Uma nação destruía outra nação, e uma cidade destruía outra cidade porque Deus as perturbava com toda a espécie de tribulações. 7.Quanto a vós, sede fortes, não desfaleçais, pois o vosso esforço será recompensado.»
8Ao ouvir o oráculo do profeta Oded, Asa cobrou ânimo e fez desaparecer os ídolos de todo o território de Judá e de Benjamim, e de todas as cidades que conquistara na montanha de Efraim. Restaurou o altar do Senhor que se encontrava diante do pórtico do santuário do Senhor. 9Convocou toda a população de Judá, de Benjamim, bem como os refugiados de Efraim, Manassés e Simeão que habitavam entre eles, pois grande número de israelitas se aliara a Asa, vendo que o Senhor, seu Deus, estava com ele. 10Reuniram-se em Jerusalém, no terceiro mês do ano quinze do reinado de Asa.
11Nesse dia, sacrificaram ao Senhor, do espólio que tinham trazido, setecentos bois e sete mil ovelhas. 12Obrigaram-se, por uma aliança, a seguir o Senhor, Deus dos seus antepassados, com todo o seu coração e com toda a sua alma. 13E todos aqueles que faltassem a este compromisso com o Senhor, Deus de Israel, pequeno ou grande, homem ou mulher, seria morto. 14Ao som de trombetas e clarins, em grande júbilo e aclamação, fizeram esse juramento ao Senhor. 15Todos os de Judá se alegraram por causa do juramento, pois fizeram-no com o seu coração e com toda a sua boa vontade. Procuraram o Senhor e Ele se lhes manifestou e lhes assegurou a paz com todos os seus vizinhos. 16O rei Asa também destituiu Maaca, sua mãe, da dignidade de rainha, por ela ter feito um ídolo infame em honra de Achera. Asa destruiu aquela imagem, despedaçou-a e queimou-a na torrente do Cédron.
17Os lugares altos não desapareceram de Israel, mas o coração de Asa permaneceu íntegro durante toda a sua vida. 18Transportou para o templo de Deus todos os objectos consagrados por ele e pelo seu pai: a prata, o ouro e os utensílios.
19Não houve guerra até ao trigésimo quinto ano do reinado de Asa.
Guerra contra o reino de Israel (14,8-14; 1 Rs 15,16-24) – 1Mas, no trigésimo sexto ano do reinado de Asa, Basa, rei de Israel, fez guerra a Judá e fortificou Ramá, a fim de bloquear todas as comunicações com Asa, rei de Judá. 2Mas Asa mandou tirar a prata e o ouro dos tesouros do templo do Senhor e do palácio real, e enviou-os, com uma delegação, a Ben-Hadad, rei dos arameus, que residia em Damasco, para lhe dizer: 3«Aliemo-nos, como se aliaram o teu pai e o meu. Envio-te prata e ouro. Rompe a tua aliança com Basa, rei de Israel, para ele deixar de me atacar.»
4Ben-Hadad escutou o rei Asa e enviou os seus generais contra as cidades de Israel. Eles apoderaram-se de Ion, Dan, Abel-Maim e de todos os entrepostos das cidades de Neftali. 5Ao ter notícia disto, Basa interrompeu os trabalhos de fortificação de Ramá. 6Então, o rei Asa levou consigo o povo de Judá e ordenou-lhe que trouxesse todas as pedras e madeiras de que Basa se servira para fortificar Ramá; com elas fortificou Guibeá e Mispá.
7Por esse tempo, o vidente Hanani apresentou-se a Asa, rei de Judá, e disse-lhe: «Já que te apoiaste no rei dos arameus e não te apoiaste no Senhor, o exército do rei dos arameus escapou das tuas mãos. 8Não formavam os etíopes e os líbios um exército inumerável, com uma multidão de carros e de cavaleiros? E, contudo, o Senhor entregou-os nas tuas mãos porque te apoiaste nele. 9Os olhos do Senhor percorrem toda a terra para fortalecer aqueles cujo coração lhe é totalmente fiel. Procedeste como um insensato e, por isso, doravante terás guerras.» 10Asa irritou-se contra o vidente e, encolerizado por causa das suas palavras, mandou-o fechar na prisão. E, nesse tempo, oprimiu também alguns dos seus súbditos.
Fim do reinado de Asa (1 Rs 15,23-24) 11Os feitos de Asa, dos primeiros aos últimos, estão escritos no Livro dos Reis de Judá e de Israel. 12No trigésimo nono ano do seu reinado, Asa adoeceu gravemente dos pés. Durante a sua doença, não procurou o Senhor, mas os médicos.
13Asa adormeceu com os seus pais e morreu no quadragésimo primeiro ano de reinado. 14Foi sepultado no túmulo que mandara fazer na cidade de David. Estenderam-no num leito cheio de perfumes aromáticos, preparados segundo a arte do perfumista. E queimaram na sua casa grande quantidade de aromas, em sua honra.
Reinado de Josafat (870-848) (1 Rs 15,24; 22,41-51) – 1Josafat, filho de Asa, sucedeu-lhe no trono e fortificou-se contra Israel. 2Colocou tropas em todas as cidades fortificadas de Judá, guarnições em todo o país e nas cidades de Efraim conquistadas por seu pai Asa. 3O Senhor estava com Josafat porque seguiu o exemplo que, a princípio, dera David, seu pai, e não procurou os ídolos de Baal. 4Procurou o Deus de seus pais, observando os seus mandamentos, sem seguir o exemplo de Israel. 5Por isso, o Senhor consolidou o poder real em suas mãos. Todos os de Judá lhe traziam presentes; teve muitas riquezas e glória. 6Cheio de confiança nos caminhos do Senhor, fez também desaparecer de Judá os lugares altos e os troncos sagrados.
7No terceiro ano do seu reinado, enviou os seus altos funcionários Ben-Hail, Abdias, Zacarias, Nataniel e Miqueias, para ensinarem nas cidades de Judá. 8Enviou com eles os levitas Chemaías, Natanias, Zebadias, Asael, Chemiramot, Jónatas, Adonias, Tobias e Tob-Adonias, assim como os sacerdotes Elichamá e Jorão. 9Ensinaram em Judá, levando consigo o livro da Lei do Senhor e percorreram todas as cidades de Judá, instruindo o povo.
10O terror inspirado pelo Senhor difundiu-se por todos os reinos circunvizinhos de Judá, os quais não se atreveram a fazer guerra a Josafat.11Também os filisteus trouxeram a Josafat presentes e um tributo de prata, e os árabes trouxeram-lhe gado miúdo: sete mil e setecentos carneiros e sete mil e setecentos bodes. 12Josafat aumentava cada vez mais o seu poder. Construiu em Judá fortalezas e cidades-armazém. 13Possuía grandes empreendimentos nas cidades de Judá e tinha, também, em Jerusalém guerreiros cheios de valentia. 14Eis a sua enumeração, segundo as suas famílias. Chefes de milhares: em Judá, o chefe Adná, com trezentos mil guerreiros; 15depois, o chefe Joanan, com duzentos e oitenta mil homens;16seguia-se-lhe Amassias, filho de Zicri, voluntariamente consagrado ao Senhor, com duzentos mil valentes guerreiros. 17De Benjamim: o valoroso Eliadá, com duzentos mil homens armados de arcos e escudos; 18depois dele, Jozabad, com cento e oitenta mil homens equipados para a guerra.
19Estes eram os soldados que estavam ao serviço do rei, além das guarnições por ele colocadas nas fortalezas do território de Judá.
Aliança de Josafat com Acab, Rei de Israel (1 Rs 22,1-35) – 1Quando Josafat atingiu o cume da riqueza e da glória, tornou-se parente de Acab. 2Ao fim de alguns anos, dirigiu-se à Samaria, à casa de Acab. Acab matou, para ele e para o seu séquito, numerosos carneiros e bois. E persuadiu-o a fazer guerra contra Ramot, de Guilead. 3Acab, rei de Israel, disse a Josafat, rei de Judá: «Queres vir comigo atacar Ramot de Guilead?» Josafat respondeu: «Farei o que fizeres, assim como o meu exército. Iremos à guerra contigo.» 4E Josafat disse ao rei de Israel: «Peço-te que consultes primeiro o oráculo do Senhor.»
5O rei de Israel reuniu os profetas, em número de quatrocentos, e perguntou-lhes: «Devemos atacar Ramot de Guilead ou não?» Eles responderam: «Vai, porque Deus a entregará nas mãos do rei.» 6Mas Josafat replicou: «Não há aqui nenhum outro profeta do Senhor, mediante o qual o possamos consultar?» 7O rei de Israel respondeu a Josafat: «Sim, há mais um, por meio do qual podemos consultar o Senhor; mas eu detesto-o porque nunca me anuncia coisa boa, mas sempre a desgraça. É Miqueias, filho de Jímela.» Josafat disse: «Não fales, ó rei, dessa maneira.»
8Então, o rei de Israel chamou um funcionário e deu-lhe esta ordem: «Faz vir aqui depressa Miqueias, filho de Jímela.» 9O rei de Israel e Josafat, rei de Judá, sentaram-se cada um em seu trono, revestidos das suas insígnias reais, na praça que está à entrada da porta da Samaria, e todos os profetas profetizavam na sua presença. 10Sedecias, filho de Canaana, fizera para si uns chifres de ferro e disse: «Isto diz o Senhor: Com estes chifres ferirás os arameus até os exterminar.» 11E todos os profetas profetizavam da mesma maneira dizendo: «Sobe a Ramot de Guilead e vencerás, porque o Senhor entregará a cidade nas mãos do rei.»
Miqueias anuncia a derrota – 12Entretanto, o mensageiro que fora procurar Miqueias dizia-lhe: «Os profetas são unânimes em predizer a vitória do rei. Que o teu oráculo seja conforme com o deles: anuncia coisas boas.» 13Miqueias respondeu: «Juro pelo Deus vivo que não anunciarei senão o que o meu Senhor me disser.» 14Quando chegou perto do rei, este disse-lhe: «Miqueias, devemos atacar Ramot de Guilead ou não?» Miqueias respondeu: «Ide e vencereis, porque a cidade será entregue nas vossas mãos.» 15Então, o rei disse-lhe: «Quantas vezes terei de conjurar-te a que não digas senão a verdade em nome do Senhor?» 16Respondeu:
17O rei de Israel disse a Josafat: «Não te dizia eu que, a meu respeito, ele jamais havia de anunciar coisa boa? Pelo contrário, prediz sempre a desgraça.» 18Miqueias replicou: «Escutai o oráculo do Senhor: Eu vi o Senhor sentado no seu trono e todo o exército celeste de pé, à sua direita e à sua esquerda. 19Disse o Senhor: ‘Quem seduzirá Acab, rei de Israel, para que suba a Ramot de Guilead e lá encontre a sua ruína?’ Um respondia de um modo e outro de outro. 20Então, um espírito avançou, colocou-se na presença do Senhor e disse: ‘Eu irei seduzi-lo.’ O Senhor perguntou: ‘De que maneira?’ 21Ele respondeu: ‘Vou ser como um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas.’ Replicou o Senhor: ‘Conseguirás seduzi-lo. Tens esse poder. Vai e faz como disseste.’ 22Portanto, se o Senhor, infundiu um espírito de mentira na boca de todos os teus profetas, é porque o Senhor decretou a ruína contra ti.»
23Nesse momento, Sedecias, filho de Canaana, aproximou-se de Miqueias e deu-lhe uma bofetada, dizendo: «Por que caminho saiu de mim o espírito do Senhor para te falar?»
24Miqueias respondeu: «Vê-lo-ás, no dia em que fugires de aposento em aposento, a fim de te esconderes.»
25Então, o rei de Israel ordenou: «Prendei Miqueias e conduzi-o a Amon, governador da cidade, e a Joás, filho do rei. 26Dizei-lhe: ‘Esta é a ordem do rei: Metei este homem na prisão; dai-lhe alimentação reduzida, a pão e água, até que eu regresse são e salvo’.» 27Ao que Miqueias respondeu: «Se voltares são e salvo é sinal de que o Senhor não falou por mim.» E acrescentou: «Escutai, povos todos...!»
Derrota e morte de Acab (1 Rs 22, 29-38) – 28O rei de Israel subiu, pois, a Ramot de Guilead com Josafat, rei de Judá. 29E disse a Josafat: «Vou disfarçar-me para entrar no combate; tu, porém, veste as tuas próprias vestes.» O rei de Israel disfarçou-se, por conseguinte, antes de entrar no combate.
30Ora o rei dos arameus dera aos chefes dos seus carros esta ordem: «Pequeno ou grande, a ninguém atacareis, a não ser somente o rei de Israel.» 31Quando viram Josafat, os chefes dos carros disseram entre si: «É certamente o rei de Israel.» E avançaram sobre ele. Mas Josafat soltou o seu grito de guerra, e o Senhor socorreu-o e afastou dele os arameus.
32Então, os chefes dos carros, percebendo que não era o rei de Israel, deixaram de o perseguir. 33Nesse momento, um homem, que lançara o arco ao acaso, feriu o rei de Israel através das junturas da couraça. O rei disse ao condutor do seu carro: «Volta as rédeas e conduz-me para fora do campo de batalha, pois estou ferido.» 34Mas nesse dia o combate foi tão violento que o rei de Israel teve de ficar no seu carro, diante dos arameus, até à tarde. E morreu ao pôr-do-sol.
Reformas de Josafat (14,4; 22,9; Dt 1,16-17; 17,8-13) – 1Josafat, rei de Judá, regressou são e salvo ao seu palácio em Jerusalém. 2Jeú, filho do vidente Hanani, saiu ao seu encontro e disse-lhe:
«Auxilias o ímpio e amas os que odeiam o Senhor? Por isso, o Senhor está irritado contra ti. 3Mas tens obras boas, pois suprimiste no país os troncos sagrados e aplicaste o teu coração na busca de Deus.»
4Depois do seu regresso a Jerusalém, Josafat foi de novo visitar o seu povo, desde Bercheba até à montanha de Efraim, para o conduzir ao Senhor, Deus de seus pais. 5Estabeleceu juízes no seu país, em cada uma das cidades fortificadas de Judá. 6E disse-lhes: «Vede o que fazeis. Não é em nome de um homem que administrais a justiça, mas em nome do Senhor, que vos assistirá nos vossos julgamentos. 7Que o temor do Senhor esteja convosco. Vigiai a vossa conduta, pois junto do Senhor, nosso Deus, não há injustiça, nem acepção de pessoas, nem corrupção com presentes.»
8Josafat estabeleceu, também, em Jerusalém, levitas, sacerdotes e chefes de família de Israel para administrarem a justiça em nome do Senhor e serem árbitros nos litígios; residiam em Jerusalém. 9Deu-lhes as seguintes instruções: «Procedei em tudo com temor do Senhor, lealdade e integridade de coração. 10Em qualquer litígio trazido à vossa presença pelos vossos irmãos residentes nas suas cidades, quer se trate de crimes de sangue, da Lei, dos mandamentos, dos preceitos ou de cerimónias, esclarecei-os, para que não se tornem culpados diante do Senhor, a fim de que a sua ira não se inflame contra vós e os vossos irmãos. Agi desta maneira para não vos tornardes culpados. 11Tendes à vossa frente o Sumo Sacerdote Amarias para todas as coisas do Senhor, Zebadias, filho de Ismael, chefe da casa de Judá, para todos os negócios do rei. Tendes também à vossa disposição os levitas, na qualidade de escribas. Tende coragem, portanto! Mãos à obra e que o Senhor esteja com o homem de bem!»
Vitória de Josafat sobre amonitas e moabitas – 1Depois disto, os moabitas e os amonitas e alguns meonitas declararam guerra a Josafat. 2Alguém informou Josafat, dizendo: «Uma enorme multidão vem de Edom, do outro lado do Mar Morto, e avança contra ti! Já estão acampados em Haceçon-Tamar, isto é, En-Guédi.»
3Perturbado, Josafat decidiu consultar o Senhor e promulgou um jejum para todo o território de Judá. 4O povo de Judá reuniu-se para invocar o Senhor, e todos acorriam das cidades de Judá para invocar o Senhor.
Oração de Josafat – 5No átrio novo do templo do Senhor, Josafat ergueu-se, na presença da grande assembleia dos homens de Judá e de Jerusalém, 6e disse:
13Toda a população de Judá estava de pé, diante do Senhor, com as suas famílias, mulheres e filhos. 14Então, no meio desta multidão, o espírito do Senhor apoderou-se de Jaziel, filho de Zacarias, filho de Benaías, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita da linhagem de Asaf. 15E disse:
«Prestai atenção, homens de Judá e habitantes de Jerusalém, e tu, rei Josafat! Assim vos fala o Senhor: Não temais nem vos atemorizeis diante desta imensa multidão, pois a guerra não é vossa, mas de Deus. 16Amanhã marchareis contra eles, quando subirem pela encosta de Hacis, e haveis de encontrá-los na extremidade do desfiladeiro frente ao deserto de Jeruel. 17Não tereis necessidade de combater, nessa altura. Mas não arredeis pé, a fim de contemplardes a vitória que o Senhor vos concederá. Não temais, ó habitantes de Judá e Jerusalém, nem vos apavoreis. Amanhã saireis ao seu encontro e o Senhor estará convosco.»
18Josafat prostrou-se com o rosto por terra, e o povo de Judá e os habitantes de Jerusalém prostraram-se diante do Senhor e adoraram-no. 19Os levitas da linhagem de Queat e de Coré levantaram-se para louvar, com voz potente, o Senhor, Deus de Israel.
20No dia seguinte de manhã, puseram-se a caminho do deserto de Técua. À medida que iam saindo, Josafat, no meio deles, dizia-lhes: «Escutai-me, homens de Judá e de Jerusalém. Ponde a vossa confiança no Senhor, vosso Deus, e estareis em segurança. Confiai nos seus profetas, e tudo vos correrá bem.»
21E, depois de se haver aconselhado com o povo, designou os cantores que, revestidos de ornamentos sagrados, deviam marchar à frente do exército, cantando:
22Logo que começaram a entoar este cântico de louvor, o Senhor semeou a discórdia entre os filhos de Amon, de Moab e os que tinham vindo da montanha de Seir atacar Judá, e arremeteram uns contra os outros. 23Os filhos de Amon e os filhos de Moab atiraram-se sobre os povos das montanhas de Seir para os destruir e exterminar; e, depois de os exterminarem, mataram-se uns aos outros.
24Quando os homens de Judá chegaram ao lugar mais alto que domina o deserto, dirigiram o olhar sobre a multidão, e não viram senão cadáveres estendidos por terra; ninguém escapara. 25Então, Josafat avançou com o seu exército para os despojar, achando gado em abundância, riquezas, vestes e muitos objectos preciosos; apanharam tantas coisas que não puderam levá-las todas. A pilhagem durou três dias, pois eram abundantes os despojos. 26No quarto dia, reuniram-se no vale de Beracá, onde louvaram o Senhor. Por isso, deram a este lugar o nome de «Vale de Louvor», nome que conserva ainda hoje.
27Os homens de Judá e de Jerusalém, tendo à frente deles Josafat, retomaram alegres o caminho da cidade, pois o Senhor os tinha cumulado de alegria à custa dos seus inimigos. 28Entraram em Jerusalém, no templo do Senhor, ao som das harpas, das cítaras e das trombetas.
29O terror do Senhor apoderou-se de todos os reinos estrangeiros, ao saberem que o Senhor combatia os inimigos de Israel. 30Assim o reino de Josafat gozou de tranquilidade, e Deus deu-lhe a paz com todas as nações vizinhas.
Resumo e fim do reinado de Josafat (17,1-6; 1 Rs 22,41-51) – 31Josafat reinou, pois, sobre Judá. Tinha trinta e cinco anos quando começou a reinar, e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Azuba, filha de Chili. 32Tomou como norma o procedimento de seu pai Asa, sem dele se afastar. Fez o que é recto aos olhos do Senhor. 33Todavia, os lugares altos não desapareceram, e o povo ainda não tinha o coração firmemente inclinado para o Deus de seus pais.
34O resto das acções de Josafat, do princípio ao fim, estão escritas nas Palavras de Jeú, filho de Hanani, as quais foram inseridas no Livro dos Reis de Israel. 35Depois disto, Josafat, rei de Judá, fez aliança com Acazias, rei de Israel, cujas obras eram ímpias. 36Aliou-se com ele para construir navios destinados a irem a Társis, construindo os navios em Ecion-Guéber.
37Então, Eliézer, filho de Dodavau, de Marecha, profetizou contra Josafat, nestes termos: «Porque fizeste aliança com Acazias, o Senhor destruiu o teu empreendimento!» Com efeito, os navios despedaçaram-se e não puderam ir a Társis.
Reinado de Jorão em Judá (848-841) (1 Rs 22,51; 2 Rs 8,16-24) – 1Josafat adormeceu e foi sepultado com seus pais na cidade de David. Seu filho Jorão sucedeu-lhe no trono.
2Jorão tinha seis irmãos, filhos de Josafat: Azarias, Jaiel, Zacarias, Azariau, Micael e Chefatias, todos eles filhos de Josafat, rei de Judá.
3Seu pai dera-lhes avultada soma de prata, ouro, objectos preciosos, assim como cidades fortificadas em Judá; mas entregou o reino a Jorão, porque era o primogénito.
Crimes de Jorão – 4Uma vez consolidada a posse do reino de seu pai, Jorão passou a fio de espada todos os seus irmãos, assim como alguns chefes de Israel. 5Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em Jerusalém. 6Seguiu as pegadas dos reis de Israel, como fizera a casa de Acab, pois tinha uma filha de Acab por esposa. Praticou o mal aos olhos do Senhor. 7Contudo, o Senhor não quis destruir a casa de David, por causa da aliança feita com ele e da promessa que lhe fizera de manter perpetuamente no trono um dos seus descendentes.
8No tempo de Jorão, o povo de Edom revoltou-se contra o domínio de Judá e proclamou um rei para si próprio. 9Jorão pôs-se a caminho, com os seus oficiais e os seus carros, e derrotou, a meio da noite, os edomitas que o tinham cercado, a ele e aos chefes dos seus carros. 10Contudo, os edomitas revoltaram-se contra o domínio de Judá até ao dia de hoje. Pela mesma época, Libna libertou-se, também, do seu domínio, porque Jorão abandonara o Senhor, Deus dos seus pais.
11Jorão erigiu igualmente lugares altos nas montanhas de Judá; induziu os habitantes de Jerusalém à idolatria e arrastou Judá ao mal.
Mensagem de Elias – 12Então recebeu do profeta Elias uma mensagem escrita nos seguintes termos: «Assim fala o Senhor, Deus de David, teu pai: ‘Não andaste pelos caminhos de teu pai Josafat, nem pelos de Asa, rei de Judá; 13imitaste os reis de Israel e induziste à idolatria os habitantes de Judá e de Jerusalém, como fez a casa de Acab; assassinaste os teus irmãos, a família de teu pai, que eram melhores do que tu.’ 14Por isso o Senhor ferirá com grande flagelo o teu povo e, da mesma forma, os teus filhos, as tuas mulheres e todos os teus bens; 15e tu serás castigado com uma grave doença, uma enfermidade nas entranhas que, dia após dia, fará sair do corpo as tuas próprias entranhas.» 16O Senhor excitou contra Jorão o espírito dos filisteus e dos árabes, vizinhos dos etíopes. 17Atacaram Judá, devastaram-na, pilharam todas as riquezas que estavam no palácio real e levaram os seus filhos com as suas mulheres, de modo que só lhe ficou Joacaz, o filho mais novo. 18Depois de tudo isto, o Senhor feriu-o com uma doença incurável no ventre. 19Passado certo tempo, no fim do segundo ano, a violência do mal fez com que lhe saíssem as entranhas. Morreu no meio de dores violentas. O povo não queimou perfumes em sua honra, como fizera a seu pai. 20Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em Jerusalém. Morreu sem deixar saudade. Sepultaram-no na cidade de David, mas não no sepulcro dos reis.
Reinado de Acazias em Judá (841) (2 Rs 8,25-29; 9,16-29) 1Para suceder a Jorão, os habitantes de Jerusalém proclamaram rei a Acazias, seu filho mais novo, porque bandos de salteadores, que vieram com os árabes, tinham invadido o acampamento e assassinado os mais velhos. Assim, Acazias, filho de Jorão, tornou-se rei de Judá. 2Tinha quarenta e dois anos quando começou a reinar e reinou um ano em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Atália, filha de Omeri. 3Trilhou, também, os caminhos da família de Acab, pois era aconselhado ao mal por sua mãe. 4Praticou o mal diante do Senhor, como a família de Acab, porque ela, após a morte de seu pai, lhe serviu de conselheira, para perdição dele.
5Seguindo os seus conselhos, dirigiu-se a Ramot de Guilead com Jorão, filho de Acab, rei de Israel, para atacar Hazael, rei dos arameus, que estava em Ramot de Guilead. Mas os arameus feriram Jorão. 6Jorão regressou a Jezrael para cuidar das feridas recebidas em Ramá, na batalha contra Hazael, rei dos arameus.
Acazias, filho de Jorão, rei de Judá, desceu a Jezrael para visitar Jorão, filho de Acab, que estava doente. 7Ora a perda de Acazias, por disposição divina, foi ter ido visitar Jorão. Com efeito, à sua chegada, saiu com Jorão ao encontro de Jeú, filho de Nimechi, a quem o Senhor tinha dado a unção real para exterminar a casa de Acab; 8e, enquanto Jeú destruía a família de Acab, encontrou-se com os chefes de Judá e os sobrinhos de Acazias, que estavam ao serviço do seu tio, e matou-os.
9Depois, procurou Acazias, que foi encontrado na Samaria, onde se escondera. Levaram-no a Jeú, que o mandou matar. Deram-lhe sepultura, porque se dizia: «É o filho de Josafat, que seguiu o Senhor de todo o seu coração.» Não ficou ninguém da família de Acazias que tivesse idade para reinar.
Atália, rainha de Judá (841-835) (2 Rs 11,1-3) – 10Quando Atália, mãe de Acazias, viu que o filho morrera, mandou exterminar toda a estirpe real da casa de Judá. 11Josabat, porém, filha do rei, raptou Joás, filho de Acazias, tirando-o de entre os jovens príncipes que estavam a ser massacrados, e escondeu-o, com a sua ama, no dormitório. Josabat, filha de Jorão, irmã de Acazias e mulher do sacerdote Joiadá, escondeu-o, assim, do furor de Atália, evitando a sua morte. 12Seis anos esteve escondido com elas no templo de Deus, enquanto Atália reinava no país.
Morte de Atália. Coroação de Joás (2 Rs 11,1-20) – 1No sétimo ano, Joiadá encheu-se de coragem e convocou os seguintes chefes de centenas: Azarias, filho de Jeroam, Ismael, filho de Joanan, Azarias, filho de Obed, Massaías, filho de Adaías, e Elisafat, filho de Zicri. E fez com eles um pacto.2Percorreram Judá e reuniram os levitas de todas as cidades de Judá e os chefes de família de Israel, e regressaram a Jerusalém. 3Todo este grupo fez uma aliança com o rei, no templo de Deus. Joiadá disse-lhes:
«Eis o filho do rei, que deve reinar segundo a declaração do Senhor a respeito dos filhos de David. 4Eis o que deveis fazer: uma terça parte de vós, dos sacerdotes e dos levitas que fazem o serviço do sábado, estará de guarda às portas do templo; 5outra terça parte vigiará o palácio real; e uma outra guardará a porta do Fundamento. E o resto do povo ocupará o átrio do templo do Senhor. 6Ninguém entrará no templo do Senhor, a não ser os sacerdotes e os levitas de serviço: só podem entrar estes, por estarem consagrados. E todo o povo observará o que foi ordenado pelo Senhor. 7Os levitas, cada um com as suas armas na mão, rodearão o rei. E todo aquele que tentar entrar no templo será morto. Seguireis o rei para onde quer que ele vá.»
8Os levitas e todo Judá seguiram à risca as ordens do sacerdote Joiadá. Cada um deles reuniu os seus homens, tanto os que começavam o seu serviço do sábado como os que o terminavam, pois o sacerdote Joiadá não dispensara nenhum grupo. 9Ele próprio entregou aos chefes de centenas lanças e escudos de diversas espécies, conservados no templo de Deus, e que haviam pertencido ao rei David. 10Seguidamente, colocou toda a tropa, com as armas na mão, ao longo do altar e do edifício, desde o ângulo sul até ao ângulo norte do templo, à volta do rei. 11Depois, mandaram avançar o filho do rei, colocaram-lhe o diadema e entregaram-lhe as insígnias reais. E proclamaram-no rei. Joiadá e seus filhos ungiram-no, clamando: «Viva o rei.»
12Mas Atália, ao ouvir os gritos do povo que acorria a aclamar o rei, dirigiu-se à multidão que estava no templo do Senhor. 13Olhou e viu o rei de pé, sobre um estrado, à entrada do templo; os chefes e os tocadores de trombeta estavam ao lado do rei; e todo o povo festejava e tocava trombetas, enquanto os cantores, ao som de vários instrumentos, lhe dirigiam aclamações. Então, Atália rasgou as vestes e gritou: «Traição, traição!»
14Mas o sacerdote Joiadá mandou sair os chefes de centenas que comandavam as tropas e ordenou-lhes: «Arrastai-a para fora do templo, por entre as vossas fileiras. Se alguém a quiser seguir, passai-o ao fio de espada.» O sacerdote impediu que a matassem dentro do templo do Senhor.15Agarraram-na e, quando chegaram ao palácio real pelo portão dos cavalos, aí a mataram.
Reforma de Joiadá – 16Joiadá fez uma aliança entre ele, o rei e o povo, segundo a qual o povo se obrigava a ser o povo do Senhor. 17Então, todo o povo entrou no templo de Baal e destruiu-o. Despedaçaram os seus altares e as suas imagens e mataram Matan, sacerdote de Baal, diante dos altares. 18Joiadá colocou sentinelas no templo do Senhor, a cargo dos sacerdotes e levitas. David dividira-os em categorias no templo, para oferecerem holocaustos ao Senhor, conforme está escrito na Lei de Moisés, com cânticos de alegria, segundo as ordens de David. 19Colocou, também, porteiros às portas do templo para não deixarem entrar ninguém que tivesse qualquer impureza.
20E levando consigo os chefes de centenas, os notáveis, aqueles que exerciam alguma função entre o povo e toda a população do país, fez sair o rei do templo do Senhor: entraram no palácio do rei pela porta superior e instalaram-no no trono real. 21Toda a população do país estava jubilosa, e a cidade tranquila. Quanto a Atália, foi morta à espada.
Reinado de Joás em Judá (835-796) (2 Rs 12,1-22) – 1Joás tinha sete anos quando começou a reinar, e reinou quarenta anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Síbia, natural de Bercheba. 2Joás fez o que é recto diante do Senhor durante toda a vida do sacerdote Joiadá,3que lhe deu duas mulheres por esposas, das quais teve filhos e filhas.
Restauração do templo – 4Depois disto, Joás resolveu restaurar o templo do Senhor. 5Convocou os sacerdotes e levitas e disse-lhes: «Ide e percorrei as cidades de Judá, recolhei nelas o dinheiro dos israelitas para se fazerem todos os anos as reparações do templo do vosso Deus. Executai isto com presteza.» Mas os levitas não se apressaram.
6Então, o rei chamou o Sumo Sacerdote Joiadá e disse-lhe: «Porque não cuidaste de obrigar os levitas a trazerem, de Judá e de Jerusalém, a contribuição imposta ao povo de Israel por Moisés, servo do Senhor, e pela assembleia de Israel, para a tenda do testemunho? 7Pois a ímpia Atália e seus filhos arruinaram a casa de Deus, e até se serviram de todos os objectos sagrados do templo do Senhor para o culto de Baal.»8Então o rei ordenou que se fizesse um cofre e fosse colocado na parte exterior da porta do templo. 9Por Judá e por Jerusalém foi apregoado que se trouxesse ao Senhor a contribuição imposta, no deserto, a Israel por Moisés, servo de Deus. 10Todos os chefes e todo o povo, cheios de alegria, vieram colocar dinheiro no cofre até o encherem. 11Sempre que, por meio dos levitas, o cofre era levado para a inspecção do rei – o que acontecia quando o dinheiro se acumulava – o secretário real e um comissário do Sumo Sacerdote esvaziavam-no, e os levitas iam colocá-lo no seu lugar. Assim faziam todos os dias, recolhendo dinheiro em abundância. 12O rei e Joiadá entregavam-no aos encarregados das obras do templo. Estes contratavam os carpinteiros e os canteiros, os trabalhadores que modelavam o ferro e o bronze, a fim de se restaurar e reparar o templo do Senhor. 13Os trabalhadores fizeram com que as reparações fossem acabadas com esmero, restituindo o templo de Deus ao seu primitivo estado, e acabando-o com perfeição.
14Terminado o trabalho, entregaram ao rei e a Joiadá o resto do dinheiro, com o qual se fabricaram os utensílios para o serviço do templo: objectos para os holocaustos, vasos e outros objectos de ouro e prata. Enquanto Joiadá viveu, ofereceram-se regularmente holocaustos no templo do Senhor. 15Joiadá, saciado de dias, envelheceu e depois morreu, aos cento e trinta anos. 16Sepultaram-no na cidade de David, com os reis, pelo bem que fizera a Israel, por Deus e pelo seu templo.
Castigo da idolatria – 17Mas, depois da morte de Joiadá, os chefes de Judá vieram e prostraram-se diante do rei, que os ouviu. 18Abandonaram o templo do Senhor, Deus de seus pais, e prestaram culto aos troncos sagrados e aos ídolos. E essas faltas atraíram a ira
divina sobre Judá e Jerusalém. 19O Senhor enviou-lhes profetas para que eles se convertessem ao Senhor com as suas exortações. Mas eles não lhes deram ouvidos. 20Então, o espírito de Deus desceu sobre Zacarias, filho do sacerdote Joiadá, que se apresentou diante do povo e disse: «Assim fala Deus: ‘Porque transgredis os mandamentos do Senhor? Nada conseguireis. Já que abandonastes o Senhor, o Senhor há-de abandonar-vos’.» 21Mas eles revoltaram-se contra ele e apedrejaram-no, por ordem do rei, no átrio do templo do Senhor. 22O rei Joás esquecera a lealdade de Joiadá, pai de Zacarias, e mandou matar o filho. Zacarias, ao morrer, disse: «Que o Senhor veja e faça justiça.»
Fim do reinado de Joás – 23No fim do ano, o exército dos arameus marchou contra Joás; invadiu Judá e Jerusalém, massacrou os chefes do povo e enviou todos os seus despojos ao rei de Damasco.
24Embora os arameus fossem em pequeno número, o Senhor entregou-lhes um enorme exército, porque Judá abandonara o Senhor, Deus de seus pais. Assim, os arameus fizeram justiça a Joás. 25Mal os arameus se afastaram, deixando-o em grandes sofrimentos, os seus homens revoltaram-se contra ele, por causa da morte do filho do sacerdote Joiadá, e mataram-no na sua cama. Morreu e foi sepultado na cidade de David, mas não no sepulcro dos reis. 26Eis os que conspiraram contra ele: Zabad, filho de Chimeat, a amonita, e Jozabad, filho de Chimerit, a moabita.
27Tudo o que se refere aos seus filhos, aos seus cargos e à restauração do templo de Deus, tudo isso está escrito no Comentário do Livro dos Reis. Sucedeu-lhe no trono seu filho Amacias.
Reinado de Amacias (796-767) (2 Rs 14,1-22) – 1Amacias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadan, e era natural de Jerusalém. 2Ele praticou o que é recto aos olhos do Senhor, mas não com um coração íntegro. 3Desde que se sentiu seguro no poder real, mandou matar os servos que tinham assassinado o rei, seu pai. 4Mas não mandou matar os filhos deles, conformando-se com o que está escrito no livro da Lei de Moisés, como o Senhor ordena: «Os pais não serão mortos em lugar dos seus filhos, nem os filhos morrerão em lugar dos seus pais; cada um morrerá pelo seu próprio pecado.» 5Amacias reuniu os homens de Judá e dividiu-os por famílias, e pôs chefes de milhares e de centenas em todo o território de Judá e de Benjamim. Recenseou-os, a partir da idade de vinte anos para cima, e encontrou trezentos mil homens aptos para a guerra e capazes de carregar lança e escudo.6Depois, assalariou, por cem talentos de prata, cem mil valentes guerreiros de Israel. 7Mas um homem de Deus veio ao seu encontro e disse-lhe:
«Ó rei, não é preciso que o exército de Israel te acompanhe, porque o Senhor não está com Israel, nem com todos estes filhos de Efraim. 8Se fores com eles, mesmo que dês mostras de valor no combate, Deus deixar-te-á cair diante do inimigo, pois Deus tem poder de socorrer ou de abater.» 9Amacias disse ao homem de Deus: «Que farei, então, a respeito dos cem talentos que dei às tropas israelitas?» O homem de Deus respondeu-lhe: «O Senhor tem mais do que isso para te dar.» 10Amacias licenciou, pois, a tropa de Efraim que se lhe tinha juntado, e mandou-a regressar à sua terra. Mas eles irritaram-se contra Judá e regressaram furiosos à sua terra.
11Amacias, cheio de confiança, pôs-se em marcha para conduzir o seu exército ao Vale do Sal, onde matou dez mil habitantes de Seir. 12Os filhos de Judá prenderam dez mil homens vivos e conduziram-nos ao alto de um rochedo, de onde os precipitaram, ficando despedaçados.13Entretanto, os homens da tropa que Amacias licenciara e não levara consigo à guerra, saquearam as cidades de Judá, desde a Samaria até Bet-Horon. Mataram três mil homens e levaram consideráveis despojos.
14Ao regressar a casa, depois da derrota dos edomitas, Amacias, que trouxera os deuses dos habitantes de Seir, fez deles os seus próprios deuses: prostrou-se diante deles e queimou-lhes incenso.
15Então, a ira do Senhor inflamou-se contra ele. Enviou-lhe um profeta, que lhe disse: «Porque adoraste esses deuses estrangeiros, que não foram capazes de salvar o seu povo da tua mão?» 16Amacias respondeu ao profeta: «Foste, acaso, nomeado conselheiro do rei? Vai-te embora, se não queres que te mate!» O profeta retirou-se, dizendo: «Sei que Deus decidiu a tua perda porque fizeste isto e não quiseste ouvir o meu conselho.»
Amacias vencido pelo rei de Israel (2 Rs 14,1-20) – 17Amacias, rei de Judá, depois de ter tomado conselho, mandou dizer a Joás, filho de Joacaz, filho de Jeú, rei de Israel: «Vem, para que nos vejamos de frente.»
18Joás, rei de Israel, mandou responder a Amacias, rei de Judá: «O cardo do Líbano mandou dizer ao cedro do Líbano: ‘Dá a tua filha, por esposa, ao meu filho.’ Mas vieram as feras do Líbano, passaram e pisaram o cardo. 19Dizes que derrotaste os edomitas, e o teu coração encheu-se de orgulho. Fica em tua casa. Porque corres ao encontro do perigo, arriscando-te a uma empresa que te há-de arruinar, assim como a Judá?» 20Mas Amacias não o quis ouvir, pois era disposição divina que ele fosse entregue nas mãos dos seus inimigos, por ter venerado os deuses de Edom.
21Joás, rei de Israel, marchou contra Amacias, rei de Judá, e encontraram-se os dois em Bet-Chémes, que está em Judá. 22Judá foi vencido por Israel, e cada um fugiu para sua casa. 23Joás, rei de Israel, prendeu Amacias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Joacaz em Bet-Chémes. Mandou-o para Jerusalém e abriu na muralha uma brecha de quatrocentos côvados, desde a porta de Efraim até à porta do Ângulo.24Apoderou-se de todo o ouro e prata, assim como dos utensílios que se encontravam no templo de Deus, à guarda de Obededom, e dos tesouros do palácio real; depois, regressou à Samaria, levando reféns.
Fim do reinado de Amacias (2 Rs 14,17-20) – 25Amacias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda quinze anos depois da morte de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel. 26O resto dos actos de Amacias, dos primeiros aos últimos, está escrito no Livro dos Reis de Judá e de Israel.
27Depois que Amacias se desviou do Senhor, armou-se em Jerusalém uma conspiração contra ele. Fugiu para Láquis, mas perseguiram-no e ali o mataram. 28Transportaram o seu corpo sobre cavalos, e sepultaram-no com seus pais na cidade de David.
Reinado de Uzias em Judá (781-740) (2 Rs 14,21-22; 15,1-7) 1Todo o povo de Judá proclamou rei a Uzias, que tinha então dezasseis anos, e colocou-o no trono, em lugar de seu pai Amacias. 2Foi ele quem reedificou Elat e fez voltar esta cidade ao domínio de Judá, depois de o rei adormecer com seus pais. 3Uzias tinha dezasseis anos quando começou a reinar e reinou cinquenta e dois anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Jecolias e era natural de Jerusalém. 4Praticou o que é recto aos olhos do Senhor, como seu pai Amacias. 5Aplicou-se a honrar a Deus durante a vida de Zacarias, que o instruiu no temor de Deus.
