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CARTAS DE SÃO PAULO (CONTINUAÇÃO)
CARTAS DE SÃO PAULO (CONTINUAÇÃO)

Carta aos Filipenses

Filipos era uma cidade situada ao norte da Grécia, que Filipe II da Macedónia, pai de Alexandre Magno, agregou ao seu reino, dando-lhe o seu próprio nome. Antes, chamava-se Krénides (ver Act 16,12). Paulo chegou a Filipos nos anos 49 ou 50, com Timóteo, Silvano e Lucas. O mesmo Lucas, nos Actos (Act 16,1-40), faz a narração do facto na primeira pessoa do plural, como um dos intervenientes nele.

 

COMUNIDADE

Foi em Filipos que começou a evangelização da Europa. Os judeus, sendo poucos, não possuíam aí uma sinagoga, mas apenas um lugar de oração. Lídia, que Paulo baptizou, fazia parte deste grupo. Formou-se aí uma pequena comunidade, sobretudo de origem pagã (Act 16,11-40; 1 Ts 2,2).

Esta comunidade sentia-se particularmente unida a Paulo; dela recebera o Apóstolo dons (4,15; 2 Cor 11,8-9), não obstante insistir no trabalho gratuito (1 Cor 4,12; 9,15; 2 Cor 11,7-9; 1 Ts 2,9; 2 Ts 3,7-9). Quando soube que ele fora preso, em Éfeso ou em Roma, organizou uma colecta e enviou-lhe Epafrodito para a entregar a Paulo. Epafrodito, porém, caiu doente, o que causou preocupações em Filipos. Paulo, logo que a doença o permitiu, reenviou-o a Filipos, com esta Carta (2,25-30).

 

DATA E LOCAL

Esta é, pois, com Cl e Flm, uma das Cartas do Cativeiro. Parece ter sido escrita em Roma (Act 28,16.30-31); no entanto, poderá ter sido escrita num outro qualquer cativeiro (2 Cor 11,23; ver 1 Cor 15,32; 2 Cor 1,8). «O pretório», de 1,13, não prova que Paulo tenha escrito a Carta em Roma, pois esse termo designava também a residência dos governadores romanos (Mt 27,27 nota; Mc 15,16; Jo 18,28-31 nota). O mesmo se diga da «casa de César» (4,22). O cativeiro pode, pois, ter sido em Éfeso, onde passou dois anos (Act 19,8-10). Se foi escrita nesta cidade, a Carta seria dos anos 56-57; se foi escrita na prisão de Roma, teria sido nos primeiros meses de 63.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

O conteúdo da Carta é o seguinte:

Introdução: 1,1-11;
I. Prisão de Paulo: 1,12-26;
II. Deveres da comunidade: 1,27-2,18;
III. Solicitude pela comunidade: 2,19-3,1;
IV. O Apóstolo, modelo da comunidade: 3,2-4,1;
Conclusão: 4,2-23.

 

TEOLOGIA

Esta Carta não tem um pensamento teológico organizado. No entanto, sobressaem algumas doutrinas: a comunhão fraterna entre a comunidade e o Apóstolo. Apesar de estar preso, Paulo vê nestes acontecimentos dramáticos uma fonte de esperança para o anúncio do Evangelho.

Por seu lado, os Filipenses deverão ser fiéis a Cristo perante os falsos mestres, imitando Paulo (3,2-11). Para exortar os cristãos, o Apóstolo cita-lhes um hino a Cristo, servo sofredor (Is 53), mas que Deus fez Senhor de toda a Criação (2,6-11). Uma característica fundamental desta Carta é o tom afectuoso, que perpassa todo o texto.

Fl 1

INTRODUÇÃO (1,1-11)


Apresentação e saudação - 1Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com seus bispos e diáconos: 2a vós a graça e a paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo!


Acção de graças pelos Filipenses - 3Todas as vezes que me lembro de vós, dou graças ao meu Deus, 4sempre, em toda a minha oração por todos vós. É uma oração que faço com alegria, 5por causa da vossa participação no anúncio do Evangelho, desde o primeiro dia até agora.6E é exactamente nisto que ponho a minha confiança: aquele que em vós deu início a uma boa obra há-de levá-la ao fim, até ao dia de Cristo Jesus.

7É justo que eu tenha tais sentimentos por todos vós, pois tenho-vos no coração, a todos vós que, nas minhas prisões e na defesa e consolidação do Evangelho, participais na graça que me foi dada. 8Pois Deus é minha testemunha de quanto anseio por todos vós, com a afeição de Cristo Jesus.

9E é por isto que eu rezo: para que o vosso amor aumente ainda mais e mais em sabedoria e toda a espécie de discernimento, 10para vos poderdes decidir pelo que mais convém, e assim sejais puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo, 11repletos do fruto da justiça, daquele que vem por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.

 

I. PRISÃO DE PAULO (1,12-26)


Alegria pelo progresso do Evangelho - 12Quero comunicar-vos, irmãos, que o que se passa comigo acabou até por contribuir para o progresso do Evangelho.

13Assim, foi em Cristo que as minhas prisões se tornaram conhecidas em todo o pretório e de todos os restantes.

14E a maior parte dos irmãos no Senhor, é pela confiança ganha devido às minhas prisões, que têm ainda mais coragem para, sem medo anunciar a Palavra. 15É certo que alguns é por inveja e rivalidade, mas outros é mesmo com boa intenção que pregam a Cristo: 16os que o fazem por amor sabem que estou designado para a defesa do Evangelho; 17mas os que anunciam a Cristo por ambição, sem sinceridade, pensam que estão a agravar a tribulação que sofro nas minhas prisões. 18Mas que importa? Desde que, de qualquer modo, com segundas intenções ou com verdade, Cristo seja anunciado. É com isso que me alegro.


Alegria por estar em Cristo - Mais ainda: continuarei a alegrar-me; 19pois sei que isto irá resultar para mim em salvação, graças às vossas orações e ao apoio do Espírito de Jesus Cristo, 20de acordo com a ansiedade e a esperança que tenho de que em nada serei envergonhado. Pelo contrário: com todo o desassombro, agora como sempre, Cristo será engrandecido no meu corpo, quer pela vida quer pela morte.

21É que, para mim, viver é Cristo e morrer, um lucro. 22Se, entretanto, eu viver corporalmente, isso permitirá que dê fruto a obra que realizo. Que escolher então? Não sei. 23Estou pressionado dos dois lados: tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; 24mas continuar a viver é mais necessário por causa de vós.

25E é confiado nisto que eu sei que ficarei e continuarei junto de todos vós, para o progresso e a alegria da vossa fé, 26a fim de que a glória, que tendes em Cristo Jesus por meio de mim, aumente com a minha presença de novo junto de vós.

 

II. DEVERES DA COMUNIDADE (1,27-2,18)


Viver de acordo com o Evangelho - 27Só isto é necessário: comportai-vos em comunidade de um modo digno do Evangelho de Cristo, para que - quer eu vá ter convosco, quer esteja ausente - ouça dizer isto de vós: que permaneceis firmes num só espírito, lutando juntos, numa só alma, pela fé no Evangelho 28e não vos deixando intimidar em nada pelos adversários - o que para eles é sinal de perdição, porém, é sinal da vossa salvação; e isto vem de Deus. 29Porque, a vós foi dada a graça de assim actuardes por Cristo: não só a de nele acreditar, mas também a de sofrer por Ele, 30assumindo o mesmo combate que vistes em mim e de que agora ouvis falar a respeito de mim.

 

Fl 2

Ter os mesmos sentimentos em Cristo Jesus - 1Se tem algum valor uma exortação em nome de Cristo, ou um conforto afectuoso, ou uma solidariedade no Espírito, ou algum afecto e compaixão, 2então fazei com que seja completa a minha alegria: procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento; 3nada façais por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, 4não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros.

5Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus:

6Ele, que é de condição divina,
não considerou como uma usurpação ser igual a Deus;
7no entanto, esvaziou-se a si mesmo,
tomando a condição de servo.
Tornando-se semelhante aos homens
e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem,
8rebaixou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até à morte
e morte de cruz.
9Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo
e lhe concedeu o nome
que está acima de todo o nome,
10para que, ao nome de Jesus,
se dobrem todos os joelhos,
os dos seres que estão no céu,
na terra e debaixo da terra;
11e toda a língua proclame:
"Jesus Cristo é o Senhor!",
para glória de Deus Pai.


Prisioneiro de Cristo - 12Por isso, meus caríssimos, na mesma medida em que sempre fostes obedientes - não só como aconteceu na minha presença, mas agora com muito mais razão na minha ausência - trabalhai com temor e tremor pela vossa salvação. 13Pois é Deus quem, segundo o seu desígnio, opera em vós o querer e o agir. 14Fazei tudo sem murmurações nem discussões, 15para serdes irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem mancha, no meio de uma geração perversa e corrompida; nela brilhais como astros no mundo.

16Conservai a palavra da vida. Para mim será um motivo de glória para o dia de Cristo, por não ter corrido em vão nem me ter esforçado em vão. 17Mas alegro-me até mesmo se o meu sangue tiver de ser derramado em sacrifício e oferta pela vossa fé; sim, com todos vós me alegro.18Do mesmo modo, alegrai-vos também vós; sim, alegrai-vos comigo.

 

III. SOLICITUDE PELA COMUNIDADE (2,19-3,1)


Desejo de enviar Timóteo - 19Espero, no Senhor Jesus, enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu fique bem disposto, ao saber da vossa vida. 20É que não tenho ninguém com igual disposição, que tão sinceramente se preocupe pela vossa vida. 21De facto, todos os demais procuram os próprios interesses, não os interesses de Jesus Cristo. 22Mas as provas dadas por ele, vós as conheceis: como um filho para com o pai, entregou-se comigo a servir o Evangelho.

23É a ele, pois, que espero enviar-vos, logo que veja com clareza a minha situação. 24Mas estou confiante no Senhor de que também eu próprio irei em breve.


Envio e recomendação de Epafrodito - 25Entretanto, acho necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, colaborador e companheiro de luta e vosso enviado para me servir nas minhas necessidades. 26É que ele tem sentido saudades de todos vós e tem-se preocupado, por terdes ouvido dizer que esteve doente. 27E é verdade: esteve doente, à beira da morte. Mas Deus compadeceu-se dele; não dele apenas, mas também de mim, para que não tenha tristeza sobre tristeza. 28Por isso, mais depressa o envio, para que, ao vê-lo, de novo vos alegreis e eu fique menos triste.

29Recebei-o, portanto, no Senhor, com toda a estima e estimai homens como ele; 30pois foi por causa da obra de Cristo que esteve perto da morte, arriscando a vida, para vos substituir nos serviços que vos era impossível prestar-me.

Fl 3

1De resto, meus irmãos, alegrai-vos no Senhor. Escrever-vos as mesmas coisas, a mim não me custa, e a vós torna-vos firmes.

 

IV. O APÓSTOLO MODELO DA COMUNIDADE (3,2-4,1)


Os falsos mestres e o Apóstolo - 2Cuidado com esses cães, cuidado com esses maus trabalhadores, cuidado com os falsos circuncisos!3Porque nós é que somos pela circuncisão: nós, os que prestamos culto pelo Espírito de Deus, nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na carne - 4ainda que eu tenha razões para, também eu, pôr a confiança precisamente nos méritos humanos. Se qualquer outro julga poder confiar nesses méritos, eu posso muito mais: 5circuncidado ao oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, um hebreu descendente de hebreus; no que toca à Lei, fui fariseu; 6no que toca ao zelo, perseguidor da Igreja; no que toca à justiça - a que se procura na lei - irrepreensível. 7Mas, tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Cristo.

8Sim, considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por causa dele, tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo 9e nele ser achado, não com a minha própria justiça, a que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé. 10Assim posso conhecê-lo a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos, conformando-me com Ele na morte, 11para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos.

12Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro, para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus. 13Irmãos, não me julgo como se já o tivesse alcançado. Mas uma coisa faço: esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem à frente,14corro em direcção à meta, para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus. 15Todos nós, os perfeitos, tenhamos, pois, estes sentimentos! E, se porventura tiverdes sentimentos diferentes, Deus vos há-de esclarecer sobre este assunto. 16De qualquer modo, aquilo a que chegámos, é por isso que nos devemos orientar.

17Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. 18É que muitos - de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar - são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: 19o seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha -esses que estão presos às coisas da terra. 20É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. 21Ele transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao seu corpo glorioso, com aquela energia que o torna capaz de a si mesmo sujeitar todas as coisas.

Fl 4

1Portanto, meus caríssimos e saudosos irmãos, minha coroa e alegria, permanecei assim firmes no Senhor, caríssimos.

 

CONCLUSÃO (4,2-23)


Viver na alegria do Senhor - 2Exorto Evódia e exorto Síntique a terem o mesmo pensamento no Senhor. 3Sim, e a ti, fiel Sízigo, peço-te que as acolhas; são pessoas que, em conjunto, lutaram comigo pelo Evangelho, juntamente com Clemente e os meus restantes colaboradores, cujos nomes estão no livro da Vida.

4Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos! 5Que a vossa bondade seja conhecida por todos. O Senhor está próximo. 6Por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em acções de graças.7Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.

8De resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor, tende isso em mente. 9E o que aprendestes e recebestes, ouvistes de mim e vistes em mim, ponde isso em prática. Então, o Deus da paz estará convosco.


Agradecimento aos Filipenses - 10É grande a alegria que sinto no Senhor por, finalmente, terdes feito com que desabrochasse o vosso amor por mim. É que tínheis o interesse, mas faltava a oportunidade.

11Não falo assim por me sentir carecido. Pois, no meu caso, aprendi a ser autónomo nas situações em que me encontre. 12Sei passar por privações, sei viver na abundância. Em toda e qualquer situação, estou preparado para me saciar e passar fome, para viver na abundância e sofrer carências. 13De tudo sou capaz naquele que me dá força.

14Entretanto, fizestes bem em tomar parte na minha tribulação. 15Vós bem o sabeis, filipenses: no início da pregação do Evangelho, quando saí da Macedónia, nenhuma outra igreja esteve em comunhão comigo na permuta de dar e receber, a não ser apenas vós: 16em Tessalónica e por duas vezes me enviastes socorro para as minhas necessidades. 17Não é que eu esteja à procura de donativos; o que procuro, sim, é que aumente o produto, que está registado na vossa conta.

18Sim, tudo recebi em abundância. Estou plenamente fornecido, depois de receber de Epafrodito o que veio da vossa parte: um odor perfumado, um sacrifício que Deus aceita e lhe é agradável. 19E o meu Deus há-de compensar-vos plenamente em todas as necessidades, segundo a sua riqueza, na glória que se tem em Cristo Jesus. 20A Deus nosso Pai, a glória pelos séculos dos séculos! Ámen!


Saudação final - 21Saudai cada um dos santos em Cristo Jesus. Saúdam-vos os irmãos que estão comigo. 22Saúdam-vos todos os santos, mas em especial os da casa de César. 23A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito!

Carta aos Colossenses

Colossos era uma pequena cidade da Ásia Menor situada junto de Hierápoles, entre Éfeso e Laodiceia. Parece que nunca foi visitada por Paulo. O fundador desta igreja foi Epafras (4,12), discípulo de Paulo. A ela pertenciam Filémon, destinatário de uma Carta-bilhete a propósito do escravo Onésimo (Flm), e Arquipo (4,17).

O problema dos anjos, a que se alude na introdução da Carta aos Efésios, também era aqui muito vivo. Esta Carta segundo parece, cronologicamente anterior à dos Efésios dá uma primeira resposta paulina a esse problema. As qualidades, os poderes e as funções que os judeo-gnósticos atribuíam aos anjos, atribui-os Paulo ao Cristo-Cósmico, que tem a primazia em toda a criação e é Filho de Deus por natureza.

 

DESTINATÁRIO

A Carta foi dirigida aos cristãos de Colossos durante o primeiro cativeiro de Paulo (4,3.10.18), na última parte do seu ministério (61 a 63). A comunidade de Colossos tinha saído do paganismo e não era conhecida pessoalmente pelo Apóstolo, embora fosse fundada por um discípulo seu. A novidade do vocabulário e dos temas desta Carta manifestam a sua originalidade em relação às outras Cartas paulinas, o que se pode explicar pela novidade do meio ambiente da comunidade de Colossos, ou por a Carta não ter sido escrita directamente por Paulo.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

O conteúdo da Carta é o seguinte:

Introdução: 1,1-23;
I. O Evangelho de Paulo: 1,24-2,5;
II. Fidelidade ao Evangelho: 2,6-23;
III. Viver segundo o Evangelho: 3,1-4,6;
Conclusão: 4,7-18.

 

TEOLOGIA

Os cristãos de Colossos viam-se tentados a seguir as crenças esotéricas, um misto de elementos pagãos, judaicos e cristãos. Estas crenças atribuíam muita importância às forças cósmicas, ao poder dos anjos e de outros seres que se entrepunham entre Deus e os seres humanos e influenciavam o destino de cada pessoa.

Tais doutrinas e o recurso a práticas supersticiosas (2,16-23), preconizadas por mestres “heréticos”, levaram Paulo a proclamar Jesus Cristo como único e universal mediador entre Deus e o mundo criado. Nele se celebrou a vitória sobre esses poderes, à qual os cristãos se associam pelo baptismo (2,6-15), que é fundamento da liberdade cristã face a toda a sujeição (2,16-3,4).

A fé em Cristo morto e ressuscitado é o único caminho que conduz à sabedoria e à liberdade. Os cristãos, despojados do homem velho e revestidos de Cristo, pelo baptismo, nasceram para novas relações humanas baseadas na fraternidade (3,5-15).

Cl 1

INTRODUÇÃO (1,1-23)


Apresentação do Apóstolo - 1Paulo, Apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, 2aos irmãos em Cristo, santos e fiéis, que vivem em Colossos: a vós graça e paz da parte de Deus, nosso Pai.


Acção de graças - 3Damos graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas orações que continuamente fazemos por vós, 4desde que ouvimos falar da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos, 5por causa da esperança que vos está reservada nos Céus.

Dela ouvistes falar outrora pela palavra da verdade, o Evangelho 6que chegou até vós. Como em todo o mundo, também entre vós ele tem produzido frutos e progredido, desde o dia em que o recebestes e, em verdade, tomastes conhecimento da graça de Deus. 7Assim o aprendestes de Epafras, servo como nós, ele que é um fiel servidor de Cristo ao vosso serviço 8e que nos informou do vosso amor no Espírito.


Prece - 9Por isso, também nós, desde o dia em que ouvimos falar disso, não cessamos de orar por vós e de pedir a Deus que vos encha do conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, 10a fim de caminhardes de modo digno do Senhor, para seu total agrado: dai frutos em toda a espécie de boas obras e progredi no conhecimento de Deus; 11deixai-vos fortalecer plenamente pelo poder da sua glória, para chegardes a uma constância e paciência total com alegria; 12dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de tomar parte na herança dos santos na luz. 13Foi Ele que nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do seu amado Filho, 14no qual temos a redenção, o perdão dos pecados.


Cristo, mediador da criação e da redenção

15É Ele a imagem do Deus invisível,
o primogénito de toda a criatura;
16porque foi nele que todas as coisas foram criadas,
no céu e na terra,
as visíveis e as invisíveis,
os Tronos e as Dominações,
os Poderes e as Autoridades,
todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele.
17Ele é anterior a todas as coisas
e todas elas subsistem nele.
18É Ele a cabeça do Corpo,
que é a Igreja.
É Ele o princípio,
o primogénito de entre os mortos,
para ser Ele o primeiro em tudo;
19porque foi nele que aprouve a Deus
fazer habitar toda a plenitude
20e, por Ele e para Ele, reconciliar todas as coisas,
pacificando pelo sangue da sua cruz,
tanto as que estão na terra
como as que estão no céu.


O Evangelho na vida - 21Também a vós, que outrora andáveis afastados e éreis inimigos, com sentimentos expressos em acções perversas,22agora Cristo reconciliou-vos no seu corpo carnal, pela sua morte, para vos apresentar santos, imaculados e irrepreensíveis diante dele,23desde que permaneçais sólidos e firmes na fé, sem vos deixardes afastar da esperança do Evangelho que ouvistes; ele foi anunciado a toda a criatura que há debaixo do céu e foi dele que eu, Paulo, me tornei servidor.

 

I. O EVANGELHO DE PAULO


Cristo entre nós - 24Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja. 25Foi dela que eu me tornei servidor, segundo a missão que Deus me confiou para vosso benefício: levar à plena realização a Palavra de Deus, 26o mistério escondido ao longo das gerações e que agora Deus manifestou aos seus santos. 27Deus quis dar-lhes a conhecer a imensa riqueza da glória deste mistério entre os gentios: Cristo entre vós, a esperança da glória!

28É a Ele que anunciamos, admoestando e ensinando todos e cada homem com toda a sabedoria, para apresentar a Deus todos os homens na sua perfeição em Cristo. 29É para isso mesmo que eu trabalho, lutando com a força que Ele me dá e que actua poderosamente em mim.

Cl 2

A nossa adesão a Cristo - 1Com efeito, quero que saibais como é grande a luta que mantenho por vós, bem como pelos de Laodiceia e por quantos nunca me viram pessoalmente, 2para que tenham ânimo nos seus corações, vivendo bem unidos no amor, e assim atinjam toda a riqueza, que é a plena compreensão, o conhecimento do mistério de Deus: Cristo, 3em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.

4Digo isto para que ninguém vos engane com discursos sedutores. 5Com efeito, ainda que eu esteja ausente de corpo, estou, porém, convosco em espírito, alegrando-me por ver a ordem que há entre vós e a firmeza da vossa fé em Cristo.

 

II. FIDELIDADE AO EVANGELHO (2,6-23)


A vida em Cristo - 6Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuai a caminhar nele: 7enraizados e edificados nele, firmes na fé, tal como fostes instruídos, transbordando em acção de graças.

8Olhai que não haja ninguém a enredar-vos com a filosofia, o que é vazio e enganador, fundado na tradição humana ou nos elementos do mundo, e não em Cristo. 9Porque é nele que habita realmente toda a plenitude da divindade, 10e nele vós estais repletos de tudo, Ele que é a cabeça de todo o Poder e Autoridade.

11Foi nele que fostes circuncidados com uma circuncisão que não é feita por mão humana: fostes despojados do corpo carnal, pela circuncisão de Cristo. 12Sepultados com Ele no Baptismo, foi também com Ele que fostes ressuscitados, pela fé que tendes no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos.

13A vós, que estáveis mortos pelas vossas faltas e pela incircuncisão da vossa carne, Deus deu-vos a vida juntamente com Ele: perdoou-nos todas as nossas faltas, 14anulou o documento que, com os seus decretos, era contra nós; aboliu-o inteiramente, e cravou-o na cruz. 15Depois de ter despojado os Poderes e as Autoridades, expô-los publicamente em espectáculo, e celebrou o triunfo que na cruz obtivera sobre eles.


Erros que ameaçam a fé - 16Por isso, não vos deixeis condenar por ninguém, no que toca à comida e à bebida, ou a respeito de uma festa, de uma Lua-nova ou de um sábado. 17Tudo isto não é mais que uma sombra das coisas que hão-de vir; a realidade está em Cristo.

18Não vos deixeis inferiorizar por quem quer que seja que se deleite com práticas de humildade ou culto dos anjos. É gente que, dando toda a atenção às suas visões, em vão se gloria com a sua inteligência carnal 19e não se apoia naquele que é a Cabeça; é a partir dele que todo o Corpo, abastecido e mantido pelas junturas e articulações, recebe o seu crescimento de Deus.

20Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, porque é que vos submeteis a normas, como se estivésseis ainda dependentes do mundo? 21Não tomes, não proves, não toques 22em coisas, todas elas destinadas a ser consumidas; coisas de acordo com os preceitos e ensinamentos dos homens! 23São normas que, embora tenham uma aparência de sabedoria - a respeito do culto voluntário, da humildade, da austeridade corporal - não têm qualquer valor; só servem para satisfazer a carne.

Cl 3

III. VIVER SEGUNDO O EVANGELHO (3,1-4,6)


Cristo é a nossa vida - 1Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. 2Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra.

3Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 4Quando Cristo, a vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.


Novas criaturas - 5Crucificai os vossos membros no que toca à prática de coisas da terra: fornicação, impureza, paixão, mau desejo e a ganância, que é uma idolatria. 6Estas coisas provocam a ira de Deus sobre os que lhe resistem.

7Entre eles também vós caminhastes outrora, quando vivíeis nessas coisas. 8Mas agora rejeitai também vós tudo isso: ira, raiva, maldade, injúria, palavras grosseiras saídas da vossa boca.

9Não mintais uns aos outros, já que vos despistes do homem velho, com as suas acções, 10e vos revestistes do homem novo, aquele que, para chegar ao conhecimento, não cessa de ser renovado à imagem do seu Criador. 11Aí não há grego nem judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Cristo, que é tudo e está em todos.

12Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos, pois, de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também. 14E, acima de tudo isto, revesti-vos do amor, que é o laço da perfeição. 15Reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados num só corpo. E sede agradecidos. 16A palavra de Cristo habite em vós com toda a sua riqueza: ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria; cantai a Deus, nos vossos corações, o vosso reconhecimento, com salmos, hinos e cânticos inspirados.

17E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando graças por Ele a Deus Pai.


Novas relações no Senhor - 18Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor. 19Maridos, amai as esposas e não vos exaspereis contra elas.

20Filhos, obedecei em tudo aos pais, porque isso é agradável no Senhor. 21Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.

22Escravos, obedecei em tudo aos senhores terrenos, não para dar nas vistas, como se procurásseis agradar aos homens, mas com simplicidade de coração, no temor do Senhor. 23No que fizerdes, trabalhai de todo o coração, como quem o faz para o Senhor e não para os homens, 24sabendo que é do Senhor que recebereis a herança como recompensa. O Senhor, a quem servis, é Cristo. 25É que, quem cometer uma injustiça receberá em paga a injustiça que cometeu, e não há acepção de pessoas.

Cl 4

1Senhores, dai aos escravos o que for justo e equitativo, sabendo que também vós tendes um Senhor no Céu.


Oração e testemunho cristão - 2Perseverai na oração e mantende-vos, por ela, em vigilante acção de graças. 3Ao mesmo tempo, orai também por nós, para que Deus abra uma porta à nossa pregação, a fim de que eu anuncie o mistério de Cristo - é por ele que estou preso -4para que o dê a conhecer, falando como devo.

5Procedei com sabedoria para com os que estão de fora, aproveitando as ocasiões. 6Que a vossa palavra seja sempre amável, temperada de sal, para que saibais responder a cada um como deveis.

 

CONCLUSÃO (4,7-18)


Os enviados do Apóstolo - 7De tudo o que me diz respeito informar-vos-á Tíquico, o irmão querido, servidor fiel e meu companheiro no serviço do Senhor. 8Foi para isso mesmo que eu vo-lo enviei: para que saibais o que se passa connosco e consolar os vossos corações. 9Vai juntamente com Onésimo, o irmão fiel e querido, que é um dos vossos. Eles informar-vos-ão de tudo o que aqui se passa.


Saudações - 10Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, bem como Marcos, primo de Barnabé. Recebestes instruções a respeito dele; se for ter convosco, recebei-o bem. 11Também Jesus, chamado Justo, vos saúda. São os únicos judeus circuncisos que colaboram comigo no reino de Deus; têm sido uma consolação para mim.

12Saúda-vos Epafras, que é um dos vossos, um servo de Cristo Jesus, que continuamente luta por vós nas suas orações, para que vos mantenhais no aperfeiçoamento e no pleno cumprimento da vontade de Deus. 13Com efeito, dele posso testemunhar que trabalha muito por vós, assim como pelos que estão em Laodiceia e em Hierápoles. 14Saúda-vos Lucas, o caríssimo médico, bem como Demas.

15Saudai os irmãos de Laodiceia, assim como Ninfa e a igreja que se reúne em casa dela. 16E quando esta carta tiver sido lida entre vós, fazei com que seja lida também na igreja de Laodiceia.

Lede também a que receberdes da igreja de Laodiceia. 17E dizei a Arquipo: «Presta atenção ao serviço que recebeste do Senhor, a fim de o realizares bem.»

18A saudação é da minha mão, Paulo. Lembrai-vos das minhas cadeias. A graça esteja convosco!

 

2ª Carta aos Tessalonicenses

A autenticidade da Segunda Carta aos Tessalonicenses é problemática. Por um lado, registam-se numerosas semelhanças literárias entre 1 Ts e 2 Ts; há versículos que quase se repetem: 1,2-3 e 1,3; 2,12 e 1,5; 3,13 e 1,7; 3,11-13 e 2,16-17; 2,9 e 3,8; 5,23 e 3,16; 5,28 e 3,18. Por outro lado, o tom da 2 Ts é menos apaixonado, mais solene e, sobre a vinda do Senhor (2,1-12), a perspectiva parece oposta: em 1 Ts seria considerada iminente, enquanto a 2 Ts se concentra nos sinais que devem precedê-la. Como estes ainda não aconteceram, o Dia do Senhor não estaria próximo. Estas diferenças, consideradas fundamentais por alguns, são por outros explicadas como complementares. Tratar-se-ia de dois aspectos coexistentes e não opostos na apocalíptica judaica.

 

ÉPOCA E AUTOR

Para os defensores da sua autenticidade paulina, a 2 Ts teria sido escrita pouco tempo depois da 1 Ts e propor-se-ia corrigir interpretações erradas que a 1 Ts teria suscitado na comunidade. Para os que a consideram não autêntica, 2 Ts seria bem posterior (anos 70) e teria um autor desconhecido, o qual, servindo-se da 1 Ts, procuraria afrontar e corrigir o clima de euforia e de psicose apocalíptica, provocado talvez pela guerra judaico-romana de 66-70.

A questão da autenticidade não retira, porém, importância a este escrito, que é uma advertência à Igreja de todos os tempos contra a tentação de aguardar o futuro sem se empenhar em construí-lo no presente.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

A Carta tem as partes seguintes:

Saudação inicial: 1,1-2;
I. Deus, conforto na tribulação: 1,3-12;
II. A vinda do Senhor: 2,1-3,5;
III. Vida desordenada e inactiva: 3,6-15;
Saudação final: 3,16-18.

2Ts 1

Endereço e saudação - 1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. 2Graça e paz a vós da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.

 

I. DEUS, CONFORTO NA TRIBULAÇÃO (1,3-12)

O justo juízo de Deus - 3Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em cada um e em todos vós, 4a ponto de nós próprios nos gloriarmos de vós nas igrejas de Deus, pela vossa constância e fé em todas as perseguições e tribula

6Com efeito, é justo da parte de Deus retribuir com tribulações 

11Eis por que oramos continuamente po

 

àqueles que vos atribulam 7e a vós, os atribulados, retribuir com o repouso, juntamente connosco, aquando da manifestação do Senhor Jesus que virá do Céu com os anjos do seu poder, 8em fogo ardente, e fará justiça aos que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. 9O seu castigo será a ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória da sua força10quando, naquele dia, vier para ser glorificado nos seus santos e admirado em todos aqueles que acreditaram; ora o nosso testemunho foi por vós considerado digno de fé.
ções que suportais. 5Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus pelo qual padeceis.

r vós: para que o nosso Deus vos torne dignos da vocação e, com o seu poder, a vossa vontade de bem e a actividade da vossa fé atinjam a plenitude, 12de modo que seja glorificado em vós o nome de Nosso Senhor Jesus e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

2Ts 2

II. A VINDA DO SENHOR (2,1-3,5)


Vinda do Senhor e seus sinais (Mt 24; Mc 13; Lc 21) - 1Acerca da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e da nossa reunião junto dele, pedimo-vos, irmãos, 2que não percais tão depressa a presença de espírito, nem vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o Dia do Senhor estivesse iminente. 3Ninguém, de modo algum, vos engane.

Com efeito, antes deve vir a apostasia e manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, 4o adversário, aquele que se ergue contra tudo o que se chama Deus ou é objecto de culto, até a ponto de ele próprio se sentar no templo de Deus e de se ostentar a si mesmo como Deus. 5Não vos lembrais de que, quando ainda estava convosco, vos dizia estas coisas? 6E agora sabeis o que o detém para que se manifeste no momento que lhe toca.

7Com efeito, o mistério da iniquidade já está em acção; basta que seja afastado aquele que agora o detém. 8Então é que se manifestará oiníquo que o Senhor destruirá com o sopro da sua boca e aniquilará com o fulgor da sua vinda. 9A vinda do iníquo dá-se por obra de Satanás, com toda a espécie de milagres, sinais e prodígios enganadores, 10com todo o tipo de seduções de injustiça para os que se perdem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. 11Por isso, Deus manda-lhes uma força que leva ao erro para que acreditem na mentira,12e sejam condenados todos os que não acreditaram na verdade mas sentiram prazer na injustiça.

13Nós, porém, devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, pois Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação na santificação do Espírito e na fé da verdade. 14A isto Ele vos chamou por meio do nosso Evangelho: à posse da glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Encorajamento - 15Portanto, irmãos, estai firmes e conservai as tradições nas quais fostes instruídos por nós, por palavra ou por carta.

16O próprio Senhor Nosso Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, uma consolação eterna e uma boa esperança, 17consolem os vossos corações e os confirmem em toda a obra e palavra boa.

2Ts 3

1Quanto ao resto, irmãos, orai por nós para que a palavra do Senhor avance e seja glorificada como o é entre vós, 2e para que sejamos libertados dos homens perversos e malvados, pois nem todos têm fé. 3Mas fiel é o Senhor que vos confirmará e vos protegerá do mal. 4A respeito de vós, temos confiança no Senhor em que já fazeis e continuareis a fazer o que vos ordenamos. 5O Senhor dirija os vossos corações para o amor de Deus e para a constância de Cristo.

 

III. VIDA DESORDENADA E INACTICA (3,6-15)


Contra a ociosidade - 6Ordenamo-vos, irmãos, no nome do Senhor Jesus Cristo, que vos afasteis de todo o irmão que leva uma vida desordenada e oposta à tradição que de nós recebestes. 7Com efeito, vós próprios sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos desordenadamente entre vós, 8nem comemos o pão de graça à custa de alguém, mas com esforço e canseira, trabalhámos noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vós. 9Não é que não tivéssemos esse direito, mas foi para nos apresentarmos a nós mesmos como modelo, para que nos imitásseis. 10Na verdade, quando ainda estávamos convosco, era isto que vos ordenávamos: se alguém não quer trabalhar também não coma.

11Ora constou-nos que alguns vivem no meio de vós desordenadamente, não se ocupando de nada mas vagueando preocupados. 12A estes tais ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo a que ganhem o pão que comem, com um trabalho tranquilo. 13Da vossa parte, irmãos, não vos canseis de fazer o bem. 14Se alguém não obedecer à nossa palavra comunicada nesta Carta, a esse assinalai-o, não tenhais contacto com ele para que se envergonhe. 15Não o considereis, todavia, como um inimigo mas repreendei-o como a um irmão.


Saudação final - 16O Senhor da paz, Ele próprio, vos dê a paz, sempre e em todos os lugares. O Senhor esteja com todos vós.

17A saudação é do meu punho, de Paulo. É este o sinal em todas as Cartas. É assim que eu escrevo. 18A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós.

 

1ª Carta a Timóteo

Natural de Listra, filho de pai grego e de mãe judia, Eunice (Act 16,1), Timóteo tornou-se companheiro de Paulo, desde que este por ali passou, no decorrer da segunda viagem missionária (Act 15,35-18,22). Aparece associado a ele no endereço de várias Cartas (2 Cor, Cl, 1 e 2 Ts, Flm), está ao seu lado em Atenas (Act 17,14-15), em Corinto (Act 18,5), em Éfeso (Act 19,22) e é um dos portadores da colecta para Jerusalém (Act 20,4). Foi encarregado por Paulo de várias missões difíceis, para resolver situações delicadas (Rm 16,21; 1 Cor 4,17; 16,10-11; Fl 2,19-24; 1 Ts 3,2-6).

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

No conteúdo teológico desta Carta destacam-se especialmente dois conjuntos:

Saudação inicial e acção de graças: 1,1-20.
I. A organização eclesial (2,1-4,16).
II. Conselhos a várias classes de pessoas (5,1-6,19).
Mas a sequência dos temas é a seguinte:
Combater as falsas doutrinas: 1,3-20;
Organização do culto: 2,1-15;
Qualidades para o episcopado: 3,1-7;
Qualidades do diácono: 3,8-13;
Hino ao mistério da piedade: 3,14-16;
Contra os falsos mestres: 4,1-5;
Timóteo como modelo: 4,6-16;
Instruções para vários grupos cristãos: 5,1-6,19.
Saudação final: 6,20-21.

 

1Tm 1

Saudação - 1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, 2a Timóteo, verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, Nosso Senhor.


As falsas doutrinas (4,1-5; 2 Tm 2,14-18; Tt 1,10-16) - 3Quando parti para a Macedónia, recomendei-te que ficasses em Éfeso, para dissuadir alguns de ensinarem doutrinas estranhas 4e de se ocuparem de fábulas ou de genealogias intermináveis, que favorecem mais as discussões do que o desígnio de Deus que se realiza na fé.

5O objectivo desta recomendação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera. 6Por se terem afastado desta linha, alguns perderam-se em discursos vãos. 7Pretendendo serem mestres da lei, não sabem nem o que dizem, nem o que afirmam com tanta segurança.

8Mas nós sabemos que a lei é boa, contanto que dela se faça um uso legítimo 9e tendo em conta que a lei não foi feita para o justo, mas para os maus e rebeldes, para os ímpios e pecadores, para os sacrílegos e profanadores, para os parricidas e matricidas, homicidas, 10impudicos, pederastas, traficantes de escravos, mentirosos, perjuros, e tudo aquilo que está em contradição com a sã doutrina, 11segundo o Evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado. 12Dou graças àquele que me confortou, Cristo Jesus Nosso Senhor, por me ter considerado digno de confiança, pondo-me ao seu serviço,


Acção de graças - 13a mim que antes fora blasfemo, perseguidor e violento. Mas alcancei misericórdia, porque agi por ignorância, sem ter fé ainda. 14E a graça de Nosso Senhor manifestou-se em mim com superabundância, juntamente com a fé e o amor que está em Cristo Jesus.

15Eis uma palavra digna de fé e de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. 16E justamente por isso alcancei misericórdia, para que, em mim primeiramente, Cristo Jesus mostrasse toda a sua magnanimidade, como exemplo para aqueles que haviam de crer nele para a vida eterna.

17Ao rei dos séculos,
ao Deus incorruptível,
invisível e único,
honra e glória
pelos séculos dos séculos. Ámen.

18Esta é a recomendação que te confio, meu filho Timóteo, de acordo com o que predisseram algumas profecias a teu respeito: apoiado nelas, combate o bom combate, 19conservando a fé e a boa consciência.

Alguns, que as rejeitaram, naufragaram na sua fé, 20como aconteceu com Himeneu e Alexandre, que entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.

 

1Tm 2

I. ORGANIZAÇÃO ECLESIAL (2,1-4,16)


A oração pública - 1Recomendo, pois, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e acções de graças por todos os homens,2pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, a fim de que levemos uma vida serena e tranquila, com toda a piedade e dignidade.

3Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, 4que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.

5Pois, há um só Deus,
e um só mediador entre Deus e os homens,
um homem: Cristo Jesus,
6que se entregou a si mesmo como resgate por todos.

Tal é o testemunho dado para os tempos estabelecidos. 7Foi para isto que fui constituído arauto e apóstolo - digo a verdade, não minto - mestre das nações, na fé e na verdade.


Recomendações às mulheres - 8Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, erguendo as mãos puras, sem ira nem altercação. 9Do mesmo modo, as mulheres usem trajes decentes, adornem-se com pudor e modéstia, sem tranças, nem ouro, nem pérolas, ou vestidos sumptuosos, 10mas, como convém a mulheres que fazem profissão de piedade, por meio de boas obras.

11A mulher receba a instrução em silêncio, com toda a submissão. 12Não permito à mulher que ensine, nem que exerça domínio sobre o homem, mas que se mantenha em silêncio. 13Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. 14E não foi Adão que foi seduzido mas a mulher que, deixando-se seduzir, incorreu na transgressão. 15Contudo, será salva pela sua maternidade, desde que persevere na fé, no amor e na santidade, com recato.

1Tm 3

Qualidades do bispo - 1É digna de fé esta palavra: se alguém aspira ao episcopado, deseja um excelente ofício. 2Mas é necessário que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, ponderado, de bons costumes, hospitaleiro, capaz de ensinar; 3que não seja dado ao vinho, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado; 4que governe bem a própria casa, mantendo os filhos submissos, com toda a dignidade. 5Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará ele da igreja de Deus?

6Que não seja neófito, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação do diabo. 7Mas é necessário também que ele goze de boa reputação entre os de fora, para não cair no descrédito e nas ciladas do diabo.


Qualidades do diácono - 8Do mesmo modo, os diáconos sejam pessoas dignas, sem duplicidade, não inclinados ao excesso de vinho, nem ávidos de lucros desonestos.

9Guardem o mistério da fé numa consciência pura. 10Sejam também eles, primeiro, postos à prova e só depois, se forem irrepreensíveis, exerçam o diaconado.

11Do mesmo modo, as mulheres sejam dignas, não maldizentes, sóbrias, fiéis em tudo.

12Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, capazes de dirigir bem os filhos e a própria casa. 13Pois aqueles que cumprirem bem o diaconado adquirem para si uma posição honrosa e autoridade em questões de fé, em Cristo Jesus.


O mistério da piedade - 14Escrevo-te estas coisas, na esperança de ir ter contigo em breve. 15Porém, eu quero que saibas como deves proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade. 16Grande é - todos o confessam - o mistério da piedade:

Aquele que foi manifestado na carne,
foi justificado no Espírito,
apresentado aos anjos,
anunciado às nações,
acreditado no mundo,
exaltado na glória.

 

1Tm 4

Os falsos mestres (1,3-11; 2 Tm 2,14-18; Tt 1,10-16) - 1O Espírito diz abertamente que, nos últimos tempos, alguns hão-de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas, 2seduzidos pela hipocrisia de mentirosos, cuja consciência foi marcada com ferro em brasa. 3Proibirão o casamento e o uso de alimentos, que Deus criou para serem consumidos em acção de graças, pelos que têm fé e conhecem a verdade. 4Pois tudo o que Deus criou é bom e nada deve ser rejeitado, quando tomado com acção de graças. 5Com efeito, tudo é santificado pela palavra de Deus e pela oração.


Modelo dos fiéis - 6Expondo estas coisas aos irmãos, serás um bom servo de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tão diligentemente tens seguido.

7Mas rejeita as fábulas ímpias, coisa de comadres. Exercita-te na piedade. 8O exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura. 9É digna de fé e de toda a aceitação esta palavra. 10Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, sobretudo dos que crêem.

11Eis o que deves proclamar e ensinar. 12Ninguém escarneça da tua juventude; antes, sê modelo dos fiéis, na palavra, na conduta, no amor, na fé, na castidade. 13Enquanto aguardas a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino.

14Não descures o carisma que está em ti, e que te foi dado através de uma profecia, com a imposição das mãos dos presbíteros. 15Toma a peito estas coisas e persevera nelas, a fim de que o teu progresso seja manifesto a todos. 16Cuida de ti mesmo e da doutrina, persevera nestas coisas, porque, agindo assim, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem.

1Tm 5

II. CONSELHOS A VÁRIAS CLASSES DE PESSOAS (5,1-6,19)


As viúvas - 1Não repreendas com dureza um ancião, mas exorta-o como um pai; 2trata os jovens como irmãos, as anciãs como mães, as jovens como irmãs, com toda a pureza.

3Honra as viúvas, as que são verdadeiramente viúvas. 4Mas se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam estes, antes de mais, a cumprir os seus deveres de piedade para com a própria família e a retribuir aos pais o que deles receberam, pois isso é agradável diante de Deus. 5A que é verdadeiramente viúva e ficou só, põe a sua esperança em Deus e persevera em súplicas e orações, noite e dia. 6Mas aquela que se entrega aos prazeres, embora vivendo, já está morta. 7E recomenda-lhes isto, para que sejam irrepreensíveis. 8Se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua própria casa, renegou a fé e é pior do que um infiel.

9Só pode ser inscrita como viúva a que tiver pelo menos sessenta anos, tiver sido esposa de um só marido, 10gozar do testemunho de boas obras, tiver educado os filhos, praticado a hospitalidade, lavado os pés dos santos, assistido os atribulados e for dedicada a toda a obra boa.

11Não admitas as viúvas mais jovens, porque, quando são arrastadas por uma paixão que as afasta de Cristo, querem voltar a casar-se,12incorrendo na condenação de terem rompido o primeiro compromisso. 13Além disso, estando na ociosidade, habituam-se a andar de casa em casa e a ser, não só ociosas, mas também loquazes e indiscretas, falando do que não convém. 14Quero, pois, que as viúvas mais jovens se casem, tenham filhos, governem a sua casa, para não darem ao adversário nenhuma ocasião de maledicência. 15Algumas, com efeito, já se desviaram, seguindo a Satanás. 16Se alguma mulher crente tem viúvas na família, dê-lhes assistência e não se sobrecarregue a igreja, a fim de que esta possa assistir as que são verdadeiramente viúvas.


Os presbíteros - 17Os presbíteros que exercem bem a presidência sejam julgados dignos de dupla honra, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino. 18Pois a Escritura diz: Não açaimarás a boca do boi que debulha; e ainda: o operário é digno do seu salário19Não aceites denúncia contra um presbítero, se não for confirmada por duas ou três testemunhas20Aos que cometem faltas, repreende-os na presença de todos, para que também os demais se encham de temor.

21Conjuro-te, diante de Deus e de Cristo Jesus e dos anjos eleitos, que observes estas regras com imparcialidade, nada fazendo por favoritismo. 22Não imponhas as mãos a ninguém precipitadamente, nem te tornes cúmplice de pecados alheios. Conserva-te puro. 23Não continues a beber só água, mas toma também um pouco de vinho, por causa do estômago e das tuas frequentes indisposições. 24Enquanto os pecados de alguns são manifestos, mesmo antes de serem submetidos a juízo, os de outros só aparecem depois.

 

1Tm 6

Os escravos (Tt 2,9-10) - 1Todos os que se encontram sob o jugo da escravidão considerem os seus senhores dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. 2E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes, devem servi-los melhor, porque os que beneficiam do seu trabalho são fiéis e amados de Deus.


Falsas doutrinas e verdadeira piedade - Isto é o que deves ensinar e recomendar. 3Se alguém ensinar outra doutrina e não aderir às sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo e ao ensinamento conforme à piedade, 4é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, um espírito doentio dado a querelas e contendas de palavras. Daí nascem invejas, rixas, injúrias, suspeitas maldosas, 5altercações entre homens de espírito corrompido e desprovidos de verdade, que julgam ser a piedade uma fonte de lucro.

6A piedade é, realmente, uma grande fonte de lucro para quem se contenta com o que tem. 7Pois nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele. 8Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isso. 9Mas os que querem enriquecer caem na tentação, na armadilha e em múltiplos desejos insensatos e nocivos que precipitam os homens na ruína e na perdição. 10Porque a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro. Arrastados por ele, mu

11Mas tu, ó homem de Deus, foge dessas coisas. Procura antes a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. 12Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e da qual fizeste uma bela profissão na presença de muitas testemunhas.

13Na presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que deu testemunho perante Pôncio Pilatos numa bela profissão de fé, 14recomendo-te que guardes o mandato, sem mancha nem culpa, até à manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. 15Esta manifestação será feita nos tempos estabelecidos,

pelo bem-aventurado e único Soberano,
o Rei dos reis e Senhor dos senhores,
16o único que possui a imortalidade,
que habita numa luz inacessível,
que nenhum homem viu nem pode ver.
A Ele, honra e poder eterno!


Recomendação aos ricos
 - 17Aos ricos deste mundo recomenda que não sejam orgulhosos, nem ponham a sua esperança na riqueza incerta, mas em Deus que nos dá tudo com abundância para nosso usufruto; 18que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, capazes de partilhar. 19Deste modo, acumularão um bom tesouro para o futuro, a fim de conquistarem a verdadeira vida.


Saudação final - 20Ó Timóteo, guarda o depósito da fé, evita as vãs conversas profanas e as contradições da falsa ciência, 21que alguns professam e desviaram-se da fé. A graça esteja convosco!itos se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições.

Ámen!

2ª Carta a Timóteo

Das três Cartas Pastorais, esta é a que contém mais informações de ordem pessoal, quer no que diz respeito a Paulo (1,12.15-18; 3,10; 4,6-8.16-18), quer aos seus destinatários (1,5; 2,17; 3,15; 4,9-15.19-22). Estes elementos, aliados ao facto de ser esta a Carta Pastoral que menos se afasta do estilo paulino, constituem um sério argumento em favor de uma autoria, pelo menos parcial, do Apóstolo, quer sob a forma de um escrito seu que tenha sido posteriormente completado, quer de indicações dadas a um secretário que se encarregou da redacção (ver Introdução às Cartas Pastorais, p. 1949-1950).

De qualquer modo, na sua forma actual, esta Carta dificilmente pode ser atribuída a Paulo, na sua totalidade; os dados de natureza pessoal, habitualmente considerados fidedignos, podem ser fruto de informações orais sobre a última fase da vida do Apóstolo.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

A Carta tem a seguinte estrutura:

Saudação e acção de graças (1,1-5), que introduzem o tema central, enquadrado por duas exortações solenes a Timóteo, para que renove a graça do ministério pastoral que lhe foi confiado (1,6-18; 4,1-5).

Parte central: é um aprofundamento da missão de Timóteo (2,1-13), contraposta à dos falsos mestres (2,14-26) e exercida num ambiente de indiferença e hostilidade (3,1-17). O testemunho do próprio Paulo, que se sente já no crepúsculo de uma vida inteiramente dedicada ao Evangelho e espera concluí-la na fidelidade à sua missão (4,6-8), constitui exemplo e encorajamento para todos os pastores.

Conclusão: tem algumas recomendações e pedidos (4,9-18) e uma saudação final (4,19-22).

 

 

2Tm 1

Saudação e acção de graças - 1Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, por desígnio de Deus, segundo a promessa de vida que há em Cristo Jesus, 2a Timóteo, meu filho querido: graça, misericórdia e paz de Deus Pai e de Cristo Jesus, Nosso Senhor.

3Dou graças a Deus, a quem sirvo em consciência pura, como já o fizeram os meus antepassados, ao recordar-te constantemente nas minhas orações, noite e dia. 4Ao lembrar-me das tuas lágrimas, anseio ver-te, para completar a minha alegria, 5pois trago à memória a tua fé sem fingimento, que se encontrava já na tua avó Loide e na tua mãe Eunice e que, estou seguro, se encontra também em ti.


Apelo à renovação da graça recebida - 6Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, 7pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso.

8Portanto, não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. 9Ele salvou-nos e chamou-nos, por santo chamamento, não em atenção às nossas obras, mas segundo o seu próprio desígnio e a graça a nós concedida em Cristo Jesus, antes dos séculos eternos, 10e agora revelada na manifestação do nosso Salvador, Cristo Jesus, que destruiu a morte e irradiou vida e imortalidade, por meio do Evangelho, 11do qual eu próprio fui constituído arauto, apóstolo e mestre.

12Por este motivo é que suporto também esta situação. Mas não me envergonho, pois sei em quem acreditei e estou persuadido de que Ele tem poder para guardar, até àquele dia, o bem que me foi confiado.

13Toma como modelo as sãs palavras que ouviste de mim, na fé e no amor de Cristo Jesus. 14Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado.

15Como sabes, todos os da Ásia me abandonaram, inclusivamente Figelo e Hermógenes. 16Que Deus mostre a sua misericórdia para com a família de Onesíforo, que tantas vezes me confortou e não se envergonhou das minhas cadeias. 17Pelo contrário, quando chegou a Roma, procurou-me afanosamente até me encontrar. 18Que o Senhor o faça encontrar misericórdia diante de si, naquele dia. Além disso, conheces melhor do que ninguém os serviços que ele prestou em Éfeso.

2Tm 2

Dedicação e sofrimento no ministério - 1Tu, pois, meu filho, sê forte na graça de Cristo Jesus. 2Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros.

3Compartilha as dificuldades, como bom soldado de Cristo Jesus. 4Nenhum soldado em campanha se deixa enredar pelos afazeres da vida, se quer agradar àquele que o alistou. 5E também aquele que participa numa competição não recebe o prémio, se não competir segundo as regras. 6O lavrador que se afadiga é o primeiro a receber os frutos. 7Reflecte sobre o que te digo, pois o Senhor te dará a compreensão de tudo.

8Tem sempre bem presente Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos e nascido da linhagem de David, segundo o meu evangelho, 9pelo qual sofro mesmo estas cadeias, como se fosse um malfeitor. Mas a palavra de Deus não pode ser acorrentada. 10Por isso, tudo suporto pelos eleitos, para que também eles alcancem a salvação em Cristo Jesus e a glória eterna.

11É digna de fé esta palavra:
Se com Ele morrermos,
também com Ele viveremos.
12Se nos mantivermos firmes,
reinaremos com Ele.
Se o negarmos,
também Ele nos negará.
13Se formos infiéis,
Ele permanecerá fiel,
pois não pode negar-se a si mesmo.


Verdadeiro e falso ensinamento (1 Tm 1,3-7; Tt 1,10-16) - 14Lembra-lhes estas coisas, advertindo seriamente em nome de Deus que não se envolvam em litígios de palavras. Isso não serve para nada e leva à ruína dos ouvintes. 15Esforça-te por te apresentares diante de Deus como trabalhador digno e irrepreensível, interpretando rectamente a palavra da verdade.

16Evita as vãs conversas profanas, pois só fazem prosperar a impiedade; 17e as palavras dessa gente proliferam como gangrena. Entre esses encontram-se Himeneu e Fileto, 18os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição já se deu e perverteram a fé de alguns.

19Apesar de tudo, o sólido fundamento posto por Deus permanece firme e tem esta marca:

O Senhor conhece os que são seus;
e afaste-se da maldade todo o que invoca o nome do Senhor.

20Numa casa grande não existem somente vasos de ouro e prata, mas também há os que são de madeira e de barro. Uns servem para usos nobres e outros para uso ordinário. 21Se alguém, pois, se purifica destas coisas, será um vaso de nobre préstimo, consagrado, útil ao seu dono e apropriado para toda a obra boa.

22Foge das paixões juvenis. Procura a justiça, a fé, o amor e a paz com todos os que invocam o Senhor de coração puro. 23Abstém-te de discussões estúpidas e néscias, pois sabes que só levam a conflitos 24e aquele que está ao serviço do Senhor não deve ser conflituoso, mas tem de ser amável para com todos, ter uma boa pedagogia, ser tolerante, 25saber corrigir os adversários com suavidade, na esperança que Deus lhes conceda o arrependimento em ordem ao reconhecimento da verdade 26e escapem ao laço do diabo, que os mantém cativos e sujeitos à sua vontade.

2Tm 3

Perigos dos últimos tempos - 1Fica sabendo que, nos últimos dias, surgirão tempos difíceis. 2As pessoas tornar-se-ão egoístas, interesseiras, arrogantes, soberbas, blasfemas, desrespeitadoras dos pais, ingratas, ímpias, 3sem coração, implacáveis, caluniadoras, descontroladas, desumanas e inimigas do bem, 4traidoras, insolentes, orgulhosas e mais amigas dos prazeres do que de Deus. 5Conservarão uma aparência de piedade, mas negarão a sua essência.

Procura evitar essa gente. 6São desses, alguns que se introduzem nas casas e cativam mulheres mundanas, carregadas de pecados e subjugadas por toda a espécie de paixões, 7que estão sempre a aprender, mas são incapazes de chegar algum dia à verdade. 8Do mesmo modo que Janes e Jambres se opuseram a Moisés, assim estes se opõem à verdade. É gente de mente corrupta e inapta para a fé. 9Mas não irão longe, pois a sua insensatez tornar-se-á patente a todos, como aconteceu com os primeiros.

10Tu, porém, seguiste de perto o meu ensinamento, o meu modo de vida e os meus planos, a minha fé e a minha paciência, o meu amor fraterno e a minha firmeza, 11as perseguições e sofrimentos que tive de suportar em Antioquia, Icónio e Listra. Que perseguições tive de suportar! Mas de todas elas me livrou o Senhor. 12E assim também todos os que quiserem viver a fé em Cristo Jesus serão perseguidos.13Quanto a esses perversos e impostores, irão de mal a pior, extraviando outros e extraviando-se a si próprios.

14Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e de que adquiriste a certeza, bem ciente de quem o aprendeste. 15Desde a infância conheces a Sagrada Escritura, que te pode instruir, em ordem à salvação pela fé em Cristo Jesus. 16De facto, toda a Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, 17a fim de que o homem de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a obra boa.

 

2Tm 4

Exortação solene - 1Diante de Deus e de Cristo Jesus, que há-de julgar os vivos e os mortos, peço-te encarecidamente, pela sua vinda e pelo seu Reino: 2proclama a palavra, insiste em tempo propício e fora dele, convence, repreende, exorta com toda a compreensão e competência.

3Virão tempos em que o ensinamento salutar não será aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes encham os ouvidos, de acordo com os próprios desejos. 4Desviarão os ouvidos da verdade e divagarão ao sabor de fábulas. 5Tu, porém, controla-te em tudo, suporta as adversidades, dedica-te ao trabalho do Evangelho e desempenha com esmero o teu ministério.


Paulo no crepúsculo da vida - 6Quanto a mim, já estou pronto para oferecer-me como sacrifício; avizinha-se o tempo da minha libertação.7Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel. 8A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz, e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela sua vinda.


Últimas recomendações - 9Vem ter comigo quanto antes, 10pois Demas abandonou-me. Preferiu o mundo presente e foi para Tessalónica. Crescente foi para a Galácia, e Tito para a Dalmácia. 11Apenas Lucas está comigo.

Traz contigo Marcos, pois me será de grande ajuda no ministério. 12Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso.

13Quando vieres, traz o manto que deixei em Tróade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.

14Alexandre, o fundidor de cobre, causou-me muitos danos. O Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras15Toma tu também cuidado com ele, pois muito se tem oposto ao nosso ensinamento.

16Na minha primeira defesa, ninguém esteve ao meu lado. Todos me abandonaram. Que não lhes seja levado em conta. 17O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por meu intermédio, o anúncio fosse plenamente proclamado e todos os gentios o escutassem. Assim fui arrebatado da boca do leão.

18O Senhor me livrará de todo o mal e me levará a salvo para o seu Reino celeste. A Ele, a glória, pelos séculos dos séculos. Ámen!


Saudação final - 19Saúda Priscila e Áquila, bem como a família de Onesíforo. 20Erasto ficou em Corinto. Deixei Trófimo doente em Mileto.

21Faz o possível por vir antes do Inverno.

Cumprimentos de Êubulo, Pudente, Lino, Claúdia , e todos os irmãos .

22O Senhor esteja contigo e a graça vos acompanhe.

Carta a Tito

Tito foi, juntamente com Timóteo, um dos principais colaboradores de Paulo. De origem grega, aderiu à fé, provavelmente através de Paulo, durante a primeira viagem missionária deste. Certo é que o acompanhou a Jerusalém, para a assembleia apostólica, constituindo um exemplo vivo da decisão tomada de não impor os costumes judaicos aos cristãos oriundos do mundo pagão, pois, embora sendo grego, não foi obrigado a circuncidar-se (Gl 2,1.3).

 

ACÇÃO DE TITO

Na sua colaboração com Paulo, foram-lhe confiadas tarefas delicadas como a organização da colecta em favor das igrejas da Judeia (2 Cor 8,6-17) e, provavelmente, a pacificação da comunidade de Corinto e a reconciliação entre esta e o próprio Paulo (2 Cor 2,1-13).

Paulo refere-se a ele sempre em termos muito elogiosos (2 Cor 7,6-7.13-16; 12,18). Segundo 2 Tm 4,10, foi-lhe ainda confiada uma missão na Dalmácia. A presente Carta dá-o como “bispo” de Creta (Tt 1,5), onde, segundo a tradição, exerceu o ministério até ao fim dos seus dias. É estranho que os Actos dos Apóstolos, que mencionam várias vezes Timóteo, não façam nenhuma referência a Tito. Nunca foi apresentada uma explicação convincente para o facto, sugerindo alguns que Tito é o redactor das passagens “nós” dos Actos (Act 16,10-17; 20,5-21,18; 27,1-28,16).

 

AUTENTICIDADE

A maioria dos exegetas contesta a autenticidade paulina da Carta a Tito, quer pelo vocabulário utilizado, que se afasta bastante do que encontramos nas autênticas Cartas de Paulo, quer pelos problemas tratados, que fazem supor uma fase de desenvolvimento da Igreja posterior à época apostólica.

Além disso, a Carta encontra-se redigida num tom muito impessoal, com excepção do título de «meu verdadeiro filho» que se encontra na saudação (1,4), longe, pois, das afectuosas referências de Paulo a Tito noutras Cartas.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

A Carta pode estruturar-se do modo seguinte:

Saudação inicial (1,1-4);
Orientações a Tito sobre os critérios de escolha dos responsáveis das comunidades (1,5-9);
Aviso contra os falsos mestres (1,10-16);
Ensinamentos sobre o modo de comportamento de várias categorias de crentes (2,1-15);
Elenco de deveres sociais (3,1-11);
Recomendações de carácter pessoal (3,12-14);
Saudação final (3,15).

Tt 1

Saudação - 1Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, em ordem à fé dos eleitos de Deus e ao conhecimento da verdade, que conduz à piedade, 2na esperança da vida eterna, prometida desde os tempos antigos pelo Deus que não mente 3e que, no devido tempo, manifestou a sua palavra, pela pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador: 4a Tito, meu verdadeiro filho, pela fé comum, a graça e a paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.


Qualidades dos presbíteros (1 Tm 3,1-7) - 5Deixei-te em Creta, para acabares de organizar o que ainda falta e para colocares presbíteros em cada cidade, de acordo com as minhas instruções. 6Cada um deles deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes, e não acusados de vida leviana ou de insubordinação.

7Porque é preciso que o bispo, como administrador de Deus, seja irrepreensível, não arrogante, nem colérico, nem dado ao vinho, à violência ou ao lucro desonesto; 8mas, antes, hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente, 9firmemente enraizado na doutrina da palavra digna de fé, de modo que seja capaz de exortar com sãos ensinamentos e de refutar os contraditores.


Os falsos mestres (1 Tm 1,3-7; 4,1-5; 2 Tm 2,14-20) - 10Há, de facto, muitos insubordinados, palradores e sedutores, sobretudo entre os da circuncisão, 11aos quais é preciso tapar a boca, pois transtornam famílias inteiras, ensinando o que não devem, tendo em vista o lucro desonesto.

12Aliás, como disse um deles, que era profeta, «os cretenses são sempre mentirosos, bestas más e ventres preguiçosos.» 13E este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que tenham uma fé sã, 14não dando ouvidos a fábulas judaicas e a preceitos de homens que se afastaram da verdade.

15Tudo é puro para os puros, mas, para os corruptos e os incrédulos, nada é puro, porque a sua mente e a sua consciência estão corrompidas. 16Proclamam conhecer a Deus, mas negam-no com as obras, revelando-se abomináveis, rebeldes e incapazes de qualquer obra boa.

Tt 2

Qualidades dos anciãos e dos jovens - 1Tu, porém, ensina o que é conforme à sã doutrina.

2Os anciãos sejam sóbrios, dignos, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência. 3Do mesmo modo, as anciãs tenham um comportamento reverente, não sejam caluniadoras nem escravas do vinho, mas mestras de virtude, 4a fim de ensinarem as jovens a amar os maridos e os filhos, 5a serem prudentes, castas, boas donas de casa e dóceis aos maridos, de modo que a palavra de Deus não seja difamada.

6Exorta igualmente os jovens a serem moderados, 7apresentando-te em tudo a ti próprio como exemplo de boas obras, de integridade na doutrina, de dignidade, 8de palavra sã e irrepreensível, para que os adversários fiquem confundidos, por não terem nada de mal a dizer de nós.


Os escravos (1 Tm 6,1-2; 1 Pe 2,18-25) 9Exorta os escravos a serem em tudo dóceis aos seus senhores, procurando agradar-lhes em tudo e não os contradizendo 10nem defraudando, mas mostrando-se totalmente leais, a fim de honrarem em tudo a doutrina de Deus nosso Salvador.11Com efeito,

manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens,
12para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos,
a fim de vivermos no século presente com sobriedade, justiça e piedade,
13aguardando a bem-aventurada esperança e a gloriosa manifestação
do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.

14Ele entregou-se por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse e zeloso na prática do bem.

15Assim é que deves falar, exortar e repreender com toda a autoridade. E que ninguém te despreze.

 

Tt 3

Obediência às autoridades (Rm 13,1-7; 1 Pe 2,13-17) - 1Recorda-lhes que sejam submissos e obedientes aos governantes e autoridades, que estejam prontos para qualquer boa obra, 2que não digam mal de ninguém, nem sejam conflituosos, mas sejam afáveis, mostrando sempre amabilidade para com todos os homens.

3Pois também nós éramos outrora insensatos, rebeldes, extraviados, escravos de toda a espécie de paixões e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, odiados e odiando-nos uns aos outros.

4Mas, quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, 5Ele salvou-nos, não em virtude de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas da sua misericórdia, mediante um novo nascimento e renovação do Espírito Santo, 6que Ele derramou abundantemente sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, 7a fim de que, justificados pela sua graça, nos tornemos, segundo a nossa esperança, herdeiros da vida eterna.

8Esta palavra é digna de fé, e desejo que tu fales com firmeza destas coisas, para que os que acreditaram em Deus se empenhem na prática de boas obras, pois isso é bom e útil para os homens.

9Evita, porém, as discussões insensatas, as genealogias, bem como as contendas legalistas, pois são inúteis e vãs. 10Depois de uma ou duas advertências, afasta-te do sectário, 11pois bem sabes que esse homem está transviado, peca e a si mesmo se condena.


Recomendações e saudação - 12Quando te enviar Ártemas ou Tíquico, apressa-te em vir ter comigo a Nicópolis, pois decidi passar lá o Inverno. 13Providencia solicitamente quanto à viagem de Zenas, o jurista, e de Apolo, de modo que nada lhes falte. 14Também os nossos devem aprender a empenhar-se em boas obras, para atender às necessidades prementes, de modo que não deixem de produzir frutos.

15Saúdam-te todos os que estão comigo. Saúda todos os que nos amam na fé.

A graça esteja com todos vós.

Carta a Filémon

Pelo tema e pelo tom afectuoso, esta é certamente uma Carta autêntica de Paulo (v.19). Filémon era um cristão de elevada posição social, convertido por Paulo, e tinha como escravo um outro cristão, Onésimo. Este, tendo fugido ao seu senhor, refugiou-se junto de Paulo (v.10), que o refere em Cl 4,9 como «irmão fiel e querido». Este facto era motivo de graves penas civis, tanto para o escravo como para quem o acolhia.

Paulo, prescindindo da questão legal, envia-o ao seu senhor com o presente “bilhete” e pede a Filémon que acolha de novo, não como escravo, mas «como irmão querido» (v.16), um irmão na fé. Mais: como se fosse o próprio Paulo (v.17).

 

LUGAR

Pelo que é dito no v.1, a Carta terá sido escrita num dos cativeiros de Paulo (Roma, Éfeso ou Cesareia), nos últimos anos da sua vida (ver v.9-10.13.18). Os companheiros referidos aqui (v.23-24) são os mencionados em Cl 4,7-17.

 

DIVISÃO E CONTEÚDO

Esta tem a estrutura normal das Cartas de Paulo:

Apresentação e saudação: v.1-3;
Acção de graças: v.4-7;
Corpo da Carta: v.8-22;
Saudação final: v.23-25.

 

TEOLOGIA

Como noutras ocasiões em que trata a questão da escravatura, Paulo não se preocupa em mudar a estrutura social em vigor (1 Cor 7,20-24; Ef 6,5-9; Cl 3,22-4,1). O que ele faz é prescindir disso e deslocar o problema para a questão do amor fraterno, mais profunda que a questão legal em vigor, pois, em Cristo, «não há escravo nem livre» (Gl 3,28).

Daí em diante, Filémon deve tratar o (antigo) escravo Onésimo como irmão, porque Paulo está disposto a recompensá-lo monetariamente, isto é, a resgatar Onésimo.

Com isto, Paulo, embora não se oponha frontalmente à escravatura, tão-pouco a aprova; e afirma que o amor fraterno, centro do Evangelho de Cristo, é que levará à eliminação da escravatura.

Flm 1

Apresentação e saudação - 1Paulo, prisioneiro por causa de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, a Filémon, nosso querido colaborador, 2à irmã Ápia, a Arquipo, nosso companheiro de luta, e à igreja que se reúne em tua casa: 3a vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo!


Acção de graças - 4Dou graças ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações, 5por ouvir falar do teu amor e da tua fé: fé no Senhor Jesus e amor para com todos os santos. 6Que a tua comunhão de fé se torne eficaz, no reconhecimento de tudo aquilo que entre nós é considerado bom em relação a Cristo.

7De facto, foi grande a alegria e a consolação que tive com o teu amor, porque os corações dos santos foram reconfortados por meio de ti, irmão.


Pedido a respeito de Onésimo - 8Por isso, embora tenha toda a autoridade em Cristo para te impor o que mais convém, 9levado pelo amor, prefiro pedir como aquele que sou: Paulo, um ancião e, agora, até prisioneiro por causa de Cristo Jesus.

10Peço-te pelo meu filho, que gerei na prisão: Onésimo, 11que outrora te era inútil, mas agora é, para ti e para mim, bem útil. 12É ele que eu te envio: ele, isto é, o meu próprio coração.

13Eu bem desejava mantê-lo junto de mim, para, em vez de ti, se colocar ao meu serviço nas prisões que sofro por causa do evangelho.14Porém, nada quero fazer sem o teu consentimento, para que o bem que fazes não seja por obrigação, mas de livre vontade.

15É que, afinal, talvez tenha sido por isto que ele foi afastado por breve tempo: para que o recebas para sempre, 16não já como escravo, mas muito mais do que um escravo: como irmão querido; isto especialmente para mim, quanto mais para ti, que com ele estás relacionado tanto humanamente como no Senhor.

17Se, pois, me consideras em comunhão contigo, recebe-o como a mim próprio. 18E se ele te causou algum prejuízo ou alguma coisa te deve, põe isso na minha conta. 19Sou eu, Paulo, que o escrevo pela minha própria mão: serei eu a pagar. Isto, para não te dizer que me deves a tua própria pessoa.

20Sim, irmão, possa eu sentir-me satisfeito contigo no Senhor: reconforta o meu coração em Cristo. 21Escrevo-te porque confio na tua obediência: sei que até farás mais do que aquilo que digo. 22Mas, ao mesmo tempo, prepara também alojamento para mim, pois espero, graças às vossas orações, poder brevemente ser entregue a vós.


Saudações e bênção - 23Saúdam-te Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, 24assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores.

25A graça do Senhor Jesus Cristo esteja convosco.