Tema – Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida
Lema – Cultivar e guardar a criação (Gênesis 2,15)
OBJETIVOI GERAL DA CF 2017: Cuidar da criação de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos à luz do Evangelho.
ORAÇÃO OFICIAL DA CF 2017
Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos, por vossa infinita bondade
Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos
para que dele cuidemos com carinho e amor
Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum
Cresça em nosso imenso Brasil
o desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas
e da beleza e riqueza da criação
alimentando o sonho do novo céu e da nova terra que prometestes. Amém!
HINO OFICIAL DA CF 2017 –
letra Pe. José Antônio de Oliveira
música: Wanderson Luis Freitas da Silva
REFRÃO – Da Amazônia até os Pampas, do Cerrado aos Manguezais, chegue a ti o nosso canto pela vida e pela paz
1- Louvado seja, ó Senhor, pela mãe terra, que nos acolhe, nos alegra e dá o pão. Queremos ser os teus parceiros na tarefa de cultivar o bem guardar a criação.
2- Vendo a riqueza dos biomas que criaste, feliz disseste: tudo é belo, tudo é bom! E prá cuidar a tua obra nos chamaste a preservar e cultivar tão grande dom
3- Por toda a costa do país espalhas vid. São muitos rostos – da Caatinga ao Pantanal -‘ negros e índios, camponeses gente linda, lutando juntos por um mundo mais igual
4- Senhor, agora nos conduzes ao deserto e então nos falas com carinho ao coração prá nos mostrar que somos tão diversos, mas um só Deus nos faz pulsar o coração
5- Se contemplamos essa mãe com reverência, não com olhares de ganância ou ambição, o consumismo, o desperdício, a indiferença se tornam luta, compromisso e proteção
6- Que entre nós cresça uma nova ecologia onde a pessoa, a natureza, a vida enfim possam cantar na mais perfeita sinfonia ao Criador que faz da terra o seu jardim
LEITURA RÁPIDA TEXTO BASE CF 2017
INTRODUÇÃO
Biomas são conjuntos de ecossistemas com características semelhantes dispostos em uma mesma região e que historicamente foram influenciados pelos mesmos processos de formação. No Brasil temos 06 biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.
Os biomas brasileiros sofrem interferências negativas desde a chegada dos primeiros colonizadores ao Brasil, logo após Pero Vaz de Caminha ter escrito para o rei de Portugal afirmando que as “águas são muitas, infinitas. Em tal maneira graciosa (a terra) que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”.
Os colonizadores começaram a extração do pau-brasil usando, no início, a mão de obra escrava de indígenas e mais tarde dos africanos. Hoje, após mais de 500 anos daquela carta, o que restou da beleza natural descrita por Pero Vaz de Caminha?
A Igreja Católica há algum tempo, tem sido voz profética a respeito da questão ecológica. Neste início do terceiro milênio, ter uma população de mais de 200 milhões de brasileiros, sendo mais de 160 milhões vivendo em cidades gera sérias preocupações. O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz problemas que põem em risco as riquezas dos biomas brasileiros.
À luz da fé, nos interrogaremos nas reflexões desta Campanha da Fraternidade de 2017 sobre o significado dos desafios apresentados pela situação atual dos biomas e dos povos que neles vivem. E abordaremos as principais iniciativas já existentes para a manutenção de nossa riqueza natural básica. Apontaremos propostas sobre o que podemos e devemos fazer em respeito à criação que Deus nos deu para cultivá-la e guardá-la.
CAPÍTULO I – VER – OS BIOMAS BRASILEIROS
Bioma Amazônia: Localização
A Amazônia, maior bioma do Brasil, ocupa 61% do território nacional – formado pelos estados da região norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, Rondônia e Tocantins. A Lei n. 1806 de 1953 inseriu neste bioma os estados do Mato Grosso e Maranhão, criando a Amazônia Legal.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS BIODIVERSIDADE
O bioma Amazônia é marcado pela maior hidrográfica de água doce do mundo, a bacia amazônica. Seu principal rio, o Amazonas, lança no Oceano Atlântico cerca de 175 milhões de litros d´água a cada segundo, levando nas águas materiais orgânicos e sedimentos que geram no oceano biodiversidade marinha, colaborando para a temperatura do planeta. Também há o rio aéreo (evapotranspiração) que leva água em forma de vapor pela região Centro-Oeste, Sul, Sudeste do Brasil.
A vegetação característica do bioma Amazônia é de árvores altas. Nas planícies que acompanham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas de várzeas (periodicamente inundadas) e as matas de igapó (permanentemente inundadas). Estima-se que esse bioma abrigue mais da metade de todas as espécies vivas do Brasil.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/2016) houve redução no processo de desmatamento da Amazônia, contudo, ainda continua e são mais de 700.000 quilômetros quadrados de desmatamento que continua a crescer. Nesta região vivem aproximadamente 24 milhões de pessoas, sendo que 80% delas nas áreas urbanas, sem saneamento básico e outras mazelas.
SOCIODIVERSIDADE DO BIOMA AMAZÔNIA
= Há décadas os conflitos pelo território deste bioma geram mortes. Os conflitos e a violência contra os trabalhadores do campo se concentram de forma expressiva na Amazônia, para onde avança o capital tanto nacional como internacional. O manejo florestal passou a ser uma atividade na qual foram inúmeras as denúncias de trabalho escravo.
A expropriação privada de grandes áreas de terra continua sendo a principal causa de desmatamento. A pecuária é a principal atividade implantada nas áreas recentemente desmatadas. A construção de grandes hidrelétricas e atividades de mineração são responsáveis por boa parte dos danos ambientais e sociais nas comunidades.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
O problema fundamental da Amazônia é o modelo de desenvolvimento adotado para a região. A disputa pelas riquezas faz com que a legislação flutue conforme os interesses das corporações econômicas que atuam na região.
A concentração urbana indica que a vida na floresta muitas vezes é inviabilizada para as populações originárias e tradicionais. Todas as lutas indígenas, de ribeirinhos, de quilombolas é sempre um passo a cada dia para manter seus territórios. Porém, mesmo contra a corrente do modelo, é graças a essas populações que ainda temos grande parte da floresta em pé.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja Católica na Amazônia Legal vive e cresce no enraizamento na sabedoria tradicional e na piedade popular que durante séculos mantém viva a fé e a espiritualidade do povo da floresta. Diversos leigos, sacerdotes, religiosos (as) derramaram seu sangue em nome da dimensão sociotransformadora da fé, cuja defesa dessas populações e do meio ambiente foram seu principal esforço.
BIOMA CAATINGA: LOCALIZAÇÃO
A Caatinga, cujo nome é de origem indígena e significa “mata clara e aberta”, encontra-se envolvida pelo clima semiárido entre a estreita faixa da Mata Atlântica e o Cerrado. É um bioma exclusivamente brasileiro, que abrange territórios de 8 estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, onde vivem 27 milhões de pessoas.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – Biodiversidade
A Caatinga apresenta uma grande riqueza de ambientes e espécies, que não é encontrada em nenhum outro bioma. A seca, a luminosidade e o calor característicos de áreas tropicais resultam numa vegetação de savana estépica, espinhosa e decidual (quando as folhas caem em determinada época). Há também áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsão climático mais ameno.
Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um de longo período de estiagem, seguido de chuvas intermitentes e um de seca curta seguido de chuvas torrenciais (que podem faltar durante anos). Dos ecossistemas originais da caatinga, 80% foram alterados, em especial por causa de desmatamentos e queimadas.
Com 70% do seu subsolo formado por rochas cristalinas, o bioma Caatinga tem poucas nascentes e rios perenes, portanto, poucos aquíferos. Com o que diz respeito à fauna, o bioma Caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves, 177 tipos de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 classes de peixes e 221 espécies de abelhas.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – sociodiversidade
Aproximadamente 40% da população do Bioma Caatinga ainda está no meio rural, sendo considerada a região mais ruralizada do Brasil. Entretanto, a ampliação dos centros urbanos médios e pequenos na Caatinga crescem, como em todas as regiões do Brasil e padecem dos mesmos problemas de saneamento, violência e outros males dos centros urbanos brasileiros.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA CAATINGA
A caatinga, por ser uma vegetação geralmente baixa, favorece a apicultura. É também a vegetação baixa o melhor alimento para a criação de animais de pequeno e médio porte como cabras, ovelhas e outros adaptados ao clima semiárido.
Este bioma tem sido agredido pelas queimadas e pelo desmatamento para plantio de culturas que raramente se adaptam adequadamente como o caso do ciclo do algodão. Outras causas do desmatamento são o gado bovino solto nas caatingas e a geração de madeira para a indústria de gesso e para as carvoarias. O desmatamento gera a desertificação provocada pela economia irresponsável e predadora.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A partir da década de 90 do século passado foi abandonada a ideia de lutar contra a seca – característica do bioma caatinga – e passou-se a difundir a ideia de aprender a conviver com o semiárido. Esta mudança de ideia promoveu a captação da água da chuva para beber, da defesa dos territórios das comunidades tradicionais e indígenas, valorização da cultura local, dos saberes dos povos caatingueiros, do aproveitamento da energia solar, dos ventos e outros potenciais da região. Também se expandiu a rede de infraestrutura social, como energia elétrica, adutoras, telefonia, internet, etc. Contudo, há ainda a debilitada infraestrutura da saúde, violência no campo e a presença das drogas nas cidades interioranas. A insegurança no campo tem provocado a migração para as áreas urbanas.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
As festas de São João, rodas de São Gonçalo, celebrações da Quaresma e Semana Santa são marcas da religiosidade popular da caatinga. Padre Ibiapina, um cearense, aproveitou-se desta religiosidade popular para implantar várias resoluções dos problemas do povo. Ainda no século XIX ele concretizou a captação da água das chuvas nas cisternas nas casas da Caridade, onde se acolhiam enfermos, mulheres grávidas e viajantes.
Seguiram os passos do religioso cearense o padre Cícero e muitos de seus discípulos que souberam acolher o povo liberto da escravidão e remanescentes indígenas, fundando comunidades como Caldeirão no Crato (CE) e Canudos (BA).
Atualmente se observa que a vida de fé das comunidades cristãs neste bioma é marcada pela piedade popular, que se caracteriza pela devoção e pelas romarias nos expressivos santuários da região, como Bom Jesus da Lapa (BA), Santuário Frei Damião (PB), Santuário de São Francisco, em Canindé (CE), etc. Não podemos deixar de citar que experiências da ação evangelizadora como a Campanha da Fraternidade e CEBs, surgiram na região Nordeste.
BIOMA Cerrado: LOCALIZAÇÃO
O Cerrado tem duas estações climáticas bem definidas: chuvosa e seca. O solo, de composição arenosa, é considerado o bioma brasileiro mais antigo. Sua vegetação é encontrada na região Centro-Oeste e também na região oeste de Minas Gerais e das regiões sul do Maranhão e do Piauí. Nesta área vivem 22 milhões de pessoas.
CARACTERÍSTICAS DO CERRADO
É no Cerrado que está a nascente das três maiores bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade. Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas.
No Cerrado predominam formações da savana e clima tropical quente subúmido, com uma estação seca e uma chuvosa e temperatura média anual entre 22°C e 27°C.
Além dos planaltos, com extensas chapadas, existem nessas regiões florestas de galeria, conhecidas como mata ciliar e mata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folhagem persistente durante todo o ano; e a vereda, em vales encharcados e que é composta de agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas (estas são constituídas por plantas de diversas espécies, como gramas e bambus).
CERRADO – Caixa d´água do Brasil
Embora o Cerrado não produza água, ele acumula as águas das chuvas em seu subsolo poroso, principalmente as vindas dos “rios aéreos” amazônicos. Assim, os biomas Amazônico e Cerrado se unem perfeitamente para a produção e distribuição da água para o Brasil.
BIODIVERSIDADE
O conjunto de todos os seres vivos do bioma Cerrado representa 5% da fauna mundial. A alta diversidade de ambientes se reflete em uma elevada riqueza de espécies vegetais (23.000) e animais (320.000), sendo que 90.000 são de insetos. Entretanto há que se alertar que das 427 espécies listadas em risco de extinção, 132 estão no Cerrado.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – sociodiversidade
Os indígenas, primeiros habitantes do Cerrado, junto com os camponeses, constituem os grupos importantes no Cerrado. Denomina-se camponês aquele agricultor que possui autoidentidade reconhecida como povos e comunidades tradicionais. São eles os guardiões do patrimônio ecológico e cultural deste bioma.
BELEZA, FRAGILIDADES E DESAFIOS DO BIOMA CERRADO
É o bioma Cerrado que abastece a bacia do Rio São Francisco. Um bioma tão antigo mostra-se frágil em sua capacidade de resistência e regeneração. A mão humana pode extinguir rapidamente um dos biomas mais antigos da face da terra.
REALIDADE POLÍTICA E OS DESAFIOS DO CERRADO
Com o pretexto da defesa e preservação da Amazônia, avança sobre o Cerrado a ocupação desordenada em vista da exploração econômica, com a destruição da biodiversidade e ameaça à vida e à cultura dos povos originários e comunidades tradicionais. Amparados por decisões governamentais de caráter duvidoso, o agronegócio avança sobre o bioma cerrado, principalmente para exploração do solo e aproveitamento desordenado das águas no subsolo. O agronegócio produz amplo desmatamento, sequestram a terra dos povos e comunidades tradicionais, modificam a química do solo, além de alterar o regime das águas, trazendo grande prejuízo a todo o território brasileiro. O que é preocupante é que o Cerrado, uma vez destruído, não se reconstitui.
O cerrado é o ecossistema brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja Católica está empenhada na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional –PEC 115/150 -, que inclui o Cerrado e a Caatinga como Patrimônios Nacionais. Também produz material popular para ativar a consciência da preservação ambiental junto às comunidades.
BIOMA MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460 quilômetros quadrados e estendia-se originalmente por 17 estados. Hoje restam 8,5% de remanescentes florestais. Atualmente, somados todos os fragmentos de floresta acima de 3 hectares, temos 12,5% da sua área original.
Desde o descobrimento do Brasil a Mata Atlântica vem sendo destruída. O pau-brasil, característico dela, foi o principal alvo da extração e exploração daqueles que colonizavam o Brasil.
Os relatos antigos falam de uma floresta aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas. Hoje a concentração urbana neste bioma abriga a maioria das capitais litorâneas e regiões metropolitanas. Nestas regiões o saneamento básico ainda é um sonho para muitos.
CARACTERÍSTICAS NATURIAS – biodiversidade
Seu principal tipo de vegetação é a floresta normalmente composta por árvores altas e relacionada a um clima quente e úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos e variados conjuntos florestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é reconhecida como o bioma brasileiro mais descaracterizado. Isso porque os primeiros episódios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país levaram o homem a ocupar e destruir parte desse espaço.
Vivem na Mata Atlântica mais de 220 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas (que existe somente em uma determinada área ou região geográfica); 270 espécies conhecidas de mamíferos; 992 espécies de aves; 197 répteis; 372 anfíbios; 350 peixes.
A pressão sobre a Mata Atlântica é histórica e ao longo do tempo muda de aspecto e aumenta em intensidade. Começa com a extração do pau-brasil, passa por vários ciclos econômicos de cana de açucar, café, ouro, fumo. A devastação total da araucária ocorreu a partir do século XX com a intensa exploração da agricultura e agropecuária, assim como a expansão urbana desordenada.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – sociodiversidade
Originalmente, os povos Tamoio, Temininó, Tupiniquim, Caetés, Tabajara, Potiguar, Pataxó e Guarani ocupavam esse imenso território litorâneo. Foram eles os primeiros a sofrerem com a chegada dos colonizadores. Os brancos além de espelhar doenças, usaram os índios como escravos e soldados nas guerras.
Hoje, milhares de comunidades tradicionais pesqueiras dependem dos manguezais para sua reprodução física e cultural. Para as comunidades pesqueiras o manguezal não é apenas um lugar que se retira o sustento, mas é espécie de lugar sagrado. Há um rito de profundo respeito às águas, a lama, ao cheiro, a fauna e flora existentes nos manguezais de modo que se institui uma linguagem própria e uma cosmovisão específica da criação.
Entre as interferências no processo cultural do bioma Mata Atlântica estão as empresas nacionais e transnacionais. Elas investem na monocultura do eucalipto, o que provoca, em vários estados brasileiros, o “deserto verde”.
Outra situação preocupante é que grande parte do que resta da Mata Atlântica está nas mãos de proprietários particulares, que precisam ser conscientizados sobre a necessidade da preservação do bioma Mata Atlântica.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES
E OS DESAFIOS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Das 633 espécies de animais ameaçados de extinção no Brasil, 383 ocorrem na Mata Atlântica. Junto a esta preocupação estão as grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e outras que padecem de desmoronamentos e a falta de saneamento básico. A concentração populacional na área urbana leva à ocupação em áreas de risco, de mananciais e encostas de morros. Os serviços de tratamento de esgoto, resíduos sólidos ainda são muito precários o que aumenta a degradação do ambiente. O maior problema deste e de outros biomas são as consequências de um modelo econômico que para gerar riqueza tem que concentrar pessoas e destruir o ambiente no qual se insere.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A ganância capitalista, conivência do poder público e falta de consciência ecológica tem provocado a degradação do meio ambiente e a expulsão de diversas comunidades. A ausência do saneamento básico é outra grave ameaça. Grande parte dos esgotos das residências de áreas urbanas e rurais é despejada diretamente nos rios, no mar e nos mangues.
A falta do comprometimento político em relação ao uso e ao cuidado da água tem gerado consequências sentidas pela população nestes últimos anos com a baixa do espelho d´água em muitos reservatórios (represas) e consequente racionamento do líquido da vida.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Com a chegada dos primeiros missionários jesuítas, Padre Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros, deu-se início ao processo de aldeamento, a construção de conventos e colégios. Também outras ordens religiosas e congregações deram a sua contribuição: os franciscanos, beneditinos, carmelitas e outros.
Não podemos deixar de lembrar também das pastorais sociais, com atuação nos diversos seguimentos da sociedade, defendendo a vida, nas várias instâncias em que ela é ameaçada pelo modelo econômico em desenvolvimento.
BIOMA PANTANAL: LOCALIZAÇÃO
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. O Pantanal é um bioma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena faixa dele adentra outros países (o Paraguai e a Bolívia).
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – biodiversidade
O BIOMA Pantanal é caracterizado por inundações de longa duração (devido ao solo pouco permeável) que ocorrem anualmente na planície, e provocam alterações no ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das populações locais. A vegetação predominante é a savana. A cobertura vegetal original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande parte substituída por lavouras e pastagens, num processo que já repercute na Planície do Pantanal.
Esse bioma é muito influenciado pelos regimes dos rios presentes nesses lugares, pois, durante o período chuvoso (outubro a abril), a água do pantanal alaga grande parte da planície da região. Quando o período chuvoso acaba, os rios diminuem o seu volume d’água e retornam para os seus leitos. Por essa razão, a vegetação e os animais precisam adequar-se a essa movimentação das águas. Todos esses fatores tornam a vegetação do pantanal muito diversificada, havendo exemplares higrófilos (adaptados à umidade), plantas típicas do Cerrado e da Amazônia e, nas áreas mais secas, espécies xerófilas. A fauna é constituída por várias espécies de aves, peixes, mamíferos, répteis etc.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – sociodiversidade
Quando chegaram os primeiros colonizadores, 1,5 milhões de indígenas habitavam a região. Hoje, esta população é muito pequena e grande parte dos indígenas remanescentes vive em cidades da região ou trabalham nas fazendas. Outra pequena parte reside numa área indígena do Pantanal. Hoje, a população no pantanal brasileiro é de aproximadamente 1.100.000 pessoas.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA PANTANAL
Durante a cheia, os rios, lagos e riachos ficam interligados por canais e lacunas ou desaparecem no mar de águas permitindo o deslocamento de espécies. Esse processo é um dos principais responsáveis pela constante renovação da vida e pelo fornecimento de nutrientes. Na época da seca formam-se então lagoas e corixos isolados, os quais retêm grandes quantidades de peixes e plantas aquáticas. Vale lembrar que o Pantanal é uma das áreas mais importantes para aves aquáticas e espécies migratórias, como abrigo, fonte de alimentação e reprodução.
A expansão desordenada e rápida da agropecuária, com a utilização de pesadas cargas de agroquímicos, a exploração de diamantes e de ouro nos planaltos, com a utilização intensiva de mercúrio, são responsáveis por profundas transformações regionais. A mineração ativa na região podem afetar os lençóis freáticos que abastecem os rios, córregos e poços, contaminando a água.
O tráfico, a caça e a venda de peles, couro ou artefatos provenientes de animais silvestres são práticas que, embora ilegais, ainda ocorrem. Várias espécies de animais já estiveram ameaçadas de extinção. As situações mais conhecidas nacional e internacionalmente são o jacaré do pantanal e a onça.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A falta de visão e políticas integradas para o Pantanal, que considerem as necessidades essenciais das populações locais resulta em ações isoladas e com pouca repercussão em sua totalidade. Além disso, as principais demandas sociais vão sendo postas em segundo plano.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Para a Igreja Católica, o bioma Pantanal não representa somente um santuário ecológico onde se preservam espécies, mas sim um lugar onde o ser humano faz uma profunda experiência de Deus, da natureza e do outro. Atuam na região com expressivo empenho o Conselho Indigenista Missionário, Cáritas, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Comunidades Eclesiais de Base, etc. Estas ações da Igreja na região do Pantanal dedicam especial atenção aos povos originários, ribeirinhos e pantaneiros.
BIOMA PAMPA: LOCALIZAÇÃO
O bioma pampa está presente, no Brasil, somente no Rio Grande do Sul, ocupando 63% do território do Estado. Ele constitui os pampas sul-americanos, que se estendem pelo Uruguai e pela Argentina e, internacionalmente, são classificados de Estepe. O pampa é marcado por clima chuvoso, sem período seco regular e com frentes polares e temperaturas negativas no inverno.
Esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropical e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc.
Esse tipo de paisagem apresenta dois tipos bem definidos:
1-Campos Limpos – Ocorrem quando a vegetação não apresenta arbustos, ganhando uma paisagem mais homogênea, sem diferenças muito grandes entre uma parte e outra.
2-Campos sujos – Ocorrem quando há uma maior presença desses arbustos, que se misturam à paisagem.
CARACTERÍSTICAS NATURAIS – biodiversidade
A vegetação predominante do pampa é constituída de ervas e arbustos, recobrindo um relevo nivelado levemente ondulado. Formações florestais não são comuns nesse bioma e, quando ocorrem, são do tipo floresta ombrófila densa (árvores altas) e floresta estacional decidual (com árvores que perdem as folhas no período de seca).
As estimativas indicam valores em torno de três mil espécies de plantas. A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves. Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos. O vento é uma das características marcantes do cenário dos pampas.
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do bioma Pampa. Estimativas de perda de habitat dão conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do Bioma Pampa.
OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA – sociodiversidade
Os primeiros europeus a ocupar o Rio Grande do Sul foram os jesuítas espanhóis vindos do Paraguai que fugindo dos bandeirantes paulistas se estabeleceram na parte noroeste do estado trazendo indígenas e gado bovino. Esse gado recém-chegado era criado solto. Não havia nenhum rigor ou cuidado especial já que muito bem adaptado o gado crescia livre alimentando-se de vastas pastagens.
No século XVIII os negros chegam ao Rio Grande do Sul, participando das lavouras de trigo, nas charqueadas e nas estâncias de criação, assim como a ocupação da região da campanha pelos portugueses devido ao tratado de Madri.