Enquanto honrou o Senhor, Deus deu-lhe prosperidade. 6Fez uma expedição contra os filisteus, derrubou as muralhas de Gat, de Jabne e de Asdod; construiu cidades no território de Asdod e na terra dos filisteus. 7Deus ajudou-o contra os filisteus, contra os árabes que habitavam em Gur-Baal e contra os meonitas. 8Os meonitas pagaram tributo a Uzias, e a sua fama estendeu-se até aos confins do Egipto, porque se tornara muito poderoso. 9Levantou torres fortificadas em Jerusalém, sobre a porta do Ângulo, sobre a porta do Vale e sobre a esquina da muralha.10Também construiu torres no de-serto, onde cavou numerosos poços, pois aí possuía numerosos rebanhos, tanto na planície como no planalto. Tinha lavradores e vinhateiros nas montanhas e nas vinhas, pois era apaixonado pela terra.
11Uzias tinha um exército de guerreiros que partiam para a guerra organizados em esquadrões, segundo o alistamento feito pelo escriba Jeiel e pelo administrador Massaías, sob a direcção de Hananías, um dos oficiais do rei. 12O número total dos chefes de família, guerreiros valentes, era de dois mil e seiscentos. 13O exército que comandavam era de trezentos e sete mil e quinhentos homens aptos para a guerra, que combatiam fortemente contra os inimigos do rei. 14A todo este exército, Uzias fornecia, para cada campanha militar, escudos, lanças, capacetes, couraças, arcos e fundas para atirar pedras.
15Mandou construir em Jerusalém máquinas destinadas a serem colocadas sobre as torres e sobre os ângulos das muralhas, para atirar flechas e grandes pedras. A sua fama estendeu-se até muito longe, pois Deus fez maravilhas para o ajudar a adquirir grande poder.
Orgulho e castigo de Uzias – 16Mas, ao ver-se tão poderoso, o seu coração encheu-se de orgulho, para sua desgraça. Cometeu uma falta contra o Senhor, seu Deus: entrou no templo do Senhor a fim de queimar incenso no altar dos perfumes. 17O sacerdote Azarias, com oitenta corajosos sacerdotes do Senhor, entraram atrás dele. 18Fizeram frente ao rei Uzias e disseram-lhe: «Não te compete a ti, Uzias, queimar incenso ao Senhor, mas aos sacerdotes da estirpe de Aarão, que foram consagrados para este fim. Sai do santuário, porque prevaricaste e não tens direito à glória que vem do Senhor Deus.» 19Então, Uzias, tendo na mão um turíbulo, enfureceu-se; mas, durante este acesso de furor contra os sacerdotes, apareceu-lhe lepra na fronte, ali, no templo do Senhor, na presença dos sacerdotes, diante do altar dos perfumes.20O Sumo Sacerdote Azarias e todos os outros sacerdotes olharam-no e viram a lepra que tinha na fronte. Precipitadamente, fizeram-no sair; aliás, ele próprio se apressou a sair, sentindo-se ferido pelo Senhor.
Fim do reinado de Uzias – 21O rei Uzias ficou leproso até à sua morte e viveu numa casa isolada, coberto de lepra. Por este motivo, foi excluído do templo do Senhor. Seu filho Jotam administrava o palácio real e governava o povo do país. 22Os restantes actos de Uzias, desde os primeiros aos últimos, foram descritos por Isaías, filho do profeta Amós.
23Uzias adormeceu com seus pais e foi sepultado perto deles no campo das sepulturas reais, pois era leproso. Seu filho Jotam sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Jotam em Judá (740-736) (2 Rs 15,32-38) – 1Jotam tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e reinou dezasseis anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Jerusa, filha de Sadoc. 2Praticou o que é recto aos olhos do Senhor, exactamente como havia procedido seu pai Uzias, mas não se intrometeu, como ele, no templo do Senhor. No entanto, o povo continuava a corromper-se. 3Foi Jotam que construiu a porta <superior do templo do Senhor, e fez muitas obras nas muralhas de Ofel. 4Construiu igualmente cidades fortificadas na montanha de Judá, fortalezas e torres nas regiões cultivadas.
5Fez guerra ao rei dos amonitas e venceu-o. Este pagou naquele ano um tributo de cem talentos de prata, dez mil coros de trigo e dez mil de cevada; isto mesmo lhe trouxeram os amonitas no segundo e terceiro ano. 6Jotam tornou-se assim muito poderoso, porque andava firmemente nos caminhos do Senhor, seu Deus.
Fim do reinado de Jotam – 7Os outros actos de Jotam, as suas acções, os seus feitos e as suas guerras, tudo isso está escrito no Livro dos Reis de Israel e de Judá. 8Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e reinou dezasseis anos em Jerusalém. 9Jotam adormeceu com os seus pais e foi sepultado na cidade de David. Seu filho Acaz sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Acaz em Judá (735-716) (2 Rs 16,2-20) – 1Acaz tinha vinte anos quando começou a reinar. Reinou dezasseis anos em Jerusalém. Não praticou o que é recto aos olhos do Senhor, como David, seu pai, 2mas seguiu as pegadas dos reis de Israel. Fez mesmo imagens de metal em honra de Baal. 3Queimou perfumes no vale de Ben-Hinom e fez passar os seus filhos pelo fogo, segundo o abominável costume das nações que o Senhor havia expulsado diante dos israelitas. 4Oferecia sacrifícios e perfumes sobre os lugares altos, sobre as colinas e debaixo de toda a árvore verdejante.
Guerra siro-efraimita – 5O Senhor, seu Deus, entregou-o nas mãos do rei dos arameus. Estes derrotaram-no, fizeram grande número de prisioneiros e deportaram-nos para Damasco. Também ele caiu nas mãos do rei de Israel, que lhe infligiu uma grande derrota. 6Pecá, filho de Remalias, matou, num só dia, cento e vinte mil homens de Judá, todos guerreiros valorosos, porque tinham abandonado o Senhor, Deus de seus pais. 7Zicri, um guerreiro de Efraim, matou Massaías, filho do rei, Azericam, chefe do palácio, e Elcana, o segundo depois do rei. 8Os filhos de Israel fizeram, entre os seus irmãos, duzentos mil prisioneiros, incluindo mulheres, jovens e donzelas. Recolheram também grandes despojos, que levaram para a Samaria.
O profeta Oded – 9Havia ali um profeta do Senhor, chamado Oded, que saiu ao encontro do exército que entrava na Samaria, e disse-lhes: «Vede: na sua ira contra os filhos de Judá, o Senhor, Deus dos vossos pais, entregou-os nas vossas mãos, mas vós tirastes-lhes a vida com tal fúria que a vossa crueldade subiu até ao céu. 10E agora pretendeis oprimir os homens de Judá e Jerusalém até fazer deles vossos escravos e escravas. Porventura, entre vós não há também prevaricações contra o Senhor, vosso Deus? 11Escutai-me: Mandai regressar os cativos que fizestes entre os vossos irmãos, pois ameaça-vos o ardor da ira do Senhor.»
12Levantaram-se, então, contra os que voltavam da guerra, alguns dos chefes dos efraimitas. Eram eles Azarias, filho de Joanan, Baraquias, filho de Mechilemot, Ezequias, filho de Chalum, e Amassá, filho de Hadlai. 13E diziam-lhes: «Não introduzireis aqui esses cativos. Quereis que nos tornemos culpados diante do Senhor, e que aumentemos, assim, as nossas faltas, já suficientemente numerosas? O ardor da ira do Senhor já ameaça Israel.»
14Então, na presença dos chefes e da assembleia do povo, os soldados soltaram os presos e abandonaram os despojos. 15A seguir, os homens, cujos nomes acabaram de ser citados, levantaram-se para reconfortar os cativos: revestiram com as vestes tiradas dos despojos aqueles que estavam nus, calçaram-nos, deram-lhes de comer e beber, trataram-lhes as feridas e conduziram-nos a Jericó, cidade das palmeiras, para junto dos seus irmãos, montando nos jumentos aqueles que se encontravam extenuados. Depois, regressaram à Samaria.
Pecado de Acaz – 16Naquele tempo, o rei Acaz mandou pedir socorro aos reis da Assíria, 17pois os edomitas voltaram a combater Judá e a fazer prisioneiros. 18Os filisteus invadiram também as cidades da planície e do Négueb que pertenciam a Judá; tomaram Bet-Chémes, Aialon, Guederot, Socó e os seus arrabaldes, Timna e os seus arrabaldes, Guimezô e os seus arrabaldes. E nelas se estabeleceram. 19Com efeito, o Senhor humilhava Judá por causa do rei Acaz, que levara a dissolução a Judá e cometera graves delitos contra o Senhor.
20Tiglat-Falasar, rei da Assíria, em vez de lhe dar o seu apoio, marchou contra ele e cercou-o. 21Em vão Acaz despojara o templo do Senhor, o palácio real e os dignitários para enviar presentes ao rei da Assíria. De nada lhe valeu. 22Embora estivesse em aflições, o rei Acaz continuou a cometer os seus crimes contra o Senhor. 23O fereceu mesmo sacrifícios aos deuses de Damasco, que o haviam derrotado.
Dizia ele: «São os deuses dos reis dos arameus que os protegem; oferecer-lhes-ei, portanto, sacrifícios para que igualmente me ajudem.» Eles, porém, foram a causa da sua queda e da ruína de todo o Israel. 24Acaz juntou todos os utensílios do templo de Deus e despedaçou-os. Fechou as portas do templo do Senhor, fabricou altares em todos os cruzamentos de Jerusalém. 25Construiu lugares altos em todas as cidades de Judá, para neles oferecer incenso aos deuses estrangeiros, provocando, assim, a ira do Senhor, Deus de seus pais.
Fim do reinado de Acaz – 26O resto dos seus actos, todos os seus feitos, dos primeiros aos últimos, tudo isso está escrito no Livro dos Reis de Judá e de Israel.
27Acaz adormeceu com seus pais e foi sepultado na cidade de Jerusalém, pois não o quiseram enterrar nos sepulcros dos reis de Israel. Seu filho Ezequias sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Ezequias em Judá (716-687) (2 Rs 18,1-3) – 1Ezequias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e reinou vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Abias, filha de Zacarias. 2Praticou o bem aos olhos do Senhor, como David, seu pai.
Purificação do templo – 3No primeiro mês do primeiro ano do seu reinado, reabriu as portas do templo do Senhor, depois de as ter reparado. 4Convocou os sacerdotes e os levitas e reuniu-os na praça oriental. 5Disse-lhes: «Escutai-me, levitas. Santificai-vos, agora, e purificai o templo do Senhor, Deus de vossos pais, de toda a imundície, 6porque os nossos pais prevaricaram, fizeram o mal diante do Senhor, nosso Deus; abandonaram-no, desviaram os olhos da sua morada, voltaram-lhe as costas. 7Trancaram mesmo as portas do vestíbulo, extinguiram as lâmpadas, não mais queimaram incenso e suprimiram os holocaustos no santuário do Deus de Israel. 8Por isso, a ira do Senhor inflamou-se contra Judá e Jerusalém, entregou-os à desolação e fez deles objecto de espanto e zombaria, como estais a ver com os vossos próprios olhos. 9que os nossos pais pereceram ao fio da espada, e as nossas filhas, os nossos filhos e as nossas mulheres estão no c Eis ativeiro por causa disso. 10Agora, resolvi fazer uma aliança com o Senhor, Deus de Israel, para que nos poupe do ardor da sua ira. 11Ora, meus filhos, não sejais negligentes, porque foi a vós que o Senhor escolheu para que estivésseis diante dele, o servísseis e lhe oferecêsseis incenso.»
Reforma religiosa – 12Levantaram-se, então, os seguintes levitas: da linhagem de Queat, Maat, filho de Amassai, Joel, filho de Azarias; da linhagem de Merari, Quis, filho de Abdi, Azarias, filho de Jalelel; da linhagem dos gersonitas, Joá, filho de Zima, Éden, filho de Joá; 13da linhagem de Elisafan, Chimeri e Jeiel; da linhagem de Asaf, Zacarias e Matanias; 14da linhagem de Heman, Jaiel e Chimei; da linhagem de Jedutun, Chemaías e Uziel. 15Reuniram os seus irmãos e, depois de se terem santificado, vieram, por ordem do rei e conforme as palavras do Senhor, purificar o templo. 16Os sacerdotes entraram no interior do templo do Senhor para o purificar, e varreram, do átrio do templo, toda a imundície que encontraram; depois, os levitas juntaram-na e levaram-na para fora, para a torrente do Cédron.
17Foi no primeiro dia do primeiro mês que começaram esta purificação; no oitavo dia desse mês chegaram ao pórtico. Em oito dias, o templo foi purificado. No décimo sexto dia do mês, acabaram a obra começada.
18Dirigiram-se, então, à presença do rei Ezequias e disseram-lhe: «Purificámos todo o templo do Senhor, o altar dos holocaustos com todos os seus utensílios, a mesa dos pães da oferenda com todos os seus utensílios. 19Todos os objectos que Acaz, tinha profanado, durante o seu reinado, purificámo-los e pusemo-los diante do altar do Senhor.»
Restabelecimento do culto – 20No dia seguinte, de manhã, o rei Ezequias reuniu os dignitários da cidade e subiu ao templo. 21Levaram sete touros, sete carneiros, sete cordeiros e sete bodes para um sacrifício expiatório pelo reino, pelo santuário e por Judá. O rei disse aos sacerdotes da linhagem de Aarão que os oferecessem sobre o altar do Senhor.
22Os sacerdotes imolaram os touros, cujo sangue recolheram e derramaram sobre o altar. Depois, imolaram os carneiros e espalharam o seu sangue sobre o altar; e fizeram o mesmo com os cordeiros. 23Trouxeram então os bodes, para um sacrifício expiatório, à presença do rei e da multidão, e todos estenderam as mãos sobre eles.
24Os sacerdotes imolaram-nos e ofereceram o seu sangue sobre o altar, em expiação pelos pecados de todo o Israel, pois o rei ordenara que se oferecesse o holocausto e o sacrifício expiatório por todo o Israel. 25Colocou, depois, os levitas no templo do Senhor, com címbalos, harpas e cítaras, segundo a ordem de David, de Gad, o vidente do rei, e do profeta Natan, porque era uma ordem do Senhor, dada pelos seus profetas.
26Os levitas ocuparam o seu lugar com os instrumentos de David, e os sacerdotes, com as trombetas. 27Ezequias mandou oferecer o holocausto sobre o altar; e, no momento em que começava o holocausto, o canto do Senhor fez-se ouvir, ao som das trombetas e dos instrumentos musicais de David, rei de Israel.
28Toda a assembleia estava prostrada, enquanto os cantores entoavam o cântico e faziam ressoar as trombetas até ao fim do holocausto.29Terminado o holocausto, o rei e todos os que o cercavam dobraram os joelhos e prostraram-se. 30A seguir, o rei Ezequias e os chefes ordenaram aos levitas que cantassem um cântico ao Senhor, com as palavras de David e do vidente Asaf. Cantaram esse hino cheios de alegria, e depois prostraram-se em adoração. 31Então, Ezequias tomou a palavra e disse: «Agora que tendes as vossas mãos cheias de ofertas para o Senhor, aproximai-vos e oferecei os sacrifícios de acção de graças no templo do Senhor.» E toda a multidão ofereceu os seus sacrifícios de acção de graças, e os de coração generoso ofereciam holocaustos voluntários.
32Este foi o número dos holocaustos oferecidos pela multidão: setenta touros, cem carneiros, duzentos cordeiros; tudo isto oferecido em holocausto ao Senhor. 33Consagraram, além disso, seiscentos bois e três mil ovelhas. 34Mas, como os sacerdotes eram poucos e não bastavam para preparar as vítimas destinadas ao holocausto, os seus irmãos levitas ajudaram-nos até ao fim, até que os outros sacerdotes se purificassem; porque os levitas tinham mostrado mais solicitude que os sacerdotes em se purificar. 35Ofereceram, além disso, holocaustos em abundância, com a gordura dos sacrifícios de comunhão e as libações para os holocaustos.
Foi assim restabelecido o culto no templo do Senhor. 36Ezequias e o povo regozijaram-se por o Senhor ter disposto todo o povo a fazer tudo isto tão rapidamente.
Convocação para a Páscoa (35,1-19; Ex 12,1-20; Nm 9,1-14) – 1Ezequias enviou mensageiros por todo o Israel e Judá e escreveu cartas a Efraim e a Manassés, para os convidar a virem ao templo do Senhor, que está em Jerusalém, celebrar a Páscoa em honra do Senhor, Deus de Israel. 2O rei, os seus chefes e toda a assembleia do povo em Jerusalém resolveram celebrar a Páscoa no segundo mês, 3pois não puderam fazê-lo no devido tempo porque os sacerdotes não se tinham santificado em número suficiente, e o povo ainda não se tinha reunido em Jerusalém. 4Esta resolução agradou ao rei e a toda a assembleia. 5Decidiram, por isso, apregoar por todo o Israel, desde Bercheba até Dan, o convite para virem a Jerusalém celebrar a Páscoa em honra do Senhor, Deus de Israel. Porque muitos não a celebravam como estava prescrito.
6Partiram, então, os pregoeiros, com as cartas do rei e dos chefes, por todo o Israel e Judá. Por ordem do rei, diziam: «Israelitas, voltai ao Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, e Ele há-de voltar-se para aqueles que, de entre vós, escaparam das mãos dos reis da Assíria.7Não sejais como os vossos pais e os vossos irmãos, que prevaricaram diante do Senhor, Deus de seus pais, que os entregou à desolação, como estais a ver. 8Não endureçais a vossa cerviz, como fizeram os vossos pais. Estendei as mãos para o Senhor, vinde ao santuário que Ele consagrou para sempre, e servi o Senhor, vosso Deus, a fim de que Ele afaste de vós o ardor da sua cólera. 9Se vos converterdes ao Senhor, os vossos irmãos e os vossos filhos acharão misericórdia diante daqueles que os levaram cativos e voltarão a este país; pois o Senhor, vosso Deus, é misericordioso e compassivo e não mais desviará os olhos de vós, se a Ele vos converterdes.» 10Deste modo, os pregoeiros passaram de cidade em cidade no território de Efraim e de Manassés, até Zabulão. Mas riam-se deles e escarneceram-nos. 11Contudo, alguns homens de Aser, de Manassés e de Zabulão mostraram-se humildes e dirigiram-se a Jerusalém. 12Também em Judá, a mão de Deus tocou os habitantes para lhes dar o desejo unânime de escutar as ordens do rei e dos chefes, conforme a palavra do Senhor.
Festa dos Ázimos (Ex 12,15-20) – 13Grandes multidões acorreram a Jerusalém para celebrar a festa dos Ázimos, no segundo mês. Era uma enorme assembleia. 14Começaram por destruir os altares pagãos que se encontravam em Jerusalém, assim como todos os altares dos perfumes, e lançaram-nos à torrente do Cédron.
15Imolaram o cordeiro pascal no décimo quarto dia do segundo mês. Os sacerdotes e os levitas, arrependidos, tinham-se santificado e ofereceram holocaustos no templo do Senhor. 16Ocupavam o seu lugar, como prescreve a Lei de Moisés, homem de Deus. Os sacerdotes derramavam o sangue recebido das mãos dos levitas. 17 Como houvesse na assistência muitos que não se tinham purificado, os levitas encarregaram-se de imolar o cordeiro pascal por todos os que não estavam puros, a fim de os consagrar ao Senhor.
18Uma grande parte do povo de Efraim, de Manassés, de Issacar e de Zabulão comeu o cordeiro pascal sem se ter purificado, contrariamente ao que estava prescrito. Mas Ezequias intercedeu por eles, dizendo: «O Senhor, que é bom, usará de misericórdia 19com os que buscam de todo o coração o Senhor, Deus de seus pais, e não lhes imputará a falta de purificação exigida para o santuário!» 20O Senhor escutou Ezequias e perdoou ao povo.
21Os filhos de Israel que se encontravam em Jerusalém celebraram com muita alegria a festa dos Ázimos durante sete dias. Cada dia, os levitas e os sacerdotes louvavam o Senhor com potentes instrumentos musicais. 22Ezequias dirigiu palavras cordiais a todos os levitas que se tinham distinguido no culto do Senhor. Passaram os sete dias da festa oferecendo sacrifícios de comunhão e de acção de graças ao Senhor, Deus de seus pais. 23E toda a assembleia concordou em prolongar a festa por mais sete dias, celebrando-a com grande alegria.
24Ezequias, rei de Judá, dera à assembleia mil touros e sete mil ovelhas; também os altos funcionários a presentearam com mil touros e dez mil ovelhas; os sacerdotes tinham-se purificado em grande número. 25A alegria reinava em toda a assembleia de Judá, nos sacerdotes e levitas, na assembleia vinda de Israel e nos estrangeiros vindos da terra de Israel ou estabelecidos em Judá. 26Em Jerusalém houve grande júbilo, pois nunca se vira coisa semelhante na cidade, desde o tempo de Salomão, filho de David, rei de Israel. 27Finalmente, os sacerdotes e os levitas levantaram-se para abençoar a multidão. A sua voz foi ouvida e a sua prece chegou ao céu, até à santa morada de Deus.
Reforma do culto – 1 Quando tudo isto terminou, os israelitas presentes saíram para as cidades de Judá e despedaçaram as estelas, derrubaram os troncos sagrados, destruíram os lugares altos e os altares em toda a região de Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. Foi uma destruição total. Depois, os israelitas regressaram cada qual à sua cidade e à sua casa.
Os sacerdotes – 2Ezequias restabeleceu as classes dos sacerdotes e dos levitas, segundo os seus turnos, cada um com a sua função própria, tanto para os holocaustos e sacrifícios de comunhão como para o serviço do culto, da acção de graças e dos louvores e na guarda das portas da morada do Senhor. 3O rei também reservou uma parte dos seus bens para os holocaustos da manhã e da tarde, dos sábados, da festa da Lua-nova e das solenidades, conforme a prescrição da Lei do Senhor. 4Ordenou ao povo que habitava em Jerusalém que entregasse aos sacerdotes e levitas o que lhes era devido, a fim de se consagrarem totalmente à Lei do Senhor. 5Logo que esta ordem foi promulgada, os israelitas multiplicaram as oferendas das primícias do trigo, do vinho, do azeite, do mel e de todos os produtos do campo, e ofereceram generosamente o dízimo de tudo o que produz a terra. 6Os israelitas e os que habitavam nas cidades de Judá também trouxeram o dízimo dos bois e das ovelhas, assim como o dízimo das coisas santas consagradas ao Senhor, seu Deus. De tudo isso deram grandes quantidades. 7Esta acumulação começou no terceiro mês e só acabou no sétimo. 8Então, Ezequias e os seus funcionários, vendo essas quantidades, louvaram o Senhor e o seu povo de Israel. 9Ezequias fez perguntas aos sacerdotes e levitas acerca dessas quantidades. 10O Sumo Sacerdote Azarias, da linhagem de Sadoc, respondeu-lhe: «Desde que começaram a trazer estas oferendas ao templo do Senhor, temos matado a nossa fome e ainda sobra muito. O Senhor abençoou o seu povo. Esta grande quantidade é o que sobra.»
11Ezequias deu ordem de se prepararem celeiros no templo do Senhor, e a ordem foi cumprida. 12Neles foram fielmente guardadas as oferendas, os dízimos e as coisas consagradas. Para esta tarefa, foi nomeado intendente o levita Cananias, auxiliado por seu irmão Chimei.13Sob a sua direcção, Jaiel, Azarias, Naat, Asael, Jerimot, Jozabad, Eliel, Jismaquias, Maat e Benaías exerciam o ofício de vigilantes, por mandato do rei Ezequias e de Azarias, intendente do templo de Deus.
14O levita Coré, filho do levita Jimna, guarda da porta oriental, estava encarregado dos dons voluntários feitos a Deus, da distribuição da parte reservada do Senhor, e das coisas mais sagradas. 15Estavam às suas ordens nas cidades sacerdotais: Éden, Miniamin, Jesua, Chemaías, Amarias e Checanias que tinham a missão de distribuir a cada um, equitativamente, a sua parte, segundo as suas classes, sem diferença entre grandes e pequenos. 16Faziam a distribuição a todos os que vinham ao templo do Senhor para o serviço quotidiano, conforme as suas funções e classes, desde que estivessem inscritos nos registos, da idade de três anos para cima. 17A inscrição dos sacerdotes era feita segundo as suas famílias, e a dos levitas desde a idade de vinte anos para cima, segundo as suas funções e classes. 18A inscrição valia para toda a família: mulheres, filhos e filhas, e para toda a assembleia, desde que estivessem fielmente santificados. 19Quanto aos sacerdotes da linhagem de Aarão que moravam no campo, nos arredores das cidades sacerdotais, havia em cada localidade homens nomeados para distribuir as porções a todo o varão da estirpe sacerdotal e dos levitas devidamente inscritos.
20Foram estas as medidas tomadas por Ezequias em todo o território de Judá. Praticou o que era bom, recto e fiel diante do Senhor, seu Deus. 21Em tudo o que empreendeu para o serviço do templo de Deus, da Lei e das prescrições, não procurou senão a vontade de Deus, pondo na sua acção todo o seu coração. E foi bem sucedido.
Invasão de Senaquerib, rei da Assíria (2 Rs 18,13-37; Is 36-37) – 1Depois destas coisas, que eram prova de fidelidade, Senaquerib, rei da Assíria, invadiu Judá e sitiou as cidades fortificadas para se apoderar delas. 2Ezequias, ao ver que Senaquerib vinha atacar Jerusalém,3resolveu, com o conselho dos seus funcionários e oficiais, obstruir as águas das nascentes que se encontravam fora das cidades. Eles ajudaram-no. 4Reuniram grande número de gente e obstruíram todas as fontes e a torrente que corria no meio do território, dizendo: «Porque hão-de os reis da Assíria, ao chegar aqui, encontrar água em abundância?»
5Para se fortificar, Ezequias reparou a muralha em ruínas, levantou as torres, construiu um segundo muro exterior, restaurou Milo, na cidade de David, e mandou fabricar lanças e escudos em grande quantidade. 6Colocou à frente do exército chefes militares, reuniu-os junto de si na praça da porta da cidade e exortou-os com estas palavras: 7«Sede valentes e corajosos. Não temais nem tenhais medo do rei da Assíria e de toda essa multidão que o segue, porque há mais força do nosso lado do que do lado dele. 8Com ele, está apenas a força humana; connosco, está o Senhor, nosso Deus, para nos auxiliar e combater ao nosso lado.» A estas palavras de Ezequias, rei de Judá, o povo encheu-se de confiança.
Palavras de Senaquerib (2 Rs 20, 12-19) – 9Depois disto, Senaquerib, rei da Assíria, que se encontrava em Láquis com todo o seu exército, enviou alguns oficiais a Jerusalém para dizer ao rei Ezequias e a todo o povo de Judá que se encontrava em Jerusalém:
10«Assim fala Senaquerib, rei da Assíria: “Em que confiais vós, para vos encerrardes dessa maneira em Jerusalém? 11Não vedes que Ezequias vos engana para vos fazer perecer de fome e de sede, ao dizer-vos: ‘O Senhor, nosso Deus, há-de salvar-nos das mãos do rei da Assíria’? 12Não foi ele, Ezequias, quem suprimiu os lugares altos e os seus altares, ordenando aos habitantes de Judá e Jerusalém que não adorassem nem oferecessem incenso senão diante de um só altar? 13Não sabeis o que fizemos, eu e meus pais, a todos os povos dos outros países? Porventura os deuses dessas nações puderam salvar os seus países da minha mão? 14Entre todos os deuses dessas nações que os meus pais exterminaram, qual deles pôde salvar o seu povo do meu poder, para que o vosso Deus vos possa livrar do meu braço?15Não vos deixeis, portanto, enganar nem seduzir dessa maneira por Ezequias. Não confieis nele. Se nenhum deus de qualquer nação ou reino pôde livrar o seu povo da minha mão nem da mão dos meus pais, também o vosso Deus não vos poderá livrar de cair na minha mão”.»
16Os mensageiros de Senaquerib disseram ainda outras palavras contra o Senhor Deus e contra Ezequias, seu servo. 17Senaquerib escreveu uma carta cheia de ultrajes contra o Senhor, Deus de Israel, na qual dizia: «Assim como os deuses das nações não os puderam livrar das minhas mãos, assim também o Deus de Ezequias não poderá livrar o seu povo do meu poder.» 18Tudo isto foi proclamado em voz alta, na língua da Judeia, a fim de intimidar e assustar o povo de Jerusalém que se encontrava sobre a muralha, e de se apoderar da cidade.19Falavam do Deus de Jerusalém como dos deuses das nações pagãs, que não passam de obras feitas pela mão do homem.
Oração de Ezequias (2 Rs 19,14-19;_Is 37,14-20) – 20Mas o rei Ezequias e o profeta Isaías, filho de Amós, puseram-se em oração para implorar o auxílio do céu a este respeito. 21O Senhor enviou então um anjo que exterminou todos os guerreiros valentes, comandantes e oficiais do exército no próprio acampamento do rei da Assíria. Este voltou para o seu país coberto de ignomínia. E, ao entrar no templo do seu deus, alguns dos seus filhos assassinaram-no ali mesmo, à espada.
22Deste modo, o Senhor livrou Ezequias e os habitantes de Jerusalém da mão de Senaquerib, rei dos Assírios, e de todos os seus inimigos, e concedeu-lhes a paz em todas as fronteiras. 23Muitos levaram a Jerusalém oferendas para o Senhor e ricos presentes para Ezequias, rei de Judá, que, desde então, conquistou grande prestígio aos olhos de todos os povos estrangeiros.
Doença e cura de Ezequias (2 Rs 20,1-11; Is 38,1-22) – 24Por aqueles dias, Ezequias contraiu uma doença mortal. Orou ao Senhor, que lhe respondeu e o curou milagrosamente. 25Mas Ezequias não correspondeu ao benefício recebido do Senhor, porque se orgulhou em seu coração; por isso, a ira do Senhor inflamou-se contra ele e contra Judá e Jerusalém. 26Contudo, apesar deste orgulho do seu coração, humilhou-se, depois, com os habitantes de Jerusalém, e o Senhor não descarregou sobre eles a sua ira enquanto Ezequias viveu.
27Ezequias teve muitas riquezas e glória, e juntou tesouros de prata, ouro, pedras preciosas, aromas, escudos e objectos de valor. 28Mandou fazer depósitos para armazenar o trigo, o vinho e o azeite, estábulos para toda a espécie de gado e apriscos para os rebanhos. 29Construiu cidades para si, porque tinha ovelhas e bois em grande abundância, pois Deus dera-lhe imensas riquezas.
Resumo e fim do reinado de Ezequias (2 Rs 20,20-21) – 30Foi Ezequias quem fechou a saída superior das águas da fonte de Guion, e as dirigiu, por um canal subterrâneo para a parte ocidental da cidade de David. Ezequias teve êxito em todos os seus empreendimentos.31Todavia, quando os chefes da Babilónia lhe enviaram mensagens para se informar do prodígio que acontecera no país, Deus abandonou-o para provar e conhecer o interior do seu coração.
32Os outros actos de Ezequias, as suas obras de misericórdia, tudo isso está escrito na visão do profeta Isaías, filho de Amós, e no Livro dos Reis de Judá e de Israel. 33Ezequias adormeceu com os seus pais e foi sepultado na subida que conduz aos sepulcros dos descendentes de David. Todo o Judá e os habitantes de Jerusalém celebraram com grande pompa as suas exéquias. Seu filho Manassés sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Manassés em Judá (698-643) (2 Rs 20,21-21,18) 1Manassés tinha doze anos quando começou a reinar. Reinou cinquenta e cinco anos em Jerusalém.
Impiedade de Manassés – 2Praticou o mal aos olhos do Senhor, imitando as abomináveis práticas das nações que o Senhor expulsava diante dos israelitas. 3Reconstruiu os lugares altos, que seu pai Ezequias destruíra, erigiu altares ao deus Baal, mandou fazer troncos sagrados e prostrou-se em adoração diante dos astros do céu, prestando-lhes culto. 4Edificou mesmo altares no templo do Senhor, do qual Ele próprio dissera: «O meu nome residirá para sempre em Jerusalém.» 5Erigiu altares para todo o exército celeste nos dois átrios do templo.6Fez passar pelo fogo os seus próprios filhos no vale de Ben-Hinom. Entregou-se à astrologia, à adivinhação e à magia, praticou a invocação dos mortos e a bruxaria e cometeu acções que desagradavam ao Senhor, provocando a sua indignação. 7Colocou também um ídolo esculpido no templo de Deus, do qual Ele dissera a David e ao seu filho Salomão: «Neste templo e em Jerusalém, que escolhi entre todas as tribos de Israel, farei residir o meu nome para sempre. 8E não mais conduzirei os passos de Israel para longe da terra que dei a seus pais, desde que guardem e cumpram tudo quanto lhes ordenei por intermédio do meu servo Moisés: a Lei, os preceitos e os decretos que lhes prescrevi.»9Mas Manassés desencaminhou Judá e os habitantes de Jerusalém a ponto de fazerem maiores males que todas as nações que o Senhor aniquilara diante dos israelitas. 10O Senhor falou a Manassés e ao seu povo, mas eles não lhe prestaram atenção.
Cativeiro e conversão – 11O Senhor mandou então vir contra ele os generais do exército do rei da Assíria. Prenderam Manassés com arpões, ataram-no com grilhões e conduziram-no para a Babilónia. 12Na sua angústia, orou ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se profundamente diante do Deus de seus pais. 13O rei dirigiu-lhe uma prece e Ele ouviu a sua oração, reconduzindo-o a Jerusalém e ao seu trono. Manassés reconheceu, desse modo, que só o Senhor é o verdadeiro Deus. 14Depois disto, construiu um muro exterior à cidade de David, a oeste de Guion, no vale que ia até à entrada da porta dos Peixes e rodeava Ofel. Era muito alto. Colocou, também, chefes militares em todas as cidades fortificadas de Judá. 15Fez desaparecer do templo do Senhor os deuses estrangeiros, o ídolo e todos os altares que construíra sobre a montanha do templo e em Jerusalém. Lançou-os para fora da cidade. 16Reconstruiu o altar do Senhor e ofereceu sobre ele vítimas e sacrifícios de comunhão e de louvor. Ordenou a Judá que servisse ao Senhor, Deus de Israel. 17No entanto, o povo continuava ainda a sacrificar nos lugares altos, mas somente em honra do Senhor, seu Deus.
Fim do reinado de Manassés (2 Rs 21,17) – 18O resto dos actos de Manassés, a oração que dirigiu ao seu Deus e as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do Senhor, Deus de Israel, tudo isto está escrito nas Crónicas dos Reis de Israel 19A sua oração, a maneira como foi atendido, as suas faltas, a sua infidelidade, os sítios onde edificou os lugares altos e onde erigiu os troncos sagrados assim como os ídolos, antes de se ter arrependido, tudo isto está escrito nas Actas dos Videntes. 20Manassés adormeceu com os seus pais e foi sepultado na sua casa. Seu filho Amon sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Amon (642-640) (2 Rs 21,19-26) – 21Amon tinha a idade de vinte e dois anos quando começou a reinar. Reinou dois anos em Jerusalém. 22Praticou o mal aos olhos do Senhor, como seu pai Manassés.
Amon ofereceu sacrifícios e prestou culto a todos os ídolos que seu pai Manassés tinha feito. 23Mas não se humilhou diante do Senhor como seu pai Manassés; pelo contrário, cometeu delitos muito maiores. 24Os seus servos conjuraram-se contra ele e mataram-no na sua própria casa. 25Mas o povo castigou, com a morte, todos os que tinham conspirado contra o rei Amon e, em lugar dele, proclamou rei seu filho Josias.
Reinado de Josias (640-609) (2 Rs 22,1-20; 23,1-30) – 1Josias tinha oito anos quando começou a reinar e reinou trinta e um anos em Jerusalém. 2Praticou o que é recto aos olhos do Senhor, seguiu as pegadas de David, seu pai, sem se afastar nem para a direita nem para a esquerda.
Reformas em Judá – 3No oitavo ano do seu reinado, sendo ainda muito jovem, começou a seguir o Deus de David, seu pai, e, no décimo segundo ano, começou a purificar Judá e Jerusalém dos lugares altos, dos troncos sagrados e dos ídolos de madeira ou de metal. 4Demoliram, na sua presença, os altares portáteis de Baal; ele próprio despedaçou os altares de incenso que estavam sobre os altares. Destruiu os troncos sagrados, os ídolos de madeira ou de metal, reduzindo-os a pó, que espalhou sobre os túmulos dos que lhes tinham oferecido sacrifícios; 5queimou os ossos dos sacerdotes sobre os seus altares.
Assim, purificou Judá e Jerusalém. 6Fez o mesmo nas cidades de Manassés, de Efraim e Simeão e até mesmo de Neftali e nos territórios vizinhos; 7demoliu os altares, os troncos sagrados e os ídolos, reduzindo-os a pó, e destruiu todos os altares portáteis de incenso por todo o país de Israel. Depois regressou a Jerusalém.
Reconstrução do templo – 8No décimo oitavo ano do seu reinado, após ter purificado o país e o templo, o rei enviou Chafan, filho de Asalias, Massaías, governador da cidade, e o arquivista Joá, filho de Joacaz, para cuidarem da restauração do templo do Senhor, seu Deus.9Apresentaram-se ao Sumo Sacerdote Hilquias e entregaram o dinheiro trazido ao templo de Deus, que os levitas porteiros haviam recolhido de Manassés, de Efraim e de todo o resto de Israel, assim como de Judá, de Benjamim e dos habitantes de Jerusalém. 10Entregaram este dinheiro aos empreiteiros e encarregados dos trabalhos do templo do Senhor. Entregaram-no para todas as obras de reparação e de restauração do templo. 11Estes entregaram-no aos carpinteiros e aos pedreiros para a compra de pedras de cantaria, madeiras de carpintaria e traves destinadas às construções que os reis de Judá deixaram cair em ruínas. 12Esses homens cumpriram fielmente a sua tarefa. Como inspectores, e para os dirigir, tinham Jaat e Abdias, levitas da linhagem de Merari, Zacarias e Mechulam, da linhagem de Queat, todos eles levitas hábeis em tocar instrumentos de música. 13Vigiavam os carregadores e dirigiam todos os trabalhadores, segundo a sua profissão. Havia ainda levitas que eram secretários, comissários e porteiros.
Descoberta do livro da Lei (2 Rs 22,3-13) – 14No momento em que se retirava o dinheiro que tinha sido levado ao templo do Senhor, o sacerdote Hilquias descobriu o livro da Lei do Senhor, dada por Moisés. 15Disse então Hilquias ao escriba Chafan: «Encontrei o livro da Lei no templo do Senhor.» E entregou-o a Chafan. 16O escriba Chafan levou-o ao rei e fez-lhe o seguinte relato: «Os teus servos fizeram tudo o que lhes confiaste: 17fundiram a prata encontrada no templo do Senhor e entregaram-na aos encarregados e aos empreiteiros dos trabalhos.» 18O escriba Chafan disse ainda ao rei: «O sacerdote Hilquias entregou-me este livro.» E começou a ler o livro na presença do rei.
19Ao escutar as palavras da Lei, o rei rasgou as suas vestes. 20Em seguida, deu esta ordem a Hilquias, a Aicam, filho de Chafan, a Abdon, filho de Mica, ao escriba Chafan e ao funcionário real Asaías:
21«Ide e consultai o Senhor em meu nome e em nome do resto de Israel e de Judá, a respeito das palavras deste livro acabado de encontrar, porque grande é a ira do Senhor que se irá desencadear sobre nós, pois os nossos pais não observaram a palavra do Senhor nem cumpriram tudo o que está escrito neste livro.»
A profetisa Hulda (2 Rs 22,14-20) – 22Hilquias e aqueles que o rei designara foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Chalum, filho de Toqueat, filho de Harsa, guarda do vestiário, a qual habitava em Jerusalém, na cidade nova. Disseram-lhe o que tinha acontecido. 23Ela respondeu-lhes: «Isto diz o Senhor, Deus de Israel: Dizei àquele que vos enviou a mim: 24‘Isto diz o Senhor: Vou enviar sobre este lugar e sobre os seus habitantes todas as calamidades, todas as maldições escritas neste livro, que foi lido na presença do rei de Judá. 25Já que eles me abandonaram e ofereceram incenso a outros deuses, irritando-me com todas as obras das suas mãos, o meu furor vai inflamar-se contra este lugar e jamais cessará.
26Mas ao rei de Judá que vos enviou a consultar o Senhor, direis: Isto diz o Senhor, Deus de Israel, a respeito das palavras que ouviste: 27Porque o teu coração se comoveu e te humilhaste diante de Deus ao ouvires o que está escrito contra este lugar e os seus habitantes e, tremendo diante de mim, rasgaste as tuas vestes e choraste na minha presença, também Eu te ouvirei, diz o Senhor. 28Vou reunir-te aos teus pais: serás depositado em paz no teu sepulcro; os teus olhos nada verão da catástrofe que vou enviar sobre este lugar e sobre os seus habitantes.’»
E vieram referir ao rei tudo quanto ouviram.
Renovação da aliança (2 Rs 23,1-2) – 29Então o rei Josias convocou todos os anciãos de Judá e de Jerusalém. 30Depois, ele próprio subiu ao templo do Senhor seguido pelos homens de Judá e habitantes de Jerusalém, pelos sacerdotes, pelos levitas e por todo o povo, desde o maior ao menor. Proclamou-lhes integralmente as palavras do livro da aliança, encontrado no templo do Senhor. 31Pondo-se de pé sobre um estrado, o rei fez uma aliança na presença do Senhor, segundo a qual se comprometia a seguir o Senhor, a guardar os seus mandamentos, as suas ordens e os seus preceitos, de todo o seu coração e com toda a sua alma, cumprindo todas as palavras da aliança escritas nesse livro. 32Fez com que entrassem nessa aliança todos os que se encontravam em Jerusalém e Benjamim; e os habitantes de Jerusalém agiram segundo a aliança de Deus, Deus de seus pais.
33Deste modo, Josias fez desaparecer as abominações de todos os países dos filhos de Israel e obrigou todos os que se encontravam em Israel a servirem o Senhor, seu Deus. Enquanto viveu, não se afastaram do Senhor, Deus dos seus pais.
Celebração solene da Páscoa (Ex 12,1-28; 2 Rs 23,21-23) – 1Josias celebrou em Jerusalém a Páscoa do Senhor. Imolaram esta Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês. 2Restabeleceu os sacerdotes nas suas funções e animou-os a cumprirem o seu ministério no templo do Senhor. 3Disse aos levitas que instruíam todo o Israel e que estavam consagrados ao Senhor:
«Depositai a Arca santa no templo construído por Salomão, filho de David, rei de Israel. Não mais tereis de a transportar sobre os vossos ombros. Agora permanecereis ao serviço do Senhor, vosso Deus, e do seu povo de Israel. 4Organizai-vos segundo a ordem das vossas famílias e das vossas classes, conforme as prescrições de David, rei de Israel, e de Salomão, seu filho. 5Ocupai os vossos lugares no santuário, por turnos, ao serviço das famílias patriarcais e de vossos irmãos: um turno de levitas para cada família patriarcal. 6Imolareis a Páscoa e santificar-vos-eis, a fim de a preparar para os vossos irmãos, conforme a palavra do Senhor transmitida por Moisés.»
7Josias deu ao povo, a todos quantos ali se encontravam, gado miúdo, cordeiros e cabritos em número de trinta mil, tudo para a Páscoa, e acrescentou três mil bois, tudo tirado do património real. 8Os funcionários do rei deram também, espontaneamente, presentes ao povo, aos sacerdotes e aos levitas. Hilquias, Zacarias e Jaiel, prefeitos do templo de Deus, deram aos sacerdotes, para a Páscoa, dois mil e seiscentos cordeiros e trezentos bois. 9Cananias, Chemaías e Natanael, seus irmãos, Hasabias, Jeiel e Jozabad, chefes dos levitas, deram aos levitas, para a Páscoa, cinco mil cordeiros e quinhentos bois.
10O serviço foi preparado do seguinte modo: os sacerdotes tomaram o seu lugar e os levitas as suas funções, segundo a ordem que o rei determinara. 11Imolaram o cordeiro pascal: os sacerdotes derramavam o sangue que recebiam das mãos dos levitas, enquanto estes esfolavam as vítimas. 12Puseram à parte os holocaustos para os dar aos grupos das famílias do povo, para que os oferecessem ao Senhor, como está prescrito no livro de Moisés. Fizeram o mesmo com os bois. 13De acordo com o rito prescrito, assaram o cordeiro pascal no fogo. Cozeram as oferendas consagradas em panelas, caldeirões e sertãs e depois distribuíram-nas a todo o povo. 14Em seguida prepararam tudo para si e para os sacerdotes, pois os sacerdotes, filhos de Aarão, estiveram ocupados até à noite em oferecer os holocaustos e as gorduras; por isso, os levitas prepararam as carnes para si mesmos e para os sacerdotes, filhos de Aarão. 15Os cantores, filhos de Asaf, estavam no seu posto, segundo as disposições de David, de Asaf, de Heman e de Jedutun, vidente do rei. Os porteiros estavam cada um na sua porta; não precisaram de abandonar o seu posto, porque os seus irmãos, os levitas, prepararam tudo para eles. 16Assim se organizou naquele dia todo o serviço do Senhor segundo a ordem do rei Josias, para celebrar a Páscoa e oferecer os holocaustos no altar do Senhor.
17Os filhos de Israel ali presentes celebraram naquela data a Páscoa e a festa dos Ázimos, durante sete dias. 18Nenhuma Páscoa semelhante a esta fora celebrada em Israel, desde o tempo do profeta Samuel; nenhum rei de Israel celebrara uma Páscoa semelhante àquela que celebraram Josias, os sacerdotes e os levitas, com todos os de Judá e Israel ali presentes e os habitantes de Jerusalém. 19Foi no décimo oitavo ano do reinado de Josias que se celebrou esta Páscoa.
Fim do reinado de Josias (2 Rs 23,28-30) – 20Depois de tudo isto e da reparação do templo feita por Josias, Necao, rei do Egipto, marchou sobre Carquémis, pelo Eufrates, com uma expedição militar. Josias saiu-lhe ao encontro. 21Necao enviou-lhe mensageiros para lhe dizer: «Não tenho nada a ver contigo, rei de Judá! Hoje não venho contra ti, mas contra uma dinastia com a qual estou em guerra. E Deus disse-me que me apressasse. Não te oponhas a Deus, que está comigo, pois Ele deitar-te-á a perder.»
22Mas Josias não quis voltar atrás, porque procurava uma ocasião para o atacar. Longe de escutar as palavras de Necao, vindas da boca de Deus, atacou-o na passagem de Meguido. 23Os arqueiros dispararam sobre o rei Josias, e o rei disse aos seus soldados: «Levai-me, porque estou gravemente ferido.» 24Eles tiraram-no do seu carro, colocaram-no num outro que ali havia e levaram-no para Jerusalém. Morreu e foi sepultado no sepulcro de seus pais. Josias foi chorado por todos os habitantes de Judá e Jerusalém.
25Jeremias compôs uma lamentação fúnebre sobre Josias. Todos os cantores e cantoras repetem ainda hoje as suas lamentações; isto tornou-se lei para Israel. Estes cantos fúnebres estão escritos nas Lamentações. 26Os outros actos de Josias, as suas boas obras, segundo o que está escrito na Lei do Senhor, 27os seus feitos e façanhas, dos primeiros aos últimos, tudo isso está escrito no Livro dos Reis de Israel e de Judá.
Reinado de Joacaz em Judá (609) (2 Rs 23,31-34) – 1Então o povo do país elegeu Joacaz, filho de Josias, e proclamou-o rei em Jerusalém, em lugar de seu pai. 2Joacaz tinha a idade de vinte e três anos quando começou a reinar, e reinou três meses em Jerusalém.
3O rei do Egipto destronou-o em Jerusalém e impôs ao país um tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro. 4Em seu lugar, Necao pôs no trono de Judá e Jerusalém Eliaquim, seu irmão, a quem mudou o nome para Joaquim. E levou consigo para o Egipto o seu irmão Joacaz.
Reinado de Joaquim (609-598) (2 Rs 23,34-24,6) – 5Joaquim tinha vinte e cinco anos quando foi elevado ao trono; reinou onze anos em Jerusalém. Praticou o mal aos olhos do Senhor, seu Deus.
6Nabucodonosor, rei da Babilónia, atacou-o, prendeu-o com cadeias de bronze e levou-o para a Babilónia. 7Nabucodonosor levou, juntamente com ele, os objectos do templo do Senhor para o seu palácio da Babilónia.
8O resto da história de Joaquim, as suas abominações, tudo o que o tornou culpado, está escrito no Livro dos Reis de Judá e Israel. Seu filho Joiaquin sucedeu-lhe no trono.
Reinado de Joiaquin (598-597) (2 Rs 24,6-9) – 9Joiaquin tinha oito anos quando começou a reinar e reinou três meses e dez dias em Jerusalém. Praticou o mal aos olhos do Senhor.
10No fim do ano, o rei Nabucodonosor enviou uma expedição a fim de o levar para a Babilónia com os objectos preciosos do templo do Senhor. E proclamou rei de Judá e de Jerusalém Sedecias, seu parente.
Reinado de Sedecias (597-587) (2 Rs 24,17-20) – 11Sedecias tinha vinte e um anos quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. 12Praticou o mal aos olhos do Senhor, seu Deus, e não se humilhou diante do profeta Jeremias que lhe viera falar da parte do Senhor.13Revoltou-se mesmo contra o rei Nabucodonosor, ao qual jurara fidelidade em nome de Deus. Endureceu a sua cerviz, tornou inflexível o seu coração e não se converteu ao Senhor, Deus de Israel.
Deportação para a Babilónia (Jr 52,28-30) – 14Todos os chefes dos sacerdotes e o povo continuaram a multiplicar as suas prevaricações, imitando as práticas abomináveis das nações, e profanaram o templo que o Senhor consagrara em Jerusalém.
15O Senhor, Deus de seus pais, enviou-lhes constantemente advertências por meio de mensageiros, para os admoestar, pois queria perdoar ao seu povo e à sua própria casa. 16Eles, porém, escarneceram dos seus conselhos e riram-se dos seus profetas, até que a ira do Senhor caiu sem remédio sobre o seu povo.
17Então, Deus enviou contra eles o rei dos caldeus, que mandou matar os jovens no próprio santuário, não poupando adolescentes, nem donzelas nem anciãos. O Senhor entregou tudo nas suas mãos. 18Nabucodonosor tirou todo o mobiliário do templo de Deus, os objectos grandes e pequenos, os tesouros do templo do Senhor, do palácio real e dos chefes, e levou-os para a Babilónia. 19Incendiaram o templo de Deus, destruíram as muralhas de Jerusalém, queimaram os seus palácios e todos os tesouros foram destruídos.
20Nabucodonosor levou cativos para a Babilónia todos os que escaparam à espada, e teve-os ali como escravos, dele e de seus filhos, até ao começo da dominação persa.
21Assim se cumpriu a profecia que o Senhor pronunciara pela boca de Jeremias: «Até que o país desfrute dos seus anos sabáticos – pois o país ficou inculto durante todo este período de desolação – até se completarem os setenta anos.»
Édito de Ciro (538) (Esd 1,1-3) – 22No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a promessa do Senhor, pronunciada pela boca de Jeremias, o Senhor agiu sobre o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, a seguinte proclamação:
23«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus do céu, deu-me todos os reinos da terra e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, cidade de Judá. Quem de vós pertence ao seu povo? Que o Senhor, seu Deus, esteja com ele e se ponha a caminho.»
Os livros de Esdras e de Neemias formavam um só “Livro de Esdras”, na Bíblia Hebraica e na versão grega dos Setenta. Como esta versão recolhia também o livro apócrifo grego de Esdras e lhe dava o primeiro lugar (1 Esdras), o livro de Esdras-Neemias era denominado 2 Esdras. Na época cristã foi dividido em dois. A Vulgata latina adoptou essa divisão em 1 Esdras (=Esdras) e 2 Esdras (=Neemias), reservando ao apócrifo grego a designação de 3 Esdras. A designação dos dois livros a partir das respectivas personagens principais, Esdras e Neemias, é mais recente, mas foi assimilada mesmo nas edições impressas da Bíblia massorética.
AUTORIA E DATAÇÃO
Não é dada qualquer indicação sobre o autor destes livros, mas admite-se ser um só: o mesmo chamado Cronista, que redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crónicas, seguidos de Esdras e Neemias. Um dos indícios mais significativos é a identidade entre os últimos versículos de 2 Crónicas (36,22-23) e os primeiros versículos de Esdras (1,1-3), o que sugere a continuidade da narrativa. Pode, assim, situar-se esta obra nos finais do séc. IV ou início do séc. III a.C..
QUESTÃO CRONOLÓGICA
Discute-se qual dos dois deverá ser colocado em primeiro lugar. Muitos preferem a sucessão Neemias-Esdras; mas ainda não se encontrou uma solução satisfatória para estabelecer a cronologia dos acontecimentos em questão. O texto fala da chegada de Esdras a Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes (Esd 7,7) e indica a sua actividade reformadora (Esd 8-10); depois, vem Neemias, no vigésimo ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e a sua preocupação pela reconstrução das muralhas (Ne 1-7); surge outra vez Esdras, para a leitura solene da Lei (Ne 8-9); e, finalmente, Neemias, por ocasião de uma segunda estadia em Jerusalém, no ano 32.° de Artaxerxes (Ne 13,6-7).
Teriam estado estes dois homens ao mesmo tempo em Jerusalém, a trabalhar independentemente? A resposta mais aceitável é a seguinte: a actividade de Neemias seria toda ela anterior a Esdras (Ne 1-7 e 10-13, onde aparece como construtor e reformador); mais tarde, talvez no ano 7.° de Artaxerxes II (e não Artaxerxes I), por volta de 398-397 a.C., veio Esdras a Jerusalém: empreendeu reformas (Esd 7-10), restaurou o culto e fez a solene leitura pública da Lei (Ne 8-9). Ao aplicar a sua perspectiva teológica a este emaranhado de dados, o redactor final é que terá desorganizado a cronologia real dos acontecimentos.
No entanto, não se pode negar ou diminuir o valor histórico das informações veiculadas por estes livros. Concordam perfeitamente com os dados das fontes bíblicas e profanas, como, por exemplo, os papiros das ilhas Elefantinas (Egipto).
DOCUMENTAÇÃO UTILIZADA
Na composição destes dois livros, o Cronista utilizou como fontes diversos documentos antigos (entre eles, as memórias pessoais das duas personagens em questão), que ele reproduziu e organizou, relacionando-os uns com os outros, segundo a sua visão teológica, de forma a obter um conjunto harmonioso. Assim, podem encontrar-se:
a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas, como as de Esd 2 e Ne 7,6-68; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico (correspondência diplomática, decretos oficiais: Esd 4,6-6,18; 7,12-26;
b) memórias de Esdras (Esd 7-10), com partes redigidas na primeira pessoa (Esd 7,27-9,15) e outras na terceira: Esd 7,1-10; 10; Ne 8-9;
c) memórias de Neemias: Ne 1-7; 10; 12,27-13,31.
DIVISÕES E CONTEÚDO
O livro de Esdras divide-se em duas grandes partes:
O livro de Neemias consta também de duas partes:
Estas duas partes andam à volta de certos temas dominantes, que se apresentam por esta ordem:
PERSPECTIVA TEOLÓGICA
Esdras e Neemias narram acontecimentos ocorridos logo após o édito de Ciro (538 a.C.), que permitia o regresso do cativeiro da Babilónia. Mostrando a situação difícil dos repatriados, fazem sobressair o esforço pela restauração do povo, no aspecto material e religioso.
Contêm uma admirável mensagem doutrinal, centrada em três preocupações fundamentais: o templo, a cidade de Jerusalém e a comunidade do povo de Deus.
Após as provas do Exílio, com as suas más consequências no aspecto religioso, o povo organiza-se numa grande unidade nacional e religiosa.
Meditando na Lei, compreende como o castigo lhe foi mandado por Deus, devido à sua infidelidade, e como, apesar de tudo, a misericórdia divina se mantém para com o resto de Israel, detentor das grandes promessas em relação ao Messias. A Palavra de Deus é, assim, a base da reconstrução do povo que volta do Exílio.
Édito de Ciro (2 Cr 36,22-23; Jr 25,1-14; 29,10; Zc 1,12; Ag 1,14) – 1No primeiro ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor pronunciada por Jeremias, o Senhor inspirou Ciro, rei da Pérsia, o qual mandou publicar em todo o seu reino, de viva voz e por escrito, o seguinte decreto:
2«Assim fala Ciro, rei da Pérsia: ‘O Senhor, Deus do Céu, deu-me todos os reinos da terra e encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém, cidade de Judá. 3Quem de vós pertence ao seu povo? Que o seu Deus esteja com ele. Suba a Jerusalém, que fica na terra de Judá, e construa o templo do Senhor, Deus de Israel, o Deus que reside em Jerusalém. 4Todos os sobreviventes, onde quer que habitem, sejam providos – pelos habitantes das localidades onde se encontram – de prata, ouro, cereais, gado e ofertas voluntárias para o templo do Deus que reside em Jerusalém.’»
Regresso do exílio – 5Assim, os chefes das famílias de Judá e de Benjamim, os sacerdotes e levitas e todos aqueles a quem Deus movera os corações, prepararam-se para ir reedificar o templo do Senhor que está em Jerusalém.
6Todos os que viviam nas redondezas ajudaram-nos, dando-lhes prata, ouro, bens diversos, gado, cereais e coisas preciosas, além de outras ofertas voluntárias. 7O rei Ciro entregou, também, os utensílios que Nabucodonosor tinha retirado do templo do Senhor em Jerusalém e colocado no templo do seu deus. 8 Ciro, rei da Pérsia, entregou-lhos por meio de Mitrídates, o tesoureiro, que os deu a Sesbaçar, príncipe de Judá. 9Eis o seu número: trinta bacias de ouro, mil bacias de prata, vinte e nove facas, 10trinta taças de ouro, quatrocentas e dez taças de prata e mil outros utensílios. 11Os utensílios de ouro e prata eram ao todo em número de cinco mil e quatrocentos. Sesbaçar levou tudo isso quando os exilados regressaram da Babilónia a Jerusalém.
Lista dos repatriados (Ne 7,4-72) 1De entre os cativos que Nabucodonosor, rei da Babilónia, deportara para a Babilónia, são os seguintes os cidadãos da província que se puseram a caminho, para regressar a Jerusalém e à Judeia, cada um à sua cidade. 2Voltaram com Zorobabel, Jesua, Neemias, Seraías, Raelaías, Mardoqueu, Bilchan, Mispar, Bigvai, Reum e Baana.
Número dos homens do povo de Israel: 3filhos de Parós: dois mil cento e setenta e dois; 4filhos de Chefatias: trezentos e setenta e dois; 5filhos de Ara: setecentos e setenta e cinco; 6filhos de Paat-Moab, da descendência de Jesua e Joab: dois mil oitocentos e doze; 7filhos de Elam: mil duzentos e cinquenta e quatro; 8filhos de Zatú: novecentos e quarenta e cinco; 9filhos de Zacai: setecentos e sessenta; 10filhos de Bani: seiscentos e quarenta e dois; 11filhos de Bebai: seiscentos e vinte e três; 12filhos de Azegad: mil duzentos e vinte e dois; 13filhos de Adonicam: seiscentos e sessenta e seis; 14filhos de Bigvai: dois mil e cinquenta e seis; 15filhos de Adin: quatrocentos e cinquenta e quatro;16filhos de Ater, da família de Ezequias: noventa e oito; 17filhos de Beçai: trezentos e vinte e três; 18filhos de Jora: cento e doze; 19filhos de Hachum: duzentos e vinte e três; 20filhos de Guibar: noventa e cinco; 21filhos de Belém: cento e vinte e três; 22homens de Netofa: cinquenta e seis; 23homens de Anatot: cento e vinte e oito; 24filhos de Azemávet: quarenta e dois; 25filhos de Quiriat-Iarim, de Cafira e de Beerot: setecentos e quarenta e três; 26filhos de Ramá e de Gaba: seiscentos e vinte e um; 27homens de Micmás: cento e vinte e dois; 28homens de Betel e de Ai: duzentos e vinte e três; 29filhos de Nebo: cinquenta e dois; 30filhos de Magbis: cento e cinquenta e seis; 31filhos do outro Elam: mil duzentos e cinquenta e quatro; 32filhos de Harim: trezentos e vinte; 33filhos de Lod, de Hadid e de Ono: setecentos e vinte e cinco; 34filhos de Jericó: trezentos e quarenta e cinco; 35filhos de Senaá: três mil seiscentos e trinta.
Sacerdotes, levitas e natineus (Ne 7,39-65; Js 9,14-18; 1 Cr 9,2) – 36Sacerdotes, filhos de Jedaías, da casa de Jesua: novecentos e setenta e três; 37filhos de Imer: mil e cinquenta e dois; 38filhos de Pachiur: mil duzentos e quarenta e sete; 39filhos de Harim: mil e dezassete.
40Levitas, filhos de Jesua e de Cadmiel, descendentes de Hodavias: setenta e quatro. 41Cantores, filhos de Asaf: cento e vinte e oito.
42Porteiros, filhos de Chalum, filhos de Ater, filhos de Talmon, filhos de Acub, filhos de Hatita, filhos de Chobai: ao todo, cento e trinta e nove.
43Natineus: filhos de Sia, filhos de Hassufa, filhos de Tabaot; 44filhos de Querós, filhos de Siá, filhos de Padon; 45filhos de Lebana, filhos de Hagaba, filhos de Acub; 46filhos de Hagab, filhos de Salmai, filhos de Hanan; 47filhos de Guidel, filhos de Gaar, filhos de Reaías; 48filhos de Recin, filhos de Necoda, filhos de Gazam; 49filhos de Uzá, filhos de Passea, filhos de Besai, 50filhos de Asená, filhos de Meunim, filhos de Nefussim; 51filhos de Bacbuc, filhos de Hacufa, filhos de Harur, 52filhos de Bacelut, filhos de Maída, filhos de Harsa, 53filhos de Barcos, filhos de Sísera, filhos de Tema; 54filhos de Necia, filhos de Hatifa.
Servos de Salomão e outros – 55Os filhos dos escravos de Salomão: filhos de Sotai, filhos de Soféret, filhos de Perudá; 56filhos de Jaala, filhos de Darcon, filhos de Guidel, 57filhos de Chefatias, filhos de Hatil, filhos de Poquéret-Hacebaim, filhos de Ami. 58Total dos natineus e dos filhos dos escravos de Salomão: trezentos e noventa e dois.
59Estes são os que partiram de Tel-Mela, de Tel-Harcha, de Querub-Adon e de Imer, dos quais não se pode saber se pertenciam ao povo de Israel pela família ou raça de que descendiam: 60filhos de Delaías, filhos de Tobias, filhos de Necoda: seiscentos e cinquenta e dois. 61E entre os sacerdotes: filhos de Habaías, filhos de Hacós, filhos de Barzilai, assim chamado por ter tomado por esposa uma das filhas de Barzilai de Guilead. 62Eles procuraram esclarecer a sua genealogia, mas não a puderam encontrar, pelo que foram excluídos do sacerdócio. 63O governador proibiu-os de comer coisas sagradas, até encontrarem um sacerdote que consultasse a Deus, mediante os dados sagrados.
64O total do povo reunido era de quarenta e duas mil trezentas e sessenta pessoas, 65sem contar os escravos e as escravas, em número de sete mil trezentos e trinta e sete. Tinham consigo, também, duzentos cantores e cantoras. 66Levavam setecentos e trinta e seis cavalos, duzentos e quarenta e cinco mulas, 67quatrocentos e trinta e cinco camelos e seis mil setecentos e vinte jumentos.
Generosidade espontânea – 68Vários chefes de família, ao chegarem ao templo do Senhor, fizeram ofertas voluntárias para a restauração do templo de Deus. 69Contribuíram para os tesouros da construção, cada um segundo as suas posses, com sessenta e um mil dáricos de ouro, cinco mil minas de prata e cem vestes sacerdotais. 70Os sacerdotes, os levitas, as pessoas do povo, os cantores, os porteiros e os natineus estabeleceram-se nas suas respectivas cidades. E todos os israelitas habitaram cada um na sua cidade.
Restauração do altar e do culto (Lv 23,23-43; Nm 28,3-8; 1Rs 5,20-25; 1 Cr 22,3-4) – 1Quando chegou o sétimo mês, todos os filhos de Israel, que estavam nas suas cidades, reuniram-se em Jerusalém, como se fossem um só homem. 2Então, Jesua, filho de Jocédec, e os seus irmãos sacerdotes, bem como Zorobabel, filho de Salatiel, e os seus irmãos principiaram a reconstrução do altar do Deus de Israel e ofereceram holocaustos, como prescrevia a lei de Moisés, homem de Deus.
3Reconstruíram o altar sobre as antigas bases, apesar do medo que tinham dos povos circunvizinhos, e ofereceram holocaustos ao Senhor de manhã e de tarde. 4Celebraram a festa das Tendas, como está prescrito, e ofereceram holocaustos quotidianamente, conforme o número prescrito para cada dia. 5Depois, ofereceram o holocausto perpétuo, o da Lua-nova e de todas as solenidades consagradas ao Senhor, assim como os daqueles que faziam ofertas voluntárias ao Senhor.
Reconstrução do templo – 6No primeiro dia do sétimo mês, começaram a oferecer holocaustos ao Senhor, mas os fundamentos do templo do Senhor não estavam ainda lançados. 7Foram, então, contratados canteiros e carpinteiros, aos quais deram dinheiro; e aos habitantes de Sídon e de Tiro deram víveres, azeite e vinho, para que trouxessem por mar a madeira dos cedros, desde o Líbano até Jope, segundo a autorização que lhes dera Ciro, rei da Pérsia.
8No segundo ano da sua chegada ao templo de Deus em Jerusalém, no segundo mês, Zorobabel, filho de Salatiel, e Jesua, filho de Jocédec, com os seus irmãos, os sacerdotes, os levitas e todos os que tinham regressado do cativeiro a Jerusalém, puseram-se a trabalhar e estabeleceram os levitas, de vinte anos para cima, como encarregados da direcção dos trabalhos do templo do Senhor. 9Jesua, com os seus irmãos e filhos, Cadmiel, Binui e Hodavias, como se fossem um só homem, dirigiam os que trabalhavam na construção do templo de Deus; o mesmo fizeram os filhos de Henadad, com seus filhos e irmãos, que eram levitas. 10Logo que os pedreiros lançaram os fundamentos do templo do Senhor, apresentaram-se os sacerdotes ornamentados, para assistir à cerimónia, com as trombetas, e os levitas, filhos de Asaf, com os címbalos, para louvar o Senhor, segundo as ordens de David, rei de Israel. 11Entoaram ao Senhor este cântico de louvor: «Porque Ele é bom e o seu amor para com Israel é eterno!» E todo o povo soltou exclamações de alegria para celebrar o Senhor, por ocasião do lançamento dos alicerces do seu templo.
12E, enquanto muitos gritavam jubilosos de alegria, alguns sacerdotes, levitas e chefes de família já idosos, que tinham visto o primeiro templo, choravam em voz alta, ao presenciar o lançamento dos alicerces do novo edifício. 13Era impossível distinguir os gritos de alegria dos clamores daqueles que choravam, pois todo o povo gritava em altos brados, e o eco das suas vozes podia ouvir-se de muito longe.
Interrupção das obras do templo (2 Rs 17,24-41; Ag 1,2-4; Zc 8,9-10) – 1Os inimigos de Judá e de Benjamim, ao saber que os repatriados estavam a construir um templo ao Senhor, Deus de Israel, 2foram procurar Zorobabel e os chefes de família e disseram-lhes: «Deixai-nos construir convosco, porque, como vós, honramos também o vosso Deus e oferecemos-lhe sacrifícios, desde que Assaradon, rei de Assíria, nos trouxe para aqui.» 3Mas Zorobabel, Jesua e os outros chefes das famílias de Israel responderam-lhes: «Não é conveniente que nós e vós construamos em conjunto a morada do nosso Deus: somente nós havemos de construí-la ao Senhor, Deus de Israel, como nos ordenou Ciro, rei da Pérsia.» 4Disto resultou que os homens daquela terra intimidavam e inquietavam o povo de Judá para que não trabalhasse. 5Subornaram contra eles alguns conselheiros para que frustrassem a sua obra. Isto durou desde o reinado de Ciro até ao de Dario, reis da Pérsia.
Acusação à corte – 6No reinado de Assuero, logo no início do seu governo, escreveram uma carta de acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém. 7Depois, no tempo de Artaxerxes, Bislam, Mitrídates, Tabiel e os seus colegas escreveram ao mesmo Artaxerxes, rei da Pérsia. A carta foi escrita em caracteres aramaicos e traduzida em aramaico. 8Reum, governador, e o secretário Chimechai escreveram a Artaxerxes, a respeito de Jerusalém, uma carta que continha o seguinte: 9«Reum, governador, Chimechai, secretário, e os seus colegas de Din, de Afarsatac, de Terfal, de Afarsa, de Ercua, de Babilónia, de Susa, de Dea, do Elam 10e os outros povos que o grande e ilustre Asnapar trouxe consigo e instalou em paz na localidade de Samaria e nas outras regiões da outra margem do rio.»
11Eis a cópia da carta que enviaram a Artaxerxes: «Os teus servos, os povos da outra margem do rio, saúdam-te. 12Saiba o rei que os judeus que partiram do teu país para vir para o meio de nós, para Jerusalém, reconstroem esta cidade má e rebelde, levantando os muros e restaurando-lhe os fundamentos. 13Saiba também o rei que, se esta cidade for reconstruída e os seus muros levantados, os seus habitantes não pagarão mais impostos nem tributos nem rendas, o que será causa de prejuízo para os reis. 14Nós, porém, tendo em vista o sal que comemos no teu palácio e não achando conveniente ver menosprezado o rei, transmitimos-te estas informações, 15para que mandes consultar os livros de registo dos teus pais. Aí verás como esta cidade é uma cidade rebelde, funesta aos reis e às suas províncias, e como já nos antigos tempos se deram nela rebeliões. Por isso foi destruída. 16Nós fazemos saber ao rei que, se esta cidade for reconstruída e levantados os seus muros, não poderás mais conservar as tuas possessões do outro lado do rio.»
Resposta da corte (Ne 1,3) – 17Eis a resposta que o rei mandou:
«Ao governador Reum e ao secretário Chimechai e aos seus outros colegas, habitantes da Samaria e das outras regiões, na outra margem do rio: Saúde e paz. 18A carta que nos enviastes foi lida com exactidão na minha presença. 19Por minha ordem, fizeram-se investigações e constatou-se que, desde os tempos mais antigos, aquela cidade se sublevou contra os reis e que nela se deram sedições e revoltas. 20Houve em Jerusalém reis poderosos, senhores de todo o país da outra margem do rio, aos quais se pagavam impostos, tributos e rendas.21Consequentemente, ordeno que cessem os trabalhos dessa gente, a fim de que não se reconstrua essa cidade, até que eu dê ordens em contrário. 22Não negligencieis o cumprimento desta ordem, para que o mal não aumente, em prejuízo dos reis.»
Interrupção dos trabalhos – 23Quando leram a carta do rei Artaxerxes na presença de Reum, governador, de Chimechai, secretário, e dos seus colegas, eles foram a toda a pressa a Jerusalém, junto dos judeus, e obrigaram-nos, pela força e pela violência, a cessarem os trabalhos.
24A restauração do templo de Deus em Jerusalém foi interrompida até ao segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.
Reconstrução do templo (520-515) (Ag 1,1-15; Zc 4,9-10) – 1O profeta Ageu e o profeta Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em Jerusalém, em nome do Deus de Israel. 2Então, Zorobabel, filho de Salatiel, e Jesua, filho de Jocédec, retomaram a reconstrução do templo de Deus em Jerusalém, com a ajuda e assistência dos profetas de Deus.
3Naquele tempo, Tatenai, governador da outra margem do rio, Chetar-Bozenai e os seus colegas vieram procurá-los e falaram-lhes assim: «Quem vos autorizou a reconstruir o templo e a levantar as suas paredes?» 4E acrescentaram: «Quais são os nomes dos homens que trabalham neste edifício?»
5Mas Deus tinha os olhos sobre os anciãos dos judeus, e ninguém lhes impediu a continuação dos trabalhos, esperando que chegasse a resposta escrita de Dario sobre este assunto.
Relatório enviado ao rei – 6Cópia da carta que enviaram ao rei Dario o governador Tatenai, da outra margem do rio, Chetar-Bozenai e os seus colegas de Afarsac, que também viviam na outra margem do rio. 7Enviaram-lhe um relatório nestes termos:
«Ao rei Dario, saúde e prosperidade perfeita! 8Saiba o rei que fomos à província de Judá, ao templo do grande Deus. Ele está a ser reconstruído com pedras enormes, e o madeiramento está colocado sobre as paredes. Este trabalho está a ser executado com cuidado e cresce graças às suas mãos. 9Por isso, interrogámos os anciãos: ‘Quem vos autorizou a reconstruir este templo e a levantar-lhe os muros?’10Perguntámos-lhes, também, os seus nomes para os escrever aqui, a fim de te dar conhecimento, pelo menos dos que estão à frente deles.
11Responderam-nos: “Nós somos servos do Deus do céu e da terra; estamos a reconstruir o templo que há muitos anos fora construído e concluído por um grande rei de Israel. 12Mas os nossos pais atraíram a ira do Deus do céu, que os entregou nas mãos do caldeu Nabucodonosor, rei da Babilónia, que destruiu o templo e levou o povo cativo para Babilónia. 13Entretanto, no primeiro ano de Ciro, rei da Babilónia, o rei Ciro ordenou a reconstrução deste templo de Deus. 14E o próprio rei Ciro retirou do templo da Babilónia os utensílios de ouro e prata pertencentes ao templo de Deus, que Nabucodonosor roubara no santuário de Jerusalém e transferira para o templo da Babilónia, e entregou-os a Sesbaçar, que ele nomeou governador. 15E disse-lhe: ‘Toma estes utensílios, leva-os para o templo de Jerusalém, e que o templo de Deus seja reconstruído sobre os seus alicerces.’ 16Então, Sesbaçar veio para aqui e lançou os fundamentos do templo de Deus em Jerusalém; desde esse tempo até agora, nós temos continuado a construção, que ainda não está terminada.”
17Portanto, se o rei acha conveniente que se façam investigações nos arquivos do rei, na Babilónia, para ver se é verdade que a ordem de reconstrução do templo de Deus, em Jerusalém, foi dada pelo rei Ciro, que o faça e, depois, comunique-nos a sua real decisão a tal respeito.»
Decreto de Dario (1,2-4) – 1Então, o rei Dario emitiu um decreto com ordens para que se fizessem investigações na Babilónia, na casa dos arquivos onde estavam depositados os tesouros. 2E encontrou-se em Ecbátana, fortaleza situada na província da Média, um volume, no qual se lia a seguinte memória:
3«No primeiro ano do reinado de Ciro, o rei Ciro deu esta ordem relativa ao templo de Deus, que está situado em Jerusalém: Este templo deve ser reconstruído, a fim de que ali se ofereçam sacrifícios; os seus fundamentos devem ser restaurados.
A sua altura será de sessenta côvados. 4Terá três ordens de pedra talhada e uma de madeira. A despesa será paga pela casa do rei. 5Além disso, devolveremos os utensílios de ouro e prata do templo de Deus, que Nabucodonosor trouxe do templo de Jerusalém para a Babilónia; serão repostos no templo de Jerusalém, no mesmo lugar em que estavam, e depositados no templo de Deus.
6Agora, pois, Tatenai, governador do território da outra margem do rio, Chetar-Bozenai e os vossos colegas de Afarsac, que estais na outra margem do rio, afastai-vos. 7Deixai continuar os trabalhos do templo de Deus e que o governador dos judeus e seus anciãos o reconstruam no seu lugar. 8Também ordeno como se deve proceder para com esses anciãos dos judeus a fim de que seja reconstruído o templo de Deus: das receitas reais, provenientes dos impostos, pagos na outra margem do rio, pague-se integralmente a esses homens, para que a obra não sofra interrupção; 9tudo aquilo que for necessário para os holocaustos do Deus do céu, novilhos, carneiros e cordeiros, trigo, sal, azeite e vinho, ser-lhes-á dado cada dia, sem falta, segundo a ordem dos sacerdotes que estão em Jerusalém, 10a fim de poderem oferecer sacrifícios de odor agradável ao Deus do céu e de rezarem pela vida do rei e dos seus filhos. 11Eu, pois, ordeno que, se alguém modificar, seja no que for, este decreto, seja arrancada uma viga da sua casa e seja erguida ao alto e ele seja pregado nela, reduzindo-se a sua casa a um montão de ruínas.12E Deus, que ali faz habitar o seu nome, destrua todo o rei e todo o povo que levantar a mão para mudar este decreto e destruir a morada de Deus que está em Jerusalém! Eu, Dario, dei esta ordem. Que ela seja pontualmente executada.»
Conclusão e dedicação do templo (1,2; 5,1-2; 1 Rs 8,62-65) –_13Assim, Tatenai, governador da outra margem do rio, Chetar-Bozenai e os seus colegas executaram fielmente a ordem do rei Dario. 14Os anciãos dos judeus prosseguiram com êxito a reconstrução do templo, segundo as profecias de Ageu, o profeta, e de Zacarias, filho de Ido. Terminaram a construção, segundo a ordem do Deus de Israel e segundo a ordem de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, reis da Pérsia. 15Concluiu-se o edifício no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do reinado de Dario. 16Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e os demais repatriados celebraram com júbilo a dedicação do templo de Deus. 17Ofereceram, para esta dedicação, cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e doze bodes, como vítimas expiatórias pelos pecados de todo o Israel. 18Distribuíram os sacerdotes segundo as suas classes e os levitas segundo as suas divisões, para celebrarem o culto de Deus em Jerusalém, conforme as prescrições do livro de Moisés.
Celebração da Páscoa (Ex 12,1-6; Lv 23,5-14) – 19Os repatriados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês. 20Os sacerdotes e os levitas, sem excepção, purificaram-se e, assim, todos estavam puros. Imolaram a Páscoa por todos os repatriados, pelos seus irmãos sacerdotes e por eles mesmos.
21Os filhos de Israel, regressados do cativeiro, comeram a sua Páscoa com todos aqueles que, afastando-se das práticas impuras dos povos da região, se uniram a eles para seguirem o Senhor, Deus de Israel. 22Celebraram com júbilo a festa dos Ázimos durante sete dias, porque o Senhor os consolara, ao fazer com que o coração do rei da Assíria se inclinasse para eles e os favorecesse nos trabalhos da reconstrução do templo de Deus, do Deus de Israel.
Missão de Esdras (v.28; Ne 2,7-8.18) 1Após estes acontecimentos, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, chegou Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, 2filho de Chalum, filho de Sadoc, filho de Aitub, 3filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiot, 4filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui, 5filho de Abisua, filho de Fineias, filho de Eleázar, filho de Aarão, o Sumo Sacerdote. 6Este Esdras chegava da Babilónia e era um escriba versado na lei de Moisés, dada pelo Senhor, Deus de Israel. Como a mão do Senhor, seu Deus, o protegia, o rei tinha-lhe concedido tudo o que ele pedira. 7Com ele voltaram para Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes, vários filhos de Israel, sacerdotes e levitas, cantores, porteiros e natineus.
8Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês do sétimo ano do rei. 9 Partiu da Babilónia no primeiro dia do primeiro mês e chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês, porque a mão benevolente do seu Deus estava com ele. 10Esdras, com efeito, aplicara o seu coração ao estudo da Lei do Senhor, praticando e ensinando em Israel as leis e as prescrições.
Carta de Artaxerxes (6,3-12; 8,28-34) 11Esta é a cópia da carta que o rei Artaxerxes enviou a Esdras, sacerdote e escriba, versado no conhecimento do texto da Lei do Senhor e das suas prescrições, a respeito de Israel:
12«Artaxerxes, rei dos reis, a Esdras, sacerdote e escriba, versado na Lei do Deus do céu, saúde! 13Ordenei que deixassem partir contigo todos os do povo de Israel, os seus sacerdotes e os seus levitas, residentes no meu reino, que desejem ir a Jerusalém, 14porque foste enviado pelo rei e os seus sete conselheiros para fazer uma inspecção em Judá e em Jerusalém e ver como está a ser observada a Lei do teu Deus, que tens nas tuas mãos. 15Levarás a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros ofereceram espontaneamente ao Deus de Israel, cuja morada está em Jerusalém. 16Além disso, levarás todo o ouro e prata que encontrares na província da Babilónia, com as ofertas voluntárias feitas generosamente pelo povo e pelos sacerdotes, para o templo de Deus em Jerusalém.
17Por conseguinte, cuidarás de comprar, com esse dinheiro, novilhos, carneiros, cordeiros, as ofertas e as libações: oferecê-las-ás em Jerusalém sobre o altar do templo do vosso Deus. 18Com o resto do dinheiro e do ouro, farás o que te parecer melhor, a ti e aos teus irmãos, conforme a vontade do vosso Deus. 19Os utensílios que te forem entregues para o serviço do templo do teu Deus depositá-los-ás diante do Deus de Jerusalém. 20Quanto às outras despesas necessárias para o templo do teu Deus, hás-de providenciar a elas por meio dos recursos que o tesouro real te fornecer. 21Eu mesmo, o rei Artaxerxes, ordeno a todos os tesoureiros da outra margem do rio, que entreguem pontualmente a Esdras, sacerdote, escriba versado na Lei do Deus do céu, tudo o que ele solicitar, 22até à soma de cem talentos de prata, cem coros de trigo, cem batos de vinho, cem batos de azeite, além de sal à discrição. 23Tudo o que prescreveu o Deus do céu para o seu templo seja observado a fim de que a cólera divina não se desencadeie sobre o nosso reino, sobre o rei e sobre os seus filhos.»
Isenção de impostos – 24«Por fim, notificamo-vos de que não é permitido impor tributo nem imposto nem encargos sobre nenhum dos sacerdotes, levitas, cantores, porteiros, natineus e servos deste templo de Deus.
25E tu, Esdras, segundo a sabedoria do teu Deus na qual és versado, estabelecerás juízes e magistrados para fazerem justiça a todo o povo da outra margem do rio e a todos aqueles que conhecem as leis do teu Deus; e hás-de ensiná-las aos que as ignoram. 26Todo aquele que não observar a Lei do teu Deus e a lei do rei será castigado rigorosamente, ou com a morte, ou com o desterro, ou com uma multa ou, ao menos, com a prisão.»
27Bendito seja o Senhor, Deus dos nossos pais, que pôs no coração do rei o desejo de honrar o templo do Senhor, que está em Jerusalém,28e que me fez obter o favor do rei, dos seus conselheiros e de todos os outros poderosos oficiais do reino! Fortalecido pela mão do Senhor, meu Deus, que me assistia, reuni os chefes de Israel para que partissem comigo.
Os companheiros de Esdras – 1Eis, pois, com as suas genealogias, os chefes de família que partiram comigo da Babilónia, no reinado de Artaxerxes: 2dos filhos de Fineias: Gérson; dos filhos de Itamar: Daniel; dos filhos de David: Hatus 3que descendia de Checanias; dos filhos de Parós: Zacarias e, com ele, cento e cinquenta homens; 4dos filhos de Paat-Moab: Elioenai, filho de Zeraías e, com ele, duzentos homens;5dos filhos de Zatú: Checanias, o filho de Jaziel, e, com ele, trezentos homens; 6dos filhos de Adin: Ébed, filho de Jonatan, e, com ele, cinquenta homens; 7filhos de Elam: Jesaías, filho de Atália, e, com ele, setenta homens; 8dos filhos de Chefatias: Zebadias, filho de Miguel, e, com ele, oitenta homens; 9filhos de Joab: Abdias, filho de Jaiel, e, com ele, duzentos e dezoito homens; 10dos filhos de Chelomite: o filho de Josifias e, com ele, cento e sessenta homens; 11dos filhos de Bebai: Zacarias, filho de Bebai, e, com ele, vinte e oito homens; 12dos filhos de Azegad: Joanan, filho de Hacatan, e, com ele, cento e dez homens; 13dos filhos de Adonicam, que foram os últimos, são estes os seus nomes: Elifélet, Jeiel e Semeias, e, com eles, sessenta homens; 14dos filhos de Begvai: Utai e Zabud e, com eles, setenta homens.
Ministros sagrados – 15Eu reuni-os junto do rio que corre para Aavá e ali acampámos três dias. Tendo observado o povo e os sacerdotes, não encontrei entre eles nenhum dos filhos de Levi. 16Então, mandei procurar os chefes Eliézer, Ariel, Semeias, Elnatan, Jarib, um outro Elnatan, Natan, Zacarias e Mechulam, bem como Joiarib e Elnatan, doutores da Lei. 17Enviei-os ao chefe Ido, que residia em Cassífia. Ditei-lhes as palavras que deviam dizer a Ido e aos seus irmãos, os natineus, residentes em Cassífia, a fim de que nos trouxessem ministros para o templo do nosso Deus. 18E, como estava connosco a mão bendita do nosso Deus, eles trouxeram Cherebias, homem inteligente de entre os filhos de Maali, filho de Levi, filho de Israel, e com ele os seus filhos e irmãos, em número de dezoito; 19Hasabias e com ele Jesaías, dos filhos de Merari, seus irmãos e seus filhos, em número de vinte; 20dos natineus, entregues por David e pelos chefes para o serviço dos levitas, duzentos e vinte natineus, todos designados pelo seu nome.
Viagem de Esdras para Jerusalém – 21Ali, junto do rio Aavá, proclamei um jejum a fim de nos humilharmos diante do nosso Deus e de lhe implorarmos uma feliz viagem para nós e para os nossos filhos, com todos os nossos haveres. 22Envergonhei-me, com efeito, de pedir ao rei uma escolta de cavaleiros para nos proteger contra os inimigos, durante o trajecto, porque tínhamos dito ao rei: «A mão do nosso Deus protege, com a sua bondade, todos aqueles que o procuram; mas a sua força e a sua cólera fazem-se sentir sobre todos aqueles que o abandonam.» 23Por isso, jejuámos e fizemos oração ao nosso Deus, e Ele ouviu-nos.
24Escolhi doze chefes dos sacerdotes, Cherebias, Hasabias e dez dos seus irmãos. 25Diante deles pesei a prata, o ouro e os utensílios oferecidos para o templo do nosso Deus pelo rei, pelos seus conselheiros, pelos seus príncipes e por todos os israelitas que ali se encontravam.26Entreguei-lhes o peso de seiscentos e cinquenta talentos de prata, utensílios de prata com o peso de cem talentos, cem talentos de ouro,27vinte taças de ouro no valor de mil dáricos e dois vasos de bronze muito claro e brilhante, tão precioso como o ouro.
28E disse-lhes: «Vós sois consagrados ao Senhor; estes utensílios são consagrados; esta prata e este ouro são uma oferta espontânea feita ao Senhor, Deus dos vossos pais. 29Guardai-os com cuidado, até que vós os peseis diante dos chefes dos sacerdotes e dos levitas e diante dos chefes de família de Israel, em Jerusalém, nas salas do templo do Senhor.» 30Os sacerdotes e os levitas receberam, pois, o ouro, a prata e os utensílios assim pesados, a fim de os levar para Jerusalém, para o templo do nosso Deus. 31Partimos do rio de Aavá, no décimo segundo dia do primeiro mês, em direcção a Jerusalém. A mão do nosso Deus protegeu-nos e defendeu-nos durante o trajecto, das mãos dos inimigos e das suas emboscadas.
Chegada a Jerusalém – 32Chegados a Jerusalém, repousámos durante três dias. 33No quarto dia, a prata, o ouro e os utensílios foram pesados no templo do nosso Deus e entregues a Meremot, filho de Urias, sacerdote. Tinha consigo Eleázar, filho de Fineias, e com ele os levitas Jozabad, filho de Jesua, e Noadias, filho de Binui. 34Tudo foi contado e pesado. Ao mesmo tempo, o peso total foi consignado por escrito. 35Os que vinham do exílio, homens nascidos no cativeiro, ofereceram em holocausto, ao Deus de Israel, doze touros por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros e doze bodes como vítimas expiatórias, tudo em holocausto ao Senhor. 36Transmitiram o decreto do rei aos sátrapas do rei e aos governadores da outra margem do rio, os quais apoiaram o povo e o templo de Deus.
Casamentos mistos (Dt 7,1-4; Ne 13,23-28; Ml 2,10-12) – 1Depois destes acontecimentos, os chefes vieram ter comigo e disseram-me: «O povo de Israel, os sacerdotes e os levitas não se afastaram dos habitantes deste país. Imitaram as abominações dos cananeus, dos hititas, dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus. 2Tomaram, entre as filhas deles, mulheres para si e para os seus filhos. Assim, a raça santificada misturou-se com a dos habitantes do país. Os chefes e magistrados foram os primeiros a cometer este pecado.» 3Ao ouvir estas palavras, rasguei a minha túnica e a capa, arranquei cabelos da cabeça e da barba e sentei-me desolado. 4Ao redor de mim reuniram-se todos aqueles que temiam a palavra do Deus de Israel, por causa das prevaricações dos sobreviventes do cativeiro. Quanto a mim, estive desolado até ao sacrifício da tarde.
Oração de Esdras (Lv 18,24-27; Ne 1,6-9) – 5Na hora da oblação da tarde, levantei-me da minha aflição, com as minhas vestes e o meu manto rasgados; e, então, caindo de joelhos, estendi as mãos para o Senhor, meu Deus, 6e disse: «Meu Deus, estou envergonhado e confuso, ao levantar a minha face para ti, meu Deus; porque as nossas iniquidades acumulam-se sobre as nossas cabeças, e os nossos pecados chegam até ao céu. 7Desde o tempo dos nossos pais até ao dia de hoje, temos sido gravemente culpados; e, por causa das nossas iniquidades, fomos escravizados, nós, os nossos reis e os nossos sacerdotes, entregues à mercê dos reis dos outros países, à espada, ao cativeiro, à pilhagem e à vergonha que nos cobre ainda o rosto nos dias de hoje. 8Entretanto, o Senhor, nosso Deus, testemunhou-nos a sua misericórdia, deixando subsistir um resto do nosso povo e concedeu-nos refúgio no seu lugar santo. O nosso Deus quis, assim, fazer brilhar aos nossos olhos a sua luz e dar-nos um pouco de vida no meio da nossa servidão. 9Porque nós somos escravos, mas o nosso Deus não nos abandonou no nosso cativeiro. Ele concedeu-nos a benevolência dos reis da Pérsia, conservando-nos a vida para reconstruirmos a morada do nosso Deus e reerguermos as suas ruínas, e prometeu-nos um refúgio seguro em Judá e em Jerusalém.
10Agora, ó nosso Deus, que mais poderemos dizer, depois disto? 11Nós abandonámos os mandamentos que Tu nos deste por meio dos teus servos, os profetas, que diziam: ‘O país que ides possuir é um país de impureza, contaminado pelas imundícies dos povos dessa região, pelas abominações e impurezas com que o encheram, de uma extremidade à outra. 12Não lhes deis, pois, as vossas filhas, e os vossos filhos não tomem as filhas deles; não vos preocupeis mais com a sua prosperidade e o seu bem-estar, para que vos torneis fortes e comais os bons produtos deste país, o qual transmitireis, para sempre, como herança, aos vossos descendentes.’
13Ora, depois de tudo o que nos aconteceu, por causa das nossas más acções e dos nossos pecados, Tu nos conservaste, ó nosso Deus, mais do que mereciam as nossas iniquidades, e deixaste subsistir um resto do nosso povo. 14Poderíamos recomeçar a violar os teus mandamentos, aliando-nos por casamento a estes povos abomináveis? Não te irritarias contra nós até nos exterminar, sem deixar escapar um só sobrevivente? 15Senhor, Deus de Israel, Tu és justo, porque presentemente nada mais somos do que um resto de sobreviventes. Eis-nos aqui, diante de ti, como culpados, sem podermos, por isso, subsistir na tua presença.»
Expulsão das mulheres estrangeiras (Ne 13,23-29) – 1Enquanto Esdras chorava prostrado diante do templo de Deus e fazia esta prece e esta confissão, foi-se reunindo ao redor dele uma multidão numerosa de israelitas, homens, mulheres e crianças, e todos derramavam abundantes lágrimas.
2Então, Checanias, filho de Jaiel, dos filhos de Elam, tomou a palavra e disse a Esdras: «Pecámos contra o nosso Deus, tomando por esposas mulheres estrangeiras, pertencentes ao povo deste país. Entretanto, resta ainda uma esperança para Israel. 3Façamos, agora, uma aliança com o nosso Deus e mandemos embora todas essas mulheres e seus filhos, conforme o conselho do meu senhor e daqueles que temem os mandamentos do nosso Deus. E que se cumpra o que manda a Lei. 4Levanta-te, pois é tua a responsabilidade deste trabalho; nós estamos contigo. Coragem, e mãos à obra!»
5Então, Esdras levantou-se e fez com que os chefes dos sacerdotes, dos levitas e de todos os de Israel jurassem que agiriam como acabava de ser dito. E eles juraram. 6Depois, Esdras retirou-se do templo de Deus e foi ao quarto de Joanan, filho de Eliachib, permanecendo ali, sem comer nem beber, porque chorava os pecados dos sobreviventes do cativeiro.
7Fez-se, então, uma proclamação em Judá e em Jerusalém, para todos os sobreviventes do cativeiro, a fim de que se reunissem em Jerusalém. 8Quem não comparecesse dentro de três dias, conforme as ordens dos anciãos e dos chefes, veria confiscados os seus bens e seria excluído da assembleia dos repatriados.
9Todos os homens de Judá e de Benjamim se reuniram, pois, em Jerusalém, no prazo dos três dias. Era o vigésimo dia do nono mês. Todo o povo que se encontrava na presença do templo de Deus, tremia, não só pela gravidade da circunstância mas também porque estava a chover.10Esdras, o sacerdote, levantou-se e disse-lhes: «Vós pecastes, tomando por esposas mulheres estrangeiras, agravando assim a iniquidade de Israel. 11Agora, dai glória ao Senhor, Deus dos nossos pais, e fazei a sua vontade. Separai-vos do povo deste país e das mulheres estrangeiras.»
Comissão executiva – 12Toda a assembleia respondeu em alta voz: «Sim, faremos como disseste. 13Mas o povo é numeroso, e é a estação das chuvas; não se pode, pois, permanecer cá fora; além disso, isto não é assunto para um dia ou dois, pois são muitos os que, entre nós, pecaram a este respeito. 14Que os nossos chefes fiquem aqui a fim de representar toda a assembleia, e que todos aqueles que, nas nossas cidades, receberam em suas casas uma ou mais mulheres estrangeiras, se apresentem nas datas que serão fixadas, com os anciãos de cada cidade e os seus juízes, até que consigamos afastar de nós o fogo da cólera do nosso Deus, por causa desta questão.»
15Jonatan, filho de Asael, e Jazias, filho de Ticvá, foram os únicos que se opuseram a essa ordem, apoiados por Mechulam e Chabetai, o levita. 16Os repatriados, porém, conformaram-se. Esdras, o sacerdote, e alguns homens, chefes das famílias, segundo as suas casas, todos designados pelos seus nomes, sentaram-se a examinar este assunto, no primeiro dia do décimo mês.
17No primeiro dia do primeiro mês, a questão dos homens que tinham desposado mulheres estrangeiras já estava resolvida.
Lista dos transgressores – 18Entre os filhos dos sacerdotes encontraram-se alguns que tinham desposado mulheres estrangeiras, a saber: entre os filhos de Jesua, filho de Jocédec, e seus irmãos, havia Maazias, Eliézer, Jarib e Godolias; 19estes juraram repudiar as suas mulheres e ofereceram um carneiro pela expiação da sua falta; 20entre os filhos de Imer: Hanani e Zebadias; 21entre os filhos de Harim: Massaías, Elias, Semeias, Jaiel e Uzias; 22entre os filhos de Pachiur: Elioenai, Massaías, Ismael, Natanael, Jozabad e Elassá; 23entre os levitas: Jozabad, Chimei, Quelaías também chamado Quelitá, Petaías, Judá e Eliézer; 24entre os cantores: Eliachib; entre os porteiros: Chalum, Telem e Uri.
25Quanto aos filhos de Israel: entre os filhos de Parós: Ramias, Jizias, Malquias, Miamin, Eleázar, Malquias e Benaías; 26entre os filhos de Elam: Matanias, Zacarias, Jaiel, Abdi, Jerimot e Elias; 27entre os filhos de Zatú: Elioenai, Eliachib, Matanias, Jerimot, Zabad e Aziza; 28entre os filhos de Bebai: Joanan, Hananías, Zabai, Atlai; 29entre os filhos de Bani: Mechulam, Maluc, Adaías, Jassub, Cheal e Ramot; 30entre os filhos de Paat-Moab: Adná, Calal, Benaías, Massaías, Matanias, Beçalel, Binui e Manassés; 31entre os filhos de Harim: Eliézer, Jisias, Malquias, Chemaías, Simeão, 32Benjamim, Maluc, Chemarias; 33entre os filhos de Hachum: Matenai, Matatá, Zabad, Elifélet, Jeremai, Manassés, Chimei; 34entre os filhos de Bani: Maadai, Ameram, Uel, 35Benaías, Bedias e Quelú, 36Vanias, Meremot, Eliachib, 37Matanias, Matenai, Jaasai; 38dos filhos de Binui, Chimei, 39Chelemias, Natan, Adaías, 40Macnadebai, Chachai, Charai, 41Azarel, Chelemias, Chemarias,42Chalum, Amarias, José; 43entre os filhos de Nebo: Jeiel, Matatias, Zabad, Zebina, Jadai, Joel e Benaías.
44Todos estes homens casaram com mulheres estrangeiras, e muitas delas tiveram filhos.
Os livros de Esdras e de Neemias formavam um só “Livro de Esdras”, na Bíblia Hebraica e na versão grega dos Setenta. Como esta versão recolhia também o livro apócrifo grego de Esdras e lhe dava o primeiro lugar (1 Esdras), o livro de Esdras-Neemias era denominado 2 Esdras. Na época cristã foi dividido em dois. A Vulgata latina adoptou essa divisão em 1 Esdras (=Esdras) e 2 Esdras (=Neemias), reservando ao apócrifo grego a designação de 3 Esdras. A designação dos dois livros a partir das respectivas personagens principais, Esdras e Neemias, é mais recente, mas foi assimilada mesmo nas edições impressas da Bíblia massorética.
AUTORIA E DATAÇÃO
Não é dada qualquer indicação sobre o autor destes livros, mas admite-se ser um só: o mesmo chamado Cronista, que redigiu e compôs a vasta síntese histórica dos dois livros das Crónicas, seguidos de Esdras e Neemias. Um dos indícios mais significativos é a identidade entre os últimos versículos de 2 Crónicas (36,22-23) e os primeiros versículos de Esdras (1,1-3), o que sugere a continuidade da narrativa. Pode, assim, situar-se esta obra nos finais do séc. IV ou início do séc. III a.C..
QUESTÃO CRONOLÓGICA
Discute-se qual dos dois deverá ser colocado em primeiro lugar. Muitos preferem a sucessão Neemias-Esdras; mas ainda não se encontrou uma solução satisfatória para estabelecer a cronologia dos acontecimentos em questão. O texto fala da chegada de Esdras a Jerusalém, no sétimo ano do rei Artaxerxes (Esd 7,7) e indica a sua actividade reformadora (Esd 8-10); depois, vem Neemias, no vigésimo ano de Artaxerxes (Ne 2,1) e a sua preocupação pela reconstrução das muralhas (Ne 1-7); surge outra vez Esdras, para a leitura solene da Lei (Ne 8-9); e, finalmente, Neemias, por ocasião de uma segunda estadia em Jerusalém, no ano 32.° de Artaxerxes (Ne 13,6-7).
Teriam estado estes dois homens ao mesmo tempo em Jerusalém, a trabalhar independentemente? A resposta mais aceitável é a seguinte: a actividade de Neemias seria toda ela anterior a Esdras (Ne 1-7 e 10-13, onde aparece como construtor e reformador); mais tarde, talvez no ano 7.° de Artaxerxes II (e não Artaxerxes I), por volta de 398-397 a.C., veio Esdras a Jerusalém: empreendeu reformas (Esd 7-10), restaurou o culto e fez a solene leitura pública da Lei (Ne 8-9). Ao aplicar a sua perspectiva teológica a este emaranhado de dados, o redactor final é que terá desorganizado a cronologia real dos acontecimentos.
No entanto, não se pode negar ou diminuir o valor histórico das informações veiculadas por estes livros. Concordam perfeitamente com os dados das fontes bíblicas e profanas, como, por exemplo, os papiros das ilhas Elefantinas (Egipto).
DOCUMENTAÇÃO UTILIZADA
Na composição destes dois livros, o Cronista utilizou como fontes diversos documentos antigos (entre eles, as memórias pessoais das duas personagens em questão), que ele reproduziu e organizou, relacionando-os uns com os outros, segundo a sua visão teológica, de forma a obter um conjunto harmonioso. Assim, podem encontrar-se:
a) documentos oficiais em hebraico (listas, estatísticas, como as de Esd 2 e Ne 7,6-68; 10,3-30; 11,3-36; 12,1-26) e em aramaico (correspondência diplomática, decretos oficiais: Esd 4,6-6,18; 7,12-26;
b) memórias de Esdras (Esd 7-10), com partes redigidas na primeira pessoa (Esd 7,27-9,15) e outras na terceira: Esd 7,1-10; 10; Ne 8-9;
c) memórias de Neemias: Ne 1-7; 10; 12,27-13,31.
DIVISÕES E CONTEÚDO
O livro de Esdras divide-se em duas grandes partes:
O livro de Neemias consta também de duas partes:
Estas duas partes andam à volta de certos temas dominantes, que se apresentam por esta ordem:
PERSPECTIVA TEOLÓGICA
Esdras e Neemias narram acontecimentos ocorridos logo após o édito de Ciro (538 a.C.), que permitia o regresso do cativeiro da Babilónia. Mostrando a situação difícil dos repatriados, fazem sobressair o esforço pela restauração do povo, no aspecto material e religioso.
Contêm uma admirável mensagem doutrinal, centrada em três preocupações fundamentais: o templo, a cidade de Jerusalém e a comunidade do povo de Deus.
Após as provas do Exílio, com as suas más consequências no aspecto religioso, o povo organiza-se numa grande unidade nacional e religiosa.
Meditando na Lei, compreende como o castigo lhe foi mandado por Deus, devido à sua infidelidade, e como, apesar de tudo, a misericórdia divina se mantém para com o resto de Israel, detentor das grandes promessas em relação ao Messias. A Palavra de Deus é, assim, a base da reconstrução do povo que volta do Exílio.
Notícias de Jerusalém – 1Palavras de Neemias, filho de Hacalias: «No mês de Quisleu do vigésimo ano, encontrando-me em Susa, no palácio, 2eis que Hanani, um dos meus irmãos, chegou de Judá com alguns companheiros. Perguntei-lhes pelos judeus libertados que sobreviveram do cativeiro e por Jerusalém. 3Responderam-me: «Os sobreviventes do cativeiro estão lá na Província, vivem em grande miséria e numa situação humilhante. As muralhas de Jerusalém estão ainda em ruínas, e as suas portas foram incendiadas.»
Oração de Neemias (Dt 4,28-31; 30,1-5) 4Ao ouvir tais palavras, sentei-me e chorei; e fiquei vários dias consternado. Jejuei e orei na presença do Deus do céu, 5dizendo:
«Peço-te, Senhor, Deus do céu, Deus grande e terrível, que permaneces fiel à tua aliança e exerces a misericórdia para com aqueles que te amam e observam os teus mandamentos!
6Que os teus ouvidos estejam atentos e os teus olhos se abram, para ouvires a prece que eu, teu servo, estou a fazer na tua presença, noite e dia, pelos filhos de Israel, teus servos, confessando os pecados com que os filhos de Israel te ofenderam.
Pois eu e a casa do meu pai pecámos; 7ofendemos-te gravemente e não observámos as leis, os mandamentos e os preceitos que deste a Moisés, teu servo.
8Lembra-te da palavra que disseste a teu servo Moisés: ‘Se transgredirdes os meus preceitos, Eu dispersar-vos-ei entre as nações.
9Mas, se vos converterdes a mim, se observardes os meus mandamentos e os praticardes, mesmo que os vossos exilados estejam nos confins da terra, dali os reunirei e os farei regressar ao lugar que escolhi, para aí fazer habitar o meu nome.’
10Eles são teus servos, o teu povo, que libertaste com o teu grande poder e a força da tua mão.
11Ó Senhor, presta ouvidos à oração do teu servo e à oração dos teus servos que temem o teu nome. Digna-te, hoje, dar um bom êxito ao teu servo, e faz que mereça a estima deste homem.» Eu era, então, copeiro do rei.
Neemias parte para Jerusalém (6,1-7) – 1No mês de Nisan, no vigésimo ano do rei Artaxerxes, como o vinho estivesse diante do rei, tomei-o e ofereci-lho. Ora, jamais eu estivera triste na sua presença.
2O rei disse-me: «Porque tens o semblante tão sombrio? Não estás doente. Portanto, isso só pode ser tristeza do coração.» Eu fiquei muito conturbado, 3e respondi ao rei: «Viva o rei para sempre! Como não hei-de estar triste quando a cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais está em ruínas, e as suas portas consumidas pelo fogo?» 4E o rei disse-me: «Que queres?» Então, fiz uma oração ao Deus do céu 5e disse ao rei: «Se aprouver ao rei, e se o teu servo achar graça diante de ti, deixa-me ir ao país de Judá, à cidade onde se encontram os túmulos dos meus pais, a fim de a reconstruir.» 6O rei, junto de quem a rainha se sentara, perguntou-me: «Quanto tempo durará essa viagem? Quando será o regresso?»
Aprouve ao rei deixar-me partir, e eu indiquei-lhe a data do regresso. 7Prossegui: «Se o rei achar bem, dêem-me cartas para os governadores da outra margem do rio, de modo que me deixem passar para Judá; 8e também outra carta para Asaf, o intendente da floresta real, a fim de que me forneça madeira para construir as portas da cidadela do templo, para as muralhas da cidade e para a casa que eu habitar.» O rei concordou com o meu pedido porque me favorecia a bondosa mão de Deus.
9Fui ter com os governadores da outra margem do rio e entreguei-lhes as cartas do rei. O rei fizera-me escoltar por alguns chefes militares e cavaleiros. 10Mas quando Sanebalat, o horonita, e Tobias, o servo amonita, foram informados disto, ficaram pesarosos por ter chegado alguém que procurava a prosperidade dos filhos de Israel.
Inspecção das muralhas – 11Cheguei, finalmente, a Jerusalém e descansei ali três dias. 12Levantei-me durante a noite com um pequeno grupo de homens, sem dizer a ninguém o que o meu Deus me inspirava fazer em favor de Jerusalém. Não tinha comigo outro animal senão aquele em que montava.
13Saí à noite pela porta do Vale e dirigi-me à fonte do Dragão e à porta da Estrumeira; e contemplei as muralhas de Jerusalém arruinadas e as portas consumidas pelo fogo. 14Passei, depois, pela porta da Fonte e pela piscina do rei, mas não havia ali caminho para passar com a minha montada. 15Subi então, à noite, pela torrente e examinei a muralha. Dei a volta, voltei a entrar pela porta do Vale e regressei.
16Os magistrados ignoravam aonde tinha ido e o que queria fazer. Até àquele momento nada deixara transparecer aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos magistrados, nem aos chefes, nem às outras pessoas do povo que se ocupavam dos trabalhos. 17Disse-lhes então: «Vede a miséria em que nos encontramos: Jerusalém destruída, as suas portas consumidas pelo fogo! Vinde, e reconstruamos as muralhas da cidade, e ponhamos termo a tanta ignomínia.» 18Ao mesmo tempo, contei-lhes como a bondosa mão de Deus me favorecera e narrei-lhes todas as palavras que me dissera o rei. Gritaram todos: «Ergamo-nos e reconstruamo-la!» Com isto, cobraram ânimo e puseram-se a executar esta obra.
Oposições – 19Sanebalat, o horonita, Tobias, o servo amonita, e Guéchem, o árabe, souberam isto e zombaram de nós, dizendo em tom escarninho: «Que estais a fazer? Quereis revoltar-vos contra o rei?» 20Mas eu respondi-lhes nestes termos: «O próprio Deus do céu é quem nos fará triunfar. Nós somos os seus servos e vamos continuar a obra, pois vós não tendes parte, nem direito, nem lembrança em Jerusalém.»
Reconstrução das muralhas (Jr 31,38; Zc 14,10) – 1Sumo Sacerdote Eliachib e os sacerdotes, seus irmãos, puseram-se a trabalhar e reconstruíram a porta das Ovelhas; consagraram-na e assentaram-lhe os batentes. Construíram e consagraram a muralha, desde a torre dos Cem até à torre de Hananiel. 2Ao lado de Eliachib, trabalhavam os homens de Jericó e, mais longe, Zacur, filho de Imeri.
3Os filhos de Senaá construíram a porta dos Peixes, cobriram-na e assentaram os batentes, as fechaduras e as trancas. 4A seu lado, trabalhava nas reparações Meremot, filho de Urias, filho de Hacós, e, ao lado deste, Mechulam, filho de Baraquias, filho de Mechezabel, e depois Sadoc, filho de Baana. 5Ao lado destes, trabalharam os tecuítas, mas os seus notáveis recusaram-se a servir os seus senhores.
Junto da porta Antiga – 6Joiadá, filho de Passea, e Mechulam, filho de Besodias, repararam a porta Antiga, cobriram-na e colocaram os batentes, as fechaduras e as trancas. 7Ao lado destes, trabalharam Melatias, o guibeonita, Jadon, o meronotita, e os homens de Guibeon e de Mispá, que eram súbditos do governador.
8Ao lado, trabalharam Uziel, filho de Haraías, que era ourives; depois, Hananias, perfumista. Reconstruíram Jerusalém até à grande muralha.9A seu lado, trabalhou Refaías, filho de Hur, chefe de metade do distrito de Jerusalém. 10Depois, em frente da sua casa, Idaia, filho de Harumaf; logo a seguir, Hatus, filho de Hasabenias. 11Malquias, filho de Harim, e Hachub, filho de Paat-Moab, repararam a outra parte da muralha e a torre dos Fornos. 12A seu lado, trabalhou, com suas filhas, Chalum, filho de Loés, chefe da outra metade do distrito de Jerusalém.
A sudoeste – 13Hanun e os habitantes de Zanoa repararam a porta do Vale; reconstruíram-na e colocaram os batentes, as fechaduras e as trancas; e reedificaram mil côvados da muralha até à porta da Estrumeira. 14Malquias, filho de Recab, chefe do distrito de Bet-Cárem, reconstruiu a porta da Estrumeira, concluiu-a e colocou também os batentes, as fechaduras e as trancas.
15Chalum, filho de Col-Hozé, chefe do distrito de Mispá, reparou a porta da Fonte, concluiu-a, cobriu-a e assentou-lhe os batentes, as fechaduras e as trancas; reedificou, além disso, as muralhas, desde a piscina de Siloé, ao lado do jardim do rei, até à escada pela qual se desce da cidade de David.
16Ao lado dele, Neemias, filho de Azebuc, chefe de metade do distrito de Bet-Sur, reconstruiu a muralha até à frente dos túmulos de David, e desde a piscina magnificamente construída até à Casa dos Heróis.
Sector oriental – 17Depois dele, trabalharam nas reparações os levitas: Reum, filho de Bani; ao lado, trabalhou Hasabias, chefe de metade do distrito de Queila. 18Ao lado deste, trabalharam os seus irmãos sob a direcção de Bavai, filho de Henadad, chefe da outra metade de Queila. 19Ézer, filho de Jesua, chefe de Mispá, reparou o outro sector da muralha, em frente do arsenal, até à esquina.
20A seguir a ele, Baruc, filho de Zabai, reparou o outro sector, desde o ângulo até à entrada da casa do Sumo Sacerdote Eliachib. 21A seguir a ele, Meremot, filho de Urias, filho de Hacós, reparou o sector seguinte, desde a porta da casa de Eliachib até à extremidade desta casa. 22A seguir a este, trabalharam os sacerdotes, homens das redondezas. 23A seguir a eles, Benjamim e Hachub trabalharam em frente das suas casas e, junto destes, Azarias, filho de Massaías, filho de Ananias, diante da sua casa. 24Depois, Binui, filho de Henadad, reparou outro sector, desde a casa de Azarias até ao ângulo.
25Palal, filho de Uzai, trabalhou em frente do ângulo e da torre alta que se eleva por cima do palácio real, perto do átrio da prisão. A seguir a ele, trabalhou Pedaías, filho de Parós. 26Os natineus, que habitavam em Ofel, trabalharam até à frente da porta das Águas, a oriente, e da torre saliente das muralhas. 27A seguir a eles, os tecuítas repararam o sector seguinte, em frente da torre saliente, até ao muro de Ofel.
Para noroeste – 28A partir da porta dos Cavalos, trabalharam os sacerdotes, cada um diante da sua casa. 29A seguir a eles, Sadoc, filho de Imer, em frente da sua casa; depois, Chemaías, filho de Checanias, guarda da porta oriental do templo. 30A seguir a ele, Hananias, filho de Chelemias, e Hanun, o sexto filho de Salaf, repararam um outro sector. A seguir a ele, Mechulam, filho de Baraquias, trabalhou diante da sua residência. 31A seguir a ele, trabalhou Malquias, filho de um ourives, até à casa dos natineus e dos negociantes, diante da porta de Mifcad até à sala do ângulo. 32Enfim, entre a sala alta do ângulo e a porta das Ovelhas, trabalharam os ourives e os negociantes.
Os trabalhos, apesar da oposição – 33Sanebalat, quando soube que nós reconstruíamos a muralha, encolerizou-se sobremaneira. Enfurecido, escarneceu dos judeus 34e disse, diante dos seus irmãos e do exército da Samaria: «Que pretendem fazer estes miseráveis judeus? Porventura vão permitir-lhes que o façam? Querem oferecer sacrifícios? Levarão a cabo a sua empresa? Desenterrarão as pedras destes montes de areia calcinada?» 35E Tobias, o amonita, que estava a seu lado, acrescentou: «Deixai-os reconstruir! Se vier uma raposa, saltará por cima dessa muralha de pedras e há-de derrubá-la.»
36«Ouve, ó nosso Deus, como nos desprezam. Faz recair sobre as suas cabeças todos os seus insultos. Faz que sejam presa dos outros, numa terra de exílio. 37Não perdoes a sua iniquidade, e que o seu pecado jamais se apague diante da tua face, pois é grande a injúria que fizeram aos construtores!»
38Reconstruímos, pois, a muralha e reparámo-la inteiramente, até metade da sua altura. O povo cobrou ânimo para prosseguir o trabalho.
Novas ameaças – 1Mas Sanebalat, Tobias, os árabes, os amonitas e as gentes de Asdod souberam que prosseguíamos na reparação da muralha de Jerusalém e que as fendas começavam a desaparecer; e enfureceram-se. 2Coligaram-se todos para vir atacar Jerusalém e fazer o maior dano possível. 3Fizemos oração ao nosso Deus e montámos uma guarda, dia e noite, para nos proteger contra eles.
4Mas os judeus começavam a dizer: «Os carregadores estão quase sem forças, e há ainda uma grande quantidade de escombros. Não conseguiremos reconstruir a muralha.» 5E os nossos inimigos diziam: «Nada saberão e nada verão, até que cheguemos ao meio deles e os matemos. Deste modo, poremos fim a estes trabalhos.»
Trabalho armado – 6Os judeus que habitavam entre eles vieram dez vezes advertir-nos sobre os lugares por onde, possivelmente, os nossos inimigos nos atacariam. 7Coloquei, pois, por detrás das muralhas, nos pontos vulneráveis, o povo dividido por famílias, com espadas, lanças e arcos. 8Depois de tudo inspeccionar, achei que era meu dever exortar os chefes, os magistrados e o restante povo: «Não os temais! Lembrai-vos de que o Senhor é grande e temível. Combatei pelos vossos irmãos, pelos vossos filhos e filhas, pelas vossas mulheres e pelas vossas casas!»
9Quando os nossos inimigos souberam que estávamos alertados, Deus frustrou os seus projectos; e regressámos todos à muralha, cada um ao seu trabalho. 10Desde então, a metade que estava comigo trabalhava, e a outra metade estava armada de lanças, escudos, arcos e couraças. Os chefes estavam atrás deles, velando sobre toda a gente de Judá. 11Entre os que estavam ocupados na muralha, os carregadores trabalhavam com uma das mãos e, com a outra, seguravam a arma; 12os pedreiros traziam à cinta cada um a sua espada. E assim construíam.
Um homem, tocador de trombeta, estava junto de mim. 13Então, eu disse aos chefes, aos magistrados e ao resto do povo: «O trabalho é grande e muito extenso, e nós encontramo-nos dispersos pelas muralhas, a grande distância uns dos outros. 14Quando ouvirdes a trombeta, onde quer que seja, reuni-vos a nós. O nosso Deus combaterá por nós.» 15Continuámos, assim, a trabalhar na obra, ficando metade dos nossos de lança na mão, desde o raiar da aurora até aparecerem as estrelas. 16Ao mesmo tempo, disse também ao povo: «Cada um de vós, com o seu servo, passe a noite em Jerusalém, para fazer de sentinela durante a noite e trabalhar durante o dia.» 17Nem eu, nem os meus irmãos, nem a minha gente, nem os guardas da minha escolta nos despíamos, a não ser para as abluções.
Injustiças sociais – 1Aconteceu que os homens do povo e as mulheres fizeram ouvir um grande clamor contra os seus irmãos judeus.2Alguns diziam: «Os nossos filhos, as nossas filhas e nós somos numerosos; precisamos de trigo, para que possamos comer e viver.»3Outros diziam: «Somos obrigados a empenhar as nossas terras, as nossas vinhas e as nossas casas para termos trigo para matar a fome.»4Outros diziam: «Tivemos que pedir dinheiro emprestado para pagar o tributo ao rei e empenhámos as nossas vinhas e os nossos campos.5E, no entanto, somos da mesma raça que os nossos irmãos, os nossos filhos não são diferentes dos deles; mas temos que vender os nossos filhos e as nossas filhas, e algumas delas já são escravas. E nada temos para as resgatar, pois os nossos campos e as nossas vinhas passaram já para as mãos de outros.»
6Estes lamentos e estas queixas irritaram-me profundamente. 7Após ter reflectido, censurei os chefes e os magistrados e disse-lhes: «Porque cobrais juros dos nossos irmãos?» Convoquei, então, por causa deles, uma grande assembleia. 8E disse-lhes: «Os nossos irmãos judeus, vendidos às nações, foram resgatados por nós, segundo as nossas posses. E vós vendeis os vossos irmãos, para que nós os resgatemos?» Calaram-se e nada responderam. 9Eu continuei: «O que vós estais a fazer não está certo! Não deveis caminhar no temor do nosso Deus, para evitar os insultos das nações nossas inimigas? 10Eu mesmo, com os meus irmãos e os meus servos, emprestámos prata e trigo. Pois bem, perdoemos o que nos devem. 11Devolvei-lhes, desde já, os seus campos, as suas vinhas, as suas oliveiras e as suas casas; e restituí-lhes a percentagem da prata, do trigo, do vinho novo e do azeite que lhes exigistes como juros.» 12Eles responderam: «Devolveremos tudo e nada mais lhes pediremos; faremos como dizes.» Chamei, então, os sacerdotes e obriguei-os a jurar que agiriam assim.
13E sacudi o pó do meu manto, dizendo: «Que Deus sacuda assim, da sua casa e dos seus bens, todo aquele que não cumprir com a sua palavra. Que seja expulso e espoliado!» E toda a assembleia respondeu: «Ámen»; e louvaram o Senhor. E o povo cumpriu a promessa.
14Desde o dia em que o rei me estabeleceu como governador da região de Judá, do vigésimo até ao trigésimo segundo ano do reinado do rei Artaxerxes, durante doze anos, nem eu nem os meus irmãos comemos o pão do governador. 15Antes de mim, os governadores, meus predecessores, cobravam o pão e o vinho, à razão de quarenta siclos por dia, oprimindo o povo que também sofria os vexames dos servos deles. Mas eu, pelo temor de Deus, não agi assim. 16Antes trabalhei na reparação das muralhas; não comprámos nenhum campo, e os meus servos trabalharam todos. 17Tinha a meu cargo a alimentação de cento e cinquenta homens, judeus e magistrados, além dos que nos vinham procurar das regiões vizinhas. 18Preparávamos cada dia um boi, seis carneiros escolhidos e aves, tudo à minha custa, e cada dez dias servia-se vinho em abundância. Apesar disso, não reclamei os direitos de governador, porque o trabalho servil já oprimia muito este povo.
19«Lembra-te, ó meu Deus, de tudo o que fiz por este povo e recompensa-me.»
Ciladas dos inimigos e termo da muralha – 1Sanebalat, Tobias, Guéchem, o árabe, e outros inimigos nossos souberam que eu reconstruíra a muralha e tapara as brechas, embora até àquele momento não houvesse ainda colocado os batentes nas portas. 2Então, Sanebalat e Guéchem mandaram-me dizer: «Vem, para termos uma entrevista em Cafirim, no Vale de Ono.»
Projectavam fazer-me mal. 3Enviei mensageiros a dizer-lhes: «Estou ocupado num trabalho importante; não posso descer, porque teria de interromper o meu trabalho, e não posso deixar a obra para ir ter convosco.» 4Por quatro vezes, me endereçaram a mesma mensagem, mas eu dava-lhes sempre a mesma resposta.
5À quinta vez, Sanebalat enviou-me a mesma mensagem por um seu servo que agora trazia na mão uma carta aberta. 6Nela se dizia o seguinte: «Foi divulgado entre as gentes – e Guéchem afirma – que tu e os judeus reconstruís a muralha porque estais a projectar uma revolta. E, ao que se diz, tu serias o seu rei, 7tendo até enviado profetas para te proclamarem rei de Judá em Jerusalém. Todos estes boatos chegarão aos ouvidos do rei. Vem, pois, e entendamo-nos.» 8Eu respondi-lhe: «Nada do que dizes é verdade; foste tu que inventaste tudo isso.»9Todos nos procuravam intimidar, dizendo: «Fatigar-se-ão de tal modo que abandonarão o trabalho e jamais o acabarão.» Mas eu entreguei-me ao trabalho ainda com mais ardor.
Falsos profetas contra Neemias – 10Fui depois à casa de Chemaías, filho de Delaías, filho de Meetabiel, que se fechara na sua residência. Disse-me ele: «Vamos juntos ao templo de Deus, ao interior do templo, e fechemos as portas do santuário pois devem vir matar-te; virão tirar-te a vida esta noite.» 11Respondi-lhe: «Como? Então um homem como eu há-de fugir? Por outro lado, como pode um homem como eu entrar no santuário sem perder a vida? Não entrarei.» 12Então, compreendi que não fora Deus quem o enviara, mas que predizia, sim, estas coisas porque Tobias e Sanebalat o tinham subornado. 13Julgavam que, deste modo, me atemorizavam e me fariam pecar, segundo o seu desejo. Aproveitariam isto para me cobrir de opróbrios e difamar-me.
14«Lembra-te, ó meu Deus, das maldades de Tobias e de Sanebalat. Lembra-te, também, da profetisa Noadias e dos outros profetas que procuravam atemorizar-me.»
Conclusão das obras – 15A muralha foi terminada no vigésimo quinto dia do mês de Elul, em cinquenta e dois dias. 16Quando os nossos inimigos o souberam, encheram-se de temor todas as nações vizinhas e ficaram humilhadas, porque reconheceram que aquela empresa fora levada a bom termo pela vontade do nosso Deus. 17Naquele tempo, Tobias correspondia-se frequentemente com determinados chefes de Judá.18Muitos, com efeito, conjuraram-se com ele, por ser genro de Checanias, filho de Ara, e por Joanan, seu filho, ter casado com a filha de Mechulam, filho de Baraquias. 19Falaram bem dele na minha presença e referiram-lhe as minhas palavras. Tobias escrevia as suas cartas para me atemorizar.
Defesa da cidade – 1Logo que foi concluída a restauração da muralha e se colocaram os batentes das portas e ficaram estabelecidos nas suas funções os porteiros, os cantores e os levitas, 2confiei a defesa da cidade a Hanani, meu irmão, e a Hananias, o comandante da cidadela, porque era um homem sério e cheio de temor de Deus. 3Ordenei-lhes que não abrissem as portas de Jerusalém enquanto não se sentisse o calor do sol. À tarde, com os guardas ainda nos seus postos, fechavam as portas e punham as trancas. Durante a noite, os habitantes de Jerusalém, cada um no seu posto, montariam a guarda diante do seu templo.
Recenseamento do povo (Esd 2,1-70) 4A cidade era grande e espaçosa mas estava pouco povoada, e as moradias não estavam todas reconstruídas. 5O meu Deus inspirou-me, então, que reunisse os notáveis, os magistrados e o povo para fazer o recenseamento. Encontrei um registo genealógico dos primeiros que tinham voltado do exílio, no qual estava escrito o seguinte:
6Entre os exilados que Nabucodonosor, rei da Babilónia, levara cativos, estes são os cidadãos da província que se puseram a caminho para regressar a Jerusalém e à Judeia, cada um à sua cidade. 7Regressaram com Zorobabel, Jesua, Neemias, Azarias, Raamias, Naamani, Mardoqueu, Bilchan, Misperet, Bigvai, Naum, Baana.
Este é o número de homens de Israel: 8filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois; 9filhos de Chefatias, trezentos e setenta e dois; 10filhos de Ara, seiscentos e cinquenta e dois; 11filhos de Paat-Moab, descendentes de Jesua e de Joab, dois mil oitocentos e dezoito; 12filhos de Elam, mil duzentos e cinquenta e quatro; 13filhos de Zatú, oitocentos e quarenta e cinco; 14filhos de Zacai, setecentos e sessenta; 15filhos de Binui, seiscentos e quarenta e oito; 16filhos de Bebai, seiscentos e vinte e oito; 17filhos de Azegad, dois mil trezentos e vinte e dois;18filhos de Adonicam, seiscentos e sessenta e sete; 19filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete; 20filhos de Adin, seiscentos e cinquenta e cinco; 21filhos de Ater, filho de Ezequias, noventa e oito; 22filhos de Hachum, trezentos e vinte e oito; 23filhos de Beçai, trezentos e vinte e quatro; 24filhos de Harif, cento e doze; 25filhos de Guibeon, noventa e cinco; 26habitantes de Belém e de Netofa, cento e oitenta e oito; 27habitantes de Anatot, cento e vinte e oito; 28habitantes de Bet-Azemávet, quarenta e dois; 29habitantes de Quiriat-Iarim, de Cafira e de Beerot, setecentos e quarenta e três; 30habitantes de Ramá e de Gueba, seiscentos e vinte e um; 31habitantes de Micmás, cento e vinte e dois;32habitantes de Betel e de Ai, cento e vinte e três; 33homens de Nebo, cinquenta e dois; 34filhos de outro Elam, mil duzentos e cinquenta e quatro; 35filhos de Harim, trezentos e vinte; 36habitantes de Jericó, trezentos e quarenta e cinco; 37filhos de Lod, de Hadid e de Ono, setecentos e vinte e um; 38filhos de Senaá, três mil novecentos e trinta.
39Sacerdotes: filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e setenta e três; 40filhos de Imer, mil e cinquenta e dois; 41filhos de Pachiur, mil duzentos e quarenta e sete; 42filhos de Harim, mil e dezassete.
43Levitas: filhos de Jesua, de Cadmiel, de Hodavias, setenta e quatro.
44Cantores: filhos de Asaf, cento e quarenta e oito.
45Porteiros: filhos de Chalum, filhos de Ater, filhos de Talmon, filhos de Acub, filhos de Hatita, filhos de Sobai, cento e trinta e oito.
46Natineus: filhos de Sia, filhos de Hassupa, filhos de Tabaot, 47filhos de Querós, filhos de Siá, filhos de Padon, 48filhos de Lebana, filhos de Hagaba, filhos de Salmai, 49filhos de Hanan, filhos de Gadiel, filhos de Gaar, 50filhos de Reaías, filhos de Recin, filhos de Necoda, 51filhos de Gazam, filhos de Uzá, filhos de Passea, 52filhos de Besai, filhos de Meunim, filhos de Nefichessim, 53filhos de Bacbuc, filhos de Hacufa, filhos de Harur, 54filhos de Bacelut, filhos de Maída, filhos de Harsa, 55filhos de Barcos, filhos de Sísera, filhos de Tema, 56filhos de Necia, filhos de Hatifa. 57Filhos dos servos de Salomão: filhos de Sotai, filhos de Soferet, filhos de Perudá, 58filhos de Jaala, filhos de Darcon, filhos de Gadiel,59filhos de Chefatias, filhos de Hatil, filhos de Poquéret-Hacebaim, filhos de Amon.
60Total dos natineus e dos filhos dos servos de Salomão: trezentos e noventa e dois.
61Estes são os que partiram de Tel-Mela, Tel-Harcha, Querub-Adon e Imer, e não conseguiram provar a sua ascendência, a família dos seus pais e a sua origem israelita: 62filhos de Delaías, filhos de Tobias, filhos de Necoda, seiscentos e quarenta e dois; 63entre os sacerdotes: filhos de Habaías, filhos de Hacós, filhos de Barzilai, que se casou com uma das filhas de Barzilai, o guileadita, e tomou o seu nome. 64Estes procuraram a sua genealogia, mas não a conseguiram descobrir. Por isso foram excluídos do sacerdócio. 65O governador proibiu-os de comer das oferendas sagradas, até que se pudesse encontrar um sacerdote qualificado, para consultar Deus por meio dos dados sagrados.
66Toda a assembleia perfazia um total de quarenta e duas mil trezentas e sessenta pessoas, 67sem contar os seus servos e as suas servas, que eram em número de sete mil trezentos e trinta e sete. Havia, entre eles, duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras. 68Tinham quatrocentos e trinta e cinco camelos e seis mil setecentos e vinte jumentos.
Donativos para o templo – 69Alguns chefes de família fizeram donativos para os trabalhos. O governador doou ao tesouro mil dracmas de ouro, cinquenta taças e quinhentas e trinta túnicas sacerdotais. 70E vários chefes de família doaram ao tesouro para os trabalhos vinte mil dracmas de ouro e duas mil e duzentas minas de prata. 71O resto do povo doou vinte mil dáricos de ouro, duas mil minas de prata e sessenta e sete túnicas sacerdotais. 72Os sacerdotes, os levitas, os cantores, os porteiros, as pessoas do povo, os natineus e todos os filhos de Israel estabeleceram-se nas suas respectivas cidades.
Leitura solene da Lei – 1Ao chegar o sétimo mês, os filhos de Israel já estavam instalados nas suas cidades. Então todo o povo se reuniu, como um só homem, na praça que fica diante da porta das Águas e pediu a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés, que o Senhor prescrevera a Israel. 2O sacerdote Esdras apresentou, pois, a Lei diante da assembleia de homens e mulheres e de todos quantos eram capazes de a compreender. Foi no primeiro dia do sétimo mês. 3Esdras leu o livro, desde a manhã até à tarde, na praça que fica diante da porta das Águas, e todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei. 4O escriba Esdras subiu para um estrado de madeira, mandado levantar para a ocasião. A seu lado encontravam-se à direita, Matatias, Chema, Anaías, Urias, Hilquias e Massaías; à esquerda, Pedaías, Michael, Malquias, Hachum, Hasbadana, Zacarias e Mechulam. 5Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, pois achava-se num lugar elevado acima da multidão. Quando o escriba abriu o livro, todo o povo se levantou. 6Então, Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: «Ámen! Ámen!» Depois, inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com a face por terra.
7Jesua, Bani, Cherebias, Jamin, Acub, Chabetai, Hodaías, Massaías, Quelitá, Azarias, Jozabad, Hanan, Pelaías e os outros levitas explicavam a Lei ao povo, e cada um ficou no seu lugar. 8E liam, clara e distintamente, o livro da Lei de Deus e explicavam o seu sentido, de modo que se pudesse compreender a leitura.
9O governador Neemias, Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que instruíam o povo disseram a toda a multidão: «Este é um dia consagrado ao Senhor, vosso Deus; não vos entristeçais nem choreis.» Pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. 10ntão, Neemias disse-lhes:
«Ide para as vossas casas, fazei um bom jantar, bebei vinho doce e reparti com aqueles que nada têm preparado; este é um dia grande, consagrado a Deus; não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é que é a vossa força.»
11Os levitas exortaram o povo ao silêncio: «Calai-vos! – diziam eles. Este é um dia santo; não vos lamenteis.»
12E todo o povo se retirou para comer e beber, repartir porções pelos pobres e entregar-se a grandes alegrias, porque tinham entendido o sentido das palavras que lhes tinham sido explicadas.
Festa das Tendas (Lv 23,33-36) – 13No segundo dia, os chefes das famílias de todo o povo, os sacerdotes e os levitas reuniram-se na presença do escriba Esdras, para ouvir a explicação da Lei. 14Encontraram escrito no livro da Lei, que o Senhor ordenara, por intermédio de Moisés, que os filhos de Israel habitassem em tendas, na festa do sétimo mês. 15Fizeram, então, proclamar e publicar em todas as cidades, e também em Jerusalém, o seguinte aviso: «Ide à montanha e trazei ramos de oliveira e de zambujeiro, ramos de murta, ramos de palmeira e de árvores frondosas, para fazer cabanas, como está prescrito.»
16Foi, pois, o povo e trouxe ramos. E construíram as cabanas nos terraços das suas casas, nos átrios do templo, nos pátios, na praça da porta das Águas e na praça da porta de Efraim. 17Deste modo, toda a assembleia daqueles que regressaram do cativeiro fizeram as cabanas e habitaram nelas. Desde o tempo de Josué, filho de Nun, até àquele dia, nunca os filhos de Israel fizeram coisa semelhante. E a alegria foi grande.
18Esdras fez, cada dia, uma leitura da Lei de Deus, desde o primeiro dia da festa até ao último. Celebraram a festa durante sete dias e, no oitavo dia, houve uma assembleia solene, segundo o costume.
A expiação dos pecados – 1No vigésimo quarto dia do mesmo mês, os filhos de Israel, vestidos de saco e com a cabeça coberta de pó, reuniram-se para o jejum. 2Os que eram da linhagem de Israel estavam separados de todos os estrangeiros, e apresentaram-se para confessar os seus pecados e as iniquidades dos seus pais. 3De pé, cada um no seu lugar, todos escutavam a leitura da Lei do Senhor, seu Deus, durante um quarto do dia; e, durante outro quarto do dia, confessavam os seus pecados e adoravam o Senhor, seu Deus.
4Jesua, Benui, Cadmiel, Chebanias, Buni, Cherebias, Bani e Canani, que tomaram lugar no estrado dos levitas, invocaram em alta voz o Senhor, seu Deus. 5E os levitas Jesua, Cadmiel, Bani, Hasabenias, Cherebias, Hodaías, Chebanias e Petaías disseram: «Levantai-vos, bendizei o Senhor, vosso Deus, desde sempre e para sempre!» Bendito seja o teu nome glorioso, que está acima de toda a bênção e louvor.
Oração dos levitas
6«Tu, Senhor, és o único,
Tu fizeste os altos céus
e todo o exército dos seus astros,
a terra e tudo o que ela contém,
o mar e tudo o que nele se encontra;
Tu dás a vida a todos os seres,
e o exército dos céus te adora.
7Foste Tu, Senhor Deus,
quem escolheu Abrão,
quem o tirou da terra de Ur, na Caldeia,
e quem lhe deu o nome de Abraão.
8Encontraste nele um coração fiel
e fizeste com ele uma aliança,
prometendo dar à sua posteridade
a terra dos cananeus, dos hititas,
dos amorreus, dos perizeus,
dos jebuseus e dos guirgaseus
e cumpriste a tua palavra,
porque Tu és justo.
9Viste a aflição dos nossos pais no Egipto,
e ouviste o seu clamor no Mar dos Juncos.
10Realizaste sinais e prodígios contra o faraó,
contra todos os seus servos
e todo o povo do seu país,
porque sabias que trataram
com crueldade os nossos pais,
e alcançaste um nome grande
como nestes nossos dias.
11Dividiste o mar diante deles,
e passaram pelo meio a pé enxuto;
mas precipitaste no abismo
todos os que os perseguiam,
como uma pedra é atirada
às profundezas das águas.
12Tu os guiaste, durante o dia,
por uma coluna de nuvens
e, de noite, por uma coluna de fogo
para iluminar o caminho que deviam seguir.
13Desceste sobre o monte Sinai,
falaste-lhes do alto do céu
e deste-lhes ordens justas,
leis de verdade, preceitos
e mandamentos excelentes.
14Deste-lhes a conhecer o teu santo sábado
e, por meio de Moisés, teu servo,
prescreveste-lhes os mandamentos,
os preceitos e a Lei.
15Deste-lhes o pão do céu,
para saciar a sua fome,
fizeste brotar água do rochedo
para lhes matar a sede.
Deste-lhes a posse da terra
que a tua mão jurou dar-lhes.
16Mas eles e os nossos pais
encheram-se de orgulho,
endureceram a cerviz
e não observaram os teus mandamentos.
17Recusaram ouvir
e não se recordaram mais
das maravilhas que operaste em seu favor.
Endureceram a cerviz
e, na sua rebelião, puseram os pés a caminho
para voltar à sua escravidão no Egipto.
Mas Tu és um Deus de perdão,
clemente e compassivo,
lento na ira e rico em misericórdia
e, por isso, não os abandonaste,
18mesmo quando fabricaram para si
um bezerro de metal fundido
e disseram: ‘Eis o teu Deus
que te fez subir do Egipto’,
e cometeram grandes abominações.
19Tu usaste de muita misericórdia
e não os abandonaste no deserto;
e não se afastou deles
a coluna de nuvem que os guiava
durante o dia, no seu caminho,
e a coluna de fogo
que, durante a noite, lhes iluminava o caminho
que deviam seguir.
20Deste-lhes o teu bom espírito
para os instruir,
não recusaste o teu maná
para os alimentar
e deste-lhes água para matar a sua sede.
21Tu os alimentaste no deserto
durante quarenta anos,
sem que nada lhes faltasse.
As suas vestes não envelheceram
e os seus pés não incharam.
22Tu lhes entregaste os reinos e os povos,
cujas terras sorteaste entre eles.
Possuíram a terra de Seon,
a terra do rei de Hesbon
e a terra de Og, rei de Basan.
23Multiplicaste os seus filhos
como as estrelas do céu,
e introduziste-os na terra
cuja posse prometeste dar a seus pais.
24Vieram os seus filhos e ocuparam-na.
Diante deles, humilhaste os cananeus
que a habitavam,
e entregaste-a nas suas mãos,
com os seus reis e as populações
que ficaram à sua mercê.
25E tomaram as suas cidades fortificadas
e as terras férteis;
herdaram casas repletas
de toda a espécie de bens,
cisternas já feitas, vinhas e olivais
e muitas árvores frutíferas.
E comeram até se saciarem,
engordaram e deleitaram-se
com a tua grande bondade.
26Mas foram rebeldes
e revoltaram-se contra ti.
Rejeitaram a tua Lei,
mataram os teus profetas,
que os repreendiam
para se converterem a ti.
Cometeram grandes abominações.
27E Tu os entregaste
nas mãos dos seus inimigos,
que os oprimiram.
Mas quando, no tempo da sua aflição,
clamaram a ti, Tu os ouviste do alto do céu
e, segundo a tua grande misericórdia,
enviaste-lhes salvadores
que os livraram das mãos dos seus inimigos.
28 Mas assim que voltou a paz,
voltaram a fazer o mal diante de ti,
e Tu os abandonaste nas mãos dos seus inimigos,
que os dominaram.
Mas converteram-se de novo e clamaram a ti,
e Tu, do alto do céu, os atendeste,
segundo a tua grande misericórdia,
libertando-os muitas vezes.
29Tu os exortaste a voltar à tua Lei,
mas eles, na sua arrogância,
não escutaram os teus mandamentos,
transgrediram as tuas ordens,
que dão a vida ao homem que as observa,
e só mostraram ombros rebeldes,
cerviz altiva e ouvidos surdos.
30A tua paciência suportou-os
durante muitos anos;
fazias-lhes admoestações
pela inspiração do teu espírito,
que animava os teus profetas,
mas não te deram ouvidos.
Então, entregaste-os nas mãos dos povos estrangeiros.
31Mas, na tua grande misericórdia,
não os aniquilaste nem os abandonaste,
porque Tu és um Deus clemente e compassivo.
32Agora, pois, ó nosso Deus,
Deus grande, poderoso e temível,
que guardas fielmente
a tua aliança misericordiosa,
não sejas indiferente
a todos os sofrimentos que nos têm afligido,
a nós, aos nossos reis,
aos nossos chefes, aos nossos sacerdotes,
aos nossos profetas, aos nossos pais
e a todo o povo,
desde o tempo dos reis da Assíria
até ao dia de hoje.
33Em tudo aquilo que nos aconteceu,
Tu foste justo porque agiste com fidelidade,
enquanto nós praticámos o mal.
34Os nossos reis, os nossos chefes,
os nossos sacerdotes e os nossos pais
negligenciaram a prática da tua Lei
e não obedeceram aos teus mandamentos
nem às admoestações que lhes fizeste.
35No seu reino, apesar dos muitos bens
que lhes concedeste
nesta terra espaçosa e fértil que lhes entregaste,
eles não te serviram
nem renunciaram às suas más obras.
36Por isso, hoje somos escravos
nesta mesma terra que deste aos nossos pais
para que comessem dos seus frutos
e dos seus produtos.
37Esta terra multiplica os seus produtos
para os reis estrangeiros,
que puseste a mandar em nós,
por causa dos nossos pecados,
e que dispõem das nossas pessoas
e dos nossos animais, conforme a sua vontade.
Estamos, de facto, numa grande aflição.»
Renovação da aliança – 1Por tudo isto, fazemos hoje um pacto consignado por escrito e assinado pelos nossos chefes, pelos nossos levitas e pelos nossos sacerdotes. 2Foram estes os que assinaram: Neemias, o governador, filho de Hacalias, e Sedecias; 3Seraías, Azarias, Jeremias, 4Pachiur, Amarias, Malquias, 5Hatus, Chebanias, Maluc, 6Harim, Meremot, Abdias, 7Daniel, Guineton, Baruc, 8Mechulam, Abias, Miamin, 9Maazias, Bilgai, Chemaías. Estes são os sacerdotes. 10E os levitas: Jesua, filho de Azanias, Binui, dos filhos de Henadad, Cadmiel11e os seus irmãos, Chebanias, Hodaías, Quelitá, Pelaías, Hanan, 12Mica, Reob, Hasabias, 13Zacur, Cherebias, Chebanias, 14Hodaías, Bani, Beninu. 15Chefes do povo: Parós, Paat-Moab, Elam, Zatú, Bani, 16Buni, Azegad, Bebai, 17Adonias, Bigvai, Adin, 18Ater, Ezequias, Azur,19Hodaías, Hachum, Beçai, 20Harif, Anatot, Nebai, 21Magpias, Mechulam, Hezir, 22Mechezabel, Sadoc, Jadua, 23Pelatias, Hanan, Anaías,24Oseias, Hananias, Hachub, 25Loés, Pileá, Chobec, 26Reum, Hasabna, Massaías, 27Aías, Hanan, Anan, 28Maluc, Harim e Baana.
Compromissos da comunidade – 29O resto do povo, os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, os natineus e todos os que estavam separados dos povos estrangeiros e abraçaram a Lei de Deus, as suas mulheres, os seus filhos e as suas filhas, todos os que estavam em idade de conhecer e compreender, 30juntaram-se aos irmãos, aos seus chefes, e juraram caminhar segundo a Lei de Deus, dada por intermédio de Moisés, seu servo, e observar e praticar todos os mandamentos do Senhor, nosso Deus, os seus juízos e os seus preceitos.
31Prometemos não dar as nossas filhas aos povos desta terra e, também, não tomar as suas filhas para os nossos filhos; 32nada comprar em dia de sábado ou em dia de festa, mercadorias ou quaisquer géneros alimentícios trazidos para vender, naqueles dias, pelos povos da terra; deixar repousar a terra no sétimo ano e remir toda a dívida.
33Impusemo-nos como obrigação pagar, cada ano, o terço de um siclo, para o serviço do templo, 34para os pães da oferenda, a oblação perpétua e o holocausto perpétuo, para os sacrifícios dos sábados, das festas da Lua-nova e das festas consagradas, para os sacrifícios expiatórios em favor de Israel e para todo o serviço do templo do nosso Deus. 35Deitámos sortes, entre os sacerdotes, os levitas e o povo, quanto à oferta da lenha que cada família, por sua vez, em cada ano, nas épocas determinadas, deve trazer ao templo, para manter aceso o fogo do altar do Senhor, nosso Deus, conforme está escrito na Lei.
36Comprometemo-nos a trazer ao templo, cada ano, as primícias da nossa terra e de todas as nossas árvores, 37a apresentar, igualmente, aos sacerdotes que fazem o serviço do templo de Deus, como está prescrito na Lei, os primogénitos dos nossos filhos e dos nossos animais, assim como os primogénitos das nossas vacas e ovelhas. 38Do mesmo modo, comprometemo-nos a trazer aos sacerdotes, nas dependências do templo do nosso Deus, as primícias dos nossos alimentos, das nossas ofertas e dos frutos de todas as árvores, do vinho e do azeite, e a entregar o dízimo da nossa terra aos levitas, encarregados de receberem o dízimo dos nossos trabalhos em todas as cidades.
39Um sacerdote da linhagem de Aarão acompanhará os levitas quando receberem o dízimo; e os levitas trarão o dízimo ao templo do nosso Deus, para as salas que servem de depósito. 40Porque os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer, para estas salas, as primícias do trigo, do vinho e do azeite; nelas se encontram os utensílios do santuário e é ali que se encontram os sacerdotes em serviço, bem como os porteiros e os cantores. Assim, não mais negligenciaremos o templo do nosso Deus.»
Repovoamento de Jerusalém (1 Cr 9,1-34) – 1Os chefes do povo residiam em Jerusalém. Mas o resto dos filhos de Israel tirou sortes, a fim de que um, entre dez, fosse habitar em Jerusalém, na cidade santa, ficando os outros nove nas cidades.
2O povo abençoou todos aqueles que decidiram voluntariamente habitar em Jerusalém.
Habitantes em Jerusalém – 3Estes são os chefes da província que se estabeleceram em Jerusalém e nas cidades de Judá. Cada um habitava na sua propriedade e na sua cidade, tanto os israelitas como os sacerdotes, os levitas, os natineus e os filhos dos escravos de Salomão. 4Fixaram-se em Jerusalém tanto filhos de Judá como filhos de Benjamim. Entre os filhos de Judá: Ataías, filho de Uzias, filho de Zacarias, filho de Amarias, filho de Chefatias, filho de Maalaleel, dos filhos de Peres; 5Massaías, filho de Baruc, filho de Col-Hozé, filho de Hazaías, filho de Adaías, filho de Joiarib, filho de Zacarias, filho de Chelá. 6Total dos filhos de Peres que residiam em Jerusalém: quatrocentos e sessenta e oito homens valentes.
7Filhos de Benjamim: Salú, filho de Mechulam, filho de Joed, filho de Pedaías, filho de Colaías, filho de Massaías, filho de Itiel, filho de Jesaías, 8e, depois dele, Gabai-Salai; ao todo, novecentos e vinte e oito. 9Joel, filho de Zicri, era o seu chefe, e Judá, filho de Hassenua, ocupava o segundo posto na cidade. 10Entre os sacerdotes: Jedaías, filho de Joiarib, Jaquin, 11Seraías, filho de Hilquias, filho de Mechulam, filho de Sadoc, filho de Meraiot, filho de Aitub, intendente do templo de Deus, 12com os seus irmãos que trabalhavam também no serviço do templo; ao todo, oitocentos e vinte e dois. Adaías, filho de Jeroam, filho de Pelalias, filho de Amci, filho de Zacarias, filho de Pachiur, filho de Malquias,13com os seus irmãos, chefes de famílias, em número de duzentos e quarenta e dois. Amachessai, filho de Azarel, filho de Azai, filho de Mechilemot, filho de Imer, 14com os seus irmãos, fortes e valentes, em número de cento e vinte e oito. Zabdiel, filho de Haguedolim, era o seu chefe.
15Entre os levitas: Chemaías, filho de Hachub, filho de Azericam, filho de Hasabias, filho de Buni, 16Chabetai e Jozabad, superintendentes dos trabalhos exteriores do templo de Deus, entre os chefes dos levitas; 17Matanias, filho de Mica, filho de Zabdi, filho de Asaf, primeiro cantor dos salmos e hinos, no tempo da oração; Bacbuquias, o segundo entre os seus irmãos, e Abda, filho de Chamua, filho de Galal, filho de Jedutun.18Total dos levitas residentes em Jerusalém, na cidade santa: duzentos e oitenta e quatro.
19Os porteiros Acub, Talmon e os seus irmãos, guardas das portas, eram cento e setenta e dois. 20O resto dos filhos de Israel, sacerdotes e levitas, estabeleceram-se em todas as cidades de Judá, cada um na sua propriedade.
21Os natineus residiam no quarteirão de Ofel, tendo à sua frente Sia e Guispa. 22O chefe dos levitas de Jerusalém era Uzi, filho de Bani, filho de Hasabias, filho de Matanias, filho de Mica, dos cantores, filhos de Asaf, encarregados do serviço do templo de Deus.
23A respeito deles havia uma ordem especial do rei, e um regulamento determinava aos cantores o seu turno, dia a dia. 24Petaías, filho de Mechezabel, da linhagem de Zera, filho de Judá, era comissário do rei para todos os assuntos referentes ao povo.
Habitantes da província – 25Quanto às cidades e seus arredores, os filhos de Judá estabeleceram-se em Quiriat-Arbá e nas suas aldeias, em Dibon e nas suas aldeias, em Cabeciel e nas suas aldeias, 26em Jesua, Molada, Bet-Pélet, 27Haçar-Chual, Bercheba e nas suas aldeias;28em Ciclag e Meconá e nas suas aldeias; 29em En-Rimon, Sorá, Jarmut, 30Zanoa, Adulam e nas suas aldeias, em Láquis e nos seus territórios, em Azeca e nas suas aldeias. Estabeleceram-se desde Bercheba até ao vale de Hinom.
31Os filhos de Benjamim estabeleceram-se desde Gueba até Micmás, Ai, Betel, e nas suas aldeias, 32em Anatot, em Nob, em Ananias,33em Haçor, Ramá, Guitaim, 34Hadid, Seboim, Nebalat, 35Lod e Ono, no vale dos Operários. 36Houve alguns levitas oriundos de Judá que se uniram à tribo de Benjamim.
Lista dos ministros sagrados – 1Estes são os sacerdotes e levitas que voltaram com Zorobabel, filho de Salatiel, e com Jesua: Seraías, Jeremias, Ezra, 2Amarias, Maluc, Hatus, 3Checanias, Reum, Meremot, 4Ido, Guineton, Abias, 5Miamin, Moadias, Bilga, 6Chemaías, Joiarib, Jedaías, 7Salú, Amoc, Hilquias, Jedaías. Estes eram os chefes dos sacerdotes e dos seus irmãos no tempo de Jesua.
8Os levitas: Jesua, Binui, Cadmiel, Cherebias, Judá e Matanias que, com os seus irmãos, dirigia o canto dos louvores; 9Bacbuquias e Uni, seus irmãos, alternavam com eles.
10Jesua gerou Joaquim, Joaquim gerou Eliachib, Eliachib gerou Joiadá, 11Joiadá gerou Jonatan, Jonatan gerou Jadua.
12No tempo de Joaquim os chefes das famílias sacerdotais eram: para a de Seraías, Meraías; para a de Jeremias, Hananias; 13para Esdras, Mechulam; para Amarias, Joanan; 14para Maluc, Jonatan; para Chebanias, José; 15para Harim, Adná; para Meraiot, Helcai; 16para Ido, Zacarias; para Guineton, Mechulam; 17para Abias, Zicri; para Miniamin e Moadias, Piltai; 18para Bilga, Chamua; para Chemaías, Jonatan; 19para Joiarib, Matenai; para Jedaías, Uzi; 20para Salú, Calai; para Amoc, Éber; 21para Hilquias, Hasabias; para Jedaías, Nataniel.
22Sob o reinado de Dario, rei da Pérsia, fez-se uma lista de todos os chefes das famílias dos filhos de Levi e dos sacerdotes no tempo de Eliachib, de Joiadá, de Joanan e de Jadua. 23Os chefes de família dos filhos de Levi inscreveram-se no Livro das Crónicas até ao tempo de Joanan, filho de Eliachib. 24Os chefes dos levitas foram: Hasabias, Cherebias e Jesua, filho de Cadmiel, encarregados, alternadamente com os seus irmãos, de cantar os louvores a Deus, segundo o rito instituído por David, homem de Deus, um coro respondendo ao outro.25Matanias, Bacbuquias, Abdias, Mechulam, Talmon e Acub eram os porteiros e guardas das portas. 26Estes eram os que estavam em funções no tempo de Joaquim, filho de Jesua, filho de Jocédec, e no tempo do governador Neemias e de Esdras, sacerdote e escriba.
Dedicação das muralhas de Jerusalém (1 Cr 15,16-24) – 27Para a dedicação das muralhas de Jerusalém, convocaram-se os levitas de todos os lugares onde residiam, a fim de virem a Jerusalém celebrar alegremente essa dedicação com hinos e cânticos, ao som de címbalos, de cítaras e de harpas. 28Os filhos dos cantores reuniram-se dos campos vizinhos de Jerusalém e das cidades da região de Netofa, 29de Bet-Guilgal e dos campos de Gueba e de Azemávet, pois os cantores tinham construído aldeias nos arredores de Jerusalém. 30Os sacerdotes e os levitas purificaram-se e, depois, purificaram o povo, as portas e a muralha.
31Fiz então subir à muralha os chefes de Judá e dividi-os em dois grandes coros para o cortejo. Um ia pela mão direita sobre a muralha em direcção à porta da Estrumeira. 32Atrás deste, caminhavam Hosaías e metade dos chefes de Judá: 33Azarias, Ezra, Mechulam, 34Judá, Benjamim, Chemaías e Jeremias. 35Depois, os filhos dos sacerdotes com trombetas, Zacarias, filho de Jonatan, filho de Chemaías, filho de Matanias, filho de Miqueias, filho de Zacur, filho de Asaf, 36com os seus irmãos, Chemaías, Azarel, Milalai, Guilalai, Maai, Nataniel, Judá e Hanani, com os instrumentos musicais de David, homem de Deus. O escriba Esdras ia à frente deles. 37Chegando à porta da Fonte, subiram, de frente, as escadas da cidade de David, pela subida da muralha que protege o palácio de David, até atingir a porta das Águas, a oriente.
38O segundo coro ia pela esquerda, e eu seguia-o com a outra metade da multidão, sobre a muralha, por cima da torre dos Fornos, 39até à muralha larga; depois, pela porta de Efraim, pela porta Nova, pela porta dos Peixes; pela torre de Hananiel, pela torre dos Cem, até à porta das Ovelhas, interrompendo a marcha na porta da Prisão.
40Os dois coros detiveram-se no templo de Deus, bem como eu com a metade dos magistrados que me acompanhavam, 41e os sacerdotes Eliaquim, Massaías, Miniamin, Miqueias, Elioenai, Zacarias, Hananias, com trombetas, 42e Massaías, Chemaías, Eleázar, Uzi, Joanan, Malquias, Elam e Ézer. Os cantores fizeram-se ouvir, dirigidos por Jizraías.
43Ofereceram-se, naquele dia, grandes sacrifícios e houve regozijo, porque Deus dera ao povo motivo de grande alegria. As mulheres e as crianças tomaram também parte nas festividades e, de muito longe, ouviam-se os gritos de alegria que ecoavam em Jerusalém.
Restabelecimento do culto – 44Naquele tempo, estabeleceram-se homens para guardar as salas que serviam de depósito para as oferendas, as ofertas reservadas, as primícias e os dízimos, onde foram recolhidas, dos campos e das cidades, nas suas diversas divisões, as partes prescritas pela Lei para os sacerdotes e levitas. O povo de Judá alegrou-se, ao ver nos seus postos os sacerdotes e levitas 45que, do mesmo modo que os cantores e porteiros, asseguravam o serviço do seu Deus e os ritos das purificações, segundo as ordens de David e de Salomão, seu filho.
46Com efeito, já no tempo de David e Asaf, havia chefes de cantores, que cantavam cânticos de louvor e de acções de graças a Deus. 47Todo o Israel, no tempo de Zorobabel e de Neemias, dava quotidianamente as porções destinadas aos cantores e aos porteiros; e dava as ofertas sagradas aos levitas, os quais entregavam aos filhos de Aarão a parte das coisas consagradas.
Reformas de Neemias – 1Ao ler-se, certo dia, ao povo, o livro de Moisés, descobriu-se um texto que ordenava que o amonita e o moabita jamais deviam ingressar na assembleia de Deus, 2por não terem ido receber os filhos de Israel com pão e água; antes, contrataram Balaão para os amaldiçoar, maldição que o nosso Deus mudou em bênção. 3Logo que ouviram a leitura desta Lei afastaram de Israel todos os estrangeiros.
4Antes disso, o sacerdote Eliachib, superintendente dos depósitos do templo do nosso Deus e parente de Tobias, 5colocara à disposição deste último uma grande sala, onde se depositavam, até então, as oferendas, os perfumes, os utensílios, o dízimo do trigo, do vinho e do azeite, para os levitas, os porteiros e os cantores, e as ofertas devidas aos sacerdotes.
Segunda missão de Neemias – 6Enquanto se fazia tudo isto, eu não estava em Jerusalém, pois no trigésimo segundo ano do reinado de Artaxerxes, rei da Babilónia, fui ter com o rei. Passado algum tempo, obtive permissão do rei 7e regressei a Jerusalém.
Tive conhecimento do mal que praticara Eliachib em favor de Tobias, colocando à sua disposição uma sala nos átrios do templo de Deus. 8Fiquei grandemente indignado. Mandei tirar para fora da sala tudo quanto pertencia a Tobias, 9ordenei que a purificassem e voltassem a colocar nela os utensílios do templo de Deus, as oferendas e os perfumes.
Os dízimos para os levitas – 10Soube também que não se deram aos levitas as dádivas que lhes eram devidas e que os levitas e os cantores se retiraram cada um para a sua região. 11Censurei os magistrados e disse-lhes: «Porque se abandonou o templo de Deus?» Reuni os levitas e cantores e reconduzi-os, cada um, ao seu posto.
12Então, todo o Judá trouxe os dízimos do trigo, do vinho e do azeite para os depósitos. 13Confiei a intendência dos armazéns ao sacerdote Chelemias, ao escriba Sadoc e a Pedaías, um dos levitas, e, como adjunto, a Hanan, filho de Zacur, filho de Matanias, porque tinham fama de íntegros. Foram eles os encarregados de fazer a distribuição aos seus irmãos.
14«Recorda-te de mim, ó Deus, por tudo isto, e não esqueças os actos de piedade que fiz pelo templo do meu Deus e pelo seu culto.»
Observância do sábado – 15Naquela época, encontrei em Judá homens que pisavam uvas ao sábado, carregavam molhos e transportavam em jumentos vinho, uvas, figos e toda a espécie de fardos, que levavam para Jerusalém em dia de sábado. Admoestei-os a respeito do dia em que vendiam os seus produtos. 16Havia também alguns habitantes de Tiro estabelecidos na cidade, que traziam peixe e toda a espécie de mercadorias, que vendiam em dia de sábado aos judeus, em Jerusalém. 17Repreendi os notáveis de Judá e disse-lhes: «Procedeis muito mal, profanando o dia de sábado. 18Os vossos pais faziam o mesmo e, por isso, Deus fez cair todas essas desgraças sobre vós e esta cidade. E vós ireis inflamar a sua cólera contra Israel, profanando o sábado?»
19Por isso, logo que as portas de Jerusalém ficaram cobertas pela sombra, antes do sábado, ordenei que fechassem as portas e não as abrissem senão depois do sábado. Coloquei às portas alguns dos meus homens a fim de impedirem que qualquer mercadoria ali entrasse em dia de sábado. 20Então, os negociantes que vendiam toda a espécie de produtos passaram uma ou duas vezes a noite fora de Jerusalém.21Ameacei-os, dizendo: «Porque passais a noite diante das muralhas? Se o voltardes a fazer, mando prender-vos.» Desde então, não tornaram a vir em dia de sábado. 22E ordenei aos levitas que se purificassem e viessem guardar as portas, para santificar o dia de sábado.
«Recorda-te, pois, de mim, ó meu Deus, por causa disto também, e perdoa-me, pela tua grande misericórdia.»
Os casamentos mistos – (Dt 7,1-4; Esd 9,1-4; Ml 2,10-12) – 23Naqueles dias encontrei mais alguns judeus que tinham desposado mulheres de Asdod, de Amon e de Moab. 24Metade dos seus filhos falavam a língua de Asdod e a língua de outros povos e já não sabiam falar o hebraico.
25Admoestei-os e amaldiçoei-os, até bati em alguns, arranquei-lhes os cabelos e ordenei-lhes, em nome de Deus: «Não dareis as vossas filhas aos filhos dos estrangeiros e não tomareis filhas estrangeiras para os vossos filhos nem para vós mesmos. 26Não foi este o pecado de Salomão, rei de Israel? Não existia rei semelhante a ele entre a multidão das nações. Era amado do seu Deus e foi posto por Ele como rei de todo o Israel; entretanto, foram as mulheres estrangeiras que o induziram a pecar. 27Podemos, pois, ouvir dizer que vós estais a cometer este grande mal e que sois infiéis ao nosso Deus, desposando mulheres estrangeiras?»
28Um dos filhos de Joiadá, filho do Sumo Sacerdote Eliachib, era genro de Sanebalat e, por isso, lancei-o para longe de mim.
29«Recorda-te, meu Deus, daqueles que profanam, assim, o sacerdócio e a aliança dos sacerdotes e dos levitas.» 30Purifiquei, pois, o povo de todo o elemento estrangeiro e estabeleci as classes dos sacerdotes e levitas, cada um na sua função, 31para que cuidassem da oferenda da lenha e das primícias, nas épocas determinadas.
«Lembra-te de mim, ó meu Deus, para o meu bem!»
Escrito sob a forma de um romance de cariz sapiencial, este livro narra-nos a história de Tobite, de Sara, mulher de seu filho Tobias, e das respectivas famílias. Apresentados como israelitas piedosos, que sempre permaneceram fiéis ao Senhor seu Deus, mesmo no meio das piores tribulações, constituem, por isso mesmo, um paradigma de comportamento nas circunstâncias normais da vida. Dentro desta perspectiva, toda a trama se desenrola em torno de questões práticas que vão sendo resolvidas sempre com uma fé inabalável em Deus e dentro da fidelidade absoluta à sua vontade. Atribuindo-lhe uma linguagem dos nossos dias, poderíamos dizer que se trata de um tema de amor. Amor de dois jovens esposos; amor das diversas personagens dentro do quadro das respectivas famílias; amor dos fiéis pelo seu Deus que, através dos séculos e do suceder-se aparentemente inocente dos acontecimentos, guia o seu povo em direcção ao cumprimento do seu destino de realização plena.
O TEXTO
A história da sua transmissão é algo atribulada e só com alguma dificuldade entrou no conjunto dos livros canónicos. Com efeito, é considerado apócrifo pelas Igrejas Evangélicas, não faz parte do cânone hebraico e só o Concílio de Hipona, em 393, o admitiu como inspirado. O livro foi redigido em aramaico, língua esta que, sendo próxima do hebraico, rapidamente se tornou também veículo de comunicação em toda a zona do Crescente Fértil e das suas zonas circundantes. Não chegou até nós nenhuma versão do texto nesta língua. Assim, o conhecimento que temos desta obra, é através das suas traduções em grego e latim. Para a tradução que se segue, usamos quase exclusivamente o chamado texto longo da versão dos LXX.
AMBIENTE E CRONOLOGIA
Não há unanimidade acerca da data de composição do livro. Para uns, teria sido escrito provavelmente entre os anos 200 e 180 a.C. e para outros numa data muito posterior. Como quer que seja, todo o texto deixa perceber um ambiente ligado à diáspora, em torno à época do exílio persa. Contudo, e independentemente das considerações cronológicas, é um texto com uma intencionalidade didáctica e edificante evidente, visível não só a partir da sua forma narrativa, em jeito de saga, mas também a partir da constatação do pouco cuidado que o autor colocou nas referências cronológicas, históricas e geográficas, que resultam, na sua maioria, incoerentes.
CONTEÚDO
O esquema geral da obra é a sequência da sua história: Origens de Tobite e a sua piedade (cap. 1). Tobite no cativeiro (2,1-9). A sua resignação nas provas (2,10-3,6). Sara, no meio da sua aflição, ora ao Senhor (3,7-17). Discurso de Tobite a seu filho (cap. 4). O filho de Tobite empreende a viagem, acompanhado por um anjo (5,1-6,9). Bodas do filho de Tobite com Sara (6,10-8,9). Gabael assiste às bodas (cap. 9). Regresso de Tobias para junto de seus pais (10-11). Revelação do anjo (cap. 12). Cântico de Tobite (cap. 13). Mortes de Tobite e de Tobias (cap. 14).
DIVISÃO E CONTEÚDO
O livro pode dividir-se nas seguintes secções:
MENSAGEM TEOLÓGICA
Depois do Exílio, enquanto uma parte do povo judeu se reuniu à volta de Jerusalém, um grande número permaneceu na Babilónia e nos outros territórios em redor de Israel: no Egipto, na Assíria e nos territórios que actualmente constituem a zona norte do Irão. Muito provavelmente, o livro de Tobite nasce dentro deste ambiente linguístico e geográfico. Ao ser um texto narrativo de carácter “romanceado”, a atenção do leitor é levada a centrar-se nas personagens, nas suas genealogias escrupulosamente israelitas e na forma fiel e piedosa segundo a qual orientam as suas vidas. Estas características, típicas dos intervenientes, são ainda postas em relevo graças ao recurso sistemático a comparações, quer com os outros membros do povo de Israel, quer com as personagens reais com as quais cada um deles se vai relacionando.
Assim, o texto avança claramente em dois níveis paralelos e concêntricos de desenvolvimento: por um lado, o nível da fidelidade e piedade de Tobite e dos seus familiares directos; por outro, a infidelidade do povo e a impiedade dos governantes. Todo o enredo, na sua forma simplista, está impregnado de um inconfundível sabor sapiencial e de referências indisfarçáveis, por exemplo, à História de José e à personagem de Job.
Nesta simplicidade linear, o texto não é capaz de criar qualquer tensão dramática. Desde o início, o leitor tem a sensação de já saber o que vem a seguir. Seguindo as regras típicas deste género, o texto avança num crescendo de complicação com sucessivos momentos de resolução, atingindo o climax ou ponto de viragem quando ficam resolvidas as duas dificuldades principais ligadas à questão da herança: o aspecto financeiro e a descendência, que se supõe venha a seguir-se à conclusão feliz do casamento de Sara e Tobias.
Apesar disto, e na sua ingenuidade, o livro de Tobite respira um ambiente de fé incondicional em Deus. Para além das tribulações e dificuldades sofridas, as personagens centrais vivem com a certeza inabalável da presença de Deus, como condutor da História, e da recompensa que hão-de ter pela sua fidelidade.
O próprio nome de Tobite (abreviatura hebraica de “Tôbiyyâh”, que quer dizer “Deus é bom”, ou “o meu bem está em Deus”) confirma a acção da divina Providência, que vela por aqueles cuja fé é inabalável e os ajuda a vencer as provações, acabando por lhes dar uma recompensa muito acima de toda a expectativa, como no caso do próprio Tobite.
Prólogo – 1Livro da história de Tobite, filho de Tobiel, filho de Ananiel, filho de Aduel, filho de Gabael, filho de Rafael, filho de Raguel da descendência de Assiel, da tribo de Neftali, 2o qual, no tempo de Salmanasar, rei da Assíria, foi levado cativo de Tisbé, que fica à direita de Cadés de Neftali, na Galileia Setentrional, acima de Haçor, do outro lado do caminho do Poente, à esquerda de Fogor.
Piedade de Tobite – 3Eu, Tobite, andei sempre pelos caminhos da verdade e da justiça, durante todos os dias da minha vida, dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive. 4Quando ainda vivia na minha pátria, na terra de Israel, no tempo da minha juventude, toda a tribo de Neftali se afastou da casa de David, meu pai, e de Jerusalém, a única cidade escolhida entre todas as tribos de Israel para se oferecer sacrifícios por todas elas. Nela foi edificado o templo, onde Deus habita, o qual foi consagrado para todas as gerações futuras. 5Todos os meus irmãos, assim como a casa de Neftali, meu pai, ofereciam sacrifícios sobre todas as montanhas da Galileia, ao bezerro, que Jeroboão, rei de Israel, mandara fazer em Dan.
6Eu, porém, era o único que ia muitas vezes a Jerusalém, durante as festas, conforme está ordenado a Israel por preceito eterno. Eu ia a Jerusalém levando as primícias, os dízimos das colheitas e as primeiras lãs das ovelhas 7e entregava tudo aos sacerdotes, filhos de Aarão, diante do altar. Eu entregava o dízimo do trigo, do vinho, do azeite, das romãs, dos figos e dos demais frutos, aos filhos de Levi em função em Jerusalém. Durante seis anos, eu converti o segundo dízimo em dinheiro, e ia gastá-lo cada ano em Jerusalém. 8O terceiro dízimo, eu destinava-o aos órfãos, às viúvas e aos prosélitos que se tinham juntado aos filhos de Israel. Dava-o de três em três anos, e consumíamo-lo conforme o preceito da lei de Moisés e as recomendações de Débora, mãe de Ananiel nosso pai, pois que meu pai, morrendo, me tinha deixado órfão.
9Já homem, tomei por esposa Ana, da tribo de meu pai e dela tive um filho, a quem dei o nome de Tobias. 10Quando fomos levados cativos para Nínive, todos os meus irmãos e os da minha linhagem comiam dos alimentos dos gentios. 11Eu, porém, abstinha-me de os comer,12porque, com toda a minha alma, me lembrava de Deus.
13Por isso, o Altíssimo concedeu-me favor e graça perante Salmanasar, que me fez seu provedor. 14Viajando pela Média, onde fazia compras para o rei, até à sua morte, depositei junto de Gabael, irmão de Gabri, em Ragués da Média, dez talentos de prata, guardados em saquinhos.
15Por morte de Salmanasar, sucedeu-lhe seu filho, Senaquerib. Os caminhos para a Média tornaram-se pouco seguros, de modo que não pude lá voltar. 16Durante o reinado de Salmanasar, eu dava muitas esmolas aos meus irmãos, 17fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus, e se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura. 18Enterrei também aqueles que Senaquerib mandara matar, quando regressou, fugindo da Judeia, durante o tempo do castigo que o rei do céu mandou sobre os que blasfemavam. De facto, na sua ira, o rei mandou matar a muitos. Eu, então, roubava os corpos para os sepultar. Depois, quando o rei procurava os corpos, não os conseguia encontrar.
19Um habitante de Nínive foi informar o rei de que era eu quem enterrava os mortos secretamente e, então, tive de me ocultar. Sabendo que ele estava informado e me procurava, para me matar, fugi com medo. 20Assim, fui despojado de tudo o que possuía. Tudo passou para o tesouro do rei e só fiquei com Ana, minha mulher, e com Tobias, meu filho. 21Ainda não tinham passado quarenta dias quando os seus dois filhos o mataram e fugiram para os montes de Ararat. Sucedeu-lhe seu filho, Saquerdão, o qual colocou Aicar, filho de meu irmão Anael, à frente de toda a contabilidade administrativa do reino e este ficou com o poder sobre toda a sua casa. 22Nessa altura, Aicar intercedeu por mim e eu pude voltar para Nínive. No tempo de Senaquerib, rei da Assíria, Aicar era copeiro-mor, ministro da justiça, administrador e superintendente, e Saquerdão reconduziu-o em todos os seus cargos. Ele era meu sobrinho, um membro da minha família.
Cegueira e resignação de Tobite – 1No reinado do rei Saquerdão, voltei para a minha casa e foi-me restituída a companhia da minha mulher Ana e do meu filho Tobias. Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. 2Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: «Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho.» 3Tobias saiu à procura de um pobre entre os nossos irmãos. Ao regressar disse: «Pai.» Eu respondi: «Eis-me aqui, meu filho.» Tobias continuou: «Pai, alguém da nossa linhagem está morto na praça pública, onde o estrangularam.»
4Levantei-me, então, sem nada ter comido e levei o cadáver da praça para um casebre, esperando o pôr-do-sol para o poder sepultar. 5A seguir, voltei, lavei-me e almocei com tristeza, 6recordando-me das palavras do profeta Amós, ditas sobre Betel: «As vossas festas converter-se-ão em luto e os vossos cantos, em lamentações.» E eu chorei. 7Quando mais tarde o sol se pôs, saí, cavei uma cova e sepultei-o. 8Os meus vizinhos, porém, zombavam de mim, dizendo: «Ainda agora não tem medo. Já o procuraram para o matar por causa disso e teve de fugir; contudo, ei-lo de novo a sepultar os mortos.»
9Naquela mesma noite, depois de ter enterrado o cadáver, lavei-me, entrei no pátio da casa e deitei-me junto do muro, deixando a face descoberta por causa do calor. 10Não sabia que havia pássaros no muro por cima de mim e, tendo os olhos abertos, os pássaros deixaram cair nos meus olhos excremento quente, dando origem a umas manchas brancas. Procurei os médicos para me tratarem. Contudo, quanto mais me aplicavam medicamentos, mais se me cegavam os olhos por causa das escamas, até que perdi totalmente a vista. Fiquei cego quatro anos. Todos os meus irmãos se afligiam por minha causa e Aicar sustentou-me por dois anos, antes de partir para Elimaida.
11Nessa época, Ana, minha mulher, trabalhava em labores femininos, tecendo a lã 12que depois mandava aos patrões, recebendo em seguida o pagamento. Ora, no sétimo dia do mês de Distro, cortou o tecido que confeccionara e mandou-o aos que o tinham encomendado; estes pagaram-lhe o preço devido pelo tecido e ainda lhe ofereceram um cabrito. 13Quando o cabrito chegou a casa, começou a balir. Chamei, então, Ana e disse-lhe: «De onde veio este cabrito? Não terá sido furtado? Devolve-o aos seus donos, porque não nos é lícito comer coisa alguma furtada.» 14Disse-me ela: «Foi-me dado de presente, além do meu salário.» Contudo, não acreditando nela, mandei que o devolvesse aos donos, envergonhando-me do seu procedimento. Porém, ela respondeu: «Onde estão as tuas esmolas? Onde estão as tuas boas obras? Aí tens, agora, o resultado.»
Oração de Tobite – 1Entristeci-me, chorei, e com aflição orei, dizendo:
2«Tu és justo, Senhor! Todas as tuas obras são justas e todos os teus caminhos são misericórdia e verdade; Tu és o juiz do mundo. 3Agora, Senhor, recorda-te de mim, olha para mim. Não me castigues, por causa dos meus pecados e dos meus erros, nem pelos pecados que os meus pais cometeram contra ti. 4Violando os teus mandamentos, nós pecámos diante de ti. Por isso, Tu permitiste que nos roubassem os nossos bens e abandonaste-nos ao cativeiro e à morte. Fizeste de nós objecto de escárnio e injúria de todos os gentios, entre os quais nos dispersaste. 5Agora, trata-me segundo as minhas culpas e as culpas dos meus pais, porque todos os teus juízos são verdadeiros e porque nós não observámos os teus mandamentos, e não caminhámos diante de ti na verdade. 6Assim, faz comigo o que quiseres. Dá ordem para que a minha vida me seja tirada, de forma que eu desapareça da face da terra e me converta em pó; porque para mim é melhor morrer do que viver, pois tive de ouvir ultrajes e mentiras, e uma grande tristeza me acabrunha. Senhor, permite que eu seja libertado desta angústia, faz-me chegar à morada eterna e não afastes de mim, Senhor, a tua face, pois para mim é melhor morrer do que ter sempre diante de mim esta angústia e ter de ouvir os insultos!»
7Naquele mesmo dia, aconteceu que Sara, filha de Raguel, estando em Ecbátana, na Média, teve de ouvir também ela, injúrias de uma das escravas de seu pai. 8Ela fora dada como esposa a sete maridos. Mas Asmodeu, um demónio maligno, matara-os, antes que se pudessem aproximar dela como esposa. Disse-lhe, pois, a serva: «És tu que matas os teus maridos! Já foste dada a sete homens e com nenhum até agora ficaste casada. 9Porque nos espancas por terem morrido os teus maridos? Vai-te embora com eles, e não vejamos de ti nem filho nem filha, por toda a eternidade!» 10Naquele dia, a alma de Sara encheu-se de tristeza e ela pôs-se a chorar. Subiu, então, ao quarto de seu pai, com intenção de se enforcar. Todavia, reflectiu de novo e disse para consigo: «Não posso fazer tal coisa. Poderiam escarnecer de meu pai e dizer-lhe: ‘Tiveste uma filha única, muito querida, e ela enforcou-se, por causa das suas desgraças’. Assim, levaria eu para a região dos mortos a velhice de meu pai, consumida pelo luto. É melhor, então, que não me enforque, mas peça ao Senhor a morte, para que nunca mais ouça insultos em toda a minha vida.»
Oração de Sara – 11Naquele instante, Sara estendeu os braços para a janela e orou nestes termos:
«Bendito és Tu, Deus misericordioso! E bendito é o teu nome por todos os séculos! Louvem-te todas as tuas obras, pela eternidade! 12Eis que agora ergo para ti a minha face e os meus olhos. 13Manda que eu seja retirada da terra, para que jamais ouça tais opróbrios.
14Tu sabes, Senhor, que estou pura de toda a mácula contraída com algum homem, 15e que nunca manchei o meu nome nem o de meu pai nesta terra do meu cativeiro. Sou filha única de meu pai. Ele não tem outro descendente que possa constituir herdeiro, nem tem parente próximo ou companheiro da mesma tribo, para o qual eu me deva guardar como esposa. Morreram-me já sete maridos; para quê, pois, me serve a vida? Se, porém, não ma quiseres tirar, Senhor, escuta-me, na minha angústia.»
Deus ouve as orações de Tobite e de Sara – 16Na mesma hora, foi ouvida a oração de ambos na presença da glória de Deus. 17Por isso, foi enviado Rafael para os curar: tirar as escamas brancas dos olhos de Tobite, a fim de que com os seus próprios olhos pudesse ver a luz de Deus; e dar Sara, filha de Raguel, como esposa a Tobias, filho de Tobite, expulsando dela Asmodeu, o demónio maligno, pois a Tobias, de preferência aos demais pretendentes, competia tomá-la para si. No mesmo instante, Tobite voltou para sua casa e Sara, filha de Raguel, desceu do quarto.
Conselhos de Tobite a seu filho – 1Naquele dia, Tobite recordou-se do dinheiro que depositara junto de Gabael, em Ragués na Média, 2e disse para consigo: «Eu pedi para mim a morte. Assim, porque não hei-de chamar meu filho Tobias, a fim de o informar a respeito desse dinheiro, antes de morrer?» 3Chamou, então, Tobias e disse-lhe: «Se eu morrer, meu filho, sepultar-me-ás e não desprezarás a tua mãe; honra-a sempre, todos os dias da tua vida, age de acordo com a sua vontade e não a entristeças. 4Lembra-te, filho, dos muitos trabalhos e perigos que ela passou por ti, quando te trazia no seio. Quando morrer, sepulta-a ao meu lado, no mesmo túmulo.»
Exortação à solidariedade – 5«Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida, e não andes pelos caminhos da injustiça. 6Para os que praticam a verdade, todas as suas obras serão bem sucedidas, como as de todos aqueles que praticam a justiça. 7Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus.
8Filho, procede conforme as tuas posses: se possuíres muita riqueza, dá esmola em proporção da mesma; se, porém, dispuseres de pouco, dá em proporção desse pouco. Nunca tenhas receio de dar esmola. 9Assim, acumularás em teu favor, um bom depósito para o dia da necessidade. 10De facto, a esmola liberta da morte e não permite que a alma desça para as trevas. 11A esmola é, aos olhos do Altíssimo, uma dádiva sagrada de grande valor, que aproveita a todos os que a oferecem.»
Endogamia e amor fraterno – 12«Filho, guarda-te de toda a impureza e, antes de mais nada, escolhe mulher da linhagem de teus pais. Não escolhas mulher estrangeira, que não seja da estirpe de teu pai, pois somos filhos de profetas. Recorda-te de Noé, de Abraão, de Isaac e de Jacob, nossos antepassados de tempos antigos. Todos eles escolheram como mulher, alguém da sua linhagem e foram abençoados nos seus filhos e a sua descendência terá a herança na terra. 13Por isso, meu filho, ama os teus irmãos. No teu coração, não haja desprezo pelos teus irmãos, filhos e filhas do teu povo. Entre eles escolhe a tua mulher. Com efeito, na soberba está contida muita corrupção e discórdia, e na maldade está encerrada grande penúria e indigência, pois a maldade é a mãe da fome.»
A verdadeira educação – 14«Não fiques, nem por uma só noite, com o salário de um operário que trabalhe para ti; entrega-lho imediatamente. Se servires a Deus, Ele te recompensará. Presta atenção, filho, a todas as tuas obras e mostra-te prudente e bem educado em todas as tuas acções. 15Aquilo que não queres para ti, não o faças aos outros. Não bebas vinho até à embriaguez, e que esta nunca te acompanhe no teu caminho.
16Reparte o teu pão com os famintos e as tuas vestes com os nus. Tudo quanto te sobejar, dá-o de esmola, e não fiques com os olhos postos no que tiveres dado. 17Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo e não comas nem bebas com os pecadores. 18Segue o conselho de todo o homem sensato e não desprezes nenhuma recomendação útil.
19Bendiz o Senhor Deus, em todo o tempo, e pede-lhe para que os teus caminhos sejam rectos, e para que todos os teus projectos e conselhos sejam bem encaminhados; porque o conselho não pertence ao homem. Só o Senhor é que dá todos os bens e humilha a quem quer, conforme a sua vontade. Lembra-te, pois, meu filho, destes preceitos, que eles não se apaguem do teu coração.»
A herança de Tobias – 20«Agora, meu filho, comunico-te que depositei dez talentos de prata em poder de Gabael, filho de Gabri, em Ragués, na Média. 21Não temas, filho, pelo facto de termos empobrecido. Possuirás, na verdade, muitas riquezas, se temeres a Deus, se evitares o pecado e se praticares o bem na presença do Senhor, teu Deus.»
Primeira cena – 1Tobias respondeu a seu pai, Tobite, dizendo-lhe: «Tudo o que me mandaste, pai, eu o farei. 2Mas, como poderei cobrar o dinheiro de Gabael, se não o conheço? Que sinal lhe hei-de dar para que me reconheça, creia em mim e me entregue o dinheiro? Também não conheço os caminhos para a Média, para lá chegar.»
3Tobite replicou a seu filho Tobias: «Ele entregou-me um documento assinado por ele, e eu entreguei-lhe outro assinado por mim. Dividi-o em dois pedaços, dos quais cada qual tomou um, e meti o meu junto do dinheiro. Faz agora vinte anos que deixei essa quantia em depósito. Portanto, filho, procura um homem de confiança, que possa viajar contigo, e dar-lhe-emos uma remuneração, pelo tempo da viagem. Vai lá cobrar esse dinheiro, enquanto eu estou vivo.»
Segunda cena – 4Tobias saiu à procura de um homem que viajasse com ele para a Média e conhecesse o caminho. Tendo saído, deparou-se-lhe o anjo Rafael, sem que ele soubesse que era um anjo de Deus. 5Perguntou-lhe, então, Tobias: «Quem és tu, jovem?» Ele respondeu: «Sou dos filhos de Israel, teus irmãos. Vim aqui procurar trabalho.»
Interrogou-o de novo Tobias, dizendo-lhe: «Conheces o caminho para a Média?» 6O anjo respondeu: «Sem dúvida, já muitas vezes estive lá, e conheço todos os caminhos. Viajei muitas vezes para a Média e pernoitei em casa de Gabael, nosso irmão, que mora em Ragués, na Média. Esta cidade fica exactamente a dois dias de viagem de Ecbátana. Pois Ragués está situada nas montanhas.»
7Disse-lhe então Tobias: «Espera-me um pouco; vou dizê-lo ao meu pai, pois preciso de ti como companheiro; pagar-te-ei o teu salário.» 8Ao que o anjo respondeu: «Esperarei, mas não te demores muito.»
Terceira cena – 9Tobias, entrando, disse ao pai: «Encontrei um dos nossos irmãos, um dos filhos de Israel.» Tobite respondeu-lhe: «Chama-o, porque quero saber a que tribo pertence e se é pessoa de confiança para te acompanhar.» 10Saiu, então, Tobias e chamou o anjo, dizendo: «Jovem, o meu pai chama-te.» Quando Rafael entrou, Tobite saudou-o em primeiro lugar. O anjo respondeu-lhe: «A alegria esteja sempre contigo!» Replicou Tobite: «Que alegria poderá ainda haver para mim? Sou um homem que não pode fazer uso dos olhos, não vejo a luz do céu. Pelo contrário, moro nas trevas como os mortos, que não distinguem a luz. Em plena vida, encontro-me entre os mortos; ouço a voz dos homens, mas não os vejo.» Disse-lhe o anjo: «Coragem! Deus não tardará em te curar; tem coragem!» Disse então Tobite: «Meu filho Tobias quer viajar para a Média; poderás partir com ele e guiá-lo? Pagar-te-ei o teu salário, irmão.» Respondeu o anjo: «Eu posso acompanhá-lo. Conheço todos os caminhos; já fui muitas vezes à Média e percorri todas as suas planícies e montanhas; conheço bem todos os seus caminhos.»
11Tobite interrogou-o: «Irmão, de que família e de que tribo és?» 12Rafael replicou: «Que necessidade tens de saber a minha família e tribo? Não procuras um mercenário?» Continuou Tobite: «Quero saber tudo conforme a verdade; qual a tua família e qual o teu nome, irmão?»13Respondeu o anjo: «Sou Azarias, filho de Ananias, o grande, um dos teus irmãos.» 14Ao ouvir isto, Tobite exclamou: «Sê bem-vindo, irmão, salvé! Não leves a mal, irmão, que eu tenha desejado conhecer a verdade, a respeito da tua verdadeira família. És realmente um dos meus irmãos descendentes de família honesta e distinta. Conheci Ananias e Natan, filhos de Chimeias, o grande, quando íamos a Jerusalém para adorar; e eles não se desencaminharam. Os teus irmãos são gente de bem. És de boa raiz, irmão. Sejas bem-vindo!»
Quarta cena – 15E continuou: «Pagar-te-ei uma dracma por dia, e o sustento para ti, tal como para o meu filho. 16Quando regressares com o meu filho, então, dar-te-ei mais alguma coisa.» 17O anjo disse: «Eu vou com ele. Não tenhas medo! Partiremos e regressaremos com saúde, pois o caminho é seguro.»
Tobite disse-lhe: «Bendito sejas, irmão!» E chamou o filho e disse: «Prepara-te para a partida e parte com este teu irmão. Deus, que reside nos céus, vos conceda uma viagem feliz e vos traga de volta com saúde e que o seu anjo vos acompanhe sãos e salvos.»
Puseram-se, pois, a caminho, depois de ter dado um beijo ao pai e à mãe. Tobite disse-lhe: «Vai com saúde!»
Quinta cena – 18Ao presenciar isto, Ana, sua mãe, pôs-se a chorar, dizendo a Tobite: «Porque foi que mandaste o meu filho? Ele era o arrimo da nossa velhice; era ele que ia e vinha por nós. 19Oxalá nunca tivesse existido esse dinheiro, por causa do qual ficamos sem o nosso filho. 20O Senhor deu-nos o necessário para vivermos até ao presente, e sempre vivemos contentes.»
21Respondeu-lhe Tobite: «Não te preocupes. Ele voltará são, e hás-de vê-lo com os teus olhos, no dia em que voltar, salvo, para ti. 22Não te preocupes; não tenhas receio por ele, irmã! Um anjo bom acompanhá-lo-á; a sua viagem será feliz e regressará são e salvo.»
23Ela, então, deixou de chorar.
Primeira etapa – 1O jovem partiu juntamente com o anjo, e também o cão os seguiu. Caminharam juntos até que veio a primeira noite. Então, pararam para passar a noite junto do rio Tigre. 2O jovem desceu até ao rio, a fim de lavar os pés, e eis que um grande peixe emergiu da água, tentando devorar-lhe o pé. Tobias deu um grande grito.
3Disse-lhe então o anjo: «Agarra o peixe e domina-o!» O jovem apoderou-se do peixe e levou-o para terra. 4Continuou o anjo: «Abre-o, tira-lhe o fel, o coração e o fígado e guarda-os contigo. As vísceras, porém, deita-as fora. O fel, o coração e o fígado desse peixe são um óptimo remédio.» 5O jovem abriu o peixe, tirou-lhe o fel, o coração e o fígado. Assou uma parte do peixe e comeu-a. O resto, guardou-o depois de o ter salgado.
6Em seguida, continuaram juntos a viagem até às proximidades da Média. 7Então, Tobias perguntou ao anjo: «Irmão Azarias, que poder medicinal há no coração, no fígado e no fel do peixe?» 8Ele respondeu: «O coração e o fígado queimados sobre as brasas afugentarão com o seu fumo toda a espécie de maus espíritos ou demónios, de um homem ou mulher. Desaparecerão definitivamente, sem deixar nenhum rasto.9Quanto ao fel, serve para ungir quem sofra de cataratas, pois com ele ficará curado.»
Segunda etapa – 10Ora, tendo eles chegado à Média, quando se aproximavam de Ecbátana, 11Rafael disse ao jovem: «Tobias, irmão!» Este respondeu: «Eis-me aqui.» Ele, então, disse-lhe: «Esta noite devemos ficar em casa de Raguel. Este homem é teu parente e tem uma filha chamada Sara. 12Além de Sara, não tem filho nem filha. Tu és, entre todos os homens, o parente mais próximo da jovem, de modo que a deves tomar por esposa, e tudo o que pertence a seu pai te caberá a ti como herança. A donzela é prudente, de ânimo forte e muito bela; e o seu pai é um homem bom.» 13E acrescentou: «É, portanto, direito teu tomá-la por esposa. Ouve, então, o que vou fazer, irmão.
Eu falarei com o seu pai, esta noite, a respeito da donzela, para que te seja dada como esposa. Depois, quando deixarmos Ragués, celebraremos as núpcias. Sei que Raguel não ta pode recusar nem prometê-la a outro, porque ele sabe que seria réu de morte, se procurasse casá-la com outro homem, conforme a sentença do livro de Moisés; e também sabe que é a ti, mais do que a qualquer outro, que cabe receber a sua filha como herança. Por conseguinte, ouve-me ainda, irmão: Esta noite falaremos a respeito da jovem e concluiremos o seu noivado contigo. Depois, quando voltarmos de Ragués, tomá-la-emos e levá-la-emos para tua casa.»
14Tobias, então, respondeu a Rafael: «Irmão Azarias, ouvi dizer que essa donzela já foi dada a sete maridos, que morreram todos no aposento nupcial na mesma noite em que se aproximaram dela. Também ouvi dizer a alguns que um demónio os matou. 15Por isso, tenho medo. O demónio tem ciúmes dela. A ela não lhe faz mal, mas quando alguém se aproxima dela, ele mata-o. Eu sou filho único de meu pai e receio morrer. Com a minha morte, levaria meu pai e minha mãe ao sepulcro, por causa do desgosto pela minha perda e eles não têm outro filho para os sepultar.»
16Respondeu-lhe o anjo: «Não te recordas das palavras de teu pai, quando te aconselhou a escolher uma mulher da tua própria família? Escuta-me, irmão, não te preocupes com o demónio e casa com ela. Tenho a certeza que esta mesma noite ela te será dada como esposa.17Mas tu, quando entrares no aposento nupcial, pega no queimador de incenso e põe sobre as brasas bocados do coração e do fígado do peixe. Quando o demónio sentir o cheiro, fugirá e nunca mais aparecerá junto dela. 18Depois, quando quiseres aproximar-te dela, primeiramente levantai-vos ambos, orai e invocai o Senhor do céu, para que sobre vós desçam a sua misericórdia e a sua salvação. Não temas, pois ela foi-te destinada desde a eternidade e tu a salvarás. Irá contigo e estou certo que dela terás filhos, os quais deverão ser como teus irmãos. Portanto, não estejas em cuidados!» 19Tobias, ao ouvir Rafael dizer que Sara era sua irmã, da linhagem do seu pai, concebeu grande amor pela jovem, e o seu coração afeiçoou-se-lhe.
Terceira etapa – 1Quando chegaram a Ecbátana, Tobias disse ao anjo: «Irmão Azarias, leva-me já a Raguel, nosso irmão.» O anjo conduziu-o à casa de Raguel. Encontraram-no sentado à porta do pátio e cumprimentaram-no. Raguel respondeu-lhes: «Eu vos saúdo, irmãos! De todo o coração, sede bem-vindos com saúde.» E introduziu-os em casa.
2Disse então a Edna, sua mulher: «Como este jovem se parece com o meu irmão Tobite!» 3Ela perguntou-lhes: «De onde sois, irmãos?» Responderam-lhe: «Somos da tribo de Neftali, deportados cativos para Nínive.» 4Continuou Raguel: «Conheceis Tobite, nosso irmão?» Responderam: «Sim, nós o conhecemos.» 5Perguntou ainda: «Como está?» Disseram-lhe: «Vive e está bem.» E Tobias acrescentou: «Ele é meu pai.»
6Então, Raguel, levantando-se de um salto, beijou-o e pôs-se a chorar; depois falou e disse-lhe: «Bendito sejas tu, ó filho de tão digno e bom pai! Oh lamentável sorte, ter ficado ele cego, homem justo, que fazia tanto bem!» Agarrou-se ao pescoço de seu irmão Tobias e continuou a chorar. 7Também Edna, sua esposa, chorava a sorte de Tobite; e da mesma forma Sara, sua filha. 8A seguir mataram um carneiro do rebanho e ofereceram-lhes cordial hospedagem.
Contrato matrimonial – 9Ora, tendo-se eles lavado e sentado para comer, Tobias disse a Rafael: «Irmão Azarias, pede a Raguel que me dê por esposa, Sara, minha irmã.» 10Raguel ouviu estas palavras, e respondeu a Tobias: «Come e bebe e passa a noite tranquilo, pois não há ninguém a quem toque tomar por esposa minha filha Sara, a não ser tu, irmão, pois nem mesmo eu tenho o direito de a entregar a outro homem senão a ti, porque és o meu parente mais próximo. Devo contudo, dizer-te a verdade, filho: 11Já a dei a sete maridos, escolhidos entre os nossos irmãos, e todos morreram na mesma noite em que dela se aproximaram. Contudo, meu filho, come e bebe agora, o Senhor providenciará em vosso favor.»
12Tobias, porém, replicou: «Não comerei nem beberei antes que resolvas a minha situação.» Respondeu Raguel: «Assim o farei. Ela te é dada segundo a Lei de Moisés, e já que o Céu assim o determinou, então, que ela te seja dada. Toma-a desde este momento, segundo a Lei. Doravante serás seu irmão e ela tua irmã; é-te dada a partir de hoje, por toda a eternidade. E o Senhor do céu vos faça felizes, esta noite, meu filho, e derrame sobre vós misericórdia e paz!»
13A seguir, Raguel chamou Sara, sua filha. Quando ela se aproximou, tomou-lhe a mão e entregou-a a Tobias, dizendo: «Leva-a conforme a Lei de Moisés, a qual manda que te seja dada por esposa. Toma-a, pois, e leva-a alegremente, para a casa de teu pai. Que o Deus do céu vos guie em paz!» 14Chamou depois a mãe, mandou trazer uma tabuinha e escreveu o contrato matrimonial, declarando que dava Sara por esposa a Tobias, conforme a sentença da Lei de Moisés, e selou-o. Foi então que começaram a comer e a beber. 15Mais tarde, Raguel chamou Edna, sua esposa, e disse-lhe: «Irmã, prepara outro quarto, e leva para lá Sara.» 16Edna entrou no outro aposento e preparou-o, como o marido lhe dissera, e levou sua filha para o aposento nupcial e chorava por ela. Mas, enxugando as lágrimas, dizia-lhe: 17«Coragem, filha! O Senhor do céu te dê alegria em lugar da tua tristeza! Coragem, filha!» E saiu.
A noite do matrimónio – 1Tendo acabado de comer e de beber, decidiram ir dormir. Acompanharam, então, o jovem ao aposento nupcial.2Lembrando-se das palavras de Rafael, Tobias tirou do seu saco o fígado e o coração do peixe e colocou-os sobre as brasas do incenso. 3O cheiro do peixe afastou o demónio que fugiu para o Alto Egipto. Rafael seguiu-o e prendeu-o.
4Entretanto, os pais de Sara tinham saído e fechado a porta do quarto. Tobias, então, ergueu-se do leito e disse à esposa: «Irmã, levanta-te; vamos orar para que o Senhor nos conceda a sua misericórdia e salvação.» 5Levantaram-se ambos e puseram-se a orar e a implorar que lhes fosse enviada a salvação, dizendo:
«Bendito sejas, Deus dos nossos pais, e bendito seja o teu nome, por todas as gerações; louvem-te os céus e todas as tuas criaturas, por todos os séculos. 6Tu criaste Adão e deste-lhe Eva, sua esposa, como amparo valioso, e de ambos procedeu a linhagem dos homens. Com efeito, disseste: Não é bom que o homem esteja só; façamos-lhe uma auxiliar semelhante a ele. 7Agora, Senhor, Tu bem sabes que não é com paixão depravada que agora tomo por esposa a minha irmã, mas é com intenção pura. Permite, pois, que eu e ela encontremos misericórdia e cheguemos juntos à velhice.» 8E ambos responderam ao mesmo tempo: «Ámen! Ámen!» 9Depois, deitaram-se para passar a noite.
A alegria de Raguel – 10Raguel levantou-se, chamou os seus servos, e, tendo saído juntos, abriram uma sepultura, porque dizia: «Não aconteça que ele venha a morrer e nos tornemos objecto de escárnio e opróbrio!» 11Quando acabaram de abrir a sepultura, Raguel entrou em casa, chamou a esposa 12e disse-lhe: «Manda uma das nossas servas ver se está vivo; se não, enterrá-lo-ei e ninguém o saberá.»13Mandaram a serva diante deles, acenderam a lâmpada e abriram a porta. Ela entrou e viu que ambos dormiam juntos um sono profundo. 14A serva voltou e anunciou-lhes que Tobias vivia e nada de doloroso acontecera. 15Louvaram então o Deus do céu, dizendo:
«Bendito sejas, ó Deus, por toda a bênção pura; que te bendigam para sempre! 16Louvado sejas, pois deste-me alegria, não permitindo que acontecesse o que eu esperava, mas trataste-nos conforme a tua grande misericórdia. 17Louvado sejas, Senhor, porque te compadeceste de dois filhos únicos. Derrama sobre eles, Senhor, misericórdia e salvação, fazendo com que cheguem ao fim da sua vida em alegria e graça.»18A seguir, mandou que os servos fechassem a sepultura antes do raiar do dia. 19Raguel disse à esposa que preparasse pão em abundância e ele foi ao curral, trouxe dois bois e quatro carneiros, e assim começaram a preparar o banquete. 20Depois, chamou Tobias, e disse-lhe: «Durante catorze dias não sairás daqui, mas comerás e beberás na minha casa, alegrando, assim, a alma da minha filha abatida pela dor. 21Do que possuo, toma metade e volta são e salvo com ela para a casa do teu pai. A outra metade será vossa, quando morrermos, eu e minha esposa. Coragem, filho! Sou teu pai e Edna é tua mãe; pertencemos-te a ti e a esta tua irmã, desde agora e para sempre. Coragem, filho!»
Rafael vai procurar Gabael 1Tobias chamou Rafael e disse-lhe: 2«Irmão Azarias, toma contigo quatro servos e dois camelos e vai a Ragués, na Média, a casa de Gabael; entrega-lhe o talão, cobra o dinheiro e convida-o para a minha boda, 3pois Raguel pediu-me insistentemente para não partir. 4E tu sabes que meu pai conta os dias e acabará por morrer de pena, se demoro mais um dia. E tu viste o juramento que me fez Raguel e que não posso deixar de o cumprir.»
5Partiu, pois, Rafael com os quatro servos e os dois camelos, para Ragués, na Média, e hospedaram-se em casa de Gabael. O anjo entregou-lhe o recibo e anunciou-lhe, a respeito de Tobias, filho de Tobite, que se tinha casado e o convidara para a boda. Ao ouvir isto, Gabael levantou-se, pôs diante dele os sacos selados com os talentos, e ambos os carregaram sobre os camelos. 6Na madrugada seguinte, iniciaram juntos a viagem e ainda chegaram a casa de Raguel para a boda. Gabael encontrou Tobias sentado à mesa; este, levantou-se e saudou-o. Gabael, porém, pôs-se a chorar e, abençoando-o, disse-lhe: «Bendito seja o Senhor, que te salvou, a ti, bom e digno! És filho de um homem de bem, justo, piedoso e esmoler. O Senhor te abençoe do céu, a ti e à tua mulher, assim como ao pai e à mãe da tua esposa. Louvado seja Deus, pois acabo de ver o meu primo Tobite, com quem muito te pareces!»
Regresso de Tobias – 1Entretanto, todos os dias, Tobite contava os dias necessários para a ida e para o regresso. Quando estes passaram sem que o filho aparecesse, 2começou a dizer: «Talvez tenham ficado retidos por lá ou, quem sabe, talvez Gabael tenha morrido e ninguém lhes entregue o dinheiro.» 3E começou a entristecer-se. 4Ana, sua esposa, dizia-lhe: «Não há dúvida que o meu filho morreu; já não é dos vivos.» E começou também a chorar e a lamentar-se por causa do filho, dizendo: 5«Infeliz de mim, filho, que te deixei partir, tu, que eras a luz dos meus olhos!» 6Tobite, contudo replicava-lhe: «Cala-te, não te preocupes, minha irmã; ele está bem. Decerto muitos afazeres os solicitaram por lá. Todavia, o homem que o acompanha é de confiança, um dos nossos irmãos. Não te entristeças, pois, por causa dele, minha irmã! Em breve estará aqui.» 7Ela, porém, respondia: «Deixa-me em paz e não me queiras enganar: o meu filho morreu.» E todos os dias ia ao caminho por onde ele partira, passava o dia sem comer e chorava a noite inteira, por Tobias, seu filho, sem poder dormir.
8Ao completarem-se os catorze dias das núpcias que Raguel tinha estabelecido com juramento, em favor da própria filha, Tobias foi ter com Raguel, e disse-lhe: «Deixa-me partir, pois sei que meu pai e minha mãe já perderam a esperança de me ver de novo. Rogo-te, pois, ó pai, que me deixes ir, a fim de voltar à casa de meu pai; já te contei em que condições o deixei.» 9Raguel respondeu a Tobias: «Fica aqui, comigo, filho; mandarei emissários a Tobite, teu pai, que lhe darão notícias tuas.» Replicou Tobias: «Não, de modo nenhum! Peço-te que me deixes voltar para casa do meu pai.»
10Levantou-se, então, Raguel e entregou a Tobias a sua esposa Sara e metade de tudo o que possuía: servos e servas, bois e ovelhas, asnos e camelos, roupas, pratas e utensílios. 11A seguir, despediu-os em paz. Saudou Tobias, dizendo-lhe: «Sê feliz, filho: que o Deus do céu vos dê feliz viagem e vos guie, a ti e a Sara, tua esposa, e que eu veja os vossos filhos, antes de morrer!» 12E abraçando Sara, sua filha, disse-lhe: «Filha, vai para o teu sogro e a tua sogra, pois doravante, serão os teus pais, como aqueles que te deram a vida. Vai em paz, filha. Possa eu, enquanto viver, ouvir falar sempre bem de ti.» E, abraçando-os a ambos, deixou-os partir.
13Por sua vez, Edna disse a Tobias: «Filho, irmão querido, o Senhor te conduza de volta a casa! Possa eu ver os teus filhos e de Sara, minha filha, antes de morrer, para que eu me alegre na presença do Senhor. Entrego a minha filha à tua guarda; nunca a entristeças, durante os dias da tua existência. Vai, pois, em paz, filho. Daqui em diante, serei tua mãe e Sara será tua irmã. O Senhor vos guie, a fim de que juntos vivais em paz e prosperidade, todos os dias da vossa vida.» Beijou-os a ambos e deixou-os partir sãos e salvos.
14Tobias, de ânimo bom e alegre, deixou Raguel, bendizendo o Senhor do céu e da terra, Rei de todas as coisas, por lhe ter dirigido os passos de maneira tão feliz, e bendisse Raguel e Edna, nestes termos: «Dê-me o Senhor a graça de vos honrar todos os dias da minha vida.»
Cura do pai de Tobias – 1Ao aproximarem-se de Caserim, que fica defronte de Nínive, Rafael disse: 2«Bem sabes em que estado deixaste o teu pai. 3Passemos à frente da tua esposa e preparemos a casa antes da sua chegada.» 4Puseram-se, portanto, a caminhar juntos, na frente. Rafael, então, disse de novo: «Leva contigo o fel do peixe.» Atrás do anjo e de Tobias, seguia o cão.
5Entretanto, Ana estava sentada e olhava para o caminho, procurando descobrir o filho. 6Quando o viu, ao longe, disse ao marido: «Repara, aí vem o nosso filho, e com ele o seu companheiro.» 7Antes, porém, que Tobias chegasse junto do pai, disse-lhe Rafael: «Sei, com certeza, que os seus olhos se abrirão de novo. 8Unge-lhos com o fel do peixe: ao sentir ardor, esfregá-los-á, as cataratas desprender-se-ão e ele verá.»
9Ana deitou a correr e lançou-se ao pescoço do filho, dizendo: «Volto a ver-te, meu filho. Agora, já posso morrer!» E pôs-se a chorar. 10Tobite, tropeçando, encaminhou-se para a porta do pátio. 11Então o filho correu ao seu encontro, agarrou-o e derramou-lhe o fel nos seus olhos, dizendo: «Coragem, pai!» 12Enquanto lhe ardiam os olhos, esfregou-os, e as escamas desprenderam-se. 13Ao ver o filho, Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: «Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!» 14E continuou:
15Tobias entrou, cheio de alegria, e glorificou a Deus. Contou ao pai todas as maravilhas que tinham acontecido na sua viagem; disse-lhe que trazia o dinheiro e que tomara Sara, filha de Raguel, por esposa: «Ela já aí vem, está muito perto das portas de Nínive.»
Tobite acolhe Sara – 16Ao ouvir isto, Tobite, cheio de alegria e louvando a Deus, foi às portas de Nínive, ao encontro da nora. Vendo-o andar assim, com toda a segurança e sem ninguém o guiar pela mão, os habitantes de Nínive admiraram-se. Tobite, então, anunciava-lhes em alta voz que Deus fora misericordioso para com ele e lhe abrira os olhos.
17Assim que Tobite se encontrou com Sara, esposa do seu filho Tobias, abençoou-a e disse-lhe: «Sê bem-vinda, minha filha! Bendito seja Deus, que te trouxe para junto de nós e bendito seja o teu pai! Bendito seja Tobias, meu filho, e bendita sejas tu, filha! Entra e sê bem-vinda à tua casa; entra em bênção e alegria, filha!» 18Foi um dia de júbilo para todos os judeus que habitavam em Nínive. 19Aicar e Nadab, seus sobrinhos, foram também ter com Tobite cheios de alegria e, durante sete dias, celebraram-se, com regozijo, as bodas de Tobias.
Cura do pai de Tobias – 1Ao aproximarem-se de Caserim, que fica defronte de Nínive, Rafael disse: 2«Bem sabes em que estado deixaste o teu pai. 3Passemos à frente da tua esposa e preparemos a casa antes da sua chegada.» 4Puseram-se, portanto, a caminhar juntos, na frente. Rafael, então, disse de novo: «Leva contigo o fel do peixe.» Atrás do anjo e de Tobias, seguia o cão.
5Entretanto, Ana estava sentada e olhava para o caminho, procurando descobrir o filho. 6Quando o viu, ao longe, disse ao marido: «Repara, aí vem o nosso filho, e com ele o seu companheiro.» 7Antes, porém, que Tobias chegasse junto do pai, disse-lhe Rafael: «Sei, com certeza, que os seus olhos se abrirão de novo. 8Unge-lhos com o fel do peixe: ao sentir ardor, esfregá-los-á, as cataratas desprender-se-ão e ele verá.»
9Ana deitou a correr e lançou-se ao pescoço do filho, dizendo: «Volto a ver-te, meu filho. Agora, já posso morrer!» E pôs-se a chorar. 10Tobite, tropeçando, encaminhou-se para a porta do pátio. 11Então o filho correu ao seu encontro, agarrou-o e derramou-lhe o fel nos seus olhos, dizendo: «Coragem, pai!» 12Enquanto lhe ardiam os olhos, esfregou-os, e as escamas desprenderam-se. 13Ao ver o filho, Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: «Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!» 14E continuou:
15Tobias entrou, cheio de alegria, e glorificou a Deus. Contou ao pai todas as maravilhas que tinham acontecido na sua viagem; disse-lhe que trazia o dinheiro e que tomara Sara, filha de Raguel, por esposa: «Ela já aí vem, está muito perto das portas de Nínive.»
Tobite acolhe Sara – 16Ao ouvir isto, Tobite, cheio de alegria e louvando a Deus, foi às portas de Nínive, ao encontro da nora. Vendo-o andar assim, com toda a segurança e sem ninguém o guiar pela mão, os habitantes de Nínive admiraram-se. Tobite, então, anunciava-lhes em alta voz que Deus fora misericordioso para com ele e lhe abrira os olhos.
17Assim que Tobite se encontrou com Sara, esposa do seu filho Tobias, abençoou-a e disse-lhe: «Sê bem-vinda, minha filha! Bendito seja Deus, que te trouxe para junto de nós e bendito seja o teu pai! Bendito seja Tobias, meu filho, e bendita sejas tu, filha! Entra e sê bem-vinda à tua casa; entra em bênção e alegria, filha!» 18Foi um dia de júbilo para todos os judeus que habitavam em Nínive. 19Aicar e Nadab, seus sobrinhos, foram também ter com Tobite cheios de alegria e, durante sete dias, celebraram-se, com regozijo, as bodas de Tobias.
Cântico de Tobite – 1Então, Tobite, com grande exaltação e alegria, disse:
2«Bendito seja Deus, que vive eternamente!
Bendito seja o seu reino!
Porque Ele castiga, mas usa de misericórdia,
conduz aos abismos, nas profundezas da terra,
e faz sair da grande perdição;
nada existe que escape à sua mão.
3Louvai-o, filhos de Israel, diante dos povos;
porque Ele dispersou-vos no meio deles
4para vos mostrar ali a sua grandeza.
Exaltai-o diante de todos os viventes,
porque Ele é o nosso Senhor e o nosso Deus,
é o nosso Pai e é Deus por todos os séculos dos séculos.
5Castiga-vos por causa das vossas iniquidades,
mas, a seguir, compadece-se de vós
congregando-vos do meio de todos os povos,
entre os quais estais agora dispersos.
6Quando vos converterdes a Ele,
com todo o vosso coração
e com toda a vossa alma,
para praticar a verdade na sua presença,
Ele voltar-se-á para vós
e não vos ocultará a sua face.
7Contemplai, agora, o que fez por vós,
dai-lhe graças com a vossa voz,
bendizei o Senhor da justiça
e exaltai o Rei dos séculos.
8Por mim, glorificá-lo-ei na terra do meu cativeiro
e anunciarei a um povo pecador
o seu poder e a sua grandeza.
Convertei-vos, pecadores,
e praticai a justiça diante dele;
talvez tenha misericórdia de todos vós.
9Com toda a minha alma louvarei o meu Deus, Rei do céu.
Sim, a minha alma rejubilará da sua grandeza.
10Que todos o proclamem e louvem em Jerusalém.
Jerusalém, cidade santa,
Ele castiga-te pelas obras dos teus filhos,
mas de novo terá misericórdia dos filhos dos justos.
11Bendiz o Senhor, como convém,
e louva o Rei dos séculos.
Pois o seu tabernáculo será reconstruído com júbilo.
12Que Ele te dê alegria e, em ti, a todos os cativos,
e mostre o seu amor para com todos os aflitos,
por todas as gerações, sem fim!
13Qual luz brilhante, hás-de refulgir
até às extremidades da terra.
Numerosos povos virão de longe,
e os habitantes dos confins da terra
adorarão o nome do teu santo Deus,
trazendo nas mãos oferendas para o Rei do céu.
As gerações das gerações exultarão em ti,
o nome da escolhida permanecerá para sempre.
14Malditos sejam todos os que dizem mal de ti;
malditos, os que te derrubam os muros,
abatem as torres e incendeiam as casas.
Benditos sejam eternamente todos os que te respeitam.
15Alegra-te, porque os filhos dos justos serão congregados
e louvarão o Senhor dos séculos.
Ditosos aqueles que te amam,
e ditosos os que se alegram pela tua prosperidade.
16Ditosos os que se entristecem a teu respeito,
por causa dos teus castigos,
pois alegrar-se-ão em ti;
contemplarão a tua glória
e regozijar-se-ão para sempre.
A minha alma bendiz o Senhor, o grande Rei!
17Pois Jerusalém será reconstruída
e na cidade, a sua casa permanecerá para sempre.
Feliz serei, se os descendentes da minha gente
virem a tua glória
e louvarem o Rei do céu.
As portas de Jerusalém serão reedificadas
com safira e com esmeralda,
e os seus muros com pedras preciosas.
Com ouro serão construídas as suas torres,
com ouro puro, as suas ameias.
18As portas de Jerusalém cantarão de alegria
e todas as casas dirão: ‘Aleluia!
Bendito o Senhor, Deus de Israel!’
E os abençoados bendirão o nome santo, para sempre.»
Conclusão da história de Tobite – 1Aqui terminam as palavras do canto de louvor de Tobite. 2Tobite morreu em paz com cento e doze anos de idade e foi sepultado com todas as honras em Nínive. Tinha sessenta e dois anos quanto ficou cego. Depois da sua cura, viveu feliz, distribuiu muitas esmolas e continuou a louvar a Deus e a cantar a sua grandeza. 3Quando estava para morrer, Tobite chamou o seu filho Tobias e disse-lhe:
«Meu filho, toma os teus filhos 4e refugia-te na Média, porque estou persuadido de que tudo o que disse o profeta Naum sobre Nínive vai cumprir-se. Tudo se cumprirá e deverá acontecer sobre a Assíria e sobre Nínive, tal como disseram os profetas de Israel, enviados por Deus. Nenhuma das suas palavras se perderá. Tudo há-de acontecer no seu devido tempo.
Vai! Na Média, estarás mais seguro do que na Assíria ou na Babilónia. Eu sei e acredito que tudo aquilo que Deus disse se cumprirá e não cairá uma só palavra das suas profecias. Os nossos irmãos que moram na terra de Israel serão dispersos e deportados para longe do seu belo país e toda a terra de Israel será reduzida a um deserto. Mesmo a Samaria e Jerusalém ficarão desoladas e a casa de Deus será queimada e ficará em desolação, por certo tempo. 5Mas de novo, Deus compadecer-se-á deles e os reinstalará na terra de Israel. Eles reedificarão o templo, embora diferente do primeiro, até que sejam cumpridos e completados os tempos.
Depois disto, voltarão do cativeiro e edificarão Jerusalém com magnificência, e nela a casa de Deus, tão gloriosa como os profetas anunciaram. 6E todas as nações que se encontram em toda a terra se converterão e temerão Deus na verdade. Todos abandonarão os seus ídolos, que os fizeram andar errantes na mentira, e louvarão o Deus dos séculos na justiça. 7Todos os habitantes de Israel que escaparem, naqueles dias, e que se recordarem de Deus com sinceridade, reunir-se-ão e verão Jerusalém e para sempre habitarão tranquilos na terra de Abraão, que lhes será dada como herança. Aqueles que amam a Deus na verdade, alegrar-se-ão; mas aqueles que cometem o pecado e a injustiça desaparecerão de toda a terra.
8Agora, meus filhos, ordeno-vos: servi a Deus na verdade e fazei o que lhe agrada. Ensinai também aos vossos filhos a obrigação de fazer justiça e de dar esmola e de se lembrarem de Deus, de bendizer o seu nome para sempre, na verdade e com todas as forças. 9Por isso, tu, meu filho, parte de Nínive, não fiques aqui mais tempo. Depois de teres dado sepultura a tua mãe junto de mim, nesse mesmo dia abandona as fronteiras de Nínive. De facto, vejo triunfar nela muita injustiça e uma grande perfídia, e nem sequer se envergonham. 10Vê, meu filho, quanto Nadab fez a seu pai adoptivo, Aicar. Acaso não foi obrigado a descer vivo à terra? Contudo, Deus revelou a infâmia diante da face do culpado. Aicar regressou à luz do dia, enquanto que Nadab entrou nas trevas eternas, por ter tentado matar Aicar. Por ter dado esmolas, Aicar escapou ao laço da morte que Nadab lhe tinha preparado; Nadab, contudo, caiu nesse mesmo laço que o fez perecer. 11Vede, filhos, onde conduz a esmola e onde conduz a iniquidade: esta conduz à morte. Agora, eis que me falta o alento!» Eles, colocaram-no sobre o leito, onde morreu e deram-lhe sepultura honrosa. 12Quando a mãe morreu, Tobias sepultou-a junto do seu pai, Tobite, e partiu com a sua mulher e com todos os seus filhos para a Média, morando em Ecbátana, em casa de Raguel, seu sogro. 13Cuidou dos seus sogros com todas as atenções na sua velhice e depois sepultou-os em Ecbátana da Média. Tobias herdou o património de Raguel tal como herdara o de seu pai.
14Tobias morreu, gozando da consideração de todos, com cento e dezassete anos de idade. 15Antes de morrer, soube da ruína de Nínive, e viu os seus habitantes serem levados cativos para a Média, às mãos de Aicar, rei da Média. Louvou então a Deus por tudo quanto tinha feito pelos habitantes de Nínive e da Assíria. Antes de morrer, pôde assim alegrar-se com a sorte de Nínive e louvou o Senhor Deus pelos séculos dos séculos.
Este livro, cujo nome é o da sua figura principal, mostra-nos como Israel domina todas as dificuldades quando obedece ao Senhor. As pessoas e os lugares nele descritos fazem crer que o autor pretendeu dar-lhes nomes fictícios, embora não se saiba exactamente porquê. O significado de alguns deles enquadra-se bem no próprio conteúdo do livro. O nome da heroína, Judite, que lhe serve de título, simboliza “a judia”, expressão frágil e desamparada do próprio Israel, sob a ameaça dos inimigos. O importante, contudo, é a lição que nos é dada pelo seu cântico: só os que temem o Senhor podem ser grandes em todas as coisas.
TEXTO
Aquele que terá sido o texto original hebraico ou aramaico do Livro de Judite há muito que desapareceu. O testemunho escrito que chegou até nós era constituído por três recensões gregas, uma versão siríaca, a antiga versão latina e a tradução latina feita por São Jerónimo. As poucas recensões hebraicas que se conhecem são consideradas pouco fidedignas para nos darem a conhecer o texto original, uma vez que se apresentam como elaborações livres feitas sobre o mesmo texto.
Segundo Orígenes e São Jerónimo, este livro não era considerado canónico pelos judeus da Palestina. Entretanto, foi traduzido pelo Targum, e o Talmude atribuiu-lhe um grau inferior de inspiração. Contudo, no séc. I d.C. o livro fazia parte do cânone dos judeus de Alexandria. Tudo isto contribuiu para o facto de alguns Padres da Igreja terem posto em causa, e mesmo negado, a sua inspiração.
O texto desta Bíblia foi traduzido a partir da edição crítica dos Setenta de A. Rahlfs, Septuaginta, elaborada com os textos gregos recolhidos dos códices Vaticano, Sinaítico e Alexandrino.
CONTEXTO HISTÓRICO
Estamos, muito provavelmente, diante de um texto parenético e didáctico, composto a partir de um núcleo original. Com efeito, o texto que chegou até nós apresenta dados históricos e geográficos que põem muitos problemas, quer de situação, quer de identificação. Por exemplo: Nabucodonosor é posto a lutar contra um Medo, de nome Arfaxad, que não se sabe exactamente quem é. Diz-se, igualmente, que conquistou Ecbátana, quando se sabe que ele nunca conquistou esta cidade nem combateu os Medos. A cidade de Betúlia, o Sumo Sacerdote Joaquim e a própria Judite, exceptuando a filha de Jacob e Lia, não aparecem referidos em nenhum outro texto do Antigo Testamento.
DIVISÃO E CONTEÚDO
O livro de Judite divide-se em duas partes:
TEOLOGIA
Quando Holofernes e os assírios sitiaram Betúlia, esgotou-se a água na cidade, e os seus habitantes estavam na iminência de perecer. Foi então que uma viúva, chamada Judite, traçou e pôs em prática um plano, que levou os sitiantes à debandada e deu a vitória final aos israelitas.
Como quer que seja, e para além dos pormenores históricos e geográficos, a doutrina do livro merece a nossa atenção. Estamos diante da afirmação de verdades que em nada põem em causa o conjunto da teologia do AT: proclama-se a providência de Deus para com o seu povo; a omnipotência, realeza e sabedoria universal de Deus; a ideia da dor e do sofrimento como prova; a centralidade, reverência e valor do templo; o valor do jejum, da oração e dos actos de penitência.
Este livro manifesta, sobretudo o amor de Deus pelos pequenos, servindo-se de todos os meios para os defender. Neste caso, de uma mulher, que nunca tinha participado numa guerra.
Guerra entre Nabucodonosor e Arfaxad – 1Decorria o décimo segundo ano do reinado de Nabucodonosor, que reinou sobre os Assírios em Nínive, a grande cidade, nos dias de Arfaxad, que reinou sobre os Medos em Ecbátana, 2quando este construiu à volta da cidade uma muralha de pedra lavrada, com pedras de três côvados de espessura e seis côvados de largura e as muralhas com setenta côvados de altura e cinquenta côvados de espessura; 3construiu, às portas da cidade, muralhas de cem côvados de altura e sessenta côvados de largura ao nível das fundações. 4Fez também as portas da cidade, com setenta côvados de altura e quarenta côvados de largura, para que os seus exércitos pudessem sair em força e a sua infantaria pudesse avançar com suas fileiras.
5Naqueles dias, o rei Nabucodonosor combateu contra o rei Arfaxad, na grande planície que fica nos arredores de Ragau. 6A ele juntaram-se todos os habitantes das colinas e todos os que habitavam ao longo do Eufrates, do Tigre e do Hidaspes e na planície de Arioc, rei de Elimaida. Muitas outras nações se juntaram às forças dos Caldeus.
7Então, Nabucodonosor, rei dos Assírios, enviou instruções a todos os que viviam na Pérsia e a todos os que viviam no Ocidente, aos que viviam na Cilícia, em Damasco, no Líbano e no Anti-Líbano e a todos os que viviam nas regiões costeiras; 8aos que viviam entre as nações do Carmelo, de Guilead, da alta Galileia e da grande planície de Esdrelon, 9e a todos os que estavam na Samaria e nas suas cidades, e para lá do Jordão até Jerusalém, Batane, Quelus, Cadés e ao rio do Egipto, Tapanés e Ramesés e toda a terra de Góchen, 10mesmo para além de Tânis e Mênfis e todos os que viviam no Egipto até às fronteiras da Etiópia.
11Contudo, todos aqueles que viviam em toda aquela região desobedeceram às ordens de Nabucodonosor, rei dos Assírios, e recusaram juntar-se a ele na guerra, porque não tinham medo dele e o viam como um simples homem. Por isso, reenviaram os seus mensageiros com as mãos vazias e envergonhados. 12Então, Nabucodonosor ficou cheio de cólera contra toda esta região e jurou vingar-se, pelo seu trono e pelo seu reino, de todo o território da Cilícia, de Damasco e da Síria, matando-os à espada, bem como a todos os habitantes da terra de Moab, o povo de Amon, da Judeia e de todos os do Egipto até à região costeira dos dois mares.
13No décimo sétimo ano, levou o seu exército contra o rei Arfaxad, venceu-o na batalha e derrotou todo o seu exército, bem como toda a sua cavalaria e os seus carros de combate. 14Assim se apoderou de todas as suas cidades e chegou até Ecbátana, capturou as suas torres, saqueou os seus mercados e transformou a sua beleza em vergonha. 15Capturou Arfaxad nas montanhas de Ragau, feriu-o com as armas da caça e destruiu-o, até aos dias de hoje. 16Depois, regressou a Nínive, ele e todas as suas forças, um grande corpo de tropas, e aí descansaram e celebraram a vitória durante cento e vinte dias.
Guerra contra as nações ocidentais – 1No décimo oitavo ano, no vigésimo segundo dia do primeiro mês, falou-se no palácio de Nabucodonosor, rei dos Assírios, acerca da vingança sobre toda a região, tal como tinha sido dito. 2Chamou a si todos os seus oficiais e todos os seus nobres, revelou-lhes o seu plano secreto, e contou-lhes, com os seus próprios lábios, a maldade da região. 3Então, ficou decidido que todos aqueles que não tinham obedecido às suas ordens deviam ser destruídos.
4Quando terminou de apresentar o seu plano, Nabucodonosor, rei dos Assírios, chamou Holofernes, o general do seu exército, o segundo depois dele na linha de comando, e disse-lhe:
5«Assim fala o grande rei, o senhor de toda a terra: Ao saíres da minha presença, leva contigo homens confiantes na sua força, em número de cento e vinte mil soldados de infantaria e doze mil de cavalaria. 6Vai e ataca todo o território do Ocidente, porque eles desobedeceram às minhas ordens. 7Diz-lhes que preparem terra e água, porque eu vou partir contra eles na minha cólera, e cobrirei toda a face da terra com os pés dos meus exércitos e entregá-los-ei para serem saqueados pelas minhas tropas, 8até que os seus feridos cubram os seus vales e até que cada curso de água e cada rio se encham com os seus mortos e transbordem. 9Então, levá-los-ei cativos até aos confins da terra.
10Tu irás à minha frente e conquistarás para mim todo o território antes da minha chegada. Eles entregar-se-ão a ti e tu segurá-los-ás até ao dia do seu castigo. 11No entanto, se eles se recusarem, tu não fecharás os teus olhos e entregá-los-ás à chacina e à rapina por toda a região.12Pois eu juro, pela minha vida e pelo poder do meu exército, que a minha mão executará aquilo que eu decidi. 13Quanto a ti, toma cuidado para não transgredires nenhuma das ordens do teu senhor; cumpre-as tal como te ordenei, e não sejas negligente no seu cumprimento.»
14Então Holofernes saiu da presença do seu senhor, chamou todos os comandantes, generais e oficiais do exército da Assíria. 15Alinhou as tropas escolhidas em divisões, tal como o seu senhor lhe ordenara que fizesse: cento e vinte mil homens, juntamente com doze mil arqueiros a cavalo. 16Organizou-os como um grande exército preparado para uma campanha. 17Reuniu um grande número de camelos, burros e mulas de transporte, e ainda uma enorme quantidade de ovelhas, bois e cabras como provisões. 18Reuniu também muita comida para os homens e uma imensa quantidade de ouro e prata do palácio real.
19Assim preparado, saiu com todo o seu exército, à frente do rei Nabucodonosor, para cobrir toda a face da terra em direcção ao Oeste com os seus carros, os seus cavaleiros e as suas tropas de elite de infantaria. 20Juntamente com eles, partiu uma imensa multidão semelhante a uma nuvem de gafanhotos e a uma nuvem de pó da terra, tão grande era o seu número. 21Marcharam durante três dias, desde Nínive até à planície de Bectilet, e acamparam diante de Bectilet, junto da montanha que se encontra a norte da Cilícia setentrional. 22Holofernes partiu daí com todo o seu exército, a sua infantaria, a sua cavalaria e os seus carros, e subiu até às montanhas. 23Aí destruiu Pud e Lud, saqueou todo o povo de Rássis bem como os filhos de Ismael que vivem ao longo do deserto, a sul do país de Queléon.
24Depois, continuou ao longo do Eufrates, passou através da Mesopotâmia, destruiu todas as cidades que se encontram no alto da montanha ao longo da torrente de Abrona, até chegar ao mar. 25Tomou também o território da Cilícia, matou todos aqueles que lhe ofereceram resistência e chegou à fronteira sul de Jafet que está em frente da Arábia. 26Cercou todos os Madianitas, queimou as suas tendas e saqueou os seus rebanhos. 27Depois, desceu até à planície de Damasco, no tempo da colheita do trigo, queimou todos os campos, destruiu os rebanhos e as manadas, saqueou as cidades, destruiu todas as terras e matou todos os jovens passando-os ao fio da espada. 28Assim, o medo dele abateu-se sobre todo o povo que vivia ao longo das regiões costeiras, em Sídon e Tiro, bem como sobre todos os que viviam em Sur e Oquina e os que viviam em Jâmnia. Os que viviam em Asdod e em Ascalon temiam-no ainda mais.
Guerra contra as nações ocidentais – 1No décimo oitavo ano, no vigésimo segundo dia do primeiro mês, falou-se no palácio de Nabucodonosor, rei dos Assírios, acerca da vingança sobre toda a região, tal como tinha sido dito. 2Chamou a si todos os seus oficiais e todos os seus nobres, revelou-lhes o seu plano secreto, e contou-lhes, com os seus próprios lábios, a maldade da região. 3Então, ficou decidido que todos aqueles que não tinham obedecido às suas ordens deviam ser destruídos.
4Quando terminou de apresentar o seu plano, Nabucodonosor, rei dos Assírios, chamou Holofernes, o general do seu exército, o segundo depois dele na linha de comando, e disse-lhe:
5«Assim fala o grande rei, o senhor de toda a terra: Ao saíres da minha presença, leva contigo homens confiantes na sua força, em número de cento e vinte mil soldados de infantaria e doze mil de cavalaria. 6Vai e ataca todo o território do Ocidente, porque eles desobedeceram às minhas ordens. 7Diz-lhes que preparem terra e água, porque eu vou partir contra eles na minha cólera, e cobrirei toda a face da terra com os pés dos meus exércitos e entregá-los-ei para serem saqueados pelas minhas tropas, 8até que os seus feridos cubram os seus vales e até que cada curso de água e cada rio se encham com os seus mortos e transbordem. 9Então, levá-los-ei cativos até aos confins da terra.
10Tu irás à minha frente e conquistarás para mim todo o território antes da minha chegada. Eles entregar-se-ão a ti e tu segurá-los-ás até ao dia do seu castigo. 11No entanto, se eles se recusarem, tu não fecharás os teus olhos e entregá-los-ás à chacina e à rapina por toda a região.12Pois eu juro, pela minha vida e pelo poder do meu exército, que a minha mão executará aquilo que eu decidi. 13Quanto a ti, toma cuidado para não transgredires nenhuma das ordens do teu senhor; cumpre-as tal como te ordenei, e não sejas negligente no seu cumprimento.»
14Então Holofernes saiu da presença do seu senhor, chamou todos os comandantes, generais e oficiais do exército da Assíria. 15Alinhou as tropas escolhidas em divisões, tal como o seu senhor lhe ordenara que fizesse: cento e vinte mil homens, juntamente com doze mil arqueiros a cavalo. 16Organizou-os como um grande exército preparado para uma campanha. 17Reuniu um grande número de camelos, burros e mulas de transporte, e ainda uma enorme quantidade de ovelhas, bois e cabras como provisões. 18Reuniu também muita comida para os homens e uma imensa quantidade de ouro e prata do palácio real.
19Assim preparado, saiu com todo o seu exército, à frente do rei Nabucodonosor, para cobrir toda a face da terra em direcção ao Oeste com os seus carros, os seus cavaleiros e as suas tropas de elite de infantaria. 20Juntamente com eles, partiu uma imensa multidão semelhante a uma nuvem de gafanhotos e a uma nuvem de pó da terra, tão grande era o seu número. 21Marcharam durante três dias, desde Nínive até à planície de Bectilet, e acamparam diante de Bectilet, junto da montanha que se encontra a norte da Cilícia setentrional. 22Holofernes partiu daí com todo o seu exército, a sua infantaria, a sua cavalaria e os seus carros, e subiu até às montanhas. 23Aí destruiu Pud e Lud, saqueou todo o povo de Rássis bem como os filhos de Ismael que vivem ao longo do deserto, a sul do país de Queléon.
24Depois, continuou ao longo do Eufrates, passou através da Mesopotâmia, destruiu todas as cidades que se encontram no alto da montanha ao longo da torrente de Abrona, até chegar ao mar. 25Tomou também o território da Cilícia, matou todos aqueles que lhe ofereceram resistência e chegou à fronteira sul de Jafet que está em frente da Arábia. 26Cercou todos os Madianitas, queimou as suas tendas e saqueou os seus rebanhos. 27Depois, desceu até à planície de Damasco, no tempo da colheita do trigo, queimou todos os campos, destruiu os rebanhos e as manadas, saqueou as cidades, destruiu todas as terras e matou todos os jovens passando-os ao fio da espada. 28Assim, o medo dele abateu-se sobre todo o povo que vivia ao longo das regiões costeiras, em Sídon e Tiro, bem como sobre todos os que viviam em Sur e Oquina e os que viviam em Jâmnia. Os que viviam em Asdod e em Ascalon temiam-no ainda mais.
As nações ocidentais submetem-se a Holofernes – 1Então, enviaram-lhe mensageiros com propostas de paz, dizendo: 2«Olha para nós, servos de Nabucodonosor, o grande rei, prostrados por terra diante de ti. Faz connosco o que te aprouver. 3Repara, as nossas construções, a nossa terra, todos os nossos campos, os nossos rebanhos, as nossas manadas e todos os nossos bens estão diante de ti, faz com eles o que te aprouver. 4Também as nossas cidades e os seus habitantes são teus escravos; vem e trata-os como te parecer melhor.»
5Os homens vieram ter com Holofernes e contaram-lhe tudo isto. 6Então, ele desceu até à zona costeira com o seu exército e colocou sentinelas nas cidades do alto das colinas e escolheu alguns homens dessas cidades para serem seus aliados. 7Todos estes povos, bem como todos aqueles que se encontravam nas imediações, deram-lhe as boas vindas com grinaldas, danças e tamborins. 8Ele demoliu todos os seus santuários, destruiu todos os seus bosques sagrados, já que lhe tinha sido ordenado que destruísse todos os deuses da terra, para que todas as nações adorassem unicamente Nabucodonosor, e para que todas as línguas e tribos o proclamassem deus. 9Depois, foi até ao limite de Esdrelon, perto de Dotan, que está diante da grande serra da Judeia. 10Acamparam entre Gaibai e Citópolis, onde permaneceram durante todo o mês para juntarem provisões para o exército.
A guerra aproxima-se de Israel – 1Por esta altura, os filhos de Israel que viviam na Judeia ouviram falar de tudo aquilo que Holofernes, general de Nabucodonosor, rei da Assíria, fizera às outras nações e como tinha pilhado os seus santuários, entregando-os à destruição.2Ficaram muitíssimo assustados, com medo dele, e preocupados com a sorte de Jerusalém e do templo do Senhor, seu Deus, 3pois só muito recentemente tinham regressado do cativeiro, e todo o povo da Judeia se encontrava reunido; as alfaias sagradas, o altar e o templo tinham sido consagrados depois da profanação.
4Mandaram mensageiros a todos os distritos da Samaria, a Coná, a Bet-Horon, Abel-Maim, Jericó, Cobá, Aisorá e ao Vale de Salém, 5e imediatamente se apoderaram do alto das colinas e das cidades fortificadas que neles se encontravam; armazenaram comida e prepararam-se para a guerra, já que os seus campos tinham sido ceifados recentemente.
6Então, Joaquim, o Sumo Sacerdote que estava em Jerusalém por essa altura, escreveu ao povo de Betúlia e Betomestaim, que está diante do Esdrelon do outro lado da planície perto de Dotain, 7dando-lhe ordens para que ocupasse as passagens que davam acesso às colinas, uma vez que a Judeia podia ser invadida através delas; assim seria fácil travar o caminho a quem quer que tentasse entrar, dado que a passagem era apertada, apenas com uma largura suficiente para dois homens. 8Os israelitas fizeram tal como Joaquim e o senado de todo o povo de Israel, reunido em Jerusalém, lhes ordenara.
9Seguidamente, cada um dos homens de Israel invocou a Deus com grande fervor, ao mesmo tempo que se humilharam com muitos jejuns.10Eles, as suas mulheres, os seus filhos, o seu gado e todos os estrangeiros residentes, bem como os trabalhadores contratados e os escravos, todos se vestiram de saco.
11Então, todos os homens e mulheres de Israel e as suas crianças, que viviam em Jerusalém, se prostraram diante do templo, espalharam cinza na cabeça e estenderam as suas roupas de saco diante do Senhor. 12Rodearam mesmo o altar com saco e clamaram em uníssono, pedindo insistentemente ao Deus de Israel para não entregar as suas crianças como presa e as suas mulheres como despojos de guerra, para que não deixasse que as cidades que tinham herdado fossem destruídas, para que o santuário não fosse profanado e tornado impuro para alegria maliciosa dos gentios.
13O Senhor ouviu a sua oração e olhou com bondade para a sua aflição, porque o povo jejuara durante muitos dias, por toda a Judeia e em Jerusalém, diante do santuário do Deus todo poderoso.
14Então, Joaquim, o Sumo Sacerdote, e todos os sacerdotes que estavam diante do Senhor e o serviam, com os seus flancos cingidos de saco, ofereceram um holocausto, bem como os votos e as ofertas de todo o povo. 15Com cinza sobre as cabeças, eles invocaram o Senhor com todas as suas forças, para que olhasse com benevolência para toda a casa de Israel.
Resistência de Israel – 1Quando Holofernes, general do exército da Assíria, ouviu dizer que o povo de Israel se tinha preparado para a guerra, tinha fechado as passagens para as colinas e tinha fortificado os altos de todas as colinas e colocado barricadas nas planícies, 2ficou furioso. Reuniu todos os príncipes de Moab, os comandantes de Amon e os governadores da zona costeira 3e disse-lhes: «Dizei-me, vós que sois de Canaã, que povo é este que vive na região das colinas? Em que cidades habitam? Qual a grandeza do seu exército e qual a razão do seu poder e da sua força? Quem os governa como rei e conduz o seu exército? 4E porque é que só eles, de todos os que vivem no ocidente, se recusaram a vir ter comigo?»
5Então Aquior, chefe de todos os amonitas, respondeu: «Que o rei ouça agora uma palavra da boca do seu servo, e eu direi a verdade acerca deste povo que vive na vizinha região das montanhas. Nenhuma falsidade sairá da boca do teu servo. 6Este povo é descendente dos caldeus.7Antigamente viviam na Mesopotâmia, porque não adoravam os deuses dos seus pais que estavam na Caldeia, 8pois tinham abandonado os costumes dos seus antepassados e adoravam o Deus dos céus, Deus que eles, entretanto, conheceram. Quando os expulsaram de diante dos seus deuses, eles refugiaram-se na Mesopotâmia e aí permaneceram durante muito tempo. 9Então, o seu Deus ordenou-lhes que abandonassem o lugar onde tinham vivido como forasteiros e que fossem para a terra de Canaã. Nela se instalaram e prosperaram, tendo possuído muito ouro, prata e animais.
10Quando a fome começou a alastrar pela região de Canaã, desceram até ao Egipto e ali viveram como forasteiros, enquanto tiveram que comer, e ali se tornaram numa grande multidão, tão grande que não podia ser contada. 11Nessa altura, o rei do Egipto tornou-se-lhes hostil, subjugou-os e colocou-os na fabricação de tijolos, humilhando-os e fazendo deles escravos. 12Eles invocaram o seu Deus, e Ele atingiu toda a terra do Egipto com pragas, para as quais não havia cura. Só então, os egípcios os expulsaram da sua vista. 13Deus secou o Mar Vermelho diante deles, 14conduziu-os pelo caminho do Sinai e de Cadés-Barnea, e eles expulsaram todos os que habitavam no deserto. 15Depois, instalaram-se na terra dos amorreus e, com o seu poder, derrotaram todos os habitantes de Hesbon. Em seguida, atravessando o Jordão, tomaram posse de toda a região das montanhas. 16Expulsaram todos os cananeus, os perizeus, os jebuseus, os siquemitas e todos os guirgaseus e permaneceram na sua terra durante muito tempo. 17E, até que pecaram contra o seu Deus, nunca o bem se afastou deles, porque o Deus que odeia a iniquidade estava no meio deles.
18Mas, quando se afastaram do caminho que Ele lhes indicara, viram-se derrotados em muitas guerras violentas e foram deportados para uma terra estrangeira. O templo do seu Deus ficou transformado em ruínas e as suas cidades foram tomadas pelos inimigos. 19Mas, quando se voltaram de novo para o seu Deus, regressaram da diáspora, dos lugares por onde tinham sido dispersos, reconquistaram Jerusalém, onde se encontra o seu santuário, e instalaram-se na região das montanhas, porque estava desabitada.
20Por isso, agora, meu amo e senhor, se existir algum erro neste povo, se eles pecarem contra o seu Deus, se soubermos que existe entre eles algum escândalo destes, poderemos ir combatê-los e sairemos vitoriosos. 21Mas, se não houver nenhum erro neste povo, o melhor é que o meu senhor lhes passe ao lado, não vá o seu Senhor defendê-los e o seu Deus colocar-se ao lado deles, e nós tornarmo-nos objecto de escárnio para toda a terra.»
22No momento em que Aquior acabou de falar, todo o povo que estava de pé ao redor da tenda murmurou; os oficiais de Holofernes, bem como todos os habitantes da zona costeira e de Moab, começaram a dizer que ele devia ser morto: 23«Nós não temos medo dos filhos de Israel. Eles são um povo sem força nem poder para travar uma batalha violenta. 24Permite-nos que subamos e eles serão devorados pelos teus soldados, ó poderoso Holofernes!»
Aquior entregue a Israel – 1Quando cessou o tumulto dos homens que rodeavam o conselho, Holofernes, o comandante do exército da Assíria, disse a Aquior e a todos os moabitas, diante dos contingentes estrangeiros: 2«Quem és tu, Aquior, e quem sois vós, vendidos de Efraim, para profetizardes no meio de nós como fizestes hoje, dizendo-nos para não combatermos os filhos de Israel, porque o seu Deus os defenderia? Quem é deus senão Nabucodonosor? Este, há-de enviar o seu exército, para os fazer desaparecer da face da terra e o seu Deus não os poderá salvar. 3Nós, os seus servos, derrotá-los-emos como se fossem um homem só, e eles não poderão resistir à força dos nossos cavalos. 4Nós queimá-los-emos e as suas montanhas hão-de ficar embriagadas com o seu sangue, e os seus campos hão-de ficar cobertos com os seus cadáveres. Não poderão resistir-nos. Hão-de morrer todos de morte violenta. Assim falou o rei Nabucodonosor, senhor de toda a terra; as suas palavras não serão em vão.
5Por isso, tu, Aquior, mercenário de Amon, que te atreveste a proferir estas palavras no dia da tua iniquidade, não voltarás a ver a minha face a partir deste dia, até ao dia em que eu possa exercer a minha vingança sobre essa raça evadida do Egipto. 6Então, serás trespassado pela espada e pela lança dos meus soldados e cairás entre os feridos, quando eu regressar. 7Os meus servos conduzir-te-ão à região das montanhas e colocar-te-ão numa das cidades das suas encostas, 8e tu não perecerás até morreres juntamente com eles. 9Desejarás ardentemente em teu coração que eles não sejam capturados, mas eu falei e nenhuma das minhas palavras se perderá.»
10Então, Holofernes ordenou aos seus servos, que estavam na sua tenda, que levassem Aquior, o conduzissem para Betúlia e o entregassem aos filhos de Israel. 11Os servos agarraram-no e conduziram-no para fora do campo em direcção à planície. Seguidamente, afastaram-se da região da planície e dirigiram-se para a região das montanhas, chegando até junto das fontes que estavam abaixo de Betúlia. 12Quando os homens da cidade, situada no alto do monte, os viram, pegaram nas armas, saíram da cidade e todos os homens, armados de fisgas, os impediram de subir, atirando-lhes pedras. 13Contudo, estes, protegendo-se sob a montanha, amarraram Aquior, abandonaram-no no sopé da montanha e voltaram para junto do seu senhor.
14Quando os filhos de Israel desceram da montanha, encontraram-no, desataram-no, conduziram-no a Betúlia e apresentaram-no aos chefes da sua cidade. 15Por essa época, estes eram Uzias, filho de Mica da tribo de Simeão e Cabri filho de Gotoniel e Carmi, filho de Malquiel.16Convocaram todos os anciãos da cidade, e todos os seus filhos e as suas mulheres correram para a assembleia. Colocaram Aquior no meio de todo o povo e Uzias perguntou-lhe o que acontecera. 17Ele respondeu, contando-lhes tudo o que o conselho de Holofernes tinha decidido, tudo o que ele próprio dissera no meio dos chefes dos filhos de Assur, bem como o discurso megalómano de Holofernes contra a casa de Israel.
18O povo prostrou-se, adorou o Senhor e, gritando, disse: 19«Senhor, Deus do Céu, vê a arrogância deles e tem piedade da humilhação do nosso povo. Olha, neste dia, para o rosto daqueles que te são consagrados!» 20Seguidamente, consolaram Aquior e felicitaram-no efusivamente. 21Uzias levou-o da assembleia para sua casa, organizou um banquete para os anciãos e durante toda essa noite invocaram a ajuda do Deus de Israel.
Cerco a Betúlia – 1No dia seguinte, Holofernes ordenou a todo o seu exército e a todo o povo que se tinha aliado a ele no combate que levantassem o acampamento, marchassem sobre Betúlia, ocupassem as vertentes das montanhas e combatessem contra os filhos de Israel.
2Nesse dia, todos os homens válidos para a guerra se puseram em marcha. O exército era composto por cento e setenta mil homens de infantaria, doze mil cavaleiros, sem contar os que se ocupavam da intendência, nem os que seguiam a pé e que eram uma grande multidão.3Acamparam no vale perto de Betúlia, ao lado da nascente, e espalharam-se em profundidade desde Dotan até Belbaim e, em largura, desde Betúlia até Quiamon, que está situada diante de Esdrelon.
4Quando os filhos de Israel viram toda aquela multidão, ficaram muito assustados e disseram uns para os outros: «Agora, estes homens vão varrer a face da terra e nem as montanhas mais elevadas, nem as ravinas, nem as colinas serão capazes de suportar o seu peso.» 5Depois de cada um ter pegado no seu equipamento de combate e de terem acendido fogos no alto das suas torres, ficaram de guarda durante toda essa noite.
6No segundo dia, Holofernes, fez sair todos os seus cavalos e colocou-os diante dos filhos de Israel que estavam em Betúlia. 7Inspeccionou os caminhos que subiam em direcção à cidade, deu a volta por todas as nascentes que lhes forneciam água, ocupou estes lugares, colocou neles soldados e ele próprio regressou para junto do seu povo.
8Então, todos os chefes dos filhos de Esaú, os comandantes dos moabitas e os generais das zonas costeiras se aproximaram dele e lhe disseram:
9«Possa o nosso senhor escutar uma palavra, para que o seu exército não seja derrotado. 10De facto, este povo dos filhos de Israel não confia nas suas lanças, mas sobretudo na altura das montanhas onde habita, porque não é fácil chegar até aos cumes das suas montanhas. 11Por isso, agora, senhor, não combatas contra eles como é costume nas batalhas, e nenhum dos homens do teu povo cairá. 12Permanece no teu campo, faz com que todos os homens do teu exército fiquem contigo e manda que os teus servos controlem as nascentes de água na base da montanha. 13De facto, é dali que todos os habitantes de Betúlia se abastecem de água. A sede há-de vencê-los e eles entregarão a cidade. Nessa altura, nós e o nosso povo subiremos até aos mais próximos cumes das montanhas, acamparemos ali e assegurar-nos-emos de que ninguém possa sair da cidade. 14Então, serão consumidos pela fome, eles, as suas mulheres e as suas crianças e, antes que a espada os atinja, cairão nas ruas onde habitam. 15Nessa altura, pagar-lhes-ás com o mal, já que eles recusaram receber-te pacificamente.»
16Estas palavras agradaram a Holofernes e a todos os seus oficiais, e ele ordenou que se fizesse tudo como tinham dito. 17Assim, o exército dos amonitas avançou – acompanhado por cinco mil assírios – acampou no vale e tomou os reservatórios de água e as nascentes dos filhos de Israel.
18Os filhos de Esaú e os amonitas subiram, acamparam na região das montanhas em frente de Dotan e enviaram alguns de entre eles em direcção ao sul e ao leste, em frente de Egrebel, que está perto de Cuche na torrente de Mocmur. O resto do exército da Assíria acampou na planície e cobria toda a face da terra. As suas tendas e os seus equipamentos ficaram espalhados por toda a parte, formando uma massa imensa; eram uma imensa multidão.
19Os filhos de Israel invocaram o Senhor, seu Deus, desencorajados, porque os seus inimigos os tinham cercado e eles não podiam escapar do meio deles. 20Todo o exército da Assíria, a infantaria, os carros de combate e os cavaleiros mantiveram o cerco durante trinta e quatro dias, até que todos os recipientes de água dos habitantes de Betúlia ficaram vazios; 21as suas cisternas começaram a ficar esgotadas, sem água para poderem beber a sua porção diária, uma vez que a água era racionada.
22As crianças mais pequenas estavam abatidas e as mulheres e os jovens começaram a desfalecer de sede e a cair pelas ruas e às portas da cidade. Estavam no limite das suas forças. 23Todo o povo, os jovens, as mulheres e as crianças se reuniram a Uzias e aos chefes da cidade, suplicando em altos gritos e dizendo diante dos anciãos: 24«Que Deus seja juiz entre nós e vós, pois que vós cometestes uma grande iniquidade ao não estabelecer conversações de paz com a Assíria! 25Agora, não há ninguém que nos possa socorrer e Deus vendeu-nos, pondo-nos nas mãos deles, de modo a cairmos desfalecidos pela sede diante deles, numa grande destruição. 26Por isso, chamai-os e entregai toda a cidade para ser pilhada pelo povo de Holofernes e todo o seu exército. 27Para nós, é melhor sermos sua presa. Seremos seus escravos, mas as nossas vidas serão poupadas e não teremos de assistir à morte das nossas crianças diante dos nossos olhos, nem ver as nossas mulheres e os nossos jovens exalar o último suspiro. 28Invocamos como testemunhas contra vós, o céu e a terra e o nosso Deus e Senhor dos nossos pais, que nos julga segundo os nossos pecados e segundo as culpas dos nossos pais, para que não permita que aconteça hoje o que dizeis!»
29Levantou-se então um grande clamor no meio da assembleia e, todos ao mesmo tempo, invocaram o Senhor com voz forte. 30Uzias disse-lhes: «Coragem, irmãos! Vamos aguentar durante mais cinco dias, durante os quais o Senhor nosso Deus voltará para nós a sua misericórdia e não nos abandonará até ao fim. 31Mas, se no decurso destes dias a sua ajuda não vier até nós, farei como dizeis.»
32Seguidamente, dispersou todo o povo pelos seus postos de combate, e eles partiram em direcção às fortificações e às torres da cidade, mandando as mulheres e as crianças para as suas casas. Toda a cidade sentia uma consternação.
Discurso de Judite aos chefes da cidade – 1Por esses dias, todos estes acontecimentos chegaram aos ouvidos de Judite, filha de Merari, filho de Ox, filho de José, filho de Oziel, filho de Hilquias, filho de Hananias, filho de Gedeão, filho de Refaim, filho de Aitub, filho de Eliú, filho de Hilquias, filho de Eliab, filho de Natanael, filho de Salamiel, filho de Sarasadai, filho de Israel.
2O seu marido era Manassés, da sua tribo e da sua família, e tinha morrido durante a época da colheita da cevada. 3Como era o encarregado de vigiar os que amarravam os feixes no campo, foi atingido por um golpe de sol na cabeça, caiu à cama e morreu em Betúlia, a sua cidade. Foi enterrado no campo que está entre Dotan e Balamon.
4Judite vivia em sua casa e era viúva havia já três anos e quatro meses. 5Tinha construído uma tenda sobre a açoteia da sua casa, cingia os rins de saco e vestia roupas de viúva. 6Jejuava todos os dias da sua viuvez, excepto ao Sábado e nas suas vésperas, nas festas da Lua-nova e suas vésperas, nas festas e nos dias de alegria para a casa de Israel.
7Era muito bonita e de aspecto agradável. Manassés, seu marido, deixara-lhe ouro e prata, servos e servas, animais e campos e ela vivia das suas propriedades. 8Ninguém se podia atrever a falar mal dela porque era muito temente a Deus.
9Judite ouviu falar dos maus propósitos do povo contra o seu chefe, pois estavam desencorajados por causa da falta de água, e ouviu também falar de tudo o que Uzias lhes tinha dito quando jurara entregar a cidade aos assírios, ao fim de cinco dias. 10Enviando a sua criada que estava encarregada de administrar todos os seus bens, ela mandou convidar Cabri e Carmi, os anciãos da cidade.
11Quando chegaram junto dela, disse-lhes: «Peço-vos que me escuteis, vós os chefes dos habitantes de Betúlia, porque não é justa a palavra que dirigistes ao povo, no dia em que fizestes o juramento entre Deus e vós e em que falastes em entregar a cidade aos nossos inimigos, se dentro de cinco dias o Senhor não vos tivesse enviado socorro. 12Quem sois vós, para tentardes o Senhor neste dia e vos colocardes no lugar de Deus no meio dos filhos dos homens? 13Agora, colocais o Senhor todo poderoso à prova, mas não sabereis nada até ao fim dos tempos,14já que nunca descobrireis a profundidade do coração do homem e não entendereis os raciocínios da sua inteligência.
Como quereis, então, conhecer Deus, que criou tudo isto, saber o que vai na sua mente e compreender o seu raciocínio? De forma alguma conseguireis isto, irmãos; não provoqueis a ira do Senhor, nosso Deus. 15Pois, mesmo que Ele não queira enviar-nos auxílio durante estes cinco dias, tem poder para nos proteger dos nossos inimigos, em qualquer outro momento que seja do seu agrado.
16Vós, porém, não tenteis violentar a vontade do Senhor nosso Deus, porque Ele não é semelhante aos homens, para ser ameaçado, nem como um filho de homem, para se discutir com Ele. 17Por isso, enquanto esperamos pela sua libertação, invoquemo-lo para que nos ajude, e Ele ouvirá a nossa voz, se assim for do seu agrado. 18Porque, nunca na nossa geração, nem no tempo presente, houve uma tribo, família ou cidade das nossas que adorasse deuses feitos pela mão do homem, tal como acontecia em tempos passados.
19Foi por causa disto que os nossos pais foram entregues ao fio da espada e à pilhagem e, por isso, tiveram de suportar uma grande catástrofe diante dos nossos inimigos. 20Assim, nós não reconhecemos nenhum outro deus para além dele. Por isso, esperamos que não nos abandone nem a nós, nem a nenhum dos membros da nossa nação. 21Porque, se formos capturados, será capturada ao mesmo tempo toda a Judeia, o nosso santuário será saqueado e Ele pedir-nos-á contas deste sacrilégio. 22A matança dos nossos irmãos, o cativeiro da terra e a desolação da nossa herança, tudo isto Ele fará cair sobre as nossas cabeças diante dos gentios, se formos feitos escravos, e nós seremos uma ofensa e uma reprovação aos olhos daqueles que nos comprarem. 23A nossa escravatura não nos será favorável; mas o Senhor, nosso Deus, há-de convertê-la em desonra.
24Por isso, agora, irmãos, tornemo-nos exemplo para os nossos irmãos, porque as suas vidas dependem de nós, assim como o santuário, o templo e o altar estão sob a nossa responsabilidade. 25Apesar de tudo, dêmos graças ao Senhor, nosso Deus, que nos está a pôr à prova, tal como fez com os nossos pais. 26Lembrai-vos de tudo o que Ele fez com Abraão, como tentou Isaac e o que aconteceu com Jacob na Mesopotâmia da Síria, enquanto pastoreava os rebanhos de Labão, irmão de sua mãe. 27Pois Ele não nos tentou pelo fogo como fez com eles, procurando tocar o seu coração, nem se vingou de nós, mas o Senhor estimula com o aguilhão os que dele se aproximam, para os advertir.»
28Uzias disse-lhe: «Tudo o que disseste foi dito de coração sincero e não há ninguém que possa contradizer as tuas palavras. 29Não foi hoje a primeira vez que demonstraste a tua sabedoria; mas desde o início da tua vida, todo o povo a reconheceu, porque a disposição do teu coração é recta. 30Mas o povo estava a sofrer uma grande sede e obrigou-nos a fazer o que lhes tínhamos prometido, impelindo-nos a fazer um juramento que já não podemos quebrar. 31Por isso, agora, reza por nós, tu que és uma mulher piedosa e o Senhor há-de enviar-nos chuva para encher as nossas cisternas e não voltaremos a desfalecer.»
32Judite respondeu-lhes: «Ouvi-me, vou fazer algo que será lembrado por todas as gerações. 33Vós ireis colocar-vos esta noite às portas da cidade. Eu sairei com a minha serva e, dentro do prazo durante o qual vós prometestes entregar a cidade aos nossos inimigos, o Senhor, pela minha mão, libertará Israel. 34Vós, porém, não tenteis descobrir o meu plano, pois eu não vo-lo revelarei até que tenha terminado tudo o que vou fazer.»
35Uzias e os anciãos disseram-lhe: «Vai em paz, e que o Senhor Deus vá à tua frente, para tirar vingança dos nossos inimigos.» 36Seguidamente, afastando-se da tenda, foram para os seus postos.
Oração de Judite – 1Então, Judite prostrou-se por terra, cobriu a cabeça de cinza, despiu as vestes de saco que trazia vestidas e, no preciso momento daquela tarde em que estava a ser oferecido o incenso na casa de Deus em Jerusalém, Judite invocou o Senhor em voz alta, dizendo: 2«Ó Senhor, Deus de meu pai Simeão, em cuja mão colocaste a espada para tirar vingança dos estrangeiros que desnudaram a cintura de uma virgem para a profanar, pondo à vista a sua coxa, para a envergonhar e contaminaram o seu ventre para a desonrar. Apesar de teres dito: ‘Isso não se deve fazer’, eles fizeram-no, mesmo assim. 3Por causa disso, entregaste os seus chefes para que fossem massacrados e o seu leito, envergonhado por causa da ignomínia por eles praticada, para que fosse manchado de sangue. Tu abateste escravos ao lado de príncipes e os príncipes nos seus tronos. 4Entregaste as suas mulheres como presa e as suas filhas para o cativeiro, todos os seus bens, para serem divididos pelos teus filhos bem amados, zelosamente amados por ti; abominaste a contaminação do seu sangue e eles invocaram o teu auxílio.
Ó Deus, meu Deus, ouve-me também a mim, uma viúva! 5Porque fizeste todas estas coisas, as passadas e as que se seguiram; meditaste as coisas presentes e as que hão-de vir e o que tinhas no pensamento chegou à existência. 6Os acontecimentos que tinhas decidido apresentaram-se e disseram: ‘Eis-nos aqui.’ Porque todos os teus caminhos foram preparados de antemão e todos os teus juízos com conhecimento prévio. 7Os assírios vieram com toda a sua força, orgulhosos do poder dos seus cavalos e cavaleiros. Vangloriando-se do poder dos seus soldados de infantaria, puseram a sua confiança no escudo e na espada, no arco e na funda e não sabem que Tu és o Senhor que esmaga as guerras.
8O teu nome é Senhor! Destrói o seu vigor com a tua força e abate a sua força com a tua ira. Eles planearam espezinhar os teus lugares santos, profanar a tenda onde repousa o teu nome glorioso e destruir a haste do teu altar com a espada. 9Observa o seu orgulho, envia a tua cólera sobre as suas cabeças e dá-me a mim, uma viúva, a força para fazer o que planeei. 10Pela mentira dos meus lábios, abate ao mesmo tempo o escravo e o príncipe, e o príncipe com o seu servo; esmaga a sua arrogância pela mão de uma mulher. 11Pois a tua força não depende do número nem o teu poder depende de homens valorosos; Tu és o Deus dos humildes, auxiliador dos oprimidos, sustentador dos fracos, protector dos abandonados, salvador dos desesperados.
12Sim! Ó Deus de meu pai e Deus da herança de Israel, Senhor do céu e da terra, criador das águas, rei de toda a tua criação, atende o meu pedido 13e faz com que a minha mentira fira e esmague aqueles que fizeram esses projectos contra a tua santa aliança e a tua morada santa, o cume de Sião e a morada dos teus filhos. 14Faz com que todas as nações e todas as tribos reconheçam que Tu és o Deus detentor de todo o poder e que mais nenhum outro guarda Israel, senão Tu.»
Judite sai contra Holofernes – 1Quando acabou de invocar o Deus de Israel e de pronunciar todas estas palavras, 2Judite levantou-se da sua prostração, chamou a sua serva, desceu para a casa onde passava os dias de Sábado e das festas, 3tirou as vestes de saco que trazia, trocou igualmente as suas roupas de viúva, lavou o seu corpo com água e ungiu-se com um óleo espesso e perfumado. Seguidamente, penteou o cabelo da sua cabeça, colocou uma tiara e vestiu as suas roupas de festa, aquelas que costumava usar durante a vida de seu marido, Manassés. 4Calçou sandálias nos pés, enfeitou-se com colares, pulseiras, anéis, brincos e outros adornos, para seduzir os olhos dos homens que a iriam ver. 5Deu à sua serva um odre de vinho e uma ânfora de azeite; encheu um saco com farinha de cevada, um bolo de frutos secos, pães e queijo. Embalou todos os recipientes cuidadosamente e entregou-os à sua serva.
6Em seguida, saíram ambas em direcção à porta da cidade de Betúlia, encontrando ali Uzias e os anciãos da cidade, Cabri e Carmi. 7Quando estes a viram, com o rosto ungido e a roupa mudada, ficaram muitíssimo admirados com a sua beleza e disseram-lhe: 8«Que o Deus de nossos pais te conceda a graça de levar a bom termo o teu plano para glória dos filhos de Israel e para a exaltação de Jerusalém.» 9Ela adorou a Deus e disse-lhes: «Dai ordens para que me abram a porta da cidade e eu sairei para cumprir tudo aquilo que falastes comigo.» Então, eles ordenaram aos jovens que lhe abrissem a porta tal como dissera. 10Eles assim fizeram e Judite saiu, ela e a sua serva juntamente com ela. Os homens continuaram a olhar para ela até que desceu a montanha, atravessou o vale e deixaram de a ver.
11Elas caminharam sempre a direito pelo vale, até que uma sentinela dos assírios veio ao seu encontro. 12Prenderam-na e interrogaram-na: «A que povo pertences, de onde vens e para onde vais?» Ela respondeu: «Sou uma filha dos hebreus e estou a fugir deles, porque estão prestes a entregarem-se a vós para serem devorados. 13Por isso, eu venho apresentar-me diante de Holofernes, o comandante do vosso exército, para lhe contar toda a verdade e para lhe mostrar o caminho por onde ele pode ir e dominar toda a região das colinas, sem perder a vida de nenhum dos seus homens.»
14Quando os homens ouviram as suas palavras e olharam para o seu rosto –_que se apresentava diante deles maravilhosamente belo – disseram-lhe: 15«Salvaste a tua vida, apressando-te a descer e a apresentar-te diante do nosso senhor; vem até à sua tenda. Alguns dos nossos conduzir-te-ão até te entregarem nas suas mãos. 16Quando chegares junto dele, não tenhas medo no teu coração, repete-lhe as palavras que nos disseste e ele tratar-te-á bem.» 17Escolheram de entre os soldados cem homens que se juntaram a ela e à sua serva e que as conduziram até à tenda de Holofernes. 18Todo o acampamento entrou numa grande agitação, à medida que a notícia da sua chegada ia passando de tenda em tenda. Vieram e juntaram-se à volta de Judite, enquanto ela esperava fora da tenda que dessem a Holofernes informações a seu respeito. 19Ficaram admirados com a sua beleza e admirados com os filhos de Israel por causa dela e diziam uns para os outros: «Quem poderá menosprezar um povo como este, que tem no seu meio tais mulheres? Não podemos deixar que nenhum dos seus homens sobreviva porque, se os deixássemos partir, seriam capazes de ludibriar o mundo inteiro.»
20Todos os companheiros de Holofernes e os seus servos saíram e conduziram-na para a tenda. 21Holofernes estava reclinado sobre a sua cama, rodeada por um cortinado de dossel feito de púrpura, ouro, esmeraldas e pedras preciosas. 22Quando o informaram acerca de Judite, ele veio até à entrada da tenda, precedido de lâmpadas de prata. 23Quando Judite chegou à presença de Holofernes e dos seus servos, estes ficaram maravilhados com a beleza do seu rosto. Ela prostrou-se com o rosto por terra diante de Holofernes, e os seus servos ajudaram-na a levantar-se.
Holofernes acolhe Judite – 1Holofernes disse-lhe: «Tem confiança, mulher, e não temas, porque eu nunca fiz mal algum a ninguém que tenha escolhido servir a Nabucodonosor, o rei de toda a terra. 2Se o teu povo, que habita a região das colinas, não me tivesse desprezado, eu nunca teria levantado a minha lança contra ele. Mas, eles é que fizeram isto contra si mesmos. 3Agora, diz-me, porque é que fugiste deles e vieste até nós? Tem confiança, pois esta noite tu viverás e também daqui em diante. 4Ninguém te fará mal; pelo contrário, serás bem tratada, tal como acontece com os servidores do meu senhor, o rei Nabucodonosor.»
5Judite respondeu-lhe: «Aceita as palavras da tua serva e permite que a tua serva fale diante de ti e eu não direi nenhuma mentira ao meu senhor esta noite. 6Se tu seguires as palavras da tua serva, o Senhor cumprirá algo através de ti, e o meu senhor não conhecerá a derrota em nenhum dos seus planos. 7Pela vida de Nabucodonosor, o rei de toda a terra, e pelo seu poder, que te enviou para governar todo o ser vivo, graças a ti, não só os homens o servem, mas também os animais selvagens e as aves do céu viverão pelo teu vigor ao serviço de Nabucodonosor e de toda a sua casa. 8Nós ouvimos falar da tua sabedoria e habilidade e diz-se por todo o mundo que só tu és bom em todo o reino, poderoso pela sabedoria e admirável em estratégia militar. 9Quanto ao discurso que Aquior pronunciou no teu conselho, nós ouvimos falar dele, porque os homens de Betúlia o salvaram e ele contou-lhes tudo o que tinha dito diante de ti. 10Por isso, senhor e mestre, não esqueças o seu discurso e guarda-o no teu coração, porque é verdadeiro. Porque a nossa raça nunca será punida nem a espada a atingirá, a não ser que eles pequem contra o seu Deus.
11Por isso, agora, para que o meu senhor não seja derrotado e o seu propósito frustrado, a morte cairá sobre eles, porque o pecado apoderou-se deles, já que eles provocaram a ira do seu Deus, fazendo o que não devia ser feito. 12Uma vez que lhes falta a comida e que a água se torna cada vez mais escassa, eles planearam matar todo o seu gado e comer tudo aquilo que Deus, pelas suas leis, lhes proibira de comer.13As primícias do trigo, os dízimos do vinho e do azeite, que eles tinham guardado cuidadosamente, consagrando-o aos sacerdotes que estão em Jerusalém diante do nosso Deus, tudo isto eles decidiram comer, quando ninguém de entre o povo tem o direito de tocar em nada disto com as suas mãos. 14Eles enviaram homens a Jerusalém, porque mesmo o povo que lá vive tem feito isto, para lhes trazer autorização do senado. 15Quando a mensagem chegar até eles e começarem a fazer isto, nesse mesmo dia, ser-te-ão entregues para serem destruídos.16Por esta razão é que eu, tua serva, ao saber disto, fugi de junto deles. Deus enviou-me para levar a cumprimento, contigo, coisas que hão-de maravilhar todo o mundo, todos os que ouvirem falar delas. 17Porque a tua serva é piedosa e serve o Deus do céu dia e noite.
Por isso, meu senhor, eu ficarei contigo, e todas as noites a tua serva irá até ao vale para rezar a Deus, e Ele me dirá quando eles tiverem cometido o seu pecado. 18Então, eu virei e dir-te-ei e tu poderás sair com todo o teu exército, e nenhum deles te oferecerá resistência.19Seguidamente, eu te conduzirei através da Judeia, até chegares a Jerusalém e estabelecerei o teu trono no meio da cidade, e tu os conduzirás como um rebanho sem pastor e nem sequer um cão se atreverá a abrir a boca para te ladrar. Tudo isto me foi revelado de antemão, foi-me anunciado e eu fui enviada para te comunicar tudo isto.»
20As palavras de Judite agradaram a Holofernes e a todos os seus servos e eles ficaram maravilhados com a sua sabedoria. Diziam: 21«De um extremo ao outro da terra, não há mais nenhuma mulher assim, quer em beleza, quer em sabedoria de discurso!» 22Holofernes disse-lhe: «Deus fez bem em enviar-te à frente do povo, para dar força às nossas mãos e para trazer a destruição sobre aqueles que desprezaram o meu senhor. 23Tu, não és só bela de aspecto, mas também sábia de discurso e, se fizeres tudo tal como disseste, o teu Deus será meu Deus e tu viverás na casa do rei Nabucodonosor e serás famosa em todo o mundo.»
Judite no banquete de Holofernes – 1Seguidamente, Holofernes ordenou que conduzissem Judite ao lugar onde se encontrava a sua baixela de prata e mandou que lhe pusessem a mesa e a servissem da sua própria comida e que lhe dessem a beber do seu vinho. 2Judite replicou: «Não comerei nada disso, para não cair em pecado, mas servir-me-ei das coisas que trouxe.» 3Holofernes replicou-lhe: «Quando terminarem as tuas provisões, onde poderemos encontrar outras iguais? Connosco não há mais ninguém do teu povo.» 4Judite disse-lhe: «Assim como o meu senhor vive, a tua serva não esgotará as coisas que trouxe, antes que o Senhor realize pela minha mão tudo o que determinou fazer.»
5Os servos de Holofernes conduziram-na até à tenda e ela dormiu até meio da noite. Pela vigília da aurora, levantou-se 6e mandou dizer a Holofernes: «Manda, ó meu senhor, que a tua serva possa sair para fazer oração.» 7Holofernes ordenou aos seus guarda-costas que não a impedissem e ela permaneceu três dias no campo. Durante a noite, ia até ao vale de Betúlia e banhava-se na nascente de água que estava no campo. 8Quando se levantava, pedia ao Senhor, Deus de Israel, que lhe mostrasse o caminho para conseguir a redenção do seu povo.9Entrava, purificada, na sua tenda e ali permanecia até que, à tarde, tomava a sua refeição.
10No quarto dia, Holofernes ofereceu um banquete só para os seus servos e não convidou nenhum dos seus funcionários. 11Disse a Bagoas, o eunuco encarregado dos seus assuntos pessoais: «Vai e tenta convencer essa mulher hebraica, que está em tua casa, para vir até junto de nós para comer e beber connosco. 12Para nós, seria uma vergonha deixar de lado uma mulher como ela, sem ter tido relações com ela. Se não a atraírmos, ela rir-se-á de nós.»
13Bagoas saiu de junto de Holofernes, foi ter com ela e disse-lhe: «Que esta bela serva não hesite em vir até junto do meu senhor, para ser honrada diante dele, para beber connosco o vinho na alegria e para se tornar hoje como uma das filhas dos assírios que estão na casa de Nabucodonosor.» 14Judite disse-lhe: «Quem sou eu para contradizer o meu senhor? Farei imediatamente tudo o que lhe for agradável e isso será para mim uma alegria até ao dia da minha morte.» 15Então, levantou-se, vestiu-se e enfeitou-se com todos os seus adornos de mulher. A sua serva foi à sua frente e estendeu no chão, diante de Holofernes, os tapetes que ela tinha recebido de Bagoas, para o seu uso quotidiano, para poder comer reclinada sobre eles. 16Então, Judite entrou, reclinou-se, e o coração de Holofernes ficou maravilhado com ela e a sua alma agitada. Foi tomado por um forte desejo de se unir a ela, uma vez que, desde o dia em que a vira, ele esperava o momento favorável para a seduzir. 17Disse-lhe Holofernes: «Bebe, por favor, e alegra-te connosco.» 18Judite respondeu-lhe: «Beberei, senhor, já que hoje a minha vida tem mais valor do que jamais teve desde o dia em que nasci.»
19Então, pegando no que a sua serva lhe tinha preparado, comeu e bebeu diante dele. 20Holofernes ficou muito feliz com ela e bebeu muito vinho, muito mais do que alguma vez bebera em qualquer outro dia, desde que nascera.
Judite corta a cabeça de Holofernes – 1Quando se fez tarde, os seus servos apressaram-se a partir. Bagoas fechou as cortinas da tenda pela parte de fora, afastou todos os que estavam diante do seu senhor e eles foram-se deitar. Com efeito, estavam todos muito cansados porque tinham bebido demasiado. 2Judite ficou sozinha na tenda com Holofernes, estendido sobre a sua cama, vencido pelo vinho.
3Judite disse à sua serva que ficasse fora do quarto e que observasse o caminho de saída, como habitualmente, já que ela teria de sair para rezar. Isto mesmo disse ela a Bagoas. 4Saíram todos da sua presença e, desde o mais pequeno ao maior, não ficou ninguém no quarto. Judite, de pé, ao lado da sua cama, disse no seu coração: «Senhor, Deus de todo o poder, olha nesta hora para a obra das minhas mãos para a glorificação de Jerusalém. 5Este é o momento de cuidares da tua herança e da realização do meu plano, para esmagar os inimigos que se levantaram contra nós.» 6Então, avançando para a cabeceira da cama, junto à qual estava a cabeça de Holofernes, pegou na sua espada que estava ali pendurada, 7aproximou-se do leito, agarrou-o pelos cabelos e disse: «Dá-me força, neste dia, ó Senhor, Deus de Israel.» 8De seguida, golpeou-o no pescoço duas vezes com toda a sua força e cortou-lhe a cabeça; 9fez rebolar o corpo na cama, retirou o cortinado de dossel das colunas e, passados alguns momentos, saiu e entregou a cabeça de Holofernes à sua serva, 10que a colocou no seu saco de mantimentos.
Seguidamente, saíram ambas, como era costume, para fazer oração. Atravessaram o campo, deram a volta à colina, subiram a montanha de Betúlia e chegaram às portas da cidade.
11Judite, disse de longe aos que guardavam as portas: «Abri, abri a porta! Deus, o nosso Deus, está connosco para manifestar o seu poder em Israel e a sua força contra os inimigos, tal como fez hoje.» 12Quando os homens da sua cidade ouviram a sua voz, apressaram-se a descer para a porta e convocaram os anciãos da cidade. 13Todos corriam, desde o mais pequeno ao maior, porque a sua chegada lhes parecia impossível. Abriram a porta, receberam-nas, acenderam uma fogueira para iluminar e juntaram-se à volta delas. 14Ela disse-lhes com voz forte:
15Então, tirou a cabeça do saco, mostrou-a e disse-lhes:
«Vede a cabeça de Holofernes, general do exército da Assíria, e vede a cortina sob a qual estava deitado durante a sua embriaguez. O Senhor atingiu-o pela mão de uma mulher. 16Juro-vos pelo Deus vivo, que me protegeu no meu caminho, que foi o meu rosto que o seduziu, para sua perdição, sem que ele tivesse cometido pecado comigo, não me tendo contaminado nem envergonhado.»
17Todo o povo ficou maravilhado, caiu de joelhos e adorou a Deus dizendo numa só voz: «Bendito és Tu, nosso Deus, que esmagaste hoje os inimigos do teu povo.» 18Uzias disse:
Ataque dos israelitas – 1Judite disse-lhes: «Ouvi-me, irmãos, pegai nesta cabeça e pendurai-a no parapeito das vossas muralhas. 2Quando nascer o dia e o sol se levantar, que todos os homens valorosos peguem nas suas espadas e saiam da cidade. Nomeai um chefe, como se fôsseis descer em direcção à planície contra a guarda avançada dos assírios, mas não desçais. 3Então, eles pegarão nas suas armas, correrão para o campo, farão levantar os oficiais do exército da Assíria e, quando correrem para a tenda de Holofernes e não o encontrarem, o medo apoderar-se-á deles e fugirão à vossa frente. 4Vós e todos os que vivem dentro das fronteiras de Israel persegui-los-eis e cortar-lhes-eis o caminho de fuga.
5Mas, antes de fazerdes isto, trazei Aquior, o amonita, à minha presença e deixai que ele veja e reconheça o homem que desprezou a casa de Israel e que o enviou até nós como se fosse para a sua morte.»
6Chamaram então Aquior da casa de Uzias. Quando entrou e viu a cabeça de Holofernes na mão de um dos homens da assembleia do povo, caiu de rosto por terra e desmaiou. 7Quando o levantaram, caiu aos pés de Judite, prostrou-se diante dela e disse:
«Bendita és tu em todo o território de Judá e entre todas as nações! Quando ouvirem proclamar o teu nome, ficarão perturbadas. 8Agora, diz-me como fizeste tudo isto, nestes dias.» Judite, no meio do povo, contou-lhe tudo o que tinha feito, desde o dia da sua partida até ao momento em que falava com eles. 9Quando terminou de falar, o povo começou a aclamá-la em voz alta e a soltar gritos de júbilo por toda a cidade. 10Quando Aquior se apercebeu de tudo o que o Deus de Israel fizera, acreditou firmemente em Deus, fez-se circuncidar e aderiu à casa de Israel até aos dias de hoje.
11Ao nascer do dia, penduraram a cabeça de Holofernes nas muralhas, todos os homens pegaram nas suas armas e saíram, todos eles divididos por secções, pelas vertentes da montanha. 12Quando os assírios os viram, mandaram avisar os seus oficiais. Estes foram prevenir os generais, os seus chefes de mil homens e todos os seus comandantes. 13De seguida, foram à tenda de Holofernes e disseram ao que estava encarregado de tratar de todos os seus assuntos: «Acorda o nosso senhor, porque os escravos atreveram-se a descer contra nós para nos combater e para serem exterminados até ao último.»
14Bagoas entrou e bateu no cortinado da tenda, porque supunha que Holofernes dormia ainda com Judite. 15Como não ouvisse ninguém, afastou o cortinado, entrou no quarto e encontrou-o morto sobre a cama com a cabeça decepada. 16Gritou com voz forte, com lamentos e gemidos e, dando gritos violentos, rasgou as suas vestes. 17Seguidamente, entrou na tenda onde Judite deveria estar, mas não a encontrou. Então, correu em direcção ao povo gritando: 18«Os escravos revoltaram-se! Uma única mulher dos hebreus envergonhou a casa do rei Nabucodonosor. Vede! Holofernes está caído e já não tem cabeça!» 19Quando os oficiais do exército dos assírios ouviram isto, rasgaram as suas vestes e os seus espíritos ficaram muito perturbados e os seus clamores e gritos elevaram-se pelo campo.
Fuga e derrota dos assírios 1Quando os que estavam nas tendas ouviram isto, ficaram fora de si com o que tinha acontecido, 2e sobre eles abateu-se um grande medo, a ponto de começarem a tremer e de não quererem ficar uns ao lado dos outros. Dispersaram-se uns para cada lado, fugindo por todos os caminhos da planície e da região da montanha. 3Também os que estavam acampados na montanha ao redor de Betúlia fugiram.
Então, os filhos de Israel e todos os combatentes se abateram sobre eles. 4Uzias mandou mensageiros às cidades de Betomestaim, Bebai, Cobai e Cola, a todo o território de Israel, para anunciarem o que tinha acontecido e para pedirem a todos que se abatessem sobre os inimigos, para os destruir. 5Quando os filhos de Israel ouviram isto, precipitaram-se todos ao mesmo tempo sobre eles e perseguiram-nos até Cobá. Vieram também os que estavam em Jerusalém e em toda a região montanhosa, porque lhes tinham contado o que acontecera no acampamento dos seus inimigos. Também os que estavam em Guilead e na Galileia vieram em seu auxílio e a chacina foi grande e estendeu-se para além de Damasco e das suas fronteiras. 6O resto dos habitantes de Betúlia caiu sobre o acampamento dos assírios, saqueando-o e recolhendo grandes riquezas.
7Os filhos de Israel, quando voltaram da chacina, apoderaram-se de tudo o que tinha sido deixado, as cidades e aldeias da região montanhosa e da planície ficaram com uma grande quantidade de despojos.
8O Sumo Sacerdote, Joaquim, o conselho dos anciãos dos filhos de Israel e os habitantes de Jerusalém, vieram para ver o bem que o Senhor fizera a Israel, para ver Judite, falar com ela e saudá-la. 9Quando chegaram junto dela, todos a saudaram unanimemente, dizendo-lhe:
11Todo o povo saqueou o campo durante trinta dias. Ofereceram a Judite a tenda de Holofernes, todas as suas pratas, os seus leitos, os seus recipientes e todas as suas coisas. Ela pegou em tudo, carregou uma mula, carregou os seus carros e empilhou tudo neles. 12Todas as mulheres de Israel se reuniram para a ver e para a bendizer. Algumas dançaram para ela. Ela fez grinaldas que ofereceu às mulheres que ali estavam. 13Coroaram-se a si próprias com folhas de oliveira, ela própria e as que estavam com ela; e dançava diante de todo o povo, conduzindo o coro das mulheres.
Todos os homens de Israel as seguiam, carregando as suas armas, levando grinaldas e com uma canção nos lábios.
14Nesse momento, Judite entoou este hino de acção de graças no meio de todo o Israel e fez ressoar bem alto este louvor.
Cântico de Judite (Jz 5,2-31) 1Disse Judite:
«Entoai um cântico ao meu Deus
com tamborins,
cantai ao meu Senhor com címbalos,
cantai-lhe um salmo novo,
exaltai-o e invocai o seu nome,
2porque Deus é o Senhor que esmaga as guerras,
porque me reconduziu ao seu acampamento, no meio do povo,
e me arrancou às mãos dos meus perseguidores.
3Os assírios vieram das montanhas do Norte,
com miríades dos seus guerreiros;
a sua multidão cobria os vales,
e os seus cavalos cobriam as montanhas.
4Ameaçou queimar o meu território,
matar os meus jovens à espada,
deitar por terra as minhas crianças de peito,
fazer das minhas crianças presa sua
e raptar as minhas virgens.
5Mas, o Senhor todo poderoso
fez-lhes frente pela mão de uma mulher.
6O seu homem valente não morreu às mãos dos jovens,
nem foram os filhos dos Titãs que o derrotaram,
nem foram os gigantes que o venceram,
mas sim Judite, filha de Merari,
que o derrotou com a beleza do seu rosto.
7Ela tirou o seu vestido de viúva,
para exaltar os oprimidos de Israel.
Ungiu o seu rosto com perfume,
8segurou o cabelo com uma tiara
e vestiu um vestido de linho para o seduzir.
9A sua sandália encantou os seus olhos,
a sua beleza cativou o seu espírito
e a espada cortou-lhe o pescoço.
10Os da Pérsia tremeram
por causa da sua audácia,
e os da Média ficaram perturbados com a sua coragem.
11Então, os meus humildes soltaram gritos de guerra,
o meu povo fraco gritou
e os inimigos tremeram;
levantaram as suas vozes,
e o inimigo retrocedeu.
12Os filhos das servas trespassaram-nos,
feriram-nos como filhos de fugitivos,
pereceram diante do exército do meu Senhor.
13Cantarei ao meu Deus um cântico novo.
Senhor, Tu és grande e glorioso,
maravilhoso em poder e invencível.
14Que todas as tuas criaturas te sirvam,
já que disseste e elas foram feitas.
Enviaste o teu espírito e as formaste,
e ninguém pode resistir à tua voz.
15O tumulto das águas sacudirá
as montanhas nos seus alicerces
e os rochedos fundirão como cera diante de ti.
Mas Tu continuarás a mostrar
a tua misericórdia
àqueles que te temem.
16Pois é pouco todo o sacrifício
e oferta de odor agradável,
e toda a sua gordura é nada para o teu holocausto;
mas, aquele que teme o Senhor será grande para sempre.
17Ai das nações que se levantaram contra o meu povo!
O Senhor todo poderoso vingar-se-á delas no dia do juízo,
enviará o fogo e os vermes sobre a sua carne
e chorarão de dor para sempre.»
Conclusão da história de Judite 18Quando chegaram a Jerusalém adoraram a Deus. E, logo que o povo ficou purificado, ofereceram os seus holocaustos, as suas oblações e os seus dons. 19Judite dedicou ao Senhor todos os objectos de Holofernes, que o povo lhe oferecera, e o cortinado do dossel que ela retirara para si do quarto; também isso ela dedicou ao Senhor como oferta votiva.
20Todo o povo se alegrou em Jerusalém diante do santuário, durante três meses, e Judite permaneceu com eles. 21Depois deste tempo, todos regressaram a suas casas, para a sua herança e Judite regressou a Betúlia, para a sua propriedade; e foi honrada por todo o país em todos os seus dias.
22Muitos desejaram casar com ela, mas ela permaneceu viúva todos os dias da sua vida desde que Manassés, seu marido morreu e foi levado para junto do seu povo. 23Ela foi ficando cada vez mais famosa e avançando em idade na casa de seu marido, até chegar aos cento e cinco anos. Libertou a sua escrava.
Morreu em Betúlia e foi enterrada na sepultura do seu marido, Manassés. 24A casa de Israel chorou-a durante sete dias. Antes de morrer, distribuiu os seus bens pelos parentes de seu marido Manassés e pelos da sua própria família.
25Mais ninguém foi capaz de espalhar o terror pelo povo de Israel durante a vida de Judite e, durante muito tempo, depois da sua morte.