A partir do século XIX iniciou-se o cercamento dos campos, provocando importantes mudanças no modo de vida do gaúcho. Surgem as fazendas, o que muda as relações familiares. Também o caráter principal da subsistência cede lugar à fazenda com função comercial.
A mulher tem assumido seu papel na conservação do Pampa. Em épocas passadas elas eram responsáveis pelas lidas domésticas, alimentação da família e cuidado com os filhos. As mulheres dos peões além de trabalharem em suas casas também trabalhavam na casa dos patrões e muitas ainda na agricultura para autoconsumo.
Atualmente, muitas mulheres rurais nos Pampas são responsáveis e mantenedoras da economia doméstica, organizando-se em cooperativas, lidando com a pecuária de leite, artesanato, etc. Também muitas delas são conhecedoras das ervas medicinais e dos processos de curas naturais auxiliando na preservação dos recursos naturais.
A ovinocultura, tanto pelo uso da carne como da lã, ainda é a mais forte tradição da região Pampa, mas sua principal atividade continua sendo a criação do gado bovino. O chimarrão, o churrasco, a música de fronteira, são riquezas que permanecem mesmo em tempos da industria cultural.
A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA PAMPA
Esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropical e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc. São exemplos de animais que vivem nesse bioma o veado, garça, lontras, capivaras e outros.
Entre os desafios e as fragilidades do bioma Pampa estão as iniciativas governamentais que contrariam a vocação natural da região para a pecuária e o turismo. Estas iniciativas incluem grandes plantios de pinus e eucaliptos que causam impactos ambientais, tais como: alteração dos recursos hídricos; interferência no regime dos ventos e de evaporação.
Outras preocupações que ameaçam o bioma Pampa são a ampliação da área de soja, trigo e arroz e a cultura da mamona para a elaboração de biocombustível. Há ainda a antiga e constante ameaça da mineração e queima de carvão mineral, o que aumenta a incidência e frequência de doenças pulmonares.
CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
É no Pampa que existe a grande maioria dos latifúndios do Rio Grande do Sul que, além da criação de gado, apostam na monocultura de eucalipto, acácia e pinus. Estes monocultivos são denominados pelos Movimentos Sociais de “Deserto Verde”, exatamente porque são extremamente nocivos ao meio ambiente, prejudicando a fauna e a flora originais do Pampa.
É importante destacar que, apesar de ser região latifundiária, há muitas famílias de pequenos agricultores, indígenas, quilombolas.
CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja está presente na região desde a primeira evangelização, mas com características muito próprias. Foi ali que os missionários jesuítas fundaram “As Missões dos Sete Povos”. Nos últimos anos, seja pela presença das Pastorais Sociais, das Semanas Sociais, das Campanhas da Fraternidade, das CEBs, muito se valoriza a agricultura familiar, os territórios das comunidades tradicionais e os remanescentes indígenas.
CAPÍTULO II – JULGAR
NA SAGRADA ESCRITURA
A Sagrada Escritura não se preocupa diretamente com os biomas. Contudo, oferece elementos que iluminam a temática a partir do projeto de Deus nela apresentado. Tal projeto inicia-se pela criação e organização do mundo. E conhece uma ruptura por causa do pecado. Seu verdadeiro significado é revelado em Cristo Jesus. A reflexão que segue está dividida nesses três momentos buscando apresentar que o mundo e as criaturas fazem parte desse projeto de Deus.
HARMONIA ORIGINAL: o mundo criado
A FÉ JUDAICO-CRISTÃ APONTA UM CAMINHO OBJETIVO: O MUNDO FOI CRIADO POR DEUS
A criação é apresentada em dois relatos. O primeiro apresenta a criação sendo realizada em sete dias (Gn 1,1-2,4a). Cada um dos seis primeiros dias tem em seu programa um elemento necessário para a continuidade da obra no outro dia (Gn 1,3-24). O sétimo dia tem como programa o descanso divino. O segundo relato destaca Deus providenciando a chuva e para a fecundação da terra e só depois cria o homem e o coloca como guardião de toda obra criada.
A criação é obra prima das mãos de Deus (Salmo 8). A acusação que a ordem de Deus “enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28) favoreceria a exploração selvagem da natureza se baseia em uma má compreensão do texto. O Papa Francisco na encíclica Laudato SI explica que “cultivar” quer dizer proteger, cuidar, preservar, velar. Isso implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza. A criação pertence a Deus (Sl 24; Lv 25,23). O homem, que é imagem e semelhança de Deus, recebeu a vocação de cuidar e guardar com atenção dos seres que dela fazem parte.
A ALIANÇA ROMPIDA E O PECADO
As primeiras páginas do livro do Gênesis relatam também a triste realidade do pecado do homem (Gn 3,6). O ser humano provoca uma ruptura nas relações. A primeira relação a ser ferida é com Deus. As relações interpessoais também são afetadas (Gn 3,12-13). E a ruptura dos relacionamentos inclui o mundo criado (Gn 19; Ex 8-11; 2 Sm 24). O relato do pecado afirma como consequência da queda a hostilidade da terra ao homem (Gn 3,19).
Aos profetas caberá a missão de denunciar o pecado confrontado com o plano de Deus e também a insistência para o valor do arrependimento (Am 5,4;. Os 14; Jr 3,12; Is 55,7; 57,15; Ez 18,23). Os profetas têm consciência plena de que as relações serão restauradas (Is 2,4; Is 60,18-19): “o lobo, então, será hóspede do cordeiro, o leopardo vai se deitar ao lado do cabrito, o bezerro e o leãozinho pastam juntos, uma criança pequena toca os dois(…) O bebê vai brincar no buraco da cobra venenosa (Is 11,6-8).
TEMPOS MESSIÂNICOS: restauração de tudo em Cristo
Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos (Gl 4,4-5). A iniciativa é sempre de Deus, porque o homem em si é incapaz de se reconciliar com seu Criador por suas próprias forças(2 Cor 5,18; Rm 5,10; Mt 6,9-13; Jo 20,17).
Jesus, nas suas mensagens catequéticas utiliza de elementos da criação (Jo 4,10-14; Mt 5,45; Jo 15;; Mc 4,1-20). Assim, por meio da contemplação da natureza o ser humano é convidado por Jesus a compreender que sua vida está nas mãos de Deus (Mt 6,28-29). Somente buscando o Reino de Deus em primeiro lugar o homem pode libertar-se do incansável desejo de possuir (Mt 6,33-34).
A redenção da criação é apresentada em Apocalipse 21-22 através da imagem da Jerusalém celeste. Antes disso, o livro do Apocalipse apresenta o desequilíbrio gerado pelo pecado do homem em toda a criação: rios poluídos (Ap 8,8); queimadas (Ap 8,7); terremotos (Ap 16,18); doenças (Ap 9,4-5). Quando tudo parece perdido, Deus age e coloca fim no sofrimento, fazendo surgir um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1). Jesus reconstrói toda a criação e faz novas todas as coisas (Ap 21,5)
LAUDATO SI: ponto culminante de um caminho
A reflexão seguinte quer contribuir para conhecer o caminho de aprofundamento da consciência eclesial sobre a ecologia e para situar nele a encíclica Laudato Si. O desafio da convivência com os biomas, embora não seja tratado especificamente, se ilumina de modo particular com a reflexão a respeito da interligação de todas as criaturas.
BEATO PAULO VI: a tomada de consciência do desafio ecológico
O Beato Paulo VI iniciou a reflexão do magistério pontifício sobre ecologia na carta apostólica Octogesima Adveniens, em comemoração dos 80 anos da encíclica Rerum Novarum do papa Leão XIII. Dizia Paulo VI que: “Não só mjá o ambiente material se torna uma ameaça permanente, poluições e lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto; é mesmo o quadro humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global, que poderá tornar-se para a humanidade insuportável” (AO 21).
SÃO JOÃO PAULO II: ecologia e ética
A mensagem de São João Paulo II para o vigésimo terceiro Dia Mundial da Paz foi centrada no tema “Paz com Deus criador, paz com toda a Criação” (01/01/1990). Disse o Santo Papa polonês: “O gradual esgotamento da camada do ozônio e o consequente efeito estufa que ele provoca já atingiram dimensões críticas, por causa da crescente difusão das indústrias, das grandes concentrações urbanas e do consumo de energia. Lixo industrial, gases produzidos pelo uso de combustíveis fósseis, desflorestamento imoderado” (…) “tudo isto, como se sabe é nocivo para a atmosfera e para o ambiente”.
Em sua encíclica Centesimus Annus (01/05/1991) São João Paulo II considera que o homem, tomado mais pelo desejo do ter e do prazer, do que pelo ser e crescer consome de maneira desordenada os recursos da terra e da sua própria vida. Segundo ele, a atenção à preservação dos habitat naturais das diversas espécies animais ameaçadas de extinção deve ir de mãos dadas com o respeito pela estrutura natural e moral, da qual o homem foi dotado. Para São João Paulo II a crise ambiental não é só científica e tecnológica, mas fundamentalmente moral.
BENTO XVI: a ecologia humana
Por diversas vezes o Papa Bento XVI foi apresentado como “o primeiro papa verde”. Em sua mensagem para o sexagésimo Dia Mundial da Paz (01/01/2007) ele retomou e consolidou a relação inseparável que existe entre ecologia da natureza, ecologia humana e ecologia social.
Na encíclica Caritas in Veritate (29/06/2009) Bento XVI recordou a urgência de uma solidariedade que leve a uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, de modo que os próprios países desprovidos possam ter acesso a eles. Na audiência Geral de 26/08/2009 afirmou: “é indispensável converter o atual modelo de desenvolvimento global para uma maior e compartilhada assunção de responsabilidade em relação à criação: isso é exigido não só pelas emergências ambientais, mas também pelo escândalo da fome e da miséria”.
FRANCISCO: uma ecologia integral
No magistério do Papa Francisco aparece uma clara visão global, em continuidade com seus antecessores. Em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (24/11/2013) o pontífice argentino afirmou: “Nós, os seres humanos, não somos meramente beneficiários, mas guardiões das outras criaturas. Pela nossa realidade corpórea, Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo que nos rodeia que a desertificação do solo é como uma doença para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação”.
O Papa Francisco diz que o tempo para encontrar soluções globais está acabando. Por isso percebeu o sumo pontífice que já era chegado o momento de produzir um documento oficial sobre a ecologia. E assim nasce a Laudato SI aos 24 de maio de 2015. Nesta, que é a primeira encíclica ecológica, o Papa indica como um dos eixos fundamentais da reflexão ecológica a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta. Tanto a natureza como os pobres são usados como formas para o lucro fácil: exploração da mão de obra barata e extração desenfreada dos recursos naturais, tudo em nome do lucro fácil disfarçado de progresso humano.
CONCLUSÃO
A reflexão sobre os biomas e os povos originários recebe uma rica iluminação da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja. É preciso que a constatação das riquezas e dos desafios ligados ao tema da Campanha da Fraternidade seja levada à ação a partir de uma reflexão serena e profunda dos ensinamentos da tradição cristã.
A partir da fé cristã, é grande a contribuição que pode ser dada às questões da ecologia integral e, em particular, à convivência harmônica com os nossos biomas. Como afirma o Papa Francisco: “as convicções da fé oferecem aos cristãos – e, em parte, também a outros crentes – motivações importantes para cuidar da natureza e dos irmãos e irmãs mais frágeis”. (Laudato Si n.64).
CAPÍTULO III- AGIR
O agir da Campanha da Fraternidade de 2017 está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja, principalmente com a encíclica Laudato SI e com a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016. Elas indicam a necessidade da conversão pessoal e social, dos cristãos e não cristãos, para cultivar e cuidar da criação. A encíclica Laudato Si propõe a ecologia integral como condição para a vida do planeta.
A Campanha da Fraternidade 2017 também está em sintonia com a celebração dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Sob as bênçãos de Maria, rogamos a Deus para nos encorajar a fim de que possamos fazer ecoar nosso grito à sociedade brasileira e ao mundo que os biomas pedem socorro.
O AGIR NO BIOMA AMAZÔNIA
Precisa ser superada a ideia da Amazônia como terra a ser explorada. É preciso aprender com os povos originários e comunidades tradicionais a convivência com o meio ambiente. É preciso igualmente fortalecer as cooperativas, baseadas no agroextrativismo que gera renda para muitas famílias. Também é necessário fortalecer as políticas públicas por saneamento básico e transporte público de qualidade.
O AGIR NO BIOMA CAATINGA
A Caatinga é um bioma extremamente frágil. Nas últimas décadas 40 mil quilômetros quadrados deste bioma se transformaram em deserto por interferência do homem. Padre Cícero, em meados do século passado, deixou vários preceitos ecológicos que continuam atuais:
“Não derrube o mato e nem toque fogo no roçado. Não cace, deixe os bichos viverem. Não crie boi ou bodes soltos. Não plante em serra cima, faça uma cisterna para guardar água da chuva. Plante a cada dia pelo menos um pé de árvore”.
Além dos preceitos do Padre Cícero é preciso ainda retomar as discussões sobre a realidade urbana, principalmente em relação ao esgotamento sanitário. Ampliar o uso de cisternas para captação das águas da chuva e desenvolver a captação da energia solar e uso da energia eólica. Reforçar a luta pela demarcação dos territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Trazer para as escolas o estudo sobre um correto entendimento do bioma caatinga para que as pessoas ali residentes aprendam a conviver e superar os desafios da seca.
O AGIR NO BIOMA CERRADO
Promover o intercâmbio entre as comunidades locais. Fortalecer a agricultura familiar e a preservação e recuperação das frutas e das ervas medicinais. Reforçar a campanha promovida por diversas entidades cujo lema é: Cerrado, berço das águas: sem Cerrado, sem água, sem vida. Exigir controle mais rígido sobre o licenciamento de novos projetos de irrigação.
O AGIR NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Exigir do poder público a recuperação das áreas degradadas do bioma, como as matas ciliares e nascentes. Exigir que as políticas de saneamento básico sejam implantadas em toda a área urbanizada e rural do bioma Mata Atlântica. Cuidar das nascentes e dos rios. Apoiar as ações em defesa do bioma frente ao avanço das mineradoras que degradam e retiram riquezas. Denunciar os projetos econômicos imobiliários em áreas de Preservação Permanente (APP). Apoiar a produção agroecológica camponesa com base na agricultura familiar, como alternativa ao latifúndio e o agronegócio. Incentivar o consumo de produtos agroecológicos e sustentáveis da Economia Solidária.
O AGIR NO BIOMA PANTANAL
Dar visibilidade as populações pantaneiras com suas culturas e costumes. Apoiar os povos indígenas para garantir que suas terras ancestrais lhes sejam demarcadas, afastando os fazendeiros gananciosos da região. Promover campanhas de conscientização quanto ao descarte adequado dos resíduos sólidos e esgotos sanitários, para preservar os rios, lagos e igarapés. Promover a integração das lideranças indígenas e das populações tradicionais na luta pelas causas comuns. Assegurar a presença efetiva da Igreja na assistência espiritual às comunidades católicas indígenas.
O AGIR NO BIOMA PAMPA
É notório que o bioma Pampa está sendo ameaçado e tem seus ecossistemas modificados, Por esta razão, propomos:
Incentivar ações que promovam o direito à vida e a cultura dos povos tradicionais que habitam o bioma. Conscientizar da necessidade de defender a biodiversidade animal e vegetal do bioma. Propor novos métodos de produção das áreas ocupadas pelo agronegócio através da recomposição da vegetação original e de cultivo agroecológico. Motivar a recuperação das fontes de água potável, rios, lagoas e banhados através de políticas de despoluição, replantio das matas ciliares e redefinição de seu uso. Exigir políticas públicas para o controle de exploração e comercialização da água, com incentivo ao controle social.
CONCLUSÃO GERAL
As indicações do agir não são de caráter geral. É importante que cada comunidade, a partir do bioma em que vive, e em relação com os povos originários desse bioma, faça o discernimento de quais ações são possíveis e, entre elas quais são as mais importantes e de impacto mais positivo e duradouro. Para este discernimento é importante ouvir a mensagem do Papa Francisco proferida no dia 01/09/2016 no Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. Francisco convida a renovar o diálogo sobre os sofrimentos que afligem os pobres e a devastação do meio ambiente. Para o Papa Francisco, é por nossa causa que milhares de espécies já não dão glória a Deus com sua existência. É devido à atividade humana que o planeta continua a aquecer. Este aquecimento provoca mudanças climáticas que geram a dolorosa crise dos migrantes forçados. Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, são os mais vulneráveis e já sofrem os seus efeitos.
A Campanha da Fraternidade 2017, abordando a realidade dos biomas brasileiros e as pessoas que neles moram, deseja despertar as comunidades, famílias e pessoas de boa vontade para o cuidado e cultivo da casa comum. Cuidar da obra saída das mãos de Deus deveria ser um compromisso de todo cristão.
A criação é obra amorosa de Deus confiada a seus filhos e filhas. Nossa Senhora, Mãe de Deus e dos homens acompanhará as comunidades e famílias no caminho do cuidado e cultivo da casa comum no tempo quaresmal.
Campanha da Fraternidade 2017: Biomas brasileiros e defesa da vida
Campanha pelos biomas brasileiros -
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza anualmente a Campanha da Fraternidade (CF). Trata-se de um período do ano em que um tema social relevante é evidenciado, objetivando a reação da sociedade em relação a problemas concretos que precisam de atenção, reflexão e ação.
A CF 2017 tem como tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, e como lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2, 15). Neste ano, a CNBB põe em debate os biomas do País que de acordo com o texto-base são definidos como “a vida que se manifesta em um conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais”.
O Brasil em sua vasta dimensão territorial possui seis biomas: a Amazônia, a Caatinga, o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal e o Pampa. Cada determinação se caracteriza, pois, pela dinâmica de semelhança que forma o ecossistema, isto é, pela similaridade de vegetação, de clima e formação histórica.
Ora, não é de hoje que a natureza padece de uma profunda crise ecológica que se manifesta também na depredação dos biomas. Para Manfredo Oliveira, a crise ecológica é uma dentre várias específicas mutuamente entrelaçadas, descambando assim numa crise civilizacional, uma crise ético-cultural. A devastação dessas áreas naturais implica diretamente na ação humana e os efeitos de degradação da vida e da natureza denotam um grande risco em eminência patrocinado e mantido pela meta do homem de cada vez mais aumentar o domínio sobre a natureza e a sociedade.
Nessa mesma linha na encíclica Laudato si’, o Papa Francisco adverte: “Se quisermos, de verdade, construir uma ecologia que nos permita reparar tudo o que temos destruído… a Igreja Católica está aberta ao diálogo com o pensamento filosófico, o que lhe permite produzir várias sínteses entre fé e razão”. Desse modo, a crise civilizacional atinge o sentido humano do mundo construído por essa mesma humanidade, o que se torna um desafio contemporâneo.
Com efeito, é de suma importância conceber que do fato da crise ético-cultural derivar a crise ecológica, as coisas estão conectas. Prova disso é a exposição feita pelo Papa na referida encíclica de uma “ecologia integral”, ou seja, uma proposta que contempla a íntima relação dos problemas atuais que incluem dimensões humanas e sociais. A fragmentação do conhecimento e a divisão social do trabalho continuam a gestar uma visão amplamente segmentada dos problemas. Em última instância o ensejo de uma conjugação efetiva que reconheça conexões de abrangência de diferentes ramos dos saberes se apresenta como uma empreitada desafiante.
Noutros termos: é preciso observar as relações das coisas. No caso dos biomas, como a crescente desertificação da Caatinga, o desmatamento da floresta Amazônica, e a agressão a Mata Atlântica influem na vida humana e dos animais? Como a vontade política poderia diretamente implementar medidas de preservação? Como incorporar o conceito de sustentabilidade nas atividades econômicas?
As respostas para tais perguntas se colocam no caminho da CF 2017 rumo a uma conscientização e mobilização civil em prol do cuidado com nossa casa comum que nos sustenta como dizia Francisco de Assis.
Por Felipe Feijão - Socializando
Relembre todas as 52 Campanhas da Fraternidade da CNBB
Em 2013, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove, pelo 50º ano consecutivo, a Campanha da Fraternidade. Nascida já com esse nome em 1962 na Arquidiocese de Natal, então comandada por Dom Eugênio Sales, a iniciativa foi um sucesso, e a partir de 1964 começou a ser celebrada em caráter nacional. Ao longo de cinco décadas, diversos temas foram abordados, sempre focados nas questões da Igreja e do povo do Brasil. Neste ano de 2013, a juventude, (que já foi tema em 1992) voltou a ser o centro da campanha.
Ao longo de sua história, a Campanhas da Fraternidade teve três fases. A primeira delas, de 1964 a 1972, foi centrada nas questões da própria Igreja. A segunda fase, de 1973 a 1984, abordou de forma ampla as questões sociais do Brasil. A partir de 1985 começou a terceira fase, quando passaram a ser abordadas as questões sociais de forma mais específica.
A partir do ano 2000, começaram a ser promovidas também, a cada cinco anos, as campanhas ecumênicas, em parceria com as denominações afiliadas ao Conselho Nacional de Igrejas cristãs (Conic). Assim, foram ecumênicas as campanhas de 2000, 2005 e 2010.
Além do tema, a Campanha da Fraternidade sempre tem um lema, geralmente um versículo bíblico a partir do qual se desenvolvem as reflexões sobre o assunto tratado. Também há sempre um cartaz e um hino.
Veja a seguir todas as Campanhas da Fraternidade:
* Primeira fase: Renovação interna da Igreja e renovação do cristão.
1. 1964 – Igreja em Renovação / lema: Lembre-se: você também é Igreja.
2. 1965 – Paróquia em Renovação / lema: Faça de sua paróquia uma comunidade de fé, culto e amor.
3. 1966 – Fraternidade / lema: Somos responsáveis uns pelos outros.
4. 1967 – Corresponsabilidade / lema: Somos todos iguais, somos todos irmãos.
5. 1968 – Doação / lema: Crer com as mãos.
6. 1969 – Descoberta / lema: Para o outro, o próximo é você.
7. 1970 – Participação / lema: Participar.
8. 1971 – Reconciliação / lema: Reconciliar.
9. 1972 – Serviço e vocação / lema: Descubra a felicidade de servir.
* Segunda fase: Preocupação da Igreja Católica com a realidade social do povo (Concílio Vaticano II, Conferência de Medellín e Conferência de Puebla):
10. 1973 – Fraternidade e Libertação / lema: O egoísmo escraviza, o amor liberta.
11. 1974 – Reconstruir a Vida / lema: Onde está teu irmão?
12. 1975 – Fraternidade é repartir / lema: Repartir o pão.
13. 1976 – Fraternidade e Comunidade / lema: Caminhar juntos.
14. 1977 – Fraternidade na Família / lema: Comece em sua casa.
15. 1978 – Fraternidade no mundo do trabalho / lema: Trabalho e justiça para todos.
16. 1979 – Por um mundo mais humano / lema: Preserve o que é de todos.
17. 1980 – Fraternidade no mundo das migrações, exigência da Eucaristia / lema: Para onde vais?
18. 1981 – Saúde e Fraternidade / lema: Saúde para todos.
19. 1982 – Educação e fraternidade / lema: A verdade vos libertará.
51. 2014 – Fraternidade e Tráfico humano / lema: É para a liberdade que Cristo nos libertou
52. 2015 - Tema:“Fraternidade: Igreja e Sociedade” Lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)
53. 2016 - Tema:“Casa Comum: nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
CAMPANHA DA FRATERNIDADE/2016
Com alegria e animados pelo Espírito, cujo agir consiste em unir, chamar, congregar, superar barreiras e unir pessoas de boa vontade ao redor de objetivos comuns, apresentamos a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, com o tema “Casa Comum: nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
Pela quarta vez, a Campanha da Fraternidade é realizada de forma ecumênica. Nesse ano, tem como objetivo geral “assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”.
As reflexões sobre o saneamento básico contidas no texto-base demonstram que esse é um direito humano fundamental e, como todos os outros direitos, requer a união de esforços entre sociedade civil e poder público no planejamento e na prestação de serviços e de cuidados.
Desejamos que o texto-base contribua para mobilizar e criar espaços ecumênicos de comprometimento com a Casa Comum.
Nosso agradecimento especial a todas as pessoas que contribuíram com a redação desse trabalho, que reflete a soma de muitas experiências e compromissos. O texto foi elaborado em mutirão ecumênico. Todas as pessoas que colaboraram desde as primeiras palavras até a última revisão, colocaram a serviço do testemunho da unidade cristã seus dons e conhecimentos.
Acreditamos que um mundo de justiça e direito precisa ser construído assim: coletivamente, somando as criatividades, os talentos e as experiências em benefício do bem comum.
Que essa CFE fortaleça a fé e a esperança de uma Casa Comum, em que o direito brote como fonte e a justiça qual riacho que não seca!
Dom Flávio Irala – Presidente Pastora Romi Márcia Bencke – Secretária-Geral
Integrantes da Comissão da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016
Igrejas e organizações da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016
Padre Marcus Barbosa Suplente: Antônio Evangelista Igreja Católica Apostólica Romana
Pastor Teobaldo Witter Suplente: Sr. Amando Maurmann Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Reverenda Carmen Kawano Suplente: Enea Stutz de Almeida Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Reverendo Isaque Goés Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
Zulmira Inês LourenaGomes da Costa Suplente: Padre Joanilson Pires Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
Padre José Oscar Beozzo Suplente: Cecília Franco Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEEP
Pastor Wellinton Pereira Suplente: Flávio Conrado Visão Mundial
Pastor Joel Zeferino Aliança de Batistas do Brasil
Pastor Altemir Labes e Presbítero Danieldo Amaral Diretoria do CONIC
Com alegria, apresentamos o subsídio para crianças da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2016. Sabemos que se as crianças não forem orientadas e despertadas para o cuidado com a criação pouca esperança teremos. Cabe a nós ensiná-las a amar e cuidar da nossa Casa Comum.
O caderno para as crianças foi inspirado no material desenvolvido pela Misereor para a Campanha da Quaresma. Este é um resultado concreto de nossa parceria e cooperação. Agradecemos profundamente à Misereor por nos inspirar e também ao senhor Antônio Evangelista e à senhora Vera Gewehr por colocarem suas criatividades a serviço da nossa IV CFE.
A proposta apresenta um jogo interativo que motiva educadores, educadoras e as crianças a pesquisarem e conversarem sobre o Brasil e sua rica diversidade étnica, religiosa e ambiental. Quanto mais diálogo e pesquisa maiores serão as descobertas.
Desejamos que este material nos inspire a olharmos para as riquezas de nosso país e descobrirmos em cada uma delas e grandiosidade da generosidade de Deus ao nos presentear com esta Casa Comum.
A Campanha da Fraternidade nasceu por iniciativa de Dom Eugênio de Araújo Sales, em Nísia Floresta, Arquidiocese de Natal, RN, como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade da pessoa humana, dos filhos e filhas de Deus.
Assumida pelas Igrejas Particulares da Igreja no Brasil, a Campanha da Fraternidade tornou-se expressão de comunhão, conversão e partilha. Comunhão na busca de construir uma verdadeira fraternidade; conversão na tentativa de deixar-se transformar pela vida fecundada pelo Evangelho; partilha como visibilização do Reino de Deus que recorda a ação da fé, o esforço do amor, a constância na esperança em Cristo Jesus (Cf. 1Ts 1,3).
A Campanha da Fraternidade tem hoje os seguintes objetivos permanentes: 01 – Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; 02 – Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; 03 – Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja)”.
A coleta da Campanha realizada como um dos gestos concretos de conversão quaresmal tem realizado um bem imenso no cuidado para com os pobres.
Ao percorrermos o itinerário da Campanha que nossos irmãos nos prepararam, possamos continuar seguindo Cristo, caminho, verdade e vida (Cf. Jo 14,6).
Você já pode adquirir o texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2016, que tem por objetivo o debate de questões relativas ao saneamento básico, desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos. O tema escolhido para a Campanha é “Casa comum, nossa responsabilidade”, e o lema, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24).
A reflexão da CEF 2016 será a partir de um problema que afeta o meio ambiente e a vida de todos os seres vivos, que é a fragilidade e, em alguns lugares, a ausência dos serviços de saneamento básico em nosso país. O texto-base está organizado em cinco partes, a partir do método “ver, julgar e agir”. Ao final, são apresentados os objetivos permanentes da Campanha, os temas anteriores e os gestos concretos previstos durante a Campanha de 2016.
(A Cruz do Senhor; com uma faixa de tecido branco nos braços simbolizando a ressurreição de Jesus de sua morte, é levada à frente pelos participantes acompanhada por velas acesas. O Dirigente acolhe a todos e os convida a participar com fé e devoção da meditação dos Mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.)
Início
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém!
Dirigente: Irmãos e irmãs que a paz de Jesus Cristo esteja conosco!
Todos: Bendito seja o Senhor que nos reuniu na sua paz!
Leitor (a) 1: O cuidado da natureza faz parte dum estilo de vida que implica capacidade de viver juntos em comunhão. Jesus lembrou-nos que temos Deus como nosso. Pai comum e que isto nos torna irmãos. O amor fraterno só pode ser gratuito, nunca pode ser pago. Esta mesma gratuidade leva-nos a amar, desenvolvendo a cultura do cuidado do meio ambiente para evitar sua exploração degradante (cf. LS, n. 36).
Todos: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
Leitor (a) 2: Deus não abandonou o mundo. Ele quer que o seu desígnio e a nossa esperança em relação ao mundo se realizem através da uma cooperação destinada a restabelecer a sua harmonia originária. No nosso tempo, estamos a assistir ao desenvolvimento de uma consciência ecológica, que deve ser encorajada a fim de poder redundai em iniciativas e programas concretos (cf. Declaração Conjunta do Patriarca Ecuménico Bartolomeu I e de São João Paulo II, Roma-Veneza, 10 de junho de 2002).
Todos: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
No site das edições da CNBB, você encontra outros materiais para a CFE 2016:
DVD Ensino Fundamental I – 1° ao 4° ano Ensino Fundamental II – 5° ao 9° ano Ensino Médio Jovens na CFE Círculos Bíblicos Encontros Catequéticos para Crianças e Adolescentes Celebrações Ecumênicas Famílias na CFE e Via-sacra Via-sacra Vigília Eucarística e Celebração da Misericórdia Texto Base Fraternidade Viva Manual da CFE 2016
Cartão postal com oração Cartaz Grande Adesivo Cartaz Banner Grande Adesivo Lema Folhetos Quaresmais Camiseta branca Camiseta preta Cartaz Pequeno Cartaz Médio Banner Pequeno Banner Médio
Fonte: portal Kairos
ENCONTROS DE ENSINO RELIGIOSO.- Fundamental I-II.
Primeiro encontro: “ CASA COMUM, NOSSA RESPONSABILIDADE”.
0.- Ambientação/ Símbolos...: Bola da Terra, Mapa da Terra, do Brasil...florestas,... bichos,...água...
4.4.- A água (doce): (D.B. 2011.- nº 71) Declaração da ONU, 8 julho 2010:
“A água e o saneamento básico, são DIREITOS humanos essenciais”.
Esta questão é primordial para 2/3 da Humanidade. 900 milh4oes vivem se acesso à água
potável, e 2,6 bilhões de pessoa não dispõem de saneamento básico. na A. Latina 115 milhões vivem sem saneamento básico, com 1,5 milhões de mortes.
A crise na oferta de água potável no futuro, vai monopolizar aos debates neste contexto
das mudanças climáticas e aquecimento global.
Estas previsões alarmistas não podem deixar de lado as finalidades genuínas da gestão da
Água: a mitigação da pobreza e redistribuição da renda básica.
Além de: revisão do uso da água, desperdícios,... direitos dos animais e da Terra.
4.4.1.- As águas oceânicas: (nº 73)
Tem a maior importância na temática das águas:
- As costas litorâneas abrigam 2/3 da população mundial.
- Os oceanos governam o clima da Terra.
- São uma fonte de vida e uma ameaça: tsunamis, furações, proliferação de algas, derramamento
de óleo,...
Os oceanos absorvem um terço dos gases emitidos pela atividade humana.
Com a mudanças climática pode haver um desequilíbrio na cadeia alimentos, diversidade marinha.
Os mares estão sendo envenenados com os poluentes despejados na atmosfera.(nº74)
Os oceanos influenciam decisivamente na formação do clima: são reservatório e transmissor de calor no sistema planetário. Fenômeno “El Nino”...
5.- “O PLANETA TERRA, A CASA DE TODOS”,-( Cfr. C.F. 2010)
O Planeta Terra ( melhor seria chamá-lo “Água”), não passa de ser um grão de areia no Universo.
Nele o ciclo da vida se reproduz há bilhões de anos. O único onde há vida exuberante. (?)
Somos todos chamados a manter viva a sinfonia da Criação, a cuidar, respeitar e conviver com a variedade e pluralidade de formas de vida. O Homem foi colocado neste planeta como em um jardim.
* O cuidado dele é uma maneira de viver diferente as relações de mercado e de domínio.
Pela ganância multidões sobrevivem na indigência.
Aprofundam-se a cada ano os sinais de devastação.
Está consumindo mais do que o Planeta pode oferecer.
Demos início a um processo de autodestruição.
* Agora o desafio é refazer a sinfonia universal, o equilíbrio sustentável da vida no Planeta.
O respeito pela Criação e o sonho do Criador.
É um dever da nossa Fé, e uma exigência da nossa Vida.
* Vamos examinar muitas injustiças e desrespeitos à vida, que derivam de uma “economia que idolatra o
mercado”.
Hoje sabemos mais sobre devastação planetária, e desrespeito aos direitos do cidadão.
* É bom destacar que crescem as iniciativas a favor da vida e dos mais desprotegidos.
Instituições de serviço voluntário, dentro e fora das igrejas, em defesa da vida.
Organizações, movimentos, entidades que vão ajudando a reconstruir a casa de todos.
Que lutam por um desenvolvimento humano sustentável, “mas não a qualquer preço”, desde o ponto
de vista social, ecológico e humano.
6.- “ VALOR ECONÔMICO DA ÁGUA”.- Merece uma atenção especial.
A C.F. 2010 dedica um espaço ao problema/ solução da água: nºs 27- 42.
Estamos morando no Planeta-Água, mais que no Planeta-Terra.
O “valor econômico” da água, é um conceito novo.
Antes considerava-se a água como um recurso natural e abundante, inesgotável.
Seu valor não se expressava em termos monetários: na indústria, agricultura, pecuária.
Não se pagava seu uso no processo de produção. Pagava-se apenas pelo uso doméstico e urbano.
Mas agora, com o conceito de “escassez”, aparece o “valor econômico da água”.
Raciociônio: Tendo que pagar o uso da água, a utilização da mesma será mais racional e cuidadosa. (!¡)
. Quanto mais cara, mais racional será seu uso. O que resulta caro, cuida-se melhor.
Perigo: Transformar a água em mercadoria, portanto regida pelas leis do mercado.
Regida pelas leis da oferta e a procura, como se fosse um carro, ou um televisor.
Uso diferenciado: Existem muitos usos da água, nem todos da mesma importância.
Desde a produção agrícola, até a piscina, passando pela fabricação de cerveja,...
Exemplo: Uma fábrica de cerveja retira a água do poço artesiano próprio, e não paga nada.
Para fabricar um litro de cerveja se gastam dois de água.
A poluição de mil litros de cerveja, equivale à poluição produzida por 1200 habitantes.
Uma tonelada de celulose despeja 5000 litros de sujeira no rio, se a água não for depurada.
(Um matadouro joga no rio, 2500 litros de porcaria por cada boi sacrificado).
(E depois descarrega parte dessa água, poluída por detergentes e dejetos no rio mais próximo).
O lucro com a venda da cerveja fica todo ele com a empresa, e as perdas do lençol subterrâneo
e a poluição do rio, com a Comunidade.
Perguntas inocentes: Qual seria uma gestão “justa” da água nesse caso?
Qual o preço da água nessa fábrica?
Qual o reparto do lucro alcançado na venda da cerveja?
Como deveria devolver a água, essa fábrica?
Quais os impostos e, no caso, as multas a serem impostas?
Preços diferenciados:
É preciso atribuir preços diferenciados conforme o uso da água: consumo humano, energia
a multa, irrisória, e continuam “pagando para poluir”).
7.- “A ÁGUA TRANSFORMADA EM MERCADORIA”.
Atualmente este é o grande problema: a transformação da água em MERCADORIA.
Fala-se em “petrolização” da água.- Passa a ser chamada de “ouro azul”.
Tal o preço de um litro de água engarrafada, que é superior a um litro de gasolina.
Classificara a água como mercadoria, seria o triunfo da lógica do mercado, a transformação da água em objeto de lucro, de exploração de uma necessidade básica para o ciclo vital do ser humano.
Não podemos esquecer: que o uso da água é um “direito humano”, universal, e inviolável.
que não é uma concessão que os governos fazem,
que não depende do poder aquisitivo das pessoas ou cidades,
que não é um privilégio de um povo desenvolvido,
que a água e um dom da Natureza gratuito e universal,...
que é condição do ser- vivo a necessidade da água, (como do oxigênio).
que da água depende a Vida, e por tanto ela é sagrada.
É uma perversão de valores e da ordem natural das coisas, aceitar a concepção mundial da água como mercadoria de grande valor econômico, capaz de tornar-se uma fonte de renda para um país.
Defendemos o caráter vital e sagrado da água. Da defesa desta visão, reside a possibilidade de salvarmos o Planeta-Terra/ “ Planeta-Água” da desolação, e de assegurarmos a vida às gerações futuras.
2.2.- Serviço da água corrente.
Não percebemos que é o “luxo” poder girar a torneira e que sejamos recompensados com esse tesouro,
com essa maravilha que é a ÁGUA em casa, para usar e abusar.
Só valorizamos o bom que é a água o dia que falta, por qualquer motivo: arrebentou o cano, estão reparan-
do as instalações, uma inundação,.... Que drama !!
E saber que milhões de famílias ainda não tem água em casa?
O consumo médio por pessoa é de 80 litros por dia. ( S. Paulo gasta 400 litros por dia).
Pensemos um pouco, quanto trabalho supõe trazer até a porta da minha casa e instalar em casa a rede de
água.
Atrás do chuveiro, da torneira, da mangueira, da lavadora, ... tem centenas de pessoas que estão ao meu
serviço, para que tudo funcione.
Mesmo que a água caia do céu, grátis, para carregar esse “ouro azul”até minha casa e garantir que não vai
faltar, é necessário muita gente, que dedica sua vida, dia e noite, para que não falte água nas casas, no
hospital, na fábrica, nos jardins, nos bombeiros,...
Quando pagamos a conta da água, estamos pagando esses serviços, para ter uma vida mais digna. Não pagamos tanto a água, quanto os serviços que supõe.
3.-ALGUMAS ATIVIDADES.
1.- Fazer um croqui em uma cartolina de uma rede elétrica, desde a usina até nossa casa.
Com palitos, fios, caixinhas de fósforos, ...até chegar à rua, à igreja, ao hospital, à minha casa.
2.- Igualmente, mas agora com a rede de água. Desde a captação na montanha, ou no rio, a depuradora,
rede de distribuição (com canudinhos de beber refrigerantes) , até a cidade, as casas,...
3.- Levar o comprovante daconta de água , da SAAE, e ver quantos metros cúbicos consumiram nesse mês.
Calcular quanto custa o metro cúbico. Quantos litros gastaram por dia. Quanto custa um litro d´água.
- Você acha caro o preço da água? .
- Como poderíamos poupar água no próximo mês? .-Pensemos na ducha, na mangueira de lavar a rua,
o carro, o jardim, ... a torneira, ... etc.
Agora vai ao Supermercado e compra uma garrafa de dois litros e compara os preços.
Por que a água engarrafada custa tão caro?.- Porque virou MERCADORIA.
4.- Pega a conta da luz de um mês qualquer, da CEMIG.
Quantos Kws. consumiram no mês?.- Qual o preço de um kw.?
Você acha caro o preço da energia elétrica?.- Como poderíamos poupar energia?
Quais os aparelhos que mais energia gastam?.- Aparelhos ligados, luzes acesas, ...etc.
4.- Olhando para o Evangelho. ( Pesquisar)
* Jesus falou muitas vezes da água: de lavar, purificar, beber, ...
* Ele fez muitos usos da água:
Jesus passeou, pescou, bebeu, lavou,... curou, batizou, transformou em vinho. A água é vital.
Está presente no dia a dia. A sede é o sintoma da necessidade vital.
Ler o texto de Jesus e a Samaritana: (texto reduzido).- Jo. 4, 1- 14.
2.- O que está acontecendo com a nossa casa? ( F.I pg.10)
- História de uma gota de água. De um riacho.
Como nasce, vive.... por onde ela passa,... como vai espalhando vida,... no final “ morre”, se imortaliza no
Mar. ( para área de linguagem, ed. artística,...)
( F. II-pg. 10).- Aventura de fim de semana.
Pode acontecer em um passeio a uma montanha, uma fazenda,...
Como ela é maltratada, desperdiçada, “entrou pelo cano”,...
Uma gota de água com uma filmadora,....o que ele vê,...
Usos da água...
- Reflexão sobre o texto e partilha.
3.- Proclamemos a Palavra: Jesus e a água: - Ele se chama água viva...( Encontro com a Samaritana: Jo, 4...)
- Presença da água na nossa vida. Que seríamos sem ela ?
( Pode faltar a energia elétrica, mas a água...)
3.2: F.I.- Refletindo a Palava. (pg. 8).- (Não tem nada a ver com o tema da água)
- Responsabilidade. Como cuidar a casa Comum...
- Desperdiço da água. Hábitos de vida: Banho, lava-carro, torneira, escova-dentes,...lavadora,...
- Preferência de sucos e refrigerantes, sobre a água,...
4.- Um projeto para nossa Casa Comum: F. I,- pg. 10: - Calcular o preço por dia...por mês,...
- Uma carta a COPASA....reclamando, agradecendo, ...pedindo,...
- Uso da “água benta”,...Batismo,...
- Visita planta de reciclagem,...
II.- pg. 13.- quanto gastamos no Colégio por mês, por aluno ( área de matemática),..desperdício,...
- Os três “R”: Reduzir, Reciclar, Reutilizar.
5.- Avaliação.- Resumo.- Oração: “Laudato Sí, ó mi Sinhore..”, DVD. de São Francisco.
- 5 - ENCONTROS DE ENSINO RELIGIOSO.- Fundamental I.- II
Terceiro Encontro: “SANEMAENTO BÁSICO, UMA URGÊNCIA NACIONAL”.
( Cfr.- Documento Base nº 32- 114).
0.- Ambientação, motivação, símbolos.- Vasilhas com água limpa e água suja.
7.- Visitar um “lixão”, ou planta de reciclagem, purificadora de água.
8.- Mutirão para recolhida de lixo na rua, na praça,... na escola,... na catequese,...
9.-História em quadrinhos da “ Parábola da Terra assaltada pelos ladrões”.
Versão da Parábola do Bom Samaritano.
10.- Vida de S. Francisco de Assis, representar uma história da sua vida.
11.- Vida de Dorothy Stang. Pesquisa em internet.- O que ela fez, como morreu,...
12.- Com uma bola de isopor,( Rs.0,90) pintar o globo terráqueo.
13.- Bolas grandes com desenho da Terra: Metade com as belezas e outra metade com as ameaças.
16.- Direitos da Água, das árvores, ...do ar,...da Terra...do Homem....da Criança.
17.- Exposição de desenhos e histórias: “ A Terra chora, geme, de dor.”
A Terra tem febre, (efeito estufa).- A Terra espirra, está gripada, enferma.
A Terra acarinhada, acariciada, mimada,...a Terra amada....
18.- Caixa com os “primeiros auxílios” para a Terra.
19.- (Slogans de paz: A Paz não tem pátria. A palavra PAZ em todas as línguas.
A paz não tem cor, nem raça.- A Paz não se ganha, se conquista.)
20.- Cartazes da ÁGUA, de árvores, animais em risco de extinção, ...
21.- Com sacos de plástico recolher lixo nas ruas e depositar no container no Colégio...
22.- Pregar, nas árvores, palavras de amor, poesias, corações...agradecimento,...
23.- Cartazes, painéis com notícias dos jornais relacionadas com o Planeta- Terra.
24.- Trabalhar o “Cântico das criaturas” de São Francisco.
25.- Cântico dos três jovens na fornalha, de Daniel.
26.- Visita à Lagoa da Pampulha com visita a Igrejinha de São Francisco, de Neymier e Portinari.
Fonte: Pe. Carmelo Marañon -Sch.P
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RESUMO ( sintese ) DO TEXTO BASE CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2016 – TEMA: “Casa comum, nossa responsabilidade” LEMA: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. AMÓS 5,24
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2016 –
TEMA: “Casa comum, nossa responsabilidade”
LEMA: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
Em 2016, o tema será “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema bíblico apoia-se em Amós 5,24 que diz: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
O objetivo principal da iniciativa será chamar atenção para a questão do saneamento básico no Brasil e sua importância para garantir desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida para todos.
Uma das grandes novidades desta quarta edição da campanha ecumênica, é a participação da Misereor, entidade episcopal da Igreja Católica da Alemanha que trabalha na cooperação para o desenvolvimento na Ásia, África e América Latina. A colaboração acontece em vista do desejo dos organizadores em transpor as fronteiras
RESUMO DO TEXTO BASE CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2016
‘INTRODUÇÃO
Pela quarta vez a Campanha da Fraternidade é realizada de forma ecumênica. As outras três tiveram os seguintes temas:
Ano 2000 – Dignidade Humana e paz – Novo Milênio sem exclusões
Ano 2005 – Solidariedade e Paz – Felizes os que promovem a Paz
Ano 2010 – Economia e Vida – Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro
A Campanha da Fraternidade deste ano tem como objetivo geral “assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”.
As reflexões sobre o saneamento básico contidas neste texto base demonstram que esse é um direito humano fundamental e, como todos os outros direitos, requer a união de esforços entre sociedade civil e poder público no planejamento e na prestação de serviços e de cuidados. Por isso é uma Campanha Ecumênica, pois a questão do Saneamento afeta não apenas católicos, mas todas as pessoas, independente da fé que professem.
O abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos, o controle de meios transmissores de doenças e a drenagem de águas pluviais são medidas necessárias para que todas as pessoas possam ter saúde e vida dignas. Por isso, há que se ter em mente que “justiça ambiental” é parte integrante da “justiça social”.
PRIMEIRA PARTE
As escolhas das atitudes para a preservação da vida no planeta Terra devem ser orientadas por critérios coerentes com o propósito de mais justiça e paz. Tais escolhas devem contribuir para a superação das desigualdades e das agressões à criação. Por isso, hoje, as preocupações e consequentes ações no âmbito do saneamento passam a incorporar não só questões de ordem sanitária, mas também de justiça social e ambiental. É, portanto, necessária e urgente que as ações para a preservação ambiental busquem também construir a justiça, principalmente para os pequenos e pobres.
Estudos estimam que morre uma criança a cada 3 minutos por não ter acesso a água potável, por falta de redes de esgoto e por falta de higiene. Crianças com diarreia comem menos e são menos capazes de absorver os nutrientes dos alimentos, o que as torna ainda mais suscetíveis a doenças relacionadas com bactérias. O problema se agrava, pois as crianças mais vulneráveis à diarreia aguda também não têm acesso a serviços de saúde capazes de salvá-las. Ampliando a questão da saúde para todas as faixas etárias, em 2013, segundo o Ministério da Saúde (DATASUS), foram notificadas mais de 340 mil internações por infecções gastrointestinais no país. Se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgotos sanitários haveria uma redução em termos absolutos de 74,6 mil internações.
Os últimos dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico – base 2013) mostram que pouco mais de 82% da população brasileira têm acesso à água tratada. Mais de 100 milhões de pessoas no país ainda não possuem coleta de esgotos e apenas 39% destes esgotos são tratados, sendo despejados diariamente o equivalente a mais de 5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento na natureza.
Alguns dados mundiais sobre o saneamento:
– No mundo, um bilhão de pessoas fazem suas necessidades a céu aberto.
– Mais de 4.000 crianças morrem por ano por falta de acesso a água potável e ao saneamento básico.
– Na América Latina, as pessoas têm mais acessos aos celulares que aos banheiros.
– 120 milhões de latino-americanos não têm acesso aos banheiros.
Alguns dados do Brasil sobre saneamento
– O Brasil está entre os 20 países do mundo nos quais as pessoas têm menos acesso aos banheiros.
– Cada brasileiro gera em média 1 quilo de resíduos sólidos diariamente. Só a cidade de São Paulo gera entre 12 a 14 mil toneladas diárias de resíduos sólidos.
– As 13 maiores cidades do país são responsáveis por 31,9% de todos os resíduos sólidos no ambiente urbano brasileiro.
Para onde vão todos estes resíduos?
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 do IBGE, divulgada em 2010:
50,8% foram levados para os lixões, local para depósito do lixo bruto, sobre o terreno, sem qualquer cuidado ou técnica especial.
21,5% são levados para aterros controlados, local utilizado para despejo do lixo bruto coletado, com cuidado de, diariamente, após a jornada de trabalho, cobrir os resíduos com uma camada de terra, de modo a não causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, bem como minimizar os impactos ambientais.
27,7% são levados para aterros sanitários, local monitorado em conformidade com a legislação ambiental, de modo a que nem os resíduos nem seus efluentes líquidos e gasosos venham a causar danos à saúde pública ou ao meio ambiente.
Um dado alarmante é que a América do Norte e a Europa mandam seus resíduos sólidos para a África e, infelizmente, também para o Brasil. Em 2009 e 2010 portos brasileiros receberam cargas de resíduos (LIXO) domiciliares e hospitalares. Focando apenas no Brasil, os lixões e aterros sem controle, localizam-se próximos ou em áreas de residência de populações pobres, nas quais os habitantes são obrigados a conviver com a sujeira gerada pelos demais moradores, resultando em injustiça ambiental.
SANEAMENTO BÁSICO PARA ALÉM DA CIDADE
Se a situação já é precária no meio urbano, no meio rural brasileiro é ainda mais absurda. Apenas 42% das moradias rurais dispõem de água canalizada para uso doméstico. Os outros 58% usam água de outras fontes, porém, sem nenhum tipo de tratamento.
Muitas habitações rurais são tão precárias que sequer dispõem de banheiros ou fossas. Somente 5,2% dos domicílios rurais possui coleta de esgoto ligado à rede geral e 28% possuem fossa séptica. Em 49% das residências que possuem banheiro, o escoamento de fezes e urina corre por meio de fossas rudimentares não ligadas à rede. Há 52,9% de residências que buscam soluções rudimentares como valas ou despejo do esgoto diretamente nos cursos de água. Há ainda 13,6% que não usam nenhuma solução.
Todos estes números revelam a falta de dignidade à vida das pessoas que vivem nas áreas rurais. São 7,6 milhões (25% da população rural do Brasil) que vivem em extrema pobreza. Por isso, o saneamento rural deve ser implementado de forma articulada com outras políticas públicas, de modo a superar o déficit de moradias, dificuldade de acesso à eletrificação rural e ao transporte coletivo.
SANEAMENTO BÁSICO E ÁGUA POTÁVEL, UMA RELAÇÃO VITAL
A água é o recurso mais abundante no planeta Terra, porém, apenas 0,007% estão disponíveis para o consumo humano. O restante é constituído por águas salgadas, geleiras e águas subterrâneas de difícil captação. O Brasil é privilegiado em recursos hídricos, com 12% da água doce do mundo. Entretanto, a escassez de água potável, que é hoje um problema crônico em diversas regiões do mundo está gerando alertas também no nosso país.
É importante saber que cerca de 70% da água doce do Brasil estão concentradas na região Norte, a menos populosa, enquanto que as regiões Nordeste e Sudeste, com alta população, dispõem de pouca água. O risco de desabastecimento em larga escala é uma ameaça não somente em áreas tradicionalmente áridas, mas também nas grandes cidades.
Num futuro próximo, a busca pela água será capaz de provocar disputas internacionais. Apesar da constatação da falta da água, o Brasil é considerado o campeão de desperdício de água no mundo – a média de desperdício da água potável nos sistemas de distribuição chega a 37%.
JULGAR
A Bíblia é uma revelação progressiva. Antes mesmo que Jesus fizesse a plena revelação do Deus Amor e Misericordioso, os profetas já anunciavam aspectos importantes da caridade e da justiça, fundamentos do Reino de Deus. O bem comum, desejado por Deus, é o grande objetivo das Sagradas Escrituras. Da adesão ao projeto do Reino de Deus e, portanto, o compromisso com a construção do bem comum é que depende a salvação individual.
Quando falamos do bem comum, não podemos restringi-lo somente à relação dos seres humanos entre si, mas também destes com a natureza, que deve ser cuidada com gratidão e respeito. E o uso da natureza e de todos os bens materiais deve acontecer de forma justa e voltada para a construção de uma coletividade com mais igualdade, ao invés de serem utilizados para suprir a ganância de alguns.
A escolha do texto de Amós (“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” – Amós 5,24) não é por acaso. Amós fundamenta sua pregação profética numa denúncia social aguda, chamando a atenção para um progresso econômico quer não de traduzia em igualdade e justiça para todos. Sua denúncia aponta para uma situação de caos social, onde as relações afetivas estavam se rompendo (Amós 2,6-8). Com suas denúncias, Amós revela que a fé em Deus estava sendo manipulada pela religião oficial (Amós 4,4-5). Deus quer justiça e dignidade para todos. Não apenas para Israel e Judá (Amós 9,7-8).
Amós ainda denuncia o culto vazio, repleto de louvores e oferendas a Deus, mas que não faz com que as pessoas pratiquem a justiça. Não são grandes oferendas que agradam a Deus, mas sim a prática do direito e da justiça (Amós 5,21-25). Este tema também é tratado pelos profetas Isaías, Oséias e Miquéias (cf. Isaías 32,18; Oséias 6,6). O profeta Miquéias, em breves palavras, resume este complexo assunto:
“Foi-te dado a conhecer, ó homem, o que é bom, o que o Senhor exige de ti: nada mais que respeitar o direito, amar a fidelidade e aplicar-te a caminhar com teu Deus” (Miquéias 6,8).
Garantir os direitos essenciais para a vida humana e cuidar bem do planeta, são partes fundamentais da justiça exigida por Deus. Quando isso não acontece, diz o profeta que as feras, as aves do céu e até os peixes do mar desparecem (Oséias 4,1-3).
O que Deus quer de nós é que sejamos como jardineiros que cuidam da natureza com carinho. E, também, o cuidado uns dos outros, como quem cuida de plantas que amam. É esta imagem que está presente na descrição do livro do Gênesis, que relata a criação do mundo. Deus tomou Adão e o colocou no Jardim do Édem para que o cultivasse e guardasse (cf. Gênesis 2,15).
No Édem nascia um rio que se dividia em quatro braços, lembrando os quatro pontos cardeais e assim representando a terra inteira. Essas passagens iniciais da Bíblia ressaltam a importância do cuidado humano pela integridade da criação. A água limpa e potável, também aparece como símbolo da vida quando Moisés fez brotar o líquido da vida no deserto (Êxodo 17,6). É também a água como símbolo da vida que Jesus anuncia à samaritana (João 4,14). Na Nova Jerusalém do Apocalipse temos de novo um símbolo que evoca a água como fonte da vida (Apocalipse 22,1-2).
Na Bíblia há vários relatos que já anunciam a necessidade de manter limpa a natureza e o cuidado com o líquido precioso:
É preciso organizar o povo – descentralização do poder e das decisões – para que as pessoas sejam atendidas em suas necessidades e cuidem do ambiente em que vivem (Êxodo 18, 13-27)
Devem manter a limpeza no acampamento, manter as fezes cobertas para evitar sujeiras e doenças (Deuteronômio 23,13-14).
Cuidar e tratar da água a ser consumida. As fontes, poços e cisternas devem ser mantidos puros (Levítico 11,36; Êxodo 15,23-25; 2 Reis 2,19-22).
Cuidar das árvores e bosques, principalmente das árvores frutíferas (Levítico 19,25; Deuteronômio 20,19; Juízes 4,4-5).
Todas estas atividades devem estar sempre envolvidas com o cuidado para com os mais pobres (Deuteronômio 23, 25; 24, 14-15.19-22, conforme Tiago 5,1-6). Assim como não se deve explorar o trabalhador, que tem o direito ao descanso, também a terra, a cada sete anos deve ter o descanso (Levítico 25, 2-7).
SANEAMENTO BÁSICO E PRÁTICA DA JUSTIÇA
Voltando ao lema de Amós (5,24) que anima nossa Campanha da Fraternidade Ecumênica, o profeta compara a prática da justiça como uma fonte que jorra água limpa e com um rio perene que não seca jamais.
A comparação que Amós faz da água que jorra com a prática da justiça, lembra que o bem estar de todos os habitantes de um lugar deve ser o objetivo de todo serviço público. Ninguém pode buscar apenas o lucro fácil e rápido em detrimento dos direitos dos demais. É como se uma pessoa represasse um rio só para si, formando um enorme açude enquanto todos adiante ficam apenas com um fiozinho de água.
Jesus denuncia a ganância e os ritos vazios, que privilegia os puros (aqueles que detinham o poder econômico) e marginaliza os impuros (os pobres e enfermos na época eram vistos como abandonados por Deus e por isso eram marginalizados). Por isso Jesus disse: “felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5,6-7).
Vivemos numa sociedade urbana organizada em torno dos princípios da economia de mercado. Nesta sociedade os “abençoados” são os que têm poder de compra. Tudo se torna mercadoria, inclusive os bens primordiais como a água e a terra.
Neste tipo de sociedade, os benefícios públicos acabam sendo destinados às regiões mais abastadas. Bairros populares terminam sendo deixados em segundo lugar, sem os benefícios do esgotamento, coleta de lixo, transporte público, boas escolas, etc.
Refletindo sobre tudo isso, fica bem claro que a fidelidade a Deus precisa se manifestar na preservação de tudo o que é necessário para que a grande família humana possa viver com dignidade e justiça em um ambiente bem cuidado. Mas não basta refletir. Como Jesus nos mostrou na parábola dos dois filhos chamados a trabalhar na vinha (Mateus 21,28-31), não basta ter um bom discurso, o importante é entrar em ação, transformando o mundo do modo como Deus deseja.
AGIR
As Campanhas da Fraternidade Ecumênicas fortalecem os espaços de convivência entre as diferentes Igrejas. O diálogo e o trabalho conjunto em favor do bem comum são testemunhos importantes que podemos oferecer para a sociedade. Afinal, Jesus sempre se colocou aberto à escuta, às partilhas e a uma boa roda de conversa (conforme João 4; Marcos 8,1-9). Por isso, esta Campanha da Fraternidade Ecumênica deve nos motivar a irmos ao encontro de todas as pessoas – católicas, evangélicas, espíritas, outras religiões e até mesmo não crentes – para que juntos encontremos ações conjuntas que favoreçam o cuidado com a nossa Casa Comum.
“Casa Comum, nossa responsabilidade”, é um tema que nos orienta a atuarmos coletivamente em favor da elaboração, implementação e acompanhamento dos Planos Municipais de Saneamento Básico. As responsabilidades são coletivas, porém diferenciadas:
O poder público tem a tarefa de realizar as obras de infraestrutura, implementar o Plano Municipal de Saneamento Básico, garantir a limpeza do espaço público e fazer a coleta seletiva do lixo.
Os cidadãos tem a tarefa de não jogar lixo nas ruas e zelar pelos espaços coletivos.
Estas atitudes poderão nos aproximar do sonho do profeta Amós que é o de “ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24).
VAMOS CONHECER ALGUMAS ATITUDES QUE PODEMOS ASSUMIR
NA SUA CASA – A água é usada com economia? – Você sabe se o esgoto coletado de sua casa é tratado? – Você se incomoda e denuncia quando vê um vazamento de água em sua rua? – Quando sai de um cômodo iluminado, tem o costume de apagar a lâmpada? – Qual o destino que você dá ao óleo de cozinha que não pode ser reutilizado?
NO SEU BAIRRO – Há rede de água encanada? – Há coleta regular do lixo? – Há o costume de cobrar das autoridades providência próprias do poder público?
NA SUA CIDADE – A água é de qualidade? – Há estações de tratamento do esgoto? Existem cooperativas populares de reciclagem dos resíduos sólidos? Quando há aprovação de projeto de construção de um imóvel, o esgoto é levado em consideração?
UM GESTO CONCRETO PESSOAL PARA A QUARESMA
Temos uma proposta emocionante: cuidar da Casa Comum que Deus nos deu e fazer dela um lugar saudável, no qual a fraternidade e a justiça corram como rios de água viva. Que Deus nos ajude a viver com alegria e responsabilidade essa bonita missão! Como sinal desse compromisso, propomos que durante a Quaresma realizemos o esforço de evitar o consumismo e o desperdício dos alimentos. Que façamos um dia de jejum, doando aos mais pobres o que não consumimos nesse dia.
Tudo o que fizermos precisa ser impulsionado pela graça de Deus, que ilumina nosso discernimento, fortalece nossa disposição, não nos deixa desistir do amor fraterno e fará nosso trabalho produzir frutos melhores e mais permanentes. Portanto, orando e celebrando, entreguemos a Deus o serviço que queremos prestar, para que Deus sempre nos inspire a caminhar a seu lado na preservação do bonito e saudável ambiente que nos ofereceu na criação.
Abaixo textos para aprofundamento do tema
Saneamento Básico – retrato do Brasil pelo censo 2011
Por Sylvia Miguel Para suprir o déficit de saneamento básico no País, seriam necessários investimentos da ordem de RS$ 12 bilhões por ano, durante 20 anos consecutivos. Os cálculos foram feitos pelo professor Wanderley da Silva Paganini, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, baseados nos dados preliminares do Censo 2011, divulgados no final de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o especialista em saneamento, os números do Censo 2011 revelam uma situação “preocupante” no que diz respeito ao acesso à rede de coleta de esgoto e abastecimento de água no País. “Falamos de cerca de 85% de cobertura da rede de esgotamento para o Estado de São Paulo, e ainda nos escandalizamos com esse índice, quando comparado aos países europeus. Mas esquecemos que no resto do País esse número cai para 50% em média. Há locais onde não há sequer coleta. Em Manaus, por exemplo, apenas 11% do esgoto é coletado, o que significa que quase todo o esgoto produzido permanece no meio onde as pessoas vivem”, afirma. No meio rural, quase 40% não tinham banheiro de uso exclusivo no domicílio, entre a faixa de rendimento domiciliar mensal per capita de até R$ 140,00. Dos que possuíam banheiro no meio rural nessa faixa de renda domiciliar per capita, menos de 20% estavam ligados à rede geral de distribuição ou fossa séptica. No Brasil, do total de 57.324.185 domicílios pesquisados, 6,2% não possuíam banheiro de uso exclusivo (3.562.671). Por outro lado, no meio urbano a situação se inverte. Em São Paulo, 86,79% possuíam equipamentos ligados à rede geral de coleta; no Distrito Federal, 80,58%; no Rio de Janeiro, 76,69%; e em Minas Gerais, 76,33% tinham equipamento sanitário ligado à rede de coleta. Segundo Paganini, o Brasil ainda não enfrentou como deve os problemas mais básicos de universalização do abastecimento de água, coleta e menos ainda de tratamento do esgoto. Atualmente, afirma o professor, o País investe anualmente cerca de R$ 4 bilhões em saneamento, sendo que apenas a metade tem origem em fundos públicos. A outra metade vem de companhias privadas de saneamento. Para ilustrar a precariedade em que se encontra o Brasil nessa área, Paganini menciona os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre mortalidade infantil. “Esse indicador está diretamente ligado às condições sanitárias dos países. O Brasil apenas está melhor do que países muito pobres da América do Sul e Central”, diz. A taxa de mortalidade infantil no Brasil era de 25 por mil nascidos vivos, ante uma taxa de 35 por mil na Nicarágua, de 54 por mil na Bolívia e de 80 por mil no Haiti, segundo levantamento de 2005 da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Dados de 2008 do Ministério da Saúde mostram que a taxa nacional de mortalidade infantil era de 22,8 por mil nascidos vivos. No Nordeste, o número chegava a 32,8 mortos para cada mil nascidos vivos, no mesmo ano. De acordo com as Metas do Milênio estabelecidas pelas Nações Unidas, o Brasil deverá cumprir até 2012 a meta de 12,9 mortes por mil nascidos vivos. Para o professor José Luiz Negrão Mucci, também do Departamento de Saúde Ambiental da FSP, a condição sanitária do País reflete tanto as prioridades das políticas públicas quanto a situação de rendimento da população. “Ou as pessoas não têm condições econômicas de ligar seu domicílio à rede de coleta ou o próprio governo não investe nos serviços gerais de saneamento para a população de baixa renda”, afirma. “Para a população muito pobre, talvez a prioridade seja outra, como comer, por exemplo. Há locais onde as pessoas simplesmente não se preocupam com isso. As disparidades regionais continuam também nessa área”, diz Mucci. Água Apesar da maior disponibilidade de água, o meio rural é onde a água tratada é menos acessível. Em três diferentes faixas de rendimento pesquisadas (de R$ 0,00 a R$ 70,00, de R$ 71,00 a R$ 140,00 e acima de R$ 141,00), apenas cerca de 20% dos domicílios tinham acesso ao abastecimento de água a partir da rede geral de distribuição. Nas mesmas faixas de rendimento, os outros 80% dos domicílios particulares permanentes do meio rural tiveram acesso à água a partir de “poço ou nascente na propriedade”, “poço ou nascente fora da propriedade” ou “outras” formas, como caminhões-pipa, por exemplo. Apesar disso, a situação do abastecimento de água é menos crítica que a de esgotamento sanitário, se considerado o total geral do meio urbano e do meio rural. “Do total de domicílios no Brasil, 82,85% eram servidos por rede geral de distribuição. Mas as desigualdades regionais permanecem, sendo que na região Norte apenas 54,48% estavam ligados à rede geral”, avalia a professora Ana Maria Marangoni, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “A água pode ser um vetor do bem ou do mal. As doenças por veiculação hídrica são responsáveis por dois terços das internações entre crianças de até 5 anos de idade”, lembra o professor Paganini, da FSP. Quanto à coleta de lixo, este é o serviço que apresenta menores disparidades regionais. No conjunto do País, 87,40% dos domicílios são atendidos diretamente por serviços de limpeza, seja por coleta domiciliar ou por deposição em caçambas coletoras. Os extremos são Rondônia, onde 38% são atendidos, Piauí (42%), Acre (47%) e Pará (47%). “Apesar disso, ainda persistem os problemas de destinação final do lixo, com a consequência mais grave, que é a contaminação ambiental. Ainda não solucionamos a questão dos lixões, da saturação de aterros, da poluição, da seleção do lixo e do trânsito”, ressalta a professora Ana Maria. Envelhecimento Os primeiros resultados da pesquisa mostram que o Brasil possui 190.755.799 habitantes, ante os 169.799.170 habitantes de uma década atrás. Como já esperado, a pirâmide etária se inverteu. Assim, de 2000 a 2010, o grupo de até 14 anos de idade diminuiu de 29,6% para 24,1%, ao passo que aumentou a porcentagem das pessoas na faixa de 15-64 anos (de 64,5% para 68,5%) e também dos que possuem mais de 65 anos de idade (passou de 5,9% para 7,4%). A consequência dessa evolução será o aumento da pressão por serviços voltados à população mais idosa, ressalta o professor Hervé Théry, também do Departamento de Geografia da FFLCH. “Isso já está acontecendo sobretudo em bairros mais tradicionais, como Higienópolis, em São Paulo, e Copacabana, no Rio de Janeiro”, lembra. A partir das 21 tabelas divulgadas pelo IBGE com os dados preliminares do Conjunto Universo do Censo 2010 para as Grandes Regiões e Unidades da Federação, é possível ter alguns indícios de como e onde vivem os brasileiros, níveis de rendimentos, situação dos domicílios e evolução do analfabetismo, entre outras informações. Novos dados sociais, econômicos e demográficos serão conhecidos nos próximos meses, de acordo com um calendário divulgado e A adoção de um computador de mão equipado com GPS para a coleta de dados foi a grande novidade da pesquisa divulgada este ano. Este foi o 12º recenseamento geral do Brasil e a série inicial refere-se ao ano de 1872. Miséria ainda atinge 16 milhões O Censo 2011 detectou 16,2 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza extrema, ou seja, 8,6% da população vive com uma renda nominal mensal domiciliar per capita de até R$ 70,00. Desse total, 4,8 milhões não possuem nenhum rendimento. “Esse não é um número desprezível. Significa que praticamente um em cada dez brasileiros vive na miséria. A boa notícia é que esse número vem regredindo progressivamente. Mas, infelizmente, o percentual dos que não tinham nenhum rendimento continuou praticamente o mesmo em uma década, algo em torno de 4,5%”, afirma Arilson Favareto, doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e professor da Universidade Federal do ABC. Para o professor, há um grande problema em definir a pobreza tendo como único critério o rendimento monetário. “A pessoa pode estar nessa faixa de rendimento, mas ter condições mínimas de moradia e inclusão social. Isso faz toda a diferença quanto à capacidade de ampliar suas oportunidades de vida e de escolhas”, diz. Para Favareto, é um erro ter um parâmetro único de classificação da pobreza para todo o território brasileiro, devido às disparidades regionais e culturais. “A quantidade de miseráveis não muda muito no meio urbano em relação ao rural. O que muda são as condições de vida mais precárias no campo. Isso reforça a necessidade de estabelecer outros critérios para as políticas públicas de erradicação da miséria. Além disso, as políticas sociais e produtivas deveriam estar conectadas. Por exemplo, o Bolsa-Família deveria ter uma relação mais estreita com programas de desenvolvimento, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, diz Favareto. Analfabetismo O Censo 2011 apontou que o País tem 14.612.183 analfabetos, entre mais de 162 milhões de brasileiros com mais de 10 anos de idade, ou 9,02% da população a partir dessa faixa etária. Desses, 9,4 milhões estão em áreas urbanas e 5,2 milhões, nas rurais. “A queda do analfabetismo entre a população de mais de 5 anos de idade é secular. Mas evidencia também o enorme desafio colocado à educação de jovens e adultos”, afirma a professora Stela Bertholo Piconez, da Faculdade de Educação (FE) da USP. A professora Stela afirma que um dos problemas enfrentados na forma da coleta de dados do Censo diz respeito à própria concepção do que se compreende por uma pessoa analfabeta. “A longa trajetória comprova que quem acaba com o analfabetismo adulto é a morte. Historicamente, a precariedade do nosso sistema de atendimento ao ensino fundamental sempre foi identificada como responsável pelos índices de analfabetismo. O que significa que 9,6% da população brasileira não saiba ler nem escrever? Quando isso tornou-se um problema? Saber ler e escrever um bilhete simples, segundo definição censitária, pode significar de muito pouco alcance educacional, social e político”, afirma. Apesar das limitações atribuídas ao Censo, a professora lembra que a pesquisa revela o estado educacional da população, que, “mesmo sendo analfabeta, utiliza-se de celular, computador, entre outras tecnologias contemporâneas, e se comunica”. Além do mais o analfabetismo detectado pelo Censo indica “um fenômeno real de exclusão educacional e assim definido ainda persiste em nosso país”. A sustentabilidade possível O adensamento das cidades e oenvelhecimento populacional podem não representar um problema tão grande se as cidades vislumbrarem formas sustentáveis de manter suas condições de vida. É o que pretende revelar um estudo que vem sendo empreendido por especialistas de diversas áreas e que em breve se transformará numa publicação capitaneada pelo arquiteto e urbanista Bruno Padovano, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Apesar dos problemas, o poder público em geral tem se preocupado em planejar os espaços urbanos com projetos sustentáveis. Alguns exemplos disso são os parques lineares, as ciclovias, a arborização, o combate às enchentes e a retirada de pessoas das áreas de risco, entre tantas outras formas de melhorar a vida nas cidades”, diz Padovano. Além de mapear os projetos e ações sustentáveis das cidades, os especialistas buscarão entender se as políticas municipais possuem dinâmicas integradoras entre os diferentes setores, afirma o professor. Além de Padovano, o trabalho será coordenado também pela professora Marly Namur, da FAU, e pela pesquisadora Patrícia Bertacchini. “As ações, no conjunto, apontam para as cidades se orientando para melhorar a vida da população em geral. Ainda há problemas sérios, mas a tendência, a meu ver, é que nos próximos anos todos os setores contribuam de forma significativa para a sustentabilidade”, afirma Padovano.
Esta notícia foi publicada em 15/05/2011 no sítio do JP. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
-O SANEAMENTO BÁSICO NA ÁREA RURAL DO BRASIL
por Édison Carlos
presidente executivo do Instituto Trata Brasil
A situação do saneamento básico no Brasil é dramática. De todas as mazelas ambientais do país nada se compara ao descomunal impacto à natureza e ao cidadão causado pela ausência dos serviços de saneamento básico em todo o território. Dados do Ministério das Cidades (base SNIS 2010) mostram um cenário em que 1 em cada 5 brasileiros ainda não possui sequer água tratada para beber. Mais da metade da população ainda não tem acesso à coleta dos esgotos e somente 38% do esgoto do país passa por algum tipo de tratamento antes de ser lançado na natureza.
Significa que 62% do esgoto do país seguem para nossos rios, lagos, reservatórios, bacias hidrográficas e aquíferos da forma como sai dos nossos banheiros. É um volume equivalente a 6.300 piscinas olímpicas de esgoto por dia sendo jogado irresponsavelmente na água que depois temos que trata para beber.
Principalmente nas maiores metrópoles a poluição causada pelos esgotos é perversa, silenciosa, sorrateira… Acostumamo-nos a ela, não mais nos incomodamos com seu cheiro, “deletamos” as imagens feias da cidade, passamos por cima como se ela não existisse. Perpetuamos o problema ao não sinalizar claramente aos governantes a nossa repulsa pela vala negra na praia, pelo rio poluído, pelo esgoto escorrendo na rua. É um impacto ambiental que retorna ao cidadão nas doenças que ajudam a colocar o Brasil como a 85ª. nação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mundial. A 6ª. mais importante economia do mundo ainda convive com descabidos surtos de diarreias, Hepatite A, verminoses, esquistossomose, dermatites e tantas outras enfermidades da água poluída.
Se este descaso é grande nas grandes regiões metropolitanas, o problema é ainda mais complexo nas áreas rurais do país. Mesmo que conseguíssemos cumprir as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), em discussão pelo Ministério das Cidades para resolver o problema no país em 2030, a previsão é que nas áreas rurais os indicadores chegariam, no máximo, a 77% da população com água potável e 62% com coleta de esgotos. Significa que a universalização do saneamento básico nas áreas rurais nem é sequer prevista num futuro mais longo.
As soluções mais tradicionais para o saneamento rural ainda são a fossa séptica e a fossa rudimentar. Segundo a pesquisadora da Embrapa, Dra. Cinthia Cabral da Costa em seu estudo “SANEAMENTO RURAL NO BRASIL – Impacto da fossa séptica biodigestora”, atualmente na zona rural no Brasil coexistem, além da rede coletora, o uso de fossa séptica, ligada ou não à rede de esgoto e predominantemente as fossas rudimentares que são as formas mais comuns. Por terem custos baixos estas soluções se proliferam no Brasil, apesar do risco ao meio ambiente e às pessoas.
As fossas rudimentares, junto com as fossas secas, são consideradas as formas mais antigas; mais avançadas apenas do que a disposição a céu aberto que ainda é uma realidade para 7 milhões de brasileiros segundo a UNICEF. Essas fossas, por serem em sua maioria apenas buracos no solo para coletar os excrementos humanos, não evitam a contaminação das águas, superficiais e subterrâneas. Já as fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto nas quais são feitas a separação e a transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto. É uma maneira simples e barata de disposição dos esgotos e indicada, sobretudo, para a zona rural ou residências isoladas. Se bem cuidada ela evita a contaminação das águas, apesar de não promover a reciclagem dos dejetos humanos. Nelas há uma decomposição dos dejetos tornando o esgoto residual e com menor quantidade de matéria orgânica. Devido à possibilidade da presença de organismos patogênicos, no entanto, a parte sólida deve ser retirada através de um caminhão limpa-fossas e transportada para um aterro sanitário.
Existem também as tecnologias que usam plantas aquáticas para purificar os esgotos antes de devolvê-los à natureza. Segundo estudos feitos por biólogos da Itaipú Binacional, o aguapé, por exemplo, é uma das plantas capazes de retirar da água quantidades consideráveis de matéria orgânica e de nutrientes como fósforo e nitrogênio tornando a planta uma espécie interessante por ser um filtro natural para tratar o esgoto doméstico. O problema é que é uma tecnologia impropria para regiões mais secas.
Enquanto isso, soluções tecnológicas estão aparecendo para ajudar as localidades rurais e áreas isoladas. Talvez a que está conseguindo a maior divulgação é a fossa séptica biodigestora, difundida pelo núcleo de Instrumentação da EMBRAPA de São Carlos. De acordo com o Dr. Wilson Tadeu Lopes da Silva, especialista da Embrapa, a fossa séptica biodigestora é um sistema não apenas de coleta, mas também de tratamento do esgoto de dejetos humanos e que resolve o problema dos esgotos a céu aberto e das atuais fossas utilizadas em propriedades rurais. Nela há um processo de biodigestão anaeróbico feito em caixas d`água enterradas e vedadas sem qualquer problema de proliferação de insetos e animais peçonhentos; o que não ocorre com os outros sistemas comparáveis a ela (fossa rudimentar ou fossa séptica convencional). Esse processo realiza-se através da decomposição anaeróbica da matéria orgânica digerível por bactérias que a transforma em biogás e efluente estabilizado e sem odores, podendo ser utilizado para fins agrícolas. Em suma, o biodigestor ajuda, a um custo barato, o produtor rural a eliminar os esgotos e ainda utilizar o efluente como um adubo orgânico.
Apesar de ser uma solução fácil do ponto da montagem e da disponibilidade dos materiais (caixas d´água, tubos e conexões de PVC e brita), logicamente o equipamento deve ser montado sob supervisão técnica para que possa atingir o melhor desempenho. O custo dependerá dos preços desses materiais em cada cidade, mas estima-se que pronto o equipamento sai por menos de R$ 2 mil a unidade. Por tudo isso, as fossas sépticas biodigestoras tem potencial para se transformar na melhor solução para o saneamento básico em comunidades isoladas e área rural.
Em resumo, a tendência é que o saneamento rural caminhe numa velocidade menor do que nas áreas urbanas, por toda a complexidade do baixo adensamento de pessoas tornando inviável a construção das tradicionais redes de coleta e tratamento. No entanto, as pessoas dessas áreas merecem o mesmo respeito e responsabilidade do poder público. Cabe, portanto, ao Governo Federal, prefeitos e governadores propor soluções para estas áreas, com a mesma atenção dispensada a elas quando do período eleitoral.
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Plano Nacional de Saneamento Básico
Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Com o advento da Lei nº 11.445/07, foi cunhado o conceito de saneamento básico como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas.
A lei definiu também as competências quanto à coordenação e atuação dos diversos agentes envolvidos no planejamento e execução da política federal de saneamento básico no País. Em seu art. 52 a lei atribui ao Governo Federal, sob a coordenação do Ministério das Cidades, a responsabilidade pela elaboração Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).
A questão do planejamento do setor já foi objeto de vários debates e do posicionamento do Conselho das Cidades que editou a Resolução Recomendada nº 33, de 1º de março de 2007,estabelecendo prazos e instituindo um Grupo de Trabalho integrado por representantes do Governo Federal para o acompanhamento da elaboração do PLANSAB.
O Grupo de Trabalho Interministerial e o Grupo de Acompanhamento do Conselho das Cidades (GTI e GA), incumbidos de acompanhar o Plansab, também participaram das discussões sobre a política e o conteúdo mínimo dos planos de saneamento básico cujas orientações constam da Resolução Recomendada nº 75 aprovada pelo Concidades.
A esse aspecto, soma-se o compromisso do País com os Objetivos do Milênio das Nações Unidas e a instituição de 2009 – 2010 como o Biênio Brasileiro do Saneamento (Decreto nº 6.942/09), com o propósito de mobilizar para o alcance da meta de, até o ano de 2015, reduzir pela metade a proporção de pessoas que não contam com saneamento básico.
Participação do MMA no Plansab
O MMA, por intermédio do Departamento de Ambiente Urbano da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, integra o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), na condição de coordenador, na esfera federal, do Programa Nacional de Resíduos Sólidos do Plano Plurianual 2008-2011. Do GTI participam, além do MMA: a Casa Civil da Presidência da República, o Ministério da Fazenda, o Ministério do Turismo, a ANA, o Ministério da Integração Nacional, a CODEVASF, o Ministério da Saúde, a FUNASA, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a Caixa Econômica Federal, o BNDES e o Conselho das Cidades sob a coordenação do Ministério das Cidades. Incumbe ao GTI coordenar a elaboração e promover a divulgação do Plansab.
A título de subsídio, a SRHU/DAU, entre outras ações, promoveu a realização de uma oficina em 29 de outubro de 2008, em Brasília, DF. O objetivo da oficina foi de extrair os aspectos fundamentais da problemática dos Resíduos Sólidos Urbanos – RSU para o planejamento de curto, médio e longo prazo no âmbito do Plano Nacional de Saneamento Básico.
Pacto pelo Saneamento Básico
Após o lançamento, em dezembro de 2008, do “Pacto pelo Saneamento Básico: mais saúde, qualidade de vida e cidadania“, documento cujo propósito é buscar a adesão e o compromisso de toda a sociedade em relação aos eixos, estratégias e ao processo de elaboração do PLANSAB, ingressa-se na fase de elaboração do “Panorama do Saneamento Básico no Brasil”.
O Compromisso pelo Meio Ambiente e Saneamento Básico
Em decorrência do “Pacto pelo Saneamento Básico”, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das Cidades decidiram firmar o “Compromisso pelo Meio Ambiente e Saneamento Básico” que consiste em um conjunto de ações em curso ou a serem estruturadas para atingir metas intermediárias preconizadas pela Lei de Saneamento Básico até o ano de 2020. Com o objetivo de construir e contribuir para a definição conjunta de ações e programas de grande relevância para o setor de saneamento, o “Compromisso” resulta de uma ampla reflexão sobre as tendências e os desafios atuais do saneamento básico no Brasil.
Articulação Institucional entre o MMA e o Ministério das Cidades
A parceria entre o MMA, por intermédio da SRHU/DAU e da ANA, e o Ministério das Cidades consolida-se, portanto, por meio dos seguintes processos:
a) O Ministério do Meio Ambiente é o coordenador do Programa de Resíduos Sólidos do Governo Federal no PPA 2008-2011 . No GTI, o MMA, por meio da SRHU, responde pelas questões relacionadas ao tema;
b) O MMA, por meio da SRHU, atua como Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, fórum no qual foi criado um Grupo de Trabalho ligado à Câmara Técnica do Plano Nacional de Recursos Hídricos. A atuação do GT inaugura um movimento pela integração entre o CNRH e o Conselho das Cidades, representando um canal capaz de incorporar as expectativas da área de recursos hídricos no Plano Nacional de Saneamento Básico;
c) O MMA atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Meio Ambiente, fórum no qual também está prevista a apreciação do Plano Nacional de Saneamento Básico;
d) A SRHU é responsável pela formulação da Política Nacional de Recursos Hídricos e a ANA por sua implementação, política que mantém importantes interfaces com a Política Federal de Saneamento Básico;
e) Dentre as suas atribuições, a ANA , exerce a regulação dos serviços de saneamento básico, por meio da emissão de outorgas (de uso da água e de lançamento de efluentes) e dos CERTOHs, assim como da cobrança pelo uso da água.
SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL: uma realidade terrível
Fonte – Terra – Notícias
Apesar de ser a sétima economia do mundo, o Brasil ocupava a 112ª posição em um conjunto de 200 países no quesito saneamento básico, em 2011, segundo aponta um estudo divulgado nesta quarta-feira, pelo Instituto Trata Brasil e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, durante o fórum Água: Gestão Estratégica no Setor Empresarial.
O objetivo do estudo foi apontar benefícios que poderiam ser obtidos com mais investimentos em saneamento básico, melhorando a qualidade de vida do brasileiro e elevando a economia do país.
De acordo com esse trabalho, o Índice de Desenvolvimento do Saneamento atingiu 0,581, indicador que está abaixo não só do apurado em países ricos da América do Norte e da Europa como também de algumas nações do Norte da África, do Oriente Médio e da América Latina em que a renda média é inferior ao da população brasileira. Entre eles estão o Equador (0,707); o Chile (0,686) e a Argentina (0,667). O índice é mensurado com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Na última década, o acesso de moradias à coleta de esgoto aumentou 4,1%, nível abaixo da média histórica (4,6%). Em 2010, 31,5 milhões de residências tinham coleta de esgoto. A região Norte foi a que apresentou a melhor evolução, apesar de ter as piores condições no país com 4,4 milhões de casas sem coleta. Somente o estado do Tocantins conseguiu ampliar o atendimento em quase 21%.
No Nordeste, um universo de 13,5 milhões não contavam com esses serviços e em mais de 6 milhões de lares não havia água tratada. O maior número de residências sem coleta foi registrado no estado da Bahia (3,3 milhões), seguido pelo Ceará (1,9 milhão).
No Sul, mais 6,4 milhões de residências também não contavam com os serviços de coleta e os estados com os maiores déficits foram: Rio Grande do Sul (2,8 milhões) e Santa Catarina (1,9 milhão). Já no Sudeste, com os melhores índices de cobertura, ainda existiam 8,2 milhões de moradias sem coleta.
Segundo advertem os organizadores do estudo, “a situação do saneamento tem reflexos imediatos nos indicadores de saúde”. Eles citam que, em 2011, a taxa de mortalidade infantil no Brasil chegou a 12,9 mortes por 1.000 nascidos vivos, superando às registradas em Cuba (4,3%), no Chile (7,8%) e na Costa Rica (8,6%).
Outro efeito direto da precariedade do saneamento, conforme destaca o estudo, refere-se à expectativa de vida da população (73,3 anos) em 2011, que ficou abaixo da média apurada na América Latina (74,4 anos). Na Argentina, a esperança de vida atingiu 75,8 anos e no Chile 79,3 anos.
O estudo destacou ainda que, se houvesse cobertura ampla do saneamento básico, as internações por infecções gastrintestinais que, segundo dados do Ministério da Saúde atingem 340 mil brasileiros, baixariam para 266 mil. Além da melhoria na qualidade da saúde isso representaria redução de custo, já que as internações levaram a um gasto de R$ 121 milhões, em 2013.
Pelos cálculos desse trabalho, a universalização traria uma economia das despesas públicas em torno de R$ 27,3 milhões ao ano e mais da metade (52,3%) no Nordeste. Outros 27,2% no Norte e o restante diluído nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Conforme os dados, em 2013, 2.135 vítimas de infecções gastrintestinais perderam a vida – número que poderia cair 15,5%. A universalização do saneamento também diminuiria os afastamentos do trabalho ou da escola em 23% , o que poderia implicar em queda de R$ 258 milhões por ano. Em 2008, 15,8 milhões de pessoas ou 8,3% da população brasileira faltaram ao serviço ou às aulas por pelo menos um dia, sendo que 6,1% ou 969 mil por problemas causados por diarreias. Deste total, 304,8 mil eram trabalhadores e 707,4 mil frequentavam escolas ou creches.
Outro benefício apontado pelo estudo, seria a dinamização do turismo com a criação de quase 500 postos de trabalho e renda anual de R$ 7,2 bilhões em salários, além de incremento na formação do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma da riqueza gerada no país, da ordem de R$ 12 bilhões.
REALIDADE DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
FONTE IBGE
A comparação com a PNSB de 1989, quando havia 4.425 municípios, permite verificar a evolução da cobertura dos serviços de abastecimento de água por rede geral, de esgotamento sanitário e de coleta de lixo.O serviço de drenagem urbana foi incluído na PNSB/2000.
ÁGUA –
Quase todos os municípios brasileiros têm rede de abastecimento de água
Em 2000, o serviço de abastecimento, prestado por alguma empresa pública ou privada, alcançou uma proporção de 97,9% dos municípios do País, enquanto em 1989 abrangia 95,9%. A pesquisa revelou que 116 municípios brasileiros, ou 2% do total, não têm abastecimento de água por rede geral; a maior parte deles situada nas regiões Norte e Nordeste.
No que se refere aos domicílios brasileiros, no entanto, a cobertura é de 63,9%, e se caracteriza por um desequilíbrio regional. Na região Sudeste, a proporção de domicílios atendidos é de 70,5%. Já nas regiões Norte e Nordeste, o serviço alcança, respectivamente 44,3% e 52,9% dos domicílios.
A abrangência do abastecimento de água também varia de acordo com o tamanho populacional dos municípios: quanto mais populosos forem, maiores as proporções de domicílios abastecidos. Os menores municípios apresentam maior deficiência nos serviços e apenas 46% dos domicílios situados em municípios com até 20 000 habitantes contam com abastecimento de água por rede geral.
Brasileiro recebe em média 260 litros de água por dia
Em 2000 foram distribuídos diariamente, no conjunto do país, 0,26 m3 ( ou 260 litros) de água per capita, média que variou bastante entre as regiões. Na região Sudeste, o volume distribuído alcançou 0,36 m3 per capita, enquanto no Nordeste ele não chegou à metade, apresentando uma média de 0,17m3 per capita.
A distribuição de água no conjunto dos 8656 distritos com rede geral é feita através de 30,58 milhões de ligações prediais, sendo que 25 milhões destas possuem medidores ( hidrômetros). Em comparação com 1989, o número absoluto de ligações com medidores cresceu 81,8% nacionalmente, refletindo um aumento expressivo em todas as regiões. A região Sudeste apresenta o mais alto índice de medição, com 91% das ligações medidas. O índice mais baixo se encontra na região Norte, com 37% de ligações medidas.
Proporção do volume de água não tratada cresceu entre 1989 e 2000
Entre 1989 e 2000, o volume total de água distribuída por dia no Brasil cresceu 57,9%. Em 1989, dos 27,8 milhões de m3 de água distribuídos diariamente, 3,9% não eram tratados. Em 2000, a proporção de água não tratada quase dobrou, passando a representar 7,2% do volume total ( 43,9 milhões de m3 por dia). Vários distritos, porém, são abastecidos com água subterrânea, como nos estados do Pará ( 89%) e Rio Grande do Sul (75%), que, embora não tratada, pode ter boa qualidade.
A região Norte apresenta um padrão diferente das demais regiões. No Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, mais de 90% da água distribuída recebe algum tipo de tratamento, enquanto no Norte este percentual é de 67,6%.
A proporção da água distribuída com tratamento também varia de acordo com o tamanho da população dos municípios. Naqueles com mais de 100 000 habitantes, a água distribuída é quase totalmente tratada. Já nos municípios com menos de 20 000 habitantes, 32,1% do volume distribuído não recebe qualquer tipo de tratamento.
No Brasil, 75% do volume de água tratada distribuída sofre o processo convencional de tratamento, que usa operações de coagulação, sedimentação e filtração para clarificação da água, seguida de correção de PH, e desinfecção. A fluoretação, utilizada com o objetivo de reduzir a cárie dental nas populações, é praticada em 45,7% dos municípios brasileiros. Cerca de 70% dos municípios do Sul e do Sudeste trabalham com fluoretação; no Nordeste, 16,6% têm essa prática e no Norte, 7,8%.
O serviço de abastecimento de água é cobrado dos usuários em 81% dos distritos abastecidos, tendo como base o consumo medido ou estimado.
Volume de água per capita distribuída por dia ( em m3)
Região
Total (m3)
População 2000
Per Capita (m3)
Com Tratam.
Per Capita (m3)
Sem Tratam.
Per Capita (m3)
Brasil
43.999.678
169.799.170
0,26
40.843.004
0,24
3.156.674
0,02
Norte
2.468.238
12.900.704
0,19
1.668.382
0,13
799.856
0,06
Rondônia
202.914
1.379.787
0,15
149.438
0,11
53.476
0,04
Acre
73.222
557.526
0,13
71.572
0,13
1.650
0,00
Amazonas
896.185
2.812.557
0,32
607.310
0,22
288.875
0,10
Roraima
26.907
324.397
0,08
26.907
0,08
0
0,00
Pará
968.216
6.192.307
0,16
554.502
0,09
413.714
0,07
Amapá
132.430
477.032
0,28
130.559
0,27
1.871
0,00
Tocantins
168.364
1.157.098
0,15
128.094
0,11
40.270
0,03
Nordeste
7.892.876
47.741.711
0,17
7.386.055
0,15
506.821
0,01
Maranhão
909.660
5.651.475
0,16
658.792
0,12
250.868
0,04
Piauí
391.143
2.843.278
0,14
359.682
0,13
31.461
0,01
Ceará
951.813
7.430.661
0,13
876.933
0,12
74.880
0,01
Rio Gde do Norte
659.589
2.776.782
0,24
642.485
0,23
17.104
0,01
Paraíba
577.532
3.443.825
0,17
563.897
0,16
13.635
0,00
Pernambuco
1.554.881
7.918.344
0,20
1.545.355
0,20
9.526
0,00
Alagoas
345.215
2.822.621
0,12
335.971
0,12
9.244
0,00
Sergipe
318.167
1.784.475
0,18
318.167
0,18
0
0,00
Bahia
2.184.876
13.070.250
0,17
2.084.773
0,16
100.103
0,01
Sudeste
26.214.949
72.412.411
0,36
24.752.375
0,34
1.462.574
0,02
Minas Gerais
4.244.595
17.891.494
0,24
3.198.390
0,18
1.046.205
0,06
Espírito Santo
860.320
3.097.232
0,28
811.213
0,26
49.107
0,02
Rio de Janeiro
7.945.281
14.391.282
0,55
7.907.104
0,55
38.177
0,00
São Paulo
13.164.753
37.032.403
0,36
12.835.668
0,35
329.085
0,01
Sul
5.103.209
25.107.616
0,20
4.800.049
0,19
303.160
0,01
Paraná
1.644.861
9.563.458
0,17
1.605.310
0,17
39.551
0,00
Santa Catarina
953.973
5.356.360
0,18
942.811
0,18
11.162
0,00
Rio Grande do Sul
2.504.375
10.187.798
0,25
2.251.928
0,22
252.447
0,02
Centro-Oeste
2.320.406
11.636.728
0,20
2.236.143
0,19
84.263
0,01
Mato Grosso do Sul
437.952
2.078.001
0,21
437.712
0,21
240
0,00
Mato Grosso
590.120
2.504.353
0,24
567.400
0,23
22.720
0,01
Goiás
788.307
5.003.228
0,16
730.083
0,15
58.224
0,01
Distrito Federal
504.027
2.051.146
0,25
500.948
0,24
3.079
0,00
ESGOTO
No Brasil, 52% dos municípios e 33,5% dos domicílios têm serviço de coleta de esgoto
O esgotamento sanitário é o serviço de saneamento básico com menos cobertura nos municípios brasileiros, embora tenha crescido 10,6%. Se, em 1989, dos 4.425 municípios existentes no Brasil, 47,3% tinham algum tipo de serviço de esgotamento sanitário, em 2000, dos 5.507 municípios, 52,2% tinham esgotamento sanitário, o que representa um crescimento de 10% no período de 1989-2000.
No Brasil, 33,5% dos domicílios são atendidos por rede geral de esgoto. O atendimento chega ao seu nível mais baixo na região Norte, onde apenas 2,4% dos domicílios são atendidos, seguidos da região nordeste (14,7%), Centro-Oeste (28,1%) e Sul (22,5%). A região sudeste apresenta o melhor atendimento: 53,0% dos domicílios têm rede geral de esgoto. Dos 5.507 municípios existentes em 2000, 2.630 não eram atendidos por rede coletora, utilizando soluções alternativas como fossas sépticas e sumidouros, fossas secas, valas abertas e lançamentos em cursos d’água.(págs. 41 a 45 )
Nos municípios, a desigualdade dos serviços prestados se repete: quanto maior a população do município, maior a proporção de domicílios com serviço de esgoto. Os municípios com mais de 300.000 habitantes têm quase três vezes mais domicílios ligados à rede geral de esgoto do que os domicílios em municípios com população até 20.000 habitantes. Nos extremos, temos, por exemplo, a cidade de Baurú, em São Paulo, com uma população de 316.064. Dos 108.677 domicílios existentes, 97.079 estão ligados à rede geral de esgoto (89,33%). Já o município de Pocrane, em Minas Gerais, a população é de 9.851 e existem 3.509 domicílios, sendo que somente 5 estão ligados à rede geral de esgoto (0,14%).
No Sudeste, as diferenças não são tão marcantes: 58,7% dos domicílios nos municípios com mais de 300.000 habitantes e 42,1% dos domicílios nos municípios com até 20.000 habitantes têm rede geral de esgoto. Já no Nordeste, os municípios com mais de 300.000 habitantes têm 3,4 vezes mais domicílios com rede geral do que os municípios com 20.000 habitantes. A maior diferença de domicílios servidos em municípios de grande e pequeno porte encontra-se na região Centro-Oeste: os municípios com população acima de 300.000 têm 20 vezes mais domicílios com rede geral de esgoto do que os municípios com 20.000 habitantes (56,7% e 2,6%, respectivamente).
Em relação ao esgotamento sanitário, 47,8% dos municípios brasileiros não têm coleta de esgoto. O Norte é a região com a maior proporção de municípios sem coleta (92,9%), seguido do Centro-Oeste (82,1%), do Sul (61,1%), do Nordeste (57,1%) e do Sudeste (7,1%). Nesses casos, os principais receptores do esgoto in natura não coletado são os rios e mares, comprometendo a qualidade da água utilizada para abastecimento, irrigação e recreação.
No Brasil, dos 52,2% dos municípios que têm esgotamento sanitário, 32,0% têm serviço de coleta e 20,2% coletam e tratam o esgoto. Em volume, no país, diariamente, 14, 5 milhões m3 de esgoto são coletados, sendo que 5,1 milhões m3 são tratados. O Sudeste é a região que tem a maior proporção de municípios com esgoto coletado e tratado (33,1%), seguido do Sul (21,7%), Nordeste (13,3%), Centro-Oeste (12,3%) e Norte (3,6%).
Tabela 8 – Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário, segundo as Grandes Regiões – 2000
Grandes Regiões
Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário (%)
Sem coleta
Só coletam
Coletam e tratam
Brasil
47,8
32,0
20,2
Norte
92,9
3,5
3,6
Nordeste
57,1
29,6
13,3
Sudeste
7,1
59,8
33,1
Sul
61,1
17,2
21,7
Centro-Oeste
82,1
5,6
12,3
Dispositivo tipo câmara, enterrado, destinado a receber o esgoto para separação e sedimentação do material orgânico e mineral, transformando-o em material inerte; poço seco escavado em terra, destinado a receber e acumular todo o esgoto; valas ou valetas por onde escorre o esgoto a céu aberto em direção a cursos d’água ou ao sistema de drenagem, atravessando os terrenos das casas ou as vias públicas; lançamento do esgoto sem tratamento, diretamente em rios, lagos, mar, etc.
LIXO
Melhora o destino final do lixo, cai a participação dos lixões
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, realizada pelo IBGE, revela uma tendência de melhora da situação de destinação final do lixo coletado no país nos últimos anos. Em 2000, o lixo produzido diariamente no Brasil chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1% era destinado a aterros sanitários , 22,3 % a aterros controlados e apenas 30,5 % a lixões. Ou seja, mais de 69 % de todo o lixo coletado no Brasil estaria tendo um destino final adequado, em aterros sanitários e/ou controlados. Todavia, em número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6 % utilizavam lixões e 32,2 %, aterros adequados (13,8 % sanitários, 18,4 % aterros controlados), sendo que 5% não informou para onde vão seus resíduos. Em 1989, a PNSB mostrava que o percentual de municípios que vazavam seus resíduos de forma adequada era de apenas 10,7 %.
Os números da pesquisa permitem, ainda, uma estimativa sobre a quantidade coletada de lixo diariamente: nas cidades com até 200.000 habitantes, são recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante; nas cidades com mais de 200 mil habitantes, essa quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante. A PNSB 2000 informa que, na época em foi realizada, eram coletadas 125.281 toneladas de lixo domiciliar, diariamente, em todos os municípios brasileiros. (na publicação veja as páginas 309 e 310).
As 13 maiores cidades são responsáveis por 31,9% de todo o lixo urbano brasileiro
Dos 5.507 municípios brasileiros, 4.026, ou seja 73,1%, têm população até 20.000 habitantes. Nestes municípios, 68,5% dos resíduos gerados são vazados em lixões e em alagados. Se tomarmos, entretanto, como referência, a quantidade de lixo por eles gerada, em relação ao total da produção brasileira, a situação é menos grave, pois em conjunto coletam somente 12,8 % do total brasileiro (20.658 t/dia). Isto é menos do que o gerado pelas 13 maiores cidades brasileiras, com população acima de 1 milhão de habitantes. Só estas, coletam 31,9 % (51.635 t/dia) de todo o lixo urbano brasileiro, e têm seus locais de disposição final em melhor situação: apenas 1,8 % (832 t/dia) é destinado a lixões, o restante sendo depositado em aterros controlados ou sanitários. (páginas 283, 284, 297 e 298)
2.569 cidades vazam o lixo hospitalar no mesmo aterro dos resíduos urbanos. Em 2000, a situação de disposição e tratamento dos resíduos sólidos de serviços de saúde (RSS) melhorou, com 539 municípios encaminhando-os para aterros de resíduos especiais (69,9 % próprios e 30,1 % de terceiros), enquanto em 1989 apenas 19 municípios davam este destino aos resíduos sólidos. Em número de municípios, 2.569 depositam nos mesmos aterros que os resíduos comuns, enquanto 539 já estão enviando-os para locais de tratamento ou aterros de segurança.A pesquisa mostra, também, que, entre os municípios com mais de 500.000 habitantes que destinam o lixo séptico em vazadouros a céu aberto, estão Campo Grande (MS), São Gonçalo (RJ), Nova Iguaçú (RJ), Maceió (AL) e João Pessoa (PB). (páginas 315 e 316).
Drenagem Urbana
Todos os municípios com mais de 300 mil habitantes têm sistema de drenagem. A PNSB 2000 revela que 78,6% dos municípios do Brasil possuem sistema de drenagem das chuvas, importante para prevenir inundações e alagamentos. É a primeira vez que este tipo de serviço é estudado na pesquisa. Segundo as informações coletadas, a região mais bem atendida é a Sul (94,4% dos municípios têm o sistema), e a menos atendida é a Norte (49,4%). No Sudeste, onde se concentra mais da metade da população nacional, 88,1% dos municípios têm rede de drenagem. Os dados mostram que a existência de redes é mais freqüente nas áreas mais desenvolvidas. (veja publicação págs. 45 a 49)
Todos os 66 municípios com mais de 300 mil habitantes possuem sistema de drenagem. Eles correspondem a 1,6% do total de municípios e somam 60 milhões de habitantes (a população brasileira é de 169 milhões, segundo o Censo 2000). Do lado oposto, com o menor percentual, estão os municípios com até 20 mil habitantes: 74,8% possuem o sistema. Quanto maior a população de um município, maior a probabilidade de ter rede de drenagem.
O serviço de drenagem é executado pelas prefeituras municipais em 99,8% dos casos. A PNSB não avaliou a eficiência e sim a existência ou não de rede, independentemente de sua extensão.
Aterro sanitário – técnica de disposição do lixo, fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, que permite a confinação segura em termos de controle da poluição ambiental e proteção à saúde pública.
Aterro controlado – local utilizado para despejo do lixo coletado, em bruto, com cuidado de, após a jornada de trabalho, cobri-lo com uma camada de terra, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a segurança, minimizando os impactos ambientais
Lixão ou Vazadouro a céu aberto – disposição final do lixo pelo seu lançamento, em bruto, sobre o terreno sem qualquer cuidado ou técnica especial . Vazadouro em áreas alagadas – disposição final do lixo pelo seu lançamento, em bruto
Instrumentos reguladores — Apesar do alto percentual de municípios que possuem rede, em 73,4% deles não há instrumentos reguladores do sistema, itens importantes no planejamento dos sistemas de drenagem. Esses instrumentos podem ser, por exemplo, a legislação municipal, a Lei de uso e ocupação do solo, um plano diretor ou plano urbanístico global. O Sul é a região onde há maior número de municípios com instrumentos reguladores (43,2%), enquanto o Nordeste fica com o menor número (13,4%). (tabela 70, página 225)
Entre as capitais, não possuem nenhum tipo de instrumento regulador Rio Branco, Belém, João Pessoa e Recife.
Dos municípios com instrumentos reguladores, 22,5% possuem plano diretor, um estudo de aspectos físicos da região, considerado um passo importante para a eficiência do sistema. A maioria (57,7%) dos municípios com instrumentos reguladores usa a Lei de uso e ocupação do solo como regulamentação.
Tipos de rede – A rede de drenagem pode ser subterrânea ou superficial. Em 85,3% dos municípios que têm rede, ela é do tipo subterrânea. E entre os que possuem rede subterrânea, 21,8% têm rede unitária (usada ao mesmo tempo para transportar o esgoto) e 81,8%, separadora (considerada a ideal, usada para transportar somente água das chuvas). O Nordeste é a região com maior porcentagem de redes unitárias (46,9%). (tabela 73, página 231)
A maioria (75,7%) dos municípios que têm sistema de drenagem utiliza os cursos d’água permanentes (lagos, rios, córregos, riachos, igarapés) como corpos receptores, ou seja, é neles que as águas captadas são despejadas. Os reservatórios de acumulação, considerados uma das principais alternativas para minimizar os riscos de inundações, são usados por 7,5% dos municípios, sendo encontrados com mais freqüência no Centro-Oeste (9,8%), Sul (9,7%) e Sudeste (8,3%). (tabela 76, página 237).
Legislação municipal ou da Região Metropolitana – leis que determinam e definam as políticas setoriais, os financiamentos e os mecanismos para o planejamento das ações no setor.
Lei de Uso e Ocupação de Solo – Regula o uso da terra, a densidade populacional, a dimensão, finalidade e o volume das construções no município. Essa lei tem como objetivo atender a função social da propriedade e da cidade.
Plano Diretor de Drenagem Urbana – é voltado para a orientação racional do desenvolvimento físico do município no que diz respeito à drenagem urbana, visando orientar o crescimento, estimular e ordenar as atividades ligadas à rede de captação pluvial.
Plano Urbanístico Global Para a Área Urbana – define as diretrizes para a intervenção urbanística na área urbana, levando em consideração o uso e ocupação do solo, seu objetivo e dimensão.
Tema:“Fraternidade: Igreja e Sociedade” Lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)
Explicação / Leitura do Cartaz CF 2015Entenda o significado do cartaz:
01 - O cartaz da CF 2015 retrata o Papa Francisco lavando os pés de um fiel na Quinta-feira Santa de 2014. A Igreja atualiza o gesto de Jesus Cristo ao lavar os pés de seus discípulos. O lava-pés é expressão de amor capaz de levar a pessoa a entregar sua vida pelo outro. E com este amor que todo ser humano é amado por Deus em Jesus Cristo. Ao entregar-se à morte na cruz e ressuscitar, como celebramos na Páscoa, Jesus leva em plenitude o Eu vim para servir (cf. Mc 10,45).
02 - A Igreja Católica, através de suas comunidades, participa das alegrias e tristezas do povo brasileiro. O Concílio Vaticano II veio iluminar a missão evangelizadora da Igreja. Evangelizar pelo testemunho, dialogando com as pessoas e a sociedade. No diálogo, a Igreja (as comunidades) está a serviço de todas as pessoas. Ao servir, ela participa da construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica. No serviço, ela edifica o Reino de Deus.
Apresentação da Campanha da Fraternidade 2015
Viver a Campanha - Campanha da Fraternidade 2015
Relação Igreja e Sociedade - Campanha da Fraternidade 2015
Campanha da Fraternidade será lançada dia 12 de janeiro
A Confederação Nacional de Bispos do Brasil publicou, no começo do mês de outubro, o texto-base da Campanha da Fraternidade 2015. Neste ano, a campanha terá o tema “Fraternidade: Igreja e sociedade” e o lema é “Eu vim para servir”.
A Campanha da Fraternidade buscará recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre a igreja e a sociedade. Aspectos propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.
A CNBB lançou também o CD com o hino da Campanha da Fraternidade 2015 e cantos apropriados para a Quaresma. Conforme o bispo dom Gílio informa à reportagem que, na última quarta-feira, foi realizada uma reunião no Bispado em Bagé, para discutir o lançamento da campanha no município. O lançamento em Bagé será no dia 12 de janeiro. “Faremos o nosso evento tradicional do mês de janeiro em que convidamos as lideranças da cidade, a comunidade e a imprensa para apresentar o tema e o lema da Campanha da Fraternidade”, destacou dom Gílio.
Fonte: Jornal Folha do Sul
Regional Nordeste III inicia os trabalhos de preparação para Campanha da Fraternidade 2015
No período de 17 a 19 de outubro de 2014, na sede da arquidiocese de Salvador, BA, realizou-se o Seminário Regional de Formação e Animação para a Campanha da Fraternidade de 2015 com o tema: "Fraternidade: Igreja e Sociedade" e o Lema: "Eu vim para servir" (Mc 10, 45).
O Regional Nordeste 3 (NE3) é composto por 24 dioceses localizadas nos estados da Bahia e de Sergipe, e mais de 40 representantes diocesanos estiveram presentes ao encontro. O diácono Luciano Santana, da diocese de Vitória da Conquista, BA, coordenador regional da Campanha da Fraternidade, abriu os trabalhos com acolhimento aos participantes, motivando-os com a oração inicial.
Após o momento de oração, Antônio S. Evangelista (Toninho), representante da região Sudeste na ENAC (Equipe Nacional de Campanhas) conduziu os trabalhos, oferecendo como aquecimento ao tema as palavras do papa Francisco "prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias seguranças". E o evangelho de Mc 10, 45 "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos" com essa reflexão fez a interpelação à Igreja, fiel servidora da palavra e mestra de misericórdia. Com esta perspectiva apontou o caminhar a Igreja na CF 2015: ir, partir, abrir portas, acolher!
Ao mencionar o Objetivo Geral que consiste em "aprofundar à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus", afirmou: "temos aqui palavras pontuais e precisas, ou seja, a Igreja (todos os cristãos católicos) deve ter presente o Evangelho para ir ao encontro de todas as pessoas, grupos, entidades, associações, escolas e segmentos de toda a sociedade para ouvir, acolher e dialogar. Não mais como quem acha que sabe tudo, mas na perspectiva do Concílio Ecumênico Vaticano II, discernir os "sinais dos tempos" como uma mãe que acolhe todos os filhos e filhas.
O texto-base está organizado em três momentos. O primeiro deles propõe uma reflexão sobre o relacionamento entre a Igreja e a sociedade, iniciado no período da Cristandade e que continua aos nossos dias. De modo particular, e por ser esta uma Campanha da Igreja Católica no Brasil, o assessor apresentou elementos deste relacionamento nos séculos XVIII e XIX, dificuldades, avanços e os desafios atuais da sociedade brasileira. Entre eles, focou sua exposição na demografia, na família, no consumismo que "coisifica" o ser humano e nas convergências e divergências do "diálogo" em exercício pela Igreja e sociedade, também fez destaque ao laicato, à cultura do descartável e ao sofrimento da juventudeno, contexto da violência que opera neste período de "mudanças de época".
Entre os avanços, e sempre referenciando a Doutrina Social da Igreja (DSI), Toninho lembrou da importante participação e intervenção da Igreja nos projetos de inciativa popular como a Lei 9.840 sobre a Corrupção Eleitoral e a Lei 135/2010 da Ficha Limpa. Também lembrou os esforços da sociedade sobre as políticas públicas e seus avanços nos últimos dez anos. Fez referência ao programa Bolsa Família, que após 10 anos diminuiu significativamente a pobreza extrema da população brasileira que evoluiu de 9,7% para 4,3% no mesmo período, bem como ao índice de mortalidade infantil que passou de 53,7 para 17,7 (para cada mil nascidos vivos). Para a discussão do segundo momento do Texto-base, em que é sugerido à continuidade da análise, mas com os referenciais bíblicos, foi aberta a palavra aos representantes diocesanos para refletirem como o Povo de Deus se organizou internamente e como se relacionavam com os povos vizinhos. Neste debate, Jesus se revela na lógica do serviço, onde a Igreja existe para seguir o Mestre no anúncio do Evangelho aos areópagos, na opção pelo ser humano e preferencialmente pelos pobres, numa constante conversão.
A opção de Jesus Cristo pelos pobres ajudou o grupo a aprofundar a análise sobre a Missão Social da Igreja, que não é somente de cunho religioso nem propriamente político, econômico ou social. Mas ela não se isenta destas tarefas, sendo de fundamental importância que nesta missão de ser Igreja ela comunique a todas as pessoas sua experiência de fé a partir de Jesus Cristo.
A experiência da Igreja se fundamenta na Santíssima Trindade que é modelo para seu diálogo com a sociedade. Foram partilhadas muitas experiências em torno da missão da Igreja, entre elas, a de que ela deve se colocar à disposição do gênero humano e das forças salvadoras que recebeu e recebe de Jesus Cristo.
Por ser a Igreja "perita em humanidade", foi acentuada a necessidade de retomar a Doutrina Social da Igreja, como base no aprofundamento do diálogo entre as famílias, as juventudes e demais grupos da sociedade. No terceiro momento de "diálogo" com o Texto-base, surgiu a necessidade de ações e atitudes a serem tomadas para preservar e garantir a Caridade e considerando o lema "Eu vim para Servir" esta exigência é ainda maior, ou seja, nesta relação Igreja e sociedade as atitudes de atuação e intervenção da Igreja devem ser claras para além da cooperação e do diálogo. Sem essa clareza que o Evangelho propõe, o Agir da CF 2015 pode estar prejudicado.
Os critérios de ação devem estar fundamentados na dignidade humana, no bem comum e na justiça social e isso só será possível com a construção de um Estado democrático e de direito, este deve superar as contradições e dicotomias que persistem no relacionamento Igreja e Sociedade.
O encontro também contou com profundos momentos de celebração da fé, e a Eucaristia propiciou o encontro coletivo e pessoal de cada participante com Deus. Esse encontro coloca o ser humano em sintonia com a ação salvífica de Deus na história da humanidade.
Durante o encontro tivemos as visitas de Dom Gilson e de Dom Murilo, Bispo Auxiliar e Arcebispo de São Salvador respectivamente, ambos além da saudação trouxeram uma reflexão, Dom Gilson sobre o Princípio da Subsidiariedade proposto na D.S.I e Dom Murilo sobre a Campanha de Evangelização.
Por fim,se apresentou propostas a serem conhecidas, vivenciadas e assumidas durante a CF 2015 pelo Regional Nordeste III, e após debate em uma plenária processante a assembleia elegeu oito pistas para o Agir no Regional. 1. Promover a formação e participação dos Leigos e Leigas nos Conselhos paritários de Direito; 2. Promover formação, e ir ao encontro das Escolas de "Fé e Política" existentes nas dioceses/regional; 3. Implantação e/ou Revitalização das ações da Cáritas, bem como das Pastorais Sociais nas dioceses; 4. Promover um levantamento de dados que revelem a realidade das ações desenvolvidas com as minorias em nossas dioceses numa ação articulada com as Políticas Públicas de Assistência Social; 5. Potencializar as ações de evangelização das Famílias a partir das aproximações e diálogos entre grupos, serviços e pastorais, fortalecendo o Setor Família, em sintonia com o que já está sendo proposto pelo Sínodo da Família; 6. Apoiar a Formação de Leigos/as, fomentando a atuação destes na Igreja e na Sociedade a partir do Estudo do Documento 107; 7. Atuar como Agentes multiplicadores, e fomentar a realização de encontros para debater e trocar estratégias de mobilização da CF 2015, incentivando a Criação de Equipes de Animação das Campanhas nas Dioceses; 8. Motivar a adesão da Coleta de assinaturas do Projeto de Coalizão Democrática e Eleições Limpas, que se articula com a Reforma Política.
Estas são propostas de ação para CF 2105, mas não estão fechadas podendo ainda acolher novas sugestões, de acordo com a realidade das comunidades que vivem a Fé à luz do Espirito Santo e este, suscita esperança e criatividade.
Que o Espírito Santo e Nossa Senhora Aparecida nos ajudem nesta missão, e como cristãos "novos" possamos acolher, compreender e vivenciar da melhor forma possível esta Campanha, e como Missionários e Missionárias do Reino contribuir para um Brasil justo e solidário, pátria de todos e todas.
Antônio S. Evangelista - Assessor da CF 2015 Diácono Luciano Santana - Coordenador da CF no Regional NE 3 Pe. Mário de Carli - Missionário da Consolata em Feira de Santana - BA
Fonte: Revista Missões
Com o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), a Campanha da Fraternidade (CF) 2015 buscará recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.
O texto base utilizado para auxiliar nas atividades da CF 2015 já está disponível nas Edições CNBB. O documento reflete a dimensão da vida em sociedade que se baseia na convivência coletiva, com leis e normas de condutas, organizada por critérios e, principalmente, com entidades que “cuidam do bem-estar daqueles que convivem”.
Na apresentação do texto, o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, explica que a Campanha da Fraternidade 2015 convida a refletir, meditar e rezar a relação entre Igreja e sociedade.
“Será uma oportunidade de retomarmos os ensinamentos do Concílio Vaticano II. Ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atuante, participativa, consoladora, misericordiosa, samaritana. Sabemos que todas as pessoas que formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos trabalham para que as estruturas, as normas, a organização da sociedade estejam a serviço de todos”, comenta dom Leonardo.
Proposta do subsídio
O texto base está organizado em quatro partes. No primeiro capítulo são apresentadas reflexões sobre “Histórico das relações Igreja e Sociedade no Brasil”, “A sociedade brasileira atual e seus desafios”, “O serviço da Igreja à sociedade brasileira” e “Igreja – Sociedade: convergência e divergências”.
Na segunda parte é aprofundada a relação Igreja e Sociedade à luz da palavra de Deus, à luz do magistério da Igreja e à luz da doutrina social.
Já o terceiro capítulo debate uma visão social a partir do serviço, diálogo e cooperação entre Igreja e sociedade, além de refletir sobre “Dignidade humana, bem comum e justiça social” e “O serviço da Igreja à sociedade”. Nesta parte, o texto aponta sugestões pastorais para a vivência da Campanha da Fraternidade nas dioceses, paróquias e comunidades.
O último capítulo do texto base apresenta os resultados da CF 2014, os projetos atendidos por região, prestação de contas do Fundo Nacional de Solidariedade de 2013 (FNS) e as contribuições enviadas pelas dioceses, além de histórico das últimas Campanhas e temas discutidos nos anos anteriores.
Oração oficial da CF 2015 Tema:“Fraternidade: Igreja e Sociedade” Lema: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45)
Ó Pai, Alegria e esperança de vosso povo, vós conduzis a Igreja, servidora da vida, nos caminhos da história.
A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo sua palavra que chama à conversão, seja vossa igreja testemunha viva de fraternidade e de liberdade, de justiça e de paz.
Enviai o vosso Espírito da verdade para que a sociedade se abra à aurora de um mundo justo e solidário, sinal do Reino que há de vir.
Por Cristo Senhor nosso.
Amém! Fonte: www.portalkairos.net
HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE/ 2015
Refrão: Aceita, Senhor, com prazer
O que vimos te oferecer
O que vimos te oferecer
1 – Que te ouça o Eterno em tua aflição
Proteja-te o nome do Deus da Nação!
Do seu santuário te mande um auxílio
E, desde Sião, te seja um arrimo!
2- Sim, tudo o que estás a lhe oferecer
Receba ele agora com todo prazer!
Atenda aos desejos do teu coração
Conceda a teus sonhos realização
3- Possamos, assim, contar tua vitória
E alçar, em seu Nome, bandeiras de glória!
Agora eu sei: o Eterno liberta!
E o seu Consagrado quem salva é sua destra!
4 – Confiam nos carros ou então nos cavalos,
Mas nós no Eterno é que confiamos!
Enquanto uns fracassam, nós firmes estamos!
Ao Cristo, a vitória! E ouvidos sejamos!
(Comunhão - 4º Dom. da Quaresma - Ano B)
L.: Fr. Telles Ramon, O. de M.
M.: Adenor Leonardo Terra
1. Deus é rico em misericórdia.
Seu amor é grande, sim, por nós. (Ef 2, 4)
Das amarras da antiga morte
Nos livrou, pois ouve nossa voz.
Este amor está em Jesus Cristo
Que por nós morreu e ressurgiu,
À direita de Deus Pai se encontra
E do céu as portas nos abriu.
Este é o amor de Deus por nós:
Caminha conosco! Visita seu povo!
Amor de Deus por nós!
2. Quando o povo andou em maus caminhos
Praticando a infidelidade.
Deus envia os seus mensageiros
Para conduzi-los à verdade.
Mas em nada adianta o envio
E vem logo a escravidão.
O amor de Deus nunca se cansa
Promovendo a libertação.
3. “Qual serpente no deserto, um dia,
Que Moisés ao povo levantou.
É preciso que o Filho d’ Homem
Mostre ao mundo todo o seu amor.
Os que creem terão a vida eterna
Pois é esta a minha missão:
Dar a vida em abundância a todos
E livrá-los da condenação.”
4. Ó Jerusalém, cidade santa
És perfeita em tudo, na unidade.
Para lá acorre toda gente;
Que o Senhor de seu louvor se agrade.
E este canto se repita sempre
A Deus que nos dá a salvação,
Que nos deu seu Filho, Jesus Cristo,
Nossa vida e ressurreição.
Aclamação Tempo da Quaresma
Pe. José Carlos Sala
Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus!
Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus! Glória a Deus!
Jesus, Filho amado do Pai, divina e gloriosa Alegria.
Ó Luz cingida de Luz: nossa vida iluminai!
Escutemos sua voz!
1. Clarão do Pai que traz nova visão; Palavra Eterna que restaura o nosso agir. (cf. Sl 4,7)
Clarão do Pai que nos é salvação; Palavra Eterna que nos encaminha à Luz. (cf. Sl 26,1; 35,10)
2. Clarão do Pai que é essência de Deus; Palavra Eterna e caminho aos Céus. (cf. Jo 10,30; Sl 42,3)
Clarão do Pai que proscreve o medo; Palavra Eterna que tateia nosso Ser. (cf. Mt 17,7; Sl 32,15)
3. Clarão do Pai que irradia o amor; Palavra Eterna que nos chama a ser luz.
Clarão do Pai que nos convida a Si; Palavra Eterna que nos partilha tua paz.
4. Clarão do Pai que nos faz filhos da Luz; Palavra Eterna que aumenta nossa fé.
Clarão do Pai que é a vida dos homens; Palavra Eterna que é a plena verdade.
5. Clarão do Pai que resplandece em nós; Palavra Eterna que abrilhanta nosso olhar.
Clarão do Pai que dissipa as trevas; Palavra Eterna que nos chama à conversão..
Rejubila-te, Cidade Santa,
Eis que vem o Rei que nos remiu.
Exultemos juntos de alegria -
Nova Páscoa Ele nos abriu!
1. Já se cumpre a grande profecia:
vem chegando a libertação!
O Pastor que guia nossas vidas
vem nos dar um novo coração.
2. Escutemos a Palavra viva
que nos leva para o rumo certo.
É o Deus que vai ao nosso lado
conduzindo-nos pelo deserto.
3. Despertemo-nos pro Novo Dia
que expulsa toda escuridão.
Ó Jerusalém, Cidade Santa,
confiemo-nos no seu perdão.
Senhor, tende compaixão
Do vosso povo que acolhe a conversão.
Reacendei em nós a chama batismal.
Oh! Dá-nos luz e vosso perdão!
1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!
Do meu pecado, todo inteiro, vem lavar-me
E apagai completamente a minha culpa.
2. Eu reconheço toda a minha iniquidade,
O meu pecado está sempre à minha frente,
Foi contra vós, só contra vós que eu pequei
E pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
3. Criai em mim um coração que seja puro,
Dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face
Nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
4. Dai-me de novo a alegria de ser salvo
E confirmai-me com espírito generoso!
Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar
E minha boca anunciará vosso louvor!
S.: Senhor, que nos mandastes perdoar mutuamente antes de nos aproximarmos do vosso altar.
T.: /:Senhor, tende piedade de nós!:/
S.: Cristo, que na cruz destes o perdão aos pecadores.
T.: /:Cristo, tende piedade de nós!:/
S.: Senhor, que confiastes à vossa Igreja o ministério da reconciliação.
T.: /:Senhor, tende piedade de nós!:/
1. Vem, ó meu povo, partilhar da minha mesa.
com muito amor esse banquete eu preparei.
Este alimento será força na fraqueza,
Levanta e come deste pão que consagrei.
Nós te louvamos, ó Senhor por teu carinho
que se faz pão, se faz palavra e traz perdão.
A Eucaristia nos sustenta no caminho
nutre a esperança e fortalece na missão
2. Eu te proponho um novo Reino de justiça,
que tem por lei a igualdade, a compaixão.
Não te dominem o egoísmo e a cobiça!
recorre à força da palavra e da oração.
3. No monte santo da oração, da Eucaristia
encontrarás alento e paz, conforto, enfim.
Mas na planície da missão, no dia-a-dia
irmãos sofridos já te esperam. Vai por mim!
4. A minha casa é lar que acolhe, é doce abrigo,
mas a morada que prefiro é o coração.
Me alegra o culto que me prestas, como amigo,
me alegra mais te ver cuidar do teu irmão.
5. Por tanto amar eu entreguei meu próprio Filho.
Pra te salvar Ele se deu, morreu na cruz.
Se o mal te fere e do teu rosto ofusca o brilho
combate as trevas! Faze o bem! Procura a luz!
6. Dará mais frutos toda a planta que é podada.
A vida humana é uma longa gestação.
À luz da fé, a dor é poda abençoada,
À luz da páscoa, a morte é luz, ressurreição.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE/2014
Este ano a Campanha daFraternidade 2014 tem como tema: Tema: Fraternidade
eTráfico Humano, e o lema: Para Liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1).
A CF 2014 tem como objetivo Geral, identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus. (Fonte: Portal Kairós)
Significado do cartaz:
1-O cartaz da Campanha da Fraternidade quer refletir a crueldade do tráfico humano. As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a situação de dominação e exploração dos irmãos e irmãs traficados e o seu sentimento de impotência perante os traficantes. A mão que sustenta as correntes representa a força coercitiva do tráfico, que explora vítimas que estão distantes de sua terra, de sua família e de sua gente.
2-Essa situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola a dignidade e os direitos do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus. A sombra na parte superior do cartaz expressa as violações do tráfico humano, que ferem a fraternidade e a solidariedade, que empobrecem e desumanizam a sociedade.
3-As correntes rompidas e envoltas em luz revigoram a vida sofrida das pessoas dominadas por esse crime e apontam para a esperança de libertação do tráfico humano. Essa esperança se nutre da entrega total de Jesus Cristo na cruz para vencer as situações de morte e conceder a liberdade a todos. “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1), especialmente os que sofrem com injustiças, como as presentes nas modalidades do tráfico humano, representadas pelas mãos na parte inferior.
4-A maioria das pessoas traficadas é pobre ou está em situação de grande vulnerabilidade. As redes criminosas do tráfico valem-se dessa condição, que facilita o aliciamento com enganosas promessas de vida mais digna. Uma vez nas mãos dos traficantes, mulheres, homens e crianças, adolescentes e jovens são explorados em atividades contra a própria vontade e por meios violentos. (Fonte: CF 2014).
Ilustração
A Igreja do Brasil está atenta à triste realidade do tráfico humano. Tanto é que a Campanha da Fraternidade de 2014 terá como tema “Fraternidade e Tráfico de Pessoas” e lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
Dentro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, várias pastorais e organismos lidam direta ou indiretamente com o tema.
Isso levou à organização do Grupo de Trabalho Tráfico Humano, que tem se reunido para tratar de várias questões, inclusive da preparação da Campanha da Fraternidade do próximo ano.
O grupo de trabalho conta com representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Pasto (vinculada à Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB), do setor de Mobilidade Humana e da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz.
Em dezembro, o grupo se reuniu para avaliar os trabalhos de 2012 e planejar os próximos passos.
Durante o encontro, os representantes analisaram as atividades e as linhas de ação utilizadas ao longo do ano, e organizaram a agenda para 2013, alicerçada em quatro eixos: formação e produção de conhecimento; articulação e incidência política; comunicação; e a preparação da campanha da fraternidade de 2014.
O grupo deu continuidade à elaboração de um material institucional, que traça a identidade do GT, e aos preparativos da CF 2014.
Ir. Rosita Milesi, integrante do Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB e Diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), disse, em outubro, que a escassez de estatísticas e de registros desta forma de exploração deixa a sociedade ainda sem perceber sua amplitude, mas que, aos poucos, vai se revelando a realidade do comércio de seres humanos para as mais vis finalidades como trabalho escravo, exploração sexual, comércio de órgãos, entre outras.
“Aqui, novamente, o chamado a estarmos ao lado das vítimas para reerguê-las e curá-las, para denunciar estas violações e para demandar o poder constituído a tomar medidas de enfrentamento a este crime e a implementar políticas públicas de assistência às pessoas escravizadas”, afirmou.
A comissão organizadora da CJ 2014 já abriu o concurso para a escolha do hino. As inscrições vão até o dia 29 de abril.
“O objetivo geral da Campanha da Fraternidade será identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-las como violação da dignidade e da liberdade humanas, mobilizando cristãos e pessoas de boa vontade para erradicar este mal com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”, afirmou o assessor do Setor Música Litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do brasil (CNBB), padre José Carlos Sala. (Informações da CNBB)
Por: Folha de Dourados
Fomos criados para a liberdade
`` Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, À imagem de De4us os criou ´´ (Gn 1,28. Nessa afirmação da primeira pagina da Bíblia encontra-se o fundamento da dignidade de os er humano, Por termos sido criados à imagem e à semelhança de Deus, fomos criados para a liberdade. `` Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda ´´, como disse um poeta.para serem livres, povos enfrentaram guerras, comunidades se levantaram contra seus agressores, jovens perderam a vida. Nada me, ninguém consegue fazer desaparecer do coração humano o desejo de ser livre. Hoje, desfrutamos de uma liberdade que foi sonhada e conquistada por muitos. Contudo, será mesmo que todos desfrutam dessa liberdade? Podemos dizer que ela é uma conquista universal? A resposta estás no noticiário de cada dia: ``Descoberta quadrilha de traficantes de seres humanos ´´, Brasileiras vivem em regime de escravidão na Europa ´, ´´ Jovens e adultos sofrem em regime de opressão ´´ etc.
Durante a sua terceira viagem missionária, Paulo escreveu aos cristãos de uma comunidade que ele próprio formara em sua viagem anterior: a comunidade da Galácia, na Ásia Menor. O Apóstolo preocupava-se com as noticias haviam chegado ao seu conhecimento: os gálatas tinham sido visitados por outros Pregadores, que lhes haviam ensinado que era necessário observar as prescrições rituais da Lei de Moisés. Para Paulo, isso era um absurdo, um verdadeiro retrocesso, pois Cristo dera sua vida justamente para nos tornar livres. Sua salvação é ``de graça ´´ . Como cristãos, não devemos mais viver presos a pessoas ou a estruturas. Reproduzo isso em suas próprias palavras: `` É para a liberdade que Cristo nos libertou ´´. (Gl 5,1).
Passados vinte séculos, cabe-nos assumir e fazer nossa a indignação de Paulo; Afinal, tráfico humano – isto é, o cerceamento da liberdade e o desprezo da dignidade dos filhos de Deus - é uma realidade que destrói e sepulta o sonho de muitos. Para muitos de nós é até difícil imaginar que um ser humano seria capaz de escravizar seu semelhante, que jovens sejam obrigadas a se prostituir, que pais de família vivam `` encarcerados ´´ em fazendas distantes. Casas arruinadas ou oficinas de costura clandestinas, sem liberdade e sem dignidade. O trafico humano é fruto da cultura em que vivemos - `` a cultura do bem estar ´´ , que nos fecha em nossos próprios mundos, tornando-nos insensíveis aos gritos silenciosos dos que vivem oprimidos. Há, em nossos dias, um novo tipo de globalização: a da indiferença. Como nos lembrou do Papa Francisco: ´´ habituamo-nos a o sofrimento do outro; não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa ´´ (8/7/2013).
Como discípulos de Cristo não podemos ficar indiferentes diante da imagem de Deus que é pisada e ferida por causa da maneira como muitos de nossos irmãos são tratados. Em vista disso, a Campanha da Fraternidade de 2014 quer nos acordar: `` É para a liberdade que Cristo nos libertou ´´. Ela pretende que identifiquemos as práticas de tráfico humano em suas várias formas e que as denunciemos como violação da dignidade e da liberdade humana. Sim é preciso erradicar esse mal e resgatar a vida e a sua dignidade de cada filho e de cada filha de Deus, porque todos fomos criados à sua imagem e à sua semelhança. Outros passos deverão ser dados com esse objetivo – por exemplo, reivindicar dos poderes públicos a implantação de políticas e meios eficazes para a reinserção de pessoas atingidas pelo tráfico humano na viada familiar e social, promover ações de prevenção e de resgate da cidadania das pessoas em situação de vitimas de trafico; suscitar, à luz da Palavra de Deus, a conversão que conduz à transformação dessa realidade que é uma vergonha para a humanidade.
Se por acaso, pensarmos que esse problema não existe ou que está muito distante de nós e, portanto, mão é um problema nosso, será sinal de que vivemos numa bolha de sabão – isto é, somos um dos muitos que foram contaminados pela globalização da indiferença; somos do grupo que perdeu a capacidade de chorar, de indignar-se e de reagir diante da mal. Vivemos, então para que?
Imigrantes bolivianos vivem como escravos em São Paulo
‘Morrer antes que viver como escravos’. Este é o lema da Bolívia, cantado no refrão do Hino Nacional do País. No entanto, é como ‘quase’ escravos que cerca de 50 mil bolivianos trabalham em fábricas de roupas em São Paulo.
Os imigrantes fazem turnos de até 16 horas em confecções de roupas nos bairros do Brás, Pari e Bom Retiro. O ambiente de trabalho é fechado, sem janelas e com pouca luz. Os bolivianos moram nas fábricas e precisam pagar tudo para o patrão, desde a máquina de costura que trabalham até a água, luz e comida. Por isso, acabam endividados e ‘presos’ nas confecções. Para garantir que os imigrantes não fujam, além de trancarem as portas das fábricas, os patrões ameaçam chamar a Polícia Federal para deportar aqueles em situação ilegal.
A Bolívia ocupa a 113ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, a pior da América do Sul, e vive uma crise política e econômica que força seus habitantes a imigrarem. Assim como os brasileiros que vão ilegalmente aos Estados Unidos, na ilusão de melhorar de vida, os bolivianos são recrutados por ‘coiotes’, que oferecem trabalho, moradia e um salário de 300 a 400 dólares por mês. As portas de entrada para o Brasil são as cidades de Corumbá (Mato Grosso do Sul), Cáceres (Mato Grosso), Guajará-Mirim (Amazonas, por via fluvial), Manaus (Amazonas, por via fluvial) e mais recentemente Foz do Iguaçú (Paraná), por onde entram ilegalmente pela Ponte da Amizade.
“Eles vêm porque a situação, apesar de precária no Brasil, chega a ser, muitas vezes, melhor que na Bolívia. Alguns poucos mandam cerca de cem reais por mês para a Bolívia, mas muitos ficam sem comunicação com os parentes de lá, o que facilita a vinda de mais bolivianos para São Paulo”, disse Paulo Illes, coordenador do Centro de Apoio ao Migrante, entidade ligada à Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) da Igreja Católica.
De acordo com Illes, o sonho de todo boliviano é poder abrir a própria confeccção, algo que poucos conseguem. O Centro de Apoio ao Migrante, além de ajudar os estrangeiros com assistência jurídica, cursos profissionalizantes e apoio às famílias, também promove uma campanha para a regularização dos ilegais.
Existem três maneiras para o cidadão estrangeiro tornar legal a sua permanência no Brasil. Casando com um(a) brasileiro(a), tendo filho brasileiro ou se tiver pais brasileiros. Recentemente, houve um acordo assinado pelo Brasil e pela Bolívia, o tratado prevê a legalização de todos os bolivianos que chegaram no País antes de 15 de agosto deste ano. Até agora nenhum boliviano se legalizou ajudado por esse acordo por causa do alto custo, de aproximadamente R$ 1.200 por pessoa. “O acordo foi de interesse puramente econômico e não humano. Estamos fazendo um abaixo-assinado para o Governo diminuir esse valor, ou cobrá-lo por família. Pedimos a regularização para eles poderem mudar de vida”, afirmou Illes.
A imigração boliviana começou nos anos 60. Os árabes, donos das confecções, empregavam os coreanos que começaram a abrir suas próprias confecções e a contratar bolivianos. No começo, os bolivianos eram só empregados. Hoje alguns já são donos de fábricas. “Muitos bolivianos conseguem superar, se inserir na sociedade brasileira e trazer valores culturais para o Brasil”, contou Illes.
Mas não são só bolivianos que entram ilegalmente no Brasil para trabalhar nas confecções. Muitos paraguaios e peruanos também estão vindo. “Os paraguaios, geralmente, vão morar em favelas e os peruanos alugam quitinetes para seis ou sete pessoas”, explicou o coordenador do Centro de Apoio ao Migrante.
Para Illes, os bolivianos são desprezados pelos brasileiros. Antigamente, a colônia se reunia todos os domingos na praça Padre Bento, no Pari, para fazer festa, vender comidas típicas e se divertir. Porém, os moradores do lugar os expulsaram, acusando-os de bagunça e de sujar o espaço. Hoje, a praça Cantuta, também no Pari, é o lugar escolhido por eles para promover sua festa, todos os domingos. “É uma praça menor, mas a festa é bonita. Tornouse símbolo do desprezo brasileiro pela cultura diferente”, disse Illes.
Ao todo, 28 bolivianos foram libertados produzindo peças para a GEP, empresa formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli, e que pertence a grupo que representa grife internacional
Fiscalização realizada nesta terça-feira, 19, resultou na libertação de 28 costureiros bolivianos de condições análogas às de escravos em uma oficina clandestina na zona leste de São Paulo. Submetidos a condições degradantes, jornadas exaustivas e servidão por dívida, eles produziam peças para a empresa GEP, que é formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli, e que pertence ao grupo que representa a grife internacional GAP no Brasil. O resgate foi resultado de uma investigação de mais de dois meses, na qual trabalharam juntos Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Receita Federal. A Repórter Brasil acompanhou o flagrante. Foram encontradas peças das marcas Emme e Luigi Bertolli. A fiscalização aconteceu na mesma semana que a São Paulo Fashion Week, principal evento de moda da capital paulista.
Os costureiros, todos vindos da Bolívia, trabalhavam e moravam na oficina clandestina, cumprindo jornadas de, pelo menos, 11 horas diárias. A oficina repassava a produção para a Silobay, empresa dona da marca Coivara baseada no Bom Retiro, também em São Paulo, que, por sua vez, encaminhava as peças para a GEP. A intermediária também foi fiscalizada, em ação realizada na quinta-feira, 21.
Registro de dívida de passagem e visto (clique para ampliar)
Tanto o MPT quanto o MTE e a Receita Federal consideraram a “quarteirização” uma fraude para mascarar relações trabalhistas. Para os auditores fiscais Luís Alexandre Faria e Renato Bignami e a procuradora do trabalho Andrea Tertuliano de Oliveira, todos presentes na fiscalização, não há dúvidas da responsabilidade da GEP quanto à situação degradante em que foram encontrados os trabalhadores da oficina clandestina.
Procurada, a assessoria de imprensa do grupo GEP não retornou até a publicação desta reportagem. No fim desta sexta-feira (22), encaminhou nota pública em que afirma que ”repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”, responsabilizando seus fornecedores pela situação encontrada. “Faz parte de sua política corporativa o respeito intransigente à legislação trabalhista e o combate à utilização de mão de obra submetida a condições de trabalho inadequadas. Por essa razão, somente contratamos fornecedores que sejam homologados pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), certificação que exclui empresas que utilizem qualquer forma de mão de obra irregular”, diz a empresa, em comunicado à imprensa (leia na íntegra a nota divulgada no fim da tarde)*.
A ABVTEX, por sua vez, nega que a empresa fornecedora em questão tenha sido certificada (leia posicionamento na íntegra). De acordo com a assessoria de imprensa da ABVTEX, a Silobay havia obtido apenas um “atestado de participação”. A reportagem tentou contato também com a GAP internacional, por meio da sede da empresa em São Francisco, na Califórnia, e do departamento responsável por relações internacionais na Inglaterra, mas também não obteve retorno.
Aliciados no país vizinho, os imigrantes já começaram a trabalhar endividados, ficando responsáveis por arcar com os custos de transporte e visto de entrada no país. As dívidas se acumulavam e aumentavam com a entrega de “vales”, adiantamentos descontados do salário. Mesmo os que administravam a oficina se endividavam, acumulando empréstimos para compra de novas máquinas e contratação de mais costureiros.
Entre os problemas detectados pela fiscalização na oficina clandestina estão desde questões de segurança, incluindo extintores de incêndio vencidos, fiação exposta e botijões de gás em locais inapropriados, com risco agravado pela grande concentração de tecidos e materiais inflamáveis na linha de produção, até problemas relativos às condições de alojamento e trabalho. Os trabalhadores viviam em quartos adaptados, alguns com divisórias improvisadas, alguns dividindo espaço em beliches. Além disso, alimentos foram encontrados armazenados junto com produtos de limpeza e ração de cachorros.
O grupo trabalhava das 7h às 18h, de segunda-feira à sexta-feira, com uma hora para refeições. Aos sábados, os próprios empregados cuidavam da limpeza e manutenção do local. Todos ganhavam por produção, recebendo cerca de R$ 4 e R$ 5 para costurar e preparar peças das grifes que abastecem os principais shoppings do país. “Quanto mais peças costurarmos, mais dinheiro ganhamos, então preferimos não parar”, afirmou um dos resgatados durante a operação. Mesmo com a presença dos fiscais, todos continuaram costurando, só parando quando as máquinas foram lacradas e a produção oficialmente interrompida.
A desembargadora Ivani Contini Bramante, representante do Conselho Nacional de Justiça, e a juíza Patrícia Therezinha de Toledo, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, da Vara Itinerante de Combate ao Trabalho Escravo, acompanharam a ação..
Indenizações
Um dia após a fiscalização, representantes da GEP concordaram em assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com pagamento de R$ 10 mil para cada uma das vítimas por danos morais individuais, além de mais R$ 450 mil por danos morais coletivos, valor que deve ser repartido e encaminhado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo e a uma organização da sociedade civil que trabalhe com imigrantes. Além da indenização por danos morais, os empregados resgatados receberão também, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, verbas rescisórias em média de R$ 15 mil, valor que pode chegar a R$ 20 mil conforme cada caso. Eles também terão a situação regularizada, com acesso à seguro-desemprego e registro adequado em carteira.
As três marcas da GEP são consideradas referência na moda nacional. A Cori, há mais de quatro décadas no mercado, foi uma das que abriu os desfiles da São Paulo Fashion Week na segunda-feira, dia 18, e possui lojas próprias em centros comerciais de luxo de diferentes cidades. A Luigi Bertolli tem unidades próprias também em todo país. Já a Emme, a mais recente das três marcas, é considerada um exemplo de “fast-fashion”, tendência marcada por lançamentos constantes voltados a mulheres jovens.
A GEP pertence à empresa Blue Bird, que, por sua vez, controla a Tudo Bem Tudo Bom Comércio LTDA., empresa anunciada em dezembro como responsável por administrar a marca GAP no Brasil (leia anúncio oficial em inglês). Na ocasião, o diretor de Alianças Estratégicas da GAP, Stefan Laban, afirmou considerar que o país possibilitaria uma oportunidade “incrível” de expansão dos negócios.
A GAP deve abrir as primeiras lojas da marca em São Paulo e no Rio de Janeiro no segundo semestre de 2013, com a ajuda da intermediária. Não é a primeira vez que a grife internacional se vê envolvida em casos de exploração de trabalho escravo. Em 2007, crianças de dez anos foram encontradas escravizadas na Índia produzindo peças da linha GAP Kids, a marca infantil da loja. Na ocasião, de acordo com reportagem do jornal inglês The Guardian, a empresa afirmou que a produção foi terceirizada de maneira indevida e alegou desconhecer a situação.
A quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que aIgrejamarca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo.(FONTE: Catequisar)
A quaresma é o tempo de preparação para a celebração anual do mistério pascal. Dura quarenta dias, começando na quarta-feira de cinzas e vai até a manhã da quinta-feira santa, com a celebração da benção dos santos óleos.
Nesse período somos chamados a convertermos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua palavra sempre viva e eficaz. Nesse tempo de preparação para a Páscoa, precisamos deixar a vida velha, e viver uma vida nova, a partir de três práticas que nos são propostas: o jejum, a oração e a caridade.
No evangelho de Mateus 6,1-6.16-18, o Senhor nos ensina a maneira certa de praticar o jejum, a oração e a caridade, pedindo-nos que o façamos de coração e não para mostrarmos aos homens, e sim ao Pai que estás no céu. Vejamos:
(Fonte Amiguinhos de Deus)
A Campanha da Fraternidade de 2014 tem como tema o Tráfico Humano, e nos alerta sobre o grave problema de estarmos confundindo o que pode ser comprado e vendido e o que não pode ser comercializado por não ser uma mercadoria e sim PESSOAS, criadas à imagem e á semelhança de Deus.
Coisas baratas
Coisas caras
Não tem preço
Hoje como se não bastasse todos os acontecimentos anteriores decorrentes da escravidão ,esse crime repugnante ainda continua a ser cometido na sociedade brasileira, em pleno século XXI , foram descobertas fazendas que estão utilizando trabalho escravo.
Fomos criados para a liberdade
`` Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, À imagem de De4us os criou ´´ (Gn 1,28. Nessa afirmação da primeira pagina da Bíblia encontra-se o fundamento da dignidade de os er humano, Por termos sido criados à imagem e à semelhança de Deus, fomos criados para a liberdade. `` Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda ´´, como disse um poeta.para serem livres, povos enfrentaram guerras, comunidades se levantaram contra seus agressores, jovens perderam a vida. Nada me, ninguém consegue fazer desaparecer do coração humano o desejo de ser livre. Hoje, desfrutamos de uma liberdade que foi sonhada e conquistada por muitos. Contudo, será mesmo que todos desfrutam dessa liberdade? Podemos dizer que ela é uma conquista universal? A resposta estás no noticiário de cada dia: ``Descoberta quadrilha de traficantes de seres humanos ´´, Brasileiras vivem em regime de escravidão na Europa ´, ´´ Jovens e adultos sofrem em regime de opressão ´´ etc.
Durante a sua terceira viagem missionária, Paulo escreveu aos cristãos de uma comunidade que ele próprio formara em sua viagem anterior: a comunidade da Galácia, na Ásia Menor. O Apóstolo preocupava-se com as noticias haviam chegado ao seu conhecimento: os gálatas tinham sido visitados por outros Pregadores, que lhes haviam ensinado que era necessário observar as prescrições rituais da Lei de Moisés. Para Paulo, isso era um absurdo, um verdadeiro retrocesso, pois Cristo dera sua vida justamente para nos tornar livres. Sua salvação é ``de graça ´´ . Como cristãos, não devemos mais viver presos a pessoas ou a estruturas. Reproduzo isso em suas próprias palavras: `` É para a liberdade que Cristo nos libertou ´´. (Gl 5,1).
Passados vinte séculos, cabe-nos assumir e fazer nossa a indignação de Paulo; Afinal, tráfico humano – isto é, o cerceamento da liberdade e o desprezo da dignidade dos filhos de Deus - é uma realidade que destrói e sepulta o sonho de muitos. Para muitos de nós é até difícil imaginar que um ser humano seria capaz de escravizar seu semelhante, que jovens sejam obrigadas a se prostituir, que pais de família vivam `` encarcerados ´´ em fazendas distantes. Casas arruinadas ou oficinas de costura clandestinas, sem liberdade e sem dignidade. O trafico humano é fruto da cultura em que vivemos - `` a cultura do bem estar ´´ , que nos fecha em nossos próprios mundos, tornando-nos insensíveis aos gritos silenciosos dos que vivem oprimidos. Há, em nossos dias, um novo tipo de globalização: a da indiferença. Como nos lembrou do Papa Francisco: ´´ habituamo-nos a o sofrimento do outro; não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa ´´ (8/7/2013).
Como discípulos de Cristo não podemos ficar indiferentes diante da imagem de Deus que é pisada e ferida por causa da maneira como muitos de nossos irmãos são tratados. Em vista disso, a Campanha da Fraternidade de 2014 quer nos acordar: `` É para a liberdade que Cristo nos libertou ´´. Ela pretende que identifiquemos as práticas de tráfico humano em suas várias formas e que as denunciemos como violação da dignidade e da liberdade humana. Sim é preciso erradicar esse mal e resgatar a vida e a sua dignidade de cada filho e de cada filha de Deus, porque todos fomos criados à sua imagem e à sua semelhança. Outros passos deverão ser dados com esse objetivo – por exemplo, reivindicar dos poderes públicos a implantação de políticas e meios eficazes para a reinserção de pessoas atingidas pelo tráfico humano na viada familiar e social, promover ações de prevenção e de resgate da cidadania das pessoas em situação de vitimas de trafico; suscitar, à luz da Palavra de Deus, a conversão que conduz à transformação dessa realidade que é uma vergonha para a humanidade.
Se por acaso, pensarmos que esse problema não existe ou que está muito distante de nós e, portanto, mão é um problema nosso, será sinal de que vivemos numa bolha de sabão – isto é, somos um dos muitos que foram contaminados pela globalização da indiferença; somos do grupo que perdeu a capacidade de chorar, de indignar-se e de reagir diante da mal. Vivemos, então para que?
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Imigrantes bolivianos vivem como escravos em São Paulo
Os imigrantes fazem turnos de até 16 horas em confecções de roupas nos bairros do Brás, Pari e Bom Retiro. O ambiente de trabalho é fechado, sem janelas e com pouca luz. Os bolivianos moram nas fábricas e precisam pagar tudo para o patrão, desde a máquina de costura que trabalham até a água, luz e comida. Por isso, acabam endividados e ‘presos’ nas confecções. Para garantir que os imigrantes não fujam, além de trancarem as portas das fábricas, os patrões ameaçam chamar a Polícia Federal para deportar aqueles em situação ilegal.
A Bolívia ocupa a 113ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, a pior da América do Sul, e vive uma crise política e econômica que força seus habitantes a imigrarem. Assim como os brasileiros que vão ilegalmente aos Estados Unidos, na ilusão de melhorar de vida, os bolivianos são recrutados por ‘coiotes’, que oferecem trabalho, moradia e um salário de 300 a 400 dólares por mês. As portas de entrada para o Brasil são as cidades de Corumbá (Mato Grosso do Sul), Cáceres (Mato Grosso), Guajará-Mirim (Amazonas, por via fluvial), Manaus (Amazonas, por via fluvial) e mais recentemente Foz do Iguaçú (Paraná), por onde entram ilegalmente pela Ponte da Amizade.
“Eles vêm porque a situação, apesar de precária no Brasil, chega a ser, muitas vezes, melhor que na Bolívia. Alguns poucos mandam cerca de cem reais por mês para a Bolívia, mas muitos ficam sem comunicação com os parentes de lá, o que facilita a vinda de mais bolivianos para São Paulo”, disse Paulo Illes, coordenador do Centro de Apoio ao Migrante, entidade ligada à Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) da Igreja Católica.
De acordo com Illes, o sonho de todo boliviano é poder abrir a própria confeccção, algo que poucos conseguem. O Centro de Apoio ao Migrante, além de ajudar os estrangeiros com assistência jurídica, cursos profissionalizantes e apoio às famílias, também promove uma campanha para a regularização dos ilegais.
Existem três maneiras para o cidadão estrangeiro tornar legal a sua permanência no Brasil. Casando com um(a) brasileiro(a), tendo filho brasileiro ou se tiver pais brasileiros. Recentemente, houve um acordo assinado pelo Brasil e pela Bolívia, o tratado prevê a legalização de todos os bolivianos que chegaram no País antes de 15 de agosto deste ano. Até agora nenhum boliviano se legalizou ajudado por esse acordo por causa do alto custo, de aproximadamente R$ 1.200 por pessoa. “O acordo foi de interesse puramente econômico e não humano. Estamos fazendo um abaixo-assinado para o Governo diminuir esse valor, ou cobrá-lo por família. Pedimos a regularização para eles poderem mudar de vida”, afirmou Illes.
A imigração boliviana começou nos anos 60. Os árabes, donos das confecções, empregavam os coreanos que começaram a abrir suas próprias confecções e a contratar bolivianos. No começo, os bolivianos eram só empregados. Hoje alguns já são donos de fábricas. “Muitos bolivianos conseguem superar, se inserir na sociedade brasileira e trazer valores culturais para o Brasil”, contou Illes.
Mas não são só bolivianos que entram ilegalmente no Brasil para trabalhar nas confecções. Muitos paraguaios e peruanos também estão vindo. “Os paraguaios, geralmente, vão morar em favelas e os peruanos alugam quitinetes para seis ou sete pessoas”, explicou o coordenador do Centro de Apoio ao Migrante.
Para Illes, os bolivianos são desprezados pelos brasileiros. Antigamente, a colônia se reunia todos os domingos na praça Padre Bento, no Pari, para fazer festa, vender comidas típicas e se divertir. Porém, os moradores do lugar os expulsaram, acusando-os de bagunça e de sujar o espaço. Hoje, a praça Cantuta, também no Pari, é o lugar escolhido por eles para promover sua festa, todos os domingos. “É uma praça menor, mas a festa é bonita. Tornouse símbolo do desprezo brasileiro pela cultura diferente”, disse Illes.
Thiago Varella
22/03/2013 - 15:10
Fiscais flagram escravidão envolvendo grupo que representa a GAP no Brasil
Ao todo, 28 bolivianos foram libertados produzindo peças para a GEP, empresa formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli, e que pertence a grupo que representa grife internacional
Por Daniel Santini | Categoria(s): Notícias, Reportagens
Fiscalização realizada nesta terça-feira, 19, resultou na libertação de 28 costureiros bolivianos de condições análogas às de escravos em uma oficina clandestina na zona leste de São Paulo. Submetidos a condições degradantes, jornadas exaustivas e servidão por dívida, eles produziam peças para a empresa GEP, que é formada pelas marcas Emme, Cori e Luigi Bertolli, e que pertence ao grupo que representa a grife internacional GAP no Brasil. O resgate foi resultado de uma investigação de mais de dois meses, na qual trabalharam juntos Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Receita Federal. A Repórter Brasil acompanhou o flagrante. Foram encontradas peças das marcas Emme e Luigi Bertolli. A fiscalização aconteceu na mesma semana que a São Paulo Fashion Week, principal evento de moda da capital paulista.
Os costureiros, todos vindos da Bolívia, trabalhavam e moravam na oficina clandestina, cumprindo jornadas de, pelo menos, 11 horas diárias. A oficina repassava a produção para a Silobay, empresa dona da marca Coivara baseada no Bom Retiro, também em São Paulo, que, por sua vez, encaminhava as peças para a GEP. A intermediária também foi fiscalizada, em ação realizada na quinta-feira, 21.
Registro de dívida de passagem e visto (clique para ampliar)
Tanto o MPT quanto o MTE e a Receita Federal consideraram a “quarteirização” uma fraude para mascarar relações trabalhistas. Para os auditores fiscais Luís Alexandre Faria e Renato Bignami e a procuradora do trabalho Andrea Tertuliano de Oliveira, todos presentes na fiscalização, não há dúvidas da responsabilidade da GEP quanto à situação degradante em que foram encontrados os trabalhadores da oficina clandestina.
Procurada, a assessoria de imprensa do grupo GEP não retornou até a publicação desta reportagem. No fim desta sexta-feira (22), encaminhou nota pública em que afirma que ”repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”, responsabilizando seus fornecedores pela situação encontrada. “Faz parte de sua política corporativa o respeito intransigente à legislação trabalhista e o combate à utilização de mão de obra submetida a condições de trabalho inadequadas. Por essa razão, somente contratamos fornecedores que sejam homologados pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), certificação que exclui empresas que utilizem qualquer forma de mão de obra irregular”, diz a empresa, em comunicado à imprensa (leia na íntegra a nota divulgada no fim da tarde)*.
A ABVTEX, por sua vez, nega que a empresa fornecedora em questão tenha sido certificada (leia posicionamento na íntegra). De acordo com a assessoria de imprensa da ABVTEX, a Silobay havia obtido apenas um “atestado de participação”. A reportagem tentou contato também com a GAP internacional, por meio da sede da empresa em São Francisco, na Califórnia, e do departamento responsável por relações internacionais na Inglaterra, mas também não obteve retorno.
Aliciados no país vizinho, os imigrantes já começaram a trabalhar endividados, ficando responsáveis por arcar com os custos de transporte e visto de entrada no país. As dívidas se acumulavam e aumentavam com a entrega de “vales”, adiantamentos descontados do salário. Mesmo os que administravam a oficina se endividavam, acumulando empréstimos para compra de novas máquinas e contratação de mais costureiros.
Entre os problemas detectados pela fiscalização na oficina clandestina estão desde questões de segurança, incluindo extintores de incêndio vencidos, fiação exposta e botijões de gás em locais inapropriados, com risco agravado pela grande concentração de tecidos e materiais inflamáveis na linha de produção, até problemas relativos às condições de alojamento e trabalho. Os trabalhadores viviam em quartos adaptados, alguns com divisórias improvisadas, alguns dividindo espaço em beliches. Além disso, alimentos foram encontrados armazenados junto com produtos de limpeza e ração de cachorros.
O grupo trabalhava das 7h às 18h, de segunda-feira à sexta-feira, com uma hora para refeições. Aos sábados, os próprios empregados cuidavam da limpeza e manutenção do local. Todos ganhavam por produção, recebendo cerca de R$ 4 e R$ 5 para costurar e preparar peças das grifes que abastecem os principais shoppings do país. “Quanto mais peças costurarmos, mais dinheiro ganhamos, então preferimos não parar”, afirmou um dos resgatados durante a operação. Mesmo com a presença dos fiscais, todos continuaram costurando, só parando quando as máquinas foram lacradas e a produção oficialmente interrompida.
A desembargadora Ivani Contini Bramante, representante do Conselho Nacional de Justiça, e a juíza Patrícia Therezinha de Toledo, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, da Vara Itinerante de Combate ao Trabalho Escravo, acompanharam a ação..
Um dia após a fiscalização, representantes da GEP concordaram em assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com pagamento de R$ 10 mil para cada uma das vítimas por danos morais individuais, além de mais R$ 450 mil por danos morais coletivos, valor que deve ser repartido e encaminhado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo e a uma organização da sociedade civil que trabalhe com imigrantes. Além da indenização por danos morais, os empregados resgatados receberão também, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, verbas rescisórias em média de R$ 15 mil, valor que pode chegar a R$ 20 mil conforme cada caso. Eles também terão a situação regularizada, com acesso à seguro-desemprego e registro adequado em carteira.
As três marcas da GEP são consideradas referência na moda nacional. A Cori, há mais de quatro décadas no mercado, foi uma das que abriu os desfiles da São Paulo Fashion Week na segunda-feira, dia 18, e possui lojas próprias em centros comerciais de luxo de diferentes cidades. A Luigi Bertolli tem unidades próprias também em todo país. Já a Emme, a mais recente das três marcas, é considerada um exemplo de “fast-fashion”, tendência marcada por lançamentos constantes voltados a mulheres jovens.
A GEP é uma das empresas signatárias da Associação Brasileira do Varejo Têxtil e informa que a empresa fornecedora havia sido certificada pelo Programa de Qualificação de Fornecedores para o Varejo, selo que, segundo o projeto, deveria ser concedido apenas a empresas com a produção adequada, após parecer de auditores independentes e monitoramento detalhado da cadeia. A ABVTEX nega que a fornecedora em questão tenha sido certificada. Em fevereiro, outra empresa certificada foi flagrada com escravos na linha de produção.
A GEP pertence à empresa Blue Bird, que, por sua vez, controla a Tudo Bem Tudo Bom Comércio LTDA., empresa anunciada em dezembro como responsável por administrar a marca GAP no Brasil (leia anúncio oficial em inglês). Na ocasião, o diretor de Alianças Estratégicas da GAP, Stefan Laban, afirmou considerar que o país possibilitaria uma oportunidade “incrível” de expansão dos negócios.
A GAP deve abrir as primeiras lojas da marca em São Paulo e no Rio de Janeiro no segundo semestre de 2013, com a ajuda da intermediária. Não é a primeira vez que a grife internacional se vê envolvida em casos de exploração de trabalho escravo. Em 2007, crianças de dez anos foram encontradas escravizadas na Índia produzindo peças da linha GAP Kids, a marca infantil da loja. Na ocasião, de acordo com reportagem do jornal inglês The Guardian, a empresa afirmou que a produção foi terceirizada de maneira indevida e alegou desconhecer a situação.
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(Fonte Blog da Catequista Lucimar)
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A quaresma é o tempo litúrgico de conversão, que a Igreja marca para nos preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrepender de nossos pecados e de mudar algo de nós para sermos melhores e poder viver mais próximos de Cristo. (FONTE: Catequisar)
A quaresma é o tempo de preparação para a celebração anual do mistério pascal. Dura quarenta dias, começando na quarta-feira de cinzas e vai até a manhã da quinta-feira santa, com a celebração da benção dos santos óleos.
Nesse período somos chamados a convertermos ao projeto de Deus, ouvindo e acolhendo sua palavra sempre viva e eficaz. Nesse tempo de preparação para a Páscoa, precisamos deixar a vida velha, e viver uma vida nova, a partir de três práticas que nos são propostas: o jejum, a oração e a caridade.
No evangelho de Mateus 6,1-6.16-18, o Senhor nos ensina a maneira certa de praticar o jejum, a oração e a caridade, pedindo-nos que o façamos de coração e não para mostrarmos aos homens, e sim ao Pai que estás no céu. Vejamos:
Coisas baratas
Coisas caras
Não tem preço
Hoje como se não bastasse todos os acontecimentos anteriores decorrentes da escravidão ,esse crime repugnante ainda continua a ser cometido na sociedade brasileira, em pleno século XXI , foram descobertas fazendas que estão utilizando trabalho escravo